Currículo de Rudolf Steiner para as Escolas Waldorf
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Currículo de Rudolf Steiner para as Escolas Waldorf
Currículo de Rudolf Steiner para as Escolas Waldorf - E. A. Karl Stockmeyer SOBRE ESTUDO SUPERIOR E EXAME DE CONCLUSÃO Às perguntas sobre o exame de conclusão e estudo superior existem declarações de Rudolf Steiner desde anos muito anteriores – retrocedendo até o ano de 1898 – que estão reproduzidas no capítulo sobre as etapas de desenvolvimento do currículo da Escola Waldorf, onde podem ser consultadas. O que nas páginas subsequentes ainda deve ser acrescentado a respeito da questão do exame de conclusão e do ensino superior, em palavras de Rudolf Steiner, são antes de tudo avaliações da posição, em parte muito drástica; mas, por fim evidenciou-se o plano de preparar para o exame de conclusão por meio de uma classe especial de preparação, subsequente à 12ª classe: Nas palestras sobre pedagogia popular Rudolf Steiner disse o seguinte, a respeito dos requisitos de uma formação superior sensata: “Naturalmente, aquele que ama a cultura não pode esperar – e também não pode querer – que o “especialismo” deva transformar-se em um soberano diletantismo, mas, o que tem de ser aspirado é que a educação toda, que a essência escolar toda, seja conformada para o homem de modo que ele – eu quero dizer - em uma camada inferior da sua consciência, sempre tenha a possibilidade de, a partir de sua especialidade estabelecer fios de ligação com a cultura global. Isso não pode acontecer de outra maneira que não seja a de dar-se, a cada escola superior, uma base de formação humana geral. Aqueles que hoje pertencem ao grupo dos pedantes irão objetar: Muito bem, e o que fazemos então com a formação especializada? – Deveria realmente experimentar quão economicamente poder-se-ia prosseguir, quando começamos as especialidades, com a formação especializada quando se pode atuar sobre homens com formação geral, sobre homens que realmente têm algo humano em si.” (Pedagogia Popular, 3ª palestra) Já após um ano de trabalho na Escola Waldorf, no momento em que pela primeira vez se abriria uma 9ª classe, a primeira classe da “Oberstufe” (NT colegial), disse Rudolf Steiner após apreensiva consideração sobre o risco da dependência do Estado, no qual a Escola poderia incorrer em consequência das negociações sobre o exame de conclusão: “A abertura da 9ª classe terá um verdadeiro sentido se mantivermos em perspectiva a fundação de uma escola superior completamente livre. Só será sentido se, ao mesmo tempo, mantivermos em perspectiva uma escola superior livre... Então será indiferente para nós, a maneira pela qual esse exame de conclusão seja decidido. Então terá de ser levada em conta apenas a perspectiva da autorização para escola superior. Até lá ter-se-ão modificado as circunstancias que permitem que se possa negar o reconhecimento a uma escola superior desse tipo.” (29 de julho de 1920) Na primavera de 1923, no curso pedagógico da páscoa em Dornach, disse Rudolf Steiner a respeito do exame de conclusão: “Para um ensino conforme com a natureza, e para uma educação conforme com a natureza, naturalmente a questão só pode ser sempre a seguinte: alcança o homem aquela ligação social na vida, que é exercida pela própria natureza humana? Pois afinal são também homens, aqueles que exigem o exame de conclusão, mesmo que a exigência, no estilo em que hoje se apresenta, seja precisamente um equívoco. Entretanto, somos então exatamente forçados a não fazer o certo, justamente quando queremos introduzir a pedagogia da Escola Waldorf no sentido dessas exigências sociais contemporâneas. Por isso, alguém que inspecione as classes superiores, naturalmente terá de dizer-se: É aqui nem tudo está de acordo com o que é exigido pelos ideais da pedagogia da Escola Waldorf! – Mas eu lhes posso dar garantia para o fato de que, se fosse levado a cabo aquilo que é hoje observado na natureza humana, expressamente quando a transição para as ramificações da vida prática tem de ser buscada, então todos seriam reprovados o atual exame de conclusão. Tão asperamente se confrontam hoje as coisas.” (Dornach, 1923) Poucos dias após, proferidas essas palavras em Dornach acerca da situação, foi debatido em todos os sentidos, na conferência de Stuttgart, todo o complexo de questões em torno do iminente primeiro exame de conclusão, e Rudolf Steiner disse a respeito: “O mal é ainda que, se de algum modo conseguíssemos que os nossos boletins fossem validados, então os