EDUCAÇÃO

Transcrição

EDUCAÇÃO
Clipping Nacional
de
Educação
Segunda-feira, 17 de Março de 2014
Capitare Assessoria de Imprensa
SHN, Quadra 2 Bloco F Edifício Executive Tower - Brasília
Telefones: (61) 3547-3060 (61) 3522-6090 www.cpitare.com.br
19/03/14
00
Educação
Fusão na berlinda
A união dos grupos de ensino
Anhanguera e Kroton está ameaçada. O
Cade recomendou, na quinta-feira 13, que
as empresas vendam alguns ativos do setor de ensino a distância. Juntas, elas possuem cerca de 40% desse mercado. A
questão é que ambas as companhias fizeram aquisições importantes no ramo, considerado estratégico. A Anhanguera pagou
R$ 248 milhões pela Uniderp, em 2007.
Já a Kroton, comandada por Rodrigo
Galindo (foto), desembolsou R$ 1,8 bilhão
para levar a Unopar e a Uniasselvi.
A SEMANA
Valor Econômico
17/03/14
EMPRESAS
00
Lucro trimestral da
Anhanguera cai 84,4%
Por Beth Koike | De São Paulo
As discussões acaloradas sobre
o futuro da fusão com a Kroton
devem se intensificar com a
divulgação dos resultados da
Anhanguera. O lucro líquido da
companhia caiu 84,4% no último
trimestre e 17,5% no acumulado do
ano - desempenho muito abaixo do
previsto pelos analistas, que
estimavam algum avanço na última
linha do balanço.
"Viemos de um período de muitas
aquisições. O ano passado foi
marcado pela reorganização e
redefinição das estratégias, com foco
no crescimento orgânico", disse
Roberto Valério, presidente da
Anhanguera.
Em um cenário de resultado ruim
e especulações de que a fusão pode
fazer água, a Anhanguera está
tocando 250 projetos para melhorar
sua rentabilidade. No ano passado,
a margem operacional ficou em
18,6%, com queda de 1,4 ponto
percentual. "Com ou sem a fusão,
estamos preparando a Anhanguera
para um ano melhor. Há diversas
oportunidades em andamento para
aumentar a rentabilidade", disse o
executivo.
Um dos projetos que vão
contribuir para um desempenho
melhor é o curso de graduação a
distância, que a partir deste ano terá
apenas uma aula presencial, o que
reduz os custos. Antes, o aluno era
obrigado a ir duas vezes na semana
ao polo onde essas aulas são
ministradas. Segundo Valério, a
margem bruta aumentará dos atuais
50% para 71% em até quatro anos.
A companhia também passou a
investir em cursos 100% on-line,
voltados a concursos públicos e da
Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB). No ano passado, a
companhia perdeu mercado porque
não tinha esse tipo de curso na web,
o que provocou uma queda de
receita de 21% nessa categoria de
cursos, para R$ 44 milhões, no
acumulado dos 12 meses.
Atualmente, há 25 cursos on-line
para concursos e a estimativa é que
esse número chegue em 60 até o fim
do ano.
A Anhanguera encerrou o ano
passado com 442 mil alunos
matriculados, o que representa uma
alta de 5,4% em relação a 2012. O
crescimento foi puxado basicamente
pelos cursos de ensino superior. A
receita líquida avançou 12,8%, para
R$ 1,8 bilhão. Valério credita essa
expansão ao aumento de 7% no
tíquete médio das mensalidades, que
passou para R$ 341,8, e à ampliação
da base de alunos. A alta no valor
das mensalidades também tem como
causa o Fies (financiamento
estudantil do governo). O crédito
estimula os alunos a seguirem os
cursos que realmente desejam,
mesmo que sejam mais caros.
O crescimento de apenas um
dígito na receita e o aumento nas
provisões e nas despesas gerais e
administrativas fizeram cair as últimas
linhas do balanço. Entre outubro e
dezembro, o lucro líquido foi de 2,7
milhões, 84,4% a menos que no
mesmo período de 2012. No
acumulado do ano, a queda foi de
17,5%, para R$ 125,4 milhões.
A provisão para devedores
duvidosos (PDD) aumentou 61,5%,
para R$ 170 milhões, em 2013.
"Esse valor está elevado porque
contabilizamos uma antecipação de
perdas de R$ 24,3 milhões no
terceiro trimestre, e consideramos
como PDD o fundo garantidor do
Fies, que foi de R$ 37,4 milhões",
disse Valério. Ele informou que a
partir deste ano a PDD do fundo
garantidor do Fies passa a ser
contabilizado como desconto de
receita, como fazem as demais
companhias de educação.
As despesas gerais e
administrativas somaram R$ 193,8
milhões, com alta de 25%, devido a
um plano de opção de ações e gastos
com pagamento de consultorias para
fusão.
17/03/14
00
O PAÍS
MAGISTÉRIO EM TEMPOS DE REPRESSÃO
17/03/14
00
O PAÍS
17/03/14
00
O PAÍS
17/03/14
00
O PAÍS
17/03/14
00
O PAÍS
17/03/14
00
RIO
Da Uerj para os tribunais
Continua
Continuação
17/03/14
Continua
Continuação
17/03/14
17/03/14
A2
EDITORIAL
Universidade a prazo
O Programa Universidade para Todos (Prouni) abriu
as portas do ensino superior para 1,2 milhão de jovens,
entre 2005 e 2013, e foi por isso considerado um sucesso.
Em bem menos tempo, de 2010 a 2013, o Fundo de
Financiamento Estudantil (Fies) já chegou perto disso,
com 1,14 milhão de matrículas.
É uma transformação considerável no acesso à
formação universitária, para a qual chamou a atenção
reportagem do jornal "Valor Econômico". Em 2013, 30%
dos alunos novos das instituições privadas de ensino
superior recorreram ao fundo para financiar suas
mensalidades.
Esses dois programas do governo federal têm muito
a ver com a fenomenal expansão das instituições
universitárias privadas, as maiores responsáveis pela
duplicação das vagas na última década. Hoje, elas
concentram 73% dos mais de 7 milhões de estudantes
matriculados.
Prouni e Fies, no entanto, têm mais diferenças que
semelhanças.
O nome "Universidade para Todos" é algo falaz. As
bolsas que oferece, como contrapartida por isenções
tributárias às universidades participantes, se destinam a
estudantes com renda familiar per capita até três salários
mínimos.
Na outra ponta estão os estratos com renda suficiente
para custear mensalidades de faculdades particulares ou,
na paradoxal distorção brasileira, pagar colégios de elite,
que porão seus filhos nas universidades públicas --e
gratuitas.
O Fies, de seu lado, tem vocação para dar às
camadas intermediárias a chance de ascensão social pela
via da qualificação. As condições são generosas: juros
subsidiados de 3,4% anuais, 18 meses de carência após
a formatura e prazo de pagamento de três vezes a
duração do curso mais um ano.
Um exemplo: o estudante que iniciar um curso em
2014 e completá-lo em quatro anos, com mensalidades
de R$ 500, chegará a 2018 com dívida de R$ 26 mil.
Começará a pagá-la em 2019 com prestações de R$
218,73. Em 2032, após 155 parcelas, ficará livre do
ônus.
Supõe-se que, nesse intervalo, o jovem profissional
tenha deslanchado sua carreira e ganhe condições de
saldar a dívida. Nos 18 anos do contrato, porém, muita
coisa pode acontecer numa economia errática como a
do Brasil. Nos Estados Unidos, a crise de 2009
deflagrou onda avassaladora de inadimplência entre
jovens.
Como as condições do financiamento são muito
vantajosas, aqui, isso parece hoje pouco provável. E o
risco empalidece diante dos ganhos de qualificação
individual e da mão de obra nacional. A melhor notícia,
sob esse ângulo, é que o curso mais procurado por
clientes do Fies foi engenharia.
17/03/14
PODER
00
Entrevista da Segunda Chico Soares
Currículo do ensino básico
precisa ser mais definido
Para novo presidente do órgão
que aplica o ENEM, a escolha do
que é preciso aprender não deve ser
feita pelo professor
FLÁVIA FOREQUE DE
BRASÍLIA
O novo presidente do Inep,
Chico Soares, afirma que o currículo
da educação básica no país precisa
ser mais bem definido e argumenta
que essa tarefa não pode depender
de uma escolha do docente.
O tema é polêmico entre
educadores. Se de um lado há um
grupo que defende mais clareza no
currículo, há outros que reivindicam
a autonomia dos professores.
"Não posso deixar que a
definição do que é necessário para
aprender seja feita pelas diferentes
pessoas, nos diferentes lugares",
disse.
"Precisamos muito do professor,
mas ele implementa uma decisão de
Estado", afirmou à Folha, em sua
primeira entrevista após assumir a
presidência do instituto, órgão do
Ministério da Educação responsável
pelo Enem.
Sobre o exame, ele descarta, no
curto prazo, a realização de duas
edições por ano, mas afirma que
quer analisar o uso do computador
em outras provas aplicadas pelo
governo federal, o que pode facilitar
a reedição de exames.
feito?
Defensor do ensino integral, ele
aponta que a escola no Brasil foi
"pensada para poucos" e que o atual
modelo resulta em uma "formação
superficial". Abaixo, os principais
trechos da entrevista.
O que a gente vai procurar fazer
é explicitar de uma forma organizada,
em algum tipo de portal, quais são
as demandas cognitivas e
pedagógicas das diferentes questões
utilizadas [nas provas].
Folha - Quando o ministro
Henrique Paim assumiu o
comando do MEC, ele apontou
como prioridade a formação dos
professores da educação básica.
Qual será sua prioridade no
Inep?
Chico Soares - A nossa
prioridade tem que ser dialogar [com
o MEC] e implementar as prioridades
do ministério.
O instituto está bem estabelecido
na questão dos indicadores
educacionais [como o Ideb,
indicador de qualidade da educação
básica]. Eles cumprem uma função
muito importante, de dar subsídios
para políticas públicas.
No entanto, eles têm uma riqueza
que ainda não está explorada e é isso
que vamos procurar fazer, dar a esses
números uma vida pedagógica. O
que a gente quer é organizar esse
material com a lógica da instrução e
dizer para o professor: está aqui algo
que você pode utilizar.
Se temos uma questão que é
distinguir fato de opinião, vou dizer
para o professor: seus alunos do 5º
ano são capazes de distinguir fato de
opinião, mas num texto muito
simples. Eles não são capazes de
distinguir num texto um pouco mais
complexo.
O que é um texto complexo?
O professor teria exemplos. Esse
é o esforço que a gente vai fazer.
Na gestão do ministro Fernando
Haddad, houve a promessa de mais
uma edição do Enem por ano. O sr.
vai tentar implementar dois exames
por ano?
Não. É impossível se fazer dois
"Enens" por ano com esse Enem. O
crescimento [de inscritos] foi de tal
ordem que a logística se impôs. A
demanda é razoável, mas teremos
que pensar formas alternativas que
não estão colocadas no curto prazo.
No curto prazo, não teremos
nenhuma mudança.
E o que seriam essas formas
alternativas?
De que forma isso pode ser
Continua
Continuação
Existe um uso cada vez maior do
computador. Estamos querendo
trazer [esse recurso] para o Inep e
usá-lo em avaliações menores, com
as quais a gente possa aprender as
diferentes maneiras que o
computador pode ser usado.
Celpe-bras
[exame
de
proficiência em português] e Encceja
[exame para certificação do ensino
fundamental] seriam as primeiras
[experiências]. Mas não está se
pensando no curto prazo para o
Enem, porque ele é muito grande.
Recentemente a organização
do SAT (o "Enem" dos EUA)
anunciou algumas mudanças
para deixar o conteúdo da prova
um pouco mais próximo do que o
aluno do ensino médio está
aprendendo lá. Uma mudança
semelhante não deveria ser feita
no Enem?
A mudança que está havendo é
aproximar o exame americano da
rotina das escolas, ou seja, aproximar
a avaliação do currículo.
Aqui, o Enem já é o nosso
currículo. Podemos discutir se esse
currículo, que é o que as escolas
estão ensinando e que o Enem está
pedindo, é o ideal. Essa é uma
discussão que ultrapassa muito o
Inep.
Mas como o Enem molda o
currículo, não é justamente isso
que o Inep vem fazendo?
Temos uma implementação de
uma base nacional comum [com a
aplicação do Enem] que
17/03/14
eventualmente as pessoas podem
olhar e falar: "Olha, ela está
desequilibrada, porque tem
conhecimentos sendo exigidos que
eventualmente não estariam ali".
decisão de Estado. Não posso dar
a cada um a possibilidade de ser o
intérprete do direito à educação. Por
isso que a base nacional comum é
importante.
Essa é uma questão que precisa
ser discutida. Somos parte do debate
educacional e participantes influentes,
mas isso é uma questão da
sociedade. Nós podemos e vamos
participar e nossa reflexão, embora
influente, não é a única.
Isso não é uma coisa que vai ser
criada pela varinha mágica, mas a
gente precisa fazer.
O sr. é favorável a uma
discussão sobre o currículo da
educação básica?
Sou favorável por uma questão
de justiça escolar. Temos
desigualdades educacionais muito
marcantes, e uma coisa
absolutamente fundamental para que
todos aprendam aquilo que
necessitam para a cidadania é que
[o currículo] esteja bem definido.
