empreendedorismo social e gestão no terceiro setor

XXVI$ENANGRAD$
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EMPREENDEDORISMO SOCIAL E GESTÃO NO TERCEIRO SETOR: UM ESTUDO
DE CASO EM UMA ORGANIZAÇÃO NÃO GOVERNAMENTAL DE FORTALEZA
LISE A CASTELO
FOZ$DO$IGUAÇU,$2015$
!
ÁREA%TEMÁTICA:%EMPREENDEDORISMO%E%GOVERNANÇA%CORPORATIVA%%
%
CÓDIGO:%EGC%
%
TÍTULO:%EMPREENDEDORISMO%SOCIAL%E%GESTÃO%NO%TERCEIRO%SETOR:%UM%ESTUDO%DE%
CASO%EM%UMA%ORGANIZAÇÃO%NÃO%GOVERNAMENTAL%DE%FORTALEZA%
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1!
RESUMO%
Nos$ dias$ atuais,$ o$ Terceiro$ Setor$ aparece$ como$ alternativa$ para$ os$ problemas$ sociais,$ tidos$ como$
responsabilidades$do$Governo,$que$por$causa$de$limitações,$delega$parte$dessas$responsabilidades$
para$ referido$ setor.$ O$ empreendedorismo$ social$ preocupa>se$ com$ questões$ relacionadas$ à$
criatividade$ empresarial$ dos$ fundadores$ e$ gestores$ sociais,$ fator$ que$ o$ diferencia$ do$
empreendedorismo$ tradicional$ ou$ convencional.$ Este$ trabalho$ tem$ como$ ambiente$ de$ pesquisa$ o$
Projeto$Frente$Beneficente$para$Crianças,$uma$Organização$Não$Governamental$(ONG),$sediada$em$
Fortaleza>CE,$que$atua$no$segmento$de$prestação$de$serviços.$$O$estudo$se$caracterizou$como$uma$
pesquisa$qualitativa$quanto$a$sua$naturezaK$quanto$à$tipologia,$considerou>se$descritiva$e$exploratória$
em$ relação$ aos$ finsK$ e,$ bibliográfica$ e$ estudo$ de$ caso$ quanto$ aos$ meios.$ Os$ dados$ foram$ obtidos$
através$ de$ questionário$ como$ instrumento,$ aplicado$ aos$ componentes$ e$ membros$ do$ Conselho.$ O$
estudo$ concluiu$ que$ diante$ dos$ desafios$ de$ gestão$ a$ instituição$ em$ estudo,$ através$ dos$ recursos$
captados,$consegue$manter$sua$efetividade$de$gestão$promovendo$mudanças$sociais$na$comunidade$
que$está$inserida.$Reconhece>se$aqui$que$este$estudo$não$esgota$a$realidade$investigada.$Por$isso$
mesmo,$ abre$ prerrogativas$ para$ futuros$ estudos$ sobre$ o$ assunto,$ recomenda>se$ outras$ pesquisas$
mais$amplas$com$outras$instituições$de$portes$maiores.$
$
Palavras?chave:%Empreendedorismo$Social.$Gestão$Social.$Terceiro$Setor.
%
ABSTRACT%
Nowadays,$the$Third$Sector$appears$as$alternative$to$social$problems,$seen$as$responsibilities$of$the$
Government$that$because$of$limitations,$delegate$some$of$these$responsibilities$to$that$sector.$Social$
entrepreneurship$ is$ concerned$ with$ issues$ related$ to$ entrepreneurial$ creativity$ of$ the$ founders$ and$
managers$social$factor$that$differentiates$it$from$the$traditional$or$conventional$entrepreneurship.$This$
work$is$research$environment$Project$Front$Charity$for$Kids,$a$Non$Governmental$Organization$(NGO)$
based$in$Fortaleza>CE,$which$operates$in$the$provision$of$services.$The$study$was$characterized$in$a$
qualitative$ research$ on$ the$ purposes.$ Regarding$ the$ media,$ the$ research$ literature$ and$ exploratory$
further$research$is$classified$as$a$case$study.$For$data$analysis$we$used$a$model$questionnaire$that$
was$ applied$ to$ the$ component$ members$ of$ the$ Board.$ The$ study$ concluded$ that$ the$ challenges$ of$
managing$ the$ institution$ under$ study,$ with$ the$ proceeds,$ can$ maintain$ its$ effectiveness$ management$
promoting$ social$ change$ in$ the$ community$ it$ operates.$ It$ is$ recognized$ here$ that$ this$ study$ does$ not$
exhaust$ the$ reality$ investigated.$ Therefore,$ opens$ privileges$ for$ future$ studies$ on$ the$ subject,$ it$ is$
recommended$that$other$larger$investigations$with$other$institutions$of$larger$bearings.%
Keywords:$Social$Entrepreneurship.$Social$Management.$Third$Sector.$
!
2!
INTRODUÇÃO!!
Atualmente,$ o$ Terceiro$ Setor$ aparece$ como$ alternativa$ para$ os$ problemas$ sociais,$ surgindo$
de$ forma$ progressiva$ e$ ocupando$ espaços,$ tidos$ como$ responsabilidades$ do$ Governo,$ que$ devido$
limitações,$delega$parte$dessas$responsabilidades$para$referido$setor.$
Apesar$ de$ não$ tratar>se$ de$ um$ tema$ atual,$ o$ Brasil$ tem$ se$ destacado$ e$ apoiado$ o$
empreendedorismo$social$de$forma$surpreendente,$observando>se$a$capacidade$criativa$e$inovadora$
de$ seus$ habitantes,$ sempre$ buscando,$ de$ maneira$ ou$ de$ outra,$ surpreender,$ além$ de$ preocupar>se$
com$questões$relacionadas$à$criatividade$empresarial$dos$fundadores$e$gestores$sociais,$fator$que$o$
diferencia$do$empreendedorismo$tradicional$ou$convencional.$$
Este$artigo$procura$responder$ao$seguinte$questionamento:$Como$uma$Organização$sem$fins$
lucrativos$gerencia$a$captação$de$recursos$para$garantir$a$sua$efetividade$na$gestão?$
Como$ objetivo$ geral$ destaca>se:$ analisar$ as$ estratégicas$ de$ captação$ de$ recursos$ pela$ a$
Organização$ Não$ Governamental$ voltada$ ao$ empreendimento$ social.$ Visando$ a$ compreensão$ mais$
detalhada$ do$ assunto$ foram$ estabelecidos$ os$ seguintes$ objetivos$ específicosK$ Estabelecer$ as$
principais$ diferenças$ entre$ empreendedorismo$ empresarial$ e$ o$ empreendedorismo$ socialK$ Identificar$
as$ características$ de$ gestão$ da$ Organização$ Não$ governamental$ em$ estudoK$ Traçar$ os$ desafios$ da$
aplicação$dos$recursos$captados$pela$Organização$Não$Governamental$em$estudoK$Descrever$como$
a$ONG$em$estudo$realiza$o$processo$de$prestação$de$contas$dos$recursos$recebidos.$
A$ relevância$ deste$ estudo$ está$ em$ levantar$ informações$ sobre$ captação$ de$ recursos$ e$ sua$
gestão$ e$ o$ empreendimento$ social$ em$ uma$ organização$ sem$ fins$ lucrativos,$ no$ intuito$ de$ se$ fazer$
perpetuar$ a$ melhoria$ das$ vidas$ das$ pessoas$ menos$ favorecidas$ e$ analisar$ a$ importância$ dessa$
gestão$para$eficácia$das$ações$e$dos$projetos$sociais.$
$
A$metodologia$utilizada$baseou>se$em$uma$pesquisa$qualitativa$quanto$aos$fins$e$em$relação$
aos$ meios,$ a$ pesquisa$ foi$ de$ caráter$ bibliográfico$ e$ exploratório,$ pois$ estudou$ o$ ambiente$ sem$
modificá>lo.$$Além$disso,$destacou>se$como$estudo$de$caso.$$
%
2%REFERENCIAL%TEÓRICO%
%
2.1%Empreendedorismo%
Dolabela$(1999)$diz$que$a$palavra$empreendedorismo$é$um$neologismo$derivada$da$palavra$
“entrepreneuship”$ e$ é$ utilizada$ para$ se$ referir$ aos$ estudos$ sobre$ o$ empreendedor,$ seu$ sistema$ de$
atividades,$seu$perfil$e$seu$universo$de$atuação.$
Ainda$ de$ acordo$ com$ Dolabela$ (1999)$ merece$ destacar$ sobre$ o$ assunto$ que$ o$
empreendedorismo$ desencadeia$ alto$ grau$ de$ realização$ pessoal,$ uma$ vez$ que$ se$ trata$ da$
exteriorização$ do$ que$ se$ passa$ no$ interior$ de$ uma$ pessoa,$ fazendo$ com$ que$ o$ trabalho$ e$ o$ prazer$
caminhem$juntos.$
Conforme$ alguns$ pesquisadores,$ o$ termo$ empreendedorismo$ é$ explicado$ amplamente$
quando$ entendido$ pelos$ economistas,$ como$ Cantillon,$ Say$ e$ Shumpeter$ e$ por$ comportamentalistas$
como$Werbe,$McClelland$(FILION,$1999$apud,ALVES,$2010).$Referido$autor$ressalta$que$na$visão$do$
economista$moderno$todo$empreendedor$tem$sua$importância$para$a$economia$provocando$impacto$
a$partir$do$momento$que$a$influencia$e$a$modifica$profundamente.$$
Nesse$sentido$tem>se$que$o$termo$empreendedorismo,$até$um$passado$recente,$era$utilizado$
para$ designar$ o$ empreendedorismo$ privado$ (ou$ empresarial,$ convencional,$ tradicional).$ Assim$
inicialmente$seu$conceito$estava$atrelado$às$atividades$de$mercado,$que$visavam$lucro,$nos$moldes$
mais$convencionais$da$economia$capitalista.$Atualmente$com$a$emergência$da$visão$social,$surge$o$
empreendedorismo$social$(BRITO,$2005).$
Para$ melhor$ compreensão$ da$ leitura,$ foram$ utilizados$ nesta$ pesquisa$ os$ termos$
empreendedorismo$empresarial$e$empreendedorismo$social.$
%
2.2%Empreendedorismo%Empresarial%versus%Empreendedorismo%Social%
Para$ Melo$ Neto$ e$ Froes$ (2001),$ as$ diferenças$ entre$ o$ empreendedorismo$ social$ e$ o$
empreendedorismo$empresarial$estão$relacionadas$em$alguns$aspectos:$o$empreendedor$social$não$
produz$bens$e$serviços$para$vender,$mas$para$solucionar$problemas$sociais,$no$qual$seu$objetivo$é$
solucionar$ situações$ de$ riscos,$ exclusão$ social,$ pobreza,$ miséria,$ enquanto$ o$ empreendedor$
empresarial$trabalha$com$idéias$e$oportunidades$econômicas$e$precisa$reunir$capital,$para$produção$
de$bens$e$serviços$para$venda.$Os$empreendedores$empresariais$primeiro$identificam$oportunidades$
para$ desenvolver$ as$ idéias$ enquanto$ os$ empreendedores$ sociais$ primeiro$ buscam$ soluções$
inovadoras$para$problemas$sociais$existentes.$
!
