Segunda-feira, 3 de março de 2003

Transcrição

Segunda-feira, 3 de março de 2003
Quinta-feira, 10 de março de 2011
Depois das Cinzas – Início da Quaresma - 4ª Semana do Saltério (Livro III) - Cor Litúrgica Roxa
Hoje: Dia Mundial de Combate ao Sedentarismo
Santos: Anastácia, a Patriciana (virgem, mártir de Constantinopla), Atala de Bobbio (abade), Caio e Alexandre (mártires de
Apamea, na Frígia), Codrato, Dionísio, Cipriano, Aneto, Paulo e Crescente (mártires de Corinto), Doroteu de Paris (abade),
Emiliano de Lagny (abade), Himelin de Vissenaeken (presbítero), João de Ogilvie (jesuíta, mártir), Kessog de Lennox (bispo,
mártir), Macário de Jerusalém (bispo), Simplício (papa), Vítor (mártir do Norte da África), André de Strumi (abade, bemaventurado), João de Vallumbrosa (monge, bem-aventurado), Pedro de Geremia (dominicano, bem-aventurado).
Antífona: Clamei pelo Senhor, e ele me ouviu: salvou-me daqueles que me atacam. Confia ao Senhor os teus cuidados, e
ele mesmo te há de sustentar. (Sl 54, 17-20.23)
Oração: Inspirai, ó Deus, as nossas ações e ajudai-nos a realizá-las, para que em vós comece e termine tudo aquilo que
fizermos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na Unidade do Espírito Santo,
I Leitura: Deuteronômio (Dt 30, 15-20)
O Senhor é a tua vida e prolonga os teus dias
Moisés falou ao povo dizendo: 15"Vê que eu hoje te proponho a vida e a felicidade, a morte e a
desgraça. 16Se obedecerdes aos preceitos do Senhor teu Deus, que eu hoje te ordeno, amando ao
Senhor teu Deus, seguindo seus caminhos e guardando seus mandamentos, suas leis e seus
decretos, viverás e te multiplicarás, e o Senhor teu Deus te abençoará na terra em que te fiz entrar,
para possuí-la. 17Se, porém, o teu coração se desviar e não quiseres escutar, e se, deixando-te levar
pelo erro, adorares deuses estranhos e os servires, 18eu vos anuncio hoje que certamente
perecereis. Não vivereis muito tempo na terra onde ides entrar, depois de atravessar o Jordão, para
ocupá-lo.
Tomo hoje o céu e a terra como testemunhas contra vós, de que vos propus a vida e a morte, a
bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e teus descendentes, 20amando ao
Senhor teu Deus, obedecendo à sua voz e apegando-te a ele - pois ele é a tua vida e prolonga os
teus dias, a fim de que habites na terra que o Senhor jurou dar a teus pais, Abraão, Isaac e Jacó"
Palavra do Senhor!
19
Comentando a I Leitura
Hoje te proponho bênção e maldição
Não são muitos os caminhos a escolher, mas apenas dois: o da vida e o da morte. Parece, pois, que
não há escolha: nossa sorte necessária, inelutável, é a morte. Ela vem, mesmo que ninguém a
queira. Por outro lado, também o nosso espírito, o intimo de nós mesmos, parece não ter
possibilidade de escolha: opta pela bênção, a felicidade, a vida. Tratar-se-á, porém, de possibilidade
real de escolha, ou de ilusão? A proposta de Deus ao homem para aceitar a aliança é propriamente
a escolha entre a vida e a morte. Não nos pertence definir a vida e a felicidade, porque isto cabe a
Deus; é-nos dada apenas a possibilidade de aceitar o dom de Deus. Ninguém por si próprio escolhe
a morte. Mas quem recusa a obediência, quem não aceita aquele tipo de morte que consiste em
renunciar à vontade de definir a própria felicidade e não entrega nas mãos de Deus a própria vida,
entra, de fato, no domínio da morte. É importante, portanto, descobrir que Deus quer nossa
felicidade, e aceitar-lhe a proposta. [MISSAL COTIDIANO, ©Paulus, 1997]
Salmo: 1, 1-2.3.4 e 6 (Sl 39[40],5a)
É feliz quem a Deus se confia!
