Reflexões de Um Estudante Rosicrucista Christian Rosenkreuz

Transcrição

Reflexões de Um Estudante Rosicrucista Christian Rosenkreuz
ANTÓNIO MONTEIRO
Reflexões de Um Estudante Rosicrucista
Volume II
Christian Rosenkreuz
UM ESTUDO BIOGRÁFICO
Fraternidade Rosacruz Max Heindel
“Reflexões de um Estudante Rosicrucista”
Por António Monteiro
Volume I - Síntese do Conceito Rosacruz do Cosmos
Volume II - Christian Rosenkreuz – Estudo biográfico
Volume III - A Ressurreição de Lázaro
Volume IV - O Nome Germelshausen
Volume V - A Tábua de Esmeralda
Volume VI - Os Versos de Ouro de Pitágoras
Volume VII - Os Mistérios, Um Poema Inacabado de Goethe
Volume VIII - O Evangelho Secreto de Marcos
Volume IX - Evangelho de Judas
Volume X - O Evangelho de Tomé
Volume XI - Maria Madalena e o Santo Graal
Volume XII – As Imagens de Jesus
Volume XIII – Interpretação do Fausto , de Goethe
2
Apresentação
António José de Carvalho Monteiro, nascido em Lisboa em 4 de
Março de 1934, é Estudante Rosicrucista , associado à The Rosicrucian
Fellowship, desde 1977. É autor de diversos artigos e ensaios divulgados
no âmbito do Centro Rosacruz Max Heindel, em Portugal1, alguns dos
quais se encontram disponíveis em sua página dedicada ao idealismo
rosacruz: < http://pwp.netcabo.pt/AJCMONTEIRO/ >, e das seguintes
obras publicadas:
•
•
A Ordem Rosacruz, Publicações Europa-América, Ldª, Mem Martins,
1981
O Que é Fátima?, Hugin Editores, Lisboa, 2000
O estudo de diversas correntes ocultistas as quais o autor se
dedicou desde uma longínqua juventude levaram-no à conclusão de que a
mais lógica, abrangente e elucidativa é a Filosofia Rosacruz, na qual se
insere um conjunto de conhecimentos espiritualistas que, entre 1909 e
1919, foram dados a conhecer por Max Heindel através de uma notável
bibliografia em que se destaca a obra básica The Rosicrucian CosmoConception (Conceito Rosacruz do Cosmos).
Mas os ensinamentos de Max Heindel não se limitam a transmitirnos conhecimentos ocultistas – incentivam-nos a desenvolver as nossas
potencialidades espirituais e intelectuais, uma das quais é a intuição
metafísica que nos permite fazer a nossa própria interpretação de alguns
passos ocultistas menos desenvolvidos ou até omissos; se o fazemos da
forma correcta, ou não, um dia veremos!
O autor considera A Filosofia Rosacruz uma corrente de
pensamento ocidentalista e cristão que visa a evolução espiritual do ser
humano através do desenvolvimento harmonioso da via ocultista e da via
mística.
É nesta ordem de ideias que a presente série “Reflexões de um
Estudante Rosicrucista” se insere, contendo um conjunto de artigos de
sua
responsabilidade onde analisa, em termos eminentemente
especulativos, determinados assuntos, tendo em vista uma conclusão
1
CENTRO ROSACRUZ MAX HEINDEL : Apartado 46, 2396-909 Minde, Portugal .
Email: crmheindel@sap o.pt Web site: http://centro-rosacruz.com
3
interpretativa tão lógica quanto possível, já que, como diz Max Heindel, “a
lógica é o melhor mestre em qualquer mundo”.
Para além destes exercícios espiritualistas o autor, cuja obra o
qualifica como um avançado Estudante Rosicrucista 2, apresenta alguns
textos meramente informativos, bem como um resumo do Conceito
Rosacruz do Cosmos aspirando
ajudar aqueles que começam a
interessar-se por estes assuntos, razão pela qual sugere que seja o
primeiro texto da série a ser lido.
O segundo volume desta série é dedicado à uma profunda pesquisa
sobre o fundador da Ordem Rosacruz, a Escola de Mistérios do Ocidente.
2
ALGUNS TERMOS ROSICRUCISTAS
ROSA CRUZ
1.
S. 2 gen. Composto simbolizante em que Rosa representa o espírito e Cruz o corpo físico. A
composição significa que o espírito se encontra livre da necessidade de renascer num corpo físico e
pode prosseguir que impôs a si próprio. O Rosacruz é aquele que atingiu a quarta iniciação maior
mas permanece no mundo físico integrado na Ordem Rosacruz. O m. q. Irmão Maior.
2. Adj. Relativo à Ordem Rosacruz.
O m. q. Rosa-Cruz, símbolo gráfico da ligação do espírito com o corpo físico
ROSICRUCISMO
S. masc. Sistema filosófico e esotericista, de índole cristã e ocidentalista, que visa a evolução espiritual
do ser humano através da harmonização da via ocultista e da via mística. O m. q . Filosofia Rosacruz.
Preferível ao anglicismo Rosacrucianismo.
(Do lat. rosa, rosæ + crux, crucis)
ROSICRUCISTA
1. S. 2 gen. Aquele ou aquela que atingiu qualquer iniciação menor na Escola de Mistérios Rosacruz.
O m. q. Irmão Leigo.
2. Adj. Relativo ao Rosicrucismo.
Preferível ao anglicismo Rosacruciano.
(Do lat. rosa, rosæ + crux, crucis)
ESTUDANTE ROSICRUCISTA
S. 2 gen. Aquele ou aquela que estuda o Rosicrucismo mas não é iniciado na Escola de Mistérios
Rosacruz. O m. q. estudante regular, probacionista ou discípulo.a sua evolução nos mundos superiores.
O Rosa Cruz é aquele que, tendo atingido a quarta iniciação maior, passou para um mundo superior a
fim de evoluir em condições diferentes das terrenas.
ROSACRUZ
S. 2 gen. Composto simbolizante por justaposição, em que Rosa representa o espírito e Cruz o corpo
físico. A justaposição significa que o espírito se encontra livre da necessidade de renas cer num corpo
físico, mas permanece ligado a este mundo a fim de cumprir uma missão espiritualista
4
Introdução
Há três perguntas que desde sempre têm perseguido o ser humano:
quem somos? de onde viemos? para onde vamos? Se a esmagadora
maioria desconhece as respostas, houve sempre quem as conhecesse e as
transmitisse àqueles que, para tal, estavam preparados física, moral,
intelectual e espiritualmente, enfim, que tenham evoluído o suficiente
para usarem os poderes associados a esse conhecimento para fins
exclusivamente humanitários. Assim se foram formando, um pouco por
toda a parte, escolas de mistérios sob a égide de grandes seres que
transmitiam determinados conhecimentos a indivíduos cuidadosamente
escolhidos, enquanto que às massas ofereciam o culto das forças da
Natureza, personificadas em deuses, espíritos, duendes, demónios; eram
as chamadas religiões pagãs que foram parcialmente absorvidas pelas
religiões de raça.
Algumas escolas ficaram famosas, como Elêusis, na Grécia, Ísis, no
Egipto, Mitra, na Pérsia e no Império Romano, através das quais os
aspirantes iam progredindo por sucessivas iniciações. Com a vinda do
Cristo, estas escolas foram desaparecendo e dando lugar a outras com
diferentes metodologias iniciáticas ditadas pelas alterações que, a nível
dos mundos espirituais, este Ser introduziu na Terra, conforme vimos;
por outro lado, enquanto as escolas pré-cristãs privilegiavam a evolução
do povo, ou da raça, em que estavam inseridas, as actuais visam a
evolução espiritual de toda a humanidade, muito embora se diferenciem
consoante a especificidade dos povos para que estão mais vocacionadas.
Há sete escolas de mistérios menores e cinco escolas de mistérios
maiores, formando os seus chefes a chamada Grande Loja Branca. A
Ordem Rosacruz é uma das sete escolas de mistérios menores e está
vocacionada para os povos ocidentais; é constituída por doze seres
detentores da mais elevada iniciação, que visam elevar espiritualmente o
ser humano através do desenvolvimento harmonioso da via ocultista e da
via mística; a sua acção é exercida nos planos espirituais e físico, sob a
orientação de um décimo terceiro, Christian Rosenkreuz, nome simbólico
de um elevado ser cuja preparação iniciática remonta à mais alta
antiguidade, e que no século XIII criou as bases da inicialmente chamada
Fraternidade, ou Irmandade, Rosacruz, e que no século XVII iria adoptar
a actual designação.
