A memória e a noção de duração: dois aspectos ontológicos da

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A memória e a noção de duração: dois aspectos ontológicos da
A memória e a noção de duração: dois aspectos ontológicos da continuidade
do tempo.
Louis de Freitas Richard Blanchet – Mestrando UFPR
Orientador: Marco Antonio Valentim
A existência ou não de uma tese da descontinuidade do tempo na filosofia
cartesiana é um dos problemas mais complexos para a interpretação dessa filosofia. Ele
pode ser abordado pela história da ciência como a dificuldade em conciliar elementos
matemáticos discretos e contínuos no cálculo do movimento, especialmente quanto à
velocidade da luz; pode ser um problema metafísico da tensão entre a sequência causal
de eventos e a criação por Deus a cada instante; ou pode ser tratado como um problema
epistemológico, que se depara com a dificuldade de dar certeza a verdades enquanto não
são presentemente percebidas. O objetivo desse trabalho é tratar do problema
epistemológico atribuindo um peso ontológico à solução. Os dois pontos principais
serão decidir se a noção de tempo contínuo pode existir como um conteúdo da
substância pensante e se a memória é um modo que pode ser tratado como origem de
conhecimento certo. Para abordar o primeiro ponto é necessário provar que noção de
duração, como aparece nas Regras e nos Princípios, se refere ao tempo contínuo que,
além de ser um elemento fundamental para o prosseguimento de uma dedução, é uma
noção fundamental para a definição de substância. Com relação a memória, é necessário
mostrar que embora certos conteúdos lembrados sejam neles mesmos falsos a sua
incerteza não tem origem em uma imperfeição do modo do pensamento que nomeamos
memória, mas no seu mau uso. Além disso, a memória pode ser usada para provar a real
continuidade do tempo de maneira análoga a que se usa os sentidos para provar a
existência da substância extensa. Enfim, o objetivo é mostrar que a noção de tempo
contínuo é fundamental para definir a substância e que isso é explicitado pela existência
da memória como um dos modos da substância pensante.

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