sonhos de dom bosco Parte II

Transcrição

sonhos de dom bosco Parte II
ÍNDICE
(sonhos traduzidos em 2002)
Título
Os diamantes............................................................................................................
Mamãe Margarida....................................................................................................
Enfermidade de Antonio..........................................................................................
Em companhia de Pe. Cafasso.................................................................................
Um jovem estranho..................................................................................................
A Mãe de Dom Rua.................................................................................................
Com Margarida nos Becchi.....................................................................................
Aparição de Comollo...............................................................................................
Entrevista com Comollo e o valor de um cálice......................................................
Uma casa em Marselha............................................................................................
O elefante branco.....................................................................................................
São Pedro e São Paulo.............................................................................................
A mensagem de Dom Provera.................................................................................
As oferendas simbólicas..........................................................................................
Os dois pinheiros.....................................................................................................
Pio IX, no Colle Dom Bosco...................................................................................
O cavalo vermelho...................................................................................................
Mensagem de Leão XIII..........................................................................................
Monsenhor Gastaldi.................................................................................................
Sonhando com o Oratório........................................................................................
Luís Colle.................................................................................................................
A Escrava do Senhor................................................................................................
Um Oratório para as jovens.....................................................................................
O ramalhete de flores...............................................................................................
A roda da fortuna.....................................................................................................
O Congresso dos diabos...........................................................................................
As castanhas.............................................................................................................
Vocações tardias......................................................................................................
Coisas futuras sobre as vocações.............................................................................
Uma Visita de Leão XIII........................................................................................
A donzela vestida de branco...................................................................................
Trabalho, Trabalho, Trabalho..................................................................................
As três pombas.........................................................................................................
Uma escola agrícola.................................................................................................
As cerejas.................................................................................................................
A filoxera.................................................................................................................
Uma chuva misteriosa..................................... ........................................................
Noviciado S. João Bosco – Indápolis (MS)
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Traduções dos sonhos de D. Bosco
Os diamantes (1881)
(Romero, 59,71; MB 15, 183-187 = MBe 15,166-171)
A graça do Espírito Santo ilumine nossos sentidos e nossos corações. Assim seja.
Para ensinamento da Pia Sociedade de Salesiana.
A 10 de setembro do corrente ano de 1881, dia que a Igreja consagra ao glorioso nome de
Maria, estavam os salesianos em exercícios espirituais, em S. Benigno Canavese.
Na noite do dia 10 a 11, enquanto dormia, achei-me com o espírito numa grande sala
esplendidamente ornamentada, com os diretores de nossas casas, quando apareceu entre nós um
homem de tão majestoso aspecto que não podíamos fitar os olhos nele.
Havendo-nos observado em silêncio, pôs-se a caminhar a certa distância de nós.
O personagem estava vestido da seguinte maneira; Um rico manto como capa lhe cobria o
corpo. A parte próxima ao pescoço era uma como faixa que se atava na frente, e sobre o peito
pendia um laço. Na faixa estava escrito em caracteres luminosos. A pia sociedade salesiana , e na
faixa “qual deve ser”. O que apenas nos permitia olhar ao augusto personagem eram dez diamantes
de tamanho e esplendor extraordinário. Três diamante os tinha no peito
Em um estava escrito: Fé , no outro Esperança, e no terceiro, colocado sobre o coração
Caridade. Sobre os ombros levava outros dois diamantes. No do ombro direito se lia trabalho e no
do esquerdo temperança.
Os cincos diamantes restante que ornavam a parte posterior do manto dispostos da
Seguinte maneira:
Um, o maior e fulgurante, estava no meio, coo centro de um quadrilátero e tinha escrito,
obediência. Sobre o primeiro colocado à direita se lia, voto de pobreza. Sobre o segundo posto no
mesmo lado só que abaixo, prêmio. No terceiro colocado à esquerda, voto de castidade. O
resplendor emitia uma luz toda especial e atraía o olhar como o imã atrai o ferro. O quarto, colocado
também à esquerda, mas só que abaixo, levava gravado a palavra jejum. Estes quatro diamantes
faziam convergir os seus luminosos raios que se elevavam como pequenas chamas nas quais se liam
diversas mensagens.
Sobre a fé estava escrito: Tomai o escudo da fé a fim de poderdes combater contra as
insídias do demônio.
E outro raio:
A fé sem obras é morta. Não os que escutam a lei, mas o que a praticam é que possuirão o
Reino de Deus.
Nos raios da esperança:
Esperai no Senhor e não nos homens.
Estejam sempre fixos os vossos corações de onde estão os verdadeiros gozos.
Nos raios da caridade: Suportai-vos uns aos outros, se quereis observar a minha lei.
Amai e sereis amados. Mas amai as vossas almas e as dos que vos são confiados.
Recitai devotamente o Ofício Divino, a missa seja celebrada com atenção, visitai com
muito amor o SS. Sacramento.
No diamante do trabalho:
Remédio da concupiscência. Arma poderosa contra todas as insídias do demônio.
No diamante da temperança:
Se tiras a lenha, o fogo se apaga. Fazei um pacto com vossos olhos, com a gula, com o
sono, para que estes inimigos não prejudiquem vossas almas. Intemperança e castidade não podem
viver juntas.
No diamante da obediência:
Fundamento do edifício espiritual e compêndio de santidade.
Nos raios da pobreza: dos pobres é o Reino de Deus. As riquezas são espinhos. A pobreza
se obtém não com as palavras mas com o coração e com as obras. Ela no abrirá a porta do céu.
Nos raios da castidade: Junto com ela vem todas as virtudes. Os puros de coração penetram
os segredos de Deus e um dia verão o mesmo Deus.
Nos raios do prêmio: Se nos agrada a grandeza dos prêmios, não nos amedronte a multidão
das fadigas. Quem sofre comigo há de gozar o céu. E momentaneamente o que se padece na terra,
eterno e o que no céu hão de gozar os meus amigos.
Nos raios do jejum: Arma poderosíssima contra as insídias do inimigo. Guarda de todas as
virtude. Com o jejum se vence todo gênero de demônios.
Uma larga faixa cor de rosa servia de orla à parte inferior do manto. Nela estava escrito:
Argumento de pregação de manhã, ao meio dia e à noite. Pratica as pequenas virtudes e erguereis
um grande edifício de santidade. Ai de vós que desprezais as coisas pequenas. A pouco e pouco
deixaremos as grandes.
Até então os diretores haviam estado, alguns de pé, alguns de joelhos, mas todos atônitos e
silenciosos. Então Pe. Rua, como se estivesse fora de si falou:
- É necessário tomar nota para não esquecermos. Procuramos uma cante, mas em vão,
toma a caderneta, procura um lápis e não encontra.
- Eu me recordarei de tudo – disse o Pe. Durando.
- Eu gostaria de tomar nota de tudo – acrescentou o Pe. Fagnano e se pôs a escrever com o
talo de uma rosa.
- Todos olhavam e compreendiam a escrita.
- Assim que o Pe. Fagnano acabou de escrever, o Pe. Costamagna continuou a ditar.
- A caridade compreende tudo, suporta tudo, vence tudo, pratiquemo-la com as palavras e
com os fatos.
Enquanto o Pe. Fagnano escrevia, desapareceu a luz e densas trevas invadiram o salão.
- Silêncio ! exclamou o Pe. Ghivarello. Ajoelhemo-nos, rezemos, e a luz voltará.
O Pe. Lasagna começou o “Veni creator”, depois o “De profundis”, a jaculatória “Maria
Auxilium Christianorum” e todos respondemos.
Quando dissermos “ora pro nobis”, reapareceu uma luz, rodeando um cartaz em que se lia:
Como corre perigo de ser a sociedade salesiana no ano de 1900.
A luz se fez mais viva de modo que todos podíamos ver e reconhecer uns aos outros.
No meio daquele resplendor, reapareceu o Personagem, só que com um aspecto
melancólico e como alguém que estava pronto para chorar.
O bonito manto que antes o cobria estava agora descolorido, puído e rasgado. Onde estava
os diamante, via-se agora profundo estrago causando por traças e outros pequenos insetos.
- Respicite et intelligite. Olhai e entendei, nos disse:
Vi os dez diamantes transformados em traças que estavam a roer o manto.
O diamante da fé havia sido substituído por: Sono e preguiça.
No da esperança: Risos e vulgaridades.
No da caridade: Negligência do Ofício Divino. Amam e buscam os seus próprio interesses,
não os de Jesus Cristo.
No da temperança: gula e aqueles cujo Deus é o próprio ventre.
No do trabalho: Sono , roubo e ociosidade.
No lugar da Obediência, havia uma folha larga e funda, sem nada escrito.
Em vez de pobreza: leito, roupas, bebidas e dinheiro.
Em lugar de prêmio: nossa herança serão os bens da terra.
Onde estava jejum havia outra grande folha, sem nada escrito.
A esta vista ficamos todos estarrecidos.
O Pe. Lasagna caiu desanimado no chão, O Pe. Caghiero tornou-se pálido como cera e
apoiando-se numa cadeira exclamou:
- É possível que as coisas tenham chegado a esse ponto?
Pe. José Lazzero e Pe. Guidazio estavam como que fora de si e se deram as mãos para não
cair. Pe. Juan Fracesia o conde Cays, pe. Júlio Barberis e Pe. José Leveratto estavam ajoelhados
rezando o rosário.
De repente se ouviu uma voz potente que dizia:
- Desapareceu tanta beleza!
Em meio `a escuridão, aconteceu um fenômeno singular.
Repentinamente vimo-nos envolvido por densas trevas, no meio das quais apareceu um luz
vivíssima em forma de corpo humano.
Não podíamos fixar o olhar, mas podíamos apreciar que se tratava de um jovenzinho
vestido de túnica branca bordada em prata e ouro. Ao redor da túnica levava uma faixa de
diamantes muito brilhosos.
O jovenzinho de túnica branca se adiantou um pouco de nós, e, com aspecto majestoso,
doce e amável ao mesmo tempo, nos dirigiu estas palavras:
Servos e instrumentos do Deus Onipotente, atendei e recordai bem.
Tende coragem e sede firmes.
O que acabais de ver e de ouvir e um aviso celestial feito a vós e a vosso irmãos. Estai
atentos e compreendei minhas palavras.
Quando previstos, os dardos ferem menos e podem ser evitados. Todas as palavras aqui
escritas sejam argumento de pregação.
Pregai sem cessar, oportuna e inoportunamente. Mas praticai constantemente o que
pregais, para que vossas obras sejam luz, que se transmita como prodição segura aos vossos irmãos
e filhos de geração em geração.
Atendei bem ficai sabendo: Tende muito tino ao aceitar os noviços, sede fortes na
formação deles; prudentes na admissões. Provai a todos, mas só conservai os que forem bons.
Despedi os levianos e inconstantes.
Ouvi e lembrai bem. Vossa meditação da manhã e da noite seja a exata observância das
Constituições. Se fazeis assim não os faltará o auxílio do Onipotente. Sereis a admiração do mundo
e dos anjos e então vossa glória será a glória de Deus.
Os que vierem ao findor este século e ao começo de outro vos dirão: O Senhor fez coisa
admiráveis ao nossos olhos. Estão os vossos irmãos e os vossos filhos hão de cantar a uma só voz;
Glorifica, ó Senhor, o teu nome, não a nós.
Estas últimas palavras as contou o jovenzinho de túnica branca e a sua voz se uniu a uma
multidão de vozes harmoniosas e sonoras que ficamos entusiasmado, e para não cairmos
desanimados pusemo-nos a cantar juntos.
Terminado o canto, a luz escureceu. Então acordei e percebi que ia amanhecendo.
Para lembrança: Este sonho durou quase toda a noite e, pela manhã achei-me com as
forças esgotadas. Temendo , porém, esquecê-lo, levantei-me às pressas e tomei algumas notas, que
me serviam para lembrar o que hoje, o dia da apresentação de Nossa Senhora ao Templo.
Não me foi possível recordar tudo. Mas, entre outras muitas coisas, pude perceber com
certeza que lo Senhor usa de grande misericórdia para conosco.
Nossa Sociedade é bendita pelo céu, mas Deus quer a nossa cooperação.
Os males que nos ameaçam se poderão evitar, se pregarmos sobre as boas virtudes e o
vícios aqui apontados, se praticarmos o que pregamos e o transmitirmos aos nossos irmãos com
uma tradição prática do que se tem feito e do que havemos de fazer.
Pude perceber que nos aguardam proximamente muitos espinhos, muitos trabalhos, aos
que seguirão grandes consolos. O ano de 1890 será fecha de temer e 1895 de grandes triunfos.
Maria Auxiliadora dos Cristãos – Rogai por nós.
Observações:
Tido na noite de 10 a 11 de Setembro de 1881 em São Benigno Canavese, enquanto os
salesianos faziam os exercícios espirituais, e foi contado a 21 de Novembro. É um dos sonhos mais
estudados e comentados.
Mamãe Margarida (1860)
(MB 5, 567- 508 = MBe 5, 403 – 404)
No mês de agosto de 1860, parecia se encontrar perto do muro do santuário de Nossa
Senhora da consolação, o extenso muro do convento de Santa Ana, e na mesma esquina da rua,
enquanto voltava de são Francisco de Assis do Oratório. Seu aspecto era belíssimo.
O que? A Senhora por aqui/ lhe diz Dom Bosco . Não estava morta?
- Eu morta, pelo contrário vivo; replicou Margarida.
- E a senhora está feliz?
- Felicíssima.
Dom Bosco, entre outras coisas, lhe perguntou se havia ido ao Paraíso imediatamente depois
de sua morte. Margarida respondeu que não. Logo que se dirigia ao paraíso estavam alguns jovens,
cujos nomes lhe indicou respondendo Margarida afirmativamente.
- E agora diga-me continuou Dom Bosco, que se usufruiu no paraíso?
- Também se dissesse, não compreenderás .
- Dei-me ao menos uma prova de sua felicidade.
- Hoje se quer saborear uma gota dela.
Então viu a sua mãe toda resplandecente, adornada com uma preciosa veste, com um aspecto
de maravilhosa majestade e seguida de um coro numeroso. Margarida começou a cantar. Seu canto
de amor a Deus de uma inefável doçura, com o coração inundado de felicidade, elevando
novamente as alturas. Era uma harmonia expressada como por milhares e milhares de vozes que
nas mais incontáveis modulações, desde as mais graves e profundas até as mais altas e agudas, com
variedade de tonalidade e vibrações, umas fortes, outras quase imperceptíveis, combinadas com arte
e delicadeza tal que formam um conjunto maravilhoso.
Dom Bosco ao perceber aquelas finíssimas melodias, silencioso e tão embelezado que lhe
parecia estar fora de sim sem saber o que dizer nem o que perguntar a sua mãe.
Quando havia terminado o canto, margarida se voltou ao filho e disse-lhe
- Te espero, porque nos haveremos de estar sempre juntos.
Proferidas estas palavras, desapareceu.
Observações:
A mãe de Dom Bosco veio ao oratório de Turim com seu filho, 3 de Novembro de
1846converteu-se em um elemento positivamente determinante na marcha da casa durante sua
"época de ouro".morreu a 25 de Novembro de 1856. Dom Bosco lhe conservou grande afeto
durante e depois de sua vida. Sua Tumba está desaparecida. No dia 25 de Novembro os salesianos
rezam comunitariamente por seus irmãos defuntos e recordam desta mulher, a quem seu filho
dedicou, nas 'memórias do oratório', uns preciosos apontamentos biográficos.
Enfermidade de Antônio ( 1832)
(MB 1, 269 = MBe 1, 229)
Temos dito que sonhas muitas vezes. Entre outras vezes sonhei que seu irmão Antônio,
fazendo o pão na granja de Madame Damevino, junto a casa teve acontecido por lá febre que
encontrando por uma caminho e perguntou que tem, e havia respondido.
-
Me havia entrado febre por uma momento : não posso ficar em pé, tenho que ir
descansar.
Pela manhã contou o sonho aos companheiros, os quais disseram em seguida.
- Pois podes estar seguro de que assim aconteceu.
E assim foi. Pois a tarde ligo a Chieri, José e João te perguntou em seguida.
- Está melhor Antônio?
Espantado José te respondeu.
- Porém sebes que estava enfermo?
Sim o sei contesta João.
Eu imagino que não é nada, disse José, e entre a febre, enquanto faz o pão em casa
da madame Damevino, mas vai estar bastante melhor
Observações:
No período em que Dom Bosco era estudante em Chieri, a Senhora Damevino não estava
todavia em Murialdo e nem sequer era proprietária da casa Biglione em Castelnuovo, donde a
Família Bosco viveu ininterruptamente durante 24 anos, desde 1793 a 1817. O contrato de compra e
venda leva a data de 4 de Junho de 1818, segundo consta no arquivo do estado em Turim. Antonio
Bosco era filho do primeiro matrimônio de Francisco Bosco; portanto, meio irmão de João. João e
Antonio não se davam muito bem durante os anos que conviveram em família após a morte do pai
comum. A 23 de Março de 1830, Antonio se casou com Ana Rosso, de quem teve 7 filhos, 3 com
descendência.
Em companhia de Pe. Cafasso ( 1887)
(MB 18, 463 = MBe 18, 401-402)
Numa das seguintes noites, como narrou ele mesmo o dia 24 de outubro, viu em sonhos Pe.
Cafasso, com o qual visitou todas as casas da Congregação, compreendidos na América, viu as
condições de cada uma é e o estado de cada indivíduo. Infelizmente lhe faltavam as forças para
contar os detalhes do quanto tinha visto. Dl.
Observações:
Este sonho foi tido entre 21 e 24 de Outubro de 1887. No sonho "sobre o estado da
consciência" de 1860, aparecem Dom José Cafasso, Silvio Pellico e o conde Cays (MB e 6, 616619).
Um jovem estranho ( 1886)
(MB 18,25)
A noite precedente à festa de São Francisco de Sales. Dom Bosco havia dormido mal,
despertando com seus gritos a Dom Viglietti.
Este lhe perguntou pela manhã. E Dom Bosco lhe respondeu:
Veja como um jovem groso com a cabeça grande que se ia enfraquecendo em direção para
frente, pequeno vigoroso, que dava voltas ao redor de minha cama. Eu tratava por todos os meios de
ajuntá-lo: Mas expulsado de uma parte fugia em direção a outra e continuava sua molesta manobra.
O oposto o queria pego, mas não era capaz de fazer que terminasse aquele desgosto. Finalmente lhe
disse: Olha que, como não te eis pronunciado. E como jovem seguia com sua vez, lhe disse com voz
forte; carniça e me acordei.
Concluiu o relato pondo-se disfarçado e movendo.
-
Jamais eis dito esta palavra em minha vida. E me toca dize-la agora em sonhos? E
sorria.
E
A mãe de Dom Rua (1874)
(epistolário II, 341)
Essa noite tive um sonho, nesse sonho, sonhei que sua mãe entrou em minha casa, abriu a
gaveta onde estavam as minhas roupas, calçados, os panos foram encontradas bastante comidas por
traças! Que vergonha para nós, deixei deformar a roupa de pelo de animal, que custa tanto!
Observações:
Contado em carta a Dom Rua, datada de 21 de Janeiro de1874, estando Dom Bosco em
Roma. Valentim Cassinis era ropeiro; logo foi sacerdote e missionário.
Mr.
Com Margarida nos Becchi (1886)
(MB 18, 27-28 = MBe 18,34-35)
Lhe pareceu estar no Becchi. Sua mãe, com uma vasilha na mão tirava junto da fonte tirava
água suja. Jogando-a em um monte de terra. Aquela fonte havia dado sempre água puríssima; por
tanto, Margarida se sentia cheia de admiração não sabendo explicar aquele fenômeno.
- Aquam nostram pretio bebimum – disse então a mãe.
- Sempre com seu Latim ! – lhe replicou Dom Bosco – Esse não é um texto da escritura.
Não importa; diga você outras palavras se te sente capaz de fazê-lo.