5
Sete Irmãos Maiores, como Max Heindel costuma designar os
Rosacruzes, vêm ao mundo material sempre que as circunstâncias o
requeiram, aparecendo como pessoas vulgares, exercendo profissões ou
actividades vulgares, nada havendo que os distinga dos outros homens a
não ser um comportamento exemplar e uma inteligência e cultura acima
do normal. Actuam nos seus corpos visíveis e invisíveis, mas nunca
influenciam quem quer que seja contra a sua vontade; limitam-se a
fortalecer o Bem onde o encontram. Os restantes cinco Irmãos nunca
abandonam o Templo da Rosa Cruz, uma construção etérica, invisível
portanto, que envolve uma casa senhorial situada na Boémia, a cerca de
100 quilómetros a oeste de Praga. Estes Irmãos, embora possuam corpos
físicos, executam o seu trabalho nos mundos espirituais.
Estes são os verdadeiros Rosacruzes, que nunca revelam a sua
condição a quem quer que seja, e que orientam diversos homens e
mulheres cujas vidas são absolutamente normais, mas que já atingiram
diferentes iniciações; são os Irmãos Leigos.
A Ordem Rosacruz manteve -se secreta até 1614, ano em que, em
Cassel, na Alemanha, foi publicado um manifesto intitulado Fama
Fraternitatis - abreviatura já consagrada do extenso título original - que
despertou grande interesse nos meios filosóficos e esotericistas e um certo
receio nos religiosos; no ano seguinte foi publicado um outro, Confessio, e
em 1616, agora em Estrasburgo, um terceiro manifesto, um conto
alquímico, verdadeiro märchen, intitulado Núpcias Químicas de Christian
Rosenkreuz no ano de 1459. Os dois primeiros são anónimos, mas a sua
autoria é normalmente atribuída ao pastor luterano Johann Valentin
Andreæ (1586-1654) por ser o autor assumido das Núpcias Químicas. Em
1622, desta vez em Paris, dois cartazes afixados na Praça da Greve
anunciavam a estada visível e invisível dos delegados do Colégio Principal
dos Irmãos da Rosacruz, prometendo maravilhas àqueles que quisessem
inscrever-se nos registos da Confraternidade e cujos pensamentos, que os
delegados garantiam conhecer de antemão, fossem puros e elevados.
Depois desta apresentação pública, a Ordem Rosacruz remeteu-se,
novamente, ao silêncio, mas a sua presença e actividade fez-se sentir
através de diversas personalidades que, embora ocultando a sua
condição, se revelaram verdadeiros Rosacruzes: é o caso de Francis Bacon
(1561-1626 ?), Jacob Boehme (1575-1624), o Conde de Saint Germain
(1687 ? - 1784 ?), "o homem que tudo sabe e que nunca morre", no dizer de
Voltaire, Goethe (1749-1832), e outros, como fora já o do famoso
Paracelsus (1493-1541).
Por outro lado, há Irmãos Leigos que têm sido escolhidos pelos
Irmãos Maiores para difundirem determinados ensinamentos. Está neste
caso Max Heindel (1865-1919), um dinamarquês que emigrou para os
6
EUA no final do século XIX e que, cinco ou seis anos depois, entrou para
a Sociedade Teosófica. Em 1907, com o apoio económico de uma grande
amiga, também teosofista, foi à Alemanha para assistir às conferências de
Rudolf Steiner, outro teosofista e iniciado rosacruciano. Durante cerca de
meio ano, Max Heindel assistiu às suas conferências, estudou todos os
textos que Steiner lhe facultou, e foi por este introduzido numa secção
secreta da Escola Esotérica de Teosofia. Ainda na Alemanha, Max Heindel
foi iniciado por um Irmão Maior que o incumbiu de difundir tudo o que
havia aprendido pelo mundo anglófono.3
3
Nota do editor:
De novembro de 1907 a Março de 1908, Max Heindel dedicou seu tempo a
investigação dos ensinamentos do Dr. Rudolf Steiner, viajando para a Alemanha a convite de sua
amiga , a Dra. Alma Von Brandis para assistir um ciclo de conferencias deste famoso escritor,
então responsável pela Seção Alemã da Sociedade Teosófica, e mais tarde fundador da
Sociedade Antroposófica. Na última das seis entrevistas pessoais com o Dr. Steiner, Max Heindel
mencionou que havia começado a escrever um livro no Campo das Ciências Ocultas; um
compêndio que sintetizava os ensinamentos orientais e ocidentais. Steiner então ponderou que
se algum dos ensinamentos por ele promulgados fosse utilizado , deveria mencioná-lo como a
autoridade e fonte da informação. Conseqüentemente Max Heindel concordou em dedicar tal
compendio, que nunca foi concluído e jamais publicado, ao Dr. Steiner. Posteriormente, o Irmão
Maior, que Max Heindel passou a chamar e reverenciar como Mestre, apareceu-lhe várias vezes
vestido em seu Corpo Vital e esclareceu-o em vários pontos. Em Abril e Maio de 1908 após ter
passado numa prova a qual fora submetido, em Março de 1908, sem saber que estava sendo
testado, Max Heindel foi convidado a viajar a um local onde se encontrava uma casa que,
abrigava o Templo Secreto da Rosa Cruz Lá ele encontrou o Irmão Maior em seu Corpo Denso;
lá ele recebeu os ensinamentos rosacruzes, sintetizados no Conceito Rosacruz do Cosmos,
reconhecido pelos maiores estudiosos das tradições esotéricas como um clássico da literatura
ocultista, que engloba sinteticamente as tradições esotéricas do passado e introduz assuntos
jamais abordados publicamente. O Mestre contou-lhe ainda que um candidato previamente
escolhido, que estivera sob as Suas instruções por vários anos, falhara ao ser posto em certa
prova em 1905 (tal afirmação de Max Heindel sugere que o candidato anterior que suspeitamos
ter sido Rudolf Steiner não traduzira os Ensinamentos numa linguagem inteligível a todas as
mentalidades conforme desejavam os Irmãos Maiores); também que Max Heindel esteve sob a
observação dos Irmãos Maiores por certo número de anos, sendo considerado como o candidato
mais apto, caso o primeiro falhasse. Em acréscimo foi ainda informado que os ensinamentos
deveriam ser dados ao público antes do término da primeira década do século XX. Apesar, do
manuscrito inacabado do livro mencionado ao Dr. Steiner ter sido destruído, as últimas e mais
completas revelações dos Irmãos Maiores confirmavam os ensinamentos do Dr. Steiner em suas
linhas principais . Pareceu -lhe conveniente dedicar o “Conceito Rosacruz do Cosmos” ao Dr.
Rudolf Steiner para não ser acusado de plagiador. Teria sido um dano menor ter assumido este
risco do que conferir a autoridade dos ensinamentos ao Dr. Rudolf Steiner. Tal dedicatória foi
portanto um erro, que levou muitas pessoas a inferir que se tratava de uma síntese autorizada
dos ensinamentos do Dr. Steiner, que seria o responsável pelas afirmações nele contidas . Tal
inferência parecia antiética ao Dr. Steiner. Um exame das páginas 8 e 9, do Conceito Rosacruz
do Cosmos, irá mostrar que Max Heindel jamais pretendeu provocar tal idéia, mas não faltaram
acusações de oportunismo em desejar provocar o sucesso editorial da obra associando seu nome
ao do famoso instrutor. Não vendo como transmitir a verdadeira idéia em uma sentença
dedicatória, então resolveu retirá-la , com um pedido de desculpas ao Dr. Steiner por algum
aborrecimento que possa ter sido causado pelas conclusões apressadas que associaram seu
nome como responsável pelas afirmações contidas no “Conceito Rosacruz do Cosmos”.
7
Regressado aos EUA, Max Heindel abandonou a Sociedade
Teosófica e escreveu o Conceito Rosacruz do Cosmos, publicado em 1909,
que conheceu, de imediato, um enorme sucesso. Foi o primeiro passo
para difundir esses ensinamentos; o seguinte foi a criação da
Fraternidade Rosacruz, uma organização material, física, cuja sede,
Mount Ecclesia, se situa em Oceanside, no sul da Califórnia, e que tem
sido um foco de difusão do Rosicrucismo através de outros livros que
Max Heindel escreveu, bem como das cartas e lições que enviou,
mensalmente, aos seus estudantes, e aos centros e grupos de estudos que
se foram criando.
