O Hotel Internacional Reis Magos e sua importância

Transcrição

O Hotel Internacional Reis Magos e sua importância
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA
O Hotel Internacional Reis Magos e sua
importância histórica, simbólica e
arquitetônica.
Profa. Dra. Edja Trigueiro
Prof. Dr. George Dantas
Prof. Dr. José Clewton do Nascimento
Arq. Mestranda Luiza Lima
Prof. Ms Marizo Vitor Pereira
Profa. Dra. Maisa Veloso
Profa. Dra. Natália Miranda Vieira
Março de 2014
Natal/RN
O Hotel Internacional Reis Magos e sua importância histórica, simbólica e arquitetônica.
SUMÁRIO
SOBRE A IMPORTÂNCIA DO HOTEL INTERNACIONAL REIS MAGOS..........................................03
ATRIBUIÇÃO DE VALOR..............................................................................................................04
1. ÍCONE DO MODERNISMO ARQUITETÔNICO NO NORDESTE...................................................04
2. O HIRM COMO ELEMENTO ESTRUTURADOR DAS TRANSFORMAÇÕES NA ÁREA...................06
3. O HIRM COMO OBJETO ARQUITETÔNICO EXEMPLAR MODERNISTA.....................................08
3.1- Breve Histórico .......................................................................................................08
3.2- HIRM como forma paradigmática do modernismo...............................................11
4. O VALOR SIMBÓLICO DO EDIFÍCIO..........................................................................................16
PARECER FINAL...........................................................................................................................18
REFERÊNCIAS
SOBRE OS AUTORES
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O Hotel Internacional Reis Magos e sua importância histórica, simbólica e arquitetônica.
SOBRE A IMPORTÂNCIA DO HOTEL INTERNACIONAL REIS MAGOS (HIRM)
Qualquer ação preservacionista deve ser precedida de reflexão sobre os valores que
atribuímos a determinado bem. Quais são os valores essenciais e que não gostaríamos de
perder? Como garantir a atualização do bem sem que se perca a memória que este
representa? Como determinado bem é reconhecido por diferentes segmentos da sociedade?
Destaca-se, entretanto, que a preservação não é avessa e muito menos incompatível com o
desenvolvimento. Na verdade, estamos falando de aspectos indissociáveis para consolidação
de uma política urbana voltada para uma melhor qualidade de vida aos cidadãos, inclusive o
respeito por sua memória e identidade.
A reflexão sobre o caso específico do Hotel Internacional Reis Magos (HIRM) tornou-se urgente
e necessária a partir da divulgação em novembro de 2013 da possibilidade de sua total
demolição para a construção de mais um centro comercial. Por que só agora se fala em
tombamento do imóvel? Durante todos os anos de seu lamentável abandono por parte dos
proprietários, que são os responsáveis pelo avançado grau de degradação em que o imóvel se
encontra, sempre que se noticiou e se discutiu sobre as possibilidades de intervenção no Hotel
partiu-se do princípio da reutilização de sua antiga estrutura. Esta é a primeira vez em que se
fala em demolição total do edifício. O novo cenário levou à mobilização visando a preservação
do imóvel por meio de pedido de tombamento.
O presente documento discute o valor do edifício que abrigou o Hotel Internacional Reis
Magos como objeto arquitetônico símbolo da difusão da arquitetura moderna brasileira pelo
Nordeste, distante do contexto hegemônico do eixo Rio-São Paulo, evidenciando os elementos
físicos que determinam o caráter modernista, assim como quem esteve envolvido em sua
concepção. Assim, é preciso compreender o histórico do edifício, o que a instalação deste
equipamento na década de 1960 significou para a Praia do Meio e para a cidade de Natal, seu
papel como elemento estruturador das transformações que ocorreram nessa área,
entendendo a cidade como bem cultural que expressa a sociedade que a cria e viabiliza
práticas socioculturais.
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O Hotel Internacional Reis Magos e sua importância histórica, simbólica e arquitetônica.
ATRIBUIÇÃO DE VALOR
1. ÍCONE DO MODERNISMO ARQUITETÔNICO NO NORDESTE
É possível afirmar, a partir de inúmeros trabalhos e publicações de pesquisadores brasileiros –
alguns citados aqui – que o conjunto de experiências modernistas levadas a cabo no Brasil
entre fins da década de 1920 e ao longo da década de 1930 não ficou restrito ao eixo
hegemônico do Rio de Janeiro e São Paulo. Os projetos de Luis Nunes e equipe, em
Pernambuco, de Clodoaldo Gouveia, na Paraíba, e mesmo os do Escritório Saturnino de Brito
para Natal, entre 1936 e 1939, revelam uma rica circulação de ideias e de experiências
arquitetônicas – com novas concepções espaciais, tipológicas e de inserção de novos materiais
(uso do cobogó, dos brise-soleils, do concreto armado, etc).
O estado de Pernambuco assumirá uma função importante, por conta da criação da Faculdade
de Arquitetura, incorporada à UFPE nos anos 1950. A contratação de profissionais como o
italiano Mario Russo, o português Delfim Amorim e o carioca Acácio Gil Borsoi ajudariam a
consolidar o Recife como um centro formador de qualidade e inovação, tendo como
característica fundamental a adaptação do paradigma modernista ao clima e à cultura
nordestina, feito que teria influência positiva direta e indireta na produção da arquitetura em
Natal e no Rio Grande do Norte.