E hoje ele está definido?
Hoje o Enem é usado para o
acesso ao ensino superior,
certificação do ensino médio e a
própria avaliação dessa etapa do
ensino, com o Enem por escola.
Não são muitas funções para um
único instrumento?
Não tenho uma posição clara se
isso precisa mudar. No caso da
certificação, existem duas direções.
A certificação pelo Encceja [do
ensino fundamental] tem uma
dimensão mais educacional: o aluno
que está fora da faixa etária correta
vai para uma escola, tem uma
experiência escolar e no fim dessa
experiência tem a certificação.
Não está. Nossas definições
curriculares são muito gerais. Se não
digo claramente o que espero, nunca
vou conseguir [alcançar o objetivo].
A certificação pelo Enem é um
pouco não escolar [certificação pode
ser obtida sem que o aluno tenha
cursado o ensino médio].
Não posso deixar que a definição
do que é necessário para aprender
seja feita pelas diferentes pessoas
nos diferentes lugares. Alguns vão
tomar excelentes definições. Outros,
infelizmente, vão tomar definições
que vão prejudicar turmas inteiras.
Apenas entendo que seria melhor
para o aluno passar por uma
experiência escolar em vez de passar
simplesmente por uma experiência
de certificação isolada dessa
experiência.
Aqui a gente toca num ponto
muito delicado: precisamos muito do
professor, mas ele implementa uma
O MEC defende que os
recursos dos royalties do petróleo
para a educação sejam usados,
prioritariamente, para melhorar
Continua
Continuação
17/03/14
o salário dos professores. O sr.
acha que o aumento na
remuneração vai implicar um
melhor resultado em sala de
aula?
Não é uma consequência natural,
mas é fundamental [para melhorar o
aprendizado]. Dinheiro é
absolutamente essencial para salário,
estrutura, formação dos professores.
A sociedade brasileira tem que se dar
conta de que escola tem que ser de
tempo integral, para o professor e
para o aluno. Temos que colocar isso
no nosso horizonte.
Porque essa foi a nossa tradição.
[O Brasil] Criou uma escola que dá
uma formação superficial. Foi
pensada para poucos, não como uma
política de todos, como direito.
Raio-X José Francisco
Soares, 62
Cargo:
Assumiu em fevereiro deste ano
a presidência do Inep (Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais), órgão responsável
pelo Enem
Em vários lugares do mundo, as
Trajetória:
pessoas têm dificuldade de entender
Bacharel em matemática pela
que uma escola [no Brasil] funciona UFMG (Universidade Federal de
em três turnos, que o mesmo prédio Minas Gerais), onde foi professor por
recebe um grupo de alunos de manhã, quase 40 anos
outro de tarde, outro à noite.
Mestrado em estatística pelo
Para que esse processo mude, a Instituto de Matemática Pura e
gente precisa de mais recursos. As Aplicada
nossas escolas, com muita
frequência, não têm espaço para o
Doutor em estatística pela
professor ficar lá, porque foram Universidade de Wisconsin (EUA)
pensadas como algo acidental.
Pós-doutorado em educação pela
Por que ela é um lugar onde o Universidade de Michigan (EUA)
professor passa?
17/03/14
00
COTIDIANO
Aluno com deficiência vai melhor
em escola comum, afirma estudo
Pesquisa avaliou desempenho de
62 crianças matriculadas em
instituições de ensino em SP
Resultado é mais um dado para
um debate que divide tanto as famílias
quanto os educadores do setor
FÁBIO TAKAHASHI DE SÃO
PAULO
Estudo da Apae de São Paulo
recém-concluído indica que crianças
com deficiência intelectual em escola
comum se desenvolvem melhor do
que em unidade especial.
O resultado é elemento novo em
debate que divide as famílias e até
mesmo as Apaes: Para o deficiente
são melhores as escolas regulares,
com contato com outras crianças,
mas atendimento menos individual?
Ou as especiais, com atendimento
especializado, mas sem convívio com
colegas sem deficiência?
Em 2007, a Apae de São Paulo
decidiu seguir recomendações
internacionais, como da ONU, para
que crianças deficientes frequentem
escolas comuns. Assim, extinguiu o
colégio especial e passou a oferecer
apenas atividades de apoio aos
jovens.
As famílias tiveram de matricular
as crianças em outras escolas, de
ensino fundamental. A Apae de SP
conseguiu acompanhar a evolução de
62 delas; 40 em escolas regulares
públicas; 22 em especiais.
Considerado pela Apae como o
primeiro estudo quantitativo do país
sobre o tema, a pesquisa verificou
que, após três anos, quem estava em
escola regular melhorou a autonomia,
a socialização e, principalmente, a
comunicação (as áreas avaliadas).
Essas crianças passaram a, por
exemplo, se locomover sem ajuda pela
escola; a procurar outros colegas para
brincar; e a transmitir suas ideias, por
meio da fala, de gestos ou de imagens.
Os jovens que estavam em escolas
especiais praticamente não tiveram
evolução nas três áreas consideradas.
Os dados, antecipados à Folha,
foram levantados por pedagogas da
Apae SP, por meio de observação.
"O convívio com as demais
crianças parece ajudar no
desenvolvimento", disse Laura
Guilhoto, coordenadora do Instituto
Apae de SP.
A pesquisadora diz que os
resultados podem ser considerados
válidos para outras crianças em perfil
semelhante ao do estudo (com
deficiência leve a moderada, que
vivem em uma grande cidade).
"Respeitamos a pesquisa, mas
consideramos que representa um
público muito específico", disse
Fabiana de Oliveira, coordenadora de
educação da Federação Nacional das
Apaes. "São necessários mais estudos
para termos um resultado claro."
Apesar de todas terem o nome de
Apae, as entidades espalhadas pelo
país podem ter políticas diferentes. A
federação, por exemplo, defende as
escolas especiais.
"As turmas são menores, o
atendimento é especializado. A escola
comum tem um currículo a ser
cumprido. A criança deficiente fica de
lado", afirmou Oliveira.
FAMÍLIAS
"Pode me prender que eu não
coloco minha filha em escola comum",
disse Sandra Regina Salvador, 44, mãe
de adolescente deficiente, de 13 anos,
da região de Paralheiros (zona sul de
SP).
"Na televisão é bonito, a inclusão
funciona. No mundo real, quem vai
cuidar dela numa sala cheia?". Sandra
conta que, mesmo sem contato com
crianças sem deficiência, sua filha tem
evoluído. "Ela aprendeu a pegar água
sozinha, comida na panela. Não fazia
nada disso."
Para Gonçala do Amaral, 56, mãe
de deficiente de 15 anos, o filho teve
uma socialização melhor após entrar
na escola regular pública, no Grajaú
(zona sul de SP).
"Tem professor que mostra alguma
rejeição contra ele. Mas a maioria
demonstra muito carinho", diz
Gonçala.
Por lei federal, atualmente, as
famílias devem "preferencialmente"
matricular as crianças deficientes em
escolas regulares.
O debate, porém, não acabou. Em
discussão no Congresso, o Plano
Nacional de Educação poderá definir
se a escola regular será obrigatória
ou só uma preferência.
17/03/14
00
METRÓPOLE
EmSão Paulo, escolas bilíngues
recebem bebês a partir de 3 meses
Continua
Continuação
17/03/14
17/03/14
00
METRÓPOLE
17/03/14
00
METRÓPOLE
Continua
Continuação
17/03/14
CORREIO BRAZILIENSE
17/03/14
POLÍTICA
00
Decisões na gaveta da Corte
Mais de 1,6 mil processos já
analisados pelo Supremo Tribunal
Federal permanecem inconclusos, à
espera de publicação no Diário de
Justiça. Alguns acórdãos estão há
seis anos aguardando o carimbo de
"transitado em julgado"
» ANA D ANGELO
2012: o STF decidiu que MP e
polícia podem propor ações com
base na Lei Maria da Penha sem a
presença da vítima, mas acórdão
ainda não saiu
O Supremo Tribunal Federal
(STF) não consegue publicar os
resultados dos próprios julgamentos.
À espera de divulgação, estão na fila
nada menos que 1.681 acórdãos de
processos já julgados pelo plenário
da Corte, conforme dados
levantados na última quinta-feira no
portal do órgão. A maior parte,
apreciada do segundo semestre do
ano passado para cá, foi engavetada
há menos de um ano. Porém, mais
de uma centena de ações que já
completaram um ano aguardam
publicação do relatório e dos votos
dos ministros. Há julgamentos
ocorridos seis anos atrás cujos
acórdãos ainda não saíram, deixando
os autos ainda em aberto, tramitando
na Corte.
Do total de 1.681 processos com
o teor da decisão pendente de
publicação, 737 são de processos
originários, aqueles de competência
inicial do próprio STF, como as
ações
declaratórias
de
constitucionalidade (ADC) e ações
diretas de inconstitucionalidade
(Adin), e 944 dizem respeito aos
decorrentes de recursos que
chegaram ao Tribunal.
O problema ocorre porque os
ministros, em geral, não liberam os
votos degravados pelos técnicos da
Casa sem revisá-los. Como a revisão
não é feita, o voto não sai dos
gabinetes da maioria. Conforme o
Regimento Interno do STF, o
acórdão deve ser publicado em, no
máximo, 60 dias, salvo se houver
motivo justificado. O mesmo
regimento estabelece que “os
gabinetes dos ministros liberarão o
relatório, os votos escritos e a
transcrição da discussão, no prazo
de 20 dias contados da sessão de
julgamento”. Caso isso não ocorra,
a íntegra do acórdão deve ser
publicada com a tarja “Sem revisão”.
Caberia ao presidente do STF,
Joaquim Barbosa, exigir o
cumprimento do regimento.
Cobrado, porém, não se manifestou.
A única informação, extraoficial,
obtida pelo Correio é que o
julgamento da ação do mensalão,
iniciado em 2012 e que terminou na
semana passada, praticamente parou
o Tribunal. Uma das consequências
é que 800 processos, com relatório
concluído, estão prontos para entrar
na pauta de julgamento.
“O acórdão é o documento da
decisão proferida, é o que estampa
o pronunciamento do Tribunal,
composto dos votos proferidos. É
uma peça importantíssima. O atraso
na publicação é um problema crônico
da Corte”, reconhece o ministro do
STF Marco Aurélio de Mello, que
está em dia com a revisão de seus
votos e com a relatoria de processos
a serem julgados.
Longa espera
Levantamento feito pelo Correio
apontou que a Ação Declaratória de
Continua
Continuação
Constitucionalidade nº 4, que tratou
de um tema polêmico sobre a
atuação de juízes na concessão de
liminar em causas envolvendo a
cobrança de impostos contra a
Fazenda Pública, está à espera do
acórdão desde 1º de outubro de
2008. A ADC foi proposta pelo
então presidente Fernando Henrique
Cardoso em março de 2004, no
primeiro dos dois mandatos do
tucano. O PT já está completando o
terceiro ano no poder, e a íntegra dos
votos ainda não foi divulgada.
A sociedade, as universidades e
os profissionais do direito também
estão há mais de dois anos sem saber
a base jurídica firmada pelos
ministros do STF em outros temas
de ampla repercussão, como a Lei
Maria da Penha e o sistema de cotas
para negros nas universidades
públicas. Em fevereiro de 2012, o
plenário da Corte julgou duas ações
a respeito da violência doméstica
contra a mulher, uma declaratória de
constitucionalidade de dispositivos
da norma, e outra de
inconstitucionalidade.
Ficou decidido que as ações
penais acerca desses crimes não têm
que ser abertas obrigatoriamente
mediante queixa (representação) da
vítima, como a Lei Maria da Penha
dispunha. Basta que a polícia ou
Ministério Público tenham
conhecimento para que se dê
17/03/14
andamento ao respectivo processo
penal, mesmo que a vítima não dê
queixa ou a retire posteriormente.
A pedido da Presidência da
República, a Corte decidiu também,
no mesmo dia, que é constitucional
o dispositivo que exclui os crimes
abrangidos pela Lei Maria da Penha
de serem julgados pelos Juizados
Especiais de Pequenas Causas até
que estes sejam reestruturados como
Juizados de Violência Doméstica e
Familiar contra a Mulher. A
competência é das varas criminais.
“São entendimentos da mais alta
relevância”, afirma o ministro Marco
Aurélio, que relatou as duas ações e
não se conforma com o fato de o teor
dos julgamentos ainda não ter sido
publicado.
Dúvidas
Em princípio, a divulgação do
posicionamento do plenário do STF
pode ensejar o cumprimento do que
foi decidido. Porém, isso nem sempre
é simples. É necessário, diz Mello,
conhecer os parâmetros da decisão
e o seu alcance para que seja
efetivamente cumprida nos termos
firmados pelo STF. Além disso, dos
julgamentos em geral, cabem
embargos de declaração, como
ocorreu no processo do mensalão,
para dirimir contradições, omissões
e obscuridades, o que pode alterar,
em alguma medida, o teor da
decisão.
Para o conselheiro federal da
Ordem dos Advogados do Brasil no
Distrito Federal (OAB-DF)
Aldemário Araújo Castro, presidente
da Comissão da Advocacia Pública,
a não publicação dos acórdãos “é a
negativa da prestação jurisdicional”.