Após a sua morte em 1919, a Fraternidade Rosacruz tem procurado
prosseguir o trabalho do seu fundador.
Por me parecer de interesse, incluo uma breve referência ao nosso
país. 4
Os primeiros sinais da presença no ainda Condado Portucalense da
corrente de pensamento que a partir do século XVII ficaria conhecida
como Rosacrucianismo, são as assinaturas do Conde D. Henrique (-1112),
D. Teresa (-1130) e Afonso Henriques (c.1108-1185), onde se evidenciam
uma cruz e uma rosa (cf. Eduardo Amarante/Rainer Daehnhardt,
Portugal: A Missão Que Falta Cumprir, vol. I, Porto, Edições Nova Acrópole,
1994, pp. 114-116).
Na presunção, para não dizer certeza, de que os Templários
estiveram na origem da Ordem Rosacruz, há que apontar a possibilidade
de um dos primeiros cavaleiros ter sido português; trata-se de um tal
Gondomar, ou Gondemar, que em 1118 estava em Jerusalém com
Hugues de Pays, Geoffroy de Saint-Omer e os restantes seis cavaleiros,
quando a Ordo Militum Templi foi oficialmente constituída.
O sinal seguinte data de 1129; trata-se da confirmação da doação
do Castelo de Soure aos “Soldados do Templo de Salomão”, onde D.
Afonso Henriques exprime o “... cordial amor que vos tenho, em vossa
irmandade e em todas vossas boas obras sou irmão”.
Nos princípios do século XIV temos duas datas fundamentais:
1312, ano da extinção formal da Ordem do Templo, e 1319, ano da
fundação da Ordem de Cristo por D. Dinis, um trovador e iniciado nos
4
O autor se refere à Portugal.
8
mistérios que mais tarde se denominariam Rosicrucistas, um “plantador
de naus a haver”, no dizer de Fernando Pessoa. Como se sabe, a epopeia
dos Descobrimentos ficou a dever-se à Ordem de Cristo, da qual o Infante
D. Henrique (1394-1460) foi seu grão-mestre ou, pelo menos,
administrador. Ora entre alguns estudiosos dos mistérios que envolvem a
Ordem do Templo há a convicção de que os Templários foram
experimentados navegadores que chegaram ao Novo Mundo muito antes
de Cristóvão Colombo (1492), o que explicaria a origem do seu fabuloso
tesouro em prata, provavelmente extraída das minas mexicanas. Assim,
teria sido dos Templários que o Infante herdou os conhecimentos náuticos
com que a sua escola preparou os nossos navegadores, quase todos
iniciados na Ordem de Cristo.
No Convento de Cristo, em Tomar, há dois sinais inequívocos do
Rosicrucismo: no piso inferior do chamado Claustro da Lavagem (1437 a
1449) e que seria, na verdade, a sala onde tinham lugar cerimónias
iniciáticas, as pedras angulares estão decoradas com uma rosa
sobreposta a uma cruz; na parte interior da janela da Casa do Capítulo, o
elemento decorativo é a alcachofra, uma flor cheia de simbolismo e que,
de certo modo, estabelece um traço de união entre os Templários e a rosa
dos Rosacruzes.
No século XVI é Camões a grande figura, se não do Rosicrucismo,
pelo menos do esoterismo em Portugal, conforme se depreende de uma
leitura atenta de Os Lusíadas e de alguns dos seus sonetos onde
sobressai, para além de uma grande cultura, um conhecimento profundo
da Astrologia e da simbólica da mitologia clássica. Sobre este assunto, e
para não me alongar demasiado, recomendo a leitura de uma série de
excelentes artigos escritos por Francisco Marques Rodrigues para a
revista Rosacruz, da Fraternidade Rosacruz de Portugal, e a
correspondente secção do meu livro A Ordem Rosacruz (Mem Martins,
Publicações Europa -América, 1981, pp. 105-115).
Nos três séculos seguintes não tenho conhecimento de figura
alguma que possa ser identificada, ou relacionada, com o
Rosacrucianismo.
Nos anos vinte do século passado, foi criado em Lisboa, por
iniciativa de Francisco de Medeiros, o Centro de Estudos Rosacrucianos, o
qual passou a ser dirigido por Francisco Marques Rodrigues desde
meados da década de quarenta até à sua morte em 1979; em 19 de Julho
de 1975, graças ao 25 de Abril, pôde ser legalizado com a designação
Fraternidade Rosacruz de Portugal.
Entretanto uma dissensão anterior tinha dado origem à criação do
Centro Rosacruciano de Lisboa que se manteve em funcionamento
9
durante alguns anos até que outra dissensão ditou o seu encerramento e
a formação, em 1984, do Centro Rosacruz Max Heindel, presentemente a
funcionar em Minde. De referir a existência de alguns estudantes que, por
razões diversas, nomeadamente a localização das suas residências, não se
encontram ligados a nenhum destas duas associações e prosseguem os
seus estudos directamente com Mount Ecclesia . 5
A título de curiosidade, esclareço que Fernando Pessoa (18881935), figura proeminente do esoterismo português do século XX, embora
conhecesse perfeitamente a Filosofia Rosacruz, nunca esteve vinculado ao
antigo Centro de Estudos Rosacrucianos.
Nota do Editor: O Centro de Estudos Rosacrucianos, criado por Francisco de Medeiros e desenvolvido e dirigido por
Francisco Marques Rodrigues, foi a matriz de duas associações vinculadas a The Rosicrucian Fellowship: A
Fraternidade Rosacruz de Portugal, sucessora deste Centro e o Centro Rosacruciano de Lisboa, extinto por uma
dissenção que provocou seu fechamento e a emergência de um novo Centro credenciado pela The Rosicrucian
Fellowship : o Centro Rosacruz Max Heindel.
5
O Centro de Estudos Rosacrucianos foi legalizado em 19 de Julho de 1975 com a designação Fraternidade Rosacruz
de Portugal. Entretanto, antes de 25 de Abril de 1974 (Revolução dos Cravos), que tornou possível o reconhecimento e
a legalização do Rosacrucianismo em Portugal, alguns probacionistas e estudantes saíram do ainda Centro de Estudos
Rosacrucianos e criaram o Centro Rosacruciano de Lisboa, também reconhecido por Mount Ecclesia e legalizado
depois da Revolução dos Cravos. Porém, esta nova associação cedo enveredou por caminhos contrários ao espírito
Rosacruz dos seus estatutos passou a constar a obrigatoriedade do pagamento de quotas mensais por parte dos seus
membros, cujo valor mínimo era fixado pela assembleia geral; por outro lado, era permitida a frequência do Curso de
Astrologia logo após a resposta à 1ª lição do Curso Preliminar de Filosofia RC, quando o próprio Max Heindel várias
vezes frisara a necessidade do estudo da Astrologia ser iniciado somente depois de concluído esse curso.
Nestas condições, um grupo de probacionistas e estudantes abandonaram o Centro Rosacruciano de Lisboa e criaram
o Centro de Estudos Max Heindel, o qual, em 1984 iria ser reconhecido por Mount Ecclesia que na própria Charter lhe
atribuiu a actual designação de Centro Rosacruz Max Heindel.
Atualmente temos em Portugal dois Centro s credenciados, A Fraternidade Rosacruz de Portugal, fundado por
Francisco Marques Rodrigues e O Centro Rosacruz Max Heindel, ambos abnegadamente dedicados ao idealismo
rosacruz.
10
Christian Rosenkreuz
UM ESTUDO BIOGRÁFICO
Representação alegórica do Pai C.R.C. por JAKnapp
Pai C.R.C. ( Christian Rosenkreuz ou Cristão Rosa Cruz ) – considerado não apenas como uma
personalidade, mas também como a personificação de um sistema de filosofia espiritual a si
atribuido o seu estabelecimento – nenhum autentico retrato do Pai C.R.C. jamais foi encontrado.