O acervo natalense de arquitetura modernista foi fortemente influenciado pela “Escola
Pernambucana”, através de obras de arquitetos como Delfim Amorim, Heitor Maia Neto,
Antônio Pina Didier, além de pelo menos duas gerações de arquitetos potiguares formados no
Recife, como foram Ubirajara Galvão (figuras 01 e 02), Daniel Hollanda e Raimundo Costa
Gomes (figuras 03 e 04), três dos primeiros profissionais aqui sediados. Casas projetadas por
Borsoi em Petrópolis e Tirol, nos anos 1960 e 1970 (e, mais recentemente, nos anos 1990, o
Hotel Ocean Palace, na Via Costeira), a Sede do América, por Delfim Amorim (figuras 05 e 06),
além do projeto e construção do próprio Hotel Internacional Reis Magos, são testemunhos
dessa influência e da presença aqui de expressões de ponta no contexto da produção
modernista brasileira.
São percebidas, igualmente, outras influências externas – como a da “Escola Carioca” –, por
meio de projetos concebidos por profissionais do Rio de Janeiro ou pelos potiguares que lá
estudaram. Nesse cenário, destacam-se João Maurício Fernandes de Miranda (figuras 07 e 08)
e Moacyr Gomes (figuras 09 a 12), formados pela Faculdade Nacional de Arquitetura, então
Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro.
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O Hotel Internacional Reis Magos e sua importância histórica, simbólica e arquitetônica.
Figuras 01 e 02 – Companhia de Energia Elétrica do Rio Grande do Norte, projeto de Ubirajara Galvão.
Fonte: Trabalho disciplinar de Manuela Dantas de Oliveira (2000), aluna do curso Arquitetura e
Urbanismo-UFRN (Acervo MUsA).
Figuras 03 e 04 – Associação dos Subtenentes e Sargentos do Exército em Natal, projeto de Raimundo
Costa Gomes.
Fonte: Trabalho disciplinar de Mara Camila Azevedo (2001), aluna do curso Arquitetura e UrbanismoUFRN (Acervo MUsA).
Figuras 05 e 06 – Sede do Clube América de Natal, projeto de Delfim Amorim.
Fonte: Trabalho disciplinar de Mara Camila Azevedo (2001), aluna do curso Arquitetura e UrbanismoUFRN (Acervo MUsA).
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O Hotel Internacional Reis Magos e sua importância histórica, simbólica e arquitetônica.
Figuras 07 e 08 – Capela do Campus da UFRN, projeto de João Maurício de Miranda.
Fonte: Trabalho disciplinar de Rodrigo Costa Nascimento(2002), aluno do curso Arquitetura e
Urbanismo-UFRN (Acervo MUsA).
Figuras 09 e 10 – Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB), projeto de Moacyr Gomes da Costa.
Fonte: Trabalho disciplinar de Cíntia Cortez (2003), aluna do curso Arquitetura e Urbanismo-UFRN
(Acervo MUsA).
Figuras 11 e 12 – Faculdade de Odontologia em 1973 e em 2000, projeto de Moacyr Gomes da Costa.
Fonte: Trabalho disciplinar de Tatiana de Aquino Petri (2000), aluna do curso Arquitetura e
Urbanismo-UFRN (Acervo MUsA).
2. O HIRM COMO ELEMENTO ESTRUTURADOR DAS TRANSFORMAÇÕES NA ÁREA
O setor turístico de Natal, até a década de 1920, praticamente inexistia, ampliando-se apenas
quando voos internacionais foram incorporados às rotas da cidade. Até então, hóspedes
ilustres eram instalados nas melhores acomodações do Hospital Miguel Couto (atual Hospital
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O Hotel Internacional Reis Magos e sua importância histórica, simbólica e arquitetônica.
Universitário Onofre Lopes). Em 1939, foi inaugurado, na Ribeira, o Grande Hotel, palco da
vida urbana nos anos da guerra, que permaneceu como o principal estabelecimento do gênero
no estado, até a construção do HIRM.
No período pós-guerra, as empresas aéreas que fizeram rotas para Natal reivindicaram do
governo do Estado do Rio Grande do Norte, a melhoria da infraestrutura de aeroportos e
hotéis instalados para fins militares. Providências foram tomadas no intuito de atender às
reivindicações e evitar que grandes companhias de aviação se retirassem da capital potiguar
(BENTES SOBRINHA, 2001a). A ideia da construção do Hotel Internacional Reis Magos está
inserida nesta lógica, ainda que só se tenha vindo a realizar nos anos 1960, durante a fase de
implementação da política desenvolvimentista do governo federal, que investiu maciçamente
em infraestrutura e na criação de um aparato administrativo que viabilizasse essa política.
Com a criação da Superintendência de Desenvolvimento para o Nordeste (SUDENE), em 1959,
o Rio Grande do Norte foi beneficiado com financiamento para rodovias (e.g. a BR-304, ligando
Natal a Fortaleza, e a BR-101, ligando Natal, João Pessoa e Recife) e hotéis. A criação da
Superintendência de Desenvolvimento Regional do Nordeste possibilitou o investimento de
recursos públicos federais no estado. Durante os anos de 1961 foram criados: a Companhia de
Serviços Elétricos do Rio Grande do Norte (COSERN – 1961); a Companhia Telefônica do Rio
Grande do Norte (TELERN – 1963); e o Departamento de Estrada de Rodagem do Rio Grande
do Norte (DER/RN – 1966).