3!
Um$ fator$ necessário$ à$ compreensão$ dessa$ diferença$ entre$ os$ dois$ tipos$ de$
empreendedorismo$é$a$sustentabilidade$financeira,$ou$seja,$no$empreendedorismo$empresarial,$obter$
lucro$ é$ uma$ condição$ necessária$ e$ essencial$ a$ para$ sua$ sobrevivência,$ enquanto$ que$ no$
empreendedorismo$ social,$ a$ idéia$ de$ lucro$ nem$ sempre$ é$ possível$ e$ quando$ ocorre,$ são$ para$ se$
atingir$aos$fins$sociais$pretendidos.$
Os$ autores$ supracitados$ ressaltam$ que$ são$ inúmeras$ as$ diferenças$ entre$ o$ empreendedor$
social$e$o$empresarial,$conforme$é$destacado$no$Quadro$1,$a$seguir.$$
%
Quadro1:$Diferenças$entre$o$Empreendedorismo$Empresarial$e$Social$
EMPREENDEDOR%EMPRESARIAL%
EMPREENDEDOR%SOCIAL%
É$individual$
É$coletivo$
Produz$bens$e$serviços$para$o$mercado$
Produz$bens$e$serviços$para$a$comunidade$
Tem$o$foco$no$mercado$
Tem$foco$na$busca$de$soluções$para$os$
problemas$sociais$
Sua$medida$de$desempenho$é$o$lucro$
Sua$medida$de$desempenho$é$o$impacto$social$
Trabalha$com$idéias$oportunidade$econômica$ Identifica$oportunidade$para$desenvolver$as$
e$precisa$reunir$capital$
idéias$
Visa$satisfazer$a$necessidade$dos$clientes$e$
Visa$resgatar$pessoas$da$situação$de$risco$
ampliar$potencialidades$dos$negócios.$
social$e$promovê>las.$
%%Fonte:$Adaptado$pela$autora$de$acordo$com$Oliveira$(2004)K$Melo$Neto$e$Froes$(2001).$
A$ partir$ da$ investigação$ realizada$ sobre$ o$ tema,$ permite>se$ fazer$ uma$ distinção$ e$ ter$ um$
entendimento$mais$claro$sobre$o$empreendedorismo$social.$Os$empreendedores$sociais,$segundo$os$
autores$ referidos$ são$ pessoas$ que$ trazem$ aos$ problemas$ sociais$ à$ mesma$ imaginação$ que$ os$
empreendedores$do$mundo$dos$negócios$trazem$para$a$criação$de$riquezas,$ao$buscarem$soluções$
inovadoras$para$os$problemas$sociais$existentes$e$potenciais.$
Hoje,$o$termo$Empreendedorismo$é$abrangente,$pois$decorre$diretamente$de$novos$padrões$
de$relações$sociais$e$políticas$que$incluem$o$mercado,$mas$não$se$limita$a$ele.$Os$estudos$recentes$
introduzem$ as$ noções$ de$ ação$ política$ e$ ação$ de$ cidadania,$ desenvolvendo$ a$ imagem$ do$
empreendedor$social$(CERIZZA,$VILPOUX,$2006).$Referidos$autores$ressaltam$que$o$interesse$pelo$
empreendedorismo$ baseia>se$ no$ estudo$ de$ um$ ícone$ capaz$ de$ promover$ alternativas$ viáveis$ as$
mudanças$ de$ comportamento,$ formação$ de$ uma$ classe$ diferenciada,$ com$ visão$ sistêmica$ das$
situações$econômicas,$ambientais$e$sociais.$
O$indivíduo,$no$contexto$do$empreendedorismo$social,$protagoniza$seus$ideais,$assumindo$a$
responsabilidade$ pela$ construção$ de$ seu$ próprio$ destino,$ bem$ como$ ações$ para$ o$ desenvolvimento$
da$comunidade$à$qual$pertence,$exercendo$novas$formas$de$solidariedade,$parceria$e$cooperação.$
O$ empreendedor$ social$ indica$ tendências$ e$ busca$ soluções$ inovadoras$ para$ os$ problemas$
que$não$são$conhecidos$pela$a$sociedade$e$por$vê>lo$de$forma$diferenciada,$onde$sua$atuação$agiliza$
o$processo$de$mudança$social,$inspirando$outros$a$se$engajarem$em$causa$comum$(ASHOKA,$2012).$
$A$ Ashoka$ é$ uma$ organização$ internacional$ sem$ fins$ lucrativos$ que$ apóia$ empreendedores$
sociais$no$mundo$todo,$conceitua$o$empreendedor$social$como:$$
$
$$
Uma$pessoa$criativa,$visionária$prática$e$pragmática,$que$sabe$ultrapassar$
obstáculos$ para$ criar$ mudanças$ significativas$ e$ sistemáticas.$ Possui$ uma$
proposta$verdadeiramente$inovadora,$já$com$resultados$de$impactos$social$
positivo$ na$ região$ onde$ atua,$ e$ demonstra$ estratégias$ concretas$ pra$
disseminação$dessas$ideias$nacional$ou$internacional$(ASHOKA,$2012).$
$
$$
Para$Dees$(1998,$p.$08)$a$definição$do$Empreendedorismo$Social$pode$ser$destacada$como:$$
$
Deve$refletir$a$necessidade$de$um$substituto$para$a$disciplina$do$mercado$
que$ se$ aplica$ aos$ empreendedores$ empresariais,$ pois$ não$ podemos$
pensar$ que$ a$ disciplina$ do$ mercado$ irá$ eliminar$ automaticamente$ os$
empreendimentos$ sociais$ que$ não$ utilizam$ os$ recursos$ eficazes$ e$
eficientes.$
$
Referido$ autor$ resume$ que$ esta$ definição$ pode$ ser$ tratada$ da$ seguinte$ da$ maneira:$ os$
empreendedores$ sociais$ desempenham$ o$ papel$ de$ agente$ de$ mudança$ no$ setor$ social,$ quando$ o$
indivíduo$tenta:$
!
4!