Nesta representação alegórica de J.A. Knapp, especialmente elaborada para a obra “The Secret
Teachings of All Ages” ( Os Ensinamentos Secretos de todas as Eras ) de Manly Palmer Hall, o Grande
Livro da Rosa Cruz está fechado sobre a mesa, ao lado de uma ampulheta, representando que no
devido tempo tudo será revelado.
Manly P. Hall in The Secret Teachings of All Ages.
11
PREFÁCIO
Alegoria iniciática Rosacruz , Reinhard Ponty
Longos anos de estudo do Rosacrucianismo levaram-me à
conclusão de que, para um não iniciado como eu, é praticamente
impossível levantar a verdadeira e completa biografia do homem que
adoptou o nome simbólico de Christian Rosenkreuz e criou a Ordem da
Rosa Cruz, uma vez que muitos dos dados informativos constantes do
principal documento sobre a sua vida, ou são pura simbologia, ou não se
harmonizam com outros testemunhos dignos de crédito, chegando a
contradizerem-se. O documento a que me refiro é a Fama Fraternitatis,
título abreviado do primeiro dos três Manifestos Rosacruzes, publicado
em 1614 em Cassel, Alemanha, sendo os outros o Confessio, dado à
estampa na mesma cidade no ano seguinte, e as Núpcias Químicas,
publicado em Estrasburgo em 1616.6
6
Os títulos completos são os seguintes:
Fama - Allgemeine und General Reformation, der gantzen weiten Welt. Beneben der Fama Fraternitatis,
dess Löblichen Ordens des Rosenkreutzes, an alle gelehrte und Häupter Europæ geschrieben:
Auch einer kurtzen Responsion von des Hern Haselmeyer gestellet, welcher desswegen von
den Jesuitern ist gefänglich eingezogen, und auff eine Galleren geschmiedet: Itzo öffentlich in
Druck verfetiget, und allen trewen Hertzen comuniceret worden Gedrucht zu Cassel, durch
Wilhem Wessell, Anno MDCXIV ,
(Reforma geral e universal de todo o vasto mundo. Com a Fama da Fraternidade da mui
louvável ordem dos Rosacruzes, dirigida a todos os sábios e dirigentes da
Europa.
Tendo, também, uma curta resposta enviada pelo senhor Haselmeyer, por causa da qual foi
preso pelos Jesuítas e condenado às galés. Agora posta à discussão em letra de forma e
comunicada a todos os sinceros corações. Publicado em Cassel por Wilhem Wessel, 1614).
12
É com este fardo de dificuldades, mas com a ajuda de alguns
ocultistas ou místicos consagrados, nomeadamente Rudolf Steimer e Max
Heindel, e o recurso a uma intuição metafísica que me tem sido útil, que
me aventuro a propor – repito, propor - uma biografia desta enigmática
personalidade.
O COLÉGIO DOS DOZE SÁBIOS
Confessio - Secretoris Philosophiæ Consideratio brevis a Philipp a Gabella, Philosophiæ St conscripta,
et nunc primum una cum Confessione Fraternitatis R.C. in lucem edita Cassellis, Excudebat
Guillelmus Wessellius Illmi . Princ. Typographus. Anno post natum Christum MDCXV,
(Breves considerações da mais secreta filosofia escritas por Filipe de Gabela, estudante de
filosofia, agora divulgadas pela primeira vez com a Confissão da Fraternidade R.C.
Publicado em Cassel por Wilhem Wessel, tipógrafo do ilustríssimo príncipe, Ano após o
nascimento de Cristo 1615).
As Breves Considerações são um interessante texto rosicrucista, infelizmente muito pouco
divulgado.
Núpcias Químicas - Chymishe Hochzeit Christiani Rosencreutz. Anno 1459, Strasburg, 1616 (Lazarus
Zetzner),
(Núpcias químicas de Christian Rosenkreuz no Ano de 1459, Estrasburgo, 1916 (Lazarus
Zetzner).
Sobre as personagens citadas nos títulos dos dois primeiros manifestos apenas se sabe que Haselmeyer,
citado na Fama, disse ter visto no Tirol, em 1610, um exemplar manuscrito deste manifesto e que em 1613
havia outro em Praga.
Quanto à sua autoria, a Fama e o Confessio são anónimos mas normalmente atribuídos ao pastor luterano
alemão Johann Valentin Andreæ (1586-1654), autor das Núpcias Químicas. Curiosamente, Andreæ sempre
os referiu como ficção, ou comédia, e classificava o movimento Rosacruz como ludibrium, uma atitude na
qual os estudiosos vêm uma tentativa, algo infantil, de ocultar a sua ligação à Ordem dos Rosacruzes.
13
Segundo Rudolf Steineri7, nos princípios da segunda metade do
século XIII formou-se, algures na Europa, um grupo de doze altos
iniciados que reuniam toda a sabedora do passado e a ciência do seu
tempo, os quais ficaram conhecidos, em círculos muito restritos, como o
Colégio dos Doze Sábios8. Sete sábios eram reencarnações de santos
Rishis da antiga Índia e podiam reviver, intima e claramente, os sete raios
da antiga sabedoria da Atlântida e integrá-los em um só; quatro sábios
traziam consigo todos os conhecimentos ocultos que se obtiveram durante
as primeiras quatro épocas arianas, a Indiana, a Persa, a EgípciaCaldaica-Babilónica-Assírica e a Greco-Latina; o décimo segundo sábio
era um intelectual que assimilou toda a ciência positiva do seu tempo.
A missão destes Sábios era transmitir todos os seus
conhecimentos, ocultos e científicos, a um décimo terceiro elemento, o
qual, por seu turno, devia promover o lançamento de uma nova cultura
intelectual baseada na razão e que iria caracterizar a época que se seguia.
Esse décimo terceiro elemento era, não um sábio, mas um elevado Ego
cujas sucessivas encarnações foram marcadas pela mais fervorosa
piedade, devoção e humildade, que foi contemporâneo de Jesus e
conheceu o Mistério do Gólgota. Este Ego viria a ser conhecido pelo nome
simbólico de Christian Rosenkreuz.
Desconhece-se quando, onde e em que família nasceu9, mas sabese que mal veio ao mundo foi levado para o colégio de onde nunca mais
saiu; a sua vida, aliás curta, foi passada totalmente isolada do mundo
exterior e na companhia constante dos doze sábios que lhe iam
transmitindo todos os seus conhecimentos, ocultos ou não, e
influenciando-o espiritualmente, o que, por um lado, fortaleceu as suas
capacidades espirituais, mas, por outro, enfraqueceu a sua constituição
física, já de si muito débil, a tal ponto que deixou de se alimentar e entrou
num estado de extrema fraqueza.
Produziu-se, então, um fenómeno único nos processos iniciáticos
da Humanidade: o seu corpo físico tornou-se transparente, como se
estivesse cheio de luz, e o Ego saiu dos corpos mais densos que caíram
em profunda catalepsia durante alguns dias, o que, porém, não impediu
7
The Mission of Christian Rosenkreutz, Its Character and Purpose, passim.
Goethe faz alusão a este colégio no seu poema Die Geheimisse (Os Mistérios).
9
Será a este nascimento que Max Heindel se refere quando diz que “no século XIII, um elevado mestre
espiritual, tendo o nome simbólico de Christian Rosenkreuz (...) apareceu na Europa ...” (cf. The
Rosicrucian Cosmo -Conception p. 518).
8
14
que os doze sábios continuassem a transmitir, a intervalos regulares, a
sua sabedoria. Quando o Ego regressou, os corpos mais densos foram
como que dotados de uma alma nova e um espírito renovado, e
recuperaram as forças físicas.
Christian Rosenkreuz referiu as experiências por que tinha passado
nesse estado, uma das quais, relacionada com o Mistério do Gólgota, foi
semelhante à de Paulo na estrada de Damasco (Ac 9, 3-18), o que
possibilitou que as doze concepções religiosas do mundo se sintetizassem
numa só, que foi depois legada aos doze sábios a fim de a levarem o mais
longe possível; era o verdadeiro Cristianismo, bem diferente daquele que
vinha sendo praticado sob a égide da Igreja de Roma.
Pouco depois, ou seja, em meados da segunda metade do século
XIII, o jovem, com pouco mais de vinte anos, faleceu.
OS GERMELSHAUSEN
Em 1378
10
Christian Rosenkreuz voltou a encarnar.
