loja Bathesda

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loja Bathesda
N. 19
Joinville/SC
Mai.Jun 2015 R$ 10
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REVISTA 21
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AO LEITOR
PENINHA MACHADO
DE CARA NOVA
Ao completar três anos, a Revista 21 apresenta seu
novo projeto gráfico, agregando também outras seções editoriais. Reconhecida pelo leitor como uma proposta diferenciada no ambiente institucional e avalizada pelo mercado publicitário, que aqui encontra
um canal de alta credibilidade para anunciar, a revista
mantém o compromisso com a informação qualificada e com a abordagem jornalística das temáticas que
compõem sua pauta, nos campos da economia e dos
negócios. O objetivo é, sempre, apresentar uma análise precisa sobre o universo corporativo, por meio de
reportagens, artigos e entrevistas com personalidades
que atuam em áreas afins, públicas ou privadas. O foco
de atenção está nas grandes questões que afetam a
gestão empresarial e, por extensão, a vida do cidadão.
Sem deixar de lado, é claro, o registro das atividades,
projetos e realizações da casa, nos eventos que promove ou nos serviços que oferece ao associado.
Uma das novas colunas da revista, intitulada 5 To-
ques, vai trazer dicas rápidas para executivos, profissionais e empreendedores, buscando reunir orientações
de especialistas sobre aspectos que possam ser úteis
para vencer os desafios do dia a dia. Logo na capa, você
deve ter observado uma mudança, não só estética: as
edições vão trazer fotografias antigas retratando Joinville e joinvilenses. A foto propositalmente aparecerá
sem legenda e só será identificada dentro da revista
(veja na página 6 quem é o personagem ilustre que jogou no time da capa desta revista).
A seção de livros & cultura foi reestruturada e o
noticiário da Acij ganhou destaque logo nas primeiras
páginas – abrindo, nesta edição, com um conjunto de
relatos em que o associativismo foi o pulo do gato para
encontrar soluções que alavancaram negócios. Outras
novidades virão, e esperamos seguir contando com o
envolvimento do leitor: fique à vontade para nos escrever com sugestões, elogios ou críticas construtivas.
E boa leitura.
Secretário da Fazenda, na Acij: “A economia chegou ao fundo do poço”
NESTA EDIÇÃO
HÁ MUITO O QUE FAZER
8 Especialista diz que “são poucos os corajosos” para inovar. 16 A alavanca do associativismo na gestão. 18 O
legado de Luiz Henrique. 28 Poltronas para seu conforto no trabalho. 30 Aeroporto terá hotel e posto de gasolina.
38 Em números: o peso da indústria no PIB estadual. 40 O caminho e as pedras da competitividade. 50 Levy promete crescimento econômico, sim, mas em 2016. 56 Empreendedorismo no sangue. 58 O que são as “Empresas
B”. 60 Inovação e os centros de pesquisa. 62 Sambaqui, o endereço da história. 66 Diário de Viagem. 68 Feito em
Joinville. 70 Sobre excelência. 72 Cabeceira: a lei das incongruências. 78 Alemanha olha para SC.
Muito embora tenha dito que a economia brasileira chegou ao fundo
do poço, o secretário de Estado da Fazenda Antônio Gavazzoni procura ser otimista e se vale do posicionamento do ex-presidente do Banco
Central Henrique Meirelles, que, em recente palestra para integrantes
do governo catarinense, revelou previsões positivas, surpreendendo a
todos. Nessa linha, Gavazzoni antevê que o PIB do Estado será azul –
pelo menos na ordem de 3% e com condições de bater nos 6%.
Mas, registre-se, há muito o que fazer também no contexto estadual. E a questão previdenciária é um dos entraves. Na Acij, o secretário
mostrou números preocupantes: em 2014, as despesas previdenciárias
atingiram a casa dos R$ 4,2 bilhões – para uma receita de R$ 1,6 bilhão.
Quarta colocada no ranking brasileiro na relação receita/despesa, comprometendo quase o limite legal de seu orçamento com a folha de pagamento (48,86%), Santa Catarina tem praticamente metade de seus
135 mil servidores aposentados. “A área pública, estruturada da forma
como está, é insustentável”, admitiu Gavazzoni.
O governador Raimundo Colombo, no lançamento da campanha
“Santa Catarina faz a diferença”, disse, literalmente, que o atual modelo
está fracassado, podre. “O custo do Estado hoje é incompatível com as
necessidades da população”, reconheceu, ao defender a reforma política. Considerando que, segundo noticiou uma revista nacional, a máquina pública brasileira consome nada menos do que R$ 400 bilhões por
ano, e que mantém 100 mil apadrinhados em 39 ministérios, não é de
se estranhar que a principal reivindicação da sociedade brasileira, depois do combate à corrupção, seja, mesmo, a do enxugamento urgente,
imediato e radical da tal máquina pública.
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HAPPY-HOUR NO BARBEIRO
DIVULGAÇÃO
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Publicação bimestral da Associação
Empresarial de Joinville (Acij)
Número 19. Maio e junho de 2015
Conselho editorial
Simone Gehrke (EDM Logos)
Ana Carolina Bruske (Núcleos)
Débora Palermo Mello (Acij)
Diogo Haron (Acij)
Carolina Winter (Winter Comunicação)
Jornalista responsável
Júlio Franco (reg.prof. 7352/RS)
Produção
Mercado de Comunicação
Editor
Guilherme Diefenthaeler
(reg. prof. 6207/RS)
Reportagem
Ana Ribas Diefenthaeler, Letícia Caroline,
Mayara Pabst, Marcela Güther, Karoline
Lopes
Projeto gráfico, diagramação,
ilustrações e infográficos
Fábio Abreu
Imagem da capa
Acervo Luiz Henrique da Silveira
Fotografia
Peninha Machado, assessorias
de imprensa
Impressão
Tipotil
Tiragem
4 mil exemplares
Publicidade
Flávio Vailatti - (47) 9107 3939
Acij - Associação Empresarial de Joinville
Av. Aluisio Pires Condeixa, 2550 – Joinville/SC
3461-3333
acij.com.br
twitter.com/acij
facebook.com/acijjoinville
REVISTA 21
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A FOTO DA CAPA
O time perfilado na capa desta edição é o do então 14º Batalhão de
Caçadores, atual 63º Batalhão de
Infantaria, sediado em Florianópolis. Entre os jovens que formavam a
equipe, nos idos de 1958 – ano em
que o Brasil ganhou seu primeiro
título mundial de futebol –, estava
um zagueiro (o segundo em pé, da
direita para a esquerda) que acabou
se tornando craque no campo da
política. É o ex-prefeito e ex-governador Luiz Henrique da Silveira, falecido em maio, aos 75 anos. A foto
faz parte do acervo pessoal de Luiz
Henrique e é reproduzida aqui como
homenagem da Revista 21 ao legado do senador, que era apaixonado
pelo esporte e conselheiro do JEC.
Se você tem uma imagem que retrate algum período da história de Joinville,
entre em contato com a redação pelo [email protected].
br. A foto poderá ser publicada na capa em uma das próximas edições.
A REVISTA EM FRASES
DIVULGAÇÃO
“O governo e as empresas brasileiras têm uma
grande oportunidade de ser inovadores e assumir
uma posição de liderança na economia global.
Qualquer hesitação ou estagnação será mortal”
Hitendra Patel, consultor norte-americano, página 12
“Queremos desmistificar a ideia de que design é
para poucos”
Freddy Van Camp, curador da Bienal do Design, página 63
“Queremos desenvolver a consciência para que,
no futuro, os estudantes tenham menos problemas
financeiros, menos estresse e mais qualidade de vida”
Gislene Valim, professora, página 38
“A maioria das empresas contrata por competências
técnicas, mas demite por questões comportamentais”
Cícero Gabriel Ferreira Filho, consultor, página 47
“A burocracia é necessária para a manutenção da
ordem pública, seu excesso é que macula o sistema”
Juliana Martinelli, advogada, página 45
“Não sento à mesa reclamando, vou buscando
alternativas para driblar as crises”
Ewaldo Rieper Junior, empresário, página 56
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“Temos, todos, a responsabilidade de não permitir
que o país do futuro vire o país do passado. Somos
responsáveis pelo futuro das novas gerações. Aliás,
o futuro não existe. Existe o presente, que deve ser
reformado, para que possamos construir o futuro. É
preciso acabar com o medo de mudar”
Luiz Henrique da Silveira, senador e ex-governador, falecido no
dia 10 de maio. Leia artigo em Visão Acij, à página 18
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DUDU LEAL/FIERGS
ABRE ASPAS
HITENDRA PATEL
“As empresas
são como o Titanic”
Por Guilherme Diefenthaeler
A metáfora é de um dos grandes especialistas mundiais em
inovação, o indo-americano Hitendra Patel: “As empresas são
como o Titanic: enxergam o iceberg, mas não conseguem
mudar a direção com a rapidez necessária” – e, enfim, fazer
os ajustes para inovar. “São poucos os corajosos que desejam
conduzir a mudança enquanto protegem o presente”, analisa
o diretor executivo do IXL-Center for Innovation, consultoria
baseada em Cambridge que atende a nomes de ponta como
HP, LG e Natura. O professor, co-fundador do Global Innovation Management Intitute (Gimi), é um dos idealizadores do
Prêmio Hult, em parceria com uma escola de negócios norte-americana e o ex-presidente Bill Clinton. O prêmio é generoso: mais de US$ 1 milhão por ano para startups que apresentam soluções aos maiores desafios mundiais. Patel é o
pa­lestrante internacional convidado para a Expogestão deste
ano. Em entrevista à Revista 21, o consultor aponta as áreas
de robótica, saúde e energia como as mais promissoras para
contemplar evoluções que interfiram no futuro das pessoas e
analisa o cenário brasileiro com relação a essa temática.
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O conceito de inovação disruptiva
é aplicável apenas em empresas
comerciais ou também em órgãos
governamentais, por exemplo?
A inovação disruptiva pode impactar instituições governamentais,
corporações ou qualquer organização estabelecida. Essas organizações acreditam ser ágeis e flexíveis por atender aos seus clientes
atuais, mas não atentam para o
fato de que as regras utilizadas
para torná-las vencedoras estão
prestes a mudar drasticamente.
Organizações pequenas ou novas,
seguindo regras completamente
distintas e focando em clientes
diferentes, passarão a atender o
mercado ao qual estão voltadas
as mais antigas. Alguns exemplos.
Táxis então sendo substituídos por
inovações de compartilhamento
de veículos oferecidas por empresas. Universidades estão sendo
substituídas por programas que
permitem que os estudantes façam um curso de cada vez e optem
por diplomas de instituições online. Tratamentos de saúde estão
dando lugar à prevenção e detecção prévia de doenças por meio
de diagnósticos médicos enviados
em tempo real. Devemos esperar
o mesmo para os governos. No
setor público, já estamos vendo
inovações disruptivas nos ensinos
básico e secundário, prevenção ao
crime e detenções, defesa militar
e recolhimento de impostos. Na
educação, escolas com sistemas
mais inovadores estão adotando
a internet e computadores para
reduzir o custo de ensinar conteúdos globais e possibilitar que estes
sejam transmitidos de diferentes
formas. A educação não será mais
chata e uma aula, com a aplicação
da gamification, torna-se mais divertida, memorável e experimental, sendo acessível a qualquer
momento e em qualquer lugar. Na
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prevenção ao crime, mais postos
policiais estão adotando tecnologias como câmeras ou sensores
e sistemas preditivos inteligentes para monitorar indivíduos ou
veículos para combater o crime,
informando aos indivíduos que
estão sendo vigiados – a presença
policial ocorrendo no momento da
ocorrência e, ainda melhor, estando presentes antes mesmo de o
problema ocorrer. O custo geral do
monitoramento físico está se reduzindo drasticamente com o monitoramento eletrônico ininterrupto e com os sistemas inteligentes
de prevenção de problemas. Similarmente, criminosos de pequenos
delitos não precisam ficar encarcerados em uma prisão, e serão
detidos na própria comunidade,
com o emprego de dispositivos de
vigilância acoplados ao indivíduo.
A economia gerada pelo fato de
não ter que encarcerar e alimentar
esses criminosos é tremenda, mas
também melhora a produtividade
desses criminosos à medida que
eles são reintegrados à sociedade.
Por fim, no meio militar, governos
mais inovadores estão empregando cada vez mais tecnologias autônomas que permitem que veículos,
aviões e robôs realizem suas tarefas sem a presença física. Drones
estão rapidamente substituindo
aeronaves pilotadas, caminhões
estão entregando suprimentos
sem um motorista físico e robôs
estão sendo enviados a áreas de
conflito, controlados a partir de
distâncias seguras. As ações militares do futuro serão mais atentas,
de resposta rápida, de menor custo e com menos envolvimento humano. Agências governamentais
incapazes de mudar se tornarão
dinossauros e serão severamente
criticadas pelos contribuintes. Diferentemente do passado, esses
contribuintes se expressam com
mais veemência do que antes, utilizando o Twitter e outros fóruns
de mídia social.
SÃO POUCOS
OS CORAJOSOS
Sua palestra na Expogestão
vai tratar desse conceito de
inovação disruptiva, abordando a
possibilidade de “criar valor onde
ninguém mais acredita”. Onde é
que ninguém mais acredita que
possa haver inovação e por quê?
Empresas não são estúpidas. Elas
conseguem ver as mudanças que
estão por vir, mas ficam presas à
situação atual. São como o Titanic:
enxergam o iceberg, mas não conseguem mudar a direção rápido o
suficiente, em função do momento, estrutura física e governança.
Falar a uma empresa que ela deve
mudar quando está tendo sucesso
é desnecessário e arriscado. Indivíduos na organização questionarão
por que devemos atender clientes
atuais de formas novas e distintas
quando as atuais estão funcionando. Coragem e sabedoria devem
ser capazes de gerenciar o presente enquanto há uma preparação
para o futuro. Muitos líderes preferem colher no presente do que
investir no futuro. As empresas
entendem que os benefícios de
curto prazo serão acumulados a
elas e que quaisquer benefícios de
longo prazo ficarão provavelmente para o próximo CEO. Portanto,
são poucos os corajosos que desejam conduzir a mudança enquanto protegem o presente. Inovação
também requer que os indivíduos aprendam o que fazer com
os experimentos. Infelizmente, a
maioria das empresas criou sistemas e processos que eliminam
quaisquer experimentos, exceto
em P&D. Indivíduos que propõem
novos modelos de negócio, novos
canais, novas ofertas, novos processos, novos fornecedores, novos
parceiros (e a lista vai longe) logo
são vistos como perturbadores
para a empresa. São esses agentes de mudança que se mantêm
firmes, a sabedoria convencional,
o sistema existente que é crítico
à condução de mudanças. Infelizmente, eles são perseguidos ou
eliminados pela cultura corporativa. Porém, há alguns poucos que
não serão eliminados. Eles são os
corajosos, os irreverentes, aqueles que não podem ser ignorados
e aqueles que mudam o mundo
(caso da Apple). Infelizmente, não
são muitos.
Qual o alvo do trabalho realizado
pelo IXL e pelo Instituto de Gestão
de Inovação Global, que o sr.
representa?
O Centro IXL trabalha com projetos grandes e robustos. Gostamos
de atender empresas, governos,
ONGs e academias que desejam
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Patel, que vai estar na Expogestão,
diz que a cultura corporativa
costuma eliminar os inovadores
um crescimento de dez vezes. Auxiliamos grandes empresas como
a Johnson Controls, Natura, Braskem, Eastman Chemical e Sanofi
a identificar como alcançar o crescimento de dez vezes. Auxiliamos
governos, na Colômbia e Guatemala, buscando um crescimento
econômico nessa proporção ao
abordar portifólios de 20 a 50 pequenas e médias empresas e auxiliando cada uma delas a se tornar
dez vezes maior. Com o presidente
Clinton e o prêmio Hult, ajudamos
um grande número de empreendimentos sociais a aumentarem
seus esforços nessa escala para o
combate à pobreza. Finalmente,
auxiliamos no treinamento de mi-
lhares de indivíduos todos os anos
a pensar e agir de forma diferente
e conduzir o crescimento com a
oferta de cursos de MBA e programas na FDC, Universidade de Toronto, Escola Internacional de Negócios Hult, Universidade Yonsei
na Coreia, Universidade de Gestão
de Singapura, Universidade Liuc
e Thunderbird. Gostamos de empresas que desejam o impacto do
crescimento em larga dimensão. Já
o Instituto de Gestão de Inovação
Global é o padrão global para treinamento e certificação em torno
da gestão de inovação. É gerenciado por um quadro de profissionais
composto pelo chefe de diretores
de inovação, consultores, vendedores e acadêmicos que objetivam
tornar a inovação uma disciplina
profissional de negócios. Um capítulo brasileiro está programado
para ser aberto em 2015.
Em que campos o sr. acredita ser
possível inovar atualmente? Não
apenas em tecnologia, correto?
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A Coreia do Sul elegeu a tecnologia como a base para o crescimento de suas empresas. Cingapura,
por outro lado, adotou os serviços
como a base para seu crescimento
corporativo. Já países na Europa,
como França e Itália, escolheram
a experiência como fundamento.
Cada um está inovando de forma
particular, mas todos têm um modelo comercial viável e de sucesso.
Minha orientação é para que todas
as empresas considerem a inovação na cadeia de valores, seja por
meio de experiências com novos
clientes, novas formas de abordagem, novas ofertas, novas formas
de produção, mas aquele que cria
mais valor é o modelo de negócio.
A Uber (startup americana do setor tecnológico) não é proprietária
dos carros (em que seu aplicativo é
utilizado) ou arca com os custos de
manutenção, como uma típica empresa de táxis, mas oferece o mesmo serviço, que é levar o cliente do
ponto A ao ponto B, assim como a
companhia de táxis. A salesforce.
com não o obriga a comprar um
software de US$ 1 milhão e a dor
de cabeça dos sistemas ERP para
um sistema CRM – em vez disso,
oferece uma conta no modelo nuvem que pode ser ativada imediatamente. A Universidade de Phoenix não rejeita sua candidatura
para estudar pelo fato de você não
ter o dinheiro para pagar por todos
os cursos de uma vez só ou exige
que você se dedique integralmente por quatro anos para se formar,
como em Harvard. Ela permite que
os estudantes cursem e paguem
por um curso de cada vez e estudem de acordo com seu próprio
ritmo. Esses são modelos de negócios de sucesso. Atraem facilmente novos clientes em curto espaço
de tempo, contam com uma rede
mais ampla para consolidar essa
base e captam a maior fatia do in-
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vestimento das empresas focando
na parte mais rentável do negócio
e fazendo com que seus próprios
clientes retornem diversas vezes.
Mas que áreas deverão crescer no
futuro, pela via da inovação?
Robótica, saúde e energia renovável. Todo ambiente individual, da
casa, ao escritório, à fábrica, acabará por ser transformado pela automação e robótica. A faxineira, o
auxiliar de escritório ou o operário
da fábrica estão prestes a ser eliminados por robôs inteligentes e confiáveis. De forma similar, médicos,
professores, fazendeiros, caminhoneiros e outros especialistas estão
sendo decodificados e automatizados por sistemas inteligentes, robôs
portáteis e veículos autônomos.
Toda indústria que passou do mundo físico para o digital está agora
passando do mundo digital para
o físico por intermédio dos robôs.
O avanço da ciência e tecnologia
acelerará as inovações na área da
saúde com a prevenção tendo um
papel primordial e, talvez, a eliminação de doenças como o câncer
nos próximos dez anos. Aparelhos
de diagnósticos médicos acoplados
a sistemas inteligentes motivarão
as pessoas a se manter saudáveis
e descobrir problemas mais cedo,
aumentando a produtividade e a
qualidade de vida. Porém, a maior
oportunidade será para a população idosa, que viverá mais tempo
e demandará soluções novas e diferentes, e serão criadas novas necessidades das quais sequer temos
conhecimento atualmente. Outra
área interessante para inovação é
a de energia e eficiência energética.
Estamos ficando cada vez melhores
no aproveitamento da energia solar,
seja com a luz, vento, calor ou água,
e também ela está sendo cada vez
menos desperdiçada. Muito do que
hoje está ligado a fios não neces-
sitará de fios no futuro, quando
passaremos a ver aspiradores portáteis e ferramentas de jardinagem
funcionarem sem estar ligadas à
tomada. Espere por um mundo em
que aparelhos nunca ficarão sem
energia, já que serão recarregados
de forma remota e contínua. Espere
por um mundo no qual poderemos
transformar a energia do sol para
produzir alimentos utilizando cada
vez menos combustíveis físicos. Espere por um mundo com necessidades de aquecimento e resfriamento
individuais medidas a um nível individual, com roupas equipadas com
termostatos. Estamos vivendo tempos empolgantes.
HESITAR PODE
SER MORTAL
Que conhecimento o sr. tem sobre
os avanços nessa área no Brasil? É
possível compartilhar os esforços
de empresas privadas, governos e
universidades, para a “causa” da
inovação ou cada um deles tem
interesses distintos?
A disruptura está acontecendo
por todos os lados. Nunca foi tão
fácil construir uma empresa com
um décimo do custo, dez vezes
mais velocidade e dez vezes mais
impacto. Todos os envolvidos
atualmente devem estar atentos,
pois construíram suas empresas
utilizando regras do passado, mas
infelizmente o jogo mudou, assim
como as regras. O governo e as empresas brasileiras têm uma grande
oportunidade de ser inovadores
e assumir uma posição de liderança na economia global. Porém,
qualquer hesitação ou estagnação
será mortal, permitindo que outros passem à frente e dominem.
O governo brasileiro está se esforçando em conduzir inovações em
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indústrias distintas. Infelizmente,
muitas empresas não sabem como
navegar em um processo burocrático ou falham em atender alguns
critérios para conseguir apoio go­
vernamental. Como resultado,
as empresas que necessitam não
conseguem ajuda. Adicionalmente,
o foco tem que ter incluído a inovação do modelo de negócio como
o direcionador de crescimento em
conjunto com a atual visão de inovação técnica.
O sr. percebe as empresas com
dificuldades em inovar? Por quê?
Na maioria, o CEO defende a inovação como fator estratégico,
mas elas rapidamente passam a
responsabilidade a um executivo
júnior. Os resultados, portanto,
tornam-se graduais à medida que
a inovação encontra dificuldades
em relação a recursos e integração.
A inovação precisa ser conduzida
pelo CEO e deve compor em 20% a
50% da agenda de seus executivos.