Adaptar$ uma$ missão$ para$ criar$ e$ manter$ valor$ social$ e$ não$ apenas$ valor$
privadoK$ Reconhecer$ e$ procurar$ novas$ oportunidades$ para$ servir$ essa$
missãoK$Empenhar>se$num$processo$contínuo$de$inovação$e$adaptação$e$
aprendizagemK$ Agir$ com$ ousadia$ sem$ limitado$ pelos$ recursos$ disponíveis$
no$momentoK$Prestar$contas$com$transparência$às$clientelas$que$servem$e$
em$relação$aos$resultados$obtidos$(DEES,$1998,$p.08).$
$$$$$$$$$$$$$$$
Diante$da$importância$do$tema$para$as$empresas$do$Terceiro$setor,$Dolabela$(2008)$relata$
que$o$empreendedorismo$é$uma$ferramenta$essencial$para$o$desenvolvimento$local.$Na$percepção$
do$autor,$o$empreendedor$é$um$ser$social,$produto$do$ambiente$em$que$vive$época$e$lugar.$Se$uma$
pessoa$ vive$ em$ ambiente$ em$ que$ ser$ empreendedor$ é$ visto$ como$ algo$ positivo,$ então$ terá$
motivação$para$criar$seu$próprio$negócio.$
Corroborando$com$o$assunto$em$pauta,$Oliveira$(2004,$p.200),$relata$que$o$novo$sentido$e$
significado$ que$ o$ empreendedorismo$ social$ vem$ alcançando$ decorrem$ de$ quatro$ fatores$
conjunturais:$
•$Desenvolvimento$ econômico$ globalizado,$ conjuntamente$ com$ o$
crescimento$dos$problemas$sociaisK$
•$Crescimento$das$organizações$sem$fins$lucrativos$nas$décadas$de$60$e$
70K$
•$Ineficiência$da$ação$governamental,$das$organizações$e$da$filantropia$na$
redução$dos$problemas$sociaisK$e,$
•$Crescimento$do$chamado$setor$sem$fins$lucrativos,$ou$Terceiro$Setor$a$
partir$ da$ década$ de$ 1990,$ consequentemente,$ a$ recursos$ de$
financiamento,$ o$ que$ conduz$ a$ busca$ de$ uma$ nova$ lógica$ de$ gestão$
para$auto$sustentabilidade$destas$organizações$e$suas$missões.$
$
Voltado$para$a$comunidade$e$seu$desenvolvimento$sócio$e$ambiental,$o$empreendedorismo$
social$não$deixa$o$seu$objetivo$comum,$a$contribuição$na$atividade$econômica,$com$a$preocupação$
de$solucionar$problemas$sociais,$direcionado$para$a$sociedade.$
%
2.2.1$Empreendedorismo$Social$no$Brasil$
A$evolução$do$Empreendedorismo$Social$vem$sendo$analisada$há$muitos$anos,$entretanto,$
somente$ no$ início$ da$ década$ de$ 90$ é$ que$ o$ Brasil$ aprofundou>se$ no$ assunto.$ Os$ estudos$ se$
enraizaram$em$empreendedorismo$corporativo,$voltado$para$o$bem$de$empresas$privadas.$Além$do$
Empreendedorismo$ Corporativo$ tem>se$ estudos$ avançados$ em$ pesquisas$ para$ o$ entendimento$ de$
um$conceito$sobre$o$que$vem$ser$o$Empreendedorismo$Social$(BEILER,$2013).$$
Entre$inúmeras$causas$que$motivam$o$seu$surgimento$pode>se$citar$a$crescente$escassez$
de$recursos$que$afligem$a$sociedade,$em$vista$da$impossibilidade$do$Estado$em$destiná>los$a$todos$
de$forma$igualitária.$
Segundo$ Mancini$ e$ Yonemoto$ (2012),$ no$ Brasil$ o$ empreendedorismo$ começou$ a$ ser$
desenvolvido$a$partir$dos$anos$de$1990,$com$abertura$da$economia,$sendo$que$este$ainda$encontra>
se$em$processo$de$consolidação.$$
No$ que$ se$ refere$ ao$ gênero$ Empreendedorismo$ Social,$ os$ autores$ acrescentam$ que$ se$
pode$ dizer$ que$ não$ há$ muita$ disseminação$ de$ tal$ conceito$ no$ país.$ Percebe>se$ ainda$ que$ o$ país$
necessita$ de$ ações$ conjuntas,$ entre$ o$ Estado$ e$ sociedade,$ que$ visem$ diminuir$ as$ desigualdades$
sociais$que$imperam.$
Opinião$ que$ difere$ de$ Campagnac$ (2013),$ quando$ expõe$ que$ é$ perceptiva$ a$ evolução$ do$
empreendedorismo$ social$ no$ Brasil.$ Há$ uma$ diversidade$ incrível$ de$ empreendedorismo$ e$
empreendedores$ sociais.$ São$ projetos,$ movimentos,$ organizações$ e$ empresas,$ cuja$ finalidade$
principal$é$a$de$minimizar$uma$necessidade,$oferecendo$produtos$ou$serviços$para$melhorar$a$vida$
das$pessoas.$
$Dolabela$(2003,$p.$106)$enfatiza$a$relevância$do$empreendedorismo$social$como$forma$de$
desenvolvimento$sócio$econômico$do$país:$$
O$ sistema$ socioeconômico$ em$ hegemonia$ atualmente$ tem$ uma$ dinâmica$
que$ subordina$ inexoravelmente$ o$ local$ ao$ globalK$ fragmenta$ o$
desenvolvimento,$deteriora$o$meio$ambiente$e$exclui$uma$grande$parte$da$
humanidade.$ A$ correção$ dessas$ distorções$ requer$ cooperação$ entre$
agentes$ autônomos$ da$ sociedade$ civil,$ do$ Estado$ e$ do$ mercado$ em$ um$
processo$permanente$de$identificação$de$objetivos$comuns,$negociação$de$
interesses$ conflitantes$ e$ compartilhamento$ de$ responsabilidades$ para$
!
5!
realizar$o$que$é$convergente$(...).$Cooperação$para$o$desenvolvimento$não$
é$ o$ mesmo$ que$ colaboração,$ solidariedade,$ companheirismo$ ou$
fraternidade.$ É$ uma$ relação$ que$ se$ estabelece$ entre$ agentes$ individuais$
e/ou$ coletivos,$ de$ identidades$ diferentes,$ com$ interesses$ próprios,$ alguns$
divergentes$ e$ outros$ convergentes,$ cujos$ resultados$ beneficiam$ a$ toadas$
as$partes$que$cooperam$e$ao$todo$ao$qual$pertencem$os$cooperantes.$
$
$
$
No$ Brasil,$ têm>se$ muitas$ iniciativas$ que$ se$ voltam$ à$ descoberta,$ apoio$ e$ capacitação$ de$
empreendedores$ com$ projetos$ inovadores,$ de$ serviços$ ou$ produtos.$ Um$ é$ o$ caso$ da$ Ashoka,$ que$
trabalha$ no$ sentido$ de$ apoiar$ e$ capacitar$ pessoas$ com$ projetos$ de$ amplo$ impacto$ social.$ A$ maioria$
dessas$ONG’s$não$é$empregadora,$cumprindo$sua$missão$exclusivamente$por$meio$de$voluntariado$
ou$serviços$de$autônomos$(LOPES,$2013).$$
Entretanto,$ há$ que$ se$ convir$ que$ diante$ do$ cenário$ de$ desigualdades$ que$ o$ país$ apresenta,$
onde$ o$ Estado$ mostra>se$ impossibilitado$ de$ promover$ a$ distribuição$ eqüitativa$ de$ recursos,$ o$
empreendedor$ social$ apresenta>se$ como$ um$ agente$ que$ pode$ auxiliar$ no$ processo$ de$ extinção$ das$
discrepâncias$existentes$entre$os$cidadãos,$promovendo$através$de$suas$ações$um$desenvolvimento$
sustentável$na$sociedade$em$que$está$inserido.$
$
2.2.2$Empreendedorismo$Social$no$Ceará$
$
Os$espaços$locais$participam$e$atuam$desse$processo$a$partir$de$uma$base$social,$cultural$e$
política$local.$Os$diversos$atores$do$mercado,$do$Estado$e$da$sociedade$civil$passam$a$influenciar$e$
interagir$nesse$processo$de$forma$muito$mais$articulada$e$interdependente,$pois,$eles$precisam$estar$
atentos$para$as$dinâmicas$locais,$nacionais$e$globais.$$
$
Segundo$Franco$(2002)$o$conceito$de$desenvolvimento$local,$ganha$espaço$nos$últimos$anos,$
e$pode$ser$entendido$como$o$processo$de$mobilização$das$energias$sociais$em$espaços$de$pequena$
escala,$ que$ programam$ mudanças$ capazes$ de$ elevar$ as$ oportunidades$ sociais,$ a$ viabilidade$
econômica$e$as$condições$de$vida$da$população$Cearense.$
$
Fortaleza,$ capital$ do$ Ceará,$ caracteriza>se$ por$ ser$ um$ local$ com$ altíssima$ concentração$ de$
renda$e$grandes$desigualdades$sociais$e$as$políticas$públicas$atuais$na$qual$o$seu$desenvolvimento$
social$e$econômico$está$inserido$não$têm$gerado$resultados$satisfatórios.$(FRANCO$2002).$
$
De$acordo$Farias$et,al$(2013,$p.3):$
$
$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$
O$Estado,$apesar$de$necessário,$imprescindível$e$fundamental,$é$tido$como$
insuficiente$ para$ aportar$ energias$ novas$ a$ fim$ de$ expandir$ e$ ampliar$ a$
mobilização$ dos$ mais$ diversos$ recursos,$ e$ o$ mercado,$ com$ sua$ lógica$
instrumental$ excludente,$ também$ não$ pode$ liderar$ o$ processo$ de$
desenvolvimento$ sustentável.$ Apenas$ a$ sociedade$ civil$ organizada,$ por$
intermédio$ das$ organizações$ do$ chamado$ terceiro, setor,$ em$ articulação$
sinérgica$ com$ o$ Estado$ e$ as$ atividades$ lucrativas$ do$ mercado,$ podem$
possibilitar$ a$ ampliação$ do$ espaço$ público$ e$ conjugar$ esforços.$ Nesse$
sentido,$as$políticas$de$desenvolvimento$devem$incluir$políticas$sociais,$com$
a$ participação$ da$ sociedade$ organizada,$ e,$ por$ conseguinte,$ a$ mobilização$
articulada$das$diversas$agências$e$agentes$de$desenvolvimento,$no$sentido$
não$ só$ de$ fomentar$ o$ desenvolvimento$ econômico,$ mas$ também$ o$ aporte$
de$capital$social,$ainda$incipiente$em$nossa$sociedade,$tendo$em$vista$seu$
desenvolvimento$político$e$econômico>social.$
$
$$ $
Desta$ forma$ expõe>se$ que$ o$ empreendedorismo$ social,$ como$ posto$ anteriormente,$ não$ é$
dar$esmolas,$já$que$é$uma$forma$de$desenvolver$pessoas$e$suas$comunidades,$de$forma$que$elas$
tenham$condições$de$se$sustentar$pelos$próprios$esforços.$
$ $
Com$efeito$ilustrativo$cita>se$como$exemplo$de$empreendedores$sociais$no$Estado,$o$caso$
do$ Banco$ Palmas,$ em$ Fortaleza.$ Esse$ Banco$ foi$ criado$ pela$ associação$ de$ moradores$ do$ bairro$
Palmeiras$ em$ 1998,$ que$ surgiu$ com$ a$ finalidade$ de$ fomentar$ a$ economia$ e$ comércios$ locais,$ por$
meio$ da$ modalidade$ de$ microcréditos.$ Ressalte>se$ que$ tal$ empreendimento$ já$ recebeu$ diversos$
prêmios$na$modalidade$social$servindo$de$referência$para$o$empreendedorismo$social$no$Brasil,$que$
pode$ ser$ analisado$ sob$ o$ aspecto$ do$ desenvolvimento$ local,$ e$ pode$ ainda$ ser$ visto$ como$ uma$
mudança$ de$ paradigma.$ As$ relações$ sociais$ presentes$ na$ iniciativa$ desse$ bairro$ de$ Fortaleza$
representam$novas$dinâmicas$que$podem$escapar$da$nossa$percepção.$$
$
!
6!