Nestas está compreendido tudo; basta estuda-las bem. Iniquitates corum porta...
Agora podes acrescentar o que quiser.
- Portavimus? Potamus?
O que quiser: Portavimum, Portamus, Portabimus. Bem nesta palavras, estuda-las e fazer
todos os teus sacerdote e te darás conta de tudo o que acontecer.
Depois o conduzi atrás da fonte a um lugar elevado, de onde se destinguiam Capriglio e
suas casa e as casas de Butigleira e também Butiglira e outros espaços por aqui e por lá, assinalando
digo:
- Que diferença há entre estes povos e os da Patagônia?
- Mas é que - lhe respondeu - eu queria fazer o bem aqui e lá.
- Se é assim, conforme – Replicou Margarida.
Então lhe pareceu que sua mãe ia caminhando e, como sua imaginação estava muito
cansada, despertou-se.
Observações:
Dom Bosco contou este sonho a Dom Lemoyne e ao clérigo Festa em 01 de Maio de 1886.
Esta fonte, com água não potável, foi substituída em 1934 pelo aguaduto de Monferrato (água
pagada).(...)
NC
Aparição de Comollo ( 1839)
(MB 1, 471-475 = MBe 1, 377-379)
Dada a amizade e íntima confiança que havia entre eu e Comollo, costumávamos falar de
que nos poderia suceder em qualquer momento, isso é, de nossa separação quando chegar a morte.
Um dia, recordando o que havíamos lido em algumas biografias de santos, dizíamos, meio
brincando e meio sério, que nos poderia ser de grande consolo, se o primeiro dos dois que for
chamado à eternidade deveria informar o outro onde se encontrava. Renovando a miúde está
conversa, nos prometemos reciprocamente rezar um pelo outro e o primeiro que morresse daria
notícias de sua salvação ao companheiro sobrevivente. Não me dava conta quanta importância tinha
a tal promessa, confesso que outros o fizessem; contudo, entre outras aquela sagrada promessa foi
considerada sempre como algo sério que havia que cumprir.
Ao longo da enfermidade de Comollo, se renovou várias vezes o pacto, pondo sempre as
condições de que Deus o permitisse se for do seu agrado. As últimas palavras de Comollo e seus
último olhar me asseguravam que se cumpria o pacto.
Alguns companheiros guardaram o segredo e desejavam que se verificasse. Eu estava
esperançoso, porque esperava com isso um grande alívio na minha consolação.
Era a noite de 3 a 4 de abril, a noite seguinte do dia de seu sepultamento, e eu descansava,
juntamente com outros vinte alunos do curso de teologia no dormitório que dá ao pátio pelo lado do
meio – dia. Estava na cama, porém não dormia, pensava precisamente na promessa que nós
havíamos feito; e, como adivinhando na promessa que ia ocorrer, era tomado de um medo terrível.
Quando eis que aqui, ao fio da meia-noite, ouviu-se uma surdo rumor no fundo do corredor, rumor
que se fazia mais sensível, mais sombrio, mais agudo a medida que avançava. Assemelhava ao
ruído de um grande carro com muitos cavalos ou de um trem em marcha ou como o disparo de um
canhão. Não sei expressá-lo, mas digo que formava uma conjunto de ruídos tão violentos e dava um
medo tão grande que dava medo a quem o percebia. Ao aproximar-se à porta do dormitório, deixava
atrás de si uma sonora vibração das paredes, as abóbadas e o pavimento do corredor, até o ponto de
que parecia estar todo feito com pranchas de ferro, sacudidas por potentíssimos braços. Não podia
avaliar a que distância aquilo avançava; parecia o barulho de uma locomotiva. Se julga somente
pelo fumo que sobe ao ar.
Os seminaristas daquele dormitório se despertam, mas nenhum pode conversar. Eus estava
petrificado pelo medo. O ruído ia aproximando-se, cada vez mais espantoso. Já sente-se junto ao
dormitório. Se abre a porta, ela bate, com violência. Segui mais forte o fragor sem que nada se veja,
somente uma luz pequena de várias cores que parecia regular o som. De repente se faz silêncio.
Brilha a luz vivamente, e se houve com toda claridade a voz de Comollo, mais fraca que quando
vivia, que, por três vezes consecutivas disse:
- Bosco ! Bosco! Bosco! Estou salvo!
Naquele momento o dormitório se iluminou mais, ouviu-se de novo com muito mais
violência o rumor que havia cessado, como um trovão que penetrava a casa, porém cessou em
seguida e tudo ficou escuro. Os companheiros, saltando da cama fugiram sem saber para onde;
alguns se refugiaram num canto do dormitório, Dom José Fiorito, de Rivoli, e assim passaram os
resto da noite, esperando ansiosamente a luz do dia.
Todos haviam ouvido o rumou. Alguns perceberam a voz, sem entender o que dizia. Se
perguntava uns aos outros o que significava aquele rumor e aquela voz e eu, sentado em minha
cama, lhes dizia que se tranqüilizassem, lhes assegurando que havia ouvido claramente as palavras:
- Estou salvo!
Também alguns haviam ouvido, como eu, ressoar sobre minha cabeça de modo que por
mito tempo, se repetiram pelo seminário.
Eu sofri muito; foi tal o terror que senti, que tivesse preferido morrer naqueles momentos. É
a primeira vez que recordo haver tido medo. Por tudo isso, contrai uma enfermidade que me levou à
beira da sepulcro, ficou tão debilitada a minha saúde que não a recuperei muitos anos depois.
Deus é onipotente, Deus é misericordioso. Geralmente não atende estes pactos; porém as
vezes, em sua infinita misericórdia, permite que se cumpram, como no caso exposto. Não serei eu
que dê a outros semelhante exemplo. Quando se trata de por em relação as coisa naturais com as
sobrenaturais, a pobre humanidade sofre geralmente, em especial quando são bastante certos da
existência da alma, sem Ter que buscar outras provas. Basta-nos o que Nosso Senhor Jesus Cristo
nos tem revelado.
Observações:
Circunstâncias: João conheceu a Luis Comollo no período escolar de Chieri: se fizeram
amigos íntimos. Logo coincidiram no seminário. Luis morreu no dia 02 de Abril de 1839, aos 22
anos de idade,, esta enterrado na Igreja de São Felipe Neri, de Chieri, no presbitério, a parte da
epistola. Seus restos podem ser visto através de um vidro. A aparição foi na noite de 3 para 4 de
Abril de 1839. O dormitório inteiro foi testemunha do fato, que logo se divulgou rapidamente.
Interpretações: as interpretações tem sido diversas. "o clérigo Bosco estava numa
alucinação auto sugestiva acústica abaixo a forma de sonho, precedida de um ruído indiscritível de
todo o dormitório, pelo qual, elevando-se sobressaltado do leito todo aterrorizado, sentia (ouvia) a
voz de Comollo que dizia: Bosco, estou salvo" (Albertotti, 50). "Este sonho se pode chamar de
verdadeiro". (...)
Entrevista com Comollo e o valor de um cálice (1846)
(MB 3, 31 = MBe 3, 36)
Havia em algum tempo que Dom Bosco necessitava um cálice, mas não sabia como
adquiri-lo, pois não tinha dinheiro para comprá-lo. Eis aqui que quando uma noite sonhou que, em
seu cofre, havia colocado uma quantidade farta para eles.
Saiu a Turim, pela manhã, para vários assuntos e durante a caminhada e nesta caminhada o
sonho vinha na memória; pensou na alegria que iria a Ter conforme o sonho fora além da realidade
e foi tal a impressão que tentou que se decidiu a voltar a casa para em seguida verificar o cofre. De
qualquer maneira o foi e encontrou nele oito moedas, precisamente o valor do cálice. Ninguém
havia colocado ali, pois o cofre estava sempre fechado.
Margarida, sua mãe, não tinha dinheiro para dar-lhe semelhantes surpresas e também ela
ficou assustada quando soube o acontecimento.
Observações:
Parece que Dom Bosco continuou em colóquios freqüentes com Comollo durante o sonho.
Mamãe Margarida tinha a casa próxima a de seu filho. Conta a mãe do jovem Santiago Bellia que
uma noite, algumas horas antes da aurora, tinha ouvido o seu filho falar em seu aposento, parecendo
perguntar algumas vezes e responder outras. Na manhã seguinte, perguntou a Dom Bosco com
quem falava, e Dom Bosco lhe respondeu que Luis Comollo.
— Porém, já tem anos que Comollo morreu...
— E, sem embaraço, é assim (cf. MB 1, 35-36)
DG
Uma casa em Marselha (1880)
(MB 15, 53-54 = MBe 15, 56-57)
Durante sua permanência em Marselha, Dom Bosco disse ao cônego, meio
brindando, meio sério, de algo que havia visto em sonhos pouco antes de ir à França,
talvez no outono de 1880.
O cônego Guiol estava persuadido de que era necessário contar com uma casa de campo,
para onde enviar os meninos de Sam León durante os meses mais calorosos. O Servo de Deus
estava de acordo com ele e incluiu ainda que era conveniente preparar o lugar para que servisse
também de noviciado.
- Quanto a casa, continuou, a tenho já à minha disposição. É um edifício espaçoso,
situado numa
Posição muito amena, rodeado de um grande pinheiral, ao qual se chega por umas grandes avenidas
de plátamos; uma abundante acéquia de água atravessa de parte a parte toda a propriedade.
O pároco sabia que Dom Bosco não possuía nada em Marselha e que não contava com
outros imóvel mais que com o colégio; faltou pouco para que pesasse que o Servo de Deus era
vítima de desequilíbrio mental; pelo que um pouco desconcertado lhe perguntou onde estava aquele
quintal.
- Onde está não saberia dizê-lo, replicou Dom Bosco - ; mas sei que existe e que se
encontra nos arredores de Marselha.
- Esta sim que é boa, prosseguiu o pároco. E como pode saber que existe essa casa e que
está
destinada ao senhor?
- O sei, porque o tenho sonhado.
- E como o tem sonhado?
- Vi a casa, as árvores, a propriedade, a água, tudo como eu sei o tenho descrito e,
ademais, aos
que corriam e se divertiam pelos passeios.
Observações:
Sonho tido em 1880, já que Dom Bosco escrevia em Outubro de 1883 ao Cônego Guiol:
"Faz três anos..."
Pouco depois, uns benfeitores lhe ofereceram uma casa, que Dom Bosco recusou, dizendo que não
era aquela. Em setembro de 1882, Dom Bosco disse ao clérigo Cartir que ele (o clérigo) iria a uma
casa perto de Marselha, donde poria os salesianos, o noviciado e o estudantado filosófico. Em
negociações posteriores, se crê que era a propriedade que lhe oferecia a senhora Broquier: porém ,
se recusou a oferta por não coincidir com a representação vista em sonhos. Finalmente, em 1883 se
aceitou a oferta da senhora Pastré, rica viúva parisiana, após comprovar que na propriedade
existiam os pinheiros, os pântanos e o canal de água. Nesta se estabeleceu o noviciado em 1883. Em
1884 o Cônego Guiol a visitou: coincidia com a descrição que havia feito Dom Bosco em 1880.
MT
O elefante branco ( 1863)
(MB 7, 356-360 = MBe 7, 307-311)
Esta é a noite do presente. Todos os anos, pela festa da natividade, costumo elevar orações a
Deus para que se compraza inspirar-me um presente que os possa ser útil. Mas este ano eis
redobrado as preces, considerando o grande número de alunos. Transcorreu o último dia do ano,
chegou a Quinta e a Sexta-feira santa, e nada de novo. A noite de sexta-feira fui descansar, cansado
pelos trabalhos do dia, e não pude dormir durante a noite, de modo que pela manhã me levantei
ajoelhado e meio morto. Não me apurei por isto antes ao contrário me alegrei, porque sabia que
ordinariamente, quando o Senhor está para manifestar-me alguma coisa, o passo muito mal a noite
anterior. Prossegui por tanto minhas habituais ocupações no povoado de Borgo Canalese e, o
Sábado pela tarde, cheguei entre vocês. Depois de confessar-me fui dormir e devido o cansaço
motivado pelas práticas e as confissões do Borgo e o pouquíssimo que havia descansado na noite
precedente, cai de sono. E aqui começa o sonho que me há de servir para dar-lhes os presentes.
Meus queridos jovens, sonhei que era uma dia festivo, na hora do recreio depois de comer, e
que vos divertiam de mil maneiras. Me pareceu encontrar-me em minha residência com o
cavalheiro Vallauri, professor de belas letras. Havíamos falado de alguns temas literários e de outras
coisas relacionadas com a religião. De repente , vi na porta o tantam ( instrumento de percussão) de
alguém que chamava.
Corri e abri. Era minha mãe, morta faz seis anos, que me dizia assustada:
Venha ver, venha ver.
- O que é ? lhe perguntei.
E, sem mais, me conduziu a varanda de onde vi no pátio no meios dos jovens uma elefante
de tamanho colossal.
- Mas como pode ser isso? - exclamei – Vamos para baixo?
E cheio de pavor olhava ao cavalheiro Vallauri e ele a mim como se nos perguntássemos a
causa daquela besta descomunal em meio dos meninos. Sem perca de tempo, descemos os três aos
pórticos.
Muitos de vocês, como é natural, vos haviam aproximado para ver o elefante. Este parecia
de índole dócil; se divertia com os jovens, os acariciava com a tromba; era tão inteligente que
obedecia os comandos de seus pequenos amigos, como se houvesse sido amestrado e domesticado
no oratório desde seus primeiros anos, de forma que muitos jovens lhe acariciavam com toda
confiança e lhe seguiam por onde queira. Mas não todos estava ao redor dele. De repente vi que a
maior parte fugia assustados de uma a outra parte buscando uma lugar para se esconder e que ao fim
entraram na Igreja.
Eu também tentei entrar nela pela porta que dá ao pátio, mas ao passar junto do estátua da
Virgem, colocada perto da ponte, toquei a extremidade de seu manto como para invocar sua
proteção, e então Ela levantou o braço direito. Vallauri quis imitar-me fazendo o mesmo pela outra
parte e a Virgem levantou o braço esquerdo.
Eu estava surpreendido, sem saber explicar um feito tão estranho.
Chegou entretanto a hora das funções sagradas e vocês os dirigentes todos a Igreja. Também
eu entrei nela e vi o elefante em pé ao fundo do templo, perto da porta.
Cantaram a vésperas e, depois da prática, me dirigi ao altar acompanhado de Dom Victor
Alasonatti e de Dom Angel Sávio para dar a bênção com o S.S. Sacramento. Mas, naqu4ele
momento solene em que todos estavam profundamente inclinados para adorar o Santo dos Santos,
vi, sempre ao fundo da Igreja, no centro do corredor, entre as fileiras dos bancos, o elefante
ajoelhado e inclinado, mas em sentido inverso, isto é, com a tromba e com os dentes voltados em
direção da porta principal.
Terminada a função quis sair imediatamente ao pátio para ver que sucedia; mas, como se
tivesse que atender na sacristia a alguém que queria fazer-me uma consulta, tive de deter-me em
pouco.
Sai pouco depois para baixo nos pórticos enquanto vocês repetiam no pátio vossos jogos. O
elefante ao sair da Igreja, se dirigiu ao segundo pátio, ao redor do qual estão os edifícios em obra.
Tenha presente esta circunstância, pois, aquele pátio teve lugar a cena desagradável que vou contálos agora.
De repente vi aparecer ao final do pátio um estandarte no que se lia escrito com caracteres
grandes: Sancta maria, succurre miseris. ( Santa Maria, socorre aos infelizes).
Os jovens formados atrás dele em procissão , quando de repente, e sem que nada o esperava,
vi o elefante, que a princípio parecia tão manso, precipitava-se com violência contra os que estavam
ao seu redor dando furiosos gritos e agarrando com a tromba aos que estavam mais próximos a ele,
os levantavam, os jogavam ao solo, pisoteado-os e fazendo em estrago horrível. Mas apesar deles,
os que haviam sido maltratados desta maneira não morriam, mas que ficavam em estado de poder
curar as feridas horríveis que lhe causara as precipitações violentas da besta.
A dispersão foi então geral: uns gritavam, outros choravam, alguns, ao ver-se ferido,
pediam ajuda aos companheiros, porém coisa verdadeiramente inqualificável, certos jovens ao s que
a besta não havia feito dano alguns, em lugar de ajudar e socorrer aos feridos, faziam uma pacto em
o elefante pra proporcionar-lhes novas vítimas.
Porém aconteciam estas coisas ( eu me encontrava no segundo arco do pórtico junto da
fonte), aquela estátua que vê lá ( D. Bosco indicava a estátua da Santíssima Virgem) se vivificou e
aumentou de tamanho; se converteu em uma pessoa de grande estatura, levantou os braços e abriu o
manto onde se viam bordados com excelente arte, numerosas inscrições. O manto alcançou tais
proporções que cobriu a todos os que recorriam ao amparo e ai debaixo todos estavam seguros. Os
primeiros que recorreram a tal refúgio forma os jovens melhores que formavam um grupo
escolhido. Mas ao ver a Santíssima Virgem que muitos não recorriam a Ela, gritava em alta voz.
- Venit ad me ( venham todos a mim!)
E eis que uma multidão de jovens recorriam de uma parte a outra, resultando feridos antes
de colocar-se em segurança. A Santíssima Virgem, angustiada, com o rosto inflamado, continuava
gritando, mas cada vez eram menos os que recorriam a Ela.
O elefante prosseguiu causando estragos, e alguns jovens manejando uma ou duas espadas,
situando-se a uma ou outra parte, dificultavam aos companheiros, que ainda se encontravam no
pátio, que recorressem a Maria, ameaçado e ferindo. Aos da espada o elefante não os molestava.
Alguns dos muitos que haviam se refugiado perto da Virgem, entusiasmados por Ela,
começaram a fazer freqüentes correrios e em suas saídas, conseguiam tirar à força do elefante
algumas presas e transportavam o ferido para baixo do manto da estátua misteriosa, ficando os tais
imediatamente curados. Depois, os mensageiros de Maria voltaram a empreender novas conquistas.
Vários deles, armados com paus, afastavam a besta de suas vítimas, mantendo a risca aos cúmplices
da mesma. E não cessaram em seu empenho, ainda que custasse a própria vida, conseguindo colocar
a salvo a quase todos.
O pátio parecia já deserto. Alguns meninos estavam deitados no chão, quase mortos. Para
uma parte, junto dos pórticos, se veio uma multidão de jovens de baixo do manto da Virgem. Pela
outra a certa distância, estava o elefante com dez ou doze meninos que lhe haviam ajudado em seu
trabalho destrutivo, manejando ainda insolenimente em tom ameaçador suas espadas. Quando eis
que o animal erguendo –se sobre as patas traseiras, se converteu em um horrível fantasma de
grandes chifres; tomando um amplo manto negro e uma rede envolveu a ele e aos miseráveis que o
haviam ajudado, dando ao mesmo tempo um tremendo rugido. Seguidamente os envolveu a todos
em uma espessa nuvem de fumaça, abriu-se a terra de baixo de seus pés desaparecendo com o
monstro.
Ao finalizar esta horrível cena, olhei ao meu redor para dizer algo a minha mãe e ao
cavalheiro Vallauri, mas não os vi.
Me voltei então a Maria, desejoso de ler as inscrições bordadas em sue manto, e vi que
algumas foram tiradas literalmente das Sagradas Escrituras e outras um pouco modificadas. Li
estas, entre outras muitas: Qui eludidant me, vitam aerernam habebunt; Qui me inveneri, inveniet
vitam; si quis est parvulus, veniat ad me; refugium pecatoruam; salus credentium; plena omnis
pietatis, mansuetudinis et misericordiae. Beati Qui custodiunt vias meas. ( os que honram terão a
vida eterna; o que me encontra, encontrará a vida; se um é menino, venha a mim: refúgio dos
pecadores; saúde dos que creem; toda cheia de piedade, de mansidão e de misericórdia. Felizes os
que guardam os meus caminhos.)