Feliz é todo aquele que não anda conforme os conselhos dos perversos; que não entra no caminho
dos malvados, nem juntos aos zombadores vai sentar-se; 2mas encontra seu prazer na lei de Deus e
a medita, dia e noite, sem cessar.
1
Evangelho do Dia
08/03/11
Mundo Católico (www.mundocatolico.org.br)
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Eis que ele é semelhante a uma árvore, que à beira da torrente está plantada; ela sempre dá seus
frutos a seu tempo, e jamais as suas folhas vão murchar. Eis que tudo o que ele faz vai prosperar.
3
Mas bem outra é a sorte dos perversos. Ao contrário, são iguais à palha seca espalhada e
dispersada pelo vento. 6Pois Deus vigia o caminho dos eleitos, mas a estrada dos malvados leva à
morte.
4
O Salmo 1 é um salmo de instrução. Ele divide as pessoas em dois grupos: os obedientes à vontade do Senhor (vv.
1-3), e os maldosamente desobedientes (vv 4-5). Cada grupo experimentará as consequências de sua atividade: a
vida e prosperidade para os obedientes, ostracismo e perda das raízes para os maus.
Evangelho do dia: Lucas (Lc 9, 22-25)
Primeiro anúncio a Paixão e condições para seguir Jesus
Naquele tempo disse Jesus aos seus discípulos: 22"O Filho do homem deve sofrer muito, ser
rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da lei, deve ser morto e ressuscitar no
terceiro dia". 23Depois Jesus disse a todos: "Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome
sua cruz cada dia, e siga-me. 24Pois quem quiser salvar sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua
vida por causa de mim, esse a salvará. 25Com efeito, de que adianta a um homem ganhar o mundo
inteiro, se se perde e se destrói a si mesmo?" Palavra da Salvação!
Leituras paralelas: Mt 16,21-28, Mc 8,31-38; Jo 12,25-26t
Comentando o Evangelho
A perda é salvação
A conclusão da caminhada terrena de Jesus escondia um sentido dificilmente compreensível para os
discípulos. O horizonte messiânico no qual se moviam e com o qual interpretavam a pessoa do
Mestre os impedia de compreender, em profundidade, o que o fato requeria. Para ser entendida, em
sintonia com o pensar de Jesus, era preciso fazer uma violenta inversão de valores. O esquema
tradicional era insuficiente para explicá-la.
Na lógica de Jesus, ou seja, na lógica do Reino, a perda é penhor de salvação, ao passo que a
salvação, entendida à maneira do mundo, é fator de perda. Daí ser possível esperar que, da
humilhação de Jesus resulte exaltação, do abandono por parte dos amigos e conhecidos provenha a
solidariedade do Pai, do sofrimento redunde a mais plena alegria, e a morte seja superada pela
ressurreição.
O contraste entre o projeto de Jesus e a mentalidade de seus discípulos era flagrante. Não lhes
passava pela cabeça a possibilidade de existir um Messias cuja glória fosse alcançada em meio a
sofrimentos e, muito menos, num contexto de morte violenta.
Só a fé na ressurreição pode nos levar a dar crédito às palavras de Jesus. Com ela, o Pai deu seu
aval às palavras do Filho, assegurando-lhe sua veracidade. Jesus provou ser impossível
experimentar a misericórdia do Pai sem abrir mão das ambições mundanas. Só quem é capaz de
renunciar-se a si mesmo como ele, experimentará a salvação. (O EVANGELHO DO DIA, Ano “A”.
Jaldemir Vitório. ©Paulinas, 1996)
Oração da assembleia: (Liturgia Diária)
• Pela Igreja, para que se comprometa com a divulgação da Campanha da Fraternidade, rezemos:
Senhor, escutai nossa prece!
• Pelos que se doam em favor da vida do próximo e dos necessitados, rezemos:
• Pelos que trabalham pelo bem comum e se comprometem com o projeto de Jesus, rezemos.
• Pelas famílias que perdem seus membros por motivo de violência, rezemos:
• Por nossa comunidade e cada um de nós, para que tenhamos sabedoria suficiente para fazer bem
nossas escolhas, rezemos.