Outro$exemplo$que$pode$ser$destacado$é$do$Instituto$da$Primeira$Infância$–$IPREDE,$que$é$
uma$ONG$com$26$anos$de$atuação$no$combate$à$desnutrição$infantil$e$foco$no$desenvolvimento$da$
primeira$ infância.$ É$ referência$ nas$ Regiões$Norte$ e$ Nordeste$ do$ Brasil$ no$ tratamento$ do$ problema.$
Seu$trabalho,$nos$primeiros$anos$de$sua$existência,$visou$exclusivamente$à$intervenção$no$problema$
da$desnutrição$em$crianças$de$0$a$60$meses,$além$da$prestação$de$assistência$sócio>educacional$às$
famílias.$A$compreensão$do$problema$enfrentado$pelo$empreendimento$precisou$amadurecer.$O$foco$
passou$ a$ ser$ as$ causas$ da$ exclusão$ social$ que$ levava$ as$ famílias$ à$ situação$ de$ risco$ (IPREDE,$
2013).$
E$ finalmente,$ porém$ sem$ esgotar$ os$ exemplos,$ destaca>se$ a$ Agência$ de$ Desenvolvimento$
Econômico$ Local$ –$ ADEL,$ que$ é$ uma$ organização$ que$ combate$ o$ êxodo$ rural$ por$ meio$ do$
desenvolvimento$ econômico$ e$ social$ em$ comunidades$ rurais,$ que$ iniciou$ suas$ atividades$ nos$
municípios$ de$ Apuiarés,$ Pentecoste,$ Tejuçuoca$ e$ General$ Sampaio.$ Fundada$ pelo$ economista$
cearense,$ agricultor$ Francisco$ Vaz$ de$ Oliveira,$ que$ tem$ como$ meta,$ aliar$ assessoria$ técnica$ a$
agricultores,$ capacitação$ de$ jovens$ para$ o$ empreendedorismo$ social$ e$ formatação$ de$ redes$
territoriais,$visando$alavancar$as$políticas$públicas$e$o$desenvolvimento$econômico$local$do$semiárido$
e$foi$Vencedor$do$Prêmio$Empreendedor$Social$de$Futuro$2010,$ajudando$a$solidificar$a$agência$e$a$
atrair$apoios$importantes$(ADEL,$2013).$
Essas$entidades$citadas$têm$foco$em$áreas$diferentes,$mas,$todas$têm$o$mesmo$objetivo$que$
é$ a$ transformação$ de$ uma$ realidade$ social.$ No$ Ceará,$ como$ visto,$ são$ várias$ as$ entidades$ que$
trabalham$na$busca$do$desenvolvimento$social$e$econômico$das$comunidades$carentes.$
Desta$ feita$ cita>se$ Martins$ e$ Caldas$ (2009),$ ao$ descreverem$ que$ o$ desenvolvimento$
econômico$aqui$deve$ser$pensado$como$uma$forma$de$melhorar$substancialmente$as$condições$de$
vida$das$pessoas$da$comunidade.$$
Embora$ sem$ notoriedade$ destacada,$ a$ Organização$ Não$ Governamental$ Projeto$ Frente$
Beneficente$ para$ Criança,$ objeto$ de$ estudo$ da$ pesquisa,$ está$ localizada$ em$ Fortaleza,$ no$ bairro$
Aerolândia,$foi$fundada$em$29$de$agosto$de1986,$trabalha$com$serviço$social$para$crianças$em$busca$
de$satisfazer$determinadas$necessidades.$É$uma$instituição$que$compõe$o$chamado$Terceiro$Setor,$
ou$ seja,$ uma$ organização$ sem$ fins$ lucrativos,$ que$ tem$ como$ objetivo$ gerar$ serviços$ de$ caráter$
público.$$
!
2.3%Terceiro%Setor%
As$ organizações$ do$ Terceiro$ Setor$ surgiram$ na$ Inglaterra,$ em$ 1601,$ quando$ a$ Rainha$
Elizabeth$ I$ instituiu$ uma$ legislação$ para$ disciplinar$ o$ combate$ à$ pobreza,$ com$ recursos$ vindo$ dos$
impostos$pagos$pelos$estados$(LEVITT,$1973$apud$ALVES,$2010).$$$
O$termo$Terceiro$Setor$é$uma$tradução$do$inglês$third,sector.$Nos$Estados$Unidos$é$usada$a$
expressão$ para$ uma$ organização$ sem$ fins$ lucrativos$ (monprofit, organizations)$ ou$ setor$ voluntário$
(voluntary,sector).$Na$Europa$Continental$prevalece$a$expressão$Organização$Não$Governamental$>$
ONG.$ Sua$ origem$ vem$ do$ sistema$ de$ representações$ das$ organizações$ das$ Nações$ Unidas,$ que$
nomeia,$ assim,$ as$ organizações$ internacionais$ representativas,$ para$ explicar$ a$ sua$ presença$ oficial$
na$Organização$das$Nações$Unidas$>$ONU$(ALBURQUERQUE,$2006).$
Para$Mckinsey$e$Company$(2001),$a$filantropia,$que$esteve$na$origem$da$atuação$do$Terceiro$
Setor$ na$ Europa,$ inicia>se$ no$ Brasil$ no$ século$ XVII,$ com$ as$ ações$ sociais$ das$ Santas$ Casas$ de$
Misericórdia,$atuantes$no$país$até$hoje.$E$a$partir$daí,$institucionalizou>se$o$atendimento$às$pessoas$
carentes.$$
Os$mesmo$autores$ressaltam$que$no$Brasil$a$filantropia$foi$desenvolvida$durante$mais$de$três$
séculos$sob$a$lógica$de$práticas$assistenciais,$com$predomínio$da$caridade$cristã.$Somente$no$final$
do$século$XIX$e$início$do$século$XX$as$instituições$de$assistência$à$população$carente$passaram$por$
mudanças$em$sua$forma$de$organização$e$administração,$deixando$de$ser$orientadas$pelos$princípios$
da$ caridade$ cristã,$ havendo$ neste$ período$ uma$ intensa$ atuação$ do$ Estado$ na$ área$ social.$
(MCKINSEY,$COMPANY,$2001).$
Assim$sendo,$Fernandes$(1994)$conceitua>o$como$“um$conjunto$de$organizações$e$iniciativas$
privadas$que$buscam$a$produção$de$bens$e$serviços$públicos$que$não$produzem$lucros$e$respondem$
às$necessidades$coletivas”.$$
Para$ definir$ o$ conceito$ do$ Terceiro$ Setor,$ não$ há$ um$ consenso$ por$ parte$ daqueles$ que$
pesquisam$ o$ assunto,$ havendo,$ assim,$ diversas$ definições$ dentre$ elas$ cita>se$ Wendhausen$ (2003,$
p.29)$quando$expõe$que:$
O$ Terceiro$ Setor$ é$ composto$ de$ organizações$ sem$ fim$ lucrativo,$ criados$ e$
mantidos$ pela$ ênfase$ na$ participação$ voluntária$ num$ âmbito$ não$
governamental,$ dando$ continuidade$ práticas$ tradicionais$ das$ caridades,$ da$
filantropia$ e$ o$ mecenato$ expandindo$ o$ seu$ sentido$ para$ outros$ domínios,$
!
7!
graças$ sobre$ tudo$ à$ incorporação$ do$ conceito$ de$ cidadania$ e$ a$ suas$
múltiplas$manifestações$na$sociedade$civil.$
$
Entretanto,$ Salamon$ e$ Anheir$ (1997$ apud, ALVES$ 2010),$ ao$ estudarem$ organizações$ da$
espécie$ em$ todo$ o$ mundo,$ apresentam$ cinco$ características$ que,$ de$ alguma$ forma$ devem$ estar$
presentes$em$todas$elas,$conforme$exposto$no$Quadro$2,$$a$seguir.$
%
% Quadro%2:$Características$das$organizações$do$Terceiro$Setor$
ORGANIZAÇÕES%DO%TERCEIRO%SETOR%
CARACTERISTICAS%
DISCRIMINAÇÃO%
$
Organizadas$
Ainda$que$não$sejam$legalmente$formalizadas,$precisam$ter$um$sentido$de$
permanência$ em$ suas$ atividades,$ possuir$ conselhos$ e$ realizar$ reuniões$
periódicas,$ podendo$ dispor$ de$ estrutura$ internas,$ com$ estabilidade$ de$
objetivos$formaisK$
Privadas$
Institucionalmente$separadas$do$governoK$
Não$distribuir$lucros$
Mesmo$ que$ as$ receitas$ sejam$ maiores$ que$ as$ despesas,$ todo$ lucro$ deve$
ser$revertido$para$própria$organização.$
Autogovernáveis$
Existência$ independente$ do$ Estado$ ou$ de$ empresas,$ sendo$ capazes$ de$
administrar$as$próprias$tarefasK$
$
Precisam$ apresentar$ algum$ grau$ de$ voluntariado,$ tanto$ no$ trabalho$ como$
Voluntárias$
no$ financiamento$ (doações),$ podendo$ ser$ constituídas$ por$ quaisquer$
grupos$de$pessoas,$sendo$a$atividades$da$entidade$livremente$decidida$por$
seus$membros.$
Fonte:$Adaptado$de$Salamon$e$Anheir$(1997$apud,Alves$2010,$p.30)$
Ainda$ no$ que$ refere$ as$ Organizações$ do$ Terceiro$ Setor,$ Wendhausen$ (2003)$ aponta$ como$
um$espaço$diferenciado$entre$primeiro$e$segundo$setor.$É$sabido$que$o$primeiro$setor$é$o$governo,$
responsável$ pelas$ questões$ sociaisK$ o$ segundo$ setor$ é$ representado$ pelas$ empresas$ responsáveis$
por$ questões$ individuais,$ que$ a$ partir$ das$ limitações$ do$ Estado$ começaram$ ajudar$ nas$ questões$
sociais,$através$de$várias$instituições,$enquanto$o$Terceiro$Setor$é$constituído$por$organizações$sem$
fins$lucrativos$e$não$governamentais$que$têm$como$objetivo$serviços$de$caráter$públicos.$
O$Estado$atuando$em$grande$demanda$não$consegue$atender$plenamente$a$sociedade.$As$