Esta política de “modernização e desenvolvimentismo” teve no incremento do setor turístico
um dos focos relacionados à política desenvolvimentista do governo do estado. No ano de
1964 foi criada a Superintendência de Hotéis e Turismo (SUTUR) carreando investimentos no
setor hoteleiro de Natal e de outras regiões do estado que apresentavam provável
desenvolvimento econômico. A implementação do Hotel Internacional Reis Magos está
inserida nesta política de incentivo e consolidação do setor turístico no estado. Idealizado,
desde a década 1940, quando da abertura da Avenida Circular pelo prefeito Silvio Pedroza, foi
finalmente construído, durante a gestão do governador Aluízio Alves (1961-1966), na Avenida
Café Filho, 822. A escolha do local para construção objetivava intensificar o uso daquele trecho
de praia por moradores e visitantes.
Segundo Bentes Sobrinha (2001a, p. 43):
O Reis Magos foi o primeiro hotel a ocupar terrenos lindeiros à praia. Até então as praias
urbanas mais frequentadas eram Areia Preta, que possuía casas de veraneio, e a Praia do
Meio, somente até o trecho conhecido como Ponta do Morcego. Nesse caso, a
acessibilidade era o fator principal, uma vez que o bonde descia até a praça da Jangada,
em Areia Preta. Em direção à Fortaleza dos Reis Magos só havia o caminho delimitado.
Com o uso da praia já difundido na década de 1960, a construção de acessos e a presença de
um hotel “moderno” intensificou o afluxo à faixa litorânea, o que nos leva a afirmar a
importância do empreendimento como estruturador de transformações urbanas. A partir de
então “a cidade volta-se para o mar”. O empreendimento também contribuiu para ações que
possibilitaram o prolongamento das conexões entre a cidade e o aeroporto de Parnamirim,
estimulando transformações estruturantes no sentido sul da cidade, conforme afirma Bentes
Sobrinha (2001a).
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O Hotel Internacional Reis Magos e sua importância histórica, simbólica e arquitetônica.
Figura 13: Vista aérea do Hotel Reis Magos
Fonte: Acervo Waldecy Pinto
Luiz Antônio Porpino, secretário de gabinete do governo Aluízio Alves, à época, lembra que a
construção do HIRM trouxe iluminação, calçamento, galerias, implantação de delegacias, bem
como desenvolvimento do comércio e inauguração de bares e restaurantes. Sobre a clientela
do hotel informa ter sido de grandes empresários visando investimentos no estado do RN e de
turistas, a maioria vindo de estados do nordeste (CE, PB, PE, AL, SE e BA) e do sudeste (eixo Rio
de Janeiro/São Paulo)1.
Estes aspectos aqui tratados justificam a importância histórica do empreendimento como,
reconhecidamente, elemento estruturador das transformações que ocorreram na área.
3. O HIRM COMO OBJETO ARQUITETÔNICO EXEMPLAR MODERNISTA
3.1- Breve Histórico
O projeto original do Hotel Internacional Reis Magos foi elaborado por uma equipe de
arquitetos pernambucanos, composta por Waldecy Pinto, Antônio Didier e Renato Torres. O
complexo contava com 63 apartamentos, 01 suíte presidencial, recepção, salões nobres,
elevadores, parque aquático, sauna, playground, restaurante, estacionamento com
aproximadamente 50 vagas, boite, salão de beleza, áreas de lazer, lojas de artesanato, serviço
médico, saguão abrigado para embarque e desembarque (sob pilotis).
O arquiteto Waldecy Pinto, um dos responsáveis pelo projeto arquitetônico do edifício, nos
concedeu informações para a construção desse quadro histórico, as quais transcrevemos na
íntegra:
1
Entrevista informal concedida por Luiz Antônio Porpino, secretário particular do governador Aluízio Alves, à época
da construção do hotel. Informação extraída do trabalho disciplinar intitulado “Hotel Internacional dos Reis Magos:
um marco para os tempos modernos em Natal”, de autoria do discente Erick Varela de Medeiros. Ano: 1999.
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O Hotel Internacional Reis Magos e sua importância histórica, simbólica e arquitetônica.
“HOTEL REIS MAGOS – NATAL – RIO GRANDE DO NORTE
RESUMO HISTÓRICO:
O Governador do Estado do Rio Grande do Norte, nos anos de 1962/1963, Senhor Aluízio
Alves que na ocasião, solicitou do Escritório Técnico de Arquitetura e Urbanismo - ETAU,
com sede na cidade de Recife/PE, um anteprojeto para um Hotel de Alto Luxo para a
cidade do Natal/RN.
O ETAU era composto por três arquitetos, Waldecy Fernandes Pinto, Renato Gonçalves
Torres (in memorian) e Antônio Pedro Didier. O desafio para execução do anteprojeto
tornou-se um grande desafio, pelo fato do prazo estipulado (dois meses) para a realização
dos projetos de arquitetura, paisagismo e os complementares de engenharia.