O STF, diz, está ferindo a própria
Constituição. Ele lembra que, na
reforma do Judiciário de 2004, a
Emenda nº 45 incluiu dispositivo
prevendo a “razoável duração” dos
processos.
“O principal tribunal do país é o
que está dando o pior exemplo”,
critica. Procurador da Fazenda
Nacional de carreira, Castro comenta
que, em matéria tributária, a falta de
publicação do teor das decisões dos
ministros da mais alta Corte do país
gera situações “extremamente
inseguras”. Muitas vezes, diz, é
preciso recorrer a informativos do
STF sobre as sessões. “Além de não
poder recorrer da decisão, não se
pode usar como paradigma para
outros processos.”
O criminalista Alberto Toron
avalia que cabe ao presidente do
STF tomar providências para evitar
os atrasos, “sobretudo agora, que a
publicação não depende mais da
impressão nos custosos cadernos do
Diário da Justiça, uma vez que tudo
é digital”. “Em plena era da
tecnologia, é assustador que se
demore tanto para dar um clic”,
ironiza.
CORREIO BRAZILIENSE
17/03/14
00
POLÍTICA
Causas de repercussão pendentes
Lei Maria da Penha
Ação
Direta
de
Inconstitucionalidade (Adin) nº
4.424
» Inconstitucionalidade da norma
que exige representação da vítima em
caso de violência doméstica. A
Procuradoria-Geral da República
pediu que crimes de violência
doméstica contra a mulher, mesmo
que de caráter leve, sejam
processados pelo Ministério Público
mediante ação penal incondicionada,
ou seja, independentemente de
representação da vítima.
Julgada em 9 de fevereiro de
2012.
Ação
Declaratória
de
Constitucionalidade (ADC) nº 19
» Constitucionalidade do
dispositivo que exclui os juizados
especiais de apreciar causas
envolvendo violência doméstica.
Julgada em 9 de fevereiro de
2012.
Recurso Extraordinário (RE) nº
597.285/RS, com Repercussão
Geral
» Constitucionalidade do sistema
de cotas raciais para ingresso em
universidade pública.
Julgado em 9 de maio de 2012.
Plano de saúde dos servidores
públicos
Mandado de Segurança nº
25.855
» Legalidade do julgamento do
Tribunal de Contas da União
ocorrido em 2004, que mandou
desinchar a Geap, a fundação
privada que administra o plano de
saúde de servidores públicos
federais, cancelando todos os
convênios feitos com órgãos
públicos, mantendo somente os
quatro originários (ministérios da
Saúde e da Previdência, Dataprev e
INSS.
Julgado em 20 de março de 2013
Sonegação tributária
Cotas raciais nas universidades
Arguição de Descumprimento de
Preceito Fundamental (ADPF) nº
186/DF
» Constitucionalidade do sistema
de cotas raciais para ingresso em
universidade pública.
Julgada em 9 de maio de 2012.
Recurso Extraordinário nº
550.769/RJ
» Constitucionalidade da
cassação de registro especial de
funcionamento de indústria em razão
do descumprimento contumaz de
obrigações tributárias.
Julgado em 22 de maio de 2013.
CORREIO BRAZILIENSE
17/03/14
00
CIDADES
UNB » Futuro das cotas indefinido
O sistema de reserva de vagas
para negros será discutido nas
próximas duas semanas. A
sugestão é reduzir o percentual de
20% para 5%
» MARIANA LABOISSIÈRE
» RENATA RUSKY
Alan Teixeira, 24 anos,
protagonizou em 2007 uma grande
polêmica ao lado do irmão gêmeo,
Alex. Mas ele é um grande defensor
do sistema
As próximas duas semanas serão
decisivas para a definição do
percentual de cotas destinadas
exclusivamente a negros na
Universidade de Brasília (UnB). O
percentual de 20% implementado no
Plano de Metas e Integração Étnico
e Racial da instituição tem futuro
nebuloso. Pode ser mantido,
reduzido ou finalizado. No próximo
dia 3, a questão será votada pelo
Conselho de Ensino, Pesquisa e
Extensão (Cepe) da UnB. Na última
quinta-feira, em reunião do Cepe, a
Comissão de Avaliação do Sistema
de Cotas sugeriu a manutenção de,
pelo menos, 5% da reserva de vagas.
Uma das justificativas do grupo
se ampara nas “exclusões” e nos
“retrocessos” contidos na Lei
Federal nº 12.711, de 2012, adotada
na UnB no ano passado. Ela garante
a reserva de 50% das vagas de
instituições públicas de ensino para
estudantes de escolas públicas, bem
como para negros, pardos, indígenas
e candidatos de baixa renda. Esse
percentual deve ser incorporado
gradativamente até 2016. “A lei do
governo prevê uma subcota racial.
Condiciona a competição à renda e
ao tipo de ensino. Já o modelo da
UnB é pleno e totalmente inclusivo.
Por isso, mesmo cumprindo a
legislação federal, buscamos também
manter alguma porcentagem
exclusiva aos negros”, argumentou o
idealizador das cotas na UnB, José
Jorge Carvalho, professor de
antropologia e coordenador do
Instituto de Inclusão no Ensino
Superior e na Pesquisa do CNPq.
Para o professor de sociologia
das relações raciais da UnB Joaze
Bernardino Costa, abrir mão da
manutenção de um mínimo de 5%
significa a perda do protagonismo da
instituição nesse cenário. “O que
estamos discutindo é justamente a
conciliação da lei do governo e das
normas autônomas da universidade”,
argumentou. “Estamos no momento
do xeque-mate. Melhor seria se
conseguíssemos mais”, opina.
Outra questão levantada pela
comissão responsável por avaliar o
sistema diz respeito ao passivo
decorrente do Programa de
Avaliação Seriada (PAS) da UnB.
Em tese, a universidade se propôs a
incorporar 20% das cotas, mas, nos
10 anos desde a criação do sistema,
incorporou, de fato, só 15%. “O PAS
ficou de fora. Estamos devendo, há
uma década, essa diferença. E temos
de garanti-la. Há a possibilidade,
inclusive, de esses 5% se
transformarem em 10%, exatamente
em função do ocorrido”, completou
Costa.
O estudante Guilherme Oliveira,
24 anos, entrou no mestrado em
história sem o amparo das cotas.
Mas ele afirma que não teria chegado
aonde está sem o sistema. “Ingressei
na graduação pelas cotas. Hoje, sou
servidor público. Além disso, sou o
único estudante negro da minha
turma de mestrado”, contou. Ele
acredita na premissa de que o
brasileiro tenha sido treinado para
pensar que o racismo foi erradicado
no país. “Só o fato de se podermos
discutir o preconceito já é um ponto
positivo. As cotas de inclusão social
também são válidas, mas as para
negros têm importância como
representação”, completou.
Os irmãos gêmeos Alan e Alex
Teixeira, 24 anos, foram pivôs de
uma grande polêmica na UnB
quando prestaram vestibular. Alan
conseguiu disputar a concorrência
Continua
17/03/14
Continuação
como cotista, e o irmão gêmeo, não.
Foi necessário apresentar recurso
para que Alex fizesse a prova nas
mesmas condições. O episódio
mudou as formas de inscrição no
sistema de cota, que até então era
feito apenas com uma foto. No fim,
apenas Alan estudou na UnB. Hoje,
formado, apoia tanto as cotas para
pessoas com baixa renda e
estudantes de escola pública quanto
as cotas específicas para negros: “Por
motivos históricos, os negros têm
menos oportunidade”, comenta Alan.
Povo fala
Você é a favor ou contra as cotas
para negros na UnB?
Nicolau Homar,
médico
Sou contra, porque acho que está
caracterizando o racismo. As cotas
distinguem as pessoas como se elas
fossem diferentes. O que tinha que
ser feito é dar condições para que
todo mundo chegasse igual na hora
da seleção.
Audiência
Antes da votação para decisão do
futuro das cotas na UnB, haverá uma
audiência pública, em 21 de março,
para esclarecer o assunto. O local
ainda será confirmado pela
instituição. Atualmente, na UnB, há
quase 3,4 mil estudantes que
ingressaram pelo sistema de cotas
raciais, além de aproximadamente 2
mil ex-alunos que foram beneficiados
pelo programa.
Délio Romão,
soldador
Isso (as cotas) faz com que as
pessoas sejam ainda mais
discriminadas. Entra um negro em um
curso e os outros já olham e pensam
“esse é das cotas”. Minha filha estuda
na UnB e o meu genro teria entrado
se não fosse por elas.
Antonádia Borges,
professora da UnB
Completamente a favor. Quantos
professores negros há na faculdade
ou mesmo quantos editores negros
há nos jornais? Isso é reflexo de mais
de 300 anos de escravidão, e não
são 10 anos que vão reparar isso.
Marcelo Rosa,
professor da UnB
As cotas têm que continuar ainda
por um longo período. Na UnB, os
20% que se dizem negros não se
aplicavam ao PAS.
Então, na verdade, nem
eram os 20% que eles
divulgavam.
Emanuel Nunes,
estudante
Acho justo as cotas para pessoas
com baixa renda ou que estudaram
em escolas públicas, mas não
concordo com as para negros. A cor
da pele não está vinculada à falta de
oportunidade.
19/03/14
BRASIL
00
As creches de plástico
Para cumprir promessa de entregar seis mil creches até
o fim do mandato, governo compra prédios de PVC, uma solução
emergencial que pode representar risco às crianças
Josie
([email protected])
Jeronimo
A história da educação pública
brasileira está repleta de vexames
patrocinados por gestores que buscavam saídas fáceis e rápidas para
problemas sérios e crônicos. As famosas escolas de lata de São Paulo
são um exemplo típico. Com o argumento da economia, há 16 anos o
ex-prefeito paulistano Celso Pitta
encheu a cidade de colégios feitos
de latão. O que seria uma solução
se transformou em escândalo investigado pelo Ministério Público e Tribunal de Contas. Marta Suplicy recebeu de Pitta a Prefeitura e não
conseguiu acabar com todas as escolas de lata, tema que foi assombrar sua campanha nas eleições de
2008, como evidência de que as crianças pobres seguiam sem acesso
decente à educação.
PERIGO
Segundo o Instituto dos Arquitetos
do Brasil, construção leve e sem base
pode não resistir a fortes chuvas e enxurradas. Apesar de o PVC não ser um
propagador de chamas, em caso de incêndio sua fumaça é altamente tóxica
Mesmo com toda a turbulência
passada, o PT parece não ter aprendido a lição. O governo volta a recorrer a um método heterodoxo, não
testado o suficiente, para cumprir às
pressas uma velha promessa eleitoral negligenciada. Nas eleições de
2010, Dilma Rousseff havia se comprometido a entregar seis mil creches
aos seus eleitores até o fim do mandato. Como as creches não ficariam
prontas até as eleições de 2014, o
governo decidiu inventar, substituindo as tradicionais construções de alvenaria por modelos “padronizados”. Em alguns locais, as creches
serão feitas com uma mistura de
PVC e concreto, mas a maioria das
unidades de ensino contratadas desde novembro de 2013 – três mil creches – será feita de placas de plástico incrementadas com uma camada
de fibra de vidro.
A chamada técnica “sanduíche”
será espalhada por todo o País, sem
levar em consideração as diferenças
climáticas, de relevo e outras intempéries que atingem um país de dimensões continentais. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) apoiou-se apenas em
uma norma de qualidade usada em
construções de pré-moldados do
programa Minha Casa, Minha Vida
para autorizar a construção das creches de plástico. Nenhum ensaio de
“destruição” foi feito para verificar a
durabilidade das unidades de ensino, a resistência ao fogo e as
suscetibilidades a condições climáti-
cas comuns no País, como chuvas
fortes e enxurradas.
Os problemas que as creches de
plásticos poderão apresentar só serão definitivamente conhecidos quando as unidades de ensino estiverem
totalmente prontas e em uso. Mas o
projeto já desperta preocupações. O
TCU e o Instituto dos Arquitetos do
Brasil apontam deficiências. A falta
de fundações estruturais nas creches
pré-fabricadas pode expor as crianças a risco, dependendo da área em
que a escola for instalada. Há risco
de que o prédio leve e sem base não
resista a fortes chuvas, por exemplo.
Até mesmo a queda de uma árvore
pode ser perigosa. Técnicos alertam
que, apesar de o PVC não ser um
propagador de chamas, em caso de
incêndio sua fumaça é altamente tóxica. “É um equívoco lastimável para
um País que quer entrar na roda do
desenvolvimento. Criaram um padrão fora das normas para encaixar
o programa. Passaram para as prefeituras um problema”, resumiu o
presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil, Sérgio Magalhães.
Uma das escolas em construção no
município de Palmeiras, no Paraná,
sofreu incêndio ao ser atingida por
um raio. A creche não contava sequer com rede elétrica e teve grande
parte de sua estrutura consumida
pelo fogo.