organizações$do$Terceiro$Setor$são$criadas,$portanto,$com$objetivo$de$lutar$por$uma$sociedade$justa$
ganhando$importância$do$desenvolvimento$político$econômico$e$social$no$país.$$
Dessa$ forma,$ atendendo$ as$ necessidades$ da$ sociedade$ para$ uma$ melhoria$ no$
desenvolvimento$ social,$ os$ empreendimentos$ sociais$ desempenham$ um$ papel$ significativo$ neste$
contexto.$
%
2.3.1$Gestão$Social$nas$Organizações$do$Terceiro$Setor$
Para$ implantação$ de$ serviços$ em$ organizações$ sem$ fins$ lucrativos$ faz>se$ necessário$ a$
Gestão$ Social,$ que$ em$ seu$ conceito$ indica$ um$ modo$ social$ de$ gerir$ os$ serviços$ dentro$ das$
organizações$sem$fins$lucrativos,$e$que$segundo$Tenório$(2007$p.18)$“a$Gestão$Social$está$ligada$a$
um$gerenciamento$mais$participativo,$dialógico,$no$qual$o$processo$decisório$é$exercido$por$meio$de$
diferentes$sujeitos$social”.$$$
Com$ isso,$ a$ gestão$ social$ contrapõe>se$ à$ gestão$ estratégica$ ao$ substituir$ a$ gestão$
burocrática,$ por$ um$ gerenciamento$ mais$ participativo$ buscando$ o$ atendimento$ das$ atuais$
necessidades$ e$ desafios$ da$ administração$ quanto$ à$ democracia$ e$ cidadania$ participativa.$
(TENÓRIO,$2007).$
De$acordo$Dowbor$(2001$apud$Tenório,$2007),$o$desafio$que$se$tem$pela$frente,$em$termos$
de$gestão$social,$é$a$construção$de$uma$transição$ordenada,$é$viável$em$termos$políticos,$sociais$e$
econômicos.$Na$realidade$este$modelo$de$gestão$social$pretende$transformar$a$sociedade$civil.$
$$$$
Desta$forma,$comparar$a$gestão$social$com$as$gestões$privada$ou$pública$é$preciso$identificar$
na$gestão$social,$características$que$hoje$são$valorizadas$na$gestão$contemporânea$de$modo$geral,$
como$ a$ capacidade$ de$ mediação$ entre$ diferentes$ visões$ e$ interesses,$ a$ valorização$ de$ diferentes$
saberes$e$a$articulação$entre$organizações$e$setores$em$prol$de$objetivos$compartilhados,$em$torno$
de$problemas$complexos$e$que$afetam$a$todos$(DUARTE,$2010).$
Na$ gestão$ social,$ a$ esfera$ prioritária$ é$ a$ social,$ diferenciando>se$ da$ gestão$ privada,$ que$
prioriza$ a$ esfera$ econômica.$ Tal$ gestão$ social$ sugere$ que,$ para$ além$ do$ Estado,$ a$ gestão$ das$
demandas$e$necessidades$do$social$pode$se$dar$pela$própria$sociedade,$por$meio$de$suas$diversas$
!
8!
formas$de$auto>organização,$em$maior$ou$menor$articulação$com$o$Estado$(SCHOMMER,$2010,$apud,
DUARTE,$2010).$$
Diante$ das$ várias$ posições$ expostas$ pelos$ autores$ supracitados,$ pode>se$ descrever$ então$
que$ a$ gestão$ social$ é$ aquela$ realizada$ de$ maneira$ participativa,$ dialogada$ e$ na$ qual$ a$ opinião$ dos$
envolvidos$é$percebida,$a$preocupação$maior$gira$em$torno$de$todos$e$não$do$todo$organizacional.$
$
2.3.2$Os$Desafios$na$Gestão$nas$Organizações$Não$Governamentais$–$ONG’s$
$
As$organizações$são$capazes$de$resolver$os$problemas$sociais,$decorrentes$da$ausência$do$
Estado.$Entretanto,$constata>se$que,$assim$como$a$Administração$Pública$e$as$empresas$com$fins$
lucrativos$ encontram$ desafios$ em$ relação$ à$ sua$ gestão,$ as$ ONG’s$ também$ se$ preocupam$ com$
diversas$ questões$ ligadas$ às$ suas$ particularidades,$ como$ por$ exemplo,$ atrair$ voluntários$ e$ mantê>
los$envolvidos$em$seus$ideais$são$desafios$constantes$para$essas$organizações.$(GIL$et,al,$2013).$
$
Segundo$ Salamon$ (2005$ apud$ SILVA$ 2010),$ os$ gestores$ das$ instituições$ integrantes$ ao$
Terceiro$Setor$enfrentam$grandes$desafios$como:$
•$ Desafios$ da$ legitimidade,$ ou$ seja,$ a$ formalização$ legal$ e$ a$ transparência$ no$ computo$
dos$resultadosK$
•$ Desafio$da$eficiência,$adquirida$por$meio$da$profissionalização$das$instituiçõesK$$
•$ Desafio$da$sustentabilidade$tanto$na$ordem$financeira$como$de$capital$humanoK$e,$
•$ Desafio$da$colaboração$tanto$com$o$estado,$quanto$com$o$setor$empresarial.$
$
Deste$modo,$percebe>se$que$tais$organizações$enfrentam$inúmeros$desafios$a$partir$de$sua$
criação$e$que,$diante$deste$contexto,$um$dos$problemas$ que$merece$ser$destacado$por$ser$um$dos$
mais$enfrentados$está$expresso$na$regulamentação$das$parcerias$com$o$Estado.$$$
$
Corroborando$ com$ Salamon$ (2005)$ cita>se$ Montano$ (2008)$ quando$ descreve$ que$ desafios$
são$o$que$não$faltam$para$essas$organizações$e$para$geri>las$mais$ainda:$
$
$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$
Outro$ desafio$ a$ ser$ resolvido$ diz$ respeito$ aos$ quesitos$ administrativos$ e$
legais$com$as$quais$as$ONG’s$são$sobrecarregadas$no$caso$das$parcerias$
com$o$Estado:$contas$devem$ser$feitas$de$maneira$diferenciada$e$o$controle$
público$ é$ renovado$ (...)$ essa$ questão$ é$ tão$ séria$ que$ não$ são$ poucas$
organizações$ que$ resistiram$ fazer$ convênios$ com$ o$ governo,$ mesmo$ que$
isso$ significasse$ reduzidas$ possibilidades$ de$ expansão$ do$ programa.$ A$
problemática$dá$conta$de$preservar$condições$de$trabalho$e$ainda$manter$a$
missão$da$instituição.$Assim,$o$processo$de$intensa$cooperação$e$parceria$
com$ o$ Estado$ pode$ simbolizar$ comprometer$ essa$ missão$ institucional.$
(MONTANO,$2008,$p.37)$
$
$
Portanto,$tais$desafios$em$sua$gestão$ podem$ser$considerados$indispensáveis$para$os$seus$
gestores.$E,$por$conseguinte,$as$diversas$formas$de$gestão$tendo$em$vista$suas$fontes$de$recursos.$$
Assim$ sendo,$ a$ captação$ de$ tais$ recursos$ e$ a$ prestação$ de$ contas$ dos$ mesmos$ torna>se,$ também,$
um$dos$grandes$desafios$para$referidas$organizações.$
%
2.3.3$Captação$de$Recursos$das$ONG’s$
$
Geralmente$ o$ processo$ inicial$ de$ uma$ organização$ não$ governamental$ é$ feito$
voluntariamente,$apenas$de$acordo$com$o$tempo$disponível$pelos$seus$iniciadores,$com$consequente$
aumento$ do$ volume$ de$ trabalho,$ muitas$ organizações$ se$ vêem$ limitadas$ em$ sua$ capacidade$ de$
atuação$devido$à$falta$de$recursos,$não$apenas$físicos$como$também$financeiros$e$humanos.$$
$
Captação$ de$ recursos$ seja$ dinheiro,$ doações$ de$ produtos$ ou$ trabalho$ voluntário,$ de$ uma$
maneira$ mais$ ativa,$ tornaram>se$ uma$ necessidade$ no$ Brasil,$ especialmente$ no$ universo$ das$
organizações$sem$fins$lucrativos$dedicadas$a$uma$atividade$com$finalidades$sociais.$
$
$Para$Shipley$et,al$(2013)$captação$de$recursos$é$um$termo$utilizado$para$descrever$o$leque$
de$atividades$de$geração$de$recursos$realizadas$por$organizações$sem$fins$lucrativos$em$apoio$à$sua$
finalidade$principal,$independente$da$fonte$utilizada$para$gerá>los.$
$
Neste$contexto$as$principais$fontes$de$renda$identificadas$pela$maioria$das$organizações$sem$
fins$lucrativos$podem$ser$citadas$como:$
•$ Recursos$governamentaisK$
•$ Renda$gerada$pela$venda$de$produtos$(camisetas,$chaveiros,$agendas$etc.)K$e,$
•$ Recursos$captados$através$de$doações$(de$indivíduos$ou$empresas).%
$
Tais$organizações$estão$sentindo$a$necessidade$de$diversificar$suas$fontes$de$financiamento$
para$ não$ continuar$ tão$ financeiramente$ vulneráveis.$ A$ dificuldade$ dessa$ área$ em$ gerar$ receitas$
próprias$ aumenta$ ainda$ mais$ sua$ necessidade$ de$ captação$ de$ recursos.$ A$ opção$ é$ ampliar$ os$
!
9!
recursos$ provenientes$ de$ empresas$ privadas,$ onde$ muitos$ benefícios$ são$ agregados$ quando$ uma$
organização$consegue$captar$recursos$junto$essas$empresas$(ANDRADE,$2002).