Diz o senador belga Franz Wittmans em A New and Authentic
History of the Rosicrucians (1919), que um conceituado antiquário da
Batávia, chamado Roesgen von Floss, lhe tinha contado que Christian
Rosenkreuz nasceu na Turíngia e foi o último descendente dos Von
Roesgen Germelshausen11 , o que está de acordo com Maurice Magre
(1877-1941) que em Magicians, Seers and Mystic diz que Christian
Rosenkreuz foi o último descendente dessa velha família germânica que
brilhou no século XIII e cujo castelo se situava na floresta da Turíngia,
próximo da fronteira com o Hesse12 , ou, penso eu, onde fica hoje a
cidade de Germershausen 13. Nas proximidades havia um velho mosteiro
onde alguns dos monges perfilhavam, em cauteloso sigilo, os ideais
cátaros 14, um dos quais, um asceta cujo nome apenas se conhece pelas
10
In Confessio, in A Bíblia dos Rosa -Cruzes, p. 107.
11
In Os Rosa-Cruz, p. 39. Terá sido o último descendente directo, mas não o único, pois um primo, cujo
nome apenas se conhece pelas iniciais R.C. fez parte da segunda geração dos membros da Ordem da Rosa
Cruz, como será referido mais à frente.
12
Citado na Wikipedia, artº Rosicrucian.
13
Germershausen é uma pequena cidade da Turíngia (51º 34' N, 10º 17' E), situada a 86 quilómetros a
noroeste de Erfurt. A hipótese do castelo dos Germelshausen se ter situado aqui radica, mais do que na
flagrante semelhança dos dois nomes, no alinhamento telúrico referido na nota 40 infra.
14
Do grego ?a?a???, puro. Os cátaros eram cristãos que seguiam alguns conceitos gnosticistas e
maniqueistas que enformavam o Cristianismo Primitivo; defendiam a ideia de que o mundo fora criado por
15
iniciais P.a.l., vivia no castelo e era preceptor do pequeno Christian, cuja
inteligência o maravilhava.
O passado desta família, porém, em nada abonava a sua estirpe
aristocrata; eram cruéis, intratáveis, sempre em disputas com os vizinhos
e não se coibiam de assaltar viajantes desprevenidos que atravessavam as
frondosas florestas da região. Penso que os Germelshausen do século XIV
fossem um pouco diferentes: eram cristãos, mas, segundo a opinião local,
o seu Cristianismo estava mesclado com um paganismo que muito
provavelmente seria confundido com algumas práticas dos mistérios
germânicos em que eram iniciados: veneravam um ídolo de pedra já
gasta, de origem desconhecida, e teriam tido uma estátua da deusa grega
Atena no pátio do castelo, defronte da porta da capela15. Era inevitável
que esta espiritualidade pouco ortodoxa acabasse por atrair a atenção dos
escrupulosos fieis de Roma.
De facto, desde a sangrenta cruzada contra os Albigenses16 que a
Igreja estava empenhada no extermínio de todos os hereges do Sacro
Império Romano, para o que criou, em 1231, um eficiente instrumento, a
inquisição, cuja acção persecutória se estendia aos países que aceitavam
a autoridade espiritual e temporal do papa. É que o movimento de
contestação protagonizado pelos cátaros não se esgotara no Languedoc;
na segunda metade do século XIV, os partidários de John Wycliff (c.
1328-1384) rejeitavam a autoridade pontifícia concedida por “graça de
Deus”, não reconheciam o direito tributário da Igreja, e negavam a
doutrina da transubstanciação. A sua influência alastrou por toda a
Europa, mas foi na Boémia que se fez sentir com maior intensidade, onde
Jan Huss (1369-1415), sacerdote e reitor da Universidade de Praga,
uma divindade inferior, malévola ou incompetente, origem de todos os males, e levavam uma vida ascética e
escrupulosamente filantrópica.
15
In Christian Rosenkreuz.
16
Albigenses era o nome por que ficou conhecida a maior comunidade cátara que no século XI se fixou no
Languedoc e fez de Albi o seu principal centro.
Depois de tentar, sem êxito, a sua conversão ao Cristianismo oficial, a Igreja optou por meios mais radicais
e em 1209 o papa Inocente III decretou uma cruzada contra a “raça sinistra” do Languedoc. Seduzidos pelas
recompensas oferecidas pela Igreja, cerca de 15.000 mercenários reuniram-se em Lion, a partir de onde, sob
o comando de Simon Montfort (1165-1218) e a “orientação espiritual” do legado pontifício Arnold-Amalric
(falec. 1225), iniciaram a cruzada com a conquista de Béziers e o massacre da sua população. Ficou célebre
a resposta que o legado papal deu a um cruzado que lhe perguntou como poderiam distinguir os hereges dos
católicos: “Matai-os a todos! Deus reconhecerá, depois, os seus fieis”. Esta resposta tem sido posta em
causa, mas o facto é que foi denunciada pelo monge cisterciense César de Heisterbach (1170-1250), que
comandou uma unidade do exército papal, nas suas crónicas sobre as guerras no Languedoc. A cruzada
terminou em 1255 deixando um rasto de mais de 60.000 mortos, dos quais apenas uma minoria seria cátara.
A perseguição dos hereges prosseguiu por quase toda a Europa até que, em Outubro de 1517, Lutero pregou
as Noventa e Cinco Teses na porta da igreja de Wittenberg.
16
iniciou um amplo e reformador movimento religioso que ficou conhecido
como Hussita ; a Igreja declarou-o herege, excomungou-o e em 1415 o
Concílio de Constance condenou-o à fogueira, o que desencadeou as
Guerras Hussitas (1420-34).
Foi neste cenário de agitação e revolta contra a Igreja de Roma que,
possivelmente por volta de 1385, a inquisição e as tropas papais
chegaram à Turíngia, então governada pelo landgraf 17 Balthasar Wettin
(1349-1406). No século XIII, a família Germelshause n já tinha atraído o
ódio de Conrad de Marburg (falec. 1233), um dominicano fanático, amigo
do landgraf Ludwig IV (1200-1227) e director espiritual da sua esposa,
Santa Isabel (1207-1231), que se notabilizara pela veemente pregação da
cruzada Albigense e pelo extermínio de todos os hereges, fossem cátaros
ou não, fossem confessos ou apenas suspeitos; assim, algumas vezes
tentou conquistar o castelo dos Germelshausen mas nunca foi bem
sucedido.
O mesmo, contudo, não sucedeu em 1385; as tropas papais
cercaram o castelo e dois dias depois tomaram-no de assalto e
massacraram, barbaramente, todos quantos lá se encontravam, incluindo
os servos mais humildes, após o que arrasaram todas as construções, não
deixando pedra sobre pedra.
A JUVENTUDE
Quando as tropas papais iniciaram o cerco, P.a.l. conseguiu iludir a
vigilância dos sitiantes e fugir para a floresta com o seu pequeno pupilo,
então com sete anos de idade 18. Ao verificar a falta da criança, a
inquisição pôs-lhe a cabeça a prémio; porém, P.a.l. era um profundo
conhecedor da região e conseguiu evitar as tropas e alcançar o seu
mosteiro onde ambos ficaram em segurança.
Foi, pois, num ambiente monástico, austero e duro, que Christian
Rosenkreuz foi criado e pôde desenvolver
as suas extraordinárias
faculdades, alcançando uma cultura brilhante em todos os domínios,
nomeadamente em filosofia, religião, línguas e literatura clássicas e
ciências da natureza, o que fez com que à sua volta se formasse um
pequeno grupo de quatro monges, um dos quais o seu preceptor.
17
Título nobiliárquico equivalente a conde.
A tradução da Fama em A Bíblia dos Rosa-Cruzes, p. 81, refere 4 anos, enquanto que a de Frances Yates,
em The Rosicrucian Enlightenment, p. 239, refere 5 anos; “prefiro” os 7 anos por serem citados por Saint
Germain, conforme explico ao abordar esta reencarnação de Christian Rosenkreuz.
18
17
Porém, o ensino ali praticado não podia satisfazer plenamente o seu
elevado espírito, ávido de sabedoria19, e muito menos proporcionar-lhe as
altas iniciações de que necessitava; como P.a.l. tinha prometido fazer uma
peregrinação à Terra Santa, Christian Rosenkreuz aproveitou o ensejo
para ir em busca dos centros iniciáticos que sabia situarem-se no Mundo
Islâmico. Assim, terá sido por volta de 1393 que Christian Rosenkreuz,
P.a.l. e os outros três monges iniciaram a viagem para Jerusalém,
deslocando-se separadamente para não despertarem a curiosidade dos
atentos e desconfiados agentes da Inquisição.