Apesar de frágeis, as creches de
plástico têm custo muito semelhante
às de alvenaria. Uma unidade padrão
Continua
Continuação
construída pelo método convencional custa R$ 1 milhão e a do método
misto usando PVC, R$ 900 mil. De
acordo com o TCU, o governo não
apresentou nenhuma justificativa econômica para a aquisição das creches
pré-moldadas. O único critério para
mudar o projeto das escolas de alvenaria para as de plástico foi o menor tempo de construção. O Instituto dos Arquitetos do Brasil afirma
que foi feita uma escolha política da
rapidez em detrimento da qualidade,
do conforto e da segurança das crianças. “É um retrocesso. Esse tipo
de construção de PVC só vale para
casos emergenciais”, afirma Magalhães.
Até o fim de 2013, apenas 1.103
19/03/14
creches da gestão Dilma haviam sido
concluídas e outras 4,7 mil estão na
fila da burocracia, com obras paralisadas. Mas com a adoção do chamado “método inovador”, a história
das três mil novas creches contratadas com recursos do FNDE, no
âmbito do programa Proinfância,
será bem diferente. As empresas prometem entregar em 60 dias uma creche pré-moldada.
Além da polêmica em relação à
padronização de um material de qualidade inferior para todo o País, o
TCU questionou a concorrência que
dividiu entre apenas duas empresas
paranaenses R$ 455 milhões em re-
cursos para erguer as creches em
todos os Estados. Empreiteiras que
apresentaram método convencional
de construção reclamaram que a concorrência foi dirigida, favorecendo a
MVC Soluções em Plásticos, empresa que atestou ter experiência em
pré-moldados por já ter feito escolas de plástico em Moçambique,
Angola e em municípios devastados
pelas chuvas na enchente de 2010,
em Alagoas. A outra empreiteira que
ganhou fatia milionária foi a Casa
Alta, de Bauru, que só cresceu no
ramo da construção civil ao migrar
para o Paraná.
Fotos: Roberto Castro/GDF
19/03/14
COMPORTAMENTO
00
Uma nova educação
ISTOÉ revela projeto do Ministério da Educação, em parceria com o Instituto
Ayrton Senna, que prevê inclusão de habilidades socioemocionais
na grade curricular. Estudos mostram como elas melhoram o desempenho escolar
Camila
Brandalise
([email protected])
A sala de aula é a mesma. Alunos em carteiras enfileiradas se esforçam para prestar atenção ao que
diz a professora, estrategicamente
posicionada em frente à lousa. Mas
no lugar de questões envolvendo temas tradicionais, como raiz quadrada ou uso da crase, o debate entre
os estudantes, adolescentes na faixa
dos 13 anos, suscita outras discussões. “Como você se vê hoje?” e
“O que espera da vida adulta?” são
algumas das perguntas feitas durante uma aula de formação social do
Colégio Pentágono, em São Paulo.
Além de autoconhecimento, os jovens desenvolvem conceitos como
respeito e responsabilidade. Apesar
de esses não serem temas frequentes no cotidiano do ensino brasileiro, as chamadas competências não
cognitivas ou socioemocionais estão
no centro do debate de como melhorar a educação no País e devem
transformar a forma como o ensino
é ministrado nas instituições públicas e privadas do Brasil. Tanto que
várias escolas as incluíram em seus
projetos – seja com aulas específicas ou com propostas pedagógicas
gerais. Em levantamento inédito, o
Instituto Ayrton Senna (IAS) concluiu, por meio de uma avaliação
aplicada a cerca de 25 mil estudantes da rede estadual de ensino do
Rio de Janeiro em outubro de 2013,
que o ensino dessas qualidades
CLASSE
Aula de formação social do colégio
Pentágono, em São Paulo: alunos trabalham respeito e responsabilidade
sas habilidades socioemocionais. “O
governo já se posicionou a favor da
criação de um programa em processo de formulação, e não será difícil
implementá-lo rapidamente. Pode
ser, por exemplo, um braço do Ciência sem Fronteiras”, afirma Mozart
Neves Ramos, membro do Conselho Nacional de Educação (CNE),
que faz parte do MEC, e diretor de
articulação e inovação do Instituto
Ayrton Senna, referindo-se ao programa de bolsa de estudos no Exterior para alunos da graduação. “Para
nos aprofundarmos no tema, precisamos de profissionais com formação específica na área, o que exige
conhecimentos multidisciplinares em
educação, economia e psicologia.”
Os resultados parciais desse trabalho, ao qual ISTOÉ teve acesso
com exclusividade, serão divulgados
no Fórum Internacional de Políticas
Públicas, realizado pelo Instituto
Ayrton Senna, a OCDE e o MEC
nos dias 24 e 25 de março, em São
Paulo. A intenção do IAS ao elaborar um sistema de medição das chamadas habilidades socioemocionais
foi fomentar o desenvolvimento dessa área, para que possam ser criadas políticas públicas específicas. A
esse projeto somam-se ainda esforços do Ministério da Educação para
desenvolver novas propostas sobre
o tema. Uma delas, que também
deve ser anunciada durante o encontro, diz respeito à formação de especialistas brasileiros com foco nes-
Outro projeto diz respeito à comissão especial do CNE voltada
para discutir a importância das habilidades socioemocionais no sucesso
escolar. O conselheiro Francisco
Cordão afirma que até meados deste ano haverá um parecer, a ser aprovado pelo conselho, com orientações
de como trabalhar essas competências na escola. Essas diretrizes, ainda em fase de estudos, serão enviadas às instituições de ensino do País
para que sejam formuladas maneiras de trabalhar as habilidades
socioemocionais na educação básica (ensino infantil, fundamental e
médio). “Já discutimos, por exemplo, recomendações para a formação de professores, que precisam
estar alinhados a uma perspectiva
impacta direta e positivamente o
aprendizado de língua portuguesa e
de matemática. A intenção é que a
ferramenta, elaborada em parceria
com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), seja usada para medir o
desenvolvimento dessas competências nas escolas.
Continua
Continuação
mais ampla, mobilizando não apenas
o aprendizado de conteúdos das disciplinas, mas habilidades, atitudes e
emoções que são importantes no
processo de ensino”, diz Cordão.
A ferramenta de avaliação criada
pelo Instituto Ayrton Senna visa a
orientar o trabalho dos gestores educacionais. A prova consiste em 62
questões para o quinto ano do ensino fundamental e 92 questões para
o primeiro e terceiro ano do ensino
médio e traz perguntas referentes à
percepção do aluno sobre seu próprio comportamento e sobre quem
ele é. Com os resultados em mãos,
é feito um cruzamento relacionando
19/03/14
desempenho escolar e situação
socioeconômica. Os dados obtidos
no projeto-piloto, aplicado em escolas públicas do Estado do Rio em
2013 e feito em parceria com a secretaria estadual de Educação, mostram que pelo menos três grupos de
competências socioemocionais tem
um impacto bastante relevante no
desempenho dos estudantes em língua portuguesa e em matemática (leia
quadro na pág. 54). Entre outros resultados, chama a atenção ainda o
impacto negativo da extroversão no
ensino de língua portuguesa. “O que
notamos é que a escola não está preparada para canalizar a energia dos
jovens extrovertidos para o apren-
dizado”, afirma Tatiana Filgueiras,
coordenadora da área de avaliação
e desenvolvimento do Instituto
Ayrton Senna.
Outro dado interessante foi o fato
de que alunos de famílias de melhor
condição socioeconômica apresentaram graus mais baixos na competência conscienciosidade, que engloba responsabilidade e tem relação
com o aprendizado de matemática,
segundo Tatiana. Presidente do Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna
ressalta esse caráter democrático das
competências socioemocionais. “Desenvolver foco, persistência, responsabilidade, curiosidade, criatividade
Continua
Continuação
19/03/14
e outras características depende mais
das atitudes dos adultos que convivem com esses alunos, em casa ou
na escola, do que de condições específicas e não replicáveis, como a
condição socioeconômica da família”, diz. Essa é uma excelente notícia para uma estratégia de redução
das desigualdades intoleráveis, por
meio de ações educativas intencionais, segundo Viviane. “E o Brasil de
hoje, com o desafio de dar um salto
expressivo na qualidade da educação, não pode deixar passar despercebido um acelerador da qualidade
tão importante quanto esse.”
MODELO
Vinicius Pereira e Juliana Gomes, ambos de 16 anos, alunos do colégio Chico
Anysio, no Rio, que passou pelo projetopiloto do IAS
A ideia é que seja estabelecida
uma agenda na área das não
cognitivas. A partir desses esforços,
tanto do terceiro setor quanto do governo, o objetivo é inserir essas questões no projeto pedagógico das escolas com delimitações específicas.
Não é necessário criar uma disciplina para passar esses conceitos. As
medidas podem ser trabalhadas de
maneira transversal, em todas as aulas. Em língua portuguesa, por exemplo, em vez de pedir aos alunos que
escrevam sobre as férias, o professor pode solicitar uma redação em
que as crianças falem sobre um problema que conseguiram enfrentar.
“Há várias possibilidades para o fu-
turo. O primeiro grande desafio era
aprender a medir. Agora o tema precisa ser desenvolvido”, afirma Daniel
Santos, professor de economia da
Universidade de São Paulo e especialista em desenvolvimento infantil e
socioemocional na escola. No atual
sistema de avaliação tradicional, diz
o especialista, se uma escola não atinge bom desempenho, a conclusão é
de que não há planejamento ou falta
preparo dos professores. “Mas será
que não é a parte não cognitiva que
está influenciando esse resultado?”
No Pentágono, tanto as aulas de
formação social quanto as de tutoria, ambas dadas a partir do sexto
ano, trabalham conceitos relacionados às habilidades não cognitivas há
cerca de cinco anos. “Não abandonamos o rigor, temos todas as aulas
tradicionais. Mas nos preocupamos
com a formação do indivíduo, porque a escola é um espaço de socialização”, diz Américo Francisco dos
Santos, coordenador-geral do ensino fundamental 2 da rede Pentágono.
No Rio de Janeiro, uma das escolas
que participaram do piloto do projeto do IAS foi o Colégio Estadual
Chico Anysio. “Em nossa grade, temos um projeto chamado Núcleo.
Continua
Continuação
Os alunos têm oito encontros de 50
minutos por semana em que trabalham autogestão, projeto de vida,
autoconhecimento, entre outros temas”, diz Willmann Costa, diretor da
instituição. Colégio que ficou em terceiro lugar no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Elite
Vale do Aço, em Ipatinga (MG), estuda incluir essas competências no
projeto pedagógico. “O objetivo é
acrescentar na grade curricular do
ano que vem outras habilidades além
19/03/14
das cognitivas”, afirma o diretor Átila
Zanone.
Alguns educadores, porém, ainda se mostram receosos em relação
a essas medidas. “A escola não pode
absorver tudo. Acredito que determinada formação é responsabilidade da família”, diz Rosângela Fonseca Napoleão do Rego, coordenadora-geral pedagógica do colégio
Lerote, de Teresina. “Se ensinamos
conceitos no colégio e em casa a re-
alidade é outra, não tem sentido.”
Apesar de ser uma crítica comum,
especialistas afirmam que não se trata
de ensinar valores ou tomar o lugar
dos pais. Essas competências e habilidades podem e devem ser trabalhadas no ambiente educacional. “A
escola é a primeira chance de a criança se confrontar com a realidade
social, é o lugar onde ela descobre
outra maneira de viver com seus semelhantes. Por isso, precisamos incluir
essas
capacidades
Continua
Continuação
19/03/14
socioemocionais”, afirma a psicóloga infantil Ana Olmos. “Ainda existe
desconhecimento sobre o tema, e incorporar isso de maneira intencional
no ambiente escolar vai exigir que a
instituição aprenda a apresentar aos
pais como determinados projetos
podem contribuir para formar cidadãos”, diz Mozart Neves, do Conselho Nacional de Educação. Uma
coisa é certa: se o mundo e os jovens mudaram, o caminho natural e
necessário é que a escola também
mude.
16/03/14
00
COTIDIANO
Escolas dos EUA atrasam aula
para manter jovem ligado
Mudança de horário melhora
desempenho em quesitos como
saúde mental, frequência escolar
e até em notas
Durante puberdade, hormônio
'do sono' é liberado mais tarde;
por isso, jovens só sentem sono
por volta das 23h
JAN HOFFMAN
DO "NEW YORK TIMES"
Jilly dos Santos bem que
tentava chegar à escola no horário.
Programava o alarme de seu
telefone para tocar três vezes
sucessivas. Deixava de tomar o
café da manhã.
Maquiava-se às pressas já no
carro, dirigido por seu pai irritado.
Mas poucas vezes no ano passado
conseguiu chegar ao seu colégio,
o Rock Bridge High School, em
Columbia, Missouri, antes do
primeiro sinal, às 7h50.
Então ela soube que as aulas
iam começar ainda mais cedo, às
7h20. "Pensei: Se isso acontecer,
eu morro'", lembrou a estudante de
17 anos. "Vou largar a escola!"
Foi quando a adolescente com
déficit de sono virou ativista do
sono, decidida a convencer o
conselho de ensino de uma
verdade que conhecia desde o
íntimo de seu corpo cansado:
adolescentes são movidos por seu
próprio desenvolvimento físico a
se deitar tarde e acordar tarde.
O movimento iniciado há quase
20 anos para fazer as aulas do
ensino secundário começarem
mais tarde vem ganhando força em
comunidades como Columbia.
