Abril 2012 - 22ª Edição - mês 22

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Abril 2012 - 22ª Edição - mês 22
Brasília, ABRIL de 2012 • 22 a edição • ano III
a injustiçada!
A Merlot é uma uva injustiçada de várias maneiras! Uma das mais curiosas delas
está no tratamento recebido por esta uva no filme Sideways (Entre umas e outras,
Alexander Payne, 2004), em que Miles Raymond (Paul Giamatti) é um homem
depressivo, que tenta se tornar um escritor. Como Miles é fascinado por vinhos,
decide dar como presente de despedida de solteiro a Jack (Thomas Haden Church),
seu melhor amigo, uma viagem pelas vinícolas do Vale Santa Ynez, na Califórnia.
Embora o filme beire a unanimidade no meio cinematográfico, tendo vencido o
Oscar de melhor roteiro adaptado e recebido mais quatro indicações, além de dois
Globos de Ouro, entre os enófilos, Sideways divide opiniões.
Entre os fatos que geraram críticas estão o desprezo injustificado de Miles pela uva
Merlot, comparado ao seu amor quase cego pela Pinot Noir, o que aparece durante
todo o filme. Outra cena que fez alguns enochatos espumar de raiva mostra o
personagem bebendo uma garrafa rara e cara de vinho em um copo de plástico.
Mesmo que involuntariamente, Sideways causou impacto na indústria norteamericana de vinho. Logo após o lançamento do filme, foi percebida uma queda
no consumo de Merlot e um sensível aumento nas vendas de Pinot Noir. O mais
curioso é que, posteriormente, o diretor confessou que não entende de vinhos e
que escolheu aleatoriamente as uvas que iria promover ou desancar.
Na verdade, o vinho Merlot é encorpado, seus aromas são densos e intensamente
frutados, com boa evolução, o que o torna bastante complexo e, em geral, tem
estrutura harmônica, com perfeito equilíbrio. Apresenta cor vermelho-púrpura, seu
paladar é rico, macio, perfeitamente equilibrado, sedoso e de grande classe.
Ja havíamos citado esta grande uva há dois meses, quando abordamos os vinhos
feitos em Bordaux. Naquela edição, informamos que os vinhos feitos nas regiões
situadas à margem direita do rio Gironde têm a Merlot como estrela principal. Assim
sendo, os grandes vinhos de Saint Émilion, uma de minhas regiões preferidas no
mundo, são baseados em Merlot. O famoso Chateau Petrus, um dos vinhos mais
caros e reputados do mundo, é feito com Merlot. O Masseto, produzido com Merlot
pela Tenuta Ornellaia, na Itália, é considerado um dos melhores supertoscanos do
mundo. Portanto, é uma injustiça torcer o nariz para um vinho desta uva, embora
o brasileiro médio ainda não a tenha descoberto.
Nossa edição deste mês lança um olhar sobre esta uva e, quem sabe, abrirá novos
horizontes para o paladar dos membros do nosso clube. Os vinhos deste mês são
clones sul-americanos dos maravihosos Merlots europeus.
O primeiro, Leyda Reserva Merlot 2010, é um chileno muito bem elaborado e
equilibrado.
O segundo, Cobos Felino Merlot 2010, é um argentino produzido pela
pontuadíssima vinícola Cobos e um belíssimo exemplar da Merlot no
Novo Mundo.
Por último, Santa Rita Gran Hacienda Merlot 2010, que é mais um exemplar
chileno de Merlot bem feito, dentro do bom padrão da linha Gran Hacienda.
Esperamos que desfrutem dos vinhos e das sugestões de harmonização que
constam das fichas técnicas em anexo.
Fernando A. F. Rodrigues

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