AS VIAGENS
Em Chipre, P.a.l., que acompanhava Christian Rosenkreuz, faleceu,
mas o jovem, então com apenas quinze anos, arrostando com todos os
perigos que tal jornada implicava, prosseguiu a viagem sozinho para
Damasco onde terá chegado no ano seguinte.
A Fama diz que Christian Rosenkreuz “... embarcou para Damcar
com a intenção de visitar Jerusalém partindo daquela cidade ”, e a seguir
refere que “em Damcar (...) ouviu falar dos sábios de Damcar, na Arábia ...”
e decidiu seguir para esta cidade em vez de Jerusalém20 ; curiosamente,
na primeira edição aparece Damascum como destino da etapa iniciada em
Chipre, mas na errata que a acompanha aquele topónimo é corrigido para
Damcar. Esta passagem não faz sentido, mesmo numa obra alegórica
como a Fama , pelo que suponho que o autor haja querido transmitido
algo que me escapa, como escapa a autores consagrados que ao referirem
esta fase dizem que Christian Rosenkreuz foi de Chipre para Damasco, de
onde tencionava seguir para Jerusalém 21.
Damasco
Segundo a Fama , a fadiga obrigou Christian Rosenkreuz a
prolongar a sua estadia em Damasco 22. Penso que a razão foi outra bem
19
In Secret Teachings of all Ages, p. CXXVII
20
Fama, in A Bíblia dos Rosa -Cruzes, p.81.
21
Cf. v.g. Manly P. Hall in Secret Teachings of all Ages, p. CXXVII
22
Fama, in A Bíblia dos Rosa -Cruzes, p.81.
18
diferente: na Cidade das Trezentas Mesquitas encontrava-se o primeiro
centro iniciático que procurava a fim de recapitular, na presente
encarnação, as iniciações obtidas em vidas passadas.
Durante os anos que ali passou, Christian Rosenkreuz pôde
estudar com sábios e iniciados árabes e persas, estes fugidos dos
Mongóis; conviveu e discutiu Astronomia com Nazir Eddin 23 e os seus
discípulos, leu e estudou as principais obras de então, como a Guia para
os Perplexos e os tratados de dietética, higiene e toxicologia de
Maimonides24, a Alquimia da Felicidade , de Al-Ghazali25 , O Livro dos
Prados Dourados, de Masoudi26, o famoso poema Rubáiyát de Omar
Khayyam27 , bem como os seus tratados de álgebra, e entrou nos segredos
da iniciação árabe da época.
Entretanto, teve oportunidade de exercer medicina e fê-lo com tal
mestria e competência que conquistou a admiração dos turcos
Bassorá
Segundo Emile Dantinne 28 e Asghar Ali Engineer29, Christian
Rosenkreuz esteve em Bassorá com os Irmãos da Pureza.
Os Irmãos da Pureza , ou Ikhwan al-Safa’ em árabe, formavam uma
escola ecléctica de filosofia de inspiração pitagórica, que floresceu em
23
Nazir Eddin (1201-1274) foi o maior astrónomo e matemático do seu tempo. Sobre a estadia de Christian
em Damasco, cf. Christian Rosenkreutz.
24
Nome em grego do rabi, médico e filósofo, Moshe ben Maimon (1135-1204), autor de diversas obras de
medicina, filosofia e religião. Em Guia para os Perplexos Maimonides procura harmonizar a filosofia
aristotélica com a teologia judaica.
25
Al-Ghazali (1058-1111) foi um notável professor iraniano, autor de diversas obras jurídicas, religiosas e
filosóficas ainda seguidas hoje em dia. Além de Alquimia da Felicidade são dignas de nota duas das suas
mais importantes produções: As Intenções dos Filósofos e A Incoerência dos Filósofos. A sua obra mais
volumosa é Revificação das Ciências Religiosas.
26
Abul Hasan Ali Al-Masu'di (c. 895-957) foi o mais celebrado dos cronistas árabes; O Livro dos Prados
Dourados é uma colecção de histórias diversas principalmente sobre os primeiros califas.
27
Omar Khayam (c. 1050- 1123), matemático e astrónomo persa, é o autor de uma das obras de poesia
oriental mais conhecidas em todo o mundo, Rubáiyát
28
In On the Islamic Origin of the Rose-Croix
29
In Rasa’il-e Ikhwan us Safa
19
Bassorá no século X e ficou famosa por um tratado enciclopédico
intitulado Rasa’il-e-Ikhwan us Safa , ou seja Epístolas dos Irmãos da
Pureza, constituído por cinquenta e duas cartas sobre matemática,
astronomia, geografia, música, política, filosofia, religião, ética, moral,
física, etc., abrangendo a totalidade do conhecimento que um homem
poderia adquirir nesse tempo. Este tratado influenciou profundamente AlGhazali30 e Rashid al-Din Sinan ibn-Sulayman, o famoso Velho da
Montanha , líder dos Assassinos, que manteve estreitas relações com os
Templários.
“Adquiri conhecimento, qualquer espécie de conhecimento, filosófico,
jurista, matemático, científico ou divino. Tudo isso é alimento para a alma e
para a vida neste mundo e na outra vida ”, diz-se numa das epístolas.
Numa outra encontra-se uma interessante comparação das qualidades
dos homens com a dos animais e os jinn (espíritos da natureza),
descrevendo-se o homem ideal como “excelente, inteligente e perspicaz
como se fosse de origem persa, árabe na fé, objectivo em religião, iraquiano
na maneira de ser, hebreu na tradição, cristão na conduta, sírio em
devoção, grego no conhecimento, hindu na visão, místico no seu modo de
vida, anjo na sua moral, divino na opinião, devoto no gnosticismo e de
qualidades eternas”.
Os Irmãos da Pureza estavam ligados aos Sufis e aos Ismaelitas e,
curiosamente, regiam-se por normas de conduta semelhantes às que
viriam a ser adoptadas pelos Rosa Cruzes: vestiam-se como os habitantes
dos países onde viviam, eram abstémios, ensinavam sem nada cobrarem
e, acima de tudo, praticavam gratuitamente a medicina.
Mas os Irmãos da Pureza eram, também, revolucionários, e
pregavam contra o regime dos Abássidas que consideravam opressivos e
cuja queda, baseados em cálculos astronómicos, predisseram com 240
anos de antecedência.
Como era natural, esta escola tinha dois níveis, o exotérico, aberto
a todos os homens e mulheres e que os Irmãos exortavam a serem críticos
em relação a todas as religiões, incluindo o Islamismo, e o esotérico, esse
reservado escrupulosamente aos iniciados, no âmbito do qual praticavam
diversas artes ocultas, principalmente evocação de espíritos, exorcismo e
teurgia, chamando os anjos pelos seus nomes. Foi neste nível que
Christian Rosenkreuz aumentou os seus conhecimentos materiais e
espirituais.
Dada a localização geográfica de Damasco, Bassorá e Damcar e as
rotas do comércio, penso que terá sido durante a sua estadia em
Damasco que Christian Rosenkreuz se deslocou a Bassorá, tendo depois
regressado àquela cidade.
30
Vidé nota 21 supra.
20
De volta a Damasco
Adquirido o máximo possível de conhecimentos naquelas paragens,
Christian Rosenkreuz ficou pronto para outra e mais elevada sabedoria;
cientes deste facto, os seus amigos de Damasco orientaram-no para outro
centro iniciático localizado em Damcar, na Arábia31. Assim, terá sido no
final do século XIV ou princípio do XV que Christian Rosenkreuz, guiado
pelos turcos, partiu para uma longa viagem de cerca de 2.500 quilómetros
para o sul da Península Arábica32 .
Damcar
A localização desta cidade tem levantado algumas dúvidas, havendo
quem admita tratar-se de Sana’a, actual capital do Yemen e que alguns
identificam como a antiga capital da Rainha de Sabá (I Reis, 10,1).