Depois que o elefante desapareceu duto ficou tranqüilo. A Virgem pareceu cansada de tanto
gritar. Depois de breve silêncio, dirigi aos jovens a palavra, dizendo-lhes belas frases de consolo e
de esperança, repetindo a mesma sentença que vês de baixo daquele altar , mandado escrever por
mim: Qui elucidant me, vitam aeternam habebunt.
Depois disse:
- Vós que haveis escutado a minha voz e haveis escapado dos estragos do demônio,
viram e
puderam observar a vossas companheiros pervertidos. Quereis saber qual foi a causa da sua
perdição? Sunt colloquia prava: as más conversas contra a pureza, as más ações o que se
entregarem depois das conversas inconvenientes. Vistes também os vossos companheiros armados
de espadas: são os que procuram vossa ruína afastando –os de mim; os que foram a causa da
perdição de muitos de seus condiscípulos. Mas quos diutius expectat durius damnat. Aquele aos
que Deus adia durante um pouco mais de tempo, são depois de envolve-los em suas redes, os levou
consigo a perdição eterna. Agora vós ides tranqüilos, mas não esqueçais de minhas palavras: fugi
dos companheiros, amigos de satanás; evitar as más conversas especialmente contra a pureza;
ponham em mi uma ilimitada confiança e meu manto servirá sempre de refúgio seguro.
Ditos estas e outras palavras semelhantes, se inflamou e nada ficou no lugar que antes
ocupara, a exceção de nossa querida estatueta.
Então vi aparecer a minha falecida mãe; outra vez levantou o estandarte com a inscrição;
Sancta Maria, succurre miseris. Todos os jovens se colocaram em ordem atrás dele e, assim em
procissão, entoaram a canção: Load a Maria.
Mas de repente o canto começou a decair; depois desapareceu todo aquele espetáculo e em
me despertei completamente banhado de suor.
Isto é o que sonhei.
Filhos meus: deduzam vocês mesmos o presente. O que estava de baixo do manto, o que
forma atirados pelos ares pelo elefante, os que manejavam as espadas, se deram conta de sua
situação se examinaram suas consciências. Eu somente repito-lhes as palavras da Santíssima
Virgem: Venit ad me, omnes, recorram todos a Ela; em toda sorte de perigo; invocando a Maria eu
os asseguro que sereis escutados. Pelos demais, os que foram tão cruelmente maltratados pela besta
haja o propósito de fugir das más conversas, dos maus companheiros; e os que pretendiam afastar
aos demais de Maria, que mudem de vida ou abandonem esta casa. Quem souber o lugar que
ocupava no sonho, que venha ver-me em minha casa e eu o direi. Mas o repito; os ajudantes de
satanás, que mudem de vida o que se mudem de lugar. Boa Noite!
Observações
Tido a noite de 4 a 5 de Janeiro; contando-os a 6 de janeiro Terça-feira.
Dom Bosco não pode dar o presente aos meninos no último dia do ano por encontrar-se no
Borgo Cornalese; ao regressar o dia 4, Domingo, lhes prometeu dar-lhes na noite da Epifania.
Como se vê, há todo um trabalho prévio de D. Bosco para “Ter” este sonho; há também a
convicção de que vem de Deus: “Quando o Senhor quer manifestar algo”... Seja o que for da
elaboração, fica um feito histórico, que narra assim o biógrafo: “Nesta ocasião o mesmo Servo de
Deus escreveu em um papel os nome dos alunos que havia visto ferido no sonho, dos que
manejavam a espada e dos que esgrimiam dois, e entregou a lista a D. Celestino Durando,
encarregando-o de vigiá-los. Este nos proporcionou a lista, que temos ante a vista. Os feridos são
treze, a conhecer: os que esgrimiam, se reduziram a três. A nota ao lado de algum nome indica uma
mudança de conduta” (MB 7,360) e cita alguns testemunhos de jovens, que certificam a
coincidência de sua situação espiritual com o visto por D. Bosco.
NC
São Pedro e São Paulo (1884)
Pareceu estar em uma casa onde se encontrou com S. Pedro e S. Paulo. Vestiam umas
túnicas que chegavam até os joelhos e tinha na cabeça um capuz estilo oriental. Os dois sorriam a
D. Bosco. Havendo-lhes perguntado se havia alguma missão a encomendar-lhe ou algo a
comunicar-lhe, no responderam a sua pergunta, no entanto, começaram a falar do Oratório e dos
seus jovens. Entretanto, tem aqui um amigo de Dom Bosco, muito conhecido entre os salesianos,
mas o servo de Deus não recordava depois quem era.
- Olhe estas duas pessoas, disse ao recém chegado.
- O amigo aos olhos lhe disse.
- Que vês? Possível? S. Pedro e S. Paulo aqui?
Dom Bosco repetiu a pergunta que havia feito pouco antes aos dois apóstolos que, apesar de
mostrar-se amabilíssimos, continuaram falando outra coisa.
De repente, S. Pedro o perguntou:
- E a vida de S. Pedro?
E o outro:
- E a vida de S. Paulo?
- É certo! – replicou Dom Bosco com atitude de humildade escusa. Co efeito, tinha o
projeto de
Imprimir aquelas duas biografias, mas depois se esqueceu por completo de fazê-lo.
- Se não fazes logo, depois não terás tempo – o advertiu S. Paulo.
Entretanto havendo S. Pedro descoberto a cabeça, pareceu calvo, com duas mechas de
cabelo nas partes laterais da cabeça: tinha o aspecto de uma ancião forte e simpático. E havendo se
afastado um pouco se pôs em atitude de oração.
- Deixe que reze! - exclamou S. Paulo.
Dom Bosco replicou:
- Queria saber diante de que objeto se ajoelhou.
Foi, pois, junto a ele e viu que estava diante de uma espécie de altar, no entanto não era tal e
perguntou a S. Paulo.
- Mas não haviam castiçais.
- Não fazem falta onde está o eterno sol –lhe replicou o apóstolo.
- Tão pouco vejo a mesa.
- A vítima não se sacrifica, porém vive eternamente.
- Mas afinal, o altar não é o Calvário?
Então S. Pedro, com voz elevada e harmoniosa, mas sem chegar a cantar , fez esta oração:
- Glória a Deus Pai criador, a Deus Filho redentor, glória a Deus Espírito Santo
santificador. A
Deus seja a honra e a glória por todos os séculos dos séculos. A ti seja o louvor, oh Maria. O céu e a
terra te proclamam sua rainha. Maria... Maria... Maria...
Pronunciava este nome, fazendo uma pausa entre uma e outra exclamação e com tal
expressão de afeto e com tão crescente emoção que seria impossível descrever, de que forma todos
choravam de ternura. Quando s. Pedro se levantou, foi ajoelhar-se no mesmo lugar de S. Paulo, que
com voz forte começou a rezar assim:
- Oh profundidade dos arcanjos divinos! Grande Deus, teus segredos são inacessíveis aos
mortais. Somente no céu poderão penetrar a profundidade e a majestade, unicamente ao alcance
dos bem aventurados. Oh Deus uno e trino! A ti a honra, a saúde, a ação de graças de todos os
pontos do universo. Que teu nome oh Maria, seja por todos louvado e bendizendo. Os céus cantam
a sua glória e que sobre a terra sejas Tu sempre o auxílio, a salvação. Rainha dos homens santos,
aleluia, aleluia.
Dom Bosco ao contar o sonho concluiu:
- Esta oração, pela maneira de proferir as palavras, produz em mim tal emoção que
comecei a chorar e acordei. Depois senti em minha alma um consolo inexplicável.
DL
A mensagem de Dom Provera (1883)
( Romero, 73-78; MB, 16,15-17 = MBe 16,22-24)
Na tarde de 17 a 18 de Janeiro de 1883, sonhei que saia do refeitório com outros sacerdotes
da congregação. Quando estava na porta, me dei conta de que, junto a mim, ia um sacerdote
desconhecido; mas ao firmar bem nele, me dei conta de que era D. Provera, nosso antigo irmão. Era
um pouco mais alto de estatura que quando estava nesta vida mortal. Ia vestido de novo, com rosto
sereno e sorridente, despendia uma espécie de claridade e parecia querer seguir adiante.
- D. Francisco – lhe perguntou: És realmente D. Provera?
- Sim, sou Provera – respondeu- E quando falou esto, seu rosto tornou-se tão bonito e tão
resplandecente que dificilmente se podia fixar os olhos nele.
- Sim és verdadeiramente D. Francisco Provera, não lembras de mim; espera um
momento. Mas,
Por favor, não me deixes tua sombra em minhas mãos e desapareça sem permitir que te fale.
- Sim, sim, fale que estou escutando.
- Te tens salvado?
- Sim, ei-lo salvo, me eis-lo salvo pela misericórdia de Deus.
- O que é que gozas na outra vida?
- Tudo quanto o coração pode imaginar e a mente e capaz de conceber, os olhos vê e a
língua
expressar.
Dito isto, fez menção como se quisesse andar, e sua mão que eu tinha apertado, se ia
tornando quase insensível.
- Não lhe disse, não sem falar-me e diga algo que me interesse.
- Continue trabalhando. Lhe aguardam muitas coisas.
- Ainda por muito tempo?
- Não muito. Mas trabalhe fazendo todos os esforços possíveis, como se tivesse que viver
sempre, mas... este sempre bem preparado.
- E para os irmãos da congregação?
- Aos irmãos da congregação, recomende-os uma outra vez o fervor.
- Como fazer para consegui-lo?
- Nos disse, o chefe supremo dos mestres. Tome uma podadeira bem afiada e proceda
como um bom vinhador; corte os sarmentos secos o inútil para a videira. Então se tornara vigorosa
e produzirá copiosos frutos e, o que importa, dará frutos durante muito tempo.
- E a nossos irmãos? Que devo dizer-lhes?
- Aos meus amigos acrescentou com voz mais forte, - aos meus amigos, diga-lhes que
lhes estão reservadas um grande prêmio, mas que Deus o outorga somente ao que perseverarem nas
batalhas do Senhor.
- Que me recomenda para nossos jovens?
- Como nossos jovens se deve aplicar trabalho e vigilância.
- E o que mais?
- Vigilância e trabalho, trabalho e vigilância.
- Que há de praticar nossos jovens para assegurar a salvação eterna?
- Que se alimentem com freqüência com o manjar dos fortes e hajam propósitos firmes nas
confissões.
- Diga-me algo que devam fazer preferencialmente neste mundo.
Naquele momento um vivíssimo resplendor revestiu toda sua pessoa e eu tive que baixar os
olhos, porque ao olhar não podia resistir, como quando se observa firmemente a luz elétrica, agora
aquela era muito mais viva do que aquela que vemos ordinariamente. Seguidamente começou a
falar de forma que parecia que cantava.
- Glória a Deus Pai, glória a Deus Filho, glória a Deus Espírito Santo. A Deus que era, é,
e será
o Juiz de vivos e mortos.
Eu quis falar, mais ele, com a voz mais formosa e sonora que se pode imaginar, começou a
entoar solenemente:
- Laudate dominum, omnes gentes, etc.
Um coro de milhares de vozes provinientes dos pórticos e da escada se uniram a ele
cantando:
- Quoniam confirmata est, etc... até o glória, inclusive.
Várias vezes fiz um esforço para abrir os olhos e ver quem cantava, mas tudo foi inútil,
porque a intensidade e a viveza da luz atrapalhava a visibilidade.
Finalmente se ouviu cantar amém.
Terminado o canto, tudo voltou a seu estado normal; mas não vi mais D. Francisco Provera,
assim simplesmente sua sombra, que desapareceu imediatamente.
Me dirigi então aos pórticos onde estavam os sacerdotes, os clérigos e os jovens. Lhes
perguntei se havia visto D. Francisco Provera. E todos me responderam que não. Lhes perguntei
também se haviam ouvido o canto e me constataram igualmente que não.
Ao escutar tais respostas fiquei um pouco mortificado e disse:
- O que ei-lo aqui ouvido dos lábios de D. Francisco Provera e o canto que ei-lo aqui
escutado é tudo sonho. Venha, pois escutar, o que vou contar.
E o contei como acabo de fazer. D. Miguel Rua, D. João Cagliro e outros sacerdotes me
fizeram numerosas perguntas dei as seguintes respostas.
Mas me encontrava tão cansado que apenas se podia respirar. E assim despertei. Naquele
momento os sinos soaram as duas.
Observações:
Tido na noite de 17 a 18 de Janeiro. Francisco Provera, salesiano, tinha morrido em 13 de
Abril de 1874, aos 38 anos. Existe o manuscrito autografado de Dom Bosco. Este sonho tem sido
"considerado pela tradição salesiana um memorando para a boa marcha da Congregação" (Romero,
75).
Pude influir esta série de avisos dados por Dom Provera a Dom Bosco para a redação da
carta titulada "castigos que impõem nas casas salesianas", com data de 29 de Janeiro de 1883?
NC
As oferendas simbólicas ( 1865)
(MB 8,129-132 = MBe 8,120-123)
Contemplei um grande altar dedicado a Maria e magnificante ornamento. Vi a todos os
alunos do Oratório avançando processionalmente fazia ele. Cantavam louvores à Virgem, mas não
todos do mesmo modo, ainda que cantavam a mesma canção. Muitos cantavam bem e com precisão
de ritmo , ainda que uns fortes e outros alguns cantavam com vozes más e muito rocas, isto
desentonavam, isso caminhavam em silêncio e saiam da fila aquelas bostejavam e pareciam
aborrecidos: alguns. Topavam uns contra outros e riam entre si. Todos levavam presentes para
oferecer a Maria. Tinham todos um ramo de flores, quem mais grande, quem mais pequeno e
distintos uns dos outros.
Uns tinham um março de rosas outros de clavos, outros de violetas, etc. alguns levavam `a
Virgem presentes muitos estranhos. Que levava uma cabeça de porquinho, quem um gato, quem
um prato de prato de sapos, quem um coelho, quem um corderinho um outros presentes.
Havia um famoso jovem diante do altar que si se lhe olhava atentamente, se vai que detrás
das costas tinha asas. Era, tal vez, o anjo da Guarda do Oratório, o qual, conforme iam chegando os
meninos recebia seus presentes e o colocava no altar.
Os primeiros ofereceram magníficos ramos de flores e ele sem dizer nada, os colocou no pé
do altar. Muitos outros entregaram seus ramos. Ele os olhou; os desatou, fez tirar algumas flores
estragadas, que tirou fora, e voltando regulou o ramo, o colocou no altar.
A outros, que tinham no seu ramo flores bonitas, mas sem perfume, como as dálias, as
camélias, etc... O Anjo fez tirar também estas, porque a Virgem queria realidade e não aparências.
Assim refeita o ramo o anjo o ofereceu à Virgem. Muitos tinham espinhos, poucas ou muitas , entre
as flores e outros cravos. O anjo tirou estes e aquelas.
Chegou finalmente o que levava o porquinho e o anjo lhe disse:
- Como te atreves apresentar este presente a Maria? Sabes quê significa o porco? Significa o
horroroso vício da impureza. Maria que é toda pureza, não pode suportar este pecado. Retira-te,
pois não és digno de estar ante a Ela.
Vieram os que levavam um gato e o anjo lhes disse:
- Também vós os atreveis a oferecer a Maria estes dons? O gato é a imagem do roubo, e vós
ofereceis à Virgem? São ladrões os que roubam dinheiro, objeto , livros aos companheiros, os que
cobiçam coisas de comer ao Oratório, os que destroem os vestidos por raiva, os que malgastam o
dinheiro de seus pais não estudando, etc.
E isso que também estes se puseram a parte.
Chegaram os que levavam pratos com sapos e o anjo, olhando-lhes indignado, lhes disse: Os
sapos simbolizam o vergonhoso pecado do escândalo e, vós vens a oferecer-se –los à Virgem?
Retenha-os, ide com os que não são dignos.
E se retiraram convencidos.
Avançavam outros com uma faca cravada no coração. A faca significa os sacrifícios.
O anjo lhes disse:
Não veis que levam a morte na alma? Que estais com vida por misericórdia de Deus e que,
do contrário, estavam perdidos para sempre? Por favor! Que os arranquem esse canivete!
Também estes foram achados fora.
Pouco a pouco se acercaram todos os demais jovens e ofereciam cordeiros, coelhos, nozes,
uvas etc. O anjo recebeu todos e o pós sobre o altar. E depois de haver separado assim os bons dos
maus, fez formar em filas perante o altar àqueles cujos dons haviam sedo aceitados por Maria. Com
grande dor vi que o que haviam sido postos apare eram mais numerosos do que eu creio.
Saíram por ambos os lados do altar outros dos anjos que sustentam das riquíssimas fartas de
magnificas coroas feitas com rosas estupendas. Não eram rosas terrenas, destino como artificiais,
símbolos da imortalidade.
E o anjo da Guarda foi tomando uma a uma aquelas coroas e coroou a todos os jovens
formandos perante o altar.
Tinha grandes, pequenos e pequenas, mas todas de uma beleza incomparável. Os eis de
advertir que não somente se falavam ali os atuas alunos da casa, destino também muitos mais que
eu não havia visto nunca.
Visto que sucedeu algo admirável.
Havia ( muitos) meninos de cara tão feia que quase davam nojo e repulsão; a estes lhes
tocaram as coroas mais famosas, sinal de que a um exterior tão feio supria presente da virtude da
castidade, em grau eminente. Muitos outros tinham a mesma virtude, mas em grau menos elevado.
Muitos se distinguiam por outras virtudes como a obediência a humildade o amor de Deus, e todos
tinham coroas proporcionadas ao grau de suas virtudes. O anjo lhes disse:
- Maria tem querido que hoje fosse coroados em formosas flores. Procura todavia seguir de
modo que não os sejam arrebatados. Tem três meios para consegui-las primeiro humildade,
segundo obediência, e terceiro castidade; são três virtudes que sempre os farão gratos a Maria e um
dia os farão dignos de receber uma coroa infinitamente mais formosa que está.
Então os jovens começaram a cantar perante o altar o Ave Maris Stella.
Terminada a primeira estrofe e, processionalmente, como havia chegado, iniciaram a
marcha cantando: “Load a Maria,” Mas com vocês tão fortes que em fiquei maravilhado. Lhes segui
durante um momento e logo voltei atrás pra vê aos meninos que o anjo havia posto aparte. Mas não
os vi mais.
Amigos meus: eu sei quem foram coroados e quem foram recusados pelo anjo. Se o direi a
cada um em particular para que todos procureis oferecer a Maria objetos que Ela se digne aceitar.
Portanto , tem aqui algumas observações.
A primeira - Todos levavam flores à Virgem, e entre elas, as havia de muitos classes, ma
observei que todos, uns mais outros menos tinham espinhos no meio das flores.
Pensei e voltei a pensar que significava aqueles espinhos e descobri que significavam a
desobediência. Ter dinheiro sem licença e sem a querer entrega-lo ao administrador, pedir
permissão pra ir a um sítio e depois ir ao outro: chegar tarde a aula quando já faz tempo que estão
os demais nela, fazer merendas clandestinas: entrar nos dormitórios proibidos, não importa o
motivo o pretexto que tenhas, levantar –se tarde pela manhã; abandonar as práticas
regulamentáveis; falar em horas de silêncio; comprar livros sem fazer revisar; enviar cartas por
meios de terceiros pra que não sejam vistas e recebe-las pelo mesmo meio; fazer tratos, comprar e
vender coisas entre vós; este é o que significa os espinhos.
Muitos de vós perguntareis se é pecado transgredir os regulamentos da casa. O tem pensado
seriamente e os respondo que sim. Não digo sem eles é grave ou leve; tem que regular-se pelas
circunstâncias, mas pecado o é. Algum me dirá. Que na lei de Deus, não se fala de que devamos
obedecer os regulamentos da casa. Escuta: está nos mandamentos.