Desta$forma,$a$captação$de$recursos,$tanto$de$indivíduos$quanto$de$empresas,$é$um$meio$de$
tornar$ ainda$ mais$ público$ o$ trabalho$ desenvolvido$ pela$ organização,$ o$ que$ acarreta$ diversas$
vantagens$conforme$apresenta$o$Quando$3,$a$seguir:$
%
Quadro3:$vantagens$da$captação$de$recursos$provenientes$de$pessoas$e$empresas$
VANTAGENS%
DESCRIÇÃO%
$
Captar$recursos$não$traz$apenas$dinheiro,$também$promove$a$organização$
Ampliação$da$base$ e$aumenta$o$apoio$da$comunidade.$Por$exemplo:$um$evento$especial$pode$
social$
servir$ para$ apresentar$ o$ trabalho$ da$ sua$ organização$ às$ pessoas$ que$ o$
prestigiam.$Um$programa$de$mala>direta$pode$servir$para$informar$milhares$
de$pessoas$todos$os$anos$a$respeito$de$sua$organização$seu$programa.$$
Voluntários$
À$medida$que$os$doadores$passam$a$conhecer$melhor$a$organização,$seu$
grau$de$interesse$pode$aumentar$tanto$que$gostariam$de$doar$tempo$como$
voluntários,$o$que$é$uma$vantagem$adicional.$
$
Alcançar$mais$
pessoas$
$
Credibilidade$
$
Uma$ entidade$ sem$ fins$ lucrativos$ se$ apresenta$ à$ comunidade$ por$ meio$ de$
várias$ pessoas$ da$ organização,$ incluindo$ o$ diretor$ executivo,$ o$ relações$
públicas,$as$pessoas$que$atuam$diretamente$em$programas$e$as$que$fazem$
captação$ de$ recursos.$ O$ ato$ de$ captar$ recursos$ provavelmente$ alcance$
várias$vezes$mais$pessoas$do$que$todos$os$departamentos$juntos.$
Receber$ um$ investimento$ indica$ que$ alguém$ de$ fora$ tem$ uma$ boa$
impressão$ do$ trabalho$ da$ organização$ e$ está$ disposto$ a$ investir$ no$ seu$
sucesso.$ Isso$ pode$ melhorar$ sua$ credibilidade$ junto$ a$ empresas$ locais,$
pessoas$com$o$potencial$de$fazer$doações$grandes$e$outras$fundações.$
$
Alavancagem$
Alguns$ investimentos$ proporcionam$ recursos$ para$ parte$ de$ um$ projeto,$
desde$que$se$consiga$captar$o$restante$de$outras$fontes.$O$propósito$desse$
tipo$ de$ financiamento$ é$ ajudar$ a$ organização$ a$ mobilizar$ mais$ recursos.$
Também$ajuda$muito$a$incentivar$doações$de$pessoas$físicas.$
Fonte:$Adaptado$de$Shipley$$et,al$$(2013)$
$
Percebe>se,$ portanto,$ que$ o$ principal$ motivo$ das$ ONG’s$ buscarem$ recursos$ junto$ às$
empresas$privadas$e$pessoas$físicas$é$o$governo$que$não$repassa$recursos$suficientes$para$atender$
a$demanda$existente$no$país.$$ $
%
2.3.4$Responsabilidades$das$ONG’s$na$prestação$de$contas$de$recursos$
Definir$ prestação$ de$ contas$ é$ uma$ tarefa$ complexa,$ principalmente$ pela$ ausência$ de$
consenso$ e$ de$ um$ único$ critério$ para$ seu$ entendimento.$ Referida$ prestação$ não$ se$ menciona$ e$
destina$somente$a$dados$quantitativos,$os$qualitativos$devem$ser$expostos$de$forma$descritiva,$o$que$
a$torna$mais$complexa$ainda$para$determinadas$instituições.$$
A$maior$parte$das$pessoas$acredita$que$prestação$de$contas$significa$fornecer$informações,$
de$ acordo$ com$ requisitos$ formais$ específicos,$ sobre$ como$ os$ recursos$ financeiros$ foram$ gastos$ a$
partir$de$fins$predefinidos.$(GUIA$PRA$PRESTAÇÂO$DE$CONTAS$DAS$ONGs,$2013).$
Segundo$Bonbright$(2007),$a$prestação$de$contas$de$um$empreendimento$social$deve$estar$
ajustada$em$três$itens:$
•$ Ela$restabelece$a$participação$cidadã$e$faz$um$balanço$da$possibilidade$de$poder$entre$
pessoas$de$uma$comunidade$e$aqueles$que$trabalham$em$projetos$em$seu$nomeK$
•$ Ela$ não$ é$ apenas$ um$ objetivo,$ é$ muito$ mais$ um$ processo$ vivo$ de$ constante$ diálogo$ e$
aprimoramento$de$atividades$e$projetos.$
•$ Ela$ é$ um$ exercício$ para$ tornar$ consistente$ o$ trabalho$ diário,$ os$ valores$ e$ os$ princípios$
organizacionais.$
Assim$sendo,$não$cabem$as$ONG’s$somente$ter$a$conquista$da$aquisição$de$novo$contrato,$
convênio$ ou$ recurso$ com$ os$ órgãos$ dispostos$ a$ financiar$ e$ implementar$ $ determinados$ projetos,$
caberá,$também,$a$responsabilidade$na$prestação$das$contas$dos$recursos$recebidos$às$instituições,$
empresas$e$comunidade$que$acreditaram$no$empreendimento.$
%
3%METODOLOGIA%
%
3.1%Ambiente%da%pesquisa%
!
10!
$
Este$ estudo,$ conforme$ destacado$ anteriormente,$ tem$ como$ ambiente$ de$ pesquisa$ a$
Organização$ Não$ Governamental$ (ONG)$ Projeto$ Frente$ Beneficente$ para$ Criança,$ localizada$ em$
Fortaleza.$$
Possui$ como$ missão$ promover$ o$ desenvolvimento$ global$ da$ criança,$ adolescente$ e$ suas$
famílias,$ através$ de$ atividades,$ fortalecendo$ os$ princípios$ de$ cidadania$ e$ a$ melhoria$ de$ vida$ do$
cidadão.$ E,$ destaca>se$ como$ visão$ o$ reconhecimento$ de$ crianças$ e$ adolescentes$ como$ cidadãos$
críticos$ capazes$ de$ transformar$ a$ situação$ sócio>econômica$ da$ sociedade,$ proporcionando$ a$ cada$
um,$ oportunidades$ únicas$ de$ enquadramento$ social$ e$ reconhecimento$ de$ seus$ direitos$ frente$ à$
sociedade.$
%
3.2%Natureza%da%pesquisa%
$
$ Para$ a$ realização$ dos$ objetivos$ propostos$ neste$ estudo,$ foi$ utilizada$ a$ pesquisa$ qualitativa,$
através$ de$ um$ questionário$ estruturado$ aberto$ aplicado$ aos$ participantes$ da$ assembléia$ geral$
constituída$por$um$conselho.$
$
Collis$ e$ Hussey$ (2005)$ descrevem$ a$ pesquisa$ qualitativa$ como$ sendo$ mais$ subjetiva$ e$
envolve$o$exame$e$a$reflexão$das$percepções$que$facilita$o$entendimento$de$atividade$social$humana.$$$$$$$$$$$
$$
Para$ Rodrigues$ (2007),$ qualitativa$ é$ a$ pesquisa$ que$ predominantemente$ pondera,$ sopesa,$
analisa$ e$ interpreta$ dados$ relativos$ à$ natureza$ dos$ fenômenos.$ A$ pesquisa$ qualitativa$ é$ a$
denominação$dada$à$pesquisa$que$se$vale$da$razão$discursiva.$$
%
3.3%Tipologia%da%Pesquisa%
Neste$ estudo$ considerou>se$ o$ critério$ de$ classificação$ de$ pesquisa$ proposto$ por$ Vergara$
(2009),$que$a$qualifica$em$relação$em$dois$aspectos:$quantos$a$fins$e$quanto$aos$meios.$$
Quanto$ aos$ fins,$ a$ pesquisa$ é$ descritiva$ e$ exploratória,$ uma$ vez$ que$ pretende$ expor$ as$
características$ de$ determinada$ população$ e$ de$ determinado$ fenômeno,$ e$ pode$ também$ estabelecer$
correlações$ entre$ as$ variáveis$ e$ definir$ sua$ natureza,$ não$ tendo$ o$ compromisso$ de$ explicar$ os$
fenômenos.$
$
Quanto$ aos$ meios,$ trata>se$ de$ uma$ pesquisa$ bibliográfica,$ documental$ e$ estudo$ de$ caso.$
Segundo$Vergara$(2009)$pesquisa$bibliográfica$é$o$estudo$sistematizado$desenvolvido$com$base$em$
material$ publicado$ em$ livros,$ revistas,$ jornais,$ internet,$ isto$ é,$ material$ acessível$ a$ todos.$ O$ material$
publicado$pode$ser$de$fonte$primária$ou$secundária.$$
O$estudo$de$caso$segundo$o$conceito$de$Roesche$(1999)$é$uma$estratégia$de$pesquisa$que$
busca$ examinar$ um$ fenômeno$ contemporâneo$ dentro$ de$ seu$ contexto.$ A$ estratégica$ do$ estudo$ de$
caso,$em$suas$palavras,$começa$com$a$lógica$do$planejamento.$
%
3.4%Coleta%de%dados%%
$ $ A$ fase$ inicial$ de$ coleta$ de$ dados$ da$ pesquisa$ começa$ durante$ a$ revisão$ da$ literatura.$ Isso$
acontece$ tendo$ em$ vista$ a$ necessidade$ de$ se$ buscar$ desenvolver$ o$ tema$ conciliando$ aspectos$
teóricos$ e$ práticos,$ visando$ tomar$ o$ estudo$ e$ as$ diretrizes$ propostas$ mais$ condizentes$ com$ a$
realidade$ organizacional$ tanto$ no$ plano$ teórico$ como$ no$ plano$ pratico.$ A$ coleta$ de$ dados$ está$
relacionada$com$o$problema$da$pesquisa,$a$hipótese$ou$pressuposto$para$que$os$objetivos$proposto$
na$pesquisa$possam$ser$alcançados.$
$ $ Para$ a$ efetivação$ do$ estudo$ foi$ elaborado$ um$ questionário$ estruturado$ contendo$ perguntas$
fechadas$e$de$múltipla$escolha$na$qual$responderiam$os$participantes$do$Conselho,$constituído$pelo$
Presidente,$ Vice>presidente,$ Conselho$ de$ pais,$ Secretários,$ Tesoureiro,$ Conselho$ fiscal,$ o$ gestor$
social$e$um$funcionário$totalizando$dez$componentes.$
$ $ $
%%
4%ANÁLISE%DOS%RESULTADOS%
$
A$análise$foi$realizada$a$partir$da$coletânea$dos$resultados$obtidos$através$do$instrumento$de$
coleta$ de$ dados$ no$ qual$ tinha$ como$ objetivo$ abordar,$ através$ de$ um$ confronto$ de$ significados,$ a$
importância$do$empreendedor$ social,$e$seu$papel$como$gestor,$fiscalizador,$cumpridor,$analisador$e$
prestador$de$contas.$$
%
Desde$modo$foi%constatado$que$oito$membros$que$pertencem$ao$Conselho$têm$mandato$de$
dois$anos$no$cargo,$ou$seja,$são$eleitos$conforme$cláusula$contratual,$o$Gestor$ocupa$o$cargo$desde$
a$fundação,$e$o$funcionário$da$ONG$está$neste$posto$também$desde$sua$fundação$com$mandato$de$
tempo$indeterminado.$$
Quanto$à$importância$que$os$conselheiros$dão$ao$pleitear$um$cargo$eletivo$na$organização,$
foi$unânime$a$resposta$na$confiança$que$depositam$na$ONG,$como$ao$ocuparem$um$cargo$tornam>
se$fiscais$da$mesma$e,$pelo$espírito$de$ajudar$a$construir$uma$comunidade$melhor.$É$o$apresenta$a$
tabela$1,$a$seguir:$
!