Quando trabalhamos com os CEOs
da Braskem, Havaianas, CEMEX e
Johnson Controls, vimos a inovação estratégica acontecer. Com
relação à academia, estudantes
em programas de MBA “sabem” o
que é, porém, há uma lacuna sobre
“como fazer” inovação. Inovação
estratégica requer navegação pela
organização. É mais fácil falar do
que fazer. Políticas e agendas individuais devem ser consideradas
como ideias para o crescimento
que são criadas e executadas. Uma
boa compreensão sobre as pessoas, medidas e metas de compensação, e sobre a própria estrutura,
precisa navegar pela organização.
Mais aprendizados experimentais
a partir de projetos de ação reais
com empresas podem ajudar a diminuir a lacuna de “como fazer”
para auxiliar os estudantes na inovação de “saber como fazer”.
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É possível inovar durante uma crise
econômica? Como?
Tenho quatro percepções para as
empresas que estão encarando a
atual crise econômica no Brasil. A
primeira delas é: se você tem dinheiro, dê um passo à frente. Para
empresas em boa condição financeiras, o momento atual é uma
oportunidade para aquisições de
baixo custo, marketing agressivo
e rápidos lançamentos de produtos, para distanciá-las de concorrentes com menos solvência. O
Bank of America está adquirindo
concorrentes e canais a preços reduzidos, o CEO da P&G A.G. Lafley
está aumentando seu marketing e
vendas e a Apple está acelerando
lançamentos de produtos novos e
interessantes. Essas empresas vêm
dando um passo adiante e conquistando uma fatia de mercado
sem precedentes. Outra: se você
está com dinheiro reduzido, conserve-o. O mantra “dinheiro é rei”
não pode ser mais real para organizações com situação nominal de
caixa e linhas de crédito reduzidas.
As empresas devem rever seus
portifólios de inovação e reduzir
(ou até matar) alguns projetos. Esses projetos são como “bois de piranha”, mas auxiliam a comunicar
que a organização está sendo prudente. A empresa deveria atrasar
(não matar) projetos que são importantes para o futuro dela, mas
não de forma urgente. Esses projetos devem ser novamente priorizados assim que a situação de caixa
melhorar, recursos liberados por
projetos mortos ou em pausa podem ser distribuídos para acelerar
projetos importantes ou urgentes.
Muitos serão de curto prazo, graduados ou focados em melhoria
de processo ou redução de custo,
e é aceitável mudar seu portifólio durante períodos difíceis. Para
projetos de primeira linha, as em-
presas deveriam priorizar projetos
de baixa intensidade de capital.
Habitualmente, trata-se de repaginar soluções existentes, como
foi o caso da promoção de vendas
da Hyundai, desde a garantia oferecida até a devolução do carro em
caso de demissão. Essas inovações
são modelos de negócio e inovação de serviços. Uma terceira dica:
espere mais de seus funcionários e
do ecossistema. Durante retrações
econômicas, todos têm medo de
perder seus empregos. Funcionários reclamam menos, trabalham
mais, são mais proativos. As empresas que questionarem seus
funcionários ficarão surpresas e
podem conseguir alguns resultados transformadores. A indústria
automobilística dos Estados Unidos e os sindicatos estão tendo as
negociações mais produtivas sobre
assuntos delicados e tendo ganhos
notáveis. Também vemos diálogos
positivos e vantajosos para todos
os lados, entre a empresa e seus
fornecedores e parceiros. Por fim,
atualize sua gama de talentos e
parceiros. O mercado está recheado de indivíduos talentosos e de
alta performance que foram dispensados não porque eram ruins,
mas porque o mercado não conseguiu sustentá-los. É o momento
perfeito para atualizar sua gama
de talentos livrando-se de desempenhos baixos e buscando talentos excepcionais no mercado. A GE
tem feito isso há anos e agora você
também pode fazer. Esse mesmo argumento se aplica aos seus
parceiros. Por que não se livrar de
parceiros de baixo desempenho e
adicionar novos com modelos de
negócio robustos? A questão não é
se se deve inovar, mas quando fazer isso. Aplique essas quatro percepções fundamentais e você estará no caminho para inovar durante
os tempos difíceis.
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O QUE A ASSOCIAÇÃO FAZ E PENSA
Exemplo de iniciativas que o associativismo viabiliza foi a recente campanha do Núcleo de Concessionárias de
Veículos da Acij, intitulada “Desafio
Dá Pra Fazer”. Em 16 estabelecimentos espalhados pela cidade, mais de
cinco mil veículos foram ofertados
com as melhores condições e taxas,
beneficiando todos os participantes.
Em vez de reunir as concessionárias num único lugar para o tradicional feirão de veículos, foram realizadas promoções nas próprias lojas,
aproximando-as de seu público.
Nos três dias do evento, mil pessoas
passaram pelas revendas e foram
vendidos mais de 250 automóveis,
entre novos e seminovos, de todas
as marcas participantes.
TODOS POR UM
Quando o associativismo
alavanca a gestão empresarial
Desde os tempos em que o homem vivia em cavernas, a cooperação é a
base do desenvolvimento. A transformação da sociedade ocorreu pela via
do associativismo: juntos, construímos casas, vilarejos e cidades inteiras.
No antigo Egito, por exemplo, pirâmides foram erguidas com o poder do
trabalho coletivo. Das civilizações primitivas, herdamos a capacidade de
nos organizar para viver em conjunto, seguindo normas e promovendo
relações sociais, produtivas e culturais – dentro e fora dos nossos próprios
territórios. Nesse contexto, uma associação empresarial se caracteriza
como uma sociedade civil sem fins lucrativos, na qual vários indivíduos
se unem em defesa de interesses comuns. Burocracia excessiva, tributação elevada e complexa, instabilidade das regras, dificuldade de acesso a
crédito e juros altos, lentidão dos procedimentos da Justiça, são fatores
que dificultam a continuidade dos negócios. A realidade é outra quando,
unidos e mobilizados, os empresários fortalecem a capacidade de fazer
valer as suas reivindicações.
Em Santa Catarina, uma das entidades de maior representação é a
Associação Empresarial de Joinville.
O objetivo da Acij é fortalecer empresas da região, por intermédio de
um trabalho que visa ao desenvolvimento da economia como forma
de melhorar a qualidade de vida e o
bem-estar da comunidade.
PERFIL DA ACIJ
Karnopp (no alto) e Feuser (acima) destacam os benefícios do associativismo
Desenvolver as melhores práticas
Em 2008, Gleidson Karnopp, sócio da Lins Karnopp Advogados, encontrou na
Acij a oportunidade para se capacitar nas áreas de gestão e otimizar resultados. Presidente do Núcleo Jurídico, ele enumera as vantagens da parceria com
a entidade: “Você pode trocar informações com pessoas do seu segmento e
desenvolver melhores práticas. Compartilhamos técnicas e conhecimento.
São benefícios do associativismo. Além disso, conduzimos projetos de forma
subsidiada. Estamos participando de uma consultoria coletiva com sete escritórios. Se fizéssemos isso sozinhos, gastaríamos dez vezes mais”.
Antes de criar seu escritório com a concepção atual, Karnopp escreveu artigo para um informativo da Acij sobre o atendimento à área empresarial. “Um
cliente leu o texto, procurou-me e fizemos um trabalho de consultoria. Ele virou cliente fixo até sair da cidade”, revela. Segundo o advogado, além da troca
de experiências, o associativismo proporciona o compartilhamento sem interesse financeiro, focado no resultado. “Você deixa de enxergar o concorrente
como ameaça e começa a vê-lo como parceiro. Existem necessidades comuns
a todos, e o fato de cada um trabalhar de um jeito beneficia os dois”, afirma.
Para Marilea Luckow, da Adity Consultoria, outra vantagem é a construção de networking: “Entramos em contato com outros núcleos que podem
ser complementares. Posso precisar de fornecedores de outros ramos e me
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Dá pra fazer
Encontrando soluções
sinto mais segura sabendo que eles
também estão na Acij”. Associada
desde o ano passado, ela participa
do Núcleo de Gestão Empresarial. “É
um grupo colaborativo. Tinha medo
de que houvesse competição, mas
o objetivo é fortalecer cada participante”, ressalta.
Assim como Karnopp, Marilea
vivenciou a experiência do associativismo de forma assertiva. Após
um evento da Gestão Compartilhada Norte, ela foi parabenizar o palestrante e trocou cartões de visita.
Meses mais tarde, a empresa solicitou uma proposta para coaching
de gestores. “Esse é um espaço de
muito aprendizado e que oportuniza parcerias”, avalia.
A Feuser Soluções em Alumínio entrou no mercado há 30 anos, fabricando
calhas. Aos poucos, outros produtos foram incorporados, e hoje o foco está
em construtoras e grandes obras. “Esse é o momento de nos aproximarmos
de uma associação como a Acij, em que podemos usufruir de benefícios
como cursos, treinamentos, palestras e montar uma nova rede de contatos”, argumenta Braulio Feuser Junior, gerente comercial. Segundo ele, a
experiência com a Acij permite conhecer melhor o mercado. “O empresário
não pode viver em um casulo. Quem quer ser grande tem que se espelhar
nos grandes. O associativismo permite isso. Se você souber aproveitar, evita
uma série de erros”, aponta.
Desde o ano passado, quando se associou à entidade, ele foi convidado
para participar das reuniões da Gestão Compartilhada Sul. Durante um desses encontros, relatou um problema que enfrentava para desmembrar o CNPJ
em dois: “Estava presente o secretário de Desenvolvimento Econômico, Jalmei
Duarte. Expus nossa dificuldade. Agendamos uma reunião na prefeitura e ficamos duas horas conversando. No dia seguinte, nos encontramos na Secretaria
do Meio Ambiente, onde a necessidade da alteração foi entendida e autorizada. Em cerca de 60 dias, estávamos com o novo CNPJ ativo e emitindo notas
fiscais, algo que tentávamos por mais de quatro anos”.
17
ACIJ
A associação tem pouco mais de
1.900 associados. A estrutura
conta com conselhos (superior,
deliberativo e fiscal) e diretoria
voluntários, além de um diretor
executivo. Confira os números.
26 núcleos e um conselho de
núcleos
4 grupos de gestão compartilhada
23 sindicatos patronais
25 profissionais na estrutura,
todos com formação superior
A ORIGEM DOS ASSOCIADOS
60%
SERVIÇOS
21%
19%
INDÚSTRIA
COMÉRCIO
REVISTA 21
17
VISÃO ACIJ
“Ele não fazia
nada de forma
condicionada, não
aceitava ‘toma lá,
dá cá’. Se todos os
homens públicos
pensassem assim,
não estaríamos às
voltas com tantos
casos de corrupção.
Que Deus inspire os
sucessores dele”
JOÃO JOAQUIM MARTINELLI
ANDRÉ EUGÊNIO BRUSTOLIN
As lições de Luiz Henrique
Lei da terceirização traz segurança
N
T
o início do primeiro mandato do governador Luiz Henrique da Silveira, em uma eleição vencida com muito sacrifício, percorrendo
todo o Estado de Santa Catarina de automóvel e com poucos recursos, fui chamado ao seu gabinete, sem ter a menor ideia do que seria
tratado. Acredito que aquela tenha sido a primeira reunião formal que
mantivemos, já que antes nosso relacionamento era embrionário e repleto de formalidades.
Depois de perguntar sobre o andamento dos negócios, JEC e outros
temas amenos, mais para quebrar o gelo, o então governador me deu a
conhecer que o objetivo da reunião era encontrar uma forma de ajudar
uma entidade cultural. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele
se antecipou informando que a solução do problema não poderia passar por fazer ou aceitar algo que fosse condicionado, que essa sempre
foi sua forma de administrar e conduzir a vida pública e que eu deveria
saber disso.
Tal lição tem sido muito importante. Não fazer nada de forma condicionada é o mesmo que dizer que não aceitaria nenhum “toma lá, dá cá”,
embora não fosse o caso. Talvez tenha sido o seu cartão de visitas. Nunca esqueci a lição de Luiz Henrique e entendo que, se todas as pessoas
públicas adotassem aquela forma de pensar, não estaríamos às voltas
com tantos escândalos de corrupção que a gente nem sabe onde começam e onde terminam, se é que vão terminar em algum lugar.
Depois do primeiro encontro formal com o então governador, nos
permitimos ter encontros periódicos. Nos últimos meses, almoçávamos
todos os meses para, segundo ele dizia, inteirá-lo dos acontecimentos
gerais da cidade e da classe empresarial, entendendo que a Acij seria a
melhor fonte. Estivemos juntos em Brasília para tentar conseguir patrocínio da Caixa Econômica Federal para o JEC – ninguém na cidade entende o que faz a Caixa sair de Florianópolis, pular Joinville e ir diretamente
para Curitiba e Chapecó – e para pleitear recursos para uma empresa da
cidade que estava em dificuldades financeiras. Não obteve êxito, mas
fez o que tinha que ser feito.
Homem culto, muito sábio, isso todos sabem. O que poucos sabem é
que o senador era um ótimo contador de piadas, daquelas que decorrem
de fatos da vida real. Começava a rir no meio da anedota. Deixou-nos
muito cedo. Joinville ficou sem o seu senador de referência. Que Deus
inspire sucessores tão bons quanto ele.
erceirização é um modelo de trabalho que permite a uma empresa
transferir suas atividades a outra – como se, em vez de contratar funcionários, contratasse outra empresa para realizar suas atividades.
Entende-se por atividade-meio aquela que não é inerente ao objeto principal
da empresa. Trata-se de um serviço necessário, mas que não tem relação
direta com a atividade principal. Já a atividade-fim, por definição, é aquela
para a qual a empresa foi constituída. O Projeto de Lei 4.330/04 de autoria
do deputado Sandro Mabel, que normatiza a terceirização, foi aprovado no
dia 8 de abril pela Câmara dos Deputados para depois seguir para apreciação
no Senado, podendo ser sancionado ou não pela presidente Dilma Rousseff.
Existem controvérsias com relação ao projeto, que dispõe sobre o contrato de prestação de serviços a terceiros e as relações de trabalho dele decorrentes. Mas não é de hoje que se pratica a terceirização dentro das empresas,
provocando polêmicas em suas interpretações. Isso ocorre porque as regulamentações não são claras o suficiente para dar segurança aos funcionários
e aos empresários, o que acaba criando margem para delitos ou até mesmo
fraudes, provocadas de maneira intencional ou não.
Considerando os termos do projeto de lei, a obrigação trabalhista será de
responsabilidade somente da empresa terceirizada – a contratante restringe-se a fiscalizar. A representatividade sindical passa a ser do sindicato da empresa contratada, não da contratante. Talvez esse último item é que esteja
motivando a polêmica. Mas o fato é que as mudanças proporcionam segurança às empresas que praticam e precisam da terceirização para sobreviver
no mercado, e o funcionário continuará sendo funcionário com todos os seus
direitos e deveres que a legislação trabalhista garante.
Essa mudança atinge diretamente a formação de custo dos produtos, que
se reflete em um melhor preço para o consumidor. Estamos apenas no início
de mudanças na CLT e assuntos ainda mais controversos virão à tona. Neste
momento, é importante ter serenidade em seus entendimentos e cautela em
julgamentos provocados por interpretações “rasas” e sem fundamento profundo da real necessidade do país.
O Brasil precisa urgentemente atualizar sua legislação trabalhista. A lei é
antiga (de 1943), complexa e anacrônica. A insegurança é tão grande que qualquer acordo entre a empresa e o trabalhador não é definitivo e pode ser anulado pelo Judiciário. Já vem tarde essa movimentação, mas vamos evitar jogos
de interesses, emendas paliativas e trabalhar na evolução real da CLT.
João Joaquim Martinelli
Presidente do Martinelli
Advocacia Empresarial e
presidente da Acij
18
ACIJ
"Não é de hoje
que se pratica a
terceirização dentro
das empresas, mas
as regulamentações
atuais não são
claras o suficiente
para dar segurança
aos funcionários e
aos empresários,
deixando margem a
delitos e fraudes"
André Eugênio Brustolin
Especialista em finanças
e controladoria, sócioproprietário da R&A
Contabilidade. Vicepresidente do Núcleo de
Empresas Contábeis da Acij
19
ACIJ
REVISTA 21
19
DIVULGAÇÃO
MERCADO IMOBILIÁRIO
CAMPANHA
Estudo mostra que jovem quer casa própria
Talento correndo
nas veias
O Núcleo de Imobiliárias da Acij promoveu a pesquisa “Mercado Imobiliário de Joinville”, que tem como
objetivo potencializar a carteira de
clientes das empresas do setor e
nortear o trabalho dos corretores.
Assinado pela Pertencer Soluções
Empresariais, o estudo resultou em
um banco de dados completo.
Durante o processo, que envolveu sete etapas de elaboração e 755
questionários aplicados, quatro fichas foram deixadas à disposição
com as seguintes opções: aluguel
de imóvel comercial, compra de
imóvel comercial, aluguel de imóvel
residencial e compra de imóvel resiDIVULGAÇÃO
dencial. Ao total, 67% dos formulários preenchidos foram referentes à
compra de imóvel residencial.
Os mais interessados em comprar casa própria são jovens com
renda de R$ 2.500. As regiões de
maior interesse dos joinvilenses
são: Centro (32%), Norte (23%), Oeste
(21%), Leste (18%) e Sul (6%). Entre os
bairros mais procurados, destacam-se Costa e Silva, Vila Nova, América,
Bom Retiro, Aventureiro, Floresta, Saguaçu, Centro, Iririú e Glória.
Além da pesquisa, outra ação
recente do núcleo foi a realização
do 5º Simpósio Catarinense do
Mercado Imobiliário, no dia 22 de
maio. Durante o evento, foram discutidos temas como o futuro do
segmento na cidade, estratégias
comerciais e de avaliação e venda
de imóveis. Desde a primeira edição, o simpósio se propõe a abordar os desafios enfrentados pelos
corretores nesse cenário cada vez
mais disputado e exigente.
Cerca de 300 participantes puderam ouvir palestrantes como
Cícero Ferreira Filho, diretor da
Pertencer; Edemar Zimermann Jr,
especialista em direito imobiliário;
Gilberto Sessin, professor e consultor imobiliário; e Jonas Tilp, diretor
comercial do Perini Business Park.
Para marcar a terceira edição do
Prêmio Manchester Catarinense de
Propaganda, o Núcleo de Agências
de Propaganda e Marketing lançou a campanha “Mostre que seu
talento corre nas veias”. Além de
reconhecer o trabalho dos profissionais, a iniciativa teve como objetivo elevar os estoques do Hemosc
e estimular a doação de sangue,
plaquetas, hemácias e/ou medula
óssea. “Queríamos movimentar e
engajar a comunidade, destacando
que, além de grandes campanhas,
é possível pensar em exemplos de
amor ao próximo”, explica Rodrigo Ascenção, diretor de criação da
Magica Comunicação, agência que
desenvolveu a campanha deste
ano. O estímulo à doação teve início com os profissionais que atuam
nas agências inscritas no prêmio e
foi ampliado com o envolvimento
dos estudantes de graduação em
publicidade nas instituições de ensino da Região Norte, fornecedores,
veículos de comunicação e a comunidade em geral.
As doações ocorreram no Hemosc de Joinville, Jaraguá do Sul e
São Bento do Sul. A agência que reu­
niu mais doadores ganhou o título
de “Agência que dá o sangue”, enquanto as faculdades participantes
ficaram com a premiação intitulada “Ensino de primeira, estudantes
conscientes”. “Mas temos certeza
de que o primeiro prêmio é mesmo
a satisfação e a sensação de dever
cumprido, por isso a campanha tem
tudo para ser um sucesso”, ressalta
Geraldo Furtado, integrante da comissão organizadora.
Para manter seus bancos de
sangue abastecidos, salvando mi-
Profissionalizar o setor
Segundo o presidente do Núcleo de Imobiliárias, Germano Buch, a atual gestão tem registrado realizações importantes: “Publicamos a mais completa
pesquisa sobre o mercado imobiliário; participamos do 6o Congresso Brasileiro de Corretores de Imóveis, em Fortaleza; apoiamos o 3o Encontro de Procedimentos Registrais, promovido pelo 1º Registro de Imóveis, entre outras
ações”.
O núcleo nasceu em 2004. Na época, dez imobiliárias se uniram para deixar o cenário joinvilense mais profissional, proporcionar maior credibilidade
e confiança no setor. A trajetória do grupo foi registrada no livro “Uma Década de Evolução do Mercado Imobiliário”.
A publicação foi patrocinada pelo Conselho Regional dos Corretores de
Imóveis (Creci), Associação dos Notários e Registradores (Anoer), Sindicato
das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis e dos
Condomínios Residenciais e Comerciais (Secovi Norte) e Ayumi Corretora e
Administradora de Seguros, com o apoio das instituições Empreender, Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc) e Sebrae.
Região central de Joinville é a
mais procurada para locação
20 ACIJ
A pesquisa revelou informações sobre o comportamento do consumidor e do
mercado imobiliário. Casas de dois ou três quartos representam 39% dos imóveis
residenciais disponíveis para venda. Para comprar um imóvel, os joinvilenses
querem gastar até R$ 145 mil, mas as ofertas estão mais próximas a R$ 400 mil.
R$ 1.200 é o preço máximo que as pessoas estão dispostas a pagar de aluguel.
Para quem planeja alugar, os imóveis mais procurados são apartamentos de dois
quartos.
21
ACIJ
Peça da campanha criada pelo Núcleo de Agências de Propaganda
lhares de vidas, o Hemosc conta com ações como essas, motivadas pelo
Prêmio Manchester, que mostram o comprometimento da sociedade.
Join­ville capta doações e atende 27 municípios com seu estoque. Os mais
necessitados são adultos acidentados. Na cidade, o hemocentro regional
fica aberto das 7h às 18h15, na Avenida Getúlio Vargas, 198, ao lado do
Hospital São José.
O 3º Prêmio Manchester Catarinense de Propaganda, segundo seus idealizadores, é o
reconhecimento aos profissionais, agências e clientes que acreditam que vale a pena
“dar o sangue” pelas melhores ideias. Agências de publicidade e propaganda com matriz
em cidades da região e filiadas ao Conselho Executivo de Normas Padrão (Cenp) puderam se inscrever até a metade de maio – e, depois, foi só torcer pelo resultado.