- Honrar pai e mãe! Sabeis que querem dizer as palavras Pai e mãe? Compreendeu também
aos que fazem suas vezes. Ademais, não está escrito na Escritura: Oboedite praepostiteis Vestris? (
obedecei a vosso superiores). Se a vós os toca obedecer, é lógico que a eles toca mandar. Este é a
origem dos regulamentos do oratório e esta é a razão de se cumprir ou não.
Segunda observação – alguns levavam entre suas flores uns cravos, cravos que haviam
servido pra encravar ao bom Jesus. Como? Sempre se começa pelas coisas pequenas e logo se
chegas às grandes. Aquele tal queria Ter dinheiro para satisfazer seus caprichos e gastá-los a seu
desejo e por isso, não quis entregá-lo; Vendem depois seus livros de aula e terminou por roubar
dinheiro e objetos a sues companheiros. Aquele outro queria estimular o gargalho e chegar as
garrafas, etc. Depois se permitiu outras licenças até cair no pecado mortal. Assim se explica os
cravos daqueles ramos, assim é como se crucifica ao Bom Jesus. Já disse o apóstolo que os pecados
volvem a crucificar o Salvador. Rursus crucifigentes Filium Dei ( crucificaram, por sua parte, de
novo ao filho de Deus).
Observações:
Contado em 30 de Maio. Dom Bosco interpretou assim: as flores murchadas representam as
obras feitas em pecado mortal; as flores sem odor são as boas obras feitas com olhos humanos, por
ambição ou para agradar a mestres e superiores; os espinhos são a desobediência; os clavos os
pecados mortais.
Os dois Pinheiros ( 1861)
(MB 6, 954-955 = MBe 6, 720-722)
Pareceu-me encontrar em Castelnuovo, em meio de uns prados, em companhia de alguns
jovens, procurando encontrar algo para presentear Pio IX em sua festa onomástica, quando que
vimos vir dos ares do lado de Buttiglira uma grande pinheiro. Era tão grande como um conjunto de
casas de Turim, todas juntas e de uma altura extraordinária.
O Pinheiro se aproximava de nós em posição horizontal, depois se endireitou, adaptando pra
vertical, oscilou e pareceu que ia cair em cima de nós que estávamos à contemplá-lo. Assustados,
queríamos fugir mas ficamos paralisados e rezamos. Depois disso começou a soprar um vento
impetuoso que transformou aquela árvore em um temporal de relâmpagos, trovões, raios e granizos.
Pouco depois vimos outro pinheiro menos grosso que o anterior, avançava na mesma
direção, e que se colocava por cima de nós e depois, sempre em posição horizontal, começou a
descer. Nós íamos temendo ser esmagados, enquanto rezávamos mais e mais vezes. O pinheiro
levantou-se do solo, permanecendo suspenso no ar; somente as suas ramas estavam a terra.
Enquanto estávamos observando , eis que soprou um vento que o transformou em chuva. Não
compreendendo o significado daquele fenômeno, nos perguntávamos uns aos outros:
- O que quer dizer isto?
E apareceu um , que não conhecíamos, e disse:
- Haec est pluvia quam dalut Deus tepore suo. ( esta é a chuva que Deus dará à sue
tempo).
Depois outro desconhecido respondeu:
- Hic est pinus ad armandum locum habitationis meae ( este é o pinheiro pra enfeitar o
lugar de minha morada).
E me citou um lugar da Sagrada Escritura em que se lia este versículo, mas não me recordo.
Eu creio que o primeiro pinheiro era símbolo das perseguições, de tempestades que caem
sobre aqueles que permanecem fiéis a Igreja.
O segundo representa a mesma Igreja, que será como chuva fecunda e benéfica para aqueles
que são fiéis.
O Servo de Deus não deu mais explicações e nós não vamos discutir se o sonho admite ou
não outro sentido, limitando-nos a fazer uma comparação.
O pinheiro de tamanho majestoso e de uma diâmetro excepcional, que se levanta erguido em
meio da terra, não se assemelha a árvore que viu Nabucodonosor e que descreve o profeta Daniel,
aia altura ao céu, tão rico em ramos verdes e frondosas que desce cheio parecia uma floresta? Não é
o símbolo de um poderio extraordinário, de uma atitude de desafio e de rebelião contra Deus e de
uma ameaça de extermínio dirigido a seus servos? Porém desaparece da terra, ferido pela ira do
Senhor: Um vento ardente e é consumido pelo fogo.
O segundo pinheiro, que também era alto e esbelto, porém não era tão grande como o
anterior, representava talvez não tanto a Igreja em geral, mas sim uma porção dirigida dela mesma,
como poderia ser uma congregação religiosa, por exemplo, a Sociedade de São Francisco de Sales.
Isto parece indicar o lugar que serviu de cenário a este espetáculo. A posição horizontal desta
árvore, em contraposição com a vertical do primeiro, é o símbolo da humildade, virtude
fundamental. O versículo que Dom Bosco citou é o 13 do capítulo 6 de Isaías.
Observações:
Contado no mês de Maio de 1861: Ruffino disse somente "por aqueles mesmos dias".
MM
Pio IX, no Colle Dom Bosco ( 1876)
( MB 12,188 = MBe 12,166-167)
“Me pareceu encontrar-me em meu povo e vi chegar até ali o Papa. Não podia convencerme de que em efeito fosse Ele; pelo que lhe perguntei.
- Como assim? Não teus a carroça, Pai Santo ? ( santo padre).
- Sim, sim, pensarei nele. Minha carroça é a fidelidade, a fortaleza e a doçura.
Mas estava cansado demais e digo:
- Eu já eis chegado ao fim.
Não, não, Santo Padre – lhe disse – até que não estes regulados ou assuntos relacionados
com a Congregação, não pode morrer.
Então apareceu uma carroça, mas seu cavalos. E quem a arrastaria? E eis aqui que vi três
animais: Um cachorro, uma cabra e uma ovelha, tirando da carruagem do Pontífice. Mas ao chegar
a certo ponto, aqueles animais não a podiam mover e o Papa se encontrava cada vez mais esgotado.
Eu estava arrependido de não haver-lhe evitado a vir a minha casa e não haver pensado em
oferecer-lhe algum refrigerante. Mas me dizia a mim mesmo:
- Apenas cheguemos à casa o capelão de Murialdo, o regularemos tudo. Entretanto a carroça
seguia parada. Então levantei uma espécie de figura que pela parte de trás tocava a solo. O papa, ao
ver isto, começou a dizer:
Se estivésseis em Roma e os vissem realizar estes trabalhos, serias objeto de risos.
E, enquanto estava entregando a minha tarefa, me despertei.”
Observações:
Contando a Dom Berto em abril :
Alguns tem visto a realização histórica deste sonho na visita que o Papa João Paulo II Ter
realizado ao Colle Dom Bosco a princípios de Setembro de 1988, com ocasião do Centenário da
morte de Dom Bosco.
O cavalo vermelho (1862)
(MB 7, 217-218 = MBe 7, 192-193)
Esta noite tive um sonho extraordinário. Sonhei que me encontrava com a Marques Barolo e
que passeávamos por uma pracinha situada diante de uma planície extensíssima. Via os jovens do
oratório correr, saltar e jogar alegremente. Eu queria dar a mão direita à Marquesa, mas ela me
disse:
- Não, fique onde está.
Depois começou a falar de meus meninos e me dizia:
- É muito bom que você trabalhe com os rapazes. Mas deixe-me a mim o cuidado das
jovens; assim iremos de acordo.
Eu lhe repliquei:
- Porém, diga-me: Nosso Senhor Jesus Cristo veio ao mundo para redimir somente os
meninos ou também às meninas?
- Sei – respondeu – que Nosso Senhor tem redimido a todos: meninos e meninas.
- Pois bem, eu devo procurar que seu sangue não se tenha derramado inutilmente, o mesmo
para os rapazes que para as moças.
Enquanto só tínhamos esta conversação, eis aqui que começou a reinar um estranho silêncio
entre meus rapazes, que estavam na pracinha, deixaram seus jogos e se dispersaram uns fazia uma
parte, outros fazia outra, muito espantados.
A Marquesa e eu detivemos o passo e ficamos quietos durante uns momento imóveis.
Buscamos a causa daquele terror, damos uns fazia adiante. Levantei um pouco a vista e seu que,
pelo fundo da planície, vi descendo à terra um cabalo grande... tremendamente grande... Se me
gelou o sangue nas veias.
- Seria tão grande como esta habitação? – perguntou Francesia.
- Muito grande! - replicou Dom Bosco – Seria tão grande e tão alto como três ou quatro
vezes o palácio da Madame. Era algo extraordinário. Entretanto eu queria fugir por medo da
proximidade de uma catástrofe , a Marquesa Barolo perdeu o sentido e caio ao solo. Eu quase não
podia manter-me em pé de tanto como tremiam as pernas.
Corri a esconder-me detrás de uma casa, que fazia cerca, mas me acharam dali dizendo:
- Fora, fora: não venha aqui!
- E eu dizia entretanto para mim:
- Quem sabe que diabo será este cavalo! Não quero fugir, quero ficar-me para vê-lo mais de
perto.
E ainda que tremia dos pés a cabeça , me armei de valor, voltei atrás e me aproximei.
- Oh! Que horror! Aquela orelhas duras! Aquele morro enorme:
Me parecia as vezes ver muita gente sobre ele; outras, que tinha asas; de forma que
exclamei:
- Mas! Este é um demônio!
Enquanto o contemplava, como estava em companhia de alguns, perguntei a um deles:
- Quem é este enorme cavalo?
Um me respondeu:
- Este é o cavalo vermelho, equus rufus, do Apocalipse.
Depois me despertei e me encontrei na cama muito assustado.
Durante toda manhã, enquanto celebrava a missa, o mesmo que no confessionário, tinha
sempre diante aquele animal.
Agora desejo que algum investigue se a este equus rufus, se encontra verdadeiramente nas
Sagradas Escrituras, e qual é seu significado.”
Observações:
Tido na noite de 5 a 6 de Julho. Dom Bosco encarregou a Dom Celestino Durando que
buscasse a solução do problema. Dom Rua observou que em Ap. 6,4 se fala do Cavalo Vermelho, e
simboliza a perseguição sangrenta da Igreja.
SM
Mensagem de Leão XIII (1878)
(Romero, 45-49; MB 13, 488-489 = MBe 13, 419-420)
Um pobre servo do Senhor, que as vezes enviava ao Padre Santo, Pio IX algumas coisas que
julgava verdade do Senhor e mesmo que agora, humilde, porém literalmente, comunica a Leão XIII
algumas coisas que parecem ser de certa importância para a Igreja.
Exorto das coisas mais necessária para a Igreja.
Disse uma voz: se querem destruir as pedras do santuário; derrubar a parede e murar assim
criar os casos no cuidado na casa do Senhor; não o alcançarão, porém causaram muito dano.
O supremo governador da Igreja na terra corresponde por remédio, reparam os danos que
causam o inimigos.
E mal começa por falta de trabalhadores evangélicos.
É difícil encontrar levitas nas comodidades; pelo qual busquem com máxima solicitude
entrar em martírio; sim olhar a condição. Reuna-se e eduque para capacita-los para dar o fruto que
poucos esperam.
Todo esforço, todo sacrifício feito com este fim sempre e pouco em comparação com o mal
que se pode impedir e o bem que se pode obter.
Os filhos de claustro, que hoje vivem dispersos se reunidos e não formar dez casas, inclusive
para reconstruir uma ao menos, porém com toda a observância regular.
Os filhos que digo, atraídos pela luz da observância religiosa, irão aumentar o número dos
filhos da oração e da meditação.
As Famílias religiosas são ungidas pela necessidade dos tempos. Com a firmeza na fé, com
suas obras materiais devem combater as idéias dos que só vêem matéria no homem. Estes a
desprezar os que rezam e os que meditam, porém se verão obrigados a crer nas obras as que são
testemunhas oculares.
Estas novas instituições necessitam ser ajudadas, sustentadas, favorecidas por aqueles que o
Espírito Santo pousa para reagir e governar a Igreja de Deus.
Tenha-se, pois, presente que: promovendo, cultivando as vocações; à santuários recomendo
aos religiosos dispersos e restituindo a observância regular; assistindo, favorecendo, dirigindo as
congregações recentes, se geram operários evangélicos para as dioceses, para os institutos religiosos
e para as missões estrangeiras.
Observações:
"Embora Dom Berto copiou posteriormente, no já conhecido Ms. B da "profecia do 70" (...)
na mensagem de Leão XIII, não existe declaração explicita sobre a possibilidade de classificar seu
conteúdo entre os sonhos. As expressões "algumas coisas que julgavam que vinham do Senhor" e
"disse uma voz" (...)
Podem ser consideradas como alusão implícita a seu caráter de sonho? (Romero, 47).
DA
Monsenhor Gastaldi ( 1873)
(MB 10, 723-724 = MBe 10, 657-658)
Havia parecido que devia sair do Oratório por assuntos urgentes, embora chovia muito.
Passava em frente do palácio acerbipal e se deparou com Monsenhor Gastaldi, o qual, vestido com
as mais luxuosas vestes pontificiais, com a mitra na cabeça e o báculo pastoral na mão, queria sair
de seu palácio, a pesar da chuva que caía e com as ruas cheias de barro.
Dom Bosco se aproximou e amavelmente a advertiu que, por favor, se retirasse enquanto
lhe dava tempo, porque, de outro modo, se cobriria de lama. Monsenhor se voltou para ele com
olhar de desprezo, não lhe contestou palavra e se pois em caminho. Não se deu por vencido Dom
Bosco, lhe seguiu os passos e lhe suplicava com insistência que lhe escutasse. Então monsenhor lhe
replicou: “Sapateiro, junto a teus sapatos!”. Mas ao falar isto, escorregou, caiu por terra e ficou
totalmente coberto de barro.
Dom Bosco lhe ajudou a levantar-se e insistiu pra que voltasse atrás.
Mas o acerbispo lhe contestou:
- Siga seu caminho, eu vou pelo meu.
E não lhe fez caso. Dom Bosco chorando, seguia-lhe a certa distância e não se cansava de
suplicar-lhe que se afastasse daquele caminho. E eis que o arcebispo caiou pela segunda e terceira
vez, enlameando-se cada vez mais. Levantou-se a duras penas.
Caiu pela Quarta vez e já não pode levantar-se. Suas preciosas vestiduras estavam cobertas
de barro de tal modo que não se via por todo seu corpo mais que uma espessa capa de lama. Se
agitava em vão para levantar-se. Tive que ceder.
Observações:
Tendo “apenas começado as dificuldades com sua excelência”, contado confidencialmente a
alguns irmãos. O “caso Gastaldi” foi uma das contrariedades maiores na vida de Dom Bosco .
Lorenzo Gastaldi foi arcebispo de Turim de 1871 a 1883. Amigos e colaboradores tempos atrás, o
enfrentamento foi grande e complexo, intervindo também a Santa Sé.
Sonhando com o Oratório ( 1886)
(MB 18, 94 = MBe 18, 90)
Na noite de 25 de Abril, parecia estar presente a uma conferência dada por Dom Lemoyne
aos alunos da Quarta e Quinta, notando que faltavam muitos a ela havendo diminuído depois da
Igreja de Maria Auxiliadora, durante a missa da comunidade, observou que haviam diminuído
notavelmente as comunhões, seguidamente ao receber a testemunhos dos jovens, também se
percebeu que muitos não haviam se apresentado.
Observações:
O Senhor em Barcelona em 25 de Abril. Mandou que comunicasse estas coisas a Turim,
avisando que, a seu regresso, manifestaria a cada um a parte que representava no sonho.
Luís Colle ( 1881 – 1885)
( MB 15, 80-92 = MBe 15,80-90)
Dom Bosco pela primeira vez, manifestou algo a senhora em uma carta fechada em 4 de
maio de 1881: “ Esteja tranqüilo, nosso querido Luís esta certamente no Paraíso: que se prepare
seriamente para ir com ele, quando Deus lhe dispor e que reze muito por ele, que ele alcançaria
graças especiais”
Não julgo oportuno dizer mas por escrito, espero lhe manifestar mais tarde de viva voz o que
então não havia desejado contar.
Em 3 de Abril. Estava confessando, e vendo em si uma distração: viu o Luís em um jardim,
onde se divertia com alguns companheiros; parecia completamente feliz.
A visão durou um instante. Luís não lhe disse nada, porém , só em vê-lo infundiu o coração
de Dom Bosco a personagem de que se encontrava no Paraíso. Com tudo, continuou rezando por
ele, pedindo a Deus que lhe deixasse a conhecer algo mais, esperando de sua infinita misericórdia
este favor, pois desaba ardentemente, em limite da possibilidade consolar a um pai e uma mãe
submergidos na desconsolação pela perca de único filho.
Deus escuta muito mais do que poderia fazer imaginando.
Em 27 de maio, festa de Ascensão, Dom Bosco celebrava a missa na Igreja de Maria
Auxiliadora, oferecimento em Santo sacrifício seguindo a infeção dos pais de Luís que assistiam a
ele, quando no momento da consagração viu um jovem em um mar de luz de belíssimo aspecto,
muito alegre, com vestidos rosados e sobre ele veja alguns bordados de ouro.
Dom Bosco lhe pergunta:
- Para que vens agora, querido Luís?
- Não é necessário que vá a parte alguma, respondeu. Neste estado em que me encontro,
não necessito caminhar .
- Eras feliz, querido Luís?
- Gozo da mais perfeita felicidade.
- Não te falta nada?
- Só me falta a companhia de meus pais.
- Porque não fazes de maneira que eles te vejam?
- Porque seria para eles motivo de grava pena.
E dito isto desapareceu.
Porém, durante as últimas orações, se visto ver novamente e depois na sacristia estava vez
acompanhado de alguns jovens do Oratório, falecidos durante a ausência de Dom Bosco, que se
sentiu consolado ante esta aparição.
- Luís, lhe perguntou Dom Bosco, que devo decidir a meus pais para consolar sua
aflição?
- Que se há da luz o que consiga amigos para o céu.
Tudo isto lhe contou Dom Bosco aos senhores Colle durante a permanência da ambos em
Turim. Passado pouco menos de um mês teve outra visão, por ele descrita e citada carta a mãe, de
festa 3 de Julho. Dom Bosco havia continuado pedindo ao Senhor que lhe dissesse a conhecer algo
mais precioso. Desde maio a julho teve uma só vez em consolo de ver o jovem e de ouvir sua voz.
“E m 21 de junho passado, escreveu Dom Bosco, durante a missa pouco antes da
consagração, lhe viu com seu rosto sorrindo e de uma beleza de uma resplandecia como sol.
Imediatamente lhe perguntei se tinha algo que dissemos e me respondeu simplesmente.
- São Luís me há protegido eme há calmado de benefícios.
Então se replicou:
- Há algo que fazer?
E repetindo a mesma resposta desapareceu.
Desde então não vi nada mais. Se Deus em sua infinita misericórdia se dignasse manifestarme algo mais e se o comunicaria imediatamente.
Passou um par de meses depois, eis aqui uma nova aparição.
Se a narra Dom Bosco a senhora condessa em 30 de Agosto, em os seguintes termos.
“Durante a oitava da Assunção da Santíssima Virgem, e mais em 25 deste mês, havia rezado
e havia feito rezar por nosso querido Luís. Precisamente em 25, n momento da consagração da
Hóstia, teve grande consolo de vê-lo vestido da maneira mais esplendorosa. Estava como em um
jardim por ele que passeava com alguns companheiros. Todos juntos cantavam: Jesus, corona
Virgum, espera com vocês tantos acorde e com tal harmonia que não possibilite expressa-lo. Em
médio eles, se levantavam um alto. Ia desaba ver aquilo e acabar aquela harmonia, espero o
instante, uma luz vivíssima como relâmpago me obrigou a fechar os olhos. Depois me encontrei, em
um altar dizendo missa. E rosto de Luís era belíssimo, parecia muito contente o melhor, plenamente
contente. Durante a missa quis rezar pelo senhor, para que o senhor nos conceda a graça singular de
encontrarmos um dia todos juntos no Paraíso”.