Centenas de escolas em todo o
país vêm cedendo ao acúmulo de
evidências dadas por pesquisas
sobre o relógio biológico
adolescente.
Em dois anos, escolas de
segundo grau de Long Beach
(Califórnia),
Stillwater
(Oklahoma), Decatur (Geórgia) e
Glenn Falls (Nova York)
atrasaram o horário, somando-se
às primeiras escolas de
Connecticut, Carolina do Norte,
Kentucky e Minnesota que já
tinham adotado a medida.
BENEFÍCIOS
Novas evidências sugerem que
o adiamento do início das aulas
traz benefícios. Pesquisadores na
Universidade do Minnesota
estudaram oito colégios em três
Estados antes e depois da
mudança. Resultados indicam que
quanto mais tarde as aulas
começam, melhor é o desempenho
dos alunos em vários quesitos,
incluindo saúde mental, índices de
acidentes de carro, frequência
escolar e, em alguns casos,
aproveitamento e notas em provas
padronizadas.
Quando o cérebro se
desenvolve e a atividade hormonal
aumenta, adolescentes que
dormem oito horas diárias
regularmente podem aprender
melhor e têm menos chances de se
atrasar, envolver-se em brigas ou
sofrer lesões esportivas. Dormir
bem também pode moderar sua
tendência a tomar decisões de
modo impulsivo ou arriscado.
Durante a puberdade, a
melatonina, o hormônio "do sono",
é liberada mais tarde nos
adolescentes, razão pela qual eles
só sentem sono por volta das 23h.
A sonolência pode ser adiada
ainda mais pela luz azul
estimulante dos aparelhos
eletrônicos, que engana o cérebro,
levando-o a continuar desperto,
como que com a luz do dia,
atrasando a liberação da
melatonina e o adormecimento. O
estudo do Minnesota observou que
88% dos alunos levavam seu
celular para o quarto.
Resistentes à mudança, muitos
pais e alguns estudantes dizem que
ela faz os treinos esportivos
terminarem tarde, prejudica
empregos de alunos que trabalham
e reduz o tempo de que dispõem
para fazer lição de casa. A
resistência se deve, dizem
estudiosos, ao ceticismo quanto ao
caráter essencial do sono.
Tradução de CLARA ALLAIN
16/03/14
00
METRÓPOLE
Continua
Continuação
16/03/14
16/03/14
00
DIRETO DA FONTE
Sônia Racy
CORREIO BRAZILIENSE
16/03/14
00
Educação
FALTA DE LIVROS
A professora Maria Lourdes de Lima reclama sobre
a falta de livros de língua portuguesa no Colégio
Polivalente, na Asa Sul. Apesar de não ministrar na
escola, ela tem uma sobrinha que está na 8ª série do
ensino fundamental, que até hoje não recebeu livros da
disciplina. “Eu dou aula no Setor Leste, também na
Asa Sul, e nele está sobrando livro. Então por que minha
sobrinha está sem até março, sendo que as aulas
começaram há quase dois meses?”, questiona a
educadora. Outra queixa sobre a mesma escola é a
falta de professor de português. “Desde o início do
ano letivo, minha sobrinha está sem aulas de português.
Um substituto chegou na semana passada, mas, até
hoje, ela ainda está sem aula da disciplina. É um descaso
com a educação pública do Distrito Federal. Me sinto
desrespeitada”, ressalta Maria Lourdes de Lima.
» Ao Correio, a Secretaria de Educação do
Distrito Federal (SEDF) informou que a escola
já enviou ao Fundo Nacional de Desenvolvimento
da Educação (FNDE) o levantamento do número
de alunos para o envio dos livros. Segundo ela, a
unidade de ensino, no momento, aguarda os livros
que são entregues pelo FNDE. Quanto ao
professor de português, a SEDF disse que ele já
se encontra na escola e está dando aulas
normalmente.
CIDADES
GRITA GERAL
CORREIO BRAZILIENSE
16/03/14
CIDADES
00
DESAPARECIMENTO »
Família intensifica buscas
Uma semana depois de a
professora Márcia Regina ter sido
vista pela última vez, parentes e
amigos dão início à mobilização
atrás de informações sobre o
paradeiro dela. Polícia Civil tem
um suspeito, mas ninguém na
corporação fala sobre o trabalho
de apuração
» THIAGO SOARES
Ézio Lopes mostra a foto da irmã:
"É uma agonia não ter um posição
sobre o que possa ter acontecido"
Parentes, amigos e colegas de
trabalho de Márcia Regina Lopes,
56 anos, dão início amanhã a uma
ampla campanha em busca do
paradeiro dela. Eles vão espalhar
cartazes da mulher por vários pontos
do Distrito Federal. Hoje faz uma
semana que a professora foi vista
pela última vez. O namorado, com
quem divide um apartamento em
Águas Claras, contou à polícia e aos
familiares da desaparecida que ela
o deixou no Parque da Cidade por
volta do meio-dia do domingo
passado. De lá, a docente teria
seguido de carro para a casa de uma
amiga. Desde então, ninguém mais
teve notícia sobre o destino dela, que
leciona em um colégio particular do
Sudoeste.
pessoa extrovertida, falante e sempre
teve boas amizades”, completou.
A Divisão de Repressão a
Sequestro (DRS) da Polícia Civil do
Distrito Federal investiga o caso, mas
não dá nenhuma informação sobre o
andamento da apuração. Nem
mesmo disparou qualquer mensagem
sobre o desaparecimento de Márcia
Regina. Fontes da Polícia Civil
revelaram ao Correio que há um
suspeito sendo monitorado, mas a
identidade não pode ser divulgada
para não atrapalhar o trabalho dos
investigadores. Enquanto isso, os
familiares da professora recorrem à
imprensa e às redes sociais para
divulgar o caso e pedir ajuda nas
buscas.
A professora teria de se
apresentar no trabalho na última
segunda-feira, mas não apareceu
nem mandou recado. No entanto, ela
enviou um e-mail à coordenação da
escola com o planejamento das aulas
da semana, o que indicaria a certeza
do retorno ao trabalho. Em
depoimento, o companheiro da
professora, que não teve o nome
divulgado, informou que Márcia o
deixou no Parque da Cidade, onde
ele faria uma corrida, dizendo que
compraria pamonha e passaria na
casa de uma amiga.
De longe, o irmão caçula da
professora, Ézio Tadeu Lopes, 52
anos, engenheiro florestal, não
aguentou esperar por notícias.
Morador de Vitória, no Espírito
Santo, ele decidiu pegar um avião e
vir para Brasília. Desembarcou ontem
na capital. “Ontem (sexta-feira), não
consegui trabalhar preocupado com
a minha irmã. É uma agonia não se
ter uma posição do que possa ter
acontecido com ela”, afirmou ele,
ontem, ao Correio, na casa de uma
cunhada, no Lago Sul, onde está
hospedado. Ézio ressaltou que
Márcia não tem desavença com
ninguém nem sumiria sem falar com
um dos quatro irmãos. “Ela é uma
Depoimentos
A professora estava no carro
dela, o Ford Ka preto, placa JHR4074-DF. Assim como a dona, o
veículo está desaparecido há uma
semana. E não foi o namorado quem
registrou o sumiço. A atitude partiu
de familiares dela, que só souberam
do desaparecimento na noite de
segunda-feira e foram a uma
delegacia na manhã seguinte para
registrar a ocorrência. Antes, porém,
eles passaram no imóvel alugado pela
professora, na Quadra 103 de Águas
Claras. O apartamento estava
fechado e arrumado, aparentemente
com todos os pertences de Márcia
intactos.
O namorado, amigos e colegas de
Márcia já foram ouvidos pela Polícia
Continua
16/03/14
Continuação
Civil. A amiga que o namorado
informou com quem Márcia iria se
encontrar afirmou que não ter visto
a professora no domingo. Na
segunda-feira, o companheiro da
vítima compareceu ao prédio onde
a professora reside e conversou com
moradores sobre o desaparecimento
dela. “Ele pediu ajuda para divulgar
a fotografia da namorada nas redes
sociais, parecia preocupado. Havia
pouco tempo que ela morava aqui,
pois nunca a tinha visto pelos
corredores”, comentou um vizinho,
que não quis se identificar.
Morador de Formosa (GO),
outro irmão de Márcia, Eudmar
Curado Lopes, 60 anos, diz que toda
a família está ansiosa com a falta de
informações dobre a investigação.
“Queremos acabar logo com esse
sofrimento. Neste momento temos
que ser forte. É triste e difícil não
saber como está a nossa irmã.
Éramos muitos ligados”, declarou
Ézio.
Sindicato
vai ajudar
O Sindicato do Professores das
entidades de ensino particulares do
Distrito Federal (Sinproep-DF)
começa amanhã uma distribuição de
cartazes com fotografia de Márcia
Regina. “Hoje, somos 8 mil filiados.
Vamos entrar em contato com todos
para que ajudem a encontrar a
professora. Também vamos solicitar
à direção da Polícia Civil uma
atenção especial ao caso”, afirmou
Rodrigo de Paula, presidente da
entidade.
CORREIO BRAZILIENSE
16/03/14
00
TRABALHO
Pouca procura
Apenas um em cada quatro
brasileiros já frequentou ou frequenta
algum curso profissionalizante. A
baixa formação da mão de obra é
um dos gargalos que impede o
crescimento do país
» MARIANA NIEDERAUER
Caroline Dias e Érica Rodrigues
só descobriram o valor da formação
depois de entrarem no curso
Para garantir a competitividade e
o desenvolvimento econômico nos
próximos anos, o Brasil precisa dar
um grande passo na formação de
mão de obra de qualidade, de
maneira a suprir a demanda das
empresas. Mesmo num quadro de
pleno emprego, elas reclamam da
dificuldade de encontrar
trabalhadores preparados nas áreas
que precisam. E mais do que atender
à urgência do setor empresarial, a
educação profissional proporciona
também uma formação completa do
cidadão, como o Correio mostrará
na série de reportagens sobre o
tema.
A falta de mão de obra ficou
evidenciada em pesquisa recente
divulgada pela Confederação
Nacional da Indústria (CNI).
Segundo o estudo, 75% dos
trabalhadores nunca frequentaram
um curso profissionalizante. O
percentual entre as nações que fazem
parte da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) é de 46%. A
taxa é ainda mais baixa entre os
jovens brasileiros, de apenas 6%,
contra 35% na média da OCDE.
A alta rotatividade do trabalhador
brasileiro, de 64%, de acordo com
dados da Relação Anual de
Informações Sociais (Rais) 2012,
também reflete o problema. O
ministro do Trabalho e Emprego,
Manoel Dias, garantiu que o grande
desafio do país este ano é a
qualificação profissional, uma vez
que já se atingiu o pleno emprego.
Ele presidiu, na semana passada, a
abertura de um seminário sobre o
tema, em parceria com o
Departamento Intersindical de
Estatística
e
Estudos
Socioeconômicos (Dieese). O
diretor técnico do Dieese, Clemente
Ganz Lúcio, afirma que a
capacitação da mão de obra tem
impacto na rotatividade. “Ela não
reduz a rotatividade de forma direta,
mas uma qualificação maior do
trabalhador tende a melhorar a
qualidade do posto de trabalho e
leva a empresa a ter uma política de
retenção”, explica.
Em meio aos dados negativos, a
pesquisa da CNI mostra, no entanto,
que 90% dos brasileiros acreditam
que a educação profissional oferece
boas oportunidades a quem quer
ingressar no mercado de trabalho
(veja o quadro). Além disso, 74%
dos entrevistados reconhecem que
os
alunos
de
cursos
profissionalizantes são bem ou
razoavelmente bem preparados para
o mercado. O diretor de Educação
e Tecnologia da confederação,
Rafael Lucchesi, percebe que essa
mudança de percepção do brasileiro
a respeito da modalidade de ensino
e a participação da classe média
tendem a mudar o quadro da pouca
procura pelo ensino técnico. “No
milagre econômico, a clara porta de
saída da mobilidade social era a
formação superior, porque
estávamos formando a classe média
brasileira e porque havia um arrocho
salarial. Vivíamos em um regime de
exceção, uma ditadura”, detalha.
Com o aumento do poder
aquisitivo da classe C nos últimos
anos, Lucchesi acredita que está
crescendo também o investimento em
educação profissional. “Existe um
lado brilhante nessa nova classe
média, que não é só o de comprar
uma televisão: ela está buscando
qualificação e isso está incentivando
mudanças de percepção cultural”,
afirma.
Para o especialista, o atual
esforço de capacitação da mão de
obra brasileira por meio do
Programa Nacional de Acesso ao
Ensino Técnico e Emprego
(Pronatec) e de diversas iniciativas
Continua
Continuação
estaduais é uma resposta a esse novo
projeto de vida dos brasileiros. Logo
que assumiu o cargo, o ministro da
Educação, Henrique Paim, anunciou
que a Rede Federal de Educação
Profissional e Tecnológica — que
integra os institutos federais de
educação, ciência e tecnologia —
receberá investimento de R$ 1,8
bilhão este ano. O total investido
entre 2005 e 2013 foi de R$ 6,7
bilhões. De acordo com o último
Censo Escolar da Educação Básica,
o número de matrículas na educação
profissional nas redes públicas e
particular foi de 1.441.051 em 2013,
aumento de 85% em relação a 2007.