REVISTA 21
21
ELTON COSTA
NEGÓCIOS INTERNACIONAIS
A 4ª edição do Meeting Comex reuniu grande público, no dia 15 de abril, na Acij. Evento promovido anualmente pelo
Núcleo de Negócios Internacionais da Acij, tem como objetivo fomentar discussões sobre o temas do dia a dia das
organizações e a troca de experiências entre aqueles que atuam nesse segmento. Foram realizados nove workshops
temáticos e uma palestra internacional sobre o tema “Estados Unidos – o gigante adormecido já despertou”, com
Guillermo Wasserman e Robert West, especialistas em direito comercial internacional.
DIVULGAÇÃO
SOCIAL
Núcleo reforma o Ancionato Bethesda
Com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos idosos que residem no Ancionato Bethesda, localizado no distrito de Pirabeiraba, o
Núcleo de Decoração e Interiores
da Acij está fazendo mudanças no
local. Com 80 anos de atividade, o
Bethesda, que abriga cerca de 100
idosos, faz parte de uma instituição ligada à Igreja Evangélica de
Confissão Luterana no Brasil, que
também é responsável por outras
unidades locais, como o Hospital
Bethesda.
A “sala de ativação” do Ancio-
nato, que é destinada para palestras, aulas de dança e outras opções
de lazer, está sendo reformada, passando por melhorias nas paredes e
teto, além de troca de móveis e de
iluminação. O projeto – em fase de
finalização, com previsão de entrega para julho – foi assinado pela
Cecyn Arquitetura e contou com a
participação de todos os parceiros
do núcleo, entre eles, Alicante, Casa
Sofia, Comparecer Fotografias, Luzville, Moarte, Promocal, Dellanno,
Flora Hardt, Madville, Parson Design e Todeschini.
A relação do Bethesda com a Acij surgiu da indicação de um dos empresários associados. “É um trabalho social para os idosos, um público que necessita de mais
atenção e cuidado. Fomos muito bem recebidos pela instituição. Temos interesse
em promover mais ações do gênero, que atinjam todas as faixas etárias”, ressalta
o arquiteto responsável pela reforma, Antonio Cecyn.
22
ACIJ
Instituição foi beneficiada pelo
trabalho que contou com o
apoio de parceiros do núcleo
23 ACIJ
REVISTA 21 23
CURSOS & EVENTOS
AÇÃO GLOBAL
Iniciativa do Sesi e Rede Globo
leva cidadania a milhares
de pessoas em todo o Brasil
Para o Sesi, a Rede Globo e seus parceiros, um único dia é suficiente
para transformar o destino de milhares de pessoas. É assim quando ocorre a Ação Global Nacional. O evento oferece emissão de
documentos, atendimento médico, psicológico e jurídico gratuito.
Também é possível oficializar a união pelo casamento ou a separação pelo divórcio. Tudo isso em meio a muitas atividades de lazer,
educação e esporte. Em Santa Catarina, a Ação Global será realizada em Araquari, no dia 30 de maio, a partir das 8h.
GESTÃO DA SUCESSÃO
O verdadeiro planejamento
estratégico de RH
No dia 11 de junho, Simone de Andrade Klober, sócia e consultora da CCeG Gestão de Pessoas, ministra a palestra “Estão de
olho nos seus talentos. E você?”. O encontro, na Acij, tem como
objetivo sensibilizar os participantes para a importância da
Gestão da Sucessão como o verdadeiro planejamento estratégico de recursos humanos, por garantir que a empresa continue inovadora, competitiva, forte, sempre na plenitude do seu
potencial. A entrada é gratuita.
24 ACIJ
ACIJ NA MÍDIA
DIVULGAÇÃO
8 a 10 de junho
Curso “Como ser persuasivo nas negociações”
Acij, Joinville
(47) 3461-3344 ou [email protected]
11 de junho a 30 de julho
Curso “Eneagrama – liderança com
inteligência emocional”
Acij, Joinville
(47) 3461-3344 ou [email protected]
12 de junho
8o Enafer – Encontro Nacional de
Ferramentarias
Expoville, Joinville
www.abinfer.org.br
16 a 28 de junho
Exposuper
Expoville, Joinville
www.exposuper.com.br
27 de junho
Workshop Planejamento de Carreira 2015
Sustentare Escola de Negócios, Joinville
(47) 3026-4950
5 a 23 de agosto
Festival Gastronômico de Joinville – edição
inverno
www.gastronomiajoinville.com.br
NOTICENTER, 24/4/2015
Debates em todas as regiões
“O governo do Estado inicia neste mês de maio um ciclo de debates em todas as regiões de Santa Catarina. À frente da organização em Joinville está o secretário Executivo de Assuntos Estratégicos, Geraldo Althoff, que trabalha em conjunto com a secretária
Regional, Simone Schramm, para organizar os encontros dos dias
11, 18 e 25 de maio. Na quinta-feira (23), o presidente da Associação Empresarial de Joinville (Acij), João Joaquim Martinelli, recebeu o secretário e a secretária (foto acima) para tratar dos pleitos
da cidade ao governo do Estado. A visita também ocorreu a outras lideranças da região.”
Notícias do Dia, 05/03/2015
“O deputado estadual Patrício Destro (PSB) recebeu um grupo
da Acij Jovem em Florianópolis. A entidade tem como principal
bandeira a construção de mais um hospital do Estado em
Joinville e conseguiu, junto ao deputado, marcar uma reunião
com o secretário de Saúde.”
25 ACIJ
Zero Hora, 18/03/2015
“Na próxima semana, a Associação Empresarial de
Joinville (Acij) vai receber os técnicos do Deinfra e a
equipe da empresa Sotepa, contratada para fazer
o projeto da obra de duplicação do trecho da Dona
Francisca, que engloba o Distrito Industrial. No
encontro, além dos pontos do projeto, que é uma
antiga reivindicação dos empresários de Joinville,
o órgão também vai discutir melhorias possíveis
para os outros dois trechos da estrada: o da Serra e
o chamado “alto da Serra”, que vai do fim do trecho
sinuoso da rodovia até São Bento do Sul.”
Portal Joinville, 30/03/2015
“O projeto de implantação do Terminal Graneleiro
da Babitonga (TGB) esteve na pauta da reunião
da Acij, Associação Empresarial de Joinville,
nesta segunda-feira (30). Os detalhes do
empreendimento, que representa investimentos
de cerca de R$ 600 milhões na região da Estrada
Laranjeiras, em São Francisco do Sul, foram
apresentados pelo presidente do TGB, Alexandre
Fernandes.”
RIC Mais, 23/04/2015
“A Central Solidária está arrecadando donativos
para as vítimas do tornado que devastou o Oeste de
Santa Catarina. O que se espera agora é a ajuda de
transportadoras para levar as doações até Xanxerê.
A Central Solidária anunciou que está precisando de
fraldas descartáveis. A Acij também está recebendo
doações e vai enviar as mercadorias arrecadadas
para as comunidades de Xanxerê e Ponte Serrada.”
REVISTA 21 25
POR QUE ACIJ
Boas-vindas a quem
está chegando
A Acij adotou em abril uma reformulação no “Café com
Negócios” dos novos associados. O evento tem como
objetivo recepcionar as empresas que estão chegando
e estimular a criação de uma rede de relacionamentos.
A primeira edição contou com a presença do presidente da casa, João Joaquim Martinelli, que deu as
boas-vindas e questionou os participantes sobre como
estão encarando a crise econômica. Para conhecer as
vantagens de se associar, entre em contato pelo telefone (47) 3461-3370 ou mande um e-mail para [email protected].
MAIS PARCEIROS
FREITAS ABECASSIS SOCIEDADE DE ADVOGADOS
47 30287437
GIBAS CHURRASCARIA LTDA EPP
47 34351647
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47 96851112
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47 30293388
JOINVILLE SQUARE GARDEN EVENTOS LTDA EPP
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JOPLAS SUL INDUSTRIAL LTDA
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NEO GREEN CONSULTORIA AMBIENTAL LTDA
47 30344157
PANDEBONO FABRICAÇÃOO DE PÃO DE QUEIJO
47 99119765
PEDRO TOMAS KOERNER ABUMANSSUR
47 91900049
DIVULGAÇÃO
NOVOS ASSOCIADOS
“Escolhemos a Acij por ser
uma associação forte e
representativa e apoiar também
o pequeno empresário, por
meio dos núcleos setoriais,
oferecendo o fortalecimento
corporativo pelas boas
práticas de gestão, a troca de
conhecimento e constantes
treinamentos. Uma associação
sempre antenada com
cenário econômico do país e
defendendo os interesses da
classe empresarial, preparando
o empresário para vencer em
um panorama tão competitivo”
Geani Ribeiro Bello, sócia
proprietária da Dominium
Contabilidade
UTIL CARD
ACADEMIA DE GINÁSTICA CORPO EM AÇÃO LTDA
47 34343741
PETTERSEN COM DE FERRAMENTAS
47 34254286
ACEFIX COM. ACESS. CONSTRUÇÃO LTDA ME
47 34272164
PINHEIRO MARKETING E ESTRATÉGIA EIRELI
11 30429446
ACIRES GAMBETA GUESSER
47 30235445
PRESENÇA ENGENHARIA E ASSESSORIA IMOB
47 34220229
ACS E DS RESTAURANTE EPP
47 34730072
PROSPERI CONSULTORIA EM VENDAS LTDA
41 30770449
ALESSANDRO FERNANDES NUNES ME
47 91191415
QUADTECH SISTEMAS LTDA - ME
47 30293639
AUTOLATINA TRANSPORTE E LOGÍSTICA LTDA
47 30281005
REGÊNCIA PARTICIPAÇÕES LTDA ME
47 34442488
AUTO MECÂNICA DEZESSETE LTDA - ME
47 34361426
ROBOTER IN INSTALAÇÕES LTDA EPP
47 30559095
BLUESTAR SILICONES BRASIL LTDA
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47 30254474
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47 30288808
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47 34160539
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47 34379649
SETA SOLUÇÕES VISUAIS LTDA ME
47 34321865
BRUNSWICK IND DE EMBARCAÇÕES DO BRASIL
47 30435671
SILVIO CESAR GARCIA
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CAIO ZAMARRENHO GOZZI - ME
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47 88502948
SUPER SOARES COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA
47 34269278
94 empresas conveniadas
508 empresas credenciadas
CHURRASCO GAÚCHO EVENTOS LTDA ME
47 30265013
SUPERMERCADO CORSI
47 34671109
QUE OFERECEM AOS FUNCIONÁRIOS
QUE ACEITAM O CARTÃO
CLICK IND COM IMP EXP DE ARTEF METÁLICOS
47 34670920
SUPERO SERVIÇOS EM INFORMÁTICA LTDA
47 30295536
COMEPI DISTRIBUIDORA LTDA EPP
47 30274915
TATIANE JOENCK
47 30251396
COMÉRCIO DE VIDRO CASTELO LTDA ME
47 34378254
TECNOLOGIA BIOQUANTICA COM LTDA - ME
47 30233417
DA VINCI ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO LTDA
47 34322364
THORUS ENGENHARIA LTDA
47 30436643
DI & DANI RESTAURANTE
47 38042700
TOOLS PROJETOS ELÉTRICOS LTDA EPP
47 34344786
EDENILSON JAMES CRDOSO ME
47 34544917
UNA ENGENHARIA E CONSULTORIA LTDA ME
47 34619247
F.R REPARAÇÃO AUTOMOTIVA LTDA - ME
47 34327654
VALDIR BITTENCOURT JUNIOR
47 30235828
FABIULA REJANE LUCIANO
47 32270341
VANESSA BORBA BACK BERNSTORFF - ME
47 34446676
FABRICIO MARINO FENILI 03753087920
47 91670109
VEGA ENGENHARIA E CONSULTORIA LTDA
47 34271577
FECHA MOLDE
47 30434182
VENERAL E SCHNEIDER LIMA TREINAMENTO
47 30272200
FERNANDO REICH - ME
47 34375510
VICTOR LEONARDO FREIRE RODRIGUES ME
47 30282728
FRANCO MÁQUINAS LTDA
47 34250669
ZANELLA & TERRA COM DE VESTUÁRIO LTDA ME
47 38044700
Mais de sete mil beneficiários
A Acij oferece o Util Card para facilitar a relação comercial entre o funcionário, a empresa onde trabalha e o comércio local.
Mais de 7 mil pessoas já receberam o cartão e estão habilitadas a comprar nos estabelecimentos credenciados. Confira
os números do benefício.
São 7.199 cartões, assim distribuídos
Card 4.451
Alimentação 2.529
Refeição 219
343
86
26
Card
Associe-se. Entre em contato pelo 3461-3370 e conheça as vantagens de ser um associado da Acij
26 ACIJ
47
Alimentação
79
21
Refeição
Card
Alimentação
Refeição
Cadastre-se. Ligue para 3461-3333 e saiba todos os benefícios de aderir ao Util Card
27
ACIJ
REVISTA 21 27
OBJETOS DE DESEJO
São 32 cores
disponíveis para
assento/encosto
Elas estão presentes em
todos os ambientes de
trabalho, no escritório,
sala de espera ou de
reuniões. A Revista
21 selecionou alguns
modelos de poltronas
para deixar o dia a dia
mais aconchegante,
prezando pelo estilo
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proporcionam aos
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28 ACIJ
29 ACIJ
REVISTA 21 29
BRIEFING
LEGISLAÇÃO
Os compromissos
do ministro do
Trabalho com o
empresariado
Os 120 empresários catarinenses
que participaram de encontro com
o ministro do Trabalho Manoel
Dias, no início de abril, saíram com
a expectativa de que possam deslanchar as soluções prometidas
para situações que vêm produzindo um quadro de insegurança
jurídica nas relações de trabalho
no Brasil. Na sede da Facisc, em
São José, o ministro anunciou a
implantação, em Brasília, de um
conselho recursal para ampliar a
transparência e a defesa nas ações
de fiscalização. A intenção é que
o conselho funcione nos moldes
do que foi adotado recentemente pela Previdência, que permite
recurso diante de situações que
a empresa autuada considera injustas ou irregulares. Ele também
garantiu apoio para a discussão de
normas e regras que, na visão do
empresariado, possam atrapalhar
a geração de empregos e o desenvolvimento econômico.
FOTOS DIVULGAÇÃO
Aeroporto Lauro Carneiro de Loyola: novos voos e pedido para baixar preços
AEROPORTO
Hotel e posto de gasolina
incrementam serviços
Depois que decolarem as obras de duplicação da Avenida Santos Dumont,
paralisadas por conta de um embate
sobre quem vai bancar as desapropriações necessárias, a Infraero deve
abrir licitação para agregar novos
serviços à estrutura do Aeroporto de
Joinville. Dois empreendimentos já
definidos são um hotel e um posto
de gasolina, que serão integrados ao
complexo. A assessoria de imprensa
da Infraero confirma que o processo
licitatório está pronto para ser publicado, dependendo apenas da “conclusão das obras de adequação viária
do aeroporto, sob a responsabilidade
da prefeitura”.
A concessão para exploração
do hotel terá prazo de 25 anos.
Com uma estimativa mínima de
150 apartamentos, a unidade será
construída em área de 5 mil metros
30 ACIJ
quadrados e terá categoria igual ou
superior a três estrelas. Já o posto de
gasolina terá contrato de 15 anos e
vai ocupar uma área construída de
cerca de 3 mil metros quadrados.
Enquanto se aguarda por essas
melhorias, o mês de maio trouxe
uma boa notícia para os joinvilenses
que utilizam o aeroporto, com o início da operação de dois novos voos
da Azul, ambos com frequência de
domingo a sexta-feira. O Azul 5019,
procedente de Brasília e Guarulhos,
pousa em Joinville às 13h50 e segue para Porto Alegre às 14h20. Já o
Azul 5015, que vem de Porto Alegre,
desce às 16h e decola rumo a Guarulhos às 16h30. Nos dois casos, a
aeronave é um Embraer 190, com
capacidade para 114 passageiros.
Agora, o aeroporto local dispõe de
um total de 12 voos diários.
“2014 foi o ano do aeroporto.
A prefeitura e a comunidade
sempre cuidaram deste
assunto. Com auxílio da Acij,
continuamos envolvidos no
trabalho de ampliação do
terminal e pedidos de novos voos,
conversando com a Infraero e as
companhias aéreas. Monitoramos
semanalmente os preços de
passagens nos aeroportos de
Curitiba, Navegantes e Joinville,
com as companhias Azul, Gol e
TAM, com o propósito de ter uma
matriz completa para servir de
argumentação aos nossos pleitos.
Ou seja, estamos fazendo o dever
de casa e possibilitando que as
companhias tenham decisão
favorável às nossas solicitações”
Empresários pedem medidas para reduzir a insegurança jurídica
A Facisc reivindica melhorias na NR 12, a norma regulamentadora de segurança
no trabalho em máquinas, como também nas regras para o trabalho do menor
aprendiz e nas cotas para pessoas com deficiência. Também protesta contra a excessiva rigidez na fiscalização dos auditores fiscais do trabalho, que ocorreria mesmo
diante de situações dúbias. Em relação ao intervalo intrajornada, que é outro pleito
do setor, o ministro afirmou que o novo presidente do Tribunal Superior do Trabalho
(TST) seria favorável à redução, no modelo praticado anteriormente, porque haveria
consenso entre empresas e trabalhadores. “O quadro de insegurança jurídica afeta
diretamente a competitividade das empresas, além de criar um passivo oculto que é
imensurável”, avalia a assessora jurídica da Acij, Juliana Silva. “Espera-se que, desta
vez, os temas andem, porque promessas o ministro já fez muitas.”
Jalmei Duarte, secretário de
Integração e Desenvolvimento
Econômico de Joinville
31
ACIJ
PM NO PERINI
Parceria para
mais segurança
A segurança pública, preocupação recorrente dos joinvilenses,
ganha reforço com a iniciativa do
Perini Business Park de investir na
instalação de uma base da Polícia
Militar naquela região. Em evento que marcou também os 156
anos do distrito de Pirabeiraba,
foi lançada a pedra fundamental
da 3ª Companhia de Polícia Militar, que vai funcionar em terreno
cedido em comodato pelo Perini,
que doou, ainda, as instalações,
uma viatura Palio Weekend e
quatro motocicletas.
O investimento de R$ 1,1 milhão marca a primeira ação de
participação público-privada em
segurança pública. “Receberemos toda a estrutura e entraremos com o efetivo”, explica o tenente coronel Nelson Henrique
Coelho, comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar. Na visão
do presidente do Perini Business
Park, Marcelo Hack, as parcerias
são um caminho importante
para promover as melhorias de
que Join­ville necessita. “Fomos
tão bem recebidos por esta cidade que sentimos a obrigação de
retribuir todo o sucesso que nos
é permitido.”
A nova base da PM vai atuar
com o efetivo de cerca de 50 policiais lotados na Região Norte e
abrigará também videomonitoramento. Segundo a PM, existe a
previsão de instalação de cerca de
300 câmeras em Joinville. O primeiro lote vai para a Zona Leste.
Na Região Norte, posteriormente
serão instaladas as câmeras da 3ª
Companhia, que será inaugurada
em 26 de novembro.
REVISTA 21
31
VAREJO
Aplicativo para campanhas promocionais
Quem fez compras nos dois maiores shopping-centers de Join­ville
às vésperas do Dia das Mães percebeu uma inovação bacana que
reduziu filas e facilitou a vida na
hora de trocar notas fiscais por
cupons para as tradicionais campanhas com sorteio de prêmios
alusivas à data. O Mueller instalou ilhas de Ipad nas quais o próprio cliente processava suas notas
fiscais, com leitura óptica, imprimindo o comprovante. No Garten
Shopping, a novidade foi um aplicativo gratuito, para smartphones
e tablets com sistemas Android ou
iOS, em que dava para antecipar o
cadastro pessoal e das notas, para
participar da campanha. Depois,
era só trocar por cupons nos pontos instalados no shopping.
“Usamos a tecnologia como
aliada para tornar ainda mais interativa e positiva a experiência dos
nossos clientes”, diz Henrique Hassi, gerente de Marketing Digital e
Relacionamento do Grupo Almeida Junior, que administra o Garten. “Além da mídia tradicional,
trabalhamos com as mídias sociais
e, nesse ambiente tecnológico, o
app é mais uma forte ferramenta
de comunicação com os clientes”,
reitera Hassi.
O Grupo Almeida Junior, que tem
cinco shoppings em operação no
Estado, em Joinville, Blumenau e
Balneário Camboriú, foi o primeiro a utilizar o sistema digital de
marcação de vagas nos estacionamentos e QR Code. Os shoppings
também dispõem de apps próprios
com informações completas sobre
cada empreendimento.
Alunos recebem suporte multidisciplinar com formação que vai do inglês ao aikidô
FOTOS DIVULGAÇÃO
QUALIFICAÇÃO
Bolshoi abre as portas do mercado artístico internacional
CERVEJARIA
Raffael Del Olmo e Felipe Mazon têm muito a comemorar neste primeiro aniversário do empreendimento que deu vazão
ao sonho antigo de fabricar cervejas artesanais. A Cervejaria DOM Haus, com sede em Araquari, cresceu mais de dez
vezes, nos últimos sete meses, produzindo hoje 14 mil litros por mês, em 16 mil garrafas de cerveja e chope. A marca existe
em boa parte de Santa Catarina, em Curitiba e outros municípios do Paraná. Em Joinville, são 150 pontos de venda e os
planos de expansão contemplam todo o Sul. Com diferencial na beleza das garrafas e no sabor, a DOM lança série especial
limitada a mil unidades da Barley Wine, maturada em barril de carvalho francês por seis meses.
32
ACIJ
Conhecimentos que vão além da
dança. É o que a Escola de Teatro
Bolshoi propõe aos bailarinos, capacitando-os para que se destaquem
nacional e internacionalmen­
te.
Ações nas áreas acadêmica, social
e cultural são estimuladas entre os
alunos e como produto de parcerias com outras instituições, como
Unisociesc, Instituto Tachibana de
Aikidô, Escola de Idiomas Yázigi,
Studio de Dança Dois prá lá, Dois
pra cá – tudo depende do interesse individual. O aprendizado em
língua estrangeira se destaca, por
oportunizar a ida de jovens ao exterior para estudar ou trabalhar.
Para isso, claro, é necessário
o aprimoramento da fluência na
língua inglesa, principalmente. “O
inglês ainda é o idioma principal
da comunicação pelo mundo. Hoje,
mais de 70% dos alunos da Escola
do Teatro Bolshoi no Brasil vislum-
33 ACIJ
bram e disputam vagas no mercado internacional”, informa Mariléia Cani, coordenadora de apoio
educacional da Escola Bolshoi. Segundo ela, dos 227 bailarinos formados, 35 já atuam fora do país.