Evangelho do Dia
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Oração sobre as Oferendas:
Ó Deus, olhai com bondade as oferendas que colocamos neste altar, para que, alcançando-nos
vossa misericórdia, glorifiquem o vosso nome. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da comunhão:
Criai em mim um coração puro, meu Deus, renovai em minha vida o espírito de firmeza. (Sl 50,12)
Oração Depois da Comunhão:
Ó Deus todo-poderoso, vós nos abençoastes com este alimento celeste. Nós vos pedimos que ele
seja sempre para nós fonte de perdão e salvação. Por Cristo, nosso Senhor.
Para sua reflexão: O destino de Jesus, traçado pelo Pai e estendido exemplarmente aos homens,
é paradoxal: parte do mistério do reinado de Deus. Já o demônio ofereceu a Jesus o domínio do
mundo inteiro, sendo um projeto exatamente oposto ao do Pai. Mas Jesus era focado na sua
missão e os discípulos não perceberam os sinais do seu tempo. Só depois da ressurreição de Cristo
é que as coisas começam a se encaixarem. Assim acontece com a nossa vida: os sinais dos tempos
estão à nossa frente, mas estamos ligados quase sempre nas coias mundanas e curtindo menos a
vida espiritual. A quaresma suscita em cada um de nós uma revisão de vida para mudança de
rumos, se preciso for.
São João Ogilvie
Em 1593 converteu-se à religião católica, entrou no Colégio escocês de Douai e, em 1695, foi para
Lavaina onde teve como mestre o famoso Cornélio Lápido. Prosseguiu seus estudos em Ratisbona
em 1598 e um ano depois foi admitido como noviço no Colégio dos Jesuítas em Brunnmoróvia.
Estudou em diversos lugares e ordenou-se sacerdote em Paris. Em 1610, aos 31 anos de idade,
pedia muitas vezes para trabalhar na Escócia, sua pátria a qual não via há 22 anos e meio, foi
atendido. A situação dos escoceses estava péssima: era considerado como crime assistir a missas e
quem as assistisse corria o risco de perder a vida, seus bens e herdeiros, confiscados pelo Estado.
João partiu para Edimburgo e ali exerceu um apostolado clandestino até dia 3 de outubro de 1614
quando, no dia seguinte foi preso em Glasgow por ordens do arcebispo protestante João
Spattiswood. Ficou durante 4 meses preso num regime desumano, sem poder realizar nem um
movimento, preso por correntes. Foi torturado várias vezes, para que apostatasse. Cinco vezes foi
chamado diante do juiz em Glasgow e Ediumburgo. Na ultima sessão, em 10 de março de 1615, foi
enforcado no centro de Glasgow e canonizado em 1976.
Mensagem do papa Bento XVI para a Quaresma
“Sepultados com Ele no batismo, foi também com Ele que ressuscitastes” (cf. Cl 2, 12).
Amados irmãos e irmãs!
A Quaresma, que nos conduz à celebração da Santa Páscoa, é para a Igreja um tempo litúrgico muito precioso
e importante, em vista do qual me sinto feliz por dirigir uma palavra específica para que seja vivido com o
devido empenho. Enquanto olha para o encontro definitivo com o seu Esposo na Páscoa eterna, a Comunidade
eclesial, assídua na oração e na caridade laboriosa, intensifica o seu caminho de purificação no espírito, para
haurir com mais abundância do Mistério da redenção a vida nova em Cristo Senhor (cf. Prefácio I de
Quaresma).
1. Esta mesma vida já nos foi transmitida no dia do nosso Batismo, quando, “tendo-nos tornado partícipes da
morte e ressurreição de Cristo” iniciou para nós “a aventura jubilosa e exaltante do discípulo” (Homilia na Festa
do Batismo do Senhor, 10 de Janeiro de 2010).
São Paulo, nas suas Cartas, insiste repetidas vezes sobre a singular comunhão com o Filho de Deus realizada
neste lavacro. O fato que na maioria dos casos o Batismo se recebe quando somos crianças põe em evidência
que se trata de um dom de Deus: ninguém merece a vida eterna com as próprias forças. A misericórdia de
Deus, que lava do pecado e permite viver na própria existência «os mesmos sentimentos de Jesus Cristo», é
comunicada gratuitamente ao homem.