Esta carta foi escrita em São Benigno, onde via a ver Luís como conto mais tarde em Tobi.
Um dia, estando em sua habitação preparando para falar, lhe parecia Ter alguém ao lado. Se
via aquela parte e a pessoa que fosse se passar ao outro lado. Foi coisa de um instante. Me
perguntava que pudesse ser aquilo.
- Não me conheces? Ouvir dizer.
- Oh, Luís, exclama o Santo. Como é que te encontrar em São Benigno?
- Para mim é tão fácil estar em São Benigno, como na Farlede em Turim ou onde
queira.
- Porque, não desejas ver teus pais que tanto te amam?
- Sim, sei que me amam, porém para que me possam ver, faz falta o consentimento de
Deus. Se eu falasse a eles, minhas palavras não conseguiram o mesmo o mesmo resultado. É
necessário que estas passem por você.
O tema das aparições volta a ser outras freqüentes vezes objeto das cartas de Dom Bosco
durante o ano de 1882. O 30 de junho escrevia a senhora Colle:
Tenho a satisfação de comunicar-lhe que tenho aqui o consolo de sempre ver a nosso sempre
querido e amável Luís. Há muitos detalhes que espero poder pessoalmente comunicar-lhe. Uma vez
o vi jogando num jardim com alguns companheiros, ia ricamente vestido, de uma maneira que não
saberia descrever. Outra vez o vi em outro jardim, onde cortava flores que levava a um rico salão,
colocando-as sobre uma mesa. Lhe perguntei:
- Para quem são essas flores?
- Me encarregaram de recolhe-las! Me respondeu, e com elas farei uma coroa pra minha
mãe e para meu pai, que estão trabalhando muito para minha felicidade.
Lhe escrevo mais coisas em outro momento.
Em 4 de Dezembro escrevia à mesma senhora:
Eis que vi várias vezes nosso amado Luís, vestido de uma maneira esplendorosa que era
para vê-lo mais que para descreve-lo.
Espero fazer-lhe uma visita em Tolon no mês de fevereiro próximo e poder passar uns dias
em sua companhia e do senhor conde, seu amadíssimo esposo e grande benfeitor das obras
salesianas.
Dom Bosco faz aos senhores Colle a visita anunciada porém, no mês de março, em cuja
ocasião explicou melhor o relacionamento com Luís. Falou então de uma aparição que teve em
Roma o 30 de abril do ano anterior, 1882.
Era a festividade o Patrono S. José, terceiro Domingo depois da Páscoa. Estando na sacristia
da capela existente junto à Igreja em construção do Sagrado Coração, vi o Luís tirando água de
um poço.
- Para quem tiras tanta água? Lhe perguntei.
- Para mim e para meus pais.
- E porque em tanta quantidade?
- Não compreende? Não vê que se trata do Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus
Cristo? Quanto mais tesouros de graça e de misericórdia saem dEle, tanto mais se recolhe.
- E como é que te encontras aqui?
- Eis que venho te fazer uma visita e dizer-te que sou feliz.
Naquele ocasião permaneceu em Tolón de 5 a 14 de março e contou outras muitas coisa, que
não todas tenho escritas. Ente outros detalhes, afirmo que Luís, em suas diversas aparições, se
apresenta sempre vestido distintamente e que interrogado por ele sobre a causa desta variedade, o
contestou:
- Isto é somente para satisfação de sua vista.
Conservava sempre no rosto os mesmos traços que quando vivia, porém suas mochilas
estavam cheias e sua expressão alegre; de sua pessoa saíam certos reflexos dourados e suas roupas
eram da cor de lírios e das rosa e ainda mais esplêndidos; seu olhar era radiante e de uma
luminosidade que ia por momentos até deslumbrar o que fixava nela. Referindo-se as aparições
durante a missa, digo que duravam apenas um minuto ou um minuto e meio e que, sem que
houvesse prolongado um pouquinho mais, havia caído ao chão, e não poder suportar aquele contato
com o mundo sobrenatural.
Enquanto ao valor das aparições, a condessa, que estava dotada de uma inteligência
esclarecida, perguntou a Dom Bosco o particular o qual, como ela escreve, se expressa nestes
termos:
Refletindo sobre estas aparições e estudando o caráter das mesmas, estou convencido de que
não se trata de um engano ou ilusão, destino de uma autêntica realidade. Tudo quanto contemplo é
claro e conforme com o Espírito de Deus. Luís esta gozando, sem dúvida alguma das delícias do
Paraíso. Respeito a freqüência de tais visões, ignoro qual seja o fim secreto que propõe a
Providência; creio que aparece para instruir-me, ensinando-me muitas coisas de ciência e de
teologia para me, antes completamente desconhecida.
Voltemos aos textos narrados pelo Santo naquela circunstância. Um dia Luís lhe apresentou
uma rosa, dizendo-lhe:
- Queres saber que diferença há entre o natural e o sobrenatural? Olhe esta rosa...
Observa agora.
Imediatamente a rosa se tornou tão esplendorosa que adquiriu brilho de diamante feridos
pelos raios do sol.
- Agora, olhe este monte, voltou dizer-lhe.
- E eis aqui que um monte a princípio de pedra e com grandes concavidades cheias de
lama, de horroroso aspecto, transformou-se numa maravilhosa montanha, aparecendo, no lugar dos
buracos cheios de lama, muitas pedras preciosas.
- Nestas ocasiões, estando Dom Bosco em Hyères foi convidado para um banquete , se viu
na mesa, senão (destinada) numa espécie de ampla galeria, na que Luís, saindo-lhe ao encontro, lhe
disse:
- Olhe que banquete, tão luxuoso e que manjares tão deliciosos!
É excessivo! E, ao mesmo tempo, há tanta gente morrendo de fome.
São gastos excessivos! Tem que combater este lamentável desperdício no comer.
Entretanto os convidados dirigiam a palavra a Dom Bosco, e querendo que estivesse
distraído lhe falavam:
- Dom Bosco, Dom Bosco!
Uma vez, entre Dom Bosco e Luís, se começou ( iniciou) este interessante diálogo:
- Meu querido Luís, estas feliz?
- Felicíssimo.
- Estas morto ou vivo?
- Estou vivo.
- E, entretanto, você esta morto.
-
Meu corpo foi sepultado, mais eu estou vivo.
Mas, é teu corpo o que vejo?
Não é meu corpo não
É teu espírito.
É tua alma?
O que é, pois, o que vejo?
É minha sombra.
Mas uma sombra como pode falar?
Porque Deus o permite.
E tua alma onde está?
Minha alma esta junto a Deus, esta em Deus e você não a pode ver.
E tu como nos pode vê?
Em Deus se vêem todas as coisas; o passado, o presente, o futuro, como num espelho.
Que fazes no céu?
- No céu repito sempre: Glória a Deus! Sejam dadas graças a Deus! Graças àquele que nos
criou; àquele que é dona da vida e da morte. Graças! Louvores! Aleluia! Aleluia!
- E teus pais? Que me dizes para eles?
- Que peço por eles continuamente e assim lhes correspondo. Os espero aqui no Paraíso.
Em uma nova aparição, Dom Bosco lhe perguntou novamente sobre o assunto da sombra.
- Me disse que eu vejo somente tua sombra, porque tua alma esta em Deus. Como pode
ter uma sombra aparência de corpo vivo?
- Prontamente o verás, rapidamente poderás comprovar, respondeu.
Dom Bosco estava esperando esta prova. Algum tempo depois como ele contou, apareceu
uma noite o defunto pároco de Castelnuovo, passeando debaixo nos pórticos do Oratório. Parecia
muito saudável e contente.
- Oh! senhor pároco! Exclamou Dom Bosco. Você aqui? Como esta?
- Sou feliz, felicíssimo. Passei comigo.
- Não deseja nada?
- No céu tem tudo quanto deseja. Porém permita; vamos falar.
- Me conhece bem?
- Oh! maravilhosamente!
- Olhe-me atentamente. Não vê que estou em plena juventude e cheio da mais perfeita
alegria?
- Sim, senhor pároco, é você, não o pode por em dúvida dúvida.
Depois de haver passeado um tempo, como seria estar em outro tempo, o aparecido lhe
disse:
- Que, tem aprendido a lição?
E ao falar isso desapareceu.
Então Dom Bosco compreendeu que Luís as havia entendido com aquele sacerdote. E,
depois de contar isto, disse aos senhores Colle:
- Semelhantes favores são tão extraordinários que espantam pela responsabilidade que
recai sobre quem tem a obrigação de corresponder a tantas graças.
Durante a viajem de Dom Bosco pela França, em 1883, as aparições se multiplicaram.
Na Lição de Laetare, 4 de março, desde as quatro as seis da tarde, no trajeto de Cannes a
Tolón, Luís lhe fez companhia no trem desde a primeira a última estação. Lhe falava em latim,
elogiando as grandezas das obras de Deus. Entre outras coisas, lhe chamou a atenção sobre as
nebulosas e lhe deu lições de astronomia, para ele completamente novas.
Se tivesse que ir, lhe disse, de trem da terra ao sol, se empregaria não menos que
trezentos e cinqüenta anos. E para chegar a parte oposta deste astro (sol), haveria que percorrer uma
distância igual; empregando-se em todo percurso setecentos anos. Agora bem, cada nebulosa e
cinqüenta milhões de vezes maior que o sol e sua luz, para chegar a terra, demora dez milhões de
anos. A luz do sol percorre 300 mil k/m por segundo...
Ao chegar aqui, chegar aqui, vendo que continuava com semelhantes cálculos
astronômicos:
Basta, basta!, lhe disse Dom Bosco, Minha mente não consegue te seguir. Me canso
tanto que não posso resistir.
E contudo, isto é somente o princípio das grandezas das obras de Deus.
- Come é que estás no céu e aqui?
- Mas veloz que a luz e com a rapidez do pensamento, posso chegar aqui, a casa de
meus pais e em qualquer outro lugar.
Alguns dias depois em Hyères, durante a missa, eis que lhe apareceu novamente Luís.
- Que tem de novo, Luís?, lhe perguntou Dom Bosco.
Luís lhe assinalou uma região da América do Sul onde era necessário enviar missionários e
lhe mostrou na cordilheira os manancial de Chubut.
Agora, lhe disse Dom Bosco, deixa-me rezar (dizer) missa. De outra maneira, as
distrações não me deixaram prosseguir.
- É necessário, continuou Luís, que os meninos comunguem com freqüência. Deve
admiti-los rapidamente a santa comunhão. Deus quer que se alimentem da Sagrada Eucaristia.
- Mas, como lhes dar a comunhão quando são tão pequenos?
- Quando tiverem quatro ou cinco anos lhes deve ensinar a Hóstia Santa e a que rezem
com a vista fixa nEla ; esto será uma espécie de comunhão. Os meninos deves estar convencidos de
três coisas: de que se deve amar a Deus, de que se deve comungar freqüentemente e de que se deve
professar uma sincera devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Porém esta última inclui as duas
primeiras.
Em uma visão precedente; Luís lhe havia assinalado um poço no meio do mar, dizendo:
- Olhe aquele poço. As águas do mar penetram nele continuamente e o mar não diminui
nunca. O mesmo acontece com as graças contidas no Sagrado Coração de Jesus. É fácil recebe-las:
basta pedir.
- Em abril do mesmo ano, celebrava a missa em Paris, no Igreja de Nossa Senhora das
vitórias. Luís lhe apareceu, enquanto o Servo de Deus distribuía a comunhão. O viu, como sempre,
cercado de glória e tendo no pescoço um colar de diversas cores, branco, negro, roxo; mas, além
destas três havia outras inumeráveis que não se podia descrever. A impressão sentida por Dom
Bosco lhe deteve a mão, impedindo-lhe que continuasse distribuindo as espécies. Os coadjutores da
Igreja, pensando que fosse cansaço, começaram distribuir a comunhão.
Dom Bosco disse a Luís:
- Como é que estas aqui? Por que tens vindo, enquanto dou a comunhão? Vês como estou
ficando surpreso?
- Esta é, respondeu, a casa das graças e das bênção.
- Porém, onde estão os demais? Não vejo nada. Que devo fazer?
- Distribua a santa comunhão.
- Onde estão os que estavam ao pé do altar?
- Distribua a sagrada comunhão. Eis ai os que queria ver.
Luís então desapareceu e Dom Bosco se encontrou no altar terminando a missa.
Em Paris lhe apareceu pela segunda vez, dali a poucos dias, na Igreja da Santa Clotilde.
Dom Bosco tinha ido celebrar nela, tentava inutilmente livrar-se da multidão para a ação de graças.
Na sacristia lhe cercavam por toda parte.
- Deixa-me um momento, dizia, deixa-me que reze ao menos uma pai-nosso.
Porém nada lhe fazia caso. Ao ver isto, o pároco o levou a um quarto contíguo.
Apenas tinha entrado nele, aquele (quarto) iluminou-se de luz celestial e viu a Luís ir de uma
parte a outra sem fazer ruído.
- Oh!, fala-me; diz-me algo, como tem feito sempre.
-
Tenho algo importante para comunicar-lhe, porém não chegou o tempo de faze-lo
ainda.
- Pois é necessário que me fales, tenho que ver teus pais, e que consolo lhes posso
proporcionar?
- Conselhos os terão. Que continuem rezando, servindo a Deus e a Virgem Maria. Eu estou
preparando a felicidade de ambos.
- Rezar! Já não há necessidade de rezar por ti. Sabemos que es feliz. Por que queres que
teus pais continuem fazendo orações até cansar?
- Com as orações doamos glória a Deus.
- Por que não fazes uma visita a teus pais que tanto te amam?
- Por que queres saber o que Deus tem reservado para si?
Dito isto desapareceu.
Dom Bosco quis ressaltar que Luís permaneceu todo o tempo com a cabeça descoberta.
No ano de 1883, na noite de 30 de agosto, Dom Bosco teve um grande sonho que
contaremos a seu tempo. Lhe pareceu encontrar-se em uma espaçosa sala entre numerosos amigos
que já haviam passado para a eternidade. Um deles com uns quinze anos, de celestial beleza e mais
resplandecente que o sol, aproximou-se: era Luís. Em uma viagem rapidíssima fez Dom Bosco ver
a herança espiritual reservada aos salesianos da América; os suores e o sangue com que fecundaram
aquelas terras e a prosperidade material das mesmas.
O 15 de outubro pediu a Lemoyne uma cópia deste sonho para enviar a Tolon. Tenha a
bondade, lhe dizia, de concluir o sonho da América e envie-me imediatamente. O conde Colle esta
desejoso de lê-lo, mas o quer traduzido em francês, o que procurarei fazer imediatamente.
Escrevendo depois ao conde, no dia 11 de fevereiro de 1884, lhe dizia: A viagem realizada
por mim com nosso querido Luís, se explica mais. Nestes momentos parece que se tem colocado no
centro de todos os assuntos. Se tinha, se escreve, se publica muito para explicar e colocar em prática
nossos projetos. Se o Senhor nos concede a graça de uma entrevista terei muitas coisas para contarlhes.
É interessante o que em, em 1884, lhe sucedeu ao Santo no Orto. Regressando de Roma o
14 de maio, houve de parar naquela estação umas quatro horas.
Era de noite; na sala de espera tentou dormir em sua cadeira grande, porém não conseguia. E
eis que viu diante de si Luís, enquanto desapareciam de sua vista todos os demais objetos. Dom
Bosco se levantou e foi ao sei encontro dizendo-lhe:
- És tu, Luís?
- Não me conhece? Não se recorda da viagem que fizemos juntos?
- Oh sim, me recordo muito bem! Mas como se poderá realizar todas aquelas coisas? Estou
cansado e minha saúde vai de mau a pior.
- Sua saúde vai mal? Não está certo... Mamãe. Me dará a respeito.
A visão desapareceu à hora da partida.
Dia seguinte era o primeiro da novena de Maria Auxiliadora.
Dom Bosco, que desde o seu regresso da França, havia ido de mal a pior, experimentou uma
sensível melhora que, de dia em dia, se foi acentuando.
Quando saio da estação de Arte, eram as duas da madrugada.
Dom João Batista Lemoyne que acompanhava a Dom Bosco; ficou impressionado ao ver,
em sua maneira de proceder, algo fora do comum. Com efeito tendo-se encontrado com o chefe do
trem que lhe convidava a subir lhe disse:
- Sabe quem eu sou?
- Não sei, replicou aquele.
- Sou Dom Bosco.
- És quem?
- Sou Dom Bosco, de Turim.
O diálogo foi interrompido, porque o trem se pôs em marcha.
Nestas palavras e na maneira de proferi-las caminhava. Se algo singular, que Lemoyne não
havia prestado atenção; pelo que buscando uma explicação e ignorando o sucedido, chegou a fazer
mil suposições, não comprovadas por ele nem por nada. O feito desta aparição foi narrada por ele
Servo de Deus aos esposos Colle em primeiro de janeiro de 1885 em Turim.
Um segundo sonho, que ocorreu no dia primeiro de fevereiro de 1885, diz ver Dom Bosco, o
porvir de suas missões.
A 10 de Agosto escrevia o santo ao Conde:
“Nosso amigo Luís me conduziu a dar um passeio pela centroamérica, terra de cão, por ele
chamada, e pelas terras da china. Sim Deus nos concede que nós vejamos, conversaremos
largamente”.
Isto nos aclara quem fosse o personagem que em certo momento se lhe, pôs ao lado quando,
desde a América, se encontrou de pronto transladado para a África, de cujo personagem havia dito
ao narrar o sonho: “Eu reconheci nele o meu intérprete”.
Deste mesmo sonho encontramos também uma alusão em outra carta fechada a 15 de janeiro
de 1886: “ Receberão notícias, disse Dom Bosco, do passeio realizado pela China com nosso Luís.
Quando Deus nos conceder de nos encontrarmos, teremos muitas coisas que nos dizer. Do quanto
procede se deduz que em junho de 1885, não havia dito nada ainda aos Condes Colle.
A última aparição da qual temos tido notícias teve lugar na noite de 10 de Março de 18885.
Dom Bosco insistia a Luís para que lhe dissesse alguma palavra e este lhe respondeu:
- Sim. Pedi por tua cura.
- Pois bem, foi melhor que não sarasse.
- Como é possível? Havias feito muitas obras boas, havias proporcionado muitos consolos a teus
pais, te havias dedicado eternamente a glorificar a Deus..
- Estas seguro dele? Você mesmo tem pronunciado uma sentença amarga para mim, amarga para
meus pais; mas foi para o meu bem.
Quando você pedia por minha saúde, o Santíssima Virgem dizia a Nosso Senhor Jesus
Cristo: “ Agora é meu filho. Eu o quero levar agora que é meu”.
- Quando nos devemos nos preparar para vir para o céu?
- Se aproxima o momento em que lhe darei a explicação deseja.
Dom Bosco contou aos Condes tudo isto na galeria, junto à sua casa a primeiro de Junho de
1885, vigília aquele ano da festividade de Maria Auxiliadora. Terminado seu relato observou:
- Indizível era a beleza dos ornamentos que cobriam a pessoa do nosso querido Luís somente a
coroa que lhe cingia a fronte, havia requerido não dias ou meses, mas anos para examiná-la
detalhadamente; tal variedade de adornos oferecia à vista, tornando-se cada vez mais brilhante e
tornando-se maior a medida que se contemplava.
Os pais, antes de conhecer todas as coisas sucedidas depois do mês de março de 1883 e que
lhes foram contadas em 1885, não estavam muito tranqüilos sobre a sorte do filho, pelo qual pediam
a Dom Bosco orações especiais em sufrágio da alma do defunto. O santo lhes respondeu uma vez:
- Eis começado já a novena de missas, comunhões, orações especiais por nosso Luís que creio
que se rirá de nós, porque rezamos por ele para sufragar sua alma quando na realidade, é o nosso
protetor no paraíso e continuará protegendo-nos até que nos acolha na felicidade eterna.