Após a aprovação do anteprojeto, o Governador Aluízio Alves e uma equipe de três
Secretários de seu governo, conjuntamente com os arquitetos, compareceram a um
programa da TV Jornal do Comércio do Jornalista José de Souza Alencar (Alex), mostrando
o ante projeto do Hotel Internacional dos Reis Magos, aprovado, e assinando o contrato
para em sessenta dias concluir todos os projetos contratados.
A equipe que executou o projeto arquitetônico era formada pelos seguintes profissionais:
- Waldecy Fernandes Pinto
- Renato Gonçalves Torres
- Antônio Pedro Didier
O projeto paisagístico foi executado por:
- Gilda Pina
A ambientação foi executada por (figuras 15, 16 e 17):
- Janete Costa
O projeto de cálculo estrutural foi executado por:
- Geraldo Afonso Vieira
O projeto de engenharia de instalações hidro sanitárias, elétricas e telefônicas foi
executado por:
- Hélio Cunha – engenheiro
Todos estes profissionais realmente cumpriram suas metas no prazo contratual acertado,
razão pela qual recaiu a escolha desta equipe pela Secretaria de Obras Públicas do Estado
do Rio Grande do Norte.
A escolha do terreno também obteve a participação dos arquitetos do ETAU, porque na
ocasião foram postos os terrenos que hoje compõe a via costeira, mas por falta de
acessibilidade e outras benfeitorias, o terreno selecionado foi o que o hotel esta edificado
atualmente, por oferecer toda uma infraestrutura de acesso e dos serviços d’água potável,
pavimentação das vias, ressaltando a tradicional praia a sua frente, como a proximidade
do centro da cidade e dos principais pontos turísticos, inclusive o Forte dos Reis Magos.
Outro ponto que vale ressaltar foi do arquiteto João Maurício que, na ocasião
representava na Secretaria de Viação, os serviços de arquitetura e urbanismo, razão da
sua orientação na confecção de um termo de referência, cujo programa arquitetônico da
composição da unidade hoteleira, tornou-se o referencial do partido arquitetônico e
urbanístico.
WALDECY FERNANDES PINTO
ARQUITETO URBANISTA”
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O Hotel Internacional Reis Magos e sua importância histórica, simbólica e arquitetônica.
Figura 14: Hotel Internacional Reis Magos logo após sua inauguração.
Fonte: Acervo Waldecy Pinto
Figura 15: Suíte do Hotel Reis Magos
Fonte: Acervo do arquiteto Waldecy Pinto.
Figura 16: Recepção
Fonte: Acervo do arquiteto Waldecy Pinto.
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O Hotel Internacional Reis Magos e sua importância histórica, simbólica e arquitetônica.
Figura 17: Hall de entrada.
Fonte: Acervo do arquiteto Waldecy Pinto.
3.2- HIRM como forma paradigmática do modernismo
O edifício do Hotel Reis Magos reúne atributos que o qualificam como exemplar expressivo
da Arquitetura Moderna Brasileira, presentes no modo de implantação do edifício no lote, na
configuração e articulação dos volumes e planos, no detalhamento das superfícies, e, ainda, na
solução construtivo-estrutural. Tais atributos definem mesmo, do ponto de vista da forma, o
paradigma modernista delineado em três categorias morfológicas: (1) a interface entre espaço
público e privado – só rostos, sem costas (cf Holanda, 2013) – oferecendo à rua múltiplas
fachadas, compostas por planos sucessivos de eventos paisagísticos e arquitetônicos, que
definem, como nunca antes ou depois, um episódio de lua-de-mel entre o edifício e a rua; (2) a
setorização por uso, conforme a máxima modernista da “forma segue a função”; (3) o diálogo
inovador entre os mandamentos do “estilo internacional” – a primazia do volume, a estrutura
independente, a ausência de ornamentação estilística pretérita – e (re)criações resultantes do
conhecimento da nossa realidade ambiental e sociocultural – as superfícies vazadas, os
protetores solares, os arranjos espaciais hierarquizados conforma nossa visão de mundo.
A ocupação do lote (figura 18) caracteriza-se pela inserção longitudinal do corpo principal da
edificação e seus volumes anexos, resguardando amplos recuos frontais e de fundos,
setorizados, respectivamente, com atividades de entretenimento e serviço/estacionamento.
Visualmente integrada à praia e à avenida, a área de lazer abre-se para a contemplação dos
transeuntes, estabelecendo um diálogo entre o espaço público e o espaço privado (figura 19).
Este é ainda acentuado pelas permeabilidades proporcionadas pelo uso dos pilotis e outros
elementos, típicos da Arquitetura Moderna, a serem posteriormente destacados. A área da
piscina se integra às áreas internas de lazer sob pilotis, representando espacialmente a
configuração de novos hábitos e formas de sociabilidade – eminentemente “modernas” – que
o hotel viria ajudar a instituir na capital potiguar.
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O Hotel Internacional Reis Magos e sua importância histórica, simbólica e arquitetônica.
Figura 18 – Implantação do Hotel Reis Magos
Fonte: google.com/maps/@-5.7790875,-35.1945122,415a,35y,90h/data=!3m1!1e3
Nota: editado pela equipe
Figura 19: Vista da Praia do Meio e do parque aquático do Hotel Reis Magos na década 60.