A primeira turma de bailarinos
bilíngues frequenta o Yázigi desde
o início de 2014 e iniciou em março o segundo ano de aprendizado.
Adelson Carlos, 18 anos, é um dos
estudantes que souberam aproveitar a oportunidade para alçar
novos voos. Em seu último ano no
Bolshoi, o bailarino viajará ao Colorado, nos Estados Unidos, para estudar em uma renomada companhia de dança. “Quando estiver nos
EUA, o inglês será minha base, e, se
não souber me comunicar, não vou
conseguir evoluir e me destacar. Já
me sinto muito mais preparado, sei
que poderei me sair bem”, relata o
bailarino.
Ao final do curso, os estudantes
são encorajados a obter certificação de proficiência internacional,
qualificando-os a buscar oportunidades de trabalho e estudo em
companhias de dança lá fora. Segundo a coordenadora pedagógica
do Yázigi, Bárbara Domingues, a
necessidade dos jovens em dominar um segundo idioma é natural.
Interações positivas resultantes
dessa parceria são apresentadas
na própria rotina dos bailarinos.
“Os alunos reportam sua evolução
sempre que recebem visitantes de
outros países e se sentem confortáveis e confiantes em se comunicar
em inglês.” Mariléia, do Bolshoi,
ressalta que o incentivo à aprendizagem em outros campos abre
novos caminhos na vida pessoal e
profissional dos bailarinos.
REVISTA 21 33
ROGÉRIO DA SILVA/DIVULGAÇÃO
Entre 2010 e 2011, o projeto foi introduzido no ensino médio em diversas
regiões do país, mas não havia chegado ao Sul. Esse foi um dos motivos
para Joinville ser escolhida para a
atividade do ensino fundamental.
Além disso, o secretário de educação
Roque Mattei é conselheiro de órgãos nacionais ligados à educação
e foi informado sobre a iniciativa,
solicitando que a cidade fosse uma
das contempladas. A boa qualificação do município no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
(Ideb) também ajudou. “Soubemos
aproveitar a oportunidade e agora
estamos entre as duas cidades brasileiras a participar desse projeto, que
pode ser instituído em todo país. É
um privilégio”, destaca o secretário.
Estudantes recebem material didático: ação envolve 47 escolas
PROGRAMA
Educação financeira chega
às escolas municipais de Joinville
De acordo com pesquisa da Boa Vista/SCPC e Serasa, o número de brasileiros
que deixaram de pagar suas contas subiu 2,3% em 2014, comparado ao ano
anterior. O levantamento, divulgado em janeiro, mostra que, em dezembro,
quem estava no vermelho devia, em média, R$ 1.263,30. São dados que têm
aumentado a preocupação com a educação financeira no Brasil. Para estimular essa atividade, o Ministério da Educação instituiu a Estratégia Nacional de
Educação Financeira (Enef), em parceria com a Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF Brasil), entidade sem fins lucrativos criada por quatro instituições representantes do mercado financeiro. No início de 2015, o projeto
chegou às escolas municipais de Joinville.
Além de Joinville, Manaus foi a outra cidade escolhida para o projeto-piloto. A ideia é inserir o tema da educação financeira de forma interdisciplinar e transversal no currículo do ensino fundamental. O projeto
pedagógico conta com 18 livros por níveis de ensino, que serão oferecidos aos alunos e professores das escolas participantes. Silvia Morais,
superintendente da AEF Brasil, explica que o projeto-piloto se desdobra
nas seguintes etapas: articulação e celebração das parcerias com as secretarias municipais de educação, formação dos supervisores e gestores
das escolas que aplicarão o programa, monitoramento/acompanhamento junto às instituições de ensino durante o ano letivo e aplicação, ao
final do ano, de uma avaliação de impacto para verificar os resultados
alcançados pelo programa.
34 ACIJ
A consciência da economia
Um mercadinho onde a criançada
aprende a fazer compras. Esse é o
cenário montado no Colégio Bom
Jesus, na unidade do bairro Saguaçu. Lá, os alunos recebem, no
início de cada semana, R$ 50 para
“gastar” e administrar no local. O
valor deve durar a semana inteira,
mas entre os estudantes há quem
gaste tudo no mesmo dia e aqueles que economizam. “A partir daí,
a professora trabalha a consciência
da economia, da habilidade de lidar
e planejar para não faltar, para que
todos tenham a competência de lidar com o dinheiro em seu dia a dia.
Queremos desenvolver a consciência para que, no futuro, os estudantes tenham menos problemas
financeiros, menos estresse e mais
qualidade de vida”, explica Gislene
Valim, coordenadora das 1ª as 3ª
séries da escola.
Há cinco anos, a unidade, onde
funcionam do berçário até a terceira série, implantou a pedagogia de
“Projetos Ecoformadores”, englobando diversos temas – inclusive a
educação financeira. Na educação
infantil, as famílias são envolvidas
em temas que conscientizam para
o desperdício e o consumismo.
Além do mercadinho, os estudantes são estimulados a observar
as contas de energia da casa, propondo condições de pagamento e
construindo histórias matemáticas
a partir dessas vivências.
A professora do Bom Jesus ressalta a importância do trabalho
transversal, com o conteúdo interdisciplinar, abordando o consumo consciente e ambientalmente
sustentável. Assim, as lições de
economia transcendem para o cuidado com os próprios brinquedos
e o material escolar, apagar a luz
ao sair das salas e fechar a torneira enquanto se escova os dentes.
“Além do impacto que o aprendizado pode ter na vida das crianças, a
orientação que recebem na escola
pode fazer a diferença em casa, em
um processo cíclico no qual família
e escola ganham, tornando-os cidadãos conscientes”, enfatiza.
Em Joinville, 47 escolas municipais foram selecionadas por sorteio para integrar a primeira fase
do projeto, que já teve início. Mais
de 50 supervisores e diretores foram preparados para disseminar
a cultura de planejamento, prevenção, poupança, investimento
e consumo consciente entre crianças e adolescentes. A Secretaria
de Educação calcula que aproximadamente 20 mil estudantes
(dos terceiros, quintos, sétimos
e nonos anos) sejam envolvidos.
A meta é estender as atividades
para as demais instituições de
ensino, alcançando as 83 unidades da rede. Para a equipe, é uma
oportunidade de formar cidadãos
mais responsáveis com os recursos financeiros, resultando numa
sociedade que saiba gerenciar de
forma séria a renda familiar, evitando perdas financeiras que possam causar problemas maiores, e,
por fim, criando um ciclo financeiro virtuoso que se reflita para o
bem de toda a comunidade.
35 ACIJ
REVISTA 21 35
DIVULGAÇÃO
NA PROGRAMAÇÃO
Design participativo:
coletivos criativos
Voltada para projetos que
representam legados tangíveis
e intangíveis para a cidade de
Florianópolis.
Local: Museu da Escola
Catarinense (Mesc/Udesc)
23 de maio a 12 de julho
Projeto da Design Inverso: presença joinvilense na Bienal
BIENAL
Design acessível a todos
Florianópolis respira design, com a Bienal Brasileira de Design 2015. Com o
tema “Design para todos”, o evento prossegue até 12 de julho, ocupando diversos espaços e objetivando socializar as funções dos produtos e serviços,
a partir de propostas de uso que atendam as mais diversas camadas sociais.
Para Freddy Van Camp, curador da bienal, no Brasil persiste a ideia de que o
design é para poucos: “Queremos desmistificar isso e mostrar que o design faz
parte de praticamente todas as áreas da cultura material. Está na hora de as
pessoas reconhecerem melhor esse trabalho”. Marcos Sebben, da joinvilense
Design Inverso, diz que a vinda do evento para o Estado contou com o apoio da
Associação Brasileira de Empresas de Design (Abedesign), da qual é diretor. “É
um momento para consolidar Santa Catarina como produtor de inteligência
competitiva na área do design. As indústrias daqui já perceberam a importância de explorar o design com profundidade em seus produtos”, afirma. Além
de mostrar o design como ferramenta estratégica, Marcos afirma que a bienal
fortalece Santa Catarina como celeiro de profissionais qualificados e comprometidos, que exporta mão de obra para outros Estados.
A Bienal é composta por seis exposições, um seminário internacional, ações educativas
e atividades paralelas, como workshops e oficinas. Locais como o Museu de Arte de SC,
o Museu da Imagem e do Som, o Museu Histórico de Santa Catarina e a Fiesc foram os
espaços escolhidos para abrigar as ações. Santa Catarina já conta com 41 cursos de design e uma indústria que se fortalece cada vez mais. Freddy Van Camp afirma que esse
diálogo é importante para estudantes e professores, pois orienta os rumos do ensino e
faz com que os alunos se reconheçam e se situem. A Bienal Brasileira de Design 2015 é
uma iniciativa do Ministério do Desenvolvimento e do Movimento Brasil Competitivo.
36 ACIJ
Design tecnológico – Os
“makers” e a materialização
digital
O design baseado em tecnologias
digitais propõe uma nova
revolução de usos, adaptados a
características quase individuais
dos usuários, como a impressão 3D.
Local: Centro Integrado de Cultura
(CIC), Espaço Lindolf Bell
22 de maio a 12 de julho
Design holandês
no Palácio do Povo
Mostra que vem da Holanda,
inspirada no local de exibição: o
Museu Cruz e Souza, antigo palácio
onde os governadores trabalhavam
e residiam. Apresenta um
contraponto mais atual ao interior
tradicional do palácio, em torno de
uma ideia central: o uso cotidiano
de uma casa e a mudança de seu
papel nos últimos tempos.
Local: Museu Histórico de Santa
Catarina
16 de maio a 12 de julho
Design para todos?
Fruto de uma experiência vivida
na Bienal de 2010, em Curitiba,
apresenta um conjunto de
cartazes sobre a acessibilidade,
desenvolvidos para a Bienal por
20 artistas gráficos convidados. A
mostra será distribuída em três
locais de exibição: Parque de
Coqueiros, Jurerê Open Shopping e
Calçadão do Mercado Público.
17 de maio a 12 de julho
37
ACIJ
REVISTA 21 37
EM NÚMEROS
45%
5 TOQUES
AM 44,2
O peso do PIB industrial
nos Estados brasileiros
FÁBIO ABREU
39,2
Em “Perfil da Indústria nos Estados 2014”, estudo divulgado em fevereiro de 2015, a Confederação Nacional da Indústria mostra a evolução da participação
percentual do PIB industrial em relação ao PIB total de
cada Estado, entre 2002 e 2012.
O gráfico ao lado mostra em que Estados a participação da indústria cresceu (em azul). Santa Catarina
está entre eles, mas uma quase estagnação fez o Estado perder duas posições no ranking: era o segundo
com maior participação da indústria no PIB estadual
em 2002 e caiu para a quarta posição em 2012.
Apresentaram excelente desempenho a indústria do
Espírito Santo – aparece em primeiro no ranking de
2012, era quarto em 2002 –, Pará e Rio de Janeiro.
37,5
36,7
35%
SC 33,3
17
33,6
32,2
RS 28,0
RJ 24,3
25,2
25,0
25%
3
Conheça seu cliente. Não conhecer quem compra seus produtos e serviços pode ser fatal
para os negócios. Registre os
hábitos dos consumidores em programas de planilhas básicas ou softwares
de baixo custo.
20%
No mapa
Centro-Oeste, Norte e parte do Nordeste tiveram desempenho positivo. O desempenho do Sul foi trágico:
apenas SC teve crescimento, mas insatisfatório.
15%
NOVOS EMPREENDEDORES
10%
DF 5,7
5,4
5%
foi a participação da
indústria brasileira
no PIB do Brasil em
2012
0%
38 ACIJ
Saiba investir. Pesquise antes
de qualquer aquisição. E, quando encontrar o fornecedor
ideal, negocie. Comprar o mais
caro ou em grandes quantidades pode
não ser uma boa ideia. O produto muito caro vai reduzir sua rentabilidade e
a quantidade excessiva acabará com
seu capital de giro.
30%
Entre os que apresentaram queda de desempenho,
chama a atenção São Paulo, Estado com a indústria mais robusta do Brasil: estava em quinto lugar
em 2002 e caiu para 12o em 2012. Amazonas, cuja
atividade industrial representava 44,2% de todo o PIB
estadual, perdeu 7,5 pontos percentuais no período
analisado.
26%
2
ES 31,8
SP 30,2
PA 29,9
Quantos Estados melhoraram, quantos pioraram
12
1
Planeje-se. É importante pensar em todas as suas ações e as
consequências em longo prazo.
Considere os prazos e o tempo
de retorno dos investimentos. Faça
uma simulação com três cenários: um
muito ruim, um conservador e um muito bom. Calcule quanto tempo você vai
conseguir se manter em cada um deles.
40%
4
Caminhos para
evitar erros
Fique de olho na concorrência.
Saiba quais são as peculiaridades do mercado onde atua.
Acompanhe as novidades do
seu segmento por meio de jornais e relatórios de entidades como a Acij.
Segundo a Pesquisa de Sobrevivência e Mortalidade das Empresas Brasileiras, realizada em 2013 pelo Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina (Sebrae), 31% dos novos negócios abertos no país fecham antes
de completar um ano. O maior culpado desse índice? A falta de
planejamento e boa gestão.
Com auxílio do e-book “Os 10 principais erros do empreendedor”, da Sustentare, a Revista 21 listou cinco dicas para que
os novos empresários administrem seus negócios de forma a
aperfeiçoar esforços e conquistar melhores resultados.
Tenha comprometimento. Não
adianta alinhar todas as práticas citadas acima se você tem
medo de colocar a mão na massa. Colocar alguém para tocar o negócio e não acompanhar pode dificultar a
vida da sua empresa.
39 ACIJ
5
REVISTA 21 39
COMPETITIVIDADE
O caminho das pedras
(e as pedras no caminho)
Por Mayara Pabst e Karoline Lopes
Pistas, orientações, análises, desafios e uma direção. O Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022 aponta os caminhos que o Brasil deve percorrer até a próxima década para alcançar o desenvolvimento pleno, elevar o grau de competitividade e crescer como nação. O levantamento, preparado pela Confederação
Nacional da Indústria (CNI), é produto de debates entre empresários, executivos, acadêmicos e presidentes de entidades corporativas e identifica dez fatores-chave para aumentar os níveis de produtividade e eficiência do país.
A educação é apresentada na base da pirâmide para o desenvolvimento e
inovação, destacando a importância de investimentos e avanços na educação
básica, profissional e técnica. Na sequência, elementos ligados à atuação da
indústria: ambiente macroeconômico, eficiência do Estado, segurança jurídica e desenvolvimento de mercados. O terceiro grupo, composto pelos tópicos
tributação, financiamento, relações de trabalho e infraestrutura, impacta diretamente os custos de produção e investimentos. Por fim, o fator inovação e
produtividade fecha o ciclo ligado às competências da indústria.
O Mapa Estratégico aponta os desafios e oportunidades direcionados à
indústria pelas novas tendências mundiais e avalia as transformações do país
para traçar metas. Cada fator apresenta um indicador cuja evolução elucidará
se o país está no rumo da competitividade sustentável. O Brasil ainda tem um
longo caminho a percorrer para alcançar as metas definidas e as mudanças
podem ser alicerçadas pela consistência de estruturas governamentais regionalizadas, como Estados e municípios.
Como Joinville se situa nesse cenário? O município tem feito esforços
para evidenciar seu espaço no mercado nacional e internacional? A Revista
21 procurou respostas a essas questões e avaliou como cidade e região se
enquadram na busca pelos parâmetros exemplares propostos pelo Mapa
Estratégico da Indústria. O caminho para uma economia mais competitiva
e justa está aberto.
40 ACIJ
41
ACIJ
REVISTA 21 41
DIVULGAÇÃO E SARA PINNOW
EFICIÊNCIA DO ESTADO
De acordo com a versão 2012-2013 do Relatório Global
de Competitividade, editado pelo Fórum Econômico
Mundial (WEF), em parceria no Brasil com a Fundação
Dom Cabral (FDC), e o Movimento Brasil Competitivo
(MBC), o país figura na 111ª posição em termos de eficiência de governo e na 135ª com relação à qualidade
do gasto público, superando apenas a Argentina (136o
lugar) e a Venezuela (143o) na América do Sul. A deterioração nas condições macroeconômicas e a falta de
FOTOS DIVULGAÇÃO
Nas primeiras séries, Joinville é destaque nacional na oferta de ensino qualificado
EDUCAÇÃO
Base para o desenvolvimento de qualquer pessoa, a
educação é apresentada como prioridade no Mapa Estratégico da CNI. Profissionais capacitados aprimoram o
desempenho de empresas e instituições, criam desafios
e soluções, elevam a competitividade. Para melhorar os
índices da educação básica, profissional e técnica, o levantamento prescreve que os brasileiros devem aumentar a
nota média no Pisa (Programme for International Student
Assessment), um programa internacional que avalia o desempenho de estudantes de 67 países. A meta do Brasil é
alcançar 435 pontos em 2015 e 480 pontos em 2021.
O Pisa é aplicado a estudantes na faixa dos 15 anos. As
avalições ocorrem a cada três anos e abrangem as áreas de
leitura, matemática e ciências. Na última prova, em 2012,
a média do Pisa brasileiro em leitura foi de 410 pontos. Em
ciências, ficou em 405 e na matemática, 391, desempenho inferior à média da Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em Joinville, a aplicação do Pisa é feita pela Gerência Regional de Educação
(Gered). Em 2015, unidades selecionadas pelo Ministério
da Educação representarão o município na avaliação. De
acordo com a Gered, em Santa Catarina, são desenvolvidos programas federais voltados para o ensino médio
que contribuem para o desenvolvimento estudantil. Mas
ainda é necessário corrigir a retenção escolar entre 15 e
17 anos. Nesse sentido, a Secretaria Estadual de Educação
tem promovido iniciativas como o Programa Estadual de
Novas Oportunidades e Aprendizagem (Penoa).
O desempenho exemplar de alunos no ensino médio, por sua vez, depende de ensino de qualidade desde
as primeiras séries. Nisso, Joinville é destaque nacional.
Em 2013, as notas no Ideb (Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica) ficaram acima da média nacional.
Nas séries iniciais (1º ao 5º ano), as escolas joinvilenses
obtiveram média de 6,8, sendo que quatro unidades de
ensino computaram índice acima de oito pontos. Nas
finais (6º ao 9º ano), a média nacional foi de 4,2 pontos,
enquanto Joinville atingiu a média de 5,4.
A maior oferta de trabalhadores capacitados depende, em seu último patamar, da qualidade do ensino superior e técnico.
Joinville é sede de 13 instituições de ensino superior presencial e, de acordo com Rafael Thomazi Bratti, presidente do Núcleo
de Educação Superior da Acij, a ampla oferta de capacitações contribui para aprimorar o cenário de desenvolvimento local. A
maioria dos cursos locais apresenta conceito 3 no Enade (desempenho satisfatório). Já no Índice Geral de Cursos (IGC), algumas
instituições, como a UFSC, destacam-se ao apresentar índices 4 ou 5 (maiores pontuações). “O cenário é muito positivo e as
instituições de ensino superior têm cumprido sua função, mas sem dúvida há espaço para aprimoramentos. Joinville merece
ter sua própria universidade federal, o município poderia receber um hospital universitário e ainda falta apoio para a criação e
manutenção de cursos de mestrado e doutorado. Por fim, existe um movimento das instituições para que seja criada uma rede
de pesquisa metropolitana na cidade, com a interconexão dos campi das instituições via fibra óptica. Essa rede constituirá a
base para o desenvolvimento de novas pesquisas”, projeta Thomazi.
42 ACIJ
avanços significativos nos investimentos em infraestrutura foram os principais fatores que fizeram o Brasil perder posições no ranking mundial, regressando ao
56º lugar – o mesmo ocupado em 2009.
Na visão de um dos líderes do Movimento Brasil
Eficiente, o empresário Carlos Rodolfo Schneider, o
princípio básico da eficiência fiscal é não gastar mais
do que se ganha, procurando manter uma reserva para
enfrentar imprevistos e momentos adversos. No caso
do poder público, é essencial não aumentar despesas
que venham requerer aumento de impostos.
Para encarar esse cenário em Santa Catarina, uma
das sugestões do MBE é a criação de uma lei de eficiência que institua um conjunto de diretrizes a ser observadas na gestão fiscal e financeira do Estado, cuja
implementação caberá ao Tribunal de Contas, assessorado por uma Comissão de Gestão Fiscal e Financeira.
A criação dessa comissão daria suporte técnico, temático e operacional ao Tribunal de Contas, facilitando a
análise da gestão eficiente do Estado. Há também a
sugestão do fundo de previdência complementar dos
servidores estaduais, a exemplo do que já fizeram alguns Estados como São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco. São duas providências práticas, que podem contribuir para a maior eficiência do Estado.
Na esfera nacional, na opinião de Carlos Rodolfo Schneider, é fundamental a regulamentação do artigo 67 da Lei
de Responsabilidade Fiscal, que prevê a criação do Conselho de Gestão Fiscal. Também é necessário revisar a lei
que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos
civis da União, das autarquias e das fundações públicas
federais. No diagnóstico do Mapa Estratégico, o país deve
alcançar uma melhor composição do gasto público, com
aumento da participação do investimento nas despesas
primárias do governo para 8% em 2022. Estudos do MBE
diagnosticam: por mais que haja excesso de gastos, no
longo prazo não é necessário reduzi-los para restabelecer
a saúde fiscal. É imprescindível, no entanto, que a taxa de
crescimento seja menor que a expansão do PIB. “Se o país
quiser crescer 5% ao ano, deve investir no mínimo 25% do
PIB. Hoje, investimos entre 17% e 18%, porque os gastos
correntes consomem recursos. Enquanto essas despesas
não param de crescer a uma velocidade insustentável, os
investimentos são sacrificados”, explica Schneider.