Observações:
Dom Bosco conheceu a família dos conde Colle, de Tolón (França), em 1881, e manteve
com ela uma amizade profunda. Seu filho Luis morreu em 03 de Abril de 1881. Segundo a
documentação, Dom Bosco e Luis continuaram durante anos relacionando freqüentemente, depois
da morte do jovem.
"Estes episódios ou visões são outro característico diálogo com os mortos do qual o santo foi
protagonista" (Straniero, 83). Ao falar da aparição de Comollo, tinha usado a expressão "comércio
com os mortos".
A escrava do Senhor ( 1887)
(Romero 95-99; MB 18, 253-254 = MBe 18, 225)
Não sei se foi sonhando ou acordado, nem tão pouco pude dar-me conta em que lugar me
encontrava, quando uma luz ordinária começou a iluminar aquele lugar.
Depois se deixou ouvir uma espécie de ruído prolongado e apareceu uma pessoa rodeada de
muitas outras que se iam cercando. Aquelas pessoas levavam enfeites tão luminoso, que todas a luz
anterior caiu como convertida em trevas, sendo impossível manter a vista segura nos presentes.
Então a pessoa, que parecia servir as demais de guia, se adiantou um pouco e começou a
falar em latim desta maneira.
- Eu sou a humilde escrava do Senhor, enviada para curar a tua enfermidade Ludovico.
Estava já
Estava chamando ao descanso: Mas agora, em troca, a fim de que se manifeste na glória de Deus,
terá que pensar ainda em sua alma e na s dos seus. Eu sou a escrava, na qual fez grandes coisas
aquele que é poderoso e seu nome é santo. Meditando atentamente sobre esto compreenderas o que
deve suceder. Amém.
Eis aqui:
Continuação das palavras daquela que se chamou a si mesma a escrava do Senhor. Eu tenho
minha morada nos mais alto dos céus para fazer os ricos que me amam e regressar seus tesouros.
Tesouros dos jovens são as palavras castas e as ações puras. Por isso, você ministros de Deus,
levantai a voz e não canseis jamais de gritar. Ai das coisas contrarias ou seja das más conversações.
As más conversações corrompem o bons costumes. Os que falam incessantemente e de maneira
obscena, dificilmente se corrigirão. Se quereis fazer coisas agradáveis a mim, procura Ter boas
conversações entre vocês e deis mutuamente os bons exemplos. Muitos de vocês prometem florem
e só aparecem espinhos a Mim e a meu Filho.
- Por que fazendo confissões tão freqüentes vossos corações está tão distante de mim?
Decide e
faz o bem e não o mal. Eu sou uma mãe que amo a meus filhos e detesto suas culpas. Voltarei no
meio de vós para levar alguns ao verdadeiro repouso. Me cuidarei deles como a galinha cuida a seus
pintinhos.
E vocês, artesãos, sede artífices de boas obras e não de iniqüidade. As más conversas são
como uma peste que se infiltra entre vocês. Vocês são chamados a administrar a herdade do Senhor,
levantai a voz, não vos canseis de gritar, até que venha aquele que os chamará a dar contas de vossa
administração. Minhas delícias se baseia em estar com os filhos dos homens. Mas o tempo és breve:
portanto, enquanto tens tempo. Trabalha com ânimo esforçado.
Observações:
Nos dia 4 e 5 de Janeiro Dom Bosco teve dois sonhos, que aparecem ligados; por isso aqui
estão colocados juntos, já que as palavras da Segunda noite dizem, explicitamente, "continuação".
Através da narração destes sonhos, tem lugar o colóquio de Dom Bosco com Dom Lemoyne: Este
chama a estes sonhos de "visões", e Dom Bosco responde: "tens razão".
Ludovico Olive tomou parte em 1906 da primeira expedição de salesianos a China, onde
exerceu seu apostolado até 1921, ano em que morreu. (...)
SM
UM ORATÓRIO PARA AS JOVENS (1884)
(MB 17, 486-488 = MBe 17, 418-420)
Pareceu-lhe sair do oratório, com sua mãe e com seu irmão José, encaminhando-se para a
rua Dora Grossa, hoje Garibaldi, dirigindo-se depois a São Filipe, onde entraram para rezar. Na
saída os aguardava uma multidão de gente e cada um dos presentes o convidava para que fosse até
sua casa; porém ele dizia que não podia, porque tinha que fazer algumas visitas. Um bom obreiro,
que sobressaía entre todos, lhe disse:
- Mas detenha-se um momento para fazer a primeira visita em minha casa.
Dom Bosco consentiu.
Depois continuaram a caminho em companhia daquele obreiro em direção ao Pó. Ao chegar
próximo da grande praça de Vitor Manuel, viu em uma pequena praça próxima ume grupo de
meninas que se divertiam e o obreiro, acenando-lhe o lugar:
- Eis aqui, lhe disse, nestes terrenos o senhor tem que fundar um oratório.
- Oh, por caridade! Exclamou Dom Bosco. Não me diga isso. Temos já muitos oratórios,
tantos que não podemos provê-los de pessoal.
- Pois aqui se necessita de um Oratório para as meninas. Para elas tem somente oratórios
privados, porém um verdadeiro oratório público até agora não se tem visto.
Continuando o caminho para o Pó, junto aos átrios da praça, à mão direita, eis que aqui todas
aquelas meninas, suspendendo os jogos se agruparam em torno dele gritando:
- Oh, Dom Bosco, acolha-nos em um Oratório! Nós estamos nas mãos do demônio que
faz de nós o que quer! Vamos! Socorre-nos; abra também para nós uma arca de salvação,
abra um Oratório.
- Mas, minhas filhas, olhem, agora não posso; me encontro numa idade na que não me é
possível ocupar-me de semelhantes coisas... No entanto, rezem ao Senhor, sim, rezem e Ele
proverá.
- Si, rezaremos, rezaremos, mas o senhor deve ajudar-nos, cobri-nos o manto de Maria
Auxiliadora.
Sim, rezem. Mas decidam-me, como queirais que eu faça para abrir aqui um
oratório?
Olhe, Dom Bosco, disse a que parecia mais decidida: vês esta rua que ao largo do
Pó? Pois vá ao número 4. É uma casa onde agora tem militares. À frente deles, esta um tal
senhor Burlezza, que está disposto a vender o dito local; o cedera, pois, com prazer.
Bem, bem, verei de fazer algo; vós, entretanto, rezais, mas Senhor concorde
conosco e com nossas necessidades.
O Servo do Deus então se afastou, quis observar o local, encontrou os militares, porém, o
senhor Burlezza, não. Depois disto, dirigiu-se ao Oratório e, ao chegar, se despertou.
Observações:
Este sonho ocupou a Dom Bosco toda a noite de 17 de Julho de 1884; na manhã seguinte o
narra às Salesianas (FMA). Dom Bosco mandou a Viglietti que verificasse se na realidade existia
aquele lugar: as coisas apareceram como Dom Bosco as havia sonhado, porém, parece que o lugar
não estava à venda. (...)
O RAMALHETE DE FLORES (1886)
(MB 18, 21 = MBe 18, 28-29)
Há alguns anos sonhei que, depois da missa da comunidade, estava passeando entre os
jovens. Todas me rodeavam e olhavam escutando minhas palavras. Perto havia um que estava de
costa para mim. Quando Dom Bosco passava no pátio com os alunos, os que iam andando diante
dele acendiam a aureola, na outra direção estava um sempre de costa virando sempre a cara. Esse tal
levava na mão um bonito ramalhete de flores de varias cores, brancas, roxas, amarelas, verdes,
violetas... Eu disse então que se desse a volta e olhasse para mim; ele então se voltou durante uns
momentos, mas pouco depois retomou a dar-me as costas. Eu te afasto dessa maneira de proceder,
eu me descordo:
- Dux alisum hic similis companae, quae vocat alias ad templum Domini, ipso autem nom
intrat im ecclesian Dei. Eis que servira de guia dos demais e os servirá de companhia, que chama os
outros das casas dos senhores, para que entrem na Igreja.
Ao ouvir esta palavras tudo desapareceu e eu me ouvi pronto de tudo que havia sonhado.
Observações:
Na noite de 30 de Setembro de 1886, os jovens rodearam a Dom Bosco, pedindo-lhes que
lhes contasse algum sonho que se referia a eles: Dom Bosco aceitou. Disse que o teve "há alguns
anos".
MMM
A RODA DA FORTUNA (1856)
(MB 5, 456-457 = MBe 5, 327)
“Era no ano de 1856.
Sonhando, pareceu-me encontrar numa praça onde vi uma roda parecida com a chamada
roda de fortuna. Compreendi que representava ao Oratório. O cabo da dita roda era manejado por
um personagem, o qual pediu que me aproximasse e disse:
- Preste atenção!
E dizendo isto, fez a roda dar uma volta. Eu senti um pequeno ruído que certamente não
deixou escutar além do limite do lugar em que se encontrava de pé. O personagem me perguntou:
- Viste? Ouviste?
- Sim , repliquei: vi girar a roda e ouvi um pequeno ruído.
- Sabes o que significa uma volta da roda?
- Não.
- Significa dez anos de existência em teu Oratório.
E assim repetiu quatro vezes o movimento do cabo e a mesma pergunta.
Mas a cada volta o ruído aumentava, de forma que ao produzi-lo pela segunda vez, creio que
se ouvira em Turim e em todo Piemonte, à terceira na Itália, a quarta em todo o mundo. A quinta
volta, o personagem acrescentou:
- esta será a sorte do oratório.
Considerando os diferentes estados da obra de Dom Bosco, a viu limitada no primeiro
decênio unicamente à cidade de Turim, no segundo estendida a diversas províncias do Piemonte, no
terceiro aumentava sua fama e influência a muitas regiões da Europa e, finalmente, no quinto, é
conhecida e requerida sua implantação em todas as partes do mundo.
Observações:
Este sonho foi relatado por Dom Rua na "deposição" para a canonização de Dom Bosco.
DL
O CONGRESSO DOS DIABOS (1885)
(MB 17, 385-387 = MBe 17, 333-335)
Me parecia estar em uma grande sala, onde muitos diabos celebravam um congresso,
tratando o modo de exterminar à Congregação Salesiana. Pareciam leões, tigres, serpentes e outras
diversas classes de animais, mas tinham uma forma indeterminada, mas bem semelhante à figura
humana. Pareciam sombras que, umas vezes, cresciam e, outras, diminuiam que se estabilizavam ou
se alargavam como sucederia com os corpos que tivessem detrás de si uma luz que fosse levada de
uma parte a outra, colocada do solo ou levantada.
E eis que um dos demônios se adiantou e abriu a sessão. Para destruir à Sociedade Salesiana
propões um único meio: A gula. Nisso ver as conseqüências deste vício: inércia pra o bem,
corrupção de costumes, escândalos, falta de espírito de sacrifício, descuido dos jovens... mas outro
diabo replicou:
- O meio que propomos não é geral nem eficaz. Também não se pode assaltar com ele
todos os membros em conjunto, pois a mesa dos religiosos será sempre farte e o vinho se servirá em
medida discreta; as regras determina sua comida habitual; os superiores observam para que não
entrem desordens. Quem se exagerasse na comida ou na bebida, em vez de escandalizar, causaria
desprezo. Não é esta a arma que havia de empregar para combater aos salesianos; eu proporia outro
meio, que será mais eficaz e com o que se poderá conseguir (obter) melhor nosso desejo; o amor às
riquezas. Em uma congregação religiosa, quando o amor às riquezas, penetra também se rompe o
vínculo da caridade, não pensando cada um mais que em sí mesmo. Se fecham os ouvidos aos
pobres para atender unicamente aos que tem bens de fortuna, se rouba à congregação...
Aquele quis continuar; porém surgiu um terceiro que exclamou:
- Mas, que gula, nem que riquezas. Entre o salesianos o amor às riquezas pode subjugar a
poucos. Os salesianos são todos pobres, tem poucas ocasiões de procurar-se um bem. Além disso,
em geral, estão constituídos de tal forma e são tantas suas necessidades pelos muitos jovens que
entendem e as casas que tem que fornecer, qualquer quantidade por grossa que fosse, seria
imediatamente empregado. Não é possível que acumulem dinheiro. Mas eu tenho um meio infalível
para ganhar a nossa causa à Sociedade Salesiana, e este é a liberdade. Induzir, pois, aos salesianos, a
desprezar as Regras, a repelir certas ocupações por pesadas e pouco honoríficas, a produzir conflito
entre os Superiores com opiniões diversas, a ir visitar aos parentes, só pretexto de invitações, e
coisas semelhantes.
Enquanto os demônios parlamentavam (falavam). Dom Bosco pensava:
- Já vai me dominar de tudo quanto estais dizendo. Fala, pois assim pode frustar a vossas
tramas.
Entretanto, se adiantou um quarto demônio que disse:
Mas se essas armas que vocês propuseram são inúteis. Os superiores saberão por freio a
essa liberdade, despedindo de casa aos que se mostrem rebeldes contra as regras. Alguns será
talvez deslumbrado pelo desejo da liberdade, mas a grande maioria se manterá em cumprimento de
seu dever. Eu tenho um meio pra poder destrui-los todos desde seus fundamentos; um meio tal que
a duras penas os salesianos poderão precaver-se deles. Escuta-me com atenção persuadi-los de que
a ciência deve ser sua glória principal. Por tanto, induzi-los a estudar muito pra si, para adquirir
fama e não pra praticar o que aprendem, não para possuir a ciência em benefício do próximo.
Assim, procurar que tratem com desprezo aos pobres e ignorantes e que não atendam em absoluto
ao Sagrado Ministério. Nada de oratórios festivos.
Enquanto estavam nesta conversação, se levantou um clamor de homem furioso : eram
vozes semelhantes às dos bêbados. Se notava que os que chamavam avançavam ente as árvores.
Dom Bosco assustado, correu e a mulher correu atrás dele até que chegaram à extremidade
de uma praia. Seguir adiante não se podia e não havia que pensar em voltar a trás. Dom Bosco
estava sobre as brasas. Entretanto, aqueles indivíduos se aproximavam alvoroçados e pisoteando
com irritação as castanhas que haviam caído no chão.
Aqui comenta Lemoyne: “talvez se trata das vocações contrariadas, a causas principalmente
das lutas contra as casas de nossas irmãs, ou melhor, a sorte das que ficam no meio do mundo”.
Dom Bosco, a escutar semelhante ruído, se despertou, mas pouco depois, cochilou e voltou
a sonhar.
Pareceu-lhe estar sentado a margem de um riacho; a pouca distância estava também sentada
a mulher com seu cesto cheio de castanhas.
Na distância ressoavam ainda os gritos daqueles loucos, parecia que se perdessem detrás de
uma colina, mas foi coisa de breve instantes.
Dom Bosco tinha o olhar seguro naquelas castanhas, que eram grossas e formosas sobre
maneira. Mas, a fixar-se bem, notou que algumas tinham o buraco feito pelo verme.
- Oh! Olhe - disse então a mulher... – Que faremos com estas? Estão bichadas.
- É necessário afastá-las pra que não venham por perder às saudáveis.
Tem que despedir às filhas que não são boas e não tem o espírito da casa, pois o verme da
soberba ou de outros vícios as corroe: especialmente se trata de postulantes.
Comenta Lemoyne: “As castanhas, na segunda parte do sonho, representam às FMA”.
Dom Bosco, que continuava contemplando aquelas castanhas, tomou algumas e, ao
comprovar que as podres não eram tantas, se o fez notar à mulher, a qual disse:
- Aquelas que ficaram ai estão todas boas? Não terá o verme dentro sem que se note por
fora?
- E como se poderá descobrir se estão boas ou más?
- Ah! A coisa é difícil. Algumas sabem fingir tão bem que parece impossível chegar a
conhecê-las.
- E então?
- Olha, tem um meio, só mete-la à prova das regras e não as perdas de vista. Assim verás
quem tem ou não o Espírito de Deus. É uma prova esta mediante a qual dificilmente se confunda
um atento observador.
Dom Bosco continuava pensando nas castanhas sem deixar de olha-las, até que se
despertou improvisadamente . Começava a amanhecer.
Disse depois a Lemoyne que, durante uma semana inteira, se havia repetido este sonho noite
após noite; bastava que se adormecesse para que imediatamente se apresentasse a sua imaginação a
cena da mulher e as castanhas.
Uma vez mulher o falou assim:
- Está atento com as castanhas podres e com a vazias. Provai-as metendo-as em água
dentro da panela. A prova é a obediência. Conhece-las. Sem se amarrar as podres entre os dedos,
soltam imediatamente o mal humor que tem dentro. Tira-las. As que estão vazias sobem a flutuar.
Não se fixam embaixo como as outras, sorte que querem sobre sair de alguma maneira. Toma-los
com a escumadeira e tira-las. Não esqueças as boas , quando estão cozidas, não se limpam
facilmente. Tem que tirar primeiro a casca e logo a pele. Então te parecerão brancas, muito brancas;
Mas observa bem; algumas são falsas; abri-as e verás em meio outra pele, ali escondido tem um
suco amargo.
Observações:
Tido em 30 de Novembro; contado a Viglietti em 02 de Dezembro.
SM
AS CASTANHAS (1881)
(MB 15, 364-366 = MBe 15, 318-320)
Pareceu a Dom Bosco que estava recolhendo castanhas perto de Castelnuovo. Havia muitas
formosas e grande, espalhadas pelo chão coberto de ervas. Porém eu não pensava em outra coisa,
eis que apareceu uma mulher que se foi aproximando, porém ela também recolhia castanhas e as
achava em uma cesta. Dom Bosco se sentiu mortificado, ao ver aquela mulher que tinha tomado a
liberdade de colher castanhas naquele lugar lhe perguntou:
- Com que direito você veio aqui? Não compreendo como se atreve vir colher castanhas em
meu campo.
- Como? – respondeu ela – Não tenho direito de colher?
- Eu creio que aqui o dono sou eu e que, portanto isto e meu.
- Bem – replicou ele -; mas e que eu estou escolhendo castanhas para ti.
- Aquela mulher falava com um tom tão resolvido e sem recusar em seu trabalho de
forma que Dom Bosco não julgou oportuno insistir e, por sua parte, seguiu também ele recolhendo
castanhas. Quando ambos tiveram suas cestas cheias, a mulher chamou Dom Bosco e lhe disse:
- É muito difícil a pergunta que me faz?
- Vamos, responde; o sabe sim ou não?
- Pois não o sei; não sou nenhum adivinho.
- Então, eu te direi
- Bem, quantas?
- Quinhentas e quatro?
- Exatas. E sabe o que simbolizam estas castanhas?
- O que?
- As casas das filhas de Maria Auxiliadora. Tantos serão os colégios fundados por tuas
filhas.
Vós nem de catecismo aos meninos pobres; nada de classes primárias para instruir aos
pobres menino abandonados; nada de grandes horas de confessionário. Atenderam somente a
pregação, mas raras vezes e de uma forma moderada e infecunda, pois logo que buscaram somente
um alívio da soberba com o fim de alcançar os elogios dos homens e não a salvação das almas.
Estas propostas foram recebidas com aplausos gerais. Então Dom Bosco entreviu o dia em
que os salesianos poderiam chegar a crer que o bem da congregação e sua honra tinha que consistir
no saber e se sentia cheio de espanto só ao pensar que seus filhos chegassem a proceder conforme
esta idéia, proclamando a voz em pescoço que este deveria ser o programa da seguir.
Também nesta ocasião o Servo de Deus permanecia num canto da sala, escutando e
observando tudo; quando um dos demônios o descobriu e, gritando o apontou aos demais. Ao ouvir
aquele grito, todos se precipitaram com violência contra ele proferindo em alta voz:
- Acabemos de uma vez!
Era uma dança infernal de sombras que o empurravam o agarravam ora pelo braço e pela
pessoa todavia o Servo de Deus descia a gritos:
- Deixa-me! Socorro!
Finalmente se despertou, com os pulmões desfeitos de tanto gritar.”