Fonte: Jornalista Soraia Vidal. http://blog.tribunadonorte.com.br/ab...06/foto-20.jpg
O acesso principal de pedestres e veículos situa-se a um terço da testada frontal do terreno,
por meio de uma via que, ao atravessar o bloco principal, define uma área coberta de
embarque e desembarque e dá acesso aos estacionamentos nos fundos do terreno. Estes
também se conformam como traço morfológico indicador da adaptação e entusiasmo com as
novas formas de circulação, preconizadas no seio do movimento modernista e enfatizadas com
o projeto desenvolvimentista encampado no país, sobretudo nas décadas de 1950-1960: o
transporte rodoviário.
A concepção volumétrica do conjunto edificado (Figuras 20, 21 e 22) se define por um corpo
principal de cinco pavimentos (volume 2), levemente serpenteado e parcialmente suspenso
sob pilotis, ao qual se interceptam dois volumes menores: um prisma retangular com dois
pavimentos (volume 3), sob pilotis - na extremidade sudeste –, e o outro correspondente às
circulações verticais (volume 1) – a caixa de escadas e elevadores – centralizado. Este último se
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conforma pela justaposição de um cilindro e um prisma retangular. Esse jogo dinâmico com
volumes prismáticos, assimetricamente definidos, despidos de qualquer ornamentação
vinculada a outros estilos arquitetônicos, constitui em aspecto essencial da leitura modernista
dessa obra.
Figuras 20 e 21 – Volumetria. Atentar para a leveza conferida pelos pilotis, tanto no trecho do bloco
principal, como no lateral.
Fonte: Acervo do arquiteto Waldecy Pinto
Figura 22: Jogo de volumes
Fonte: Croqui de José Clewton do Nascimento, 2014.
O movimento ondulante do bloco principal o faz partícipe de um rol significativo de
exemplares da Arquitetura Moderna, e, em especial, da Arquitetura Moderna Brasileira de
filiação carioca (figuras 23, 24, 25, 26). Nesta, incluem-se edifícios como o Conjunto Residencial
Pedregulho, projeto do destacado arquiteto Afonso Eduardo Reidy e amplamente festejado
pela crítica internacional à época de sua construção, iniciada nos anos 1940, e também os
Conjuntos Marquês de São Vicente – do mesmo arquiteto – e Deodoro – assinado por Flávio
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O Hotel Internacional Reis Magos e sua importância histórica, simbólica e arquitetônica.
Marinho Rego; todos situados no Rio de Janeiro. Nesse conjunto, pode-se inserir ainda o
Edifício COPAN, marco do modernismo na cidade de São Paulo, de 1952, e o Edifício Sede do
Partido Comunista na França, ambos projetados por Niemeyer, este último inaugurado um ano
após o Hotel Reis Magos de Natal.
Figuras 23 e 24 – Edifício-sede do Partido Comunista na França, de Niemeyer e o Conjunto Pedregulho,
de Afonso Eduardo Reidy.
Fonte: arcoweb.com.br/noticias/especiais/oscar-niemeyer-10-edificios-mais-emblematicos;
brasilartesenciclopedias.com.br/nacional/reidy_affonso06.htm
Figuras 25 e 26 – Edifício COPAN e Conjunto Marquês de São Vicente.
Fonte: arcoweb.com.br/noticias/especiais/oscar-niemeyer-10-edificios-mais-emblematicos; Arquivo
Carmen Portinho (Disponível: reidy-ofilme.blogspot.com.br/2011/11/reidy-e-o-minhocao-da-gavea.html)
A já referida questão da integração interior/exterior e fluidez espacial, temas caros ao
Modernismo que ganharam forte expressividade no marco da produção nacional, se
consubstancia significativamente em elementos como os pilotis – um dos “Cinco Pontos da
Nova Arquitetura” enunciados por Le Corbusier – nas circulações externas avarandadas do
pavimento térreo (ao nível do acesso da rua) que se estendem pelo bloco lateral, onde ficava o
restaurante, na amplitude das esquadrias, definidas por panos de vidro cuidadosamente
detalhados em sua composição geométrica, o que – infelizmente – não se encontra
plenamente preservado no conjunto existente.
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O Hotel Internacional Reis Magos e sua importância histórica, simbólica e arquitetônica.
Figura 27 – Configuração e elementos que caracterizam integração entre interior e exterior.
Fonte: abandonadacidade.blogspot.com.br/2013/11/hotel-reis-magos-natal.html
Os panos de cobogós que marcam a fachada sudoeste do bloco principal também remetem ao
que se conformou como uma ampla tradição do modernismo brasileiro, representada por um
esforço de adequação da arquitetura às características do clima tropical, na medida em que
permitem o arejamento e a proteção contra a elevada incidência de radiação solar. Além disso,
vistos do interior, produzem um jogo de luz e sombras que valoriza a forma sinuosa do volume
principal (Figura 28), à semelhança do que se observa no Conjunto Pedregulho (Figura 29).
Colabora ainda com essa adaptação ao clima a ventilação cruzada, garantida no interior dos
quartos pela presença de bandeirolas nas portas para saída do ar que entra pelas aberturas da
fachada frontal.