Acontece, porém, que Damcar está localizada no mapa Africae Tabula
Nova , do célebre atlas Theatrum Orbis Terrarum, elaborado em 1570 pelo
académico e geógrafo flamengo Abraham Ortelius (1527-1598), ainda hoje
elogiado pela sua qualidade e rigor. Damcar, palavra que provavelmente
significará mosteiro na areia , é hoje a cidade de Dhamar, situada a 90
quilómetros a sul de Sana’a, na extensa cordilheira, cortada por inúmeros
e profundos vales e ravinas, que separa a faixa litoral da Península
Arábica do deserto de Rub al’Khali, ou Espaço Vazio, como os antigos
chamavam ao imenso Deserto Árabe33.
31
A Fama diz que foi casualmente que ouviu falar dos Sábios de Damcar, e que desistiu de ir a Jerusalém;
penso que se trata de uma inexactidão que faz parte da omissão do verdadeiro motivo da viagem de Christian
Rosenkreuz ao Médio Oriente
32
È possível que a maior parte da viagem tenha sido feita por via marítima; Christian Rosenkreuz pode ter
embarcado em Tiro e desembarcado em As Sabil a fim de atravessar a Península do Sinai até Ash Shatt
onde terá tomado outro navio que o levou ao porto de Al Hudaydah, a uns escassos 160 quilómetros de
Damcar. Outra hipótese foi ter seguido a rota do incenso por via terrestre.
33
Dhamar, ou Damcar, fica a menos de 200 quilómetros deste deserto, que os árabes acreditavam, ou ainda
acreditam, ser guardado por espíritos malignos e monstros da morte, um dos quais seria o demónio Azazel,
referido no Antigo Testamento (Lev, 16). Sobre o Rub al’Khali contavam-se muitas e estranhas maravilhas,
aliás como ainda se contam, de que é exemplo a alegada descoberta, em 2004, do esqueleto de um homem
com dez metros de altura! Será que estas crenças terão algo a ver com eventuais práticas ocultistas levadas a
cabo pelos Sábios de Damcar?
21
O Yemen é um dos mais antigos centros de civilização do mundo e
em Dhamar encontra-se uma das mais antigas universidade islâmicas,
certamente sucessora do centro iniciático que Christian Rosenkreuz
procurava e onde foi recebido, não como um estranho, mas como alguém
que há muito os Sábios esperavam e que trataram pelo nome próprio.
Durante os três anos que ali passou, estudou matemática, física e
alquimia, tomou conhecimento de novas e mais desenvolvidas práticas
médicas, familiarizou-se, com os astrólogos, com os mistérios das estrelas
e as virtudes da luz astral, e pôde, ainda, aperfeiçoar o domínio da língua
árabe, o que lhe permitiu traduzir para latim o livro M, possivelmente as
Epístolas dos Irmãos da Pureza, a que deu o título de Liber Mundi , ou
Livro do Mundo, onde se revelam os mistérios do universo, tradução essa
que depois levou consigo para a Europa. Mas o mais importante da sua
estadia neste centro iniciático foi conhecer os segredos dos adeptos
árabes34 e, certamente. muitos outros jamais revelados.
Concluída esta etapa, foi orientado para outro centro iniciático
situado em Fez, cujos mestres se reuniam uma vez por ano com os de
Damcar, a fim de trocarem conhecimentos e experiências espiritualistas.
Assim, terá sido nos princípios do século XV que Christian Rosenkreuz se
despediu dos Sábios e partiu para Fez, via Egipto.
Egipto
A estada nestas paragens foi apenas a necessária para
aprofundar conhecimentos sobre plantas e animais da região e, muito
provavelmente, sobre o esoterismo de Hermes Trismegisto, o mítico sábio
egípcio. Cumprido o propósito que o levara a este país, é possível que haja
embarcado em Alexandria rumo a Melila, de onde terá seguido em
caravana para Fez.
34
Ancient Wisdom and Secret Sects, citado em The Rosicrucian Manifestoes.
22
Fez
Fez era a capital de um vasto reino que abrangia o norte de África,
governado desde meados do século XIII pelos Merinides, e sede de um
afamado centro de estudos filosóficos e ocultistas onde se ensinava, entre
outras disciplinas, a alquimia de Abu-Abdallah, Gabir ben Hayan e do
imam Jafat al Sadiq, a astrologia e a magia de Ali-ash-Shabramallishi, e o
esotericismo de Abdarrahman ben Abdallah al Iskari35 .
Neste centro Christian Rosenkreuz melhorou o seu conhecimento
das leis matemáticas, físicas e astrológicas que regem as forças ocultas da
Natureza, entrou nos segredos da Cabala judaica, que considerou
profanada pela religião, e dominou a Magia que lhe permitiu, apesar da
sua falta de pureza, entrar em contacto com os elementais36 que lhe
confiaram muitos dos seus segredos, nomeadamente a forma de aceder
aos mundos subtis e de controlar, pacificamente, os génios e espíritos da
natureza que ali habitam, bem como a arte de preparar talismãs
terapêuticos, transmutar metais, obter
pedras preciosas iguais às
naturais, preparar o Elixir da Vida e a Panaceia Universal, etc. 37
Dois anos depois, talvez em meados da primeira década do século
XV, Christian Rosenkreuz partiu para Espanha levando consigo “muitas e
valiosas coisas, com a esperança de que (...) os sábios da Europa se
regozijariam consigo”, como diz a Fama.
Espanha
Chegado a Espanha entrou em contacto com os Alumbrados,
ou Iluminados de Llerena , uma sociedade secreta criada em Fregenal de la
Sierra38 , na Andaluzia, por influência árabe, que seguia uma filosofia
mística derivada do Hermeticismo e do Neo-Platonismo, e que estudava os
livros do misterioso Artephius39 com vistas à obtenção da Pedra Filosofal.
35
In On the Islamic Origin of the Rose-Croix. Destas personalidades apenas consegui encontrar uma
referência a Jafat al Sadiq (702-765) considerado o sexto imam; era um homem de grande cultura,
nomeadamente em Teologia, Matemática, Filosofia, Astronomia, Anatomia e, muito em especial, Alquimia.
36
Seres pertencentes a uma onda de vida diferente da humana, vulgarmente conhecidos como fadas,
gnomos, ninfas, tágides, etc., e popularizados nos contos infantis.
37
38
Cf. v.g. Manly P. Hall in Rosicrucian and Masonic Origins, citado em The Rosicrucan Manifestoes.
Fica a uns escassos 30 quilómetros a leste de Barrancos.
39
In Christian Rosenkreutz. Artephius foi um famoso alquimista do século XII, que se dizia ter vivido mais
de mil anos com a ajuda de demónios, e s er a reencarnação de Apolónio de Tiana ou até de Orfeu. Escreveu
23
Porém, os Alumbrados consideraram os pontos de vista de
Christian Rosenkreuz excessivamente avançados para a época e
escusaram-se a prestar-lhe o apoio de que necessitava para cumprir o
projecto em que se tinha empenhado, reacção esta idêntica, aliás, à que
encontrou em outras nações europeias por onde passou.
A FRATERNIDADE DA ROSA CRUZ
Frustados os seus desígnios, Christian Rosenkreuz regressou à
Alemanha, talvez durante a primeira década do século XV, e construiu
uma “adequada e organizada habitação”, no dizer da Fama40 , onde
meditou sobre as suas viagens, tendo-as sintetizado num memorial;
estudou matemática e construiu muitos e excelentes instrumentos
relacionados com esta ciência, a maioria dos quais se terá perdido.
Cinco anos depois decidiu retomar o seu projecto; chamou os três
monges que restavam do pequeno grupo que se formara em torno de si no
mosteiro onde fora criado, identificados na Fama apenas pelas iniciais
G.V., J.A. e J.O., e ligou-os a si por um juramento de fidelidade,
diligência e secretismo. Estava assim formada, em meados da segunda
década do século XV, a Fraternidade da Rosa Cruz41.
dois tratados famosos, O Livro Secreto, sobre a preparação da Pedra Filosofal, e A Arte de Prolongar a Vida,
ambos traduzidos para francês e publicados em Paris em 1609 ou 1610.
40
Não era ainda o Templo do Espírito Santo.