Observações:
Tido a finais de Novembro, se repetiu durante uma semana inteira; contado em 31 de
Dezembro a Dom Lemoyne, cujos os apontamentos seguem esta relação. Outra alusão às salesianas
aparece em "As missões salesianas na América Meridional" de 1885 (MB 17, 303). E, neste mesmo
sonho missionário, se alude aos cooperadores salesianos (MB 17, 302)
NC
SONHO: SOBRE AS VOCAÇÕES
VOCAÇÕES TARDIAS (1875)
( MB 11, 32-33 = MBe 11, 35-36)
Um Sábado pela tarde me encontrava confessando na sacristia quando me distrai. Pensava
na escassez de sacerdotes e de vocações e na maneira de poder aumentar seu número. Via diante de
mim muitos meninos que vinham confessar-se, bons e inocentes rapazes e me dizia:
- Quem sabe quantos deles alcançarão a meta, e o tempo que tardará em alcança-lo os que
perseverem . E , entretanto, a necessidade da Igreja é apressadamente.
Estava muito distraído com este pensamento e, sem não obstante, continuava confessando,
de repente me pareceu que estava em meu escritório sentado a minha mesa de trabalho e que tinha
antes meu registro de todos que estavam em casa. E me dizia para meus íntimos.
- Como se explica isto? Estou confessando na sacristia e estou ao mesmo tempo em meu
escritório ante a mesa. Estou sonhando? Não; este é precisamente o registro dos alunos, esta é
minha mesa de trabalho.
Ouvi entretanto uma voz detrás de mim que me disse:
- Queres saber como aumentar rapidamente o número de bons sacerdote? Observa o
registro e por ele entenderás o que deves fazer.
Observei e logo disse:
- Estes são os registros dos alunos deste ano e dos anos passados, e não vejo outra coisa.
Estava muito preocupado; leia nomes, pensava, olhar para cima e abaixo para ver se
encontrava algo, mas... nada.
Então disse para mim:
Estou sonhando ou estou acordado? Efetivamente estou sentado na minha mesa e a voz que
estou aqui escutando é verdadeira.
E de repente quis levantar-me para ver quem era a que me havia falado, e, em efeito, me
levantei. Os rapazes que estavam ao meu redor para confessar-se, ao ver que me levantava tão de
pressa e assustado crerão que me havia posto enfermo e se acercaram ao sustentar-me, mas eu,
assegurando-lhes que não me passara nada, continuei confessando.
Uma vez terminadas as confissões, e de volta a mina casa, olhei e efetivamente vi sobre a
mesa o registro com os nomes de todos os que há em casa, mas não vi nada. Examinei o registro,
mas não entendi como podia falar com ele a maneira de Ter sacerdotes, muitos sacerdotes e rápido.
Olhei outros registros que tinha na casa para ver se podia deduzir por eles alguma coisa; mas de
momento não pude sacar nada em limpo. Pedi outros registros ao Pe. Carvalos Ghivarello; mas foi
inútil. Sempre pensando nele, fiz que me passaram os registros antigos para obedecer ao mandato
daquela voz misteriosa e observei que dos muitos jovens que começam seus estudos em nossos
colégios para seguir depois a carreira eclesiástica, apenas se perseverava em 15%, é dizer, nem se
queira sois de cada dez chagavam a receber o hábito eclesiástico: se alegavam do santuário por
santuário por assuntos familiares pelos exames no liceu, por haver mudado de vontade, o que só
ocorre no curso de Retórica. E, pelo contrário, os que vem logo maiores, quase todos, por saber oito
de cada dez vestiu a batina de padre e chagam a ele em menos tempo e com menos trabalho.
Me disse então:
- Disto estou mais seguro e podem chegar em menos tempo; isto era o que buscava. Terei
que ocupar-me especialmente deles, abrir colégios expressamente para eles e buscar o modo de
atendê-los de uma maneira especial.
Pelo resultado se verá depois, se o que sucedeu foi um sonho ou uma realidade.
Observações:
Tido a começos de 1875; contado aos membros do Conselho Geral. Algum deles tomou
nota, e esta narração é transcrição ao pé da letra. Neste momento Dom Bosco ruminava o projeto de
fundar um seminário para vocações adultas; e o realizaria.
Ev
COISAS FUTURAS SOBRE AS VOCAÇÕES (1875)
(MB 14, 123-125 = MBe 14, 113-115)
Grande e prolongada foi a batalha entre os meninos contra guerreiros de semblantes vários,
de diversas formas e dotados de diversas armas estranhas. Ao final restaram pouquíssimos
supérstites.
Outra batalha mais horrível e encarniçada aconteceu ente monstros de forma gigantescas
contra homens de elevada estatura, bem armados e melhor treinados. Estes tinham um estandarte
muito alto, largo, em cujo centro estavam pitadas em ouro estas palavras: Maria Auxilium
Christianorum. A batalha foi longa e sangrenta. Mas o que seguiam o estandarte eram como
invulneráveis e tornaram-se donos de vastíssima planície. A eles juntaram-se os meninos que
haviam sobrado da batalha anterior, e entre os outros, formaram uma espécie de exercito, levando
como aramas a direita, o crucifixo e, na esquerda um pequeno estandarte de Maria Auxiliadora,
semelhante como vimos anteriormente.
Os novos soldados fizeram muitas manobras naquela vasta planície, depois dividiram-se e
partiram um para o Ocidente, outros para o Oriente, alguns poucos para o norte, muitos para o Sul.
Quando estes desapareceram, travaram-se as mesmas batalhas , fizeram-se as mesmas
manobras, mas davam a entender que me conheciam, e me fizeram muitas perguntas.
Sobreveio pouco depois uma chuva de esplendentes chamas que pareciam de fogo de várias
cores. Ressoou o trovão e depois o céu se serenou e me encontrei num jardim muito ameníssimo.
Um homem que parecia ser São Francisco de Sales, ofereceu-me um livrinho sem dizer nenhuma
palavra. Lhe perguntei que era.
- Lê no livro, me respondeu.
Abri, mas apenas se podia ler. Mas no fim pude compreender estas preciosas palavras:
“Aos noviços: Obediência em tudo. Com a obediência merecerão as bênçãos do Senhor e a
benevolência dos homens. Com a diligência combaterás e vencerão as insídias dos inimigos
espirituais.
Aos professos: Conservai cuidadosamente a virtude da castidade. Amar o bom nome dos
irmãos e promover o decoro da Congregação.
Aos diretores: todo cuidado todo esforço para observar as regras com os quais cada um se
consagrou a Deus.
Ao Superior ; Holocausto absoluto para ganhar a si próprio e os seus dependentes para
Deus.
Havia muitas outras coisa impressas naquele livro mas não pude ler, porque o papel ficou
azul como tinta.
- Quem sós vós? Perguntei de novo àquele homem, que me olhava severamente.
- Meu nome é conhecido por todos os bons e fui enviado para comunicar-se algumas
coisas futuras.
- Que coisas?
- As já expostas e as que perguntes.
- Que devo fazer para promover as vocações?
- Os salesianos terão muitas vocações com a sua conduta exemplar, tratando com suma
caridade os alunos e insistindo sobre a comunhão freqüente.
- Que norma se deve seguir na aceitação dos noviços?
- Excluir os preguiçosos e os gulosos.
- E na aceitação para os votos?
- Cuidar que haja garantia quanto a castidade.
- Qual será a melhor maneira para conservar o bom espírito em nossas casas?
- Escrever, visitar , receber e tratar com benevolência: e isto com muita freqüência por
parte dos superiores.
- Como nos devemos conduzir na missões?
- Enviar indivíduos seguros na realidade; chamar de volta ao que deixassem transparecer
alguma grave dúvida; estudando e cultivando as vocações indígenas.
- A nossa Congregação vai caminhar bem?
- Qui justus este justificetus adhuc. Non progredi est retrogedi. Que perseveraverit salvus
enit. (O justo continue a praticar justiça. Não progredir é retroceder. – Quem perseverar até o fim
será salvo).
- haveria de crescer muito?
-
Enquanto os superiores cumprir os dever se estenderá e nada poderá deter a sua
expansão.
- Durará muito tempo?
- A vossa congregação durará muito até quando os sócios amem o trabalho e a
temperança. Se chega a faltar uma destas colunas, o vosso edifício ruirá esmagando superiores e
inferiores e os seus seguidores.
Naquele momento apareceram quatro indivíduos levando um caixão de defunto. Se
dirigiram em minha direção.
- Par quem é isso? - Eu perguntei.
- Para ti!
- Logo?
- Não o perguntes, pensa somente que és mortal.
- Que me queres dizer com esse caixão?
- Que deves praticar em vida o que desejas que os teus filhos devem praticar depois de ti.
Este é a herança, o testamento que deves deixar aos teus filhos; Mas deve prepará-lo e deixá-lo bem
acabado praticado na perfeição.
- Aguardarão mais as flores ou espinhos?
- Os aguardam muitas flores, muitas rosas, muitos consolos; mas também é inevitável a
aparição de agudíssimos espinhos que causarão a todos profunda amargura e pesar. É necessário
rezar muito.
- Vamos a Roma?
- Sim, mas devagar, com a máxima prudência com grande cautela.
- É iminente o fim da minha vida mortal?
- Não te preocupes com isso. Tens a regras, tens os livros, faz o que ensinas aos demais.
Vigia.
- Queria fazer outras perguntas, mas ribombou um trovão abafado, acompanhados de
relâmpagos e de raios, enquanto alguns homens, ou , diria melhor, alguns monstros horrendos se
atiraram contra mim para me estraçalhar. Naquele momento uma densa escuridão não me deixou
ver mais nada. Julgava-me morto e comecei a grita freneticamente. Mas me acordei encontrandome vivo. Eram as quatro e três quartos da manhã.
- Se há algo em tudo isto que pode servir de proveito para nossas almas. Aceitemo-lo
E seja tudo para honra e glória a Deus por todos os séculos dos séculos.
SM
UMA VISITA DE LEÃO XIII (1884)
(MB 17, 273-274 = MB e 17, 239-240)
Apenas se havia deitado dormido, e pareceu sair do Oratório, atravessar o pátio, percorrer as
casas de Turim, encontrando com muitos conhecidos e chegando finalmente a estação central da
ferrovia. Subi no trem que se dirigiu a Roma encaminhado, imediatamente ao Vaticano. Ia
pensando como seria muito difícil poder entrevista com o Santo Padre, porque Mons. Macchi
colocaria em mundo de dificuldades para impedir a audiência. Com tudo, presente digo, que estou
amabilíssimo com ele, ao pedir uma audiência com sua santidade, lhe contesta que trata-se de
assuntos de tantas importância, falaria que passar necessariamente por cima das formalidades de
rigor e, sim preciso entrar e ver o Papa. A entrevista durou duas horas. O Pontífice se entreteve com
Dom Bosco em prolongados e variados colóquios e entes outras coisas lhe disse:
- Tende cuidado de que os que pedem para formar parte da congregação são: primeiro: de
caráter dócil; segundo: que estão dotados de espírito de sacrifício que não estão apegados a pátria,
os parentes, aos amigos e que renuncie tudo. O regresso da pátria; terceiro: que são de moralidade
segura.
Estes foi argumentos principal que ocupou a maior parte do colóquio da audiência.
Terminada esta Dom Bosco voltava a estação, tomou o bilhete para Turim e, quando estava a ponto
de chegar, me despertei.
Observações:
Tido na noite de 09 a 10 de Outubro. A circunstância era grave: Dom Bosco envelhecia; o
Papa Leão XIII estava preocupado pelo porvir das obras de Dom Bosco. Desde o Vaticano se
escreveu ao Cardeal Alimonda, arcebispo de Turim, para que avisasse a Dom Bosco sobre o
problema. Alimonda falou com Dom Bosco na noite de 10 de Outubro. Em 24 de Outubro Dom
Bosco propôs a questão ao Conselho Geral. Se determinou que o próprio Dom Bosco nomeasse o
seu sucessor. Seria Dom Rua.
A DONZELA VESTIDA DE BRANCO (1885)
(MB 17, 433-434 = MBe 17, 374-375)
Me pareceu estar conversando com um grupo de salesianos, quando se aproximou e entrou
na roda de pessoas uma formosíssima donzela, vestida de branco e de singular modéstia. Ao vê-lo,
Dom Bosco se aproximou do grupo, depois, dirigindo-se a ela fez compreender que aquele não era
seu lugar e que devia afasta-se dali. Ela, rindo e gracejando, se afastou para aparecer daí a pouco.
Então Dom Bosco aproximando-se dela, a ordenou severamente que fosse embora. E, dito isto,
acordou.
Na noite seguinte, apenas havia dormido, e se encontrou diante de um campo se cultivar. Ao
caminhar por ele, voltou a ver a donzela que lhe entregou uma foice, dizendo para deixar limpo o
atalho, deveria cortar a pastagem que dificultava a passagem. Ele lançou mão à foice e a utilizou
rindo, mas o caminho continuava da mesma forma.
Na terceira noite, se apresentou a donzela que o disse:
Os superiores devem estar de acordo sempre entre si e não divergir nunca a correção
quando a acham necessária.
O santo contou imediatamente a Viglietti este tríplice sonho, dando-o a explicação uns dias
depois. A pastagem que ocupava o caminho eram os maus livros, as más conversas e tudo aquilo
que pode servir de obstáculo ao serviço de Deus e do demais superiores; em saber tirar diante do
jovens as pastagens venenosas. E não é coisa tão fácil prevenir, descobrir e cortar. É um trabalho de
foice e não de garganta, pois se encontram com freqüência grandes sarças e troncos dissecados. A
união, pois, entre os superiores e as correções feitas a tempo, se não conseguem impedir todo o
mal, evitarão que o campo se encha de contrariedades.
Observações:
Tido na noite de 06 de Abril; contado a Viglietti. Como se vê, são três sonhos com a mesma
protagonista.
DL
TRABALHO, TRABALHO, TRABALHO (1885)
(MB 17, 383-384 = MBe 17, 331-332)
Parecia se dirigir em direção a Castelnuovo, a uma inclinação de terras planas, junto a ela ia
um venerando sacerdote; cujo nome digo que não recordava. Começaram a falar sobre os
sacerdotes.
- Trabalho, trabalho, trabalho! Diziam – este deve ser o objetivo e a glória dos sacerdotes.
Não retroceder jamais em seu trabalho. Desta maneira fariam para a glória de Deus, Oh, se o
missionário cumprisse em verdade com su papel de missionário, quantos prodígios de santidade
resplandeceriam por todas as partes! Serão, desgraçadamente, muitos tem medo do trabalho e
preferem as próprias comodidades.
Falando dessa maneira entre si, chegarão a um lugar chamado Filippelli. Então Dom Bosco
começou a lamentar-se da falta de sacerdotes.
És certo- disse o outro. O sacerdotes estão escassos, porquê se todos os sacerdotes,
cumprissem seu ofício de sacerdote , haveria bastantes.
Quantos sacerdotes há que não fazem nada por seu ministério! Alguns não são mais que
sacerdotes de família; outros, por timidez permanecem ociosos; enquanto, pelo contrário, se
dedicassem ao ministério, se examinassem na confissão, encheriam em grande vazio nas filas da
Igreja... Deus proporciona as vocações segundo as necessidades. Quando foram expulsos do serviço
militar os clérigos, todos estavam assustados, como se nada pudesse chegar a ser sacerdote; senão
quando os ânimos se serenarão, se comprovam que as vocações, em lugar de diminuir, aumentarão.
- E agora – perguntou Dom Bosco – o que há de se fazer para promover as vocações em
meio da juventude?
- Nenhuma outra coisa, respondeu o companheiro de viajem, mas que cultivar
zelosamente entre isto a moralidade. A moralidade é o celeiro das vocações.
- E o que devem fazer especialmente os sacerdotes para obter que a própria vocação
produza frutos?
- O presbítero aprenda a governar e a santificar sua casa. Que cada um seja exemplo de
santidade em sua própria família e em sua própria paróquia. Que não se entregue as desordens da
gula, que não mergulhe em coisas temporais... Que seja, antes de tudo, modelo em sua própria casa
é, depois, será fora dela.
A certo ponto, aquele sacerdote perguntou a Dom Bosco onde se dirigia, e Dom Bosco
indicou Castelnuovo. E o companheiro, então, deixando prosseguir, calado com uma grupo de
pessoas que precedia. Depois de dar alguns passos, o Servo de Deus se despertou.
Observações:
Tido na noite de 29 a 30 de Setembro.
UM
AS TRÊS POMBAS (1878)
(MB 13, 811-812 = MB e 13, 687-688)
“ Pareceu-me nos Becchi, diante de minha casa, quando eis que aqui me foi presenteado um
gracioso cesto. Olhei em seu interior e comprovei que continha umas pombas, porém pequenas e se
penas. Voltei a olhar e me dei conta de que, em pouco tempo, lhes haviam crescido as penas,
trocando por completo de aspecto. A terceira delas haviam saído pena tão negras que pareciam
corvos. Maravilhado me disse a mim mesmo.
- Aqui tem alguma bruxaria.
E olhava ao meu redor para ver se havia por ali algum feiticeiro.
Entretanto, me perdi até que as pombas levantando vôo e as vi distanciarem-se pelos ares.
Mas um que estava ali perto, tomou uma escopeta, apontou e disparou. Duas da pombas caíram por
terra, porém a terceira se afastou. Eu senti uma grande pena e, acariciando-as, dizia:
- Pobres animaizinhos!
Portanto as examinava, eis que aqui de repente, não se como, se converteram em clérigos.
Ainda mais maravilhado, voltei a temer que se tratara de um efeito de bruxaria e olhei por uma e
outra parte. Porém, então, não sei bem se foi o pároco de Buttigliera ou o de Castelnuovo, quem me
tocou meu braço e me disse:
- Tem compreendido? De três, dois; diz a Dom Júlio Barberis.
No cestinho havia mais de três pombas, porém da outras não faça caso.
Assim terminou o sonho.
Foi sempre minha intenção narrá-lo; mas me esquecia de fazê-lo quando estava presente e
me recordava quando já te havia perdido. Agora vou dar a ti e aos demais a explicação do mesmo.
Entre outros, se encontravam presentes Monsenhor Scotton, Dom Antônio Fusconi de
Bologna e o conde Cays.
Os comentários foram diversos, porém Dom Bosco sacou esta conclusão:
O cestinho contendo numerosas pombas implumes representa o Oratório. Dos que chegam a
ser clérigos no cestinho, isto é, no Oratório, de três, perseveram dois. Não tem que haver ilusões; se
abrigam esperanças de todos, porém um por enfermidade, outro por falecimento, quem por oposição
dos padres, quem por perda da vocação, se produzem sempre baixa e já é uma grande coisa que de
três que começam chegam ao sacerdócio dois, permanecendo na Congregação.
Observações:
Contado em 13 de Dezembro a Dom Júlio Barbéris e a quatro jovens que rodeavam a Dom
Bosco depois do almoço.
MT
UMA ESCOLA AGRÍCOLA (1877)
(MB 13, 534-536 = MBe 13, 457-460)
Me veio em sonhos uma ampla e longa área de terrenos que não parecia com muita certeza
os arredores de Turim. Uma casa mística que sozinha e de frente parecia uma grande hospedaria.
Esta morada , estava como um quartel general dos campos, estava desprovido de todo armamento, e
a casa na qual eu me encontrava sozinho, várias portas que se punham em comunicação com outras
habitações, mas estas não estavam às mesmo nível que a primeira. Para chegar à umas, havia que
subir e trocar em dinheiro, para entrar em outras, era necessário descer alguns degraus. Ao redor se
viam umas varas e nelas estavam colocados diversas ferramentas de trabalho. Eu dirigi-me o olhar
para uma outra parte, mas não vi mais nada. Comecei a dar voltas pelas casas, parecia que todas
estavam vazias. A casa estava deserta. Quando percebo com meus ouvidos ouço a voz de uma
garoto que cantava; mas esse canto vinha de fora da casa. Saí e pude comprovar que o cantor era um
menino de dez a doze anos, de bom aspecto, robusto, vestido de trabalhador. Estava de pé, direito,
com a face cravada em mim. Em torno dele, uma mulher lindamente vestida, com aspecto de
camponesa, em atitude de acompanhar o garoto. Então o jovem cantou em língua francesa:
Amigo respeitável
Você é nosso padre amável.