Mudança
A disseminação da educação
profissional ainda é um objetivo a ser
alcançado. As alunas do curso
técnico de segurança do trabalho
Caroline Dias e Érica Rodrigues,
ambas de 18 anos, só conheceram
essa possibilidade depois de
ingressarem em empresas públicas
como menores aprendizes e terem a
oportunidade de fazerem o curso no
Senai. “É um meio para você entrar
no mercado de trabalho e adquirir
bastante conhecimento. Entrei no
curso sem conhecer, mas gostei da
área e quero seguir nela”, afirma
Érica. As duas observam que os
jovens só percebem a importância do
ensino técnico depois de ingressarem
no curso, pois no ensino médio o
conteúdo é mais direcionado a quem
pretende fazer graduação. “Não tem
muita divulgação do curso técnico e
de seus benefícios”, avalia Caroline.
16/03/14
Lucchesi, da CNI, lembra que a
formação superior também é uma
lacuna a ser preenchida no país, mas
que as duas modalidades podem ser
complementares. “Nós temos que
aumentar tanto nossa formação de
nível superior como a de nível
técnico, são dois esforços
importantes. E não há uma oposição
entre uma coisa e outra”, afirma.
Fábio Renato, 21 anos, aluno do
curso de mecânico de automóvel do
Senai, já recebeu propostas de
emprego em concessionárias e
acredita que o curso trará retorno
financeiro mais rápido para que ele
consiga estruturar os próximos
passos da carreira. “Essa formação
me dará estabilidade e tempo para
pensar em qual área quero fazer o
curso superior.”
Preparação para a vida
Edson Caetano, professor do
Instituto de Educação da
Universidade Federal de Mato
Grosso (UFMT), defende que a
formação não privilegie apenas o
lado profissional, mas também uma
preparação para a vida. “É o que
chamamos de formação integral. O
ensino profissionalizante deixa a
desejar nesse ponto”, explica
Caetano, que é líder do Grupo de
Estudos e Pesquisas sobre Trabalho
e Educação da universidade. Por
isso, ele sugere a vinculação com o
ensino médio, para que a
democratização dessa etapa do
ensino seja efetiva e não apenas
baseada na ampliação do número de
vagas. “É essa a visão que um
número
considerável
de
pesquisadores e de professores
defendem: um ensino que dê
condições para que esses
adolescentes e futuros adultos
tenham instrumentos que possibilitem
entender as mudanças que ocorrem
no mundo do trabalho.”
Em última instância, o direito à
educação e ao trabalho remetem a
garantias constitucionais, como
lembra a consultora educacional
Marilza Regattieri. “Na prática, a
concepção da educação profissional
é aquela que deve prover ao
estudante, seja jovem ou adulto, ao
longo de toda a sua vida,
aprendizagens que dão a ele
conhecimento e competência para
acessar um trabalho digno”, explica.
Marilza destaca que a capacidade de
aprender e de se desenvolver ao
longo da vida é essencial, porque o
mercado é muito dinâmico e exige
mudanças constantes. “Existem
algumas indicações de que, quando
os alunos que estão hoje em cursos
de educação profissional ou de
graduação se formarem, vamos ter
outros vários perfis demandados”,
explica.
Início
A percepção cultural sobre o
ensino profissionalizante tem raízes
históricas que contribuíram para
disseminar a formação técnica como
exclusiva das classes mais baixas. O
decreto nº 7.566, de 1909, assinado
pelo então presidente da república,
Nilo Peçanha, criou 19 escolas de
Continua
Continuação
16/03/14
aprendizes artífices. As vagas eram
destinadas a habilitar os filhos dos
“desfavorecidos da fortuna” e “fazêlos adquirir hábitos de trabalho
profícuo, que os afastará da
ociosidade ignorante, escola do vício
e do crime”.
Mais de 291 mil vagas
A partir de amanhã, o Sistema de
Seleção Unificada da Educação
Profissional e Tecnológica (Sisutec)
recebe inscrições para 291.338
vagas em cursos técnicos. No Distrito
Federal, são ofertadas 8.725
oportunidades. O cadastro pode ser
feito até 21 de março, pelo site
sisutec.mec.gov.br. A consulta de
vagas já está disponível. Podem
participar dessa primeira etapa
apenas candidatos que fizeram o
Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem). A primeira chamada
ocorrerá em 25 de março.
JORNAL DE BRASÍLIA
16/03/14
00
MINO PEDROSA
JORNAL DE BRASÍLIA
16/03/14
00
CIDADES
OLHO NO ECA
Continua
Continuação
16/03/14
JORNAL DE BRASÍLIA
16/03/14
00
CIDADES
15/03/14
00
ANCELMO GOIS
15/03/14
00
RIO
Escolas do Rio terão que aceitar alunos autistas
Continua
Continuação
15/03/14
15/03/14
00
RIO
15/03/14
00
Calouras da UFSCar
simulam sexo em gincana
Universidade diz que comissão
apura caso
DE RIBEIRÃO PRETO
Um vídeo publicado na internet
em que quatro calouras se beijam,
tiram parte da roupa e simulam
sexo para uma plateia no ginásio
da UFSCar "chocou" até aluno
veterano.
Ao final da simulação, as
universitárias são aplaudidas por
estudantes. As cenas ocorreram na
quarta, durante a Calourada,
gincana para recepcionar os novos
alunos.
A UFSCar (Universidade
Federal de São Carlos) disse que
criou comissão para averiguação
e
"encaminhamento
das
providências cabíveis".
Rodrigo Moraes, 22, presidente
da Atlética, diretório esportivo
estudantil e responsável pelo
evento, disse que houve exagero
das calouras. Segundo ele, a ação
foi de livre e espontânea vontade.
As alunas participaram da
Prova do Xaveco, na qual têm
como desafio "conquistar" o
parceiro. No vídeo, começam
dando cantadas umas nas outras.
Depois, juntam-se e tiram parte
das roupas. Elas se beijam e rolam
no chão simulando sexo grupal. A
Folha não conseguiu ouvi-las.
COTIDIANO
15/03/14
COTIDIANO
00
Minha escola, Minha vida
Colégios desativados por falta
de alunos no Rio Grande do Sul
viram moradia para quem resiste
ao êxodo rural
FELIPE BÄCHTOLD
ENVIADO ESPECIAL AO
INTERIOR DO RIO GRANDE
DO SUL
Sem ter onde morar, a faxineira
Zuleide Delabona, 47, e seus oito
filhos montaram a casa da família
em uma escola abandonada no
interior do Rio Grande do Sul.
Antigas salas de aula viraram
sala de estar, quartos e cozinha. A
família instalou até uma antena
parabólica.
A pintura da fachada, porém,
ainda traz a inscrição: "Escola
Estadual Marquês do Herval",
referência ao colégio extinto em
2005.
A situação em Roca Sales (a
140 km de Porto Alegre) é o retrato
de um problema que ocorre por
todo o Rio Grande do Sul: a
deterioração
de
escolas
desativadas devido ao êxodo rural
e ao esvaziamento de vilarejos do
interior.
Nos últimos dez anos, mais de
400 escolas estaduais foram
fechadas no Estado devido à falta
de alunos. Por dificuldades
burocráticas no reaproveitamento
desses prédios, grande parte está
abandonada e se deteriorando.
Em Roca Sales, outra antiga
escola pública também está
invadida na zona rural.
Na antiga Marquês do Herval,
a faxineira Zuleide diz ainda temer
o despejo.
"Antes só tinha mato, cabritos
e vacas aqui. Fizemos a limpeza.
Não posso nem pintar porque não
é nosso."
Na cidade vizinha, Encantado,
uma escola rural extinta em 2005
se transformou em depósito de
ração. Os vidros estão todos
quebrados.
Vizinho do local, o professor
aposentado Valmor Agostinho, 73,
diz que as salas serviram de
alojamento para pedreiros que
trabalharam na localidade neste
ano.
Além do êxodo rural, a
natalidade também é citada por
moradores do interior como causa
da baixa demanda: décadas atrás,
famílias numerosas e casais com
mais de cinco filhos eram comuns.
Hoje, a mudança da situação
criou um dilema para gestores
públicos: manter ativas escolas
com pouquíssimos estudantes ou
fechá-las e arriscar estimular a
desintegração da comunidade.
Na zona rural de Estrela (a 107
Continua
Continuação
km de Porto Alegre), a merendeira
aposentada Vera Skrsypcsak afirma
que o fechamento da escola
estadual vizinha a sua casa
"enfraqueceu" o vilarejo de São
João do Bom Retiro.
"Antes, tinha novena de Natal,
Semana da Pátria, festa das mães.
Agora não tem mais nada", afirma
Vera.
No pátio do colégio, o mato tem
meio metro de altura.
DE ÔNIBUS
Um outro efeito do fechamento
de escolas do interior é o aumento
da demanda por transporte escolar,
que obriga crianças a fazer longos
deslocamentos em ônibus.
Em Roca Sales, a Marquês do
15/03/14
Herval fica a meia hora de carro
da sede do município.
Para o professor estadual
Marco Sozo, integrante do
Conselho de Educação gaúcho, o
abandono desses prédios é um
fenômeno nacional e não costuma
ocorrer em centros urbanos.
"A morte da escola anuncia que
morreu a vida econômica e social
ao redor", diz.
O governo Dilma Rousseff (PT)
encaminhou projeto ao Congresso
proibindo o fechamento de escolas
em região rural sem que haja uma
"análise do impacto" e também, a
manifestação dos moradores
locais.
Uma das justificativas é o
aumento da demanda por
transporte. O texto fala em 13 mil
escolas fechadas no campo em
todo o país em um período de cinco
anos.
Procurada, a Secretaria da
Educação do Rio Grande do Sul
afirmou que o atual governo reviu
a política de fechamento de
escolas e que procura fortalecer os
colégios existentes no campo.
A
diretora-adjunta
do
Departamento de Pedagogia, Rosa
Mosna, diz que é preciso discutir
com as comunidades o
reaproveitamento desses prédios.
Há casos de antigas escolas
usadas
como
centros
comunitários."Há uma tendência de
redução do número de alunos. No
ano passado, diminuiu em 50 mil
no ensino fundamental", diz Rosa.
15/03/14
00
COTIDIANO
Número de alunos da rede
pública na Unicamp cresce 20%
Com aumento de bonificação,
índice passou de 30,7% para 37%
em relação aos matriculados no ano
passado; meta é chegar a 50%
LUCAS SAMPAIO
DE CAMPINAS
O número de alunos de escolas
públicas matriculados na Unicamp
cresceu 20% em um ano, informou
a universidade ontem. Eles passaram
de 30,7% dos inscritos em 2013 para
37% em 2014.
Entre os que se declaram pretos,
pardos e indígenas, a alta foi mais
expressiva: 34%. Apesar disso, esse
grupo ainda representa só 17,7% das
matrículas neste ano, ante 13,2% no
ano passado.
"Os resultados foram bastante
positivos", avalia o reitor José Tadeu
Jorge. "O Paais [Programa de Ação
Afirmativa e Inclusão Social] deve
ser intensificado porque esse é o
nosso grande programa de inclusão.
A base de inscritos não se alterou,
mas a quantidade de aprovados,
sim."
A alta é resultado do bônus
oferecido pelo programa, criado em
2004.
Até o vestibular anterior, a
Unicamp concedia 30 pontos extras
a alunos de rede pública e outros 10
a estudantes que se declarassem
pretos, pardos e indígenas. A
pontuação neste ano subiu para 60 e
20, respectivamente.
A mudança foi feita para tentar
atingir metas fixadas pelo governador
Geraldo Alckmin (PSDB), de ter 50%
das matrículas de USP, Unesp e
Unicamp provenientes de escolas
públicas e 35% de pretos, pardos ou
indígenas.
O reitor afirma que a meta, agora,
é aumentar o número de inscritos
provenientes de escola pública --neste
ano, foram 27%, praticamente o
mesmo índice de 2013 (27,2%).
"Quanto mais alunos de escola
pública se inscreverem, mais chance
temos de aumentar o número de
aprovados e matriculados."
Apesar da alta, ainda há grande
disparidade no número de
matriculados entre cursos. Enquanto
os alunos de escola pública
representam 85,71% no curso
noturno de letras (licenciatura), são
apenas 7,27% em engenharia de
produção e 10,53% em geologia.
Nos cursos mais concorridos, no
entanto, a participação tem crescido
e está próxima da média (37%).
Em medicina, o mais procurado
deste ano (145 candidatos/vaga), os
egressos da rede pública passaram
de 14,55% para 33,33%. Em
arquitetura e urbanismo, o segundo
da lista (104/vaga), cresceram de
3,33% para 31,03%.
No quesito racial, as diferenças
são maiores.
"Vamos fazer uma análise mais
fina dos piores cursos em termos de
inclusão", afirma Jorge. "Estamos
muito mais perto de atingir a meta de
escola pública [50%] do que a de
pretos, pardos e indígenas [35%].
Como a bonificação é ajustável,
podemos alterá-la para atingir nosso
objetivo."