alunos, com aquilo que correspondesse ao nosso currículo... bem poderiam fazer um estudo especializado nas escolas superiores. Tudo aquilo que compõe a desgraça no exame de conclusão não é necessário para o estudo especializado contemporâneo. Poder-se-ia desenvolver estudo especializado com a química de Kolisko. Ficar-se-ia, primeiramente, chocado com as fórmulas, mas estas pode-se recuperar. Muito mais importante é que se tenha sobretudo a estrutura interior das matérias das combinações. Estas são as coisas que eu queria dizer...” (25 de abril de 1923) E, após tratar brevemente de uma questão intermediária: “Alcançar nossas metas de conformidade com o ensino superior, não será possível ainda por muito tempo. Isso teria sido possível através daquele conselheiro cultural que faleceu há algumas semanas. Aquilo que é desejável seria atingível se trouxéssemos para cá a condição que existia na Áustria para muitos “Gymnasien” e “Realschulen” particulares. Havia muitos “Gymansien” de padres que tinham o direito de emitir boletins para o exame de conclusão. Havia “Realschulen” que podiam emitir boletins válidos. Creio que não existem institutos deste tipo na Alemanha. O que nos deveria ser concedido seria que um comissário do governo viesse, mas que os próprios professores pudessem examinar em nossa Escola. Ao fim, o comissário mal seria decisivo para as notas se o exame de conclusão fosse efetuado aqui, com os professores da Escola Waldorf.” (25 de abril de 1923) Quase um ano mais tarde, quando a primeira 12ª classe se encontrava imediatamente frente ao exame, Rudolf Steiner deu um resumo de todo o problema: “Era o desejo da maioria dos pais que déssemos aos alunos, apesar de no-los confiarem, a possibilidade de frequentarem uma escola superior. Isto resulta bem desse desejo dos pais e dos próprios alunos. No início as crianças não se achavam em posição de considerar que isto lhe seria penoso. Estavam preocupadas, isso sim, com que pudessem fazer o exame de conclusão. É bastante provável que elas o tentem, mas simplesmente pelo entregarmos aos alunos em um 13º ano a outras escolas não resolvermos a questão.Pergunta-se apenas se a resolvemos pela maneira que já discutimos aqui e que, como altamente problemática, então rejeitamos. Pergunta-se, quando insistimos radicalmente em continuar a Escola, se, a titulo de compensação, não consideraríamos introduzir um curso preparatório forçado junto à Escola. Havíamos recusado essa ideia porque a tomamos por muito antipedagógica. Se agora introduzirmos o curso preparatório forçado, ou se negligenciarmos o currículo, esta é a questão. Penso, comigo, que seria de fato mais sensato não entregarmos os alunos a outra escola, - eles teriam então de fazer um exame de admissão - , e sim, conduzirmos o currículo até o 12º ano. Então poderemos utilizar um 13º ano para a preparação forçada para o exame de conclusão. Suponham os senhores – contemplaremos a pergunta sob o ponto de vista pedagógico – suponham que uma criança ingresse – isto já desatino – entre o 6º e o 7º ano de vida na 1ª classe, e que tenha absorvido a 12ª classe entre 18 e 19 anos. A partir daí deveria, propriamente, ser encontrada a transição para a escola superior, e não mais tarde pois, acrescentar aí mais um ano é igualmente uma medida tão sensata quanto a entender o governo ao acrescentar mais um ano à formação em medicina por acreditar que ali há mais matéria de ensino. Estas são de fato coisas para se subir pelas paredes. – Aqueles que não querem ir para a escola têm de procurar o seu caminho na vida assim. Pessoas úteis para a vida, elas o serão sem o exame de conclusão, pois encontrarão aqui aquilo que precisam para a vida; e aqueles que precisam ir para a escola superior podem tranquilamente despender um ano adicional precisamente para se imbecilizarem um pouco. Creio que já podemos encarar este 13º ano como um ano de estudo forçado. Mas, precisamos preocuparnos pessoalmente para que esse possa ser realizado, pois não podemos entregar os alunos a um outro estabelecimento. Por nosso lado deveríamos separá-lo um tanto da Escola Waldorf. Podemos admitir para isto um instrutor. O colegiado de professores teria, portanto, de ser novamente aumentado devido a 13ª classe. Quando então se encontrasse gente, e o colegiado de professores supervisionasse a coisa, - seria possível organizar-se. “Sim, esta é a minha opinião.” (5 de fevereiro de 1924) A respeito do resultado do primeiro exame de conclusão, na primavera de 1924, no qual 5 dos 9 alunos foram