Figuras 28 e 29 – Jogo de luz e sombra na circulação interna a partir dos cobogós do HIRM e uso do
cobogó no Conjunto Pedregulho.
Fonte: Erick Varela de Medeiros e Arquivo Carmem Portinho (disponível em: <
vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.062/446>)
A racionalidade da estrutura independente define o ritmo de toda a composição,
especialmente expressa no bloco principal. A cobertura plana – outra bandeira defendida no
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O Hotel Internacional Reis Magos e sua importância histórica, simbólica e arquitetônica.
âmbito do Modernismo – arremata os blocos enfatizando sua horizontalidade, de forma clara
e simples, como preconizaram adeptos do movimento.
Por último, destacam-se aqui propostas que remetem à almejada “integração das artes”, de
que são exemplares conjuntos como o Edifício-Sede do Ministério da Educação e Saúde, no Rio
de Janeiro. Esta se exprime na inserção de painéis em grandes superfícies, como no muro a
sudeste. Têm-se ainda evidências da integração com o paisagismo, como a jardineira próxima
à piscina, que abrigou espécimes característicos do clima quente, e particularmente do
Nordeste, da família das Cactaceae, como se verifica nas figuras 19 e 27.
Pelo exposto, entende-se que o Hotel Reis Magos de Natal não apenas se insere no quadro
mais amplo de uma produção destacada da Arquitetura Moderna Brasileira, como
demonstra a apropriação madura de seus elementos e princípios. E, vale destacar, ostenta
atributos de inegável qualidade espacial e artística.
Depoimento:
Amigos sensíveis à causa da preservação da arquitetura modernista no Brasil: vamos todos
apoiar os colegas de Natal que lutam contra mais um absurdo - o risco real de demolição
do Hotel Reis Magos! Vamos todos impedir mais um atentando contra o legado da
arquitetura modernista no Brasil! Vamos dar uma força, arquitetos, não-arquitetos, todos
aqueles preocupados com a preservação do patrimônio cultural neste país onde a
primeira opção é sempre a destruição, nunca a preservação.
Marco Aurélio Gomes,
Professor Titular do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFBA,
organizador de diversos livros na área de preservação patrimonial.
4. O VALOR SIMBÓLICO DO EDIFÍCIO
Partindo da compreensão da cidade como bem cultural, entendemos que ela revela a
sociedade que a cria e a utiliza como suporte das suas relações sociais. Na constituição de sua
relação espaço-temporal, as formas que definem a cidade possibilitam a identificação das
maneiras como a sociedade foi se apropriando e transformando o espaço ao longo do tempo.
Essa condição propicia, a partir desse processo de permanência a transformação, o
conhecimento da sua própria história.
As cidades estabelecem comunicação com seus transeuntes, principalmente através da forma
física dos lugares – e são aqueles os maiores intérpretes dessa relação. Desde a Antiguidade, a
História registra essa percepção, como se pode ler no diálogo entre Faístos e Sócrates: “Não
reparaste, ao caminhar por essa cidade que, entre os edifícios que a constituem, alguns são
mudos e outros falam? E que há ainda outros que, finalmente – sendo os mais raros – até
cantam?” (PLATÃO, Século III a.C). Cantava o edifício do Hotel Internacional Reis Magos – oxalá
volte a cantar.
Diante do exposto, destacamos a importância fundamental do reconhecimento da cidade
como suporte de história(s), e memória(s). Este reconhecimento passa necessariamente pela
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O Hotel Internacional Reis Magos e sua importância histórica, simbólica e arquitetônica.
valorização e busca de preservação de suas características formais, entendendo a “forma da
cidade” como entidade que transcende, em muito, a condição de imagem em si, na medida em
que revela e constitui fatos, histórias, memórias, sendo, portanto, indissociáveis deles.
O novo sempre aparece na esteira de um processo de transformações, porém sem
necessariamente implicar na destruição do passado, especialmente quando dele dependemos
para definirmos nossa identidade cultural e nos enxergarmos em relação ao “outro”. Preservar
e destruir a memória inscrita no espaço – seu genius loci – depende, no entanto, de fatores
políticos, socioeconômicos e culturais, conforme se pode constatar ao longo dos séculos. Para
Kohlsdorf (1999), a medida de manutenção da identidade das cidades e seus lugares nem
sempre pode ser reduzida a uma questão de gestão urbana. A permanência dessa identidade
resulta, quase sempre, da consciência do valor cultural desenvolvida, de forma hegemônica,
pelos fruidores do espaço/referência.
A preservação da forma dos lugares – como tarefa de planejamento e projeto arquitetônico ou
urbanístico – requer que os procedimentos analíticos se voltem para a revelação de sua
identidade como permanência de certas expressões no tempo, características essas
importantes na narrativa da história dos indivíduos e dos grupos sociais.
Dada a importância da arquitetura moderna no Brasil, e o rápido processo de dilapidação a
que tem sido submetida, sua preservação está se tornando cada vez mais necessária e
urgente. No caso específico de Natal, levantar a possibilidade de demolição de um dos ícones
dessa produção modernista na cidade, seria um atentado de grandes proporções à memória
local. A participação de diversas organizações populares na defesa de sua preservação atesta a
forte presença do hotel na narrativa da história destes indivíduos e dos grupos sociais a que
pertencem.