USP E UNESP
Para atingir a mesma meta, no
último vestibular a USP aumentou o
bônus para vestibulandos da escola
pública de 15% para 20% e criou
pontuação extra de até 5% para
pretos, pardos e indígenas.
No vestibular anterior, 28% dos
matriculados na instituição vieram da
rede pública.
A Unesp implementará cotas
progressivamente em quatro anos.
No vestibular 2014, 15% das vagas
foram reservadas para egressos de
escola pública, índice que crescerá
até os 50%. A participação da rede
pública hoje já é de 40%.
15/03/14
00
NOTA 10
Laís Bodanzky e seu marido, o
também diretor Luiz Bolognesi,
estreiam amanhã no "Fantástico"
a série "Educação.doc", que
mostra boas iniciativas em escolas
públicas de áreas pobres do país.
O quadro terá seis episódios e
locução de Wagner Moura.
MÔNICA BERGAMO
15/03/14
00
METRÓPOLE
Continua
Continuação
15/03/14
Continua
Continuação
15/03/14
Continua
Continuação
15/03/14
CORREIO BRAZILIENSE
15/03/14
00
BRASIL
MAIS MÉDICOS » Promessa
de Dilma distante da realidade
A presidente anunciou que, até
2026, haveria 600 mil
profissionais trabalhando no país.
No entanto, as medidas previstas
no programa federal, como a
importação de mão de obra e as
novas vagas em faculdades, serão
insuficientes para atingir a meta
JULIA CHAIB
Médicos estrangeiros e
brasileiros participam de treinamento
em Brasília: reforço no atendimento
à população
A promessa feita pelo governo
federal de ter 600 mil médicos
atuando no país em 2026 dificilmente
será atingida — hoje, há 390,5 mil
profissionais com registro nos
conselhos regionais de medicina. A
meta foi divulgada no ano passado,
em meio ao lançamento do Mais
Médicos. Uma das frentes do
programa é justamente a abertura de
11.447 vagas de graduação até
2017. Mesmo assim, ainda haveria
um deficit de 56,3 mil profissionais.
O objetivo não seria alcançado nem
se a frente de intercâmbio de
cubanos fosse uma política
permanente de governo. Para
entidades médicas, no lugar de
gastar mais de R$ 1 bilhão para
trazer profissionais da ilha caribenha,
o governo deveria investir esse valor
na qualidade da graduação.
vigente até 2016, podendo ser
renovada por mais três anos. Hoje,
há 11,4 mil cubanos atuando no
programa federal.
Segundo o Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep), com base no
Censo Universitário 2012, o número
de profissionais que se formam em
medicina é de, aproximadamente, 16
mil por ano. No entanto, de acordo
com o estudo Demografia Médica,
do Conselho Federal de Medicina
(CFM), cerca de 8 mil deixam a
atividade anualmente, seja por
aposentadoria ou por outros
motivos. Dessa forma, cerca de 8 mil
novos profissionais ingressam no
mercado por ano. Ou seja, até 2026,
serão 96 mil médicos. Levando-se
em consideração que, a partir de
2022, estarão formados aqueles que
iniciaram o curso nas vagas abertas
até 2017, haverá mais 57,2 mil
profissionais — no pior dos cenários
para o governo. Somando esses
números com os 390,5 mil médicos
que trabalham atualmente, chega-se
a 543,7 mil — um deficit de 56,3 mil
abaixo da promessa oficial.
O Ministério da Saúde informou
ao Correio que a metodologia do
cálculo que fundamenta a promessa
de Dilma foi elaborada por
estatísticos, que utilizaram dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). “Seguindo esses
critérios, a expectativa é de cerca de
600 mil médicos atuando em 2026,
com projeção de mais de 560 mil
profissionais em exercício, mais de
32.400 concluintes de medicina
(naquele ano), além de cerca de
2.600 médicos com diploma emitido
no exterior que se tornariam aptos a
atuar no país depois de aprovados
no exame”, explicou a pasta.
Hoje, o Brasil tem 1,8 médico por
mil habitantes e quer atingir a meta
do Reino Unido, com 2,7
profissionais pelo mesmo grupo
populacional. Mas, para chegar a
esse índice, a conta não fecha nem
mesmo com a importação de
profissionais de outros países. Essa
medida, iniciada em 2013, ficará
Procurados pela reportagem,
nem o Ministério da Saúde nem o
da Educação (MEC) souberam
informar dados atualizados da
estimativa da abertura de novos
cursos por ano. O MEC limitou-se
a dizer que criará vagas “em 48
instituições federais de educação
superior”, com perspectiva de 3.855
vagas de graduação nessas
instituições até 2017. Para este ano,
49 faculdades particulares foram
consideradas aptas e autorizadas a
abrir cursos.
Gastos
Desde que a abertura das vagas
foi anunciada, as entidades médicas
Continua
Continuação
se posicionaram contrárias à medida.
O argumento das organizações de
classe era o de que o fato de ampliar
a oferta não garantiria qualidade no
ensino. “Não existe um número
mágico que o governo tem dito que
existe. Isso depende de outros
fatores. Médico não faz saúde
sozinho. Ele precisa, além de outros
profissionais de saúde, de
financiamento e de estrutura”, disse
o presidente da Associação Médica
Brasileira (AMB), Florentino
Cardoso.
Segundo Cardoso, o custo para
a formação de um profissional em
uma faculdade particular é de R$ 60
mil ao ano. Para ele, o governo
poderia pegar os gastos com a
contratação de cubanos e investir na
qualidade das graduações. “O
governo não está investindo R$ 1
bilhão relacionado à Cuba. Eu diria
que ele esta gastando o dinheiro
brasileiro”, critica Cardoso.
Jaleco branco
Saiba quantos médicos trabalham
no país, tanto na iniciativa privada
quanto na pública, a oferta dos
cursos de medicina e números do
programa Mais Médicos
» Vagas em cursos medicina
18.212 *
15/03/14
» Quantas o governo quer criar
até 2017
11.447
» Médicos em atividade
390.486
» Meta para 2026
600.000
» Total de integrantes do Mais
Médicos
13.235
» Cubanos no programa
11.400
» Salário dos médicos inscritos
individualmente
R$ 10,4 mil
» Salário dos médicos cubanos
pagos no Brasil
R$ 3 mil
» Valor** previsto no termo de
cooperação assinado com a
Orgaização Pan-Americana de
Saúde (Opas)
R$ 1,48 bilhão
* Até julho do ano passado
** O que inclui esse valor:
pagamento do transporte aéreo e do
salário dos médicos cubanos, além
de 5% de custos indiretos que ficam
com a organização
CORREIO BRAZILIENSE
15/03/14
00
CIDADES
Cotas raciais devem diminuir
MARIANA NIEDERAUER
» KELLY ALMEIDA
O futuro das cotas para negros na
Universidade de Brasília (UnB) será
debatido ao longo dos próximos dias.
Após uma década de implantação, há
uma forte tendência de que o
percentual de reserva de vagas caia
de 20% para 5%. Essa foi a proposta
apresentada pela comissão
responsável por avaliar o sistema e
que recebe o apoio da maioria dos
institutos e faculdades representados
na última reunião do Conselho de
Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe),
na quinta-feira. A deliberação do
conselho sobre o tema foi adiada a
pedido dos estudantes, e um novo
encontro foi marcado para 3 de abril.
“A minha avaliação da reunião de
ontem (quinta-feira) é de que o
conselho se posicionou, em diversas
ocasiões, a favor do que definiu a
comissão”, afirma o reitor da UnB,
Ivan Camargo. Para ele, o sistema
provavelmente teria se mantido da
forma como é hoje não fosse a
sanção da Lei nº 12.711, de 2012, que
determina a destinação de 50% das
oportunidades a estudantes de escolas
públicas e abarca cotas raciais. Na
opinião do reitor, a autonomia
universitária fica em segundo plano
com a criação de uma lei federal. “Eu
acho que essa uniformização das
universidade é ruim, pois torna as
instituições iguais, que é tudo o que o
não queremos”, critica.
“O fato de a UnB ter liderado
esse processo 10 anos atrás foi muito
positivo, assim como a minha
experiência com estudantes negros no
Departamento de Engenharia
Elétrica. A mudança no perfil da
universidade é nítida”, destaca o reitor,
que reforça a importância da
participação da comunidade externa
na discussão. Está marcada para a
próxima sexta-feira, às 12h, em local
a ser definido, uma audiência pública
para apresentar o balanço sobre a
primeira década da ação afirmativa.
O professor de antropologia da
UnB e coordenador do Instituto de
Inclusão no Ensino Superior e na
Pesquisa do CNPq José Jorge
Carvalho, idealizador do modelo de
cotas da UnB, afirma que a ideia não
é acabar com o sistema. “A proposta
é que continuem as cotas,
complementando a lei federal.
Podemos até propor que os 20%
sejam mantidos, mas acho difícil que
seja aprovada uma porcentagem tão
alta. Queremos manter 5% para
compensar exclusões e retrocessos,
como o de que só pode concorrer a
uma vaga, segundo a lei, quem tiver
estudado em escola pública”, explica.
Carvalho ressalta que a UnB é a
única instituição federal que defende
a bandeira das cotas raciais. Para ele,
a medida gerou um progresso na
igualdade. “A UnB que eu dava aula
em 2000 não parece a mesma de hoje.
Lecionei para turmas só com alunos
brancos, e era normal. Quando muito,
tinha um negro. Hoje, não há turmas
sem negros. Foram 1,5 mil negros
formados pela UnB nos últimos 10
anos”, comemora o docente. Para o
professor, a única falha foi a não
implantação do sistema no Programa
de Avaliação Seriada (PAS). “Isso foi
um erro. Os 5% que queremos manter
das cotas vão suprir as falhas da lei e
as vagas que o PAS não ofereceu na
última década”, detalha.
Números
Segundo o relatório elaborado pela
Comissão de Avaliação do Sistema de
Cotas da UnB, nos últimos 10 anos
210 mil candidatos se inscreveram no
PAS e no vestibular tradicional. Do
total, quase 13% se declarou negro
de cor preta e 32% declararam ser
negros de cor parda. Mas o maior
número de alunos, ainda de acordo
com o documento, é de brancos, com
42%, ou 89 mil universitários. Os
indígenas ocupam 1,7% das vagas,
com 3,5 mil estudantes.
Ex-coordenador-geral do Diretório
Central dos Estudantes (DCE), Pedro
Ivo acredita que o assunto é delicado
e deve ser tratado com toda a
preocupação que merece. Aluno de
engenharia civil, Ivo não entrou na
UnB pelas cotas, mas sabe a
importância do sistema. “Se houver a
manutenção, serão 70% de cotas, um
número expressivo. Há 10 anos,
quando o sistema foi instituído, não
tinha a lei federal e a UnB foi
inovadora. Era outro cenário”, diz.
O que for decidido no dia 3 de abril
já será implementado no vestibular do
segundo semestre. Na última reunião
do conselho, o decano de Ensino de
Graduação, Mauro Rabelo,
demonstrou preocupação com a
demora para se tomar a decisão, pois
dela depende a publicação do edital.
CORREIO BRAZILIENSE
15/03/14
00
Manifestação pelo
Instituto da Criança
Representantes da área de
pediatria da UnB se reuniram com
alunos e professores para uma missa
ecumênica ao lado do ambulatório
da Hospital Universitário de Brasília
na manhã de ontem. O objetivo do
ato era abençoar o prédio inacabado
do futuro Instituto da Criança e do
Adolescente e chamar a atenção da
população e da sociedade para a
obra que está parada há quase 10
anos. As obras se iniciaram em
2004, a um valor de R$ 10 milhões,
mas desde então sofrem constantes
interrupções, que, de acordo com
Dioclécio Campos Júnior, professor
e coordenador da área de Medicina
da Criança e do Adolescente da
Faculdade de Medicina, ocorrem
por questões de caráter burocrático
e administrativo. “Há um número
expressivo de crianças e
adolescentes que morreram, morrem
e morrerão por falta de atendimento.
Brasília não tem cobertura
assistencial de qualidade suficiente
para essa faixa etária”, reclama.
(Ailim Cabral)
CIDADES
CORREIO BRAZILIENSE
15/03/14
00
CIDADES
EDUCAÇÃO » UnB deve reduzir cota racial
Reserva de vagas adotada
para negros pela entidade de
ensino superior tem forte
possibilidade de cair para 5%, em
reunião marcada para 3 de abril.
Idealizador do projeto acredita
que os 20% em vigência hoje
somam uma porcentagem muito
alta
Extensão (Cepe), na quinta-feira. A
deliberação do conselho sobre o
tema foi adiada a pedido dos
estudantes, e um novo encontro foi
marcado para 3 de abril.
Na próxima sexta-feira,
comunidade externa poderá opinar
sobre as cotas em audiência pública
na UnB
“A minha avaliação da reunião de
ontem (quinta-feira) é de que o
conselho se posicionou, em diversas
ocasiões, a favor do que definiu a
comissão”, afirma o reitor da UnB,
Ivan Camargo. Para ele, o sistema
provavelmente teria se mantido da
forma como é hoje não fosse a
sanção da Lei nº 12.711, de 2012,
que determina a destinação de 50%
das oportunidades a estudantes de
escolas públicas e abarca cotas
raciais. Na opinião do reitor, a
autonomia universitária fica em
segundo plano com a criação de uma
lei federal. “Eu acho que essa
uniformização das universidade é
ruim, pois torna as instituições iguais,
que é tudo o que o não queremos”,
critica.