aprovados, disse Rudolf Steiner a 27 de março de 1924: “No todo acho que o resultado do exame de conclusão, de modo apropriado, mostrou-se manifestamente que todas as coisas que haviam discutido continuam válidas. Seria logicamente melhor se pudéssemos acrescentar uma classe especial, e pudéssemos manter a Escola Waldorf livre do elemento estranho que de fato a invadiria. Logicamente permanece válido aquilo que já falamos a respeito. Não se deve mexer naquilo. Porem, a estatística do resultado parece apontar para o fato de que o mau resultado está multiplamente ligado com que os alunos, no momento em que tinham de solucionar sua tarefa por si só, não se saíram bem porque estavam por demais habituados a solucionar as coisas em coro... Em verdade faltou tempo, mas parece que os alunos tenham sido muito pouco induzidos a resolverem problemas sozinhos... Não se trata de uma invasão no tratamento da individualidade do aluno. Isto me parece ser a quintessência que falou.” (27 de março de 1924) A 29 de abril de 1924 Rudolf Steiner conversou sobre o complexo das questões do segundo exame de conclusão com os alunos da segunda 12ª classe que então estava para ser aberta; e a 30 de abril, na conferência sobre tal conversa, ele relatou: “Os alunos da 12ª classe, com exceção de um único, declararam que não dão nenhuma importância a fazerem o exame de conclusão já no fim do próximo ano, mas sim, eventualmente apenas quando tiverem sido preparados em uma espécie de prensa durante mais um ano, após o decurso da Escola Waldorf. Entretanto, eles dão importância a que este ensino-prensa seja ministrados na própria Escola Waldorf.” (30 de abril de 1924) Esta nova forma de preparação para o exame final foi definitivamente estabelecida pelo que Rudolf Steiner acrescentou a respeito, a 3 setembro 1924, na ultima conferência que ele manteve com o colegiado de Stuttgart: “Neste ano – 1924/25 – não vamos contar com o exame e vamos conduzir a Pedagogia da Escola Waldorf. Não contamos com um exame. E vamos empenhar-nos por instruir, nós mesmos, no próximo ano, a preparação. Os senhores ouviram hoje as conversações. Delas emerge, deveras, o quão fortemente estão os jovens ligados à Escola Waldorf. A atual 12ª classe sentiria muito pouca conformidade com a sua alma se tivesse de fazer o exame já neste ano. Vamos ter que fazer uma prensa também asquerosa. As crianças, porém, tem amor pelos professores e pela Escola. Vamos chamá-la então, não de 13ª classe, mas sim de classe preparatória para o exame de conclusão.” (3 de setembro de 1924) A forma de passagem da escola Waldorf para a escola superior aqui projetada por Rudolf Steiner vale ainda hoje em sua essência. Naquela época ele atuou muito beneficamente, posto que deu a possibilidade a que os 12 anos da Escola Waldorf propriamente ditos fossem conduzidos puros e imperturbados. A subsequente adequação aos currículos e regimentos para o exame estabelecidos pelo governo, quanto mais os considerarmos, mais os sentimos como incompatíveis com o espírito da Pedagogia da Escola Waldorf. Naturalmente necessita-se, também hoje em dia, de uma certa adequação às escolas do governo, mas ela deveria limitar-se a que a passagem para a escola superior ocorra após 13 anos escolares, como o é nas escolas do governo. Esse 13º ano, que hoje deve levar a adequação às exigências públicas em conhecimento e saber poderia, então, ganhar a tarefa de preparar os alunos para uma espécie de exame bem diferente, que fosse instituído em sintonia com a Pedagogia da Escola Waldorf. Nesse sentido Rudolf Steiner também deu indicações que estão reproduzidas no início deste capítulo, tiradas da revista “Magazin für Literatur” de 1898.” A respeito de orientação vocacional Rudolf Steiner manifestou-se pouco a respeito desta importante questão. A 5 de fevereiro de 1924, portanto pouco antes do primeiro exame de conclusão e da respectiva preparação, disse ele: “Isto só se pode fazer em casos isolados. Por principio, mal se pode decidir a respeito. Na maioria das vezes a Escola tem menos influência sobre a escolha da profissão. Os pontos de vista a respeito da escolha de profissão, de fato não são tão simples. Não é verdade? Propriamente o assunto deveria desenrolar-se de tal maneira que um jovem, até o 18º ou 19º ano, tenha intenção de trabalhar no sentido desta ou daquela profissão e, sobre a base de um desejo, pode-se com ele cuidar de aconselhamentos. Este é um assunto muito responsável.” (5 de fevereiro de 1924)
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