A importância regional da construção do Hotel Reis Magos, que já foi objeto de reflexão neste
documento quando destacamos o seu papel para a difusão da arquitetura modernista no
Nordeste, é atestada também em depoimentos de moradores de estados vizinhos, a exemplo
do que segue:
Minha família viajou, após a inauguração, para conhecer o novo marco arquitetônico. Isso
significa importância regional!
Vera Milet, Olinda-PE,
Arquiteta, Professora Aposentada UFPE,
autora de “A Teimosia das Pedras”.
Observamos, então, que o edifício do Hotel Internacional Reis Magos carrega em si uma
dupla condição: como “suporte da memória” e como “referência urbana”, seja para a
sociedade em geral, seja para os natalenses, em particular.
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O Hotel Internacional Reis Magos e sua importância histórica, simbólica e arquitetônica.
PARECER FINAL
Diante do exposto, atestamos a importância indiscutível do edifício onde funcionou o Hotel
Internacional Reis Magos como patrimônio cultural e afirmamos necessidade de sua
requalificação para abrigar usos compatíveis com a preservação de suas características
físicas, estilísticas e ambientais essenciais:
- pelo seu valor arquitetônico como representante local da produção modernista brasileira,
ostentando atributos de inegável qualidade técnica, construtiva, espacial e artística;
- pelo seu valor histórico como estruturador do crescimento urbano e econômico da região
em que se insere e como cenário de acontecimentos e registros da cena política e
sociocultural do estado;
- pelo seu valor simbólico como marco espacial e temporal de Natal para diversos segmentos
da população natalense, nordestina e brasileira.
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O Hotel Internacional Reis Magos e sua importância histórica, simbólica e arquitetônica.
REFERÊNCIAS
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BENTES SOBRINHA, Maria Dulce P. Produção Hoteleira: as ações do poder público e do setor privado na
zona costeira do Rio Grande do Norte. Trabalho Programado 3. Parte integrante das atividades
desenvolvidas no Doutorado em Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, USP, 2001a.
BENTES SOBRINHA, Maria Dulce P. Patrimônio Público, Gestão do Território e Direito ao Meio
Ambiente: Os bens da União e dos Estados na implantação hoteleira e turística no litoral leste do Rio
Grande do Norte ( 1930-1990). 2001. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade de
São Paulo (USP), São Paulo, 2001b.
CARRILHO, Marcos José. Restauração de obras modernas e a Casa da Rua Santa Cruz de Gregori
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FAGGIN, Carlos. Arquitetura Moderna e preservação. Publicada originalmente em Projeto Design. n.
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HOLANDA, Frederico R.B. de. Os dez mandamentos da arquitetura. Brasília: FRBH, 2013.
KHOLSDORF, Maria Elaine. Sobre a Identidade dos Lugares. Artigo apresentado em workshop e curso de
extensão em Fortaleza, promovidos pelo IPHAN, Faculdade de Arquitetura da UFCe e Prefeitura
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em Natal. Trabalho apresentado à disciplina História e teoria da Arquitetura e Urbanismo 3, ministrada
pela professora Edja Trigueiro, ao 5º período do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRN. Natal:
1999.
SEABRA DE MELO, Alexandra Consulin. Yes, nós temos arquitetura moderna: Reconstituição e Análise
da Arquitetura Residencial Moderna em Natal nas décadas de 1950 e 1960. 2004. Dissertação (Mestrado
em Arquitetura e Urbanismo) – Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFRN,
Natal, 2004.
TRIGUEIRO, Edja; ELALI, Gleice; VELOSO, Maísa. Urbanismo modernizador, consolidação modernista,
reuso pós-moderno: a dinâmica de transformação urbana em Natal e a dilapidação de seu acervo
arquitetônico. In: DOCOMOMO BRASIL, 7., 2007, Porto Alegre. Anais eletrônicos... Porto Alegre:
Propar/UFRGS, 2007.
VARELA, Erick. Hotel Internacional Reis Magos: um marco para os tempos modernos em Natal. Natal:
Trabalho Acadêmico do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRN, 1999.
VELOSO, Maísa ; VIEIRA, Natália V. ; PEREIRA, Marizo V. Crônica de uma Morte Anunciada: Arquitetura
Moderna em Natal x Copa de 2014. In: DOCOMOMO NORTE NORDESTE, 3., 2010, João Pessoa. Anais
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VELOSO, Maísa ; BENTES SOBRINHA, Dulce. Do grande hotel aos palaces & resorts: os empreendimentos
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SEMINÁRIO DE HISTÓRIA DA CIDADE E DO URBANISMO, 7., 2002, Salvador. Cadernos de Resumos do VII
SCHU, 2002. v. 1. p. 48-49.
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O Hotel Internacional Reis Magos e sua importância histórica, simbólica e arquitetônica.
SOBRE OS AUTORES
EDJA BEZERRA FARIA TRIGUEIRO
Professora Associada do Departamento de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte. Graduada em Arquitetura e Urbanismo (1978), Especialista em Sociologia (1985), e
Mestra em História (1989), pela Universidade Federal de Pernambuco. PhD em Estudos
Avançados em Arquitetura (1995) pela Bartlett School, UCL, University of London, onde
também desenvolveu estágio pós-doutoral (2004-5) como Honorary Research Fellow.