11!
TABELA%1:%Importância$de$ocupar$um$cargo$na$ONG%
OPÇÕES%DE%RESPOSTA%
QUANTIDADE%
CORRESPONDÊNCIA%(%)%
Confiança$na$instituição$$
10$
100,00$
Fiscalizar$a$instituição$$
10$
100,00$
Participar$de$eventos$sociais$$
01$
10,00$
Contribuir$como$voluntário$$
06$
60,00$
Construção$da$comunidade$
10$
10,00$
TOTAL%%
?%
?%
%
Fonte:%Dados$da$pesquisa$dos$autores$(2014)$
$
Observa>se$que$a$confiança$depositada$no$gestor,$que$ocupa$o$cargo$de$presidente$desde$a$
sua$fundação,$é$um$fator$até$certo$ponto$questionável,$haja$vista$a$necessidade$de$novos$membros$
da$ Associação$ também$ ocuparem$ tal$ cargo,$ criando$ assim,$ um$ espírito$ de$ negociação,$ inovação,$
aparecimento$de$novos$propósitos$e$pensamentos.$Entretanto,$tal$feito$só$pode$ser$realizado$através$
de$eleição,$e$desta$feita,$não$aprecem$novos$candidatos.$$
$
Outra$pergunta$realizada$foi$referindo>se$a$captação$de$recursos$no$âmbito$federal,$estadual$
e$municipal,$ao$que$responderam$conforme$exposto$na$Tabela$2,$a$diante.$
$
TABELA%2:%Captação$de$recursos$pela$ONG%
OPÇÕES%DE%RESPOSTA%
QUANTIDADE%
CORRESPONDÊNCIA%(%)%
Participação$em$editais$federais$
10$
100,00$
Participações$em$editais$estaduais$$
10$
100,00$
Participações$em$editais$municipais$
10$
100,00$
Doações$de$pessoas$físicas$
9$
90,00$
Doações$de$pessoas$jurídicas$
10$
100,00$
Outros$$
>$
>$
TOTAL%%
?%
?%
Fonte:%Dados$da$pesquisa$dos$autores$(2014)$
$
$
Desta$feita$percebe>se$que$a$instituição$procura$arrecadar$recursos$para$realização$de$seus$
projetos$ através$ de$ verbas$ disponibilizadas$ em$ editais$ federais,$ estaduais$ e$ municipais,$ todos$ os$
editais$ destinados$ à$ essas$ entidades$ a$ ONG$ em$ estudo$ procura$ manter>se$ informada$ e$ participa,$
pois$ é$ a$ melhor$ forma$ e$ garantia$ de$ obtenção$ de$ recursos$ para$ dar$ continuidade$ a$ sua$
programação.$ Ainda$ de$ acordo$ com$ a$ Tabela$ 2,$ pode>se$ observar$ que$ a$ mesma$ ainda$ obtém$
recursos$de$organizações$privadas$e$doações$de$pessoas$físicas.$
Segundo$ Armani$ (2001),$ a$ busca$ de$ recurso$ financeiro$ é$ uma$ das$ soluções$ para$ a$
sustentabilidade,$ pois$ a$ reconfiguração$ da$ cooperação$ internacional$ e$ as$ novas$ oportunidades$ de$
captação$de$recursos$nacionais$públicos$e$privado$têm$desafiado$as$organizações$sociais$brasileiras$
a$um$crescente$processo$de$nacionalização$e$profissionalização.$
$
Diante$ deste$ contexto,$ Yoffe$ (2004)$ reforça$ que$ a$ diversificação$ dos$ recursos$ financeiros,$
por$ meio$ da$ busca$ de$ diferentes$ fontes,$ necessariamente$ implica$ uma$ interação$ ativa$ de$ diversas$
categorias$de$atores$como$o$Estado,$os$cidadãos,$as$empresas$entre$outros.$
$
Ao$ perguntar>se$ sobre$ a$ elaboração$ dos$ projetos$ destacando>se$ as$ reais$ necessidades$ da$
comunidade,$a$Tabela$3,$destacou$o$seguinte$resultado:$
$
TABELA%4:%Elaboração$e$informação$dos$projetos$realizados$pela$ONG%
ELABORAÇÃO%DOS%PROJETOS%
Discriminação$
Quant.$
%$
Gestor$social$
10$
100,00$
Equipe$técnica$
>$
$
Consultor$externo$
>$
$
Associados$
>$
$
Outros$
>$
$
TOTAL%
10%
100,00%
Fonte:%Dados$da$pesquisa$dos$autores$(2014)$
$
$
!
COMUNICAÇÃO%DOS%PROJETOS%
Discriminação$$
Através$de$palestras$
Através$de$reuniões$
Secretaria$da$ONG$
Outros$
$
%
Quant.$
5$
5$
>$
>$
$
10%
%$
50,00$
50,00$
$
$
$
100,00%
12!
$
De$acordo$com$o$exposto$percebe>se$que$os$projetos$são$elaborados$em$sua$totalidade$pelo$
gestor$ social,$ enquanto$ que$ a$ informação$ aos$ mesmos$ é$ feita$ através$ das$ palestras$ e$ reuniões$
realizadas$ na$ própria$ instituição.$ Percebe>se$ também$ que$ há$ uma$ contradição$ do$ que$ os$ autores$
relatam$sobre$a$gestão$participativa,$na$instituição$as$decisões$finais$são$apenas$da$gestora$e$não$
compartilhada$com$os$demais$participantes.$
$
$Outro$questionamento$foi$quanto$aos$participantes$dos$eventos,$cursos$e$capacitações$que$
são$realizadas$na$sede$da$Associação.$Ao$que$obteve>se$as$respostas$colocadas$na$Tabela$5.$
$
$$$TABELA%5:%Participação$nas$atividades$da$ONG%
PARTICIPAÇÃO%NOS%PROJETOS%
QUANTIDADE%
Através$de$inscrições$nas$oficinas$
5$
Prova$na$secretaria$$
>$
Oferta$de$vagas$$
5$
TOTAL%%
10%
%%%Fonte:%Dados$da$pesquisa$dos$autores$(2014)$
%
$
%%
50,00$
>$
50,00$
100,00%
Observa>se$ que,$ quanto$ à$ participação$ dos$ moradores$ da$ comunidade$ nas$ atividades,$ que$
50%$ da$ participação$ dos$ associados$ são$ realizadas$ de$ acordo$ com$ inscrições$ na$ secretaria$ da$
instituição$ nas$ quais$ os$ indivíduos$ mostram>se$ interessados$ e$ os$ demais$ conforme$ a$ oferta$ de$
vagas.$Referidos$cursos$e$suas$informações$como$horários$e$número$de$vagas$são$informados$na$
secretaria$da$Associação,$através$de$cartazes$nos$flanelógrafos$e$quadros$informativos.$$
%
Ao$indagar>se$sobre$a$prestação$de$contas,$o$Quadro$4$descreve$o$resultado$apurado.$
$
QUADRO%4:%Prestação$de$contas$das$atividades$
PRESTAÇÃO%DE%CONTAS%
MANEIRA%DE%PRESTAR%CONTAS%
Mensal$com$copias$autenticadas$ Existe$a$prestação$de$contas$realizada$mensalmente$perante$
os$Associados$e$as$Instituições$na$qual$são$conveniadas.$
Apresentação$ de$ certidões$ Existe$ a$ obrigatoriedade$ da$ apresentação$ de$ certidões$
negativas$
negativas$ dos$ documentos$ da$ ONG,$ avaliada$ pelo$ contador$
e$rubricadas$pelo$presidente.$
Documento$
da$
própria$ Os$ documentos$ da$ prestação$ de$ contas$ são$ efetuados$ de$
Associação$$
acordo$com$os$órgãos$nos$quais$foram$conveniados.$
Não$existe$prestação$de$contas$
Não$se$aplica,$pois$todas$as$prestações$são$realizadas.$
Fonte:%Dados$da$pesquisa$dos$autores$(2014)$
$
$
Percebe>se$ que$ a$ Associação$ é$ bastante$ criteriosa$ quanto$ à$ prestação$ de$ contas,$ pois$ a$
mesma$preocupa>se,$além$de$encaminhar$os$documentos$mensais$às$instituições$na$qual$mantém$
convênios,$apresenta$ainda$aos$demais$associados$e$interessados$que$participam$da$mesma.$$
Quanto$ à$ responsabilidade$ pela$ prestação$ de$ contas$ dos$ convênios,$ percebe>se$ que$ os$
representantes$legais$são$os$mais$responsáveis,$cabendo$também$ser$verificada$pelo$gestor$social$e$
o$contador,$conforme$apresenta$a$Tabela$6:$
$
$$$
$$$TABELA%6:%Responsabilidade$pela$prestação$de$contas%
RESPONSABILIDADE%
Discriminação$$
Quant.$
%$
Representantes$legais$
8$
80,00$
Técnicos$da$equipe$
>$
>$
Gestor$social$
1$
10,00$
Contador$$
1$
10,00$
%
10%
100,00%
%%%
%%%Fonte:%Dados$da$pesquisa$dos$autores$(2014)$
$
%
Ainda$de$acordo$com$a$pesquisa$pode>se$constatar$que$quanto$ao$prazo$para$prestação$de$
contas$não$existe$um$limite$certo$fixado$para$todos,$ou$seja,$varia$de$acordo$com$o$convênio$ou$com$
o$órgão.$
$
Outra$ informação$ levantada$ foi$ que$ existe$ transparência$ na$ prestação$ e$ devido$ à$ correta$
atuação$ dos$ responsáveis$ pela$ mesma.$ Cabe>se,$ portanto,$ ressaltar$ que$ a$ ONG$ nunca$ foi$
penalizada$ devido$ atrasos$ ou$ erros$ no$ preenchimento$ dos$ formulários$ mensais,$ pois$ o$ assunto$ é$
!
