estudo da atividade anti-nociceptiva de proteínas do látex da planta

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estudo da atividade anti-nociceptiva de proteínas do látex da planta
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA
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ESTUDO DA ATIVIDADE ANTI-NOCICEPTIVA DE PROTEÍNAS DO LÁTEX DA
PLANTA PLUMERIA PUDICA
Ana Patrícia de Oliveira (bolsista do PIBIC/UFPI), Jefferson Soares de Oliveira
(Orientador– UFPI- Campus Ministro Reis Velloso)
INTRODUÇÃO
Plantas vem sendo utilizadas para tratamento de diversos tipos de doenças e alívio da dor há muito
tempo (Maciel et al. 2002). De modo especial, é bastante comum plantas medicinais serem usadas
como agentes analgésicos (SOUSA et al e, 2007b; SILVÉRIO et al, 2008), na busca de novos
medicamentos para a dor, visto a baixa eficácia e os efeitos adversos proporcionados pela maioria
dos medicamentos disponíveis no mercado farmacêutico para essa atividade (SILVA, 2013). Destacase nesse meio, as espécies laticíferas, pois seu látex contém moléculas biologicamente ativas,
apresentando diversas atividades biológicas, sendo assim, uma importante fonte de produtos
farmacêuticos (UPADHYAY, 2011).
Neste contexto, o estudo de plantas utilizadas como medicinais, que possam ter potencial
farmacológico, justifica-se devido a necessidade da comprovação científica desses efeitos
terapêuticos. É de grande importância também a pesquisa da via e avaliar o efeito anti-nociceptivo de
proteínas de látex de plantas potencialmente analgésicas, como a presente nas espécie laticífera
Plumeria pudica, e é importante também investigar o envolvimento de proteinases cisteínicas
presentes no seu látex, já que não há na literatura estudos sobre o mecanismo de ação dos possíveis
princípios ativos desta espécie.
METODOLOGIA
O látex foi coletado da espécie Plumeria pudica na cidade de Parnaíba-PI, utilizando a metodologia
de ALENCAR et al (2004), e processadas no laboratório de Bioquímica e Biologia de Microorganismos e Plantas - BIOMIC, da Universidade Federal do Piauí, Campus de Parnaíba, e seu látex
foi fracionado, para se obter um sobrenadante rico em Proteínas do Látex de Plumeria pudica (PLPp).
Foi feita a avaliação do perfil de proteínas através de eletroforese em gel de poliacrilamida – SDSPAGE e Detecção de proteinases por zimograma, com a metodologia de LAEMMLI (1970), para
submeter a amostra em eletroforese em gel de poliacrilamida (12 %) em presença de SDS.
Para os ensaios de atividade anti-nociceptiva foram utilizados Camundongos Swiss, com peso entre
20-25 g. O projeto foi submetido à aprovação e os experimentos foram conduzidos em concordância
do Comitê de Ética em Experimentação Animal da UFPI (CEEA-UFPI).
O teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético, para triagem inicial da atividade
analgésica, foi realizado o método de KOSTER et al., (1959), e para o Teste da Formalina o método
de FASMER et al., (1985), sendo que os animais foram tratados com frações proteicas do látex 30
min antes da administração do ácido acético e formalina. Para o Modelo de placa quente os animais
foram submetidos à placa aquecida a 55 C, e as medidas foram realizadas no tempo zero, 30, 60 e
90 minutos após a administração das amostras.
As diferenças estatísticas entre os grupos teste, com frações protéicas de Plumeria pudica e os
grupos-controle foram obtidas através da análise de variância (ANOVA) e teste de Neuman-Keuls (p
< 0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da análise do perfil de proteínas por SDS-PAGE, O padrão de bandas observado revelou a
presença de proteínas com diferentes massas moleculares, variando de 14,0 a 45,0 kD. Com isto,
confirma-se que essa fração de P. pudica é constituída de proteínas com diversas massas
moleculares, variando de 14,0 a 45,0 kDa, prevalecendo as de aproximadamente 21-45 kDa. Isso
mostra que o látex de P. pudica apresenta uma complexa mistura de proteínas com massas
moleculares variadas, assim como as encontradas na Plumeria rubra, espécie da mesma família
desta planta (ARAUJO,2009).