Coordena o grupo de pesquisa MUsA - Morfologia e Usos da Arquitetura, que estuda relações
entre forma construída e práticas socioculturais. Coordenou o Programa de Pós-graduação em
Arquitetura e Urbanismo da UFRN (2002-03) no qual foi também vice-coordenadora (2009-10
e 1999-2001), e segue atuando como professora e orientadora, nos cursos de Doutorado,
Mestrado e Mestrado Profissional, focalizando seu interesse na área de morfologia do
ambiente construído, com ênfase nos seguintes temas: relações forma/usos, formação e
transformação de edifícios e cidades, e conservação do patrimônio construído.
GEORGE ALEXANDRE FERREIRA DANTAS
Arquiteto e Urbanista formado pela UFRN (1998); Mestre (2003) e Doutor (2009) pelo
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da EESC-USP. Professor Adjunto do
Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRN e pesquisador dos grupos de pesquisa HCUrb
(Depto. de Arquitetura, UFRN), desde 1998, e Urbis (IAU-USP), entre 2005 e 2009. Coorganizou os livros; Surge et Ambula: a construção da cidade moderna (Natal, 1890-1940);
(Natal: Edufrn, 2006) e Profissionais, práticas e representações da construção da cidade e do
território (São Paulo: Alameda, 2013), e é co-autor do livro Uma cidade sã e bela: a trajetória
do saneamento de Natal, 1850-1969 (Natal: CREA-RN, IAB-RN, 2008); escreveu também
diversos artigos (sobre história urbana, do urbanismo e da arquitetura) em livros, periódicos e
eventos científicos nacionais e internacionais. Lecionou também nos cursos de Arquitetura e
Urbanismo da FAAC/Unesp (Bauru-SP), entre 2006 e 2007, e do Unipê (João Pessoa-PB), entre
2002 e 2004.
JOSE CLEWTON DO NASCIMENTO
Mestre em arquitetura e urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (2002) e Doutor em
Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (2008). Atualmente é Professor
Adjunto do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte (DARQ-UFRN), área de Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo. Tem
experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em CONSERVAÇAO E RESTAURO,
atuando principalmente nos seguintes temas: politica de preservação, sertão, patrimônio
cultural, lugar e imagem.
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O Hotel Internacional Reis Magos e sua importância histórica, simbólica e arquitetônica.
LUIZA MEDEIROS DE LIMA
Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(2011), é atualmente mestranda do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo
da mesma universidade, na área de concentração I - Urbanização, projetos e políticas físicoterritoriais; linha de pesquisa - História da cidade e do urbanismo. Integrante do Grupo de
Pesquisa História da Cidade, do Território e do Urbanismo (HCUrb), vinculado ao Depto. de
Arquitetura da UFRN, trabalha principalmente nos seguintes temas: história das políticas
habitacionais, arquitetura modernista, Institutos e Caixas de Aposentadoria e Pensões. Exerceu
cargo de chefe de Divisão Técnica na Superintendência do IPHAN no RN entre julho de 2012 e
abril de 2013.
MAISA FERNANDES DUTRA VELOSO
Graduada em Arquitetura pela Universidade Federal de Pernambuco (1985), Mestra em
Desenvolvimento Urbano pela Universidade Federal de Pernambuco (1992) e Doutora em
Géographie, Aménagement du Territoire et Urbanisme - Université de Paris III (SorbonneNouvelle) (1996). Atualmente, é Professora Associada da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Planejamento
e Projeto do Espaço Urbano e da Edificação, atuando principalmente nos seguintes temas:
projeto de arquitetura e urbanismo, preservação e conservação do patrimônio edificado.
Coordena o Grupo de Pesquisa PROJETAR - Projeto de Arquitetura e Percepção do Ambiente da UFRN, grupo fundador do evento que leva o seu nome PROJETAR - Seminário sobre Ensino
e Pesquisa em Projeto de Arquitetura, cuja primeira edição ocorreu em Natal, em 2003,
promovido pelo PPGAU/UFRN. É membro fundador da ANPARQ - Associação de Pesquisa e
Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo - e integrante de sua primeira Diretoria.
MARIZO VITOR PEREIRA
Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pernambuco (1975) e
Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2008).
É professor do Departamento de Arquitetura da UFRN da área de Teoria e História da
Arquitetura e Urbanismo e desenvolve tese de doutorado acerca da preservação da
arquitetura moderna.
NATALIA MIRANDA VIEIRA
Doutora em Desenvolvimento Urbano pela Universidade Federal de Pernambuco (2006) na
área de concentração de Conservação Integrada, Mestra em Arquitetura e Urbanismo pela
Universidade Federal da Bahia (2000) e Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela
Universidade Federal de Pernambuco (1995). Desde 2009, Professora adjunto do
Departamento de Arquitetura e do Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo
da UFRN. Experiência docente em diversas IES privadas, sempre na graduação em Arquitetura
e Urbanismo, desde 2001. Sócia-fundadora e, atualmente, membro do Conselho Científico do
Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada (CECI). Área de atuação principal: na
graduação - projeto de arquitetura; na pós-graduação: teoria da arquitetura, preservação do
patrimônio cultural, projeto de intervenções em áreas patrimoniais e gestão de sítios
históricos.
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