A Fraternidade, ou Irmandade como também é referida, terá adoptado a designação de Ordem Rosa Cruz
na sequência de uma reunião realizada no século XVII, numa gruta dos arredores de Munique, em que
41
24
Segundo a Fama, um dos seus primeiros trabalhos terá sido a
criação de uma linguagem e escrita mágicas constantes de um dicionário
que foi usado diariamente para louvar e glorificar Deus, bem como a
feitura da primeira parte do livro M 42 ; porém a sua principal actividade
terá sido o tratamento de doentes cujo número os sobrecarregava de tal
forma que se viram forçados a chamar mais quatro membros, R.C., primo
de Christian Rosenkreuz, B., um pintor de talento, G. e P.D., seus
secretários, todos alemães, excepto J.A. do primeiro grupo, solteiros e
vinculados à castidade por voto solene.
Entretanto construíram uma nova morada, o Domus Sancti Spiritus,
ou Templo do Espírito Santo 43, uma estrutura etérica que envolve uma
mansão senhorial situada nas proximidades de Bezvërov, uma pequena
povoação checa situada a 100 km a oeste de Praga44.
Esta primeira geração estabeleceu seis preceitos sagrados:
1.
Todos os membros deviam curar gratuitamente os enfermos;
2.
Nenhum membro devia usar hábitos especiais, mas seguir os
costumes do país onde se encontrasse;
3.
Todos os anos, no dia C 45 , deviam reunir-se na Domus Sancti
Spiritus, ou informar por escrito da causa da sua ausência;
4.
Cada irmão devia procurar uma pessoa de mérito para lhe
suceder por morte;
5.
A palavra C.R. deveria ser o seu selo, marca e carácter;
6.
A Fraternidade deveria permanecer secreta durante cem anos.
participaram representantes de diversas organizações ocultistas ou místicas do Ocidente, como Cátaros,
Gnósticos, Hermeticistas, etc
42
Terá sido a tradução para alemão do livro M que em Damcar Christian Rosenkreuz traduzira do árabe para
latim?
43
Em 1617 este templo foi simbolicamente desenhado por Teophilus Schweighardt Constantiens,
pseudónimo do alquimista Daniel Mogling, e publicado em Speculum Sophicum Rhodostauroticum, ou seja
O Espelho da Sabedoria dos Rosacruzes.
44
Cf. The Mystery Schools, secção Reader’s Questions, in Rays from the Rose Cross, vol. 74. nº 6,
Novembro e Dezembro de 1982. p. 272, onde vêm as coordenadas geográficas: latitude 50º Norte, longitude
13º Este.
Será curioso notar que Weimar, onde Goethe, um Rosacruz, viveu desde 1775 até à sua morte em 1832, e
onde escreveu a sua obra-prima Fausto, e o Templo do Espírito Santo se situam na linha recta que une a
cidade de Germershausen com Damasco, onde se situava o primeiro centro iniciático frequentado por
Christian Rosenkreuz e cujos arredores foram palco da célebre conversão de Saulo (cf. Ac 9, 3-9). Sobre este
alinhamento telúrico, vidé O Nome Germelshausen em <http://pwp.netcabo.pt/AJCMONTEIRO/ >
45
Não se sabe que dia é este.
25
Entretanto, cinco irmãos partiram para cumprir as suas missões,
enquanto Christian Rosenkreuz permanecia no Templo na companhia de
dois irmãos que mais tarde se foram revezando com os que tinham
partido.
De acordo com o terceiro manifesto, Núpcias Químicas,
um
verdadeiro märchen germânico pleno de alegorias alquímicas, Christian
Rosenkreuz terá atingido a suprema iniciação em 1459, com a idade de
81 anos.
"O Templo da Rosa Cruz", Teophilus Schweighardt Constantiens, 1618
26
A MORTE
Abrindo o Túmulo de Christian Rosenkreutz , J.Augustus Knapp
"Muitos esforços tem sido feitos para interpretar o simbolismo da alegorica história do Pai C.R.C. contada na
segunda parte da Fama Fraternitatis. Seu caracter insofismavelmente mítico guarda os mais profundos mistérios dos
Rosacruzes. O Pai C.R.C. não deve ser considerado apenas como uma personalidade, mas também como a
personificação de um poder ou princípio da natureza. Tal prática de utilização de um indivíduo para personificar os
trabalhos do poder divino era frequentemente utilizada pelos antigos. A lenda Maçonica de Hiram Abiff, o mito
Caldaico de Ishtar, a alegoria Grega de Bacus, e a lenda Egípcia de Osiris são todos exemplos deste tipo de
simbolismo. Todo o mistério do Rosacrucianismo pode ser esclarecido pela alegoria do Pai C.R.C. quando
propriamente interpretado.Os Rosacruzes são uma organização de iniciados e adeptos, cujos membros - os antigos
livros declaram - habitam os subúrbios do Céu."
27
Manly P. Hall in The Secret Teachings of All Ages.
Segundo Confessio46 Christian Rosenkreuz faleceu em 1484, com
106 anos, mas a localização do seu túmulo ficou desconhecida até que,
em 1604, foi casualmente descoberta por N.N., um arquitecto membro da
terceira geração da Fraternidade Rosa Cruz.
Tratava -se de uma estranha construção abobadada, com sete lados,
cada um com oito pés de altura e sete de comprimento, iluminada por
um sol feito segundo o verdadeiro astro.
O acesso fazia-se por uma porta secreta, em cujo topo,
curiosamente, se lia "Eu me abrirei dentro de 120 anos", o que era
rigorosamente exacto. No centro erguia-se um altar cilíndrico onde, numa
placa de cobre, se lia "A.C.R.C. Hoc universi compendum vivis mihi
sepulcrum feci47. Um círculo servia de bordadura contendo a frase "Jesu
mihi omnia"48. Quatro estranhas figuras encontravam-se dentro de
círculos, sob os quais haviam sido gravadas outras tantas inscrições: "
Nequaquam vacuum ", "Legis ", " Libertas Evangeli " e " Dei gloria intacta "
49 .
O centro luminoso do teto estava divido em triângulos, as pare des,
ou lados,
subdivididas em dez campos quadrangulares e o chão
subdividido em triângulos. Cada lado ocultava uma porta que escondia
um cofre onde se encontravam diversos objectos, nomeadamente os livros
que a Fraternidade possuía, acrescidos do Vocabulário de Theoph. P. ab.
Ho (sic)50 ; em outros cofres havia espelhos de múltiplas propriedades,
campainhas, lâmpadas acesas (sic), etc.
46
In Bíblia dos Rosa -Cruzes, p. 107
47
"A.C.R.C. (provavelmente Arquitecto Christian Rosa Cruz) Para mim fiz este sepulcro (que será) para
os vivos a súmula do universo".
48
"Jesus é tudo para mim".
49
" Não existe o vácuo ", " Leis ", " Liberdade do Evangelho " e " A pura glória de Deus ".
50
Trata-se, sem dúvida, de Paracelso, um Rosacruz, no dizer de Max Heindel (cf. The Rosicrucian Cosmo Conception, p. 251) que assim contraria o autor da Fama ao dizer que Paracelso não aderiu à Fraternidade
(cf. Bíblia dos Rosa-Cruzes, p. 84). Há aqui, porém, um dado incompreensível: como é possível que no
túmulo de Christian Rosenkreuz, falecido em 1484, houvesse um livro de Paracelso que nasceu nove anos
depois?
28
O altar escondia uma espessa placa de cobre; ao ser levantada
revelou o belo e glorioso corpo de Christian Rosenkreuz, perfeitamente
intacto e sem o menor vestígio de decomposição, repousando sobre um
leito e segurando na mão um pequeno livro em pergaminho e letras de
ouro, o livro T, "depois da Bíblia, o nosso tesouro mais precioso "51.
AS REENCARNAÇÕES
É,
naturalmente ,
muito
difícil
conhecerem-se
as
reencarnações de Christian Rosenkreuz, quer as anteriores á criação da
Fraternidade da Rosa Cruz, quer as posteriores, não por falta de relatos,
aliás abundantes mas de duvidosa credibilidade, pelo que me vou cingir
ás referidas por Max Heindel e Rudolf Steiner.
Hiram Abiff
51
In Bíblia dos Rosa -Cruzes, pp. 90 a 94.
29
Segundo Max Heindel52, a mais antiga encarnação conhecida de
Christian Rosenkreuz foi como Hiram Abiff, uma figura bíblica ligada à
construção do templo de Salomão, conforme consta de diversas passagens
do Antigo Testamento (1 Rs 7, 13-50, 2 Cr 2, 12 e 13, 