13!
abordado$ nas$ reuniões,$ sempre$ lembrando$ da$ importância,$ presteza$ e$ responsabilidade$ neste$
assunto.$
Desta$ feita,$ cita>se$ Drucker$ (2002)$ quando$ ressalta$ que$ eficácia$ é$ a$ capacidade$ da$
organização$de$determinar$e$atingir$objetivos$apropriados$para$si$podendo>se$entender$também$que$
uma$ gestão$ efetiva$ representa$ a$ capacidade$ de$ coordenar$ constantemente,$ no$ tempo,$ esforço$ e$
energias,$com$vistas$ao$alcance$dos$resultados$e$a$manutenção$da$organização$do$ambiente.$
%
Finalmente,$ pode>se$ perceber$ que$ existe$ e$ a$ comunidade$ acredita$ que$ está$ havendo$ uma$
mudança$na$consciência$dos$moradores$que$usufruem$dos$benefícios$patrocinados$pela$ONG,$fato$
que$também$é$compreendido$pelos$conselheiros$e$demais$integrantes$da$entidade.$
%
CONSIDERAÇÕES%FINAIS$$
Conhecer$ os$ fatos$ que$ ocasionaram$ a$ evolução$ do$ empreendedorismo$ social$ atualmente,$
tanto$no$Brasil$como$no$Ceará,$permitiu$uma$maior$compreensão$da$natureza$da$gestão$social$que$
hoje$se$faz$necessária$nas$organizações$do$Terceiro$Setor.$Tomando$por$base$teórica$os$principais$
autores$ especialistas$ no$ assunto$ e$ citados$ nesse$ trabalho$ engrandeceu$ e$ subsidiou$ informações$
importantes$para$esta$pesquisa,$que$elencou$uma$gestão$que$prioriza$a$ação$alinhada$dos$objetivos$
globais$das$organizações,$propondo$uma$reflexão$sobre$os$desafios$enfrentados$nos$dias$atuais$na$
busca$ de$ uma$ realidade$ almejada,$ que$ é$ estar$ em$ conformidade$ com$ as$ práticas$ da$ ética$ e$
responsabilidade$social.!!
As$ questões$ centrais$ que$ deram$ origem$ a$ esse$ estudo$ tiveram$ como$ objetivo$ principal$
analisar$ e$ compreender$ o$ empreendedorismo$ e$ a$ gestão$ social$ no$ Terceiro$ Setor$ dentro$ de$ uma$
perspectiva$ mais$ ampla$ da$ organização.$ Após,$ buscou>se$ entender$ como$ a$ ONG$ em$ estudo$ é$
gerenciada.$$
$
Percebe>se$ que$ sua$ estrutura$ organizacional$ é$ constituída$ por$ uma$ Assembléia$ Geral,$ no$
entanto$é$administrada$por$um$gestor$social.$Na$qual$o$papel$da$Assembléia$Geral$constituída$pelos$
membros$do$conselho$na$organização$em$estudo$é$apenas$no$intuito$de$fiscalizar$e$contribuir$como$
voluntariado.$Por$esse$motivo,$procurou>se,$por$meio$da$metodologia$aplicada$para$a$realização$da$
pesquisa$e$utilizando>se$como$instrumento$de$coleta$o$questionário,$responder$à$seguinte$questão:$
Como$ uma$ Organização$ sem$ fins$ lucrativos$ gerencia$ a$ captação$ de$ recursos$ para$ garantir$ a$ sua$
efetividade$na$gestão?$$
$
Diante$do$analise$dos$resultados$Conclui>se$que$a$Instituição$estudada$capta$recursos$para$
se$manter$ativa,$através$editais$do$governo$federal,$estadual$e$municipal,$ainda$obtém$recursos$de$
organizações$privadas$e$doações$de$pessoas$físicas.$Os$projetos$são$elaborados$em$sua$totalidade$
pelo$gestor$social,$enquanto$que$a$informação$dos$mesmos$é$feita$através$das$palestras$e$reuniões$
realizadas$na$própria$instituição.$$
$
Com$ relação$ à$ prestação$ de$ contas$ fator$ essencial$ nas$ ONG’s,$ a$ Instituição$ em$ estudo$ é$
bastante$ criteriosa,$ pois$ preocupa>se,$ além$ de$ encaminhar$ os$ documentos$ mensais$ às$ instituições$
na$qual$mantém$convênios,$apresenta$ainda$aos$demais$associados$e$interessados$que$participam$
da$ mesma.$ A$ prestação$ de$ contas$ da$ instituição$ é$ de$ responsabilidade$ do$ gestor$ social,$ sendo$
verificado$pelo$contador$e$pelos$representantes$legais,$ou$seja,$membros$do$conselho.$Constatou>se$
que$ a$ instituição$ diante$ dos$ desafios$ da$ gestão$ tem$ sido$ transparente$ em$ suas$ prestações$ de$
contas,$onde$as$mesmas$têm$prazos$estabelecidos$a$serem$realizadas.$
$$$
O$remate$que$se$pode$extrair$da$pesquisa$realizada,$é$que$a$instituição$em$estudo$através$
dos$recursos$captados$consegue$manter$sua$efetividade$de$gestão$promovendo$mudanças$sociais$
na$ comunidade$ que$ está$ inserida.$ As$ ONG’s$ de$ um$ modo$ geral$ têm$ sido$ a$ solução$ de$ muitos$
problemas$ dentro$ do$ cenário$ atual$ de$ desigualdades$ sociais.$ Essas$ instituições$ têm$ papel$
fundamental,$ a$ inclusão$ social$ das$ pessoas$ carente$ o$ âmbito$ da$ sociedade,$ papel$ de$
responsabilidade$do$governo,$que$deixa$de$lado$ou$as$transfere.$$
Percebe>se$ também$ que$ há$ uma$ contradição$ do$ que$ os$ autores$ relatam$ sobre$ a$ gestão$
participativa,$ pois$ a$ instituição$ apesar$ de$ manter$ suas$ atividades$ e$ demonstrar$ uma$ relação$
participativa,$não$é$notável$com$a$realidade,$onde$tudo$deve$ser$bem$claro$e$compartilhado,$todas$
as$ pessoas$ precisam$ ficar$ informadas,$ mas,$ as$ principais$ decisões$ são$ tomadas$ apenas$ pela$
gestora$ e$ não$ compartilhada$ com$ os$ demais$ participantes.$ Essas$ decisões$ são$ acatadas$ e$ não$ se$
percebe$um$questionamento$por$parte$dos$participantes.$
$
O$ estudo$ remete$ alguns$ questionamentos$ sobre$ se$ os$ projetos$ sociais$ ajudam$ a$ tirar$ da$
miséria$ pessoas$ sem$ perspectivas$ de$ vida,$ no$ entanto$ também,$ pois$ ao$ mesmo$ tempo$ em$ que$ é$
notável$ o$ crescimento$ de$ criança$ e$ adolescente$ na$ criminalidade.$ Então$ se$ pergunta:$ será$ que$
ajudar$demais$faz$bem?$Quando$as$coisas$são$mais$fáceis$as$pessoas$dão$valor?$Se$antes$não$se$
tinha$ tanto$ incentivo$ à$ criminalidade$ era$ menor,$ porque$ que$ hoje$ com$ tanta$ ação$ social$ esses$
!
14!
problemas$ aumentaram?$ Não$ cabe,$ portanto,$ responder$ tais$ perguntas,$ pois$ fogem$ do$ objetivo$ ao$
qual$tal$pesquisa$se$propôs.$Entretanto,$servirá$como$sugestão$para$novos$estudos.$
Reconhece>se$ aqui$ que$ este$ estudo$ não$ esgota$ a$ realidade$ investigada.$ Por$ isso$ mesmo,$
abre$prerrogativas$para$futuros$estudos$sobre$o$assunto,$recomenda>se,$portanto,$outras$pesquisas$
mais$amplas$com$outras$instituições$de$portes$maiores.$
$
Sugere>se$para$futuras$pesquisas,$que$se$busque$analisar$as$características$organizacionais$
de$ ONG’s$ ao$ longo$ do$ tempo$ como$ forma$ de$ melhor$ identificar$ as$ estruturas$ organizacionais$
predominantes.$
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