O tratamento das proteínas encontradas no látex com DTT não promoveu mudanças no perfil de
proteínas da fração. Foi observada uma mudança no padrão de bandas da fração proteica do látex
coletada na presença do inibidor de protease cisteínica, o IAA. A presença do inibidor durante a
coleta eliminou duas bandas correspondentes a proteínas de massa molecular entre 30,0 e 45,0 kDa,
sugerindo presença de proteinases cisteínicas. Para a confirmação deste resultado, as mesmas
frações analisadas na eletroforese (PL, PLDTT, PLIAA e PL100°C) foram submetidas ao zimograma
em gel contendo gelatina, para detecção de atividade proteolítica. Como esperado, a coleta na
presença do inibidor reduziu bastante a hidrólise da gelatina presente no gel
Quanto a avaliação a ação de proteínas do látex nos modelos de triagem anti-nociceptivas, observouse que no teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético, o tratamento com PL
(40mg/kg) reduziu o número de contorções induzidas por ácido acético (0,6%), perfazendo uma
inibição de 88,1%. A morfina, usada como controle positivo (5mg/kg, s.c.) inibiu completamente as
contorções, e o grupo do ácido acético, utilizado como controle negativo, apresentou grande número
de contorções.
O tratamento com PL de P. pudica (40mg/kg) reduziu o tempo de lambedura de pata induzido por
formalina (≈25s) em relação ao grupo controle da formalina (≈70s), porém também houve uma
diferença significativa em relação ao grupo controle positivo, a morfina (≈10s), na primeira fase do
teste, a fase neurogênica. Já na segunda fase (fase inflamatória), a diferença estatística do tempo de
lambedura de PLp (≈50s) com o grupo morfina (≈5s) foi bem mais acentuada. Com isso, observa-se
que na PL de P. pudica, houve uma resposta antinociceptiva significativa na fase neurogênica da dor,
e uma resposta antinociceptiva menor na fase inflamatória
Já na avaliação a ação de proteínas do látex no modelo da placa quente, não houve efeito
significativo do limiar nociceptivo de PL de P. pudica, em nenhum dos tempos observados (0, 30 e 60
min), quando comparado ao grupo controle, mostrando assim, que esta não age em nível
supraespinal de modulação da resposta dolorosa. Assim, as proteínas da espécie estudada
demonstrou atividade antinociceptiva nos modelos anteriores, não no modelo da placa quente,
sugerindo a participação das proteínas do látex em vias periféricas da dor e não nas vias centrais.
CONCLUSÕES
De acordo com o estudo, a espécie Plumeria pudica apresenta proteinases cisteínicas, e que de
acordo com a literatura, estas apresentam atividade farmacológica. Devido a necessidade de se
pesquisar novos fármacos potenciais mais eficazes, e sabendo-se que o látex de muitas plantas
apresentam importantes mecanismos farmacológicos, foi feito um teste para a triagem nociceptiva,
que resultou como positivo. Com os testes constatou-se que a atividade de analgesia é ação
periférica, eliminando assim a possibilidade dos efeitos colaterais de drogas que agem via ação
central. Com isso vê-se que as proteínas do látex de P. pudica são fortes candidatas para
desenvolvimento de novas drogas analgésicas.
APOIO
Universidade Federal do Piauí, pela concessão da bolsa PIBIC/UFPI.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MACIEL, M.A.M.; PINTO, A.C. & Veiga, V.E. Plantas medicinais: a necessidade de estudos
multidisciplinares. Química Nova 23: 429-438, 2002.
STEFANELLO, M. E. A. Avaliação Estatística de Plantas Medicinais: Química, Farmacologia e
Sistemática. USP, São Paulo, 2003.
RANG, H.P.; DALE, M.M.; RITTER, J.M.; MOORE, P.K. Farmacologia. Rio de Janeiro: 5 ed.,
Elsevier, 2004.
FERNANDES, F.J.P.; NOGUEIRA, C.H.O.; LIMA, D.V.;
SILVA, M.A.P.
Avaliação do efeito
alelopatico e citotóxico do extrato aquoso bruto (EBA) de Plumeria pudica (jasmim manga) em
sementes de Solanum lycopersicum (Tomate). In: XV Semana de Iniciação Científica da Urca,
2012. Ceará. Resumos. Ceará: Universidade Regional do Cariri. 2012. P.110-6.
ARAÚJO, E. S. Látex de Plumeria rubra L. (jasmin): Perfil protéico, Caracterização enzimática e
ação contra insetos. 2009. 90 f. Dissertação (Mestrado em Bioquímica) - Universidade Federal do
Ceará, Fortaleza-CE, 2009.
PALAVRAS-CHAVE: Látex. Plumeria pudica. Anti-nociceptiva.

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