Eu que me havia detido no encosto da porta, perguntei.
- Vem, aproxime-se, Que és tu?
E o menino, olhando-me, voltava a repetir a mesma canção.
Eu então respondi:
- Que queres de mim?
E o pequeno começou de novo a entoar sua canção.
Eu insisti:
- pode explicar claramente. Queres que eu te receba em casa? Tens algo a dizer-me? Desteme algum recado, talvez uma medalha? O que esperas é um socorro em dinheiro?
Então o jovenzinho, sem dar a mínima atenção as minhas perguntas, dirigiu o olhar ao sus
redor e mudando a letra começou a cantar novamente.
Esses são meus companheiros
Que dirão o que queremos.
E aqui se viu uma grande multidão de jovenzinhos que se ajuntavam no lugar onde eu me
encontrava, caminhando sobre aqueles terrenos desconhecidos. Todos eles cantavam à pleno
pulmão.
Padre nosso do caminho
Nosso passo peregrino
Guia a um jardim não de flores,
E sim a outro jardim divino,
É dos puros amores.
- Quem são vocês? – perguntei maravilhado enquanto me adiantava saindo ao encontro
daquela multidão infantil.
E o pequeno que estava cantando sozinho primeiramente, continuou o canto só, dizendo
também:
És, a nossa Pátria querida
Es, a terra de Maria.
E eu respondi:
- Não compreendo! Que fazeis aqui? O que queres de mim/
E todos responderam em coro:
Esperamos um amigo que nos leve ao paraíso.
- Estamos de acordo – respondi : Quereis vir a meus colégios ? São muitos! Mas vou dar
um jeito. Queres aprender o catecismo? Eu os ensinarei. Quereis confessar? Estou a vossa
disposição. Queres que os ensine a cantar?
E todos responderam graciosamente em coro:
És, a nossa Pátria querida.
És, a terra de Maria.
Eu calei então e pensava comigo mesmo: Onde estou? Em Turim ou talvez na França? Que
coisa tão estranha! Não sou capaz de sair dessa emboscada.
E, enquanto pensava fazia reflexão, aquela boa mulher tomou a mão daquele menino e com
a outra indicou para os jovens que se reunissem e encaminhassem a uma área maior, que a primeira,
que não estava a muita distância:
- Vem comigo – dito, eu me pus a caminho.
Todos os jovens que haviam me cercado se puseram em marcha para a Segunda área,
Enquanto eu também caminhava com eles, novos grupos de jovenzinhos se agregavam a primeira.
Muitos deles levavam foices, outros enxadas e outros instrumentos dos ofícios mais diversos. Eu
contemplava aqueles garotos cada vez com maior admiração e me dava conta de que não estava no
Oratório em Sapierdarena. E dizia dentro de mim.
- Acho que não devo estar sonhando porque caminho.
Entretanto a multidão de jovens que me rodeava, se em algum momento eu diminuía os
passos, eles me empurravam obrigando-me a seguir para a área mais grande.
Ao mesmo tempo, não perdia de vista a mulher que nos precedia e que havia despertado em
mim um viva curiosidade. Com seu pano vermelho passado ao pescoço e com o seu corpo branco,
me parecia um ser misterioso, porém nada oferecesse de surpreendente em seu exterior. Sabre a
Segunda área se levantava uma rústica casa e perto um edifício de belo aspecto.
Quando todos os jovens estavam concentrados na área, a mulher se voltou a mim e me disse:
- Contempla estes campos, olha esta casa e estes jovens.
Assim que disse eu pude comprovar que o número dos meninos era incontáveis, eram mil
vezes mais que quando saíram da primeira área. A mulher continuou:
- Estes jovens são todos seus.
- Meus? – repliquei eu – E que autoridade tens vós para entregar-me estes meninos/ Não
são nem vossos em meus, são do Senhor
- Com que autoridade? – respondeu a camponesa.
- São meus filhos e eu os confio-te.
-
Espere, como podes fazer em para vigiar uma juventude tão inquieta, tão numerosa?
Não vês aqueles meninos que correm loucamente pelos campos, perseguidos por
outros? Aqueles que soltam fogo, eles que sobem as árvores? Aqueles que estão
brigando? Como irá ser possível que eu consiga impor entre eles ordem e disciplina?
- Me perguntas que é que tens à fazer? Olha! – exclamou a mulher.
- Olha na direção atrás e vi que avançava e minha direção um numeroso esquadrão d
outros jovens e que a mulher alargava e estendia um grande véu sobre eles, cobrindo a
todo. Não pude ver de onde saiu o véu. Depois de uns instantes se recolheram. Aqueles
jovenzinhos estavam transformados. Todos se haviam convertidos em homens, em
sacerdotes e em clérigos.
- E estes sacerdotes e estes clérigos, são também meus? Perguntei à mulher.
Ela me respondeu:
- Serão teus, se você conseguir fazer-se teus. Agora, se queres saber alguma coisa a
mais, vem aqui.
E fiz que me aproxima-se um pouco mais a ela.
- Porém, fala-me, boa mulher, fala-me, que lugar é este? Onde me encontro?
A mulher não respondeu, destino que somente um sinal com a mão e todos os meninos se
ajuntaram a seu redor, Então ela começou a cantar:
- Atenção, garotos, silêncio. Homens, mulheres, cantando todos juntos.
E fez uma sinal com as mãos dando uma palmada.
Estão os jovens começaram a cantar a plenos pulmões.
- Glória, honra, ação de graças ao Senhor Deus dos exércitos celestiais.
Todos juntos formavam um coro de extraordinária harmonia. Era uma série de vozes que
iam desde as notas mais baixas até as mais altas e brilhantes, combinadas de tal forma que as
primeiras pareciam partir a terra, enquanto que os outros estremeciam perdendo-se no mais alto dos
céus.
Terminado de cantar este hino, todos gritaram cantando:
- Assim seja!
E então me despertei.
Observações:
Tive o sonho em Agosto e o narrei em Setembro durante os exercícios espirituais,
celebrados em Lanzo como preparação ao primeiro Capítulo Geral dos salesianos. O relato é de
Dom Lemoyne que estava presente.
Se trata da fundação da escola agrícola de La Navarre (França). O Bispo de Frejus,
monsenhor Fernando Terris, escreveu sua primeira carta sobre este assunto em Agosto de 1877. Na
noite anterior à chegada desta carta, teve Dom Bosco este sonho e aceitou imediatamente a
fundação.
MM
AS CEREJAS (1887)
(MB 18, 283-284 = MBe 18, 250 – 251)
O treze de fevereiro pela tarde, disse a Dom Carlos Viglietti, o qual tomou nota em sua
crônica:
- Quero escrever muitas coisas importantes, que me foram reveladas nos sonhos à
princípio do ano: me proponho sempre faze-lo e depois me esquecido.
Faça tu por recordá-lo e falar-lhe que eu te darei logo para tu a crônica.
Mas talvez, por evitar-lhe a moléstia tarefa de escrever, Viglietti não se preocupou de
recorda-se.
Freqüentemente sonhava em voz alta e emitia gritos que despertava toda casa. Assim
ocorreu a noite de 2 à 3 de março. Perguntou-lhe ao secretário à manhã seguinte, havia sonhado.
Respondeu que era um pacote ao que não dava nenhuma importância e de que não recordava mais
que em detalhe. Lhe apareceu que passeava por um terreno sem cultivar e que uma pessoa lhe dizia:
- Tu te preocupas por cultivar o terreno a brisa do Rio Negro, quando tem aqui campos
abandonados.
- Oh! – respondeu Dom Bosco deixe crescer aqui a erva, convertendo em prados estas
terras para dar de comer ao gado.
E, entretanto, veja uma formosa cerejeira carregada de fruta e pedia ao agricultor que a
recolhera. a qual obedeceu, mas ao arrancar as cerejeiras, apareciam secas e estragadas.
Outra noite a do dia 24 de março, sonhou que se encontrava no meio de uma vinha na qual
se aproveitava.
Como é isto? dizia Dom Bosco. Estamos na primavera e já estão aproveitando?
E quantos coxos de uvas? Que boa uva!
Este ano colheremos uma boa safra!
Sim, sim lhe respondiam seu irmão José e Buzzetti, que se encontrava entre os colhedores de
uvas. É necessário recolher muito agora que tem, porque, este ano de abundância, sucederam anos
de carestia.
- E por que terá carestia? Perguntou Dom Bosco.
- Porque o Senhor quer castigar aos homens, pelo abuso que fazem do vinho.
- É necessário, continuou Dom Bosco, fazer abundante provisão para nossos meninos.
Tão pouco deu importância ao contar este sonho e concluiu dizendo:
— É um sonho.
EVA...
A FILOXERA (1876)
( MB 12, 475 – 479 = MBe 12, 404 – 407).
Lhe apareceu a Dom Bosco encontrar-se em uma amplíssima sala no Bairro São Salvário de
Turim. Religiosos e religiosa em grande número pertencentes a diversas ordens e congregações,
estavam nela reunidos; ao entrar Dom Bosco, todas as cautelosas se dirigiram a ele como se todos o
aguardassem. No meio dos congregados, veio o Servo de Deus em homem de aspecto estranho com
a cabeça coberta com uma venda branca e o corpo envolto em uma espécie de lençol a maneira de
toalha ou capa. Dom Bosco quis saber quem era aquele indivíduo e lhe foi responderam que era
ele, o mesmo o mesmo Dom Bosco... talvez era uma representação de Dom Bosco sonhador.
Se adiantou, pois, entre aquela multidão de pessoas religiosas, que lhe faziam coroa ao
redor, sorrindo-lhe : pois nada falava. O servo de Deus observava aquela reunião surpreendido, mas
todos continuavam observando-lhe e sorrindo sem dizer palavra. Finalmente Dom Bosco rompeu o
silêncio e disse:
- Por que os riem dessa maneira? Parece que os quereis enganar de mim.
- Enganarmos a ti? Te enganamos; nós rimos porque adivinhamos o motivo que te
trouxe aqui.
Como o podes adivinhar se eu mesmo não o sei? Os asseguro que Vossas risadas me
surpreendem.
A causa que lhe trouxe aqui, disseram os religiosos e esta. Tens aconselhado os exercícios a
teus clérigos em Lanzo.
- O quê?
- Agora vens aqui indagar o que tens que dizer na prática das recordações.
- Será como dizer. Sugerir-me, pois o que é que lhes devo dizer, algum aviso que faz
florescer cada vez mais a Congregação de São Francisco de Sales. Os agradeceria muito.
Somente uma coisa te aconselhamos: diga a teus filhos que se guarde da filoxera
- Da filoxera? Mas, o que tem a ver a filoxera?
- Se afastares de tua Congregação a filoxera, ela conservará uma vida demorada e
florescerá e fará um grandioso bem às almas.
- Não entendo o que quereis dizer.
- Como? Que não entendes? A filoxera e o flagelo que tem levado à ruína tantas ordens
religiosas e foi a causa que, até hoje, muitas não consigam seu altíssimo fim.
Seria uma aviso inútil, se não os explicasse melhor. Eus não compreendo nada.
- Então não vale a pena ter estudado tanto teologia.
- Sobre este ponto, me parece que tenho cumprido o meu dever; mas, nos tratados de
teologia não tenho visto que se fale da filoxera.
- Pois a pesar dele, se fala. Busca o sentido moral e espiritual desta palavra.
- Na etimologia da palavra filoxera, não veio nem o mais distante significado de possa
torna-la em sentido espiritual.
Eis que não é capaz de explicar-te este mistério, ai vem um que te pode tirar de tua
ignorância.
Então Dom Bosco notou certo movimento entre a multidão como por deixar passo livre a
alguém que viu avançar para Ele: era um novo personagem. Se firmou bem nele, mas lhe pareceu
não ter visto nunca ainda, com suas maneira afáveis, dava a entender que era um antigo conhecido
seu. Apenas o teve perto, Dom Bosco lhe disse.
Chegais muito a tempo para tirar-me do embrulho em que me encontro graças a este
senhores. Pretendem fazer-me crer que a filoxera ameaça destruir as casas religiosas e querem que
tome a este animal como tema das recordações de nosso exercícios espirituais.
- Dom Bosco, que se crê tão sábio, desconhece esta coisa? É certo que se combater com
todas suas forças a filoxera e ensinas a teus filhos a maneira de combate-la a
consciência, tua sociedade não deixará de florescer. Sabes que e a filoxera.
- Ser que é uma enfermidade que ataca as plantas, causando grandes estragos, até
destruí-las.
- É esta enfermidade de que provém?
- É originada pro uma multidão infinita de pequenos animais que se apossam dela.
- Que tem que fazer para salvar as plantas próximas à destruição?
- Disto não se diz nada.
- Escuta, pois, o que te vou dizer. A filoxera começa a aparecer sobre uma só planta e não
passa muito tempo quando todas as plantas próximas a estas aparecem atacadas do mesmo mal,
ainda encontrando-se a bastante distância; agora bem quando em uma vinha, em uma horta em um
jardim, aparece a enfermidade a infecção estende-se rapidamente e a beleza e os frutos que se
esperavam ficam arruinados. Sabes como se estende o mal? Não por contato, porque a distância o
impede; não porque os pequenos animais saem ao solo e atravessam o espaço que separa as plantas:
a experiência o confirma; e o vento que levanta esta maldição e a esparrama sobre as plantas ainda
inteiras. É uma desgraça que se propaga num abri e fechar dos olhos. Pois bem, tens de saber que o
vento dela murmuração leva muito longe a filoxera da desobediência. Compreendes?
- Começo a compreender.
- Agora bem, os danos que ocasiona esta filoxera, impulsada por um vento semelhante,
são incalculáveis. Nas casas mais florescentes faz mudar, em primeiro lugar, a mútua caridade;
depois o zelo pela salvação das almas; depois injeta o ócio; depois lucra todas as demais virtudes
religiosas e, finalmente, o escândalo as faz objeto de reprovação por parte de Deus e por parte dos
homens. Não é necessário que em dos desaprovados passe de um colégio a outro: basta que este
vento sopre deste longe;
Convincente! Esta foi a causa que levou a destruição a certas ordens religiosas.
Tem razão. Reconheço a verdade de quanto me dizes. Mas, como posso recusar a tão grande
desgraça?
- Não basta panos quentes, tem que tomar medidas extremas. Para atalhar o mal que
produz a filoxera, se pensou em sulfatar as plantas atacadas, se recorreu a água de cal, se
inventaram outros remédios: mas todos eles não serviu de nada, porque uma só planta atacada pela
filoxera arruina toda uma vinha. Depois de uma vinha se estende as mais próximas e destas a um
reino e assim sucessivamente. Queres saber, pois, a única maneira que tem para cortar o mal em seu
princípio? Apenas aparece a filoxera sobre uma planta, tem que arranca-la com precaução e cortar
todos as que rodeiam e jogar fora as ramas. Se a infecção fosse geral em toda vinhas tem que
arrancar todas as plantas e reduzi-las a cinza para salvar as vinhas próximas. Só o fogo pode acabar
com semelhante enfermidade. Por isso, quando em uma casa se manifeste a filoxera da oposição a
voluntariedade dos superiores, o descuido das santas regras, os desprezo às obrigações impostas
pela vida comum, tu não deves contemporizar: não deixes nem sequer os cimentos daquela casa;
restaure a seus membros, sem deixar-te vencer por uma perniciosa tolerância. O mesmo farás com
os indivíduos. As vezes te parecerá que um indivíduo isolado pode curar e voltar de novo. Atalho;
ou talvez sentirás castigá-lo pelo amor que lhe professas, por alguma especial habilidade que possui
ou por sua ciência que te parece prestigiar à congregação. Não te deixes levar por semelhantes
reflexões. Pessoas desta natureza, dificilmente mudaram sua maneira de ser. Não digo que sua
conversão seja impossível: mas me atrevo a sustentar que e muito rara uma retificação, tão rara que
esta possibilidade não deve se suficiente para inclinas aos superiores uma sentença benigna. Alguns,
se dirá, se portarão ainda pior no meio do mundo. Além disto: que carreguem com o peso de sua
maneira de proceder: mas que não seja tua congregação a que sofre as conseqüências de sua
conduta.
- E se na realidade, conservando-os na sociedade se pudesse atrai-los ao bem com a
tolerância?
- Esta suposição é falsa. É melhor despedir a um deste soberbos que rete-los com a
dúvida de que possa continuar semeando joio na vinha do Senhor. Não ouvistes esta
máxima; colocá-la decididamente em prática sempre que seja necessário; fala disto a
teus diretores em tuas conferências e que est seja o tema que comentes na clausura dos
exercícios espirituais.
- Sim, o haveis. Graças por teus avisos. Mas agora, diz: quem eras tu?
- Não me conheces já? Não recordas quantas vezes temos nos visto?
Enquanto o desconhecido falava desta maneira, todos os presentes sorriam.
Entretanto sinto o sinal para levantar-se e Dom Bosco se despertou.
Observações:
A filoxera é uma enfermidade nociva para as vidas. É originária da América do Norte.
Chegou à Europa depois de 1850 com as cepas (troncos de árvore) trazidas daquele País. Se
difundiu rapidamente: primeiro na França e logo em outros países, causando grandes estragos por
não conhecerem sua natureza. O sonho havia durado três noites. Dom Bosco o contou em Lanzo, no
final da terceira de exercícios espirituais dos salesianos, celebrado de 01 a 07 de Outubro de 1876.
UMA CHUVA MISTERIOSA (1880)
(MB 14, 538 = MBe 14, 460-461)
Parecia estar com sua assembléia na residência vizinha a de seus familiares, estava na
residência do Bispo, fazendo uma conferência . Enquanto falava de nossas coisas, se deu conta de
que o céu se nublava, depois se desencadeou uma tempestade com raios, relâmpagos e trovões que
infundiam espanto. Um trovão mais forte que os precedentes fazendo tremer a casa. Dom João
Bonetti se levantou e foi a um prédio vizinho e, depois de uns instantes começou a gritar.
- Uma chuva de espinhos
Em efeito, caiam espinhos em tal quantidade como as gotas de água em uma chuva
torrencial.
Depois se ouviu um segundo trovão, fortíssimo como o primeiro, e parecia que o temporal
acalmava um tanto. Então Dom João Bonetti, desde o prédio, voltou a gritar.
- Oh, que formosura! Uma chuva de botões de flor.
E pelos ares descia tal quantidade de botões de flores que cobriam o solo uma grossa capa.
Ao estourar um terceiro trovão, se deixaram ver algumas partes do céu sereno e apontava a
luz solar.
E Dom João Bonetti voltou a exclamar:
- Uma chuva de flores!
Todo espaço parecia pleno de flores de diversas cores, formas e qualidades que em um abrir
e fechar de olhos cobriam o solo e os telhados da casas, oferecendo um panorama de variadíssimas
matizes.
Um quarto trovão veio a ressoar nos espaços. O céu estava completamente sereno e bulhava
e um sol esplendente. E Dom João Bonetti gritou.
- Venham, venham, ver, chovem rosas.
Em efeito, desde o alto, desciam verdadeiras nuvens de rosas perfumadíssimas.
Oh, por fim! - Exclamou então Dom Bonetti.
Observações:
Sonho tido na noite de 09 de Julho e contado ao Conselho Geral em 10 de Julho. A chave de
interpretação poderia ser as palavras imediatamente anteriores do biógrafo: "a guerra de Monsenhor
Gastaldi havia chegado ao ponto mais agudo. A questão de Dom José Bonetti estava em
efervescência. Em Roma se inclinavam em favor de Monsenhor contra nós. Pareciam que as
esperanças humanas se haviam desvanecido" (MB 14, 537). É dito, através do sonho, se augurava
um desfecho melhor nesta espinhosa questão com o Arcebispo de Turim.

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