Evangelho do Dia
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O Apóstolo dos gentios, na Carta aos Filipenses, expressa o sentido da transformação que se realiza com a
participação na morte e ressurreição de Cristo, indicando a meta: que assim eu possa “conhecê-Lo, a Ele, à
força da sua Ressurreição e à comunhão nos Seus sofrimentos, configurando-me à Sua morte, para ver se
posso chegar à ressurreição dos mortos” (Fl 3, 10- 11). O Batismo, portanto, não é um rito do passado, mas o
encontro com Cristo que informa toda a existência do batizado, doa-lhe a vida divina e chama-o a uma
conversão sincera, iniciada e apoiada pela Graça, que o leve a alcançar a estatura adulta de Cristo.
Um vínculo particular liga o Batismo com a Quaresma como momento favorável para experimentar a Graça que
salva. Os Padres do Concílio Vaticano II convidaram todos os Pastores da Igreja a utilizar «mais
abundantemente os elementos batismais próprios da liturgia quaresmal» (Const. Sacrosanctum Concilium,
109). De fato, desde sempre a Igreja associa a Vigília Pascal à celebração do Batismo: neste Sacramento
realiza-se aquele grande mistério pelo qual o homem morre para o pecado, é tornado partícipe da vida nova em
Cristo Ressuscitado e recebe o mesmo Espírito de Deus que ressuscitou Jesus dos mortos (cf. Rm 8,).
Este dom gratuito deve ser reavivado sempre em cada um de nós e a Quaresma oferece-nos um percurso
análogo ao catecumenato, que para os cristãos da Igreja antiga, assim como também para os catecúmenos de
hoje, é uma escola insubstituível de fé e de vida cristã: deveras eles vivem o Batismo como um ato decisivo
para toda a sua existência.
2. Para empreender seriamente o caminho rumo à Páscoa e nos prepararmos para celebrar a Ressurreição do
Senhor – a festa mais jubilosa e solene de todo o Ano litúrgico – o que pode haver de mais adequado do que
deixar-nos conduzir pela Palavra de Deus? Por isso a Igreja, nos textos evangélicos dos domingos de
Quaresma, guia-nos para um encontro particularmente intenso com o Senhor, fazendo-nos repercorrer as
etapas do caminho da iniciação cristã: para os catecúmenos, na perspectiva de receber o Sacramento do
renascimento, para quem é batizado, em vista de novos e decisivos passos no seguimento de Cristo e na
doação total a Ele.
O primeiro domingo do itinerário quaresmal evidencia a nossa condição dos homens nesta terra. O combate
vitorioso contra as tentações, que dá início à missão de Jesus, é um convite a tomar consciência da própria
fragilidade para acolher a Graça que liberta do pecado e infunde nova força em Cristo, caminho, verdade e vida
(cf. Ordo Initiationis Christianae Adultorum, n. 25). É uma clara chamada a recordar como a fé cristã implica, a
exemplo de Jesus e em união com Ele, uma luta «contra os dominadores deste mundo tenebroso» (Hb 6, 12),
no qual o diabo é ativo e não se cansa, nem sequer hoje, de tentar o homem que deseja aproximar-se do
Senhor: Cristo disso sai vitorioso, para abrir também o nosso coração à esperança e guiar-nos na vitória às
seduções do mal.
O Evangelho da Transfiguração do Senhor põe diante dos nossos olhos a glória de Cristo, que antecipa a
ressurreição e que anuncia a divinização do homem. A comunidade cristã toma consciência de ser conduzida,
como os apóstolos Pedro, Tiago e João, «em particular, a um alto monte» (Mt 17, 1), para acolher de novo em
Cristo, como filhos no Filho, o dom da Graça de Deus: «Este é o Meu Filho muito amado: n’Ele pus todo o Meu
enlevo. Escutai-O» (v. 5).
