Um acidente da natureza. A origem do champagne

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Um acidente da natureza. A origem do champagne
essencial gastronomia
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Prazeres do Vinho
Um acidente da natureza.
A origem do champagne
FOTO / DIVULGAÇÃO
O Champagne é um vinho espumante
originário da região de Champagne, que
fica a 150 quilômetros de Paris. Historiadores descrevem que o vinho produzido
na região de Champagne na França, muitas vezes apresentava uma efervescência
natural, que devido a isso as garrafas estouravam, causando prejuízo. A gaseificação natural ocorria devido a precocidade
da colheita da uva na região, e o vinho
que elaborado era engarrafado antes de
sua completa fermentação total.
A bebida foi descoberta há cerca de
344 anos por um monge religioso chamado Dom Pérignon (1638-1715), que
era o responsável pelas adegas da Abadia
de Hautvilleres, na diocese de Reims na
França, onde ficou curioso com a afirmação dos vinicultores de que certos tipos
de vinhos fermentavam novamente depois de engarrafados. Essa refermentação
do vinho que ocorria dentro das garrafas
fechadas provocava a liberação do gás
carbônico, provocando pressão que estourava os tampões ou arrebentavam
as garrafas. Dom Pérignon então experimentou garrafas mais fortes e utilizou rolhas amarradas com arame, conseguindo
obter a segunda fermentação dentro da
própria garrafa.
Outro ponto de sua colaboração foi à
idéia de realizar o assemblage, que consiste em misturar entre dois ou mais vinhos, podendo até ser entre tintos e brancos. E com o aprimoramento da técnica a
fermentação passou a ser controlada por
açúcares e fermentos, conseguindo assim
um controle sobre a sua efervescência, e
elaborando assim um produto mais agradável ao paladar. Conta à história que o
monge se surpreendeu ao experimentar
a bebida e comentou “estou bebendo estrelas”.
Dom Pérignon só havia um problema
com o seu produto: os resíduos da segunda fermentação permaneciam na garrafa,
fazendo com que a bebida tivesse uma
aparência feia, o líquido turvo e não límpido. Foi então que uma mulher chamada de Viúve Clicquot entra para história e
contribuiu no aprimoramento do champagne. Viuve Clicquo), que também virou
uma marca de Champagne, criou os pupitres, inventou os processos de remuage
(girar as garrafas) e dégorgement (degolar). Os funcionários da adega colocavam
as garrafas nos pupitres, inclinam e as
giravam, fazendo com que os resíduos se
descolassem do corpo do recipiente até
ficarem acumulados no gargalo. Aí então
entra o dégorgement, que retira todas
as impurezas, fazendo que o vinho fique
límpido e transparente.
Inicialmente elaborado na própria garrafa, no método natural, ou do camponês
chamado de Champenoise, onde com o
tempo foram surgindo grandes demandas que provocou a necessidade de se
elaborar em grande escala, começou-se
a elaborar então em grandes recipientes,
no método que recebeu a denominação
de Charmat.
Os dois métodos de elaboração do
Champagne consiste na segunda fermentação na do vinho, com incorporação
do próprio gás carbônico provocado na
fermentação, sendo o que os diferencia é
apenas o método de elaboração, onde o
Método Champenoise a segunda fermentação do vinho na própria garrafa; e o Método Charmat a segunda fermentação do
vinho em grandes recipientes chamados
de autoclaves.
A denominação champagne é uma
appellation dorigine contrôlée (denomi-
nação de origem controlada). A região de
Champagne, na França, é a única no mundo que pode dar o nome de champagne aos seus espumantes. Nem mesmo
outras regiões da França podem chamar
assim seus vinhos espumantes. Champagne, tem um solo com características
específicas que propiciam as uvas aptas
para um champagne (Chardonnay, Pinot
Noir e Pinot Meunier) e um clima frio. O
vinho elaborado com essas características, em outros países, recebe a denominação de vinho espumante. O Brasil com
sua produção tem alcançado qualidade a
nível internacional. O Rio Grande do Sul
é responsável pela maior parte da produção nacional.
O processo de elaboração do espumante compreende duas etapas distintas: a
obtenção de um vinho base, elaborado a
partir das cultivares Riesling Itálico, Pinot
Noir, Pinotage, Malvasia e Chardonnay.
Também podem ser utilizadas cultivares
aromáticas (uvas moscatéis) quando se
deseja elaborar vinhos pelo método ASTI
(Itália) e a segunda fermentação alcóolica, quando ocorre a formação de dióxido
de carbono (bolhas), uma das características principais do espumante. Esta etapa
pode acontecer diretamente na garrafa
(método Champenoise ou tradicional) ou
em autoclaves de aço inoxidável (méto-
do Charmat). Este último traz como
grande vantagem, seu baixo custo de
produção, já que todo o seu processo
pode ser completado em duas semanas.
A dica do sommelier da semana
tem os olhos e o paladar voltados
para o espumante Ferrari Perlé 2001.
O numero 1 da Itália possuí uma perlage fina e elegante que impressiona
com seus toques de frutas maduras
e frutas secas, leves florais com tons
adocicados. Esse ícone da Itália superou muitos champagnes Brut às
segas, incluindo alguns Blanc dês
Blancs, como ele, pois é também elaborado com 100% Chardonnay. Com
93% concedido pela revista Adega
fica com o prêmio de melhor custo
benefício na faixa de $ 199 reais.
Na seqüência com 92 pontos um vinho com estilo único, um orgulho da
importadora Decanter, apresentamos
um champagne BARNAUT GRAND
CRU. Esse Blanc de Noirs produzido
somente com castas tintas, nesse
caso Pinot Noir e Pinot Meunier, com
perlage fina e elegante, aromas encantadores e com muito estilo. Esse
champagne é um dos melhores custo
benefício na faixa de $ 180 reais, vale
a pena provar esse ícone Frances pois
a casa Barnaut onde ele é produzido
possui uma dedicação e um carinho
especial a cada garrafa.
Denilson Figueira
Sommelier
Contato: denilsonfigueira@
hotmail.com