Carlos Rodolfo Schneider, do Movimento Brasil Eficiente:
despesas crescem e sacrificam investimentos
43 ACIJ
REVISTA 21 43
DIVULGAÇÃO E SARA PINNOW
SEGURANÇA JURÍDICA
E BUROCRÁTICA
O município apresenta PIB, emprego e renda superiores à média nacional: números podem atrair investimentos
AMBIENTE MACROECONÔMICO
Um ambiente propício aos negócios que conquiste a
confiança dos investidores está entre as principais metas de um país que planeja expandir investimentos. Na
edição 2012-2013 do Relatório Global de Competitividade, o Brasil encontra-se em 62º lugar nesse quesito – abaixo de sua posição no cômputo geral (48º). O
levantamento lista cinco indicadores. O país está pior
em três: poupança (78º), inflação (97º) e dívida bruta
(109º). Para o economista e professor Fabiano Dantas,
da Sociesc, os indicadores de dívida bruta e poupança
estão relacionados, pois o governo, ampliando sua dívida, precisa de fundos para financiar esse crescimento – o que, segundo a teoria macroeconômica, faria
com que “disputasse” recursos com a iniciativa privada. Já a inflação pode causar distorções na economia,
relacionadas principalmente à distribuição de renda e
às expectativas.
Para contrapor esse cenário, o Mapa Estratégico
da Indústria elege a elevação da taxa de investimentos no país como principal meta, criando um ambiente capaz de aumentar a taxa de investimentos na
economia brasileira para 24% do PIB. Segundo Dantas, da Sociesc, considerando que o ambiente nacional impacta substancialmente qualquer tomada de
decisão local, é importante que a situação do país
seja positiva para que as ações alcancem melhor re-
44 ACIJ
sultado. Frente a esse cenário, contudo, Joinville tem
se destacado nos últimos anos como uma cidade que
apresenta taxas de crescimento do PIB e no emprego e renda superiores à média nacional. A divulgação
desses dados e a transparência nas regras que são geridas pelo município podem ser trunfos importantes
para a elevação da taxa de investimentos, diminuindo a incerteza e contribuindo para a criação de um
ambiente mais propenso aos negócios.
Para o presidente da Ordem dos Economistas de Santa Catarina (Oesc), Luiz Henrique Belloni Faria, quando se fala
em ambiente favorável à competitividade, imediatamente vem à mente a “análise de mercado” – e, neste caso,
intimamente relacionada à disponibilidade financeira dos
consumidores, com o alto endividamento das famílias.
“Nessa linha, é passível esperar ações dos governantes,
voltadas à educação financeira familiar dos catarinenses.
Medidas importantes, apesar de os resultados virem a médio e longo prazo”, pondera o economista.
Menos burocracia e mais agilidade em processos
pode ser o abre-alas que faltava para alguns investidores olharem mais atentamente as chances de investimentos no Brasil e, particularmente, em Santa
Catarina. No relatório Doing Business 2015, o Brasil
ficou na 120ª posição, atrás de nações como Honduras, Filipinas, Guatemala, Gana e outras tantas. O
levantamento, elaborado pelo Banco Mundial, mede
as regulamentações que estimulam e restringem os
negócios, apresentando indicadores quantitativos sobre a legislação e a proteção dos direitos de propriedade. Em comparação com o ano anterior, o Brasil subiu três pontos, mas ainda há muito o que aprimorar.
Com esse objetivo em mente, aumentar a segurança
jurídica e reduzir a burocracia estão entre as metas do
Mapa Estratégico da Indústria.
Para o presidente da Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (Acijs), Paulo Luiz Mattos, o sistema político-administrativo, no que diz respeito às legislações
que regulam projetos de abertura de empresas ou
mesmo na ampliação de empreendimentos, muitas
vezes é fundamentado em ótica antiquada. A proposta da indústria é que o Brasil avance no ranking do relatório Doing Businesss, alcançando a 98ª posição em
2017 e a 80ª em 2022. Nesse caso, mudanças conceituais e estruturais precisam ser colocadas em prática.
“Se considerarmos que a burocracia é algo que está
internalizado, este é um trabalho que envolve variadas
e complexas decisões. Em linhas gerais, o que deve ser
buscado é a maior flexibilização e racionalidade nos
prazos e exigências. A partir da redefinição de protocolos e do estabelecimento de confiança, podemos ter
condições favoráveis de segurança jurídica aos investidores”, detalha Mattos.
Em Joinville, ações simples e estruturais contribuíram
para a redução da burocracia. Em 2014, a adoção de
práticas para melhoria das rotinas de trabalho encurtou em 73% o tempo médio das análises de projetos
na Secretaria de Infraestrutura Urbana. Já em 2015, o
tempo médio para emissão de licenças ambientais para
implantação ou ampliação de indústrias caiu de um ano
para três meses, depois da criação da Secretaria do Meio
Ambiente (estruturada após a implantação de uma reforma administrativa). A principal ação para a redução
dos prazos foi a concentração das equipes de análise técnica em um mesmo ambiente.
45 ACIJ
Para a advogada Juliana Cristina Martinelli, vivemos uma era de excessos burocráticos que atravancam todo o sistema e, por isso, precisam ser reestruturados. “A burocracia é necessária para a manutenção
da ordem pública, seu excesso é que macula o sistema.
Recentemente, a BMW, em sua cerimônia de inauguração, apresentou 137 documentos necessários para colocar a fábrica em funcionamento. Para um estrangeiro, é quase irreal. Em termos práticos, processos mais
ágeis nos órgãos governamentais, bem como uma menor interferência estatal no teor dos contratos sociais
e nas operações societárias em geral, podem aliviar o
cenário burocrático”, explica.
SECOM
Tempo médio para obtenção de licenças, como
as ambientais, vem diminuindo com ações simples
REVISTA 21 45
RELAÇÕES DE TRABALHO
Planta da BMW em Araquari: esforço do Estado em atrair e estimular novos segmentos de negócio
No ambiente corporativo, as relações de trabalho são
aspectos cruciais para o bom funcionamento das empresas. Pensando nisso, o Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022 destacou a modernização da dinâmica
entre empregados e empregadores como uma das
questões que devem ser aprimoradas. O indicador utilizado pelo estudo é o Relatório Global de Competitividade 2012-2013, ferramenta utilizada por investidores
estrangeiros quando pretendem ter acesso a informações sobre um determinado país.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria, a produtividade média do trabalhador brasileiro por hora de
trabalho de 2002 a 2012 foi a menor entre 12 economias.
“A maioria das empresas contrata por competências técnicas, mas demite por competências comportamentais
como postura, comunicação e trabalho em equipe, aspectos subjetivos quando avaliados em uma entrevista tradicional”, afirma Cícero Gabriel Ferreira Filho, da Pertencer
Soluções Empresariais. Para o consultor, um item que influencia as regras salariais e as práticas de contratação e
demissão é o fato de não existir um programa de cargos
alinhado ao mercado: “Isso ocorre muitas vezes por falta
de opção. Sofremos dificuldades na contratação e manutenção de talentos. Esses ‘diamantes’ são concorridos,
dado o baixo nível de qualificação da mão de obra”.
No quesito “eficiência no mercado de trabalho”, os dados apontam que o Brasil está entre os piores colocados
no que se refere a práticas de contratações e flexibilidade
de determinação dos salários. Também são observadas
dificuldades na hora da contratação e demissão de funcionários.
FOTOS DIVULGAÇÃO
DESENVOLVIMENTO
DE MERCADOS
A participação brasileira no mercado mundial tem forte
impacto sobre o incremento da inovação, o desenvolvimento da qualidade de produtos e a criação de novos
campos de trabalho. Em concorrência com outras nações,
o Brasil busca fôlego para aumentar índices de competitividade. Por essa razão, o Mapa Estratégico mira no aumento da participação brasileira na produção mundial de
manufaturados. De acordo com dados do IBGE, em 2014,
a atividade da indústria no país recuou 3,2%, um reflexo
do desempenho econômico nos Estados. Entre novembro e dezembro, por exemplo, a redução de ritmo na produção catarinense ficou em 5,9% – um dos recuos mais
acentuados do país.
De acordo com a Secretaria de Estado para Assuntos Internacionais, com atenção às dificuldades que a
economia brasileira enfrenta em 2015, a ampliação do
comércio internacional para os produtos catarinenses
foi eleita como prioridade. Em parceria com entidades
empresariais como a Fiesc, a secretaria está colocando
em prática uma extensa agenda de contatos com governos e entidades estrangeiras, para ampliar o leque
de cooperações internacionais e atrair investimentos.
Além do mercado já consolidado, via parcerias com Alemanha e Rússia, o Estado está investindo em regiões
como Japão e Coreia do Sul.
A proposta da Confederação Nacional da Indústria é
que o país aumente sua participação na produção mundial de manufaturados para 2,2%, até 2022. Ações práticas devem ser realizadas para estimular a inovação e aumentar a qualidade dos produtos. “O governo de Santa
Catarina tem tomado medidas efetivas para estimular
a economia, com ênfase no desenvolvimento de novos
setores. Um exemplo é a atração de empresas automotivas, como a BMW, LsMtron e Sinotruck, que inserem uma
nova cadeia de produção na região. Esses investimentos
tornam Santa Catarina um importante polo de tecnologia e conhecimento”, relata Carlos Adauto Vieira, secretário de Assuntos Internacionais. Na mesma linha, recente
diagnóstico assinado pelo Sebrae analisa o “efeito BMW”
na economia regional, identificando nada menos que 108
segmentos com potencial a ser desenvolvido a partir da
instalação da montadora.
O Conselho Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação (Comciti) cumpre importante papel no estímulo e disseminação da inovação
em Joinville, formalizando o elo entre diferentes parceiros para o fomento às descobertas. De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Jalmei Duarte, a realização de eventos como o Prêmio de Inovação de Joinville e a atuação do Comciti, somadas ao
espírito inovador das empresas regionais, tornam o município referência em qualidade e produtividade. “O município sedia empresas
que mantêm operações nos cinco continentes. Conta também com empresas que enxergam, em Joinville, mão de obra qualificada e
características que convergem para o desenvolvimento dos negócios. O incentivo à instalação de um porto seco é uma das ações reais de
estímulo ao comércio internacional, atendendo não só às demandas das empresas aqui instaladas, mas do Estado e do Brasil.”
46 ACIJ
Profissionais de talento são muito concorridos pelas empresas, comparados por consultor a “diamantes”
FINANCIAMENTO
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, Joinville
tem cerca de 3,2 mil indústrias, a maioria (36%) ligada ao
setor da construção civil. O município também se destaca
na fabricação de produtos de metal (15%), vestuário (9%)
e fabricação de máquinas e equipamentos (5%). Praticamente 70% do total da riqueza gerada pela indústria, ou
R$ 6 bilhões, é contabilizado por quatro atividades: máquinas, aparelhos e materiais elétricos (20%), fabricação
de máquinas e equipamentos (17%), além de metalurgia
e produtos de borracha e de material plástico (16% cada).
Glauco José Côrte, presidente da Fiesc, ressalta que
os investimentos programados pela indústria catarinense para o ano de 2015, na ordem de R$ 2,1 bilhões, são
inferiores aos R$ 2,3 bilhões realizados em 2014. “Esses
47 ACIJ
números nos dão a medida das limitações atuais, mas
nos levam a pensar que a indústria de Santa Catarina está
mobilizada para transpor as dificuldades conjunturais”,
assegura. Uma das metas relacionadas pelo Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022 é ampliar a capacidade de
investimento das empresas.
Na região, existem ações do governo estadual que auxiliam
os empresários. O Prodec, por exemplo, concede incentivos à
implantação ou expansão de empreendimentos industriais e
agroindustriais. Dois bancos públicos atendem às necessidades dos empreendedores, Badesc e BRDE. Para as micro e pequenas empresas, o Sebrae/SC é um parceiro. Anualmente, a
instituição investe cerca de R$ 50 milhões em projetos e ações
de apoio e desenvolvimento da atividade econômica.
REVISTA 21 47
FOTOS DIVULGAÇÃO
INOVAÇÃO E
PRODUTIVIDADE
A produtividade é um dos fatores mais relevantes da competitividade do mercado. Para obter ganhos maiores, as empresas precisam investir cada vez mais em inovações. “Empresa que não inova pode ficar para trás, desaparece e perde competitividade. Você
pode se tornar mais atraente com a tecnologia, ganhar apelo diferenciado no produto, como também inovar e ganhar produtividade.
Com inovação, pode não vender mais, mas tem redução de custo”,
sustenta Edimilson José Corrêa, presidente da OpenTech Software
e Rastreamento.
De acordo com o Mapa Estratégico da
Indústria 2013-2022, o Brasil ocupa a 33ª
posição, considerando o gasto privado em
pesquisa e desenvolvimento, e a 34ª colocação em termos de capacidade de inovar,
em uma lista de 144 países. “Neste ano,
especialmente, a economia está em recessão, por consequência, acaba-se investindo menos. Mas, em geral, as empresas de
Joinville estão investindo. Prova disso é a
evolução das startups e as incubadoras da
Univille”, afirma Corrêa, da OpenTech.
Proximidade de Joinville com quatro portos é um dos atrativos para investidores potenciais
INFRAESTRUTURA
O desenvolvimento econômico de
uma região não depende apenas
da situação econômica ou de investimentos. A infraestrutura que cerca o local, como portos, rodovias,
ferrovias e aeroportos, também
influencia o potencial dos negócios. Uma das metas do Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022 é
que a participação do investimento
nesse quesito passe de 2% do PIB,
em 2011, para 5% em 2022. Atualmente, o país apresenta classificações
muito ruins em temas com forte impacto na competitividade da indústria,
como a qualidade dos portos (135º), aeroportos (134º), rodovias (123º) e
ferrovias (100º). O mesmo relatório coloca o Brasil na 68ª posição no item
qualidade do fornecimento de energia elétrica.
Para abrir novas vias de investimento, o prefeito Udo Döhler participou recentemente de um encontro com 70 executivos na Embaixada
do Brasil, em Berlim. Ele afirmou que Joinville apresenta excelentes condições para atender a demanda de quem quiser investir no município. O
prefeito enalteceu a facilidade logística da cidade, com destaque para o
acesso à BR-101 e a proximidade com portos (Itapoá, Itajaí, Navegantes
e São Francisco do Sul), além da mão de obra qualificada e os excelentes
níveis educacionais.
Segundo Jalmei José Duarte, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, dentre os investimentos recebidos por Join­
ville e região, sobressaem-se os portos: “Itapoá foi reconhecido como o terminal portuário com melhor desempenho em pesquisa. Também temos um dos aeroportos mais modernos do país, que alia conforto, agilidade e segurança”. Ele indica que a
duplicação das avenidas Santos Dumont e Dona Francisca estão entre os próximos desafios. “São rotas importantes para o
desenvolvimento da cidade. Não só para o conforto dos usuários, mas para maior competitividade das nossas empresas”, reitera. O Plano de Mobilidade (planMOB) é um avanço na área. O documento busca medidas para a melhoria do sistema viário,
infraestrutura e aspectos da gestão da mobilidade.
48 ACIJ
Feirão do Imposto, iniciativa que nasceu em Joinville e hoje é realizada em vários Estados
TRIBUTAÇÃO
Conforme aponta o relatório “Santa Catarina: Oportunidades & Negócios”, que traça o panorama da sociedade atual, a indústria de
transformação catarinense é a quinta maior do país em número de
empresas (43 mil) e de trabalhadores (476 mil). Isso em um Estado
que ocupa apenas 1,1% do território nacional. Existem mais de 100
mil trabalhadores atuando em outros setores, como agricultura, pecuária, pesca, construção e produção e distribuição de eletricidade,
gás e água.
Aqui, atividade econômica é caracterizada pela divisão em polos: agroindustrial (Oeste), eletrometalmecânico (Norte), madeireiro (Planalto e Serra), têxtil (Vale do Itajaí), mineral (Sul), tecnológico
(Capital) e turístico (praticamente todo o Estado). O levantamento
do Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022 revela que o desafio do
Brasil é alcançar equilíbrio entre a necessidade de arrecadação do
Estado e a manutenção de um bom ambiente de negócios, evitando a imposição de custos excessivos. Com estrutura tributária mais
simples e transparente, seria possível turbinar a competitividade
das indústrias.
49 ACIJ
Iniciativas como a do Movimento Brasil Eficiente (MBE), que tem o joinvilense
Carlos Rodolfo Schneider na liderança,
buscam a simplificação e a racionalização
da estrutura tributária, reduzindo a quantidade e os custos de sua administração
para o contribuinte. Entre as dificuldades
enfrentadas, está o fato de o atual sistema
tributário ser um dos mais complexos do
mundo: são mais de 80 tributos, inúmeras
normas e 27 legislações distintas somente para o ICMS. Ou seja, para as empresas
brasileiras, o ato de calcular, contabilizar e
pagar os impostos consome 2.600 horas
por ano. Para o contribuinte, esse custo é
refletido no preço final dos produtos.
REVISTA 21 49
CONJUNTURA
O recado de Levy
Na Acij, ministro da Fazenda diz que o tempo é
de arrumar a casa, para voltar a crescer em 2016
Pouco mais de 100 empresários, executivos e autoridades de Joinville tiveram a oportunidade de acompanhar uma explanação do ministro da Fazenda
Joaquim Levy, durante reunião-almoço organizada pela Acij, no sábado, 16 de
maio. O homem que ocupa uma das principais posições do governo federal
sintetizou em meia hora as medidas que vêm sendo adotadas para ajeitar a
economia brasileira. São três frentes: a retomada do equilíbrio fiscal (e aqui
entram remédios amargos para o empresariado, como o fim da desoneração
da folha de pagamento), o realinhamento de preços públicos (começando pela
energia) e a ampliação dos investimentos em infraestrutura, especialmente
a partir de concessões em áreas como rodovias e aeroportos. “Se seguirmos
esse plano, com apoio dos Estados e do setor privado, passaremos pela fase
de ajustes para entrar em um período de crescimento”, pregou o ministro, que
passou o dia em Santa Catarina, entre palestras e visitas a empresas.
A plateia entendeu o recado e saudou a transparência do palestrante.
“Ele tem uma agenda clara, algo que o Brasil precisa muito, e me pareceu
otimista sobre 2016. Oxalá esse otimismo se materialize”, avaliou o presidente da Tupy, Luiz Tarquínio Sardinha Ferro, surpreso com a informação
EQUILÍBRIO FISCAL
O primeiro dos ajustes que estamos
promovendo visa chegar a um equilíbrio fiscal. As medidas que enviamos
ao Congresso buscam corrigir distorções – como no caso do seguro-desemprego, que levava a uma maior
rotatividade no emprego, ponto que
atrapalha a produtividade. É difícil
ter produtividade se o empregado
não fica ou se as empresas não têm
segurança para investir no seu desenvolvimento. No Brasil, o desemprego vinha caindo, mas as despesas
aumentavam significativamente. Ao
mesmo tempo, via-se uma rotatividade substancial – e o custo de uma
demissão acabava sendo maior do
que o salário de quem estava saindo.
Desonerações foram feitas num momento em que talvez o Brasil tivesse
mais recursos, e estavam saindo caro.
A desoneração da folha de paga-
50 ACIJ
mento foi inspirada em uma experiência análoga de Portugal, que não
funcionou lá. Custa R$ 25 bilhões ao
governo federal. Meio por cento do
PIB. Duas vezes o que se gasta com
o Minha Casa, Minha Vida. Não era
o caso de eliminar o programa, mas
ajustar as alíquotas, de forma que
pudéssemos reverter a perda sobre a
arrecadação. O programa até se justificou em certo momento, mas hoje
traz um ônus que o governo não tem
como suportar.
guns casos cortando na carne – principalmente em custeio, com alguns
investimentos. A redução é significativa: só na parte de empenho, chegou
a 30% até agora. O governo toma
essas medidas com muito cuidado.
As despesas com o funcionalismo,
por exemplo, são determinadas pelo
Congresso e, da parte do governo,
têm se mantido disciplinadas na
proporção com o PIB. Até agora, não
criamos nenhum imposto, apenas revertemos as desonerações.
CORTE NA CARNE
REALINHAMENTO
Temos feito esforço para que o Congresso não crie novas fontes de despesas. Precisamos evitar o risco de
uma armadilha fiscal, principalmente
no caso de despesas nas quais não há
fonte de receita evidente. Ao mesmo
tempo, estamos trabalhando para a
redução dos gastos públicos, em al-
NÃO À GUERRA FISCAL
de que o governo tem promovido cortes nas despesas correntes:
“Um sacrifício do governo promove
confiança e um desejo genuíno dos
outros agentes econômicos também agirem assim”.
Já Marcelo Hack, presidente do
Perini Business Park, elogiou a “preparação técnica” demonstrada por Levy,
o que reduziria maiores surpresas em
sua gestão. Dado positivo, para Hack,
foi a perspectiva de simplificação
da cobrança e crédito dos impostos
anunciada pelo ministro. “No entanto, ele enfatizou que, para isso, é preciso resolver, entre outras questões,
o descompasso entre Executivo e
Legislativo. E deixou nas entrelinhas
a má notícia de que os cortes no orçamento do governo, para atender às
metas do ajuste fiscal, serão realizados em investimentos”.
Nestas duas páginas, um apanhado das principais declarações
de Levy em sua exposição na Acij.
MAX SCHWOELK
mos de maior realismo na economia
e de preços que reflitam a realidade,
que não sejam escamoteados por
meio de subsídios. Isso nem sempre
é agradável. O conceito da desoneração não é sustentável fiscalmente. Importante a vigilância do Banco
Central para que esse realinhamento
não alimente a inflação. Tanto é que
as previsões de inflação para 2016
vêm caindo. Essa convergência da
inflação na direção da meta é fundamental para se criar um ambiente
realmente saudável para os negócios.
INFRAESTRUTURA
O realinhamento de preços envolveu
inicialmente a energia. Também em
subsídios para empréstimos concedidos a taxas muito inferiores às de
mercado. A própria redução da desoneração da folha tem valor de sinalização e faz parte do realinhamento
que a economia determina. Precisa-
A agenda de infraestrutura, principalmente na parte de concessões,
abriu enorme demanda para investimentos que vão baixar custos e
aumentar a produtividade. Nossas
exportações dobraram, mas começamos a ver muito menos fila de
51
ACIJ
caminhão junto aos portos. Merece
destaque a experiência da concessão de portos e terminais privados,
com a mudança na legislação. Até
então, o operador precisava ter carga própria. Agora foi liberado: você
pede uma autorização e pode ser de
carga de terceiros. O número de terminais privados para saída de grãos
no Norte quadruplicou, são quase
50 em fase de solicitação ou já em
construção. E a presidente Dilma
tem dado ênfase na velocidade da
análise dos pedidos, buscando formas de encurtar etapas. Em Santa
Catarina, além do aeroporto de Florianópolis, caso óbvio de sucesso
que se pode conseguir por meio de
concessão, também há inúmeras
estradas que podem baixar o custo
no transporte da produção, para ganhar toda a vantagem e eficiência
que já se tem nos portos.
O ICMS hoje é uma grande confusão. A guerra fiscal destruiu riquezas,
criou incertezas jurídicas e está lá,
pronta para levar uma machadada
do STF. Nosso trabalho de convergência para alíquotas mais concentradas
no destino é fundamental para essa
nova fase da economia brasileira. O
ICMS mais no destino tem um tremendo impacto também nas exportações, por reduzir os créditos acumulados pelo exportador. Um Estado
como Santa Catarina tem alguns dos
melhores portos do Brasil, além de
empresas com inclinação exportadora. Produtos de outros Estados vão
querer vir para cá, ser processados
e exportados daqui. A mudança do
ICMS favorece esse tipo de processo.
Uma questão fundamental para destravar os investimentos. Hoje tem
empresa que não investe porque não
sabe o que vai ocorrer com o ICMS.
A gente não pode mais esperar. Tem
que se antecipar para que, passado
este ano, as empresas estejam prontas para investir. Mas elas só vão investir se puderem começar a pensar
com segurança agora. É agora que a
gente decide o crescimento de 2016.
Outro exemplo de infraestrutura institucional para o governo se envolver
é a reforma do PIS-Cofins. Nosso objetivo é simplificar e adotar o chamado crédito financeiro para que o crédito destacado na nota de compra já
possa valer automaticamente.
VOLTA DO CRESCIMENTO
Se seguirmos este plano, e com apoio
dos Estados e do setor privado, vamos ter sucesso, e passar por esta
fase de ajustes para entrar em um
período de crescimento. Um ano à
frente não vai ser igual a um ano
atrás. Como disse o ministro das finanças da Austrália, a gente não deve
tentar restaurar o passado, a gente
precisa é facilitar o futuro, que pode
ser extremamente vencedor.
REVISTA 21
51
O ambiente retrô da Barbearia
Confraria chama atenção de quem
passa na rua e cativa a clientela já
do lado de fora. Paulo César Silva
explica que, quando começou o negócio, havia apenas uma cadeira e
um espelho, mas o conceito foi sendo
estabelecido logo no início das atividades, tendo logo criado um manual
de identidade visual para a marca. As
cores, a decoração com referências a
carros e pin-ups, o som ambiente, a
disposição dos móveis e o modelo de
atendimento foram concebidos para
conquistar o consumidor. “Quando
o cliente entra e consome nosso produto, eu sei que ele volta, porque temos qualidade, mas antes de entrar
a pessoa já precisa ser atraída pelo
estabelecimento. Aqui, ela é mergulhada em um novo conceito, com
referências que a hipnotizam. Cortar
o cabelo é o nosso carro-chefe, mas
o cliente não vem só para cortar o
cabelo. Por isso, percebemos a necessidade de criar uma embalagem
para nosso produto”, explica Silva.
DIVULGAÇÃO
PERFORMANCE
Happy-hour da vaidade
Barbearias se reinventam e qualificam
serviços para atrair e fidelizar clientela
Por Mayara Pabst. Tradição aliada à
sofisticação, inovação aliada à praticidade. Para atrair consumidores, o
setor de serviços de beleza se reinventa e aposta em ambientes que
aliam comodidade com exclusividade. Nesse segmento, voltadas para o
público masculino, as barbearias ga-
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nham terreno ao resgatar uma antiga tradição. Já o formato de negócio
traz à tona o conceito de descontração e familiaridade somado ao
momento do cuidado pessoal, que
pode se transformar no happy-hour
com os amigos ou numa agradável
pausa na correria do dia a dia.
A ideia de criar um ambiente
particular que oferecesse serviços
de qualidade, identidade única e
atendimento personalizado foi o
que levou o empresário Paulo Cesar
Silva a montar a Barbearia Confraria, em Joinville. O negócio começou pequeno, com atendimento a
amigos e familiares, mas a sacada
inovadora já nasceu grande e foi
tomando proporções de um rentável empreendimento. A base do
ofício, Silva aprendeu com o avô,
barbeiro de tradição. Em 2004, ele
participou do primeiro curso para
cabeleireiros, onde conheceu me-
Barbearia Confraria, que tem duas
unidades em Joinville, buscou
inspiração em empreendimentos
de outras capitais brasileiras
lhor o manuseio das máquinas e
alguns novos cortes. Formado em
administração de empresas, ele
se especializou na área comercial,
atuando como gerente e bancário,
mas, quando procurava salões de
beleza para cortar o cabelo, só encontrava estabelecimentos com
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preços mais salgados ou que não
atendiam suas expectativas em
qualidade e higiene. Em 2009, o sonho de montar uma barbearia saiu
do papel, associando a vontade de
empreender à chance de oferecer
um serviço diferenciado.
Para dar forma ao conceito, o
barbeiro visitou capitais como Florianópolis, Curitiba, São Paulo e Rio
de Janeiro, e buscou referências em
elementos europeus e americanos
que pudessem compor o astral do
estabelecimento, adaptando o que
viu ao gosto do consumidor local.
Para Silva, o cliente é seduzido
pelo ambiente, mas conquistado
pelo serviço de qualidade – por
isso, além dos perceptíveis investimentos na ambientação, o lugar
apresenta o cuidado e a preocupação com o bom atendimento em
primeiro lugar na lista de prioridades. O corte de cabelo é feito de
forma simples e eficaz, enquanto
a barba remete à tradição do ofício, com a utilização da navalha,
lâminas, o uso de toalhas quentes
e massagem. O clima de “parceria”
integrado ao cuidado pessoal é coroado ao som de rock e apreciado
com o cardápio de cervejas, disponível para quem deseja tornar
o momento ainda mais informal.
Adicionados os elementos que a
barbearia fornece ao consumidor,
o principal caminho para a fideliza-
REVISTA 21 53
DIVULGAÇÃO
ção de clientes passa pela propaganda que acaba sendo feita
pelo cliente que conhece o espaço. Segundo Silva, quem consome o serviço acaba indicando
o local para amigos e familiares,
na linha do boca a boca, e dessa maneira a rede de contatos
se expandiu de tal forma que
a Confraria precisou abrir uma
segunda e está prestes a inaugurar uma terceira unidade,
para dar conta da demanda.
A nova barbearia, localizada no Centro de Joinville, deve
atender fregueses de toda a cidade e dá ainda mais exposição
para o negócio que sobrevive da
vaidade masculina. “A vaidade
vai desde comprar um sapato
novo a cuidar do carro, cuidar
do cabelo etc. O homem sempre foi vaidoso e sempre consumiu – só que, em vez de entrar
pela porta da frente, entrava
pela área de serviço. O que está
ocorrendo agora é que o mercado percebeu que esse público
busca por serviços e produtos
exclusivos. Daí que trouxemos a
demanda para a vitrine e atraímos o público”, explica.
A percepção do empreendedor
é reafirmada por pesquisas que
comprovam o promissor mercado consumidor masculino.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Higiene
Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o faturamento
do setor mais que dobrou nos
últimos cinco anos, atingindo
R$ 9,7 bilhões em 2013, e a expectativa de crescimento para
os próximos quatro anos fica
em torno de 80%.
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Barbearia Ministro, na foto
maior e ao lado: antes de
definir o corte, o barbeiro
analisa o estilo do cliente;
abaixo, a Confraria
Serviços incluem até
manicure e podologia
Percebendo o novo nicho de mercado, o proprietário da Barbearia Ministro, Oseias Vicente de Souza, investe na vaidade masculina com uma
extensa cartela de serviços que vão desde o corte de cabelo e barba à manicure, podologia, sobrancelha e tonalização. O cabelo, aliado ao conceito
de visagismo, é o carro-chefe da barbearia que busca uma abordagem
particular na hora de definir o visual. Segundo Souza, quando o cliente
chega com a proposta de mudar o padrão de corte, vários aspectos são
considerados, como a fisionomia e o círculo social no qual a pessoa convive. Dessa maneira é possível entender um pouco da personalidade do
cliente. “A maior parte dos homens vem pela primeira vez à barbearia
pensando em renovar a imagem e ficar prontos para o mercado de trabalho. Sabemos que a estética fala muito alto, e, se a primeira impressão é
a que fica, eles vêm com a intenção
de melhorar a imagem e a gente
atende a essa expectativa”, explica
o empresário.
A Barbearia Ministro foi criada há dois anos e a ambientação
do estabelecimento também é
considerada um ponto forte para
conquistar a clientela. Logo na recepção, o consumidor depara com
um minibar, onde pode esperar
para cortar o cabelo tomando uma
cervejinha ou até mesmo passando um tempo com amigos. O ambiente, com decoração que remete
a super-heróis e grafite estilizado,
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é repaginado de maneira a transmitir a imagem de sofisticação e
familiaridade. De acordo com o
proprietário, a especialização dos
profissionais é um diferencial que
conquista os clientes. Os barbeiros
que atuam na Ministro participam
de constantes treinamentos, mas
a base do ofício e os padrões seguidos são formados dentro da
própria barbearia. A dificuldade
em encontrar mão de obra especializada, segundo o empresário,
leva muitos estabelecimentos a
contratar pessoas sem grande
experiência na área, que acabam
aprendendo a arte de barbear no
dia a dia de trabalho. “Tenho sentido muita alegria em formar profissionais e oferecer oportunidades, resgatando o espaço exclusivo
para o homem, a partir da releitura
do que era oferecido nos anos 60 e
70, mas com a proposta de trazer
algo moderno. Praticamente toda
a equipe que trabalha hoje comigo
foi formada aqui. Eles participam
de um curso básico e iniciam o
treinamento comigo, lado a lado.
Depois de preparados, ingressam
em um plano de carreira que prospecta o crescimento deles”, explica
Souza.
A tendência de apostar em modelos de atendimento exclusivos,
especializados e diferenciados tem
crescido e vem para atender uma
demanda de clientes cada vez mais
exigentes. Oseias de Souza relata que, logo que foi inaugurada, a
Barbearia Ministro teve uma ótima aceitação e tem se fortalecido
cada vez mais.
Nas novas barbearias elegantes da cidade, o atendimento
personalizado e descontraído e o
cuidado com as preferências do
consumidor conquistam o público
masculino. “Às vezes, o estabelecimento diversifica tanto o serviço
que acaba fazendo muitas coisas,
mas poucas são bem feitas, e você
vai ser apenas mais um no mercado. Daí a importância em apostar
num público alvo específico e em
uma tendência específica de mercado”, opina Paulo Cesar Silva, da
Barbearia Confraria.
REVISTA 21 55
PENINHA MACHADO
VITAE
Empreendedor
de família
Dono da rede Hipermais aprendeu
com pai e mãe as artes da gestão
Por Karoline Lopes. A veia empreendedora de Ewaldo
Rieper Jr. é herança de família. Seus pais, Ewaldo Rieper
e Hilda Rischebeck, montaram o primeiro negócio, uma
venda com um bar, em um endereço de 60 metros quadrados na Rua Jaraguá, em Joinville. Cinco anos depois,
o casal inaugurou uma nova loja com 200 metros quadrados. O Supermercado Rieper enfrentaria períodos de
incertezas, potencializados pelo falecimento de Ewaldo.
“Aos 14 anos, perdi meu pai. Na época, a empresa
tinha muitas dívidas e meus irmãos preferiram seguir
caminhos diferentes. Mas eu e minha mãe continuamos ali”, lembra Ewaldo. A determinação surgiu das
dificuldades. Para dar conta do negócio da família, ele
ia até Curitiba, em busca de mercadorias, dirigindo o
caminhão. As contas do mercadinho duraram mais
alguns anos. Débitos quitados, investiram na Rede de
Supermercados Joinville.
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Com o incremento das vendas, alimentado por varejistas da região, foi construído um anexo para manter estoque estratégico. A sacada: em vez de concorrer com outros mercados, que tal oferecer produtos a eles? Nasceu
assim o Atacado Joinville. Formado em administração há
35 anos pela Univille, o empresário quase desistiu da carreira para perseguir outro sonho, o da medicina: “Sempre
quis ser médico, mas hoje não me vejo de jaleco. Tenho
muito sucesso no que faço. Minha mãe cuidava do financeiro e meu pai, da parte comercial. Daí, consegui aprender as duas coisas”. Hoje, ele administra a rede Hipermais,
que abriu nova loja no Vila Nova em maio, e a Disjoi – Distribuição e Logística, que tem filial em Cachoeirinha, no
Rio Grande do Sul.
Um dos desafios de Ewaldo é comandar 1.350 empregados. “Todo mundo se assusta quando dou esses
números”, diz Ewaldo, que gasta entre oito e nove horas
diárias com assuntos profissionais e garante que não leva
trabalho para casa. “Tenho dificuldades de me desligar,
mas consigo fazer isso nos finais de semana.”
Para relaxar, dois destinos favoritos: a praia e a fazenda. “Crio cavalos crioulos há quase 20 anos. Sempre
que posso, vou a Campo Alegre, ali tenho gado de cria e
cavalos”, conta. No apartamento que mantém em Balneário Camboriú, gosta de preparar jantares e sair para
dançar. “Adoro cozinhar. Sou especialista em rabada e
peixe, bacalhau principalmente. Sempre cozinho para a
família”, revela.
Gerenciamento
de crises
A situação econômica brasileira
anda mais do que turbulenta para
o mundo dos negócios, com o fantasma da recessão assombrando
o governo federal e produzindo
incertezas nos mais variados segmentos. Mesmo assim, Ewaldo
Rieper não perde o otimismo e
segue empreendendo. Em maio,
inaugurou mais uma loja do Hipermais em Joinville, no bairro
Vila Nova. “Estamos investindo na
marca. A nova loja é muito mais
bonita”, anuncia o empresário. São
5.500 metros quadrados de área
construída, que custaram R$ 15
milhões.
Segundo ele, os momentos de
adversidade não são obstáculos, e
sim oportunidades. “Cresço com
problemas, isso não me assusta.
Quem precisa fazer a coisa acontecer sou eu. Então, tenho muita
facilidade em sair de crises. Não
sento à mesa reclamando, vou
buscando alternativas para driblá-la”, analisa.
Ewaldo Rieper comanda atacado e distribuidora com 1.350 funcionários:
“Tenho dificuldades de me desligar, só consigo nos finais de semana”
Novas gerações
O gosto pelos negócios contagiou os
três filhos de Ewaldo Rieper. São dois
veterinários e uma advogada. “Mas
estão todos comigo. Resolveram
trabalhar com a família”, orgulha-se.
Para a filha Isabella, a motivação
surgiu do exemplo dado pelo pai:
“Como gostava do ramo, não poderia optar por outro ramo, se não ao
lado dele. Eu me orgulho de fazer
parte desse grupo empresarial e dos
ótimos resultados que temos”.
Na empresa, o cumprimento
das normas e o profissionalismo são
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características da relação entre os
dois. “Não é porque sou filha que
as regras serão diferentes. Ele tenta
me transmitir da melhor maneira
a visão de empreendedor, visando
ao meu crescimento profissional”,
conta. Isabella diz que ambos sabem diferenciar o ambiente familiar
do profissional. “Compartilhar suas
experiências de vida e seu conhecimento é o que mais deixa meu pai
feliz. Procuro chegar muito próximo
do que ele sempre foi e me espelhar
em suas suas virtudes.”
Para os donos de grandes empresas, a dica de Ewaldo Rieper é:
cortar despesas. “Digo no sentido
de apagar a luz, desligar o ar condicionado, rever as contas etc. Se
ficar reclamando que vai quebrar,
é isso que vai acontecer. Tem que
acordar pensando em dar jeito no
seu próprio negócio, sempre estar
com pensamento positivo”, aconselha. Ao atuar também como fornecedor, com o Atacado Joinville,
Ewaldo conhece a realidade dos
pequenos estabelecimentos. “Eles
precisam arrumar o negócio, trazer
novidades e utilizar as associações
empresariais”, orienta.
REVISTA 21 57
Empreendimento da Incorporadora Abramar, de Balneário Camboriú, que é pioneira em urbanismo social
SUSTENTABILIDADE
Plano B como
melhor alternativa
Movimento propõe uma nova filosofia de gestão
empresarial, com o foco na transformação social
Não a melhor empresa do mundo,
mas uma empresa melhor para o
mundo. Essa é a principal meta de
companhias cada vez mais engajadas na transformação social, conscientização ambiental, fomento ao
desenvolvimento e busca por ações
que façam a diferença. Assumidas
legalmente como empreendimentos que querem mudar o planeta,
as “Empresas B” despontam pelo
Brasil munidas de uma filosofia de
negócios que encara o sistema econômico a partir de um novo olhar.
Rendimentos financeiros e lucro são
ferramentas indispensáveis para o
alcance dos objetivos, mas não ca-
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racterizam sua principal razão de ser.
“Esses empreendimentos utilizam
mecanismos de mercado para resolver problemas sociais e ambientais. O
Estado e representantes da sociedade não conseguem fazer a diferença
sozinhos. Por isso, essas empresas
se tornaram motores de bem-estar”,
explica Greta Salvi, representante do
Movimento B no Brasil.
O conceito das Empresas B (B
Corps) foi criado nos Estados Unidos,
em 2006, depois de uma experiência
empresarial frustrada. Os sócios Jay
Cohen, Andrew Kassoy e Bart Houlahan gerenciavam uma companhia
especializada em acessórios para
basquete e implantaram uma série
de práticas para ampliar a função social do negócio. O empreendimento
foi vendido e o cenário propício ao desenvolvimento social sustentável foi
desarticulado. Os investidores, então,
decidiram redefinir o caminho para o
sucesso. A Empresa B atua com altos
padrões sociais, ambientais, de gestão e transparência, gerando impacto
positivo na sociedade. Ao longo de
quase dez anos, a iniciativa já reuniu
mais de 700 empresas nos Estados
Unidos. Passam de 1.200 pelo mundo
e, no Brasil, existem 42 representantes certificados, um deles em Balneário Camboriú.
A Incorporadora Abramar foi uma
das quatro empresas fundadoras do
Movimento B no Brasil e, por meio
de palestras, atua no incentivo para
novos empreendimentos aderirem
ao conceito. É inovadora em tecnologia, design, gestão e pioneira em
urbanismo social. Nasceu em 1992,
como empreendimento familiar de
investimento imobiliário, e, após sua
reinvenção em 2008, tornou-se uma
incorporadora em franca expansão e
a primeira com a certificação B-Corp
na América Latina.
De acordo com Chad Pittman, gerente de investimentos da Abramar,
como muitas organizações atuais, a
incorporadora sempre foi uma empresa B, com missão socioambiental evidente, só não era certificada
como tal. “O Movimento B é fundamental para uma empresa como a
nossa, possa ter reconhecimento internacional, mostrar excelência em
gestão e governança e elucidar o valor social agregado a benefícios ambientais em nossos empreendimentos”, explica. A Abramar atua a partir
de um modelo de desenvolvimento
urbano, focado no programa Minha
Casa, Minha Vida, mas que vai além
da oferta de moradias. A partir da
construção de condomínios-bairro,
que combinam área residencial, serviços, lazer e segurança, a empresa
contribui para o crescimento urbano
sustentável, maximizando valor para
investidores.
Na percepção das lideranças do
Movimento B, qualquer empresário
pode obter a certificação B-Corp.
Para tanto, o empreendimento precisa ter no mínimo 12 meses de operação e adotar práticas conscientes
em relação ao serviço ou produto. O
primeiro passo é preencher um questionário online que avalia o empreendimento em cinco áreas: governança,
modelo de negócios, impacto ambiental, práticas laborais e relações
com a comunidade. Se aprovadas
na primeira etapa, as empresas são
auditadas e recebem a certificação.
Nesse processo, assinam uma decla-
DIVULGAÇÃO
Inspirados pelo conceito de Empresa B, “condomínios-bairro” combinam
área residencial, serviços, lazer e segurança, agregando valor ao investidor
ração de interdependência que reconhece a organização como parte de uma
cadeia de valores interligada. Esse documento reafirma o compromisso de geração de lucro para toda a cadeia, assim como reitera as externalidades em seu
modelo de negócio, considerando impactos sociais e ambientais. Além disso,
são incluídas cláusulas no contrato comercial que ditam a preocupação com
questões sociais e ambientais, protegendo a missão da Empresa B. Depois de
certificados, os empreendimentos passam a contar com a ferramenta “B Impact Assessment”, que estimula a melhoria de práticas, permitindo às corporações fazer uma espécie de radiografia de si mesmas.
O Movimento B planeja atuar no fortalecimento da comunidade brasileira, na elaboração de um panorama das políticas públicas em
legislação no país e na definição da estrutura de governança para o Sistema B. O número de corporações certificadas vem aumentando e o
Brasil já se tornou destaque mundial, como sede da maior Empresa B do mundo. Recentemente, a Natura obteve sua certificação, caracterizando-se como a primeira empresa de capital aberto a aderir ao movimento. “O conceito está virando tendência. É um novo panorama,
que registrou crescimento estável nos últimos anos. O movimento crescerá de maneira exponencial, até que se torne uma necessidade para
todas as empresas no médio prazo”, posiciona-se o investidor Chad Pittman.
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REVISTA 21 59
ANDRÉ KOPSCH/DIVULGAÇÃO
EMPRESAS
Incubadores da inovação
e da competitividade
Investimentos em novos centros de pesquisa e
desenvolvimento no país fomentam aprimoramento
de processos e produtos em Santa Catarina
A pesquisa pode ser encarada como alavanca da inovação e cenário ideal
para a competitividade. Investimentos em Centros de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) têm mobilizado grandes empresas em todo o mundo.
No mês de abril, o Grupo ArcelorMittal anunciou a implantação de um
Centro P&D no Brasil, o 12º do grupo no mundo. Instalada na ArcelorMittal Tubarão (ES), a nova estrutura terá como objetivo atender às demandas das unidades da América do Sul, com investimentos em inovação em
desenvolvimento de produtos, processos e atendimento a clientes. A ArcelorMittal Vega, localizada em São Francisco do Sul, será uma das unida-
60 ACIJ
des beneficiadas. Com capacidade
de produção de 880 mil toneladas
de aço por ano entre laminados a
frio e galvanizados, a empresa destina sua produção principalmente
às indústrias de automóveis e eletrodomésticos e à construção civil,
principais polos de inovação do
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento.
O desenvolvimento de produtos de alto valor agregado para a
indústria automotiva é o foco dos
investimentos em São Francisco
do Sul. Assim, a ArcelorMittal Vega
tem desenvolvido um trabalho de
otimização e melhoria em mais
de 40 peças veiculares, com soluções em aço que podem ser usadas para reduzir o peso e o custo
dos veículos, ao mesmo tempo em
que aumenta a resistência deles.
Planta da ArcelorMittal em São
Francisco do Sul: desenvolvimento
de produtos de alto valor agregado
Esse programa da ArcelorMittal é
chamado de S-in Motion. “Prevemos um aumento dos atuais 6%
para 25% de utilização de aços de
alta resistência nos veículos brasileiros até 2025, acompanhando a
tendência da indústria automotiva
global”, projeta Charles Abreu, gerente do Centro de Pesquisas para
a América Latina.
Apesar de ocupar somente 1,1%
do território brasileiro, Santa Catarina é considerada a sexta maior
economia do país e apresenta um
cenário favorável à inovação e investimentos em centros de P&D.
61
ACIJ
Um ativo mercado interno, o Estado é uma plataforma de exportações, referência para a criação e
lançamento de novos produtos a
nível local e internacional.
De acordo com uma publicação
elaborada por funcionários do Departamento de Indústria Química
da Área de Insumos Básicos do BNDES, alguns fatores que incentivam
a internacionalização de atividades
de P&D têm relação com a intensificação da concorrência mundial, a
globalização dos processos de manufatura, o desenvolvimento de
crescentes e sofisticados mercados
em países emergentes, os avanços
em tecnologias de comunicação
e o envelhecimento da população
nos países desenvolvidos, o que
causa a escassez de cientistas e
engenheiros. Os autores Martim
Francisco de Oliveira e Silva, Letícia
Magalhães da Costa e Felipe dos
Santos Pereira apontam também
fatores primordiais para a definição da localização dos centros de
P&D, questões como ambiente de
negócios, capacidade de antecipação de tendências globais, dinamismo do sistema nacional de inovação do país anfitrião, existência
de parques tecnológicos, acesso a
talentos e apoio governamental às
atividades de inovação.
Para fomentar esse cenário, em
2014, o governo do Estado lançou
o Programa Catarinense de Inovação (PCI), baseado em três eixos:
capacitar pessoas e empreendedores para desafios, atrair novos
investidores e criar habitats de inovação. Em parceria com a Fiesc, foi
desenvolvido o projeto da agência
de atração de investimentos Inova
SC, que identifica oportunidades e
as apresenta a potenciais investidores, buscando a atração de empresas, centros de P&D e investimentos nacionais e internacionais.
O treinamento de empreendedores
é realizado junto com o Sebrae e
cabe também ao PCI a implantação
de centros de inovação em diferentes regiões do Estado.
Em Joinville, há um comitê de
implantação mobilizado para a
construção da unidade que ficará
localizada em uma área do Parque
de Inovação Tecnológica de Joinville
e Região (Inovaparq). De acordo
com a coordenadora do Núcleo de
Projetos Estratégicos da Secretaria
da Casa Civil, Lúcia Delagnello, esses locais possibilitarão o trabalho
entre polos interligados que levarão
Santa Catarina a se tornar referência nacional em inovação.
REVISTA 21 61
ROGÉRIO DA SILVA/SECOM
Segundo Roberta Meyer, “o Masj
quer avançar nas pesquisas sobre
a dispersão humana do homem na
América do Sul e continuar sendo
uma das instituições de referência
no país em educação patrimonial”.
O futuro do museu depende do
diá­logo com entidades e comunidade. “A discussão sobre o futuro
do Masj, sobre a ampliação e uma
possível mudança de local precisam
envolver as equipes técnicas da FCJ,
do Masj e do Iphan [Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional]. Mas é importantíssimo que a comunidade participe do
diá­logo sobre o futuro do museu e
sobre a relevância desse patrimônio
arqueológico internacional”, frisa.
Instalado na beira do Cachoeira, museu discute possível mudança de local
NO MAPA
Peças expostas no Masj: pesquisas sobre a dispersão do homem na América
CULTURA
O endereço da história joinvilense
Cada círculo representa
cada um dos 41 sítios
na região de Joinville. O
Cubatão 1 (ao lado) teve
pesquisa custeada pelo
CNPq na década passada
Após enchente, Museu do Sambaqui reabre as portas, mas precisa de
ajuda financeira para melhorias em infraestrutura e avanço de pesquisas
Por Marcela Güther. Mudanças na estrutura física e investimentos para
continuação de estudos e pesquisas. São as principais necessidades do
Museu Arqueológico do Sambaqui (Masj). A primeira surgiu após a enchente registrada em março. O prédio, que fica às margens do Rio Cachoeira, foi invadido por 55 centímetros de água que chegaram a comprometer o acervo arqueológico – mas, ainda bem, não houve perdas. O
material atingido foi higienizado e recondicionado. “A equipe técnica do
museu tem trabalhado nos últimos meses na recuperação dos ambientes
da sede e, especialmente, no salvamento do acervo”, informa a coordenadora Roberta Meyer. O museu, que está de portas fechadas desde março,
deve reabrir em breve.
Os trabalhos de salvamento foram comandados pela equipe técnica
do Masj, com apoio de outros profissionais da Fundação Cultural de Joinville (FCJ) e do Centro de Preservação de Bens Culturais. “Infelizmente, a
localização do museu, ao lado do Rio Cachoeira, torna-o vulnerável. Não
é a primeira enchente que o Masj sofreu e, em função desse histórico, a
equipe técnica sempre tomou precauções. O material mais atingido foi o
lítico, que são peças e fragmentos arqueológicos feitos de pedra”, explica
62 ACIJ
Roberta. Além da necessidade de
melhorias estruturais, a prioridade é retomar o atendimento no
sistema expositivo e dar continuidade aos projetos educativos e de
pesquisa. A coordenadora detalha
os projetos atuais, que estão tendo continuidade após o período
de recuperação, como a retomada
da programação científica com a
realização, em parceria com a Universidade de Joinville (Univille), do
Pastfoof – Sabores Sambaquianos.
“O objetivo é discutir a dieta alimentar dos grupos sambaquianos
e recriar alguns preparos de alimentos consumidos do passado”,
esclarece.
Canal do Cubatão
Baía da Babitonga
JOINVILLE
SÃO FRANCISCO
3 km
63 ACIJ
Apoio à pesquisa
arqueológica
Joinville é uma das cidades com
maior concentração de sítios arqueológicos de sambaquis no
mundo. Construídos por grupos
de pré-históricos pescadores-caçadores-coletores, os sambaquis
registram a ocupação humana no
Norte catarinense há mais de 5
mil anos. São 41 sambaquis preservados que já despertaram interesse de arqueólogas alemães e
franceses. O sambaqui Cubatão 1,
localizado na foz do Rio Cubatão,
tem sido um dos sítios mais estudados na região.
Nas escavações realizadas em
2007, 2008 e 2009, os estudos
trouxeram descobertas raras no
mundo e revelaram mais sobre a
complexidade desses grupos pré-históricos. “O sítio vem sendo monitorado pelo Masj desde o final
da década de 1990, quando foram
identificados, na base da parede
nordeste, trançados e nós feitos de
fibras vegetais e estacas de madeiras preservados encharcados. Um
tipo de material raríssimo, sendo
o sítio um dos poucos em que foi
encontrado. Essa porção do sambaqui vem desmoronando devido
à força das águas do Rio Cubatão e
maré, pois está situado na margem
erosiva do rio, e pelos movimentos
provocados pelas embarcações”,
explica Dione Bandeira, arqueóloga que atua no museu.
Devido à raridade do material
e ao acelerado processo erosivo,
a pesquisa no Cubatão 1 foi considerada prioridade institucional.
O museu teve apoio do Conselho
Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) e
Fundação de Amparo à Pesquisa e
Inovação do Estado de Santa Catarina para pesquisa no sítio entre
REVISTA 21 63
2006 e 2007 – período em que, de
acordo com a arqueóloga, foram
realizados estudos do perfil exposto. Em 2007, o Masj firmou parceria com o Museu de Arqueologia
e Etnologia da USP, a Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Centro
Nacional de Pesquisa Científica
da França para escavação do sítio. Com recursos da Fundação de
Amparo à Pesquisa de São Paulo
(Fapesp), a pesquisa teve continuidade em 2008 e 2009, período em
que se escavaram 150 centímetros
do sítio, contando do topo. “Desde
então, o Masj tem buscado novos
recursos. Submeteu ao CNPq e ao
edital da Sociedade de Arqueologia
Brasileira e Petrobras, sem sucesso.
Aguarda a aprovação no Ministério
da Cultura (via Programa Nacional
de Apoio à Cultura) e captação de
recursos com a iniciativa privada”,
informa Dione.
As pesquisas até então realizadas revelaram informações sobre
o sítio e a população que o construiu. O sítio arqueológico remonta
a cerca de 2.500 anos. O processo
de construção se deu por meio de,
pelo menos, duas técnicas distintas
que formam, atualmente, dois estratos/blocos: um composto pelas
camadas da base com o emprego
de materiais mineral (fragmentos
de rochas angulosas) e vegetal (estacas e amarrações com madeiras
e fibras); e outro composto pelo
acréscimo de diferentes camadas,
com predominância de material
faunístico (restos de moluscos) e
sedimentos. Entre outras descobertas, os dados indicam uma área
com concentração de sepultamento e outra sem, tendo presença de
fogueiras. “Foram 21 sepultamentos (23 indivíduos), todos primários, 18 simples e dois duplos (dois
adultos e duas crianças, um indeterminado), 11 infantis e 11 adultos (seis homens e cinco mulheres).
64 ACIJ
ROGÉRIO DA SILVA/SECOM
Joinville é uma das cidades com maior número de sítios arqueológicos
Todos com ocre (corante avermelhado); só os infantis com acompanhamento (colar com 800 contas feitas de concha, pingentes, entre outros), a
maioria com pernas encolhidas, sendo o decúbito lateral (de costas virado
para o lado) a posição preferencial”, detalha Dione. “O estudo dos restos
faunísticos constatou que o peixe mais consumido foi o bagre, seguido do
baiacu e corvina.”
O trabalho precisa ter continuidade, pois o processo erosivo prossegue e
já destruiu grande parte do sítio. “Se nada for feito, todo o sítio será perdido
sem que saibamos mais sobre as raras peças nele encontradas e sobre o
povo que o construiu. Os sambaquis são patrimônio nacional e estão relacionados a uma das mais antigas ocupações do litoral brasileiro. Existem
sítios similares no mundo todo, nos cinco continentes, sendo a construção
de montes de conchas uma prática identificada há 300 mil anos no Mediterrâneo, o que nos permite pensar que eles estão, de alguma forma, relacionados aos primeiros caçadores-coletores que tiveram origem e dispersão
a partir da África”, informa a arqueóloga. “O projeto prevê a continuação
da escavação a partir do topo do sítio, tendo em vista responder questões
sobre paleodemografia e a relação com as condições de saúde, principalmente sobre doenças infecciosas, sobre as preferências alimentares e o manejo de recursos e o processo de construção do sítio e da estrutura e peças
identificadas nas camadas da base”, explicita.
O objetivo do museu é continuar a escavação até atingir a base. Além da escavação,
deverão ser feitas datações para identificar os diferentes momentos de construção/
ocupação do sítio. O material coletado (ossos humanos e animais, restos vegetais,
artefatos feitos com ossos, rochas, vegetais e conchas e sedimentos) deve ser analisado em laboratório. “Os projetos realizados até o momento produziram materiais
que estão sendo objeto de pesquisas de iniciação científica e de monografias da
especialização em Arqueologia da Univille. Estão em desenvolvimento projetos com
os restos faunísticos, fibras e madeiras e vídeos educativos produzidos sobre as pesquisas”, revela a arqueóloga.
65 ACIJ
Como ajudar
o Museu
Empresas e comunidade podem
ajudar a melhorar a estrutura física
e no desenvolvimento de pesquisas
arqueológicas do Masj. É possível
apoiar projetos aprovados pelo
mecenato cultural, via Lei Rouanet,
além de adotar um dos sambaquis
localizados na área urbana, contribuindo para limpeza e segurança
destes espaços. “A comunidade
também pode apoiar o museu se
associando à Associação dos Amigos de Museu de Sambaqui de Joinville (Amaj)”, sugere a coordenadora
Roberta Meyer.
O projeto de pesquisa para dar
continuidade às escavações, de
aproximadamente R$ 150 mil, foi
aprovado pela Lei Rouanet. Empresas que apresentarem lucro real
podem fazer doação de parte do
valor ou o valor total, com dedução
fiscal ou por meio de recursos próprios. O sistema de doação e parceria é o mesmo feito para o Festival
de Dança, por exemplo. Via parceria, a empresa pode ter retorno de
mídia. “Se apenas uma empresa se
interessar doar o valor total, temos
que fazer uma licitação para verificar se há outra empresa interessada”, esclarece Agnes Schwartz
Teixeira, coordenadora de captação
de recursos da Fundação Cultural
de Joinville (FCJ).
A empresa pode também oferecer suporte em infraestrutura, por
exemplo. “Construtoras e metalúrgicas, por exemplo, podem contribuir
com itens como cobertura na escavação, colocação de andaime etc,
desde que sejam elementos que tenham condições de ser removidos”,
esclarece a coordenadora, que está à
disposição na FCJ para atender interessados em contribuir. Informações
pelo (47) 3433-2190.
REVISTA 21 65
DIÁRIO DE VIAGEM
8
189 15
20
Rep Tcheca
Joinville
Litografias contam
história de Santa Catarina
Quando o fotógrafo Peninha Machado recebeu uma caixa com pertences de um tio-bisavô
que morava na República Tcheca, ele não imaginava que transformaria as litografias que ali
se encontravam na exposição “As colônias alemãs no Norte do Estado de Santa Catarina”.
O fotógrafo resolveu desengavetar as imagens de 1898 para resgatar um pouco da história
de Joinville, da Colônia Hansa, da publicidade e das artes gráficas. O painel também trouxe
aspectos de cidades como Blumenau, Corupá e São Francisco do Sul. Agora, após passar pelo
Arquivo Histórico de Joinville, Peninha planeja levar a exposição para outros municípios.
Acima, imagem
de uma cabana na
Colônia Hansa, em
Corupá. Abaixo, o
porto de Joinville e um
dos painéis expostos
Ponte na Colônia Hansa, em
Corupá, sobre o Rio Novo
A litografia é uma técnica de gravura
que envolve a criação de marcas (ou
desenhos) sobre uma matriz (pedra
calcária) com o auxílio de um lápis gorduroso. Foi a primeira tecnologia de
impressão que permitia que um artista
tradicional trabalhasse usando técnicas convencionais e criasse impressões
que poderiam competir com uma pintura original em termos de detalhes e
variação de cores.
66 ACIJ
Na litografia da
esquerda, o Hotel
Beckmann, em
Joinville. À direita,
um registro de São
Francisco do Sul
Registro da Igreja Católica, em Blumenau.
A construção continua no mesmo local, na
atual Rua 15 de Novembro
67 ACIJ
REVISTA 21 67
FEITO EM JOINVILLE
SAÚDE DOS PÉS
KS Metal Experts
Líder na fabricação de soluções de
artefatos metálicos para a indústria
de fundição.
Rua Santa Catarina, 6000 – Profipo
Joinville
(47) 3121-6001
[email protected]
Um passo à frente
Equipamento da Siemens é
inovação do Centro Médico
CMDI
Tecnologia a
favor da saúde
O Centro Médico Diagnósticos por
Imagem (CMDI) acaba de colocar
em funcionamento o equipamento Magneton Essenza de 1,5 Tesla. O
objetivo é oferecer mais qualidade,
conforto e precisão nos diagnósticos. O aparelho, primeiro feito pela
unidade da empresa alemã Siemens em Joinville, tem a tecnologia
mais moderna do mundo para exames de ressonância magnética nas
mais variadas especialidades.
Aliado à alta definição de imagens, o Magneton Essenza de 1,5
Tesla realiza exames de corpo inteiro, possibilitando a identificação de
diversas patologias. O menor comprimento do equipamento proporciona mais conforto aos pacientes,
principalmente aos que sofrem de
claustrofobia. Isso porque permite
que, em vários exames, a pessoa fique com a cabeça para fora do “túnel”. Outra vantagem é o fato de que
90% dos materiais utilizados na sua
fabricação podem ser reciclados.
O CDMI atende especialidades
de radiologia digital, mamografia
digital, ultrassonografia 3D e 4D,
densitometria óssea digital, tomografia computadorizada multidetectores 3D e ressonância magnética de 1,5 tesla.
www.cmdi.med.br. Rua Marinho Lobo, 80
Centro, (47) 3433-1133
68 ACIJ
Cuidar da aparência dos pés, fazer as unhas, lixá-los e hidratá-los são
cuidados importantes. Também é preciso conhecer qual é o seu tipo de
pé e de pisada na hora de comprar um sapato, por exemplo. Essa noção
ajuda a evitar problemas ortopédicos e musculares. Em Joinville, a Clínica Saúde dos Pés é pioneira em tratamentos para idosos e diabéticos.
A proprietária Rosangela Schwarz é enfermeira com especialização em
podiatria. “Trabalhamos com o tratamento de unhas encravadas, com
deformidades, fungos, pele dos pés seca, fissuras, calosidades, bolhas, verrugas, frieiras e outros problemas. Somos o único local da região que usa
laser de baixa potência, auxiliando na cicatrização de feridas”, anuncia.
A clínica tem parceria com a Associação dos Diabéticos de Joinville
(Adijo). Entre os planos, está a criação de um curso para enfermeiros:
“Queremos capacitá-los em nossa área de atuação, para o cuidado correto com os pacientes”. Os clientes são das mais variadas faixas etárias.
“Atendemos desde bebês que nascem com a unha encravada até idosos.
Outros médicos também encaminham pessoas para a clínica”, diz.
Há pouco mais de um ano, a empresa se associou à Acij. O convite surgiu de amigos que falaram sobre a rede de contatos que criaram dentro
da entidade. “É um troca de experiências, ampliamos a visão de mercado
e geramos aprendizados e negócios”, ressalta.
www.rosangelaschwarzpodologia.com.br
Rua Porto União, 574 , Anita Garibaldi, (47) 3023-6928
Labore Saúde Ocupacional
Prestadora de serviços em medicina e
segurança do trabalho.
Rua Jacob Eisenhuth, 85 – Atiradores
Joinville
(47) 3433-1839
[email protected]
Josiane e o sócio Jefferson Alves: a maior rede de auditoria e revisão tributária
STUDIO FISCAL
Consultoria empresarial
FOTOS DIVULGAÇÃO
Rosangela Schwarz, proprietária da clínica, é especialista em podiatria
Desde 2009, a Studio Fiscal oferece
soluções completas e integradas
em auditoria fiscal e planejamento
tributário. Segundo Josiane Borba
Rodrigues, sócia-diretora, a ideia de
abrir uma unidade no município
surgiu dada a importância da cidade no cenário nacional, buscando
melhor atender o Norte de Santa
Catarina. “Somos a maior rede em
auditoria e revisão tributária no
Brasil. Contamos com 110 unidades
distribuídas pelas principais cidades do país. Nosso quadro operacional é composto por 50 auditores
fiscais contratados. Mais de 300
pessoas envolvidas em todo território nacional”, afirma.
A empresa oferece serviços estruturados com base no constante
investimento em capacitação e pesquisa. Os projetos são desenvolvidos
69 ACIJ
por uma equipe multidisciplinar,
com formação nas áreas de administração de empresas, contabilidade e economia, com foco na esfera
administrativa, sem envolvimento
em questões jurídicas, como processos judiciais e teses tributárias.
“Buscamos agregar parceiros
de renome, como forma de aproximação com clientes. Por isso nos
associamos à Acij”, revela Josiane.
“Participamos ativamente de reu­
niões dos núcleos e dos grupos
de gestão compartilhada. Recentemente, firmamos compromisso
com a Rede de Vantagens como
a única empresa de consultoria
tributária e auditoria fiscal com
benefícios exclusivos para associados”, finaliza.
e-mail [email protected],
(47) 9933-3690
Hotel 10
No mercado há dez anos com o
intuito de oferecer uma excelente
opção de hospedagem confortável e
econômica em pontos estratégicos.
Rua Dona Francisca, 7173 – Distrito
Industrial
Joinville
(47) 3145-9510
[email protected]
Cromotransfer
Fundada há mais de 15 anos, aplica
modernas tecnologias para produzir
transfers de alto padrão, fornecidos a
clientes de todo o Brasil e do exterior.
Rua Ruy Barbosa, 1968
Joinville
(47) 3473-8040
[email protected]
De Marseille
Com três sommeliers de vinhos
na casa e uma bier sommeliere, é
referência na elaboração de cartas
de vinhos e cervejas especiais para
restaurantes, além da venda a
revendedores da região diretamente
das importadoras ou vinícolas.
Rua Natal, 43, Saguaçu
Joinville
(47) 3029-0670
[email protected]
REVISTA 21 69
CONTRAPONTO
PEDRO MACHADO
Remar contra a maré
O que leva empresas a se tornar referência no mercado? Um produto ou
serviço inovador? Uma equipe talentosa? Atendimento eficaz ao cliente?
Há inúmeras respostas. Mas, por trás
delas, costuma existir um ingrediente a mais. Explico. Nos últimos oito
anos, dediquei minha carreira de jornalista à cobertura das áreas de economia e negócios. Nesse período, tive
a oportunidade de entrevistar executivos de ponta e conhecer várias empresas líderes em seus segmentos.
Sempre que deparo com alguém que
se destaca positivamente em meio à
concorrência, constato algo em comum: a excelência, seja em algum
processo específico, seja na operação
do negócio como um todo.
Caminhos para
a excelência e
a competividade
FÁBIO ABREU
MARCO AURÉLIO GONÇALVES
Podemos criar o futuro
Ao estabelecer uma meta de longo
prazo, o líder deve garantir que as
ações estejam alinhadas com esse
objetivo e que não haja dispersão
de recursos. Metas de curto prazo
devem ser monitoradas, pois garantirão o resultado futuro. Para atingir
o orçamento do ano, deve se atingir
o orçamento de cada mês, e assim
sucessivamente.
Na economia, convivemos com
incertezas. Ciclos de expansão são
sucedidos por ciclos de contração,
e vice-versa. O que não sabemos é
quando ocorrerão e qual será a extensão. Nos ciclos de expansão, existe a falsa ideia de que o período de
bonança durará para sempre, levando a um relaxamento nos controles
70 ACIJ
da gestão. E é justamente esse relaxamento que propicia a formação de
um novo ciclo de contração.
Ao identificar uma nova “crise”,
temas antes relegados ao ostracismo viram prioridades. Agora é hora
de cortar custos. Melhorar o fluxo de
caixa. Produtividade vira palavra de
ordem. No entanto, muitas vezes, a
capacidade de reação está fragilizada
porque as ações de curto prazo, que
deveriam garantir o futuro sustentável, não foram adotadas. Instalou-se na organização uma cultura de
leniência e permissividade devido à
fartura até então reinante.
Uma vez estabelecida, a visão de
futuro deve ser compromisso de todos e condições devem ser criadas
Não precisa ser um grande especialista para listar conceitos básicos
de excelência em gestão. Planejamento estratégico bem definido,
processos estruturados e alinhados
entre os diversos setores do negócio,
transparência nas ações (internas e
externas), valorização dos colaboradores e respeito aos diversos públicos
atendidos são alguns deles, fundamentais para o sucesso organizacional e indispensáveis para a própria
competitividade das empresas, ainda
mais em um ano de turbulência econômica como este.
Empresas admiradas e respeitadas – e, consequentemente, íderes
de mercado – não buscam excelência
porque ela, a excelência, já não é uma
CELSO DE CAMARGO CAMPOS
para tornar esse futuro possível. No
livro “Vendedoras por Opção”, Jim
Collins e Morten T. Hansen afirmam:
“Não podemos prever o futuro. Mas
podemos criá-lo”. É no momento de
bonança que encontramos as melhores condições para planejar e criar
o futuro desejado. Pode parecer paranoica a discussão de custos e produtividade quando a empresa atinge recordes de resultados. Há uma
resistência inercial que precisa ser
quebrada. Para tanto, foco, método e
disciplina na execução são essenciais.
Exige persistência, leva tempo, é necessário capacitação de todo o time e
gestão de consequências.
O segredo é a equipe
O mercado exige e as empresas têm
buscado preparar os seus executivos,
com treinamentos, cursos, palestras,
programas que visam exatamente
alcançar a excelência. Profissionais
de renome são contratados para tal,
palestras de gurus internacionais são
frequentadas e seus livros são lidos
e debatidos. As conversas entre empresários e seus executivos giram em
torno de como melhorar a gestão,
uma vez que o domínio dos processos produtivos, a operação em si, é
mais que conhecido. Logicamente
sempre há o que se trabalhar para
melhorar ou buscar alguma nova tecnologia que diferencie a empresa dos
concorrentes. Mas há, sim, a necessidade de se ter excelência da gestão
Marco Aurélio Gonçalves
é diretor administrativo e
financeiro da Docol
71
ACIJ
no que se refere aos profissionais, a
“massa pensante”.
Como disse várias vezes em palestras e livros o maior CEO do século
20, Jack Welch, 75% do meu tempo
eu passo cuidando e conhecendo
os meus executivos, buscando seus
pontos fortes e trabalhando os pontos a desenvolver. Não precisamos
ir longe para ter uma lição de excelência na gestão: temos também o
nosso guru, Eggon João da Silva, com
quem sempre gostei de conversar
em minhas visitas à WEG. Uma das
máximas de “seu Eggon” era: “Máquinas eu compro, tecnologia eu
mando buscar, mas gente, profissionais, nós temos que ter os melhores”.
Os melhores profissionais são
meta. Trata-se de algo que faz parte
da sua essência corporativa e que
dita a maneira como organização e
funcionários atuam – e que, sim, apesar de já estar em seu DNA, precisa
de constante aprimoramento. Em
todo o Norte de SC sobram exemplos
positivos disso. Uma rápida consulta
à memória me faz listar dezenas de
companhias aqui instaladas que atingiram esse nível de gestão. E, se vivemos tempos de águas revoltas, são
essas empresas que servem de inspiração para remar contra a maré. Afinal, reagir com excelência é a melhor
resposta que se pode dar ao mercado
em momentos críticos.
Pedro Machado é
jornalista e editor de
economia e negócios do
jornal A Notícia
os que aliam competências comportamentais à técnica, à formação.
Os profissionais precisam ter consciência de que devem mostrar essa
competência para só depois buscar
crescer na empresa. Outro dia, o presidente de uma grande empresa me
confidenciou que um jovem trainee
havia pedido a conta em menos
de um mês. Explicação do rapaz:
“Já estou aqui há quase um mês e
ainda não fui promovido”. Ora, não
podemos esquecer que precisamos
fazer a diferença, fazer diferente e
ser diferentes. Que tal darmos uma
analisada em nosso comportamento como gestores?
Celso de Camargo
Campos é diretor da Apex
Executive Search
REVISTA 21
71
CABECEIRA
DIVULGAÇÃO
MARCELO HARGER
Das incongruências da lei
Livro de advogado joinvilense
disseca a improbidade administrativa
“Não há nada pior do que acusar de improbo um homem de bem”, diz o advogado Marcelo Harger, doutor em Direito do Estado, que lança seu terceiro
livro individual, “Improbidade Administrativa: Comentário à lei nº 8.429/92”.
Em 232 páginas, o jurista busca um viés diferente do tema, muito explorado
por outros autores sob a perspectiva de que a lei “é boa”. “E por isso se criaram teorias buscando uma aplicação ampliativa da lei, o que faz com que
muitas pessoas de bem sejam processadas por improbidade quando cometem equívocos no exercício de uma função pública”, explica Harger, que,
72
ACIJ
como diz o prefácio do renomado
jurista Adilson Abreu Dallari, faz um
“exame crítico, bastante abrangente e aprofundado, que merece leitura e reflexão por parte de todos
quantos estejam preocupados com
a moralidade administrativa, com a
dignidade do exercício das funções
públicas, com a defesa do erário e
do patrimônio público, com a efetiva realização dos interesses públicos – em síntese, com a probidade
administrativa”.
Marcelo Harger trabalha com o
tema há vários anos e confessa suas
dificuldades em encontrar material
criticando a lei, que ele considera
bastante ruim, justamente por sua
amplitude. “Ela é tão ampla que
basta que um motorista de um
órgão público passe em um sinal
vermelho para fazer incidir a lei da
improbidade, pois este é um erro no
exercício da função e uma afronta à
lei”, exemplifica. O advogado reflete
sobre as consequências dos processos sobre a vida de pessoas honestas envolvidas em longos e ruidosos
processos de improbidade. “A portas fechadas, algumas pessoas, apesar de nada ter feito de desonesto,
confessam a seus advogados que
o resultado não mais importa. ‘É
melhor um fim horrível, do que um
horror sem fim’.”
A simples menção à palavra
improbidade, pondera o autor, já
coloca na testa do acusado a pecha de desonesto. “Conhecendo a
realidade de algumas dessas pessoas – e por causa delas –, escrevi
esta obra, na tentativa de fazer um
contraponto à doutrina existente”,
explica Marcelo Harger. Ao ressaltar que a corrupção certamente é
um mal que precisa ser combatido,
ele adverte, no entanto, que isso
não deve e nem pode ser feito a
qualquer custo. “Em um estado de
direito, os meios são tão importantes quanto os fins.”
TEMA INQUIETANTE
Já pretendia escrever a minha tese
de doutoramento sobre improbidade administrativa. Isso significa
dizer que o tema me inquietava há
muitos anos. Acabei por escolher
outro tema para concluir o doutorado, mas a vontade continuou.
Paralelamente a esse fato, diversos
clientes surgiram com problemas
nessa área. Em virtude disso, acabei
por escrever o livro, que foi entregue para editora em dezembro de
2013. Durante o processo de editoração, houve uma modificação na
lei de improbidade e precisei atualizá-lo antes mesmo de publicá-lo.
Isso fez com que o processo de editoração se estendesse.
A LEI É RUIM
Muitas pessoas escreveram sobre
improbidade administrativa. Livros sobre o assunto não faltam.
A maior parte deles, contudo, segue a mesma linha. Partem do
princípio de que a lei é boa e esse
pensamento condiciona a interpretação que dão à lei. Eu parto
do pressuposto inverso. A lei é
ruim e procuro demonstrar esse
fato. Um exemplo talvez facilite
a compreensão. Um motorista de
um órgão público ao atender o celular, enquanto dirige, causa um
acidente danificando a porta do
veículo. Esse motorista é improbo? A resposta intuitiva é não. De
fato, em meu entendimento, essa
atitude não pode ser considerada
improba, embora possa dar origem ao dever de indenizar ou até
mesmo acarretar alguma penalidade administrativa. O problema
é que a lei prevê, em seu artigo
10, que trata dos atos que causam
prejuízo ao erário, que qualquer
ação culposa que enseje perda patrimonial à administração pública
é improbidade. No exemplo dado,
os três requisitos estão configura-
73 ACIJ
"Procuro fazer um contraponto à doutrina
existente sobre o tema da improbidade.
Parto do pressuposto que a lei atual é ruim"
dos e isso significa que, ao menos
em tese, de acordo com a “letra
fria da lei”, o motorista poderia
ser processado por improbidade.
As penas aplicadas poderiam ser,
a critério do juiz, as seguintes: ressarcimento integral do dano, perda
da função pública, suspensão dos
direitos políticos de cinco a oito
anos, pagamento de multa civil de
até duas vezes o valor do dano e
proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios
ou incentivos fiscais ou creditícios,
direta ou indiretamente, ainda que
por intermédio de pessoa jurídica
da qual seja sócio majoritário, pelo
prazo de cinco anos. São penas excessivamente graves para um erro
tão pequeno. Essa é apenas uma
das muitas incongruências da lei.
LAVA-JATO
Os detalhes que conheço acerca da
Operação Lava-Jato são informações de jornal. Não são, portanto,
informações técnicas. O fato, contudo, é que antes de haver qualquer julgamento todos sabemos
o nome dos acusados, e que eles
são culpados. Esse é o grande problema. Imagine a hipótese de uma
absolvição. Será que algum dia o
acusado poderia se recuperar do
estrago feito? Não é preciso, no
entanto, que o caso seja rumoroso.
Imagine o motorista do exemplo
que mencionei. Vamos acrescentar
mais alguns dados. Imaginemos
que ele é pai de família exemplar.
Nunca chegou atrasado ao trabalho durante 30 anos em que exerce a função pública. Esse cidadão
exemplar, por um descuido, é processado e chamado de desonesto,
pois é ímprobo, e corre o risco de
perder o cargo, que exerce exemplarmente, devido a uma porta
amassada. Pode ter certeza que
alguém nessa situação se sentirá
indignado, ultrajado e injustiçado.
BRINCO DE PENSAR
Na verdade, sou apenas advogado.
O Código de Ética e Disciplina da
OAB coloca como deveres do advogado empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeiçoamento
pessoal e profissional e contribuir
para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis. Os artigos e livros jurídicos que escrevo
seguem essa linha. São a minha
forma de estudar e de contribuir
para o aperfeiçoamento do direito.
Obviamente isso demanda algum
tempo. Sacrifico alguns finais de
semana e também algumas férias
para poder escrever. Em breve, tirarei uma semana de férias para
terminar um livro sobre a lei anticorrupção. Os artigos não jurídicos
são diversão. Gosto de escrever.
Rubem Alves dizia que os livros são
brinquedos para o pensamento. Ao
escrever, “brinco de pensar”. Cada
vez mais, de mais obras: o bom e
excelente acabam cruzando com a
gente, com chances de se sobressair e de se tornar nossa opção.
REVISTA 21 73
ANTOLOGIA
MEMÓRIA
Painel de contos, crônicas e poemas
Uma mistura de quarenta e continuidade
Bernadéte Schatz Costa
Presidente da Associação Confraria das Letras
O livro “Saganossa – Outras Histórias”
é uma oportunidade para conhecer e
experimentar, numa mesma obra, a
leitura de contos, crônicas e poemas.
Propicia ao leitor textos literários
ecléticos, em que conhecerá diversos
escritores de Joinville e região, além
de outros nomes da literatura catarinense e nacional, que se juntaram à
ideia de compor uma publicação realizada pela Associação das Letras que
tem é sediada em Joinville.
Impressas na obra estão algumas
histórias com pitada de humor, ou-
74 ACIJ
tras que descrevem lutas de vida, que
rimam no contexto das poesias. Prosas de sentimentos profundos, incógnitos desafios, recordações familiares
e da infância. Letras associadas, que
mesclam ficção e realidade representando a criatividade dos autores.
A antologia apresenta 24 estilos,
com nomes veteranos e novos na
escrita como: Ana Janete Pedri, Bernadéte Schatz Costa, David Gonçalves, Denilson Rocha, Elizabeth A. C.
Mendonça Fontes, Hilton Görresen,
José Klemann, José Fernandes, Juciene Paes, Maria de Fátima Joaquim,
Mariane Eggert de Figueiredo, Milton
Maciel, Odenilde Nogueira Martins,
Onévio Zabot, Reinoldo João Corrêa,
Rita de Cássia Alves, Salvador Neto,
Salustiano Souza, Silvio Vieira, Sônia
Pillon, Urda Alice Klueger, Vera de
Souza Oliveira, William Wollinger Brenuvida, Wilson Gelbcke. Assim, o leitor poderá apreciar textos diversos,
de mentes diferentes, com um mesmo propósito: fomentar a literatura e
a leitura no Brasil.
Saganossa – Outras
Histórias
Coletânea
Editora Confraria
das Letras Aos 75 anos, o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) faleceu em
maio devido a uma parada cardiorrespiratória, deixando uma carreira de 45 anos na política. Mas sua
atuação também se deu no campo
literário, tendo já publicado dois
livros: “Antena e Raízes”, um compilado de artigos, e “A Vitória que
Propalavam Impossível”, que aborda os bastidores de campanhas
em fotografias.
No mês de falecimento, o senador pretendia lançar o livro
“Quarentage” – uma compilação
de artigos e crônicas com mais de
mil páginas reunindo os principais
75 ACIJ
textos publicados em dois jornais
de Santa Catarina.
O artista plástico Juarez Machado é responsável pela arte de
capa e prefácio do livro. A edição
é do jornalista Joel Gehlen, proprietário da editora Letradágua,
que, junto a LHS, começou a editar
“Quarentage” em julho de 2013,
com previsão de lançamento para
março de 2014. Porém, faltavam
informações para checar e a obra
ficou para este ano.
O assessor parlamentar do senador, Álvaro Junqueira, ajudou na
escolha dos textos e na apuração.
Um pré-lançamento se realizou
num evento em Treze Tílias, em
27 de abril, ocasião em que LHS
foi homenageado por fomentar a
integração cultural entre Brasil e a
Áustria.
A festa de lançamento iria ocorrer no Instituto Juarez Machado. Os
exemplares de “Quarentage” já estão disponíveis nas livrarias.
Quarentage
Artigos do senador Luiz
Henrique da Silveira Editora Letrad'água
REVISTA 21 75
DIVULGAÇÃO
3 LIVROS
Olhares sobre marketing
A seleção é do professor Silvio Simon, coordenador do curso de Publicidade e Propaganda da Univille, a convite da
Revista 21. Silvio é jornalista, com especialização em Marketing Estratégico e Geração de Negócios e mestrado em
Administração. Leciona também nos cursos de Administração, Gastronomia e Educação Física.
Construção
de marcas
Para qualificar
o atendimento
Um clássico
para gestores
Questões relevantes para uma organização atuar de forma diferenciada
no cotidiano da construção das marcas e da relação com os consumidores. Os autores fazem reflexões sobre
a importância de as ações de marketing estarem relacionadas com a filosofia da organização, com o cotidiano dos consumidores e com o meio
onde a mensagem será transmitida.
O livro traz ainda uma proposta de
metodologia a ser aplicada.
Fruto da experiência acumulada ao
longo de sua trajetória profissional, o professor Aguiar, de Joinville,
apresenta uma obra rica em exemplos e oportunidades para que as
organizações possam qualificar um
dos principais pontos no momento
de decisão de compra por parte do
consumidor: o atendimento. A abordagem do tema percorre desde aspectos operacionais até modelos de
gestão de equipes.
Diria que esta é uma obra clássica para um gestor que atua com
marketing, pela relevância que ela
possui para a construção de marcas
fortes e em sinergia com o seu público-alvo. O autor expõe como os
sentidos humanos – toque, sabor,
odor, visão e o som – afetam a relação do indivíduo com a marca e
como as marcas podem utilizar os
sentidos para se aproximar e conquistar a mente dos consumidores.
O Marketing na Era do
Nexo – Novos Caminhos
num Mundo de Múltiplas
Opções
W. Longo e Zé Luiz Tavares
Editora Best-Seller
Atendimento ao Cliente
– Novos Cenários, Velhos
Desafios
Victor Aguiar
Nova Letra Gráfica &
Editora
DICA 21
Série revolucionária completa 25 anos
“Quem matou Laura Palmer?” Com essa pergunta, David Lynch e Mark Frost
ganharam a atenção do público e da crítica, no início dos anos 1990. Com apenas
duas temporadas, Twin Peaks acompanha as investigações do agente do FBI Dale
Cooper (Kyle MacLachlan) para descobrir quem matou a adolescente Laura Palmer
(Sheryl Lee). Em um ambiente excêntrico travestido com normalidade assustadora,
a série apresenta uma galeria de personagens marcantes, transita em dimensões
paralelas – e é recheada de tortas, com o melhor café da ficção. Na época do
lançamento, os fãs foram os primeiros a se organizar em fóruns para discutir os
mistérios criados por Lynch e Foster, nos primórdios da internet.
Brandsense – a Marca
Multissensorial
Philip Kotler e Walter
Longo
Editora Bookman
No segundo semestre, a
editora DarkSide Books lança
o livro “Twin Peaks: Arquivos
e Memórias”, com histórias e
curiosidades sobre a série
HISTÓRIA
O papel do doutor Sadalla na evolução da medicina de SC
O Hospital de Olhos Sadalla Amin
Ghanem promoveu o lançamento
do livro que registra um capítulo importante da medicina catarinense. O
relato tem início na década de 40 do
século passado, quando o dr. Sadalla
Amin Ghanem instalou sua clínica
em Joinville, e termina em 2013, com
a inauguração do hospital. O texto
é uma produção coletiva: cada capítulo assinado com o nome de um
colaborador que deu depoimento
76 ACIJ
para o relato. As principais pessoas
envolvidas com a evolução do hospital, como o filho do dr. Sadalla, Emir,
e sua esposa Cleusa, contribuíram,
tornando o livro envolvente e original. Marco Antonio Arantes é o autor da obra que exigiu de extensa
pesquisa em cerca de 1.400 crônicas
publicadas pelo dr. Sadalla. Desde os
primeiros atendimentos realizados
pelo dr. Sadalla Amin Ghanem, em
1942, o Hospital de Olhos não parou
de crescer, especializar-se e buscar
novas áreas de atuação. Atualmente,
o hospital é centro de referência na
oftalmologia brasileira. Com tiragem
especial, o livro não será vendido.
Seus Olhos, Nosso Mundo
Marco Antonio Arantes
Editora Letrad‘água
77
ACIJ
REVISTA 21 77
3 PERGUNTAS
DIVULGAÇÃO
portantes empresas alemãs, investimento de R$ 1 bilhão, junto com a BMW logicamente virão outras empresas alemãs. É uma região dinâmica e com vertente
automobilística, que para nós é importante: um terço
dos investimentos alemães no Brasil se volta a esse
segmento, com nomes como Scania, Volkswagen e
Audi. Mais de 50% da produção de caminhões e ônibus no Brasil tem ligação direta com a Alemanha. Os
fornecedores da indústria automobilística alemã são
os maiores do mundo. Se uma multinacional como a
BMW dá um passo, chama atenção de todos. Mas claro que a BMW precisará ter certa escala para outras
empresas decidirem implantar uma fábrica localmente. E também há catarinenses com exportações crescentes para a Alemanha. WEG e Tigre são excelentes
exemplos. O Brasil tem praticamente 1.400 empresas
com capital alemão e deve haver 50 com alguma participação de capital brasileiro na Alemanha. O desequilíbrio mostra que as brasileiras precisam se internacionalizar.
2
ECKART MICHAEL POHL
Diretor de Comunicação Social Mercosul da Câmara de Comércio
e Indústria Brasil-Alemanha
Santa Catarina importa mais de US$ 600 milhões por
ano em produtos da Alemanha, mas só vende em torno
de metade disso para o parceiro europeu. Uma iniciativa para buscar maior equilíbrio na balança comercial é a
realização, em Joinville, do 33º Encontro Econômico Brasil-Alemanha, de 20 a 22 de setembro deste ano. Mais de mil
participantes são esperados para esse evento, que ocorre
alternadamente no Brasil e na Alemanha, a cada ano. Nesta entrevista, saiba mais sobre o encontro.
1
Qual a importância de Santa Catarina no
intercâmbio comercial com a Alemanha?
O Norte de SC ganhou nova dimensão com a
ida da BMW para Araquari. Tanto que a Câmara, que mantém filial em Blumenau, já está checando
o potencial do mercado de Joinville e redondezas para
ampliar nossa atuação na região. Uma das mais im-
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O sr. afirmou à imprensa que “Joinville é um
bom negócio”. Quais os pontos fortes da
cidade para o estabelecimento de relações
comerciais?
A base industrial sólida em máquinas, bens de capital,
plásticos e têxteis. Indústrias com tecnologias avançadas em nível nacional. Empresas que têm condições de
firmar parcerias com os alemães. Entendemos que aí
há um mercado que foi um pouco mal explorado por
empresas alemãs até agora, e que chamou nossa atenção. Estamos fazendo um trabalho sistemático para
pesquisar mercado e identificar chances de negócios
para empresas alemãs aqui e vice-versa.
3
Quais as suas expectativas com a realização
do encontro em Santa Catarina? Que impacto
esse tipo de evento tende a trazer para a
cidade que o abriga?
Observamos um movimento muito forte por parte da
prefeitura de Joinville. O prefeito Udo Döhler, na frente
de todo mundo, ofereceu apoio para sediar o encontro,
que normalmente se realiza em capitais. Sem o esforço
dele e do secretário Jalmei Duarte, isso não teria ocorrido, além do envolvimento da Fiesc. Quanto ao impacto,
está confirmada a vinda de cinco delegações da Alemanha. Uma de Berlim, uma da Turíngia e mais três outras.
De 150 a 200 representantes de empresas. Significa
que há um forte interesse pelo Brasil. Sendo bem recebidas e observando esta como uma região produtiva
para fazer negócios, o resultado será natural.
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