O futuro das cotas para negros
na Universidade de Brasília (UnB)
será debatido ao longo dos próximos
dias. Após uma década de
implantação, há uma forte tendência
de que o percentual de reserva de
vagas caia de 20% para 5%. Essa
foi a proposta apresentada pela
comissão responsável por avaliar o
sistema e que recebe o apoio da
maioria dos institutos e faculdades
representados na última reunião do
Conselho de Ensino, Pesquisa e
“O fato de a UnB ter liderado
esse processo 10 anos atrás foi muito
positivo, assim como a minha
experiência com estudantes negros
no Departamento de Engenharia
Elétrica. A mudança no perfil da
universidade é nítida”, destaca o
reitor, que reforça a importância da
participação da comunidade externa
na discussão. Está marcada para a
próxima sexta-feira, às 12h, em local
a ser definido, uma audiência pública
para apresentar o balanço sobre a
primeira década da ação afirmativa.
» MARIANA NIEDERAUER
» KELLYALMEIDA
O professor de antropologia da
UnB e coordenador do Instituto de
Inclusão no Ensino Superior e na
Pesquisa do CNPq José Jorge
Carvalho, idealizador do modelo de
cotas da UnB, afirma que a ideia não
é acabar com o sistema. “A proposta
é que continuem as cotas,
complementando a lei federal.
Podemos até propor que os 20%
sejam mantidos, mas acho difícil que
seja aprovada uma porcentagem tão
alta. Queremos manter 5% para
compensar exclusões e retrocessos,
como o de que só pode concorrer a
uma vaga, segundo a lei, quem tiver
estudado em escola pública”, explica.
Carvalho ressalta que a UnB é a
única instituição federal que defende
a bandeira das cotas raciais. Para ele,
a medida gerou um progresso na
igualdade. “A UnB que eu dava aula
em 2000 não parece a mesma de
hoje. Lecionei para turmas só com
alunos brancos, e era normal.
Quando muito, tinha um negro. Hoje,
não há turmas sem negros. Foram 1,5
mil negros formados pela UnB nos
últimos 10 anos”, comemora o
docente. Para o professor, a única
falha foi a não implantação do
sistema no Programa de Avaliação
Seriada (PAS). “Isso foi um erro. Os
5% que queremos manter das cotas
vão suprir as falhas da lei e as vagas
que o PAS não ofereceu na última
década”, detalha.
Continua
15/03/14
Continuação
Números
Segundo o relatório elaborado
pela Comissão de Avaliação do
Sistema de Cotas da UnB, nos
últimos 10 anos 210 mil candidatos
se inscreveram no PAS e no
vestibular tradicional. Do total, quase
13% se declarou negro de cor preta
e 32% declararam ser negros de cor
parda. Mas o maior número de
alunos, ainda de acordo com o
documento, é de brancos, com 42%,
ou 89 mil universitários. Os indígenas
ocupam 1,7% das vagas, com 3,5
mil estudantes.
Ex-coordenador-geral do
Diretório Central dos Estudantes
(DCE), Pedro Ivo acredita que o
assunto é delicado e deve ser tratado
com toda a preocupação que
merece. Aluno de engenharia civil,
Ivo não entrou na UnB pelas cotas,
mas sabe a importância do sistema.
“Se houver a manutenção, serão
70% de cotas, um número
expressivo. Há 10 anos, quando o
sistema foi instituído, não tinha a lei
federal e a UnB foi inovadora. Era
outro cenário”, diz.
O que for decidido no dia 3 de
abril já será implementado no
vestibular do segundo semestre. Na
última reunião do conselho, o decano
de Ensino de Graduação, Mauro
Rabelo, demonstrou preocupação
com a demora para se tomar a
decisão, pois dela depende a
publicação do edital.
um
percentual
mínimo
correspondente ao da soma de
pretos, pardos e indígenas na
unidade da Federação de acordo
com o último censo demográfico do
Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
Debate
Posições no conselho
O sistema de cotas raciais foi
implantado na UnB em 2003 e, de
acordo com a proposta inicial, deve
ser reavaliado a cada 10 anos. Em
2013, foi montada a Comissão de
Avaliação do Sistema de Cotas da
UnB, composta por seis professores
de diferentes departamentos da
instituição. Em fevereiro deste ano,
apresentou o resultado do trabalho.
Nova norma
A Lei de Cotas para o Ensino
Superior determina que os 50% de
vagas reservadas a alunos de escolas
públicas nas instituições de ensino
superior serão subdivididos da
seguinte forma: metade para
estudantes de escolas públicas com
renda familiar bruta igual ou inferior
a um salário mínimo e meio per capita
e metade para estudantes de escolas
públicas com renda familiar superior
a um salário mínimo e meio. Em
ambos os casos, deve ser reservado
Confira como se posicionaram os
conselheiros de cada instituto
e faculdade representado na
reunião do Cepe de quinta-feira:
Adoção do sistema de cotas
determinado na lei federal apenas
- Instituto de Biologia
- Faculdade de Tecnologia
Manutenção da reserva de
vagas de 20% para negros
- Departamento de Ciências
Sociais
- Instituto de Letras
Redução da reserva de vagas no
sistema de cotas raciais para 5%
- Todos os outros institutos e
faculdades presentes
Os representantes do Instituto de
Artes e da Faculdade de Direito
pediram mais tempo para
discutir a proposta
CORREIO BRAZILIENSE
15/03/14
CIDADES
00
SANTA MARIA » Medo
em região de aluno baleado
Dois homens armados entram
em colégio e atiram no pé de um
aluno de 14 anos. Família reclama
da falta de segurança no local, que
não cobra uniforme à noite
» MANOELA ALCÂNTARA
Menos de 15 dias após um
adolescente de 14 anos ser baleado
no Caseb, na 909 Sul, outro aluno
da mesma idade levou um tiro dentro
de uma unidade pública de ensino
do Distrito Federal. Desta vez, o
caso aconteceu em Santa Maria. Por
volta das 21h30 de quinta-feira, dois
homens entraram no Centro de
Ensino Fundamental 209 pela porta
da frente, atiraram no adolescente
do 6º ano e fugiram depois de pular
o muro. O disparo atingiu o pé da
vítima, que relatou à polícia não
conhecer os acusados. A 33ª
Delegacia de Polícia investiga o
caso. Os peritos passaram a manhã
no local, mas, até o fechamento
desta edição, nenhum suspeito havia
sido preso.
A vítima estuda à noite por estar
matriculada na Educação de Jovens
e Adultos (EJA). De acordo com a
Secretaria de Educação, a escola
tem um vigia contratado para
controlar a entrada e a saída dos
jovens. No entanto, no período
noturno, não é necessário usar
uniforme, o que prejudica a
identificação. Por meio de nota, a
pasta informou ter uma parceria com
o Batalhão Escolar, que faz rondas,
vistorias e palestras nos colégios
públicos.
A família do adolescente não se
conforma com a insegurança dentro
da unidade de ensino. “A gente deixa
o nosso neto lá, e acreditamos que
ele está seguro. De repente, ficamos
sabendo que ele foi baleado. É
revoltante”, reclama a avó da vítima.
Ela clama por mais vigias ou policiais
no local. “Ele estava estudando, não
estava na rua. Estou pensando em
sair de Brasília. Aqui, não temos mais
tranquilidade”, lamenta.
A avó descreveu o menino como
tranquilo e não acredita em acerto
de contas. “Ele não conhecia os
homens que atiraram nele. Alguns
colegas disseram que a bala era para
outro garoto”, conta. Após o tiro, o
aluno foi encaminhado ao Hospital
Regional do Gama e não corre risco
de morte. Vizinhos da escola
relataram ao Correio o momento do
tiro. “Pensamos que era uma
bombinha, do tipo chumbinho, pelo
estalo. Mas logo vimos todo mundo
correndo. Os estudantes estavam
desesperados, e o menino gritava de
dor”, revelou uma moradora, que
preferiu não se identificar.
Empresários e moradores
descrevem a região como violenta.
Os cinco estabelecimentos visitados
pela reportagem sofreram assaltos.
“Aqui, é todo dia uma história. Essa
escola também é complicada. Dá
19h, e os garotos começam a fumar
maconha sentados no meio-fio. É
droga a toda hora”, reclamou uma
atendente. Um aposentado perdeu as
contas de quantas vezes teve os
pertences levados por ladrões. “Já
foi bicicleta, casaco, roupa, calçado.
Eles invadem e levam tudo”, queixase.
Rixa
Em 28 de fevereiro, um
adolescente de 14 anos foi baleado
nas costas no pátio do Centro de
Ensino Fundamental Caseb. O jovem
conversava com amigos, por volta
das 13h, quando dois estudantes da
mesma instituição se aproximaram,
e um deles atirou. A suspeita da
polícia é de que a motivação tenha
sido uma rixa. Os acusados foram
apreendidos na noite do mesmo dia,
em São Sebastião, e encaminhados
à Delegacia da Criança e do
Adolescente (DCA).
CORREIO BRAZILIENSE
15/03/14
00
CIDADES
Cinco dias sem notícias de professora
A mulher, de 56 anos, não é vista
desde o último domingo, quando
deixou o namorado no Parque da
Cidade
» RENATO ALVES
» TAÍS BRAGA
Márcia Regina deveria ter dado
aula na segunda-feira no Sudoeste
A Divisão de Repressão a
Sequestros (DRS) da Polícia Civil
do Distrito Federal investiga o
desaparecimento da professora
Márcia Regina Lopes, 56 anos. Ela
leciona em um colégio particular do
Sudoeste e não é vista desde o fim
de semana passado. Ela teria de se
apresentar no trabalho na segundafeira, mas não apareceu nem mandou
recado, apesar de, três dias antes,
ter enviado, por e-mail, o
planejamento das aulas da semana.
Os agentes responsáveis pelo caso
têm um suspeito, mas não divulgam
a identidade para não atrapalhar a
apuração.
O último sinal dado por Márcia
Regina a amigos e parentes
aconteceu por meio de uma grande
rede social na manhã do último
domingo. Ela deixou três
publicações, por volta das 10h: uma
gravura com uma saudação de bom
dia com a imagem de São Francisco
de Assis e a mensagem “São
Francisco, rogai por nós e por quem
amamos”; um vídeo com música do
mineiro Lô Borges; e outro de uma
versão de um grupo vocal para o hit
baiano Lepo Lepo.
após saberem que ela não havia
trabalhado nem dado notícias aos
chefes, professores e colegas de
profissão. Como também não
conseguiram contato com a
professora por telefone ou pela
internet, os parentes decidiram ir à
21ª DP, na manhã de terça-feira, e
comunicar o sumiço. Antes, porém,
estiveram no imóvel dela, que
encontraram fechado, sem ninguém,
mas arrumado, aparentemente com
todos os pertences de Márcia
intactos.
À polícia, o namorado dela —
que não teve o nome divulgado —
contou ter visto a professora pela
última vez no domingo, por volta do
meio-dia. Ele disse que Márcia o
deixou no Parque da Cidade, para
uma corrida na pista para pedestres,
e seguiu de carro dizendo que
almoçaria na casa de uma amiga. Ele
afirmou desconhecê-la.
Ela tem uma irmã e três irmãos.
Passaria o carnaval em Planaltina de
Goiás, na chácara do irmão que
mora em Formosa, Eudmar Curado
Lopes, 60 anos. “Mas, de última
hora, ela desmarcou a vinda. Seria
uma reunião de família. Pelo que
soubemos, ela permaneceu toda a
semana de carnaval em Brasília”,
conta o servidor público. O irmão
residente no Espírito Santo, Ézio
Tadeu Lopes, 52 anos, deve chegar
hoje a Brasília. Ele quer organizar
uma campanha em busca do
paradeiro de Márcia Regina,
espalhando cartazes pelo DF e pelo
Entorno. Um e-mail circula na
internet.
Ainda segundo o companheiro, a
professora estava no carro dela, o
Ford Ka preto, placa JHR-4074DF. Assim como a dona, o veículo
está desaparecido. Márcia não tem
filho e mora com o namorado em um
apartamento da Quadra 103 de
Águas Claras. O homem não foi
localizado pelo Correio. Segundo
amigas da professora, o casal está
junto há pouco tempo. Ele trabalha
em uma locadora de carros.
A denúncia do desaparecimento
de Márcia partiu dos familiares da
educadora. Tomaram a iniciativa
Por ter trabalhado na Reserva
Ecológica Tombador, em Cavalcante
(GO), a serviço de uma empresa de
cosméticos que financia projetos
ambientais, Márcia tem grande
apego pela Chapada dos Veadeiros,
segundo os parentes. A última vez em
que esteve lá foi no fim de semana
anterior ao do carnaval.
JORNAL DE BRASÍLIA
15/03/14
00
CIDADES
Continua
Continuação
15/03/14
JORNAL DE BRASÍLIA
15/03/14
00
CIDADES
JORNAL DE BRASÍLIA
15/03/14
00
CIDADES
PROTESTOS
Confusão na BR-040
Continua
Continuação
15/03/14