É o convite a distanciar-se dos boatos da vida quotidiana para se imergir na presença de Deus: Ele quer
transmitir-nos, todos os dias, uma Palavra que penetra nas profundezas do nosso espírito, onde discerne o bem
e o mal (cf. Hb 4, 12) e reforça a vontade de seguir o Senhor. O pedido de Jesus à Samaritana: “Dá-Me de
beber” (Jo 4, 7), que é proposto na liturgia do terceiro domingo, exprime a paixão de Deus por todos os
homens e quer suscitar no nosso coração o desejo do dom da “água a jorrar para a vida eterna” (v. 14): é o
dom do espírito Santo, que faz dos cristãos “verdadeiros adoradores” capazes de rezar ao Pai “em espírito e
verdade” (v. 23). Só esta água pode extinguir a nossa sede do bem, da verdade e da beleza! Só esta água, que
nos foi doada pelo Filho, irriga os desertos da alma inquieta e insatisfeita, “enquanto não repousar em Deus”,
segundo as célebres palavras de Santo Agostinho.
O domingo do cego de nascença apresenta Cristo como luz do mundo. O Evangelho interpela cada um de nós:
”Tu crês no Filho do Homem?”. “Creio, Senhor” (Jo 9, 35.38), afirma com alegria o cego de nascença, fazendose voz de todos os crentes. O milagre da cura é o sinal que Cristo, juntamente com a vista, quer abrir o nosso
olhar interior, para que a nossa fé se torne cada vez mais profunda e possamos reconhecer n’Ele o nosso único
Salvador. Ele ilumina todas as obscuridades da vida e leva o homem a viver como “filho da luz”.
Quando, no quinto domingo, nos é proclamada a ressurreição de Lázaro, somos postos diante do último
mistério da nossa existência: “Eu sou a ressurreição e a vida... Crês tu isto?” (Jo 11, 25-26). Para a
comunidade cristã é o momento de depor com sinceridade, juntamente com Marta, toda a esperança em Jesus
de Nazaré: “Sim, Senhor, creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo» (v. 27).
A comunhão com Cristo nesta vida prepara-nos para superar o limite da morte, para viver sem fim n’Ele. A fé
na ressurreição dos mortos a esperança da vida eterna abrem o nosso olhar para o sentido derradeiro da nossa
existência:
Deus criou o homem para a ressurreição e para a vida, e esta verdade doa a dimensão autêntica e definitiva à
história dos homens, à sua existência pessoal e ao seu viver social, à cultura, à política, à economia. Privado da
Evangelho do Dia
08/03/11
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luz da fé todo o universo acaba por se fechar num sepulcro sem futuro, sem esperança. O percurso quaresmal
encontra o seu cumprimento no Tríduo Pascal, particularmente na Grande Vigília na Noite Santa: renovando as
promessas batismais, reafirmamos que Cristo é o Senhor da nossa vida, daquela vida que Deus nos comunicou
quando renascemos “da água e do Espírito Santo”, e reconfirmamos o nosso firme compromisso em
corresponder à ação da Graça para sermos seus discípulos.
3. O nosso imergir-nos na morte e ressurreição de Cristo através do Sacramento do Batismo, estimula-nos
todos os dias a libertar o nosso coração das coisas materiais, de um vínculo egoísta com a “terra”, que nos
empobrece e nos impede de estar disponíveis e abertos a Deus e ao próximo. Em Cristo, Deus revelou-se como
Amor (cf 1 Jo 4, 7-10). A Cruz de Cristo, a “palavra da Cruz” manifesta o poder salvífico de Deus (cf. 1 Cor 1,
18), que se doa para elevar o homem e dar-lhe a salvação: amor na sua forma mais radical (cf. Enc. Deus
cáritas est, 12). Através das práticas tradicionais do jejum, da esmola e da oração, expressões do empenho de
conversão, a Quaresma educa para viver de modo cada vez mais radical o amor de Cristo. O Jejum, que pode
ter diversas motivações, adquire para o cristão um significado profundamente religioso: tornando mais pobre a
nossa mesa aprendemos a superar o egoísmo para viver na lógica da doação e do amor; suportando as
privações de algumas coisas – e não só do supérfluo – aprendemos a desviar o olhar do nosso «eu», para
descobrir Alguém ao nosso lado e reconhecer Deus nos rostos de tantos irmãos nossos. Para o cristão o jejum
nada tem de intimista, mas abre em maior medida para Deus e para as necessidades dos homens, e faz com
que o amor a Deus seja também amor ao próximo (cf. Mc 12, 31).
No nosso caminho encontramo-nos perante a tentação do ter, da avidez do dinheiro, que insidia a primazia de
Deus na nossa vida. A cupidez da posse provoca violência, prevaricação e morte: por isso a Igreja,
especialmente no tempo quaresmal, convida à prática da esmola, ou seja, à capacidade de partilha. A idolatria
dos bens, ao contrário, não só afasta do outro, mas despoja o homem, torna-o infeliz, engana-o, ilude-o sem
realizar aquilo que promete, porque coloca as coisas materiais no lugar de Deus, única fonte da vida.
Como compreender a bondade paterna de Deus se o coração está cheio de si e dos próprios projetos, com os
quais nos iludimos de poder garantir o futuro? A tentação é a de pensar, como o rico da parábola: «Alma, tens
muitos bens em depósito para muitos anos...». «Insensato! Nesta mesma noite, pedir-te-ão a tua alma...» (Lc
12, 19-20). A prática da esmola é uma chamada à primazia de Deus e à atenção para com o próximo, para
redescobrir o nosso Pai bom e receber a sua misericórdia.
Em todo o período quaresmal, a Igreja oferece-nos com particular abundância a Palavra de Deus. Meditando-a
e interiorizando-a para a viver quotidianamente, aprendemos uma forma preciosa e insubstituível de oração,
porque a escuta atenta de Deus, que continua a falar ao nosso coração, alimenta o caminho de fé que iniciamos
no dia do Batismo. A oração permite-nos também adquirir uma nova concepção do tempo: de fato, sem a
perspectiva da eternidade e da transcendência ele cadencia simplesmente os nossos passos rumo a um
horizonte que não tem futuro. Ao contrário, na oração encontramos tempo para Deus, para conhecer que “as
suas palavras não passarão” (cf. Mc 13, 31), para entrar naquela comunhão íntima com Ele “que ninguém nos
poderá tirar” (cf. Jo 16, 22) e que nos abre à esperança que não desilude, à vida eterna.
Em síntese, o itinerário quaresmal, no qual somos convidados a contemplar o Mistério da Cruz, é «fazer-se
conformes com a morte de Cristo» (Fl 3, 10), para realizar uma conversão profunda da nossa vida: deixar-se
transformar pela ação do Espírito Santo, como São Paulo no caminho de Damasco; orientar com decisão a
nossa existência segundo a vontade de Deus; libertar-nos do nosso egoísmo, superando o instinto de domínio
sobre os outros e abrindo-nos à caridade de Cristo. O período quaresmal é momento favorável para reconhecer
a nossa debilidade, acolher, com uma sincera revisão de vida, a Graça renovadora do Sacramento da Penitência
e caminhar com decisão para Cristo.
Queridos irmãos e irmãs, mediante o encontro pessoal com o nosso Redentor e através do jejum, da esmola e
da oração, o caminho de conversão rumo à Páscoa leva-nos a redescobrir o nosso Batismo. Renovemos nesta
Quaresma o acolhimento da Graça que Deus nos concedeu naquele momento, para que ilumine e guie todas as
nossas ações. Tudo o que o Sacramento significa e realiza, somos chamados a vivê-lo todos os dias num
seguimento de Cristo cada vez mais generoso e autêntico. Neste nosso itinerário, confiemo-nos à Virgem Maria,
que gerou o Verbo de Deus na fé e na carne, para nos imergir como ela na morte e ressurreição do seu Filho
Jesus e ter a vida eterna.
Vaticano, 4 de Novembro de 2010
BENEDICTUS PP XVI
A cinza iguala a todos: nascemos desiguais, morremos iguais. (Sêneca)
Aconteceu no dia 10 de março:
1876: Alexander Graham Bell faz a primeira chamada telefônica dizendo: "Senhor Watson, venha aqui, eu quero vê-lo"
Evangelho do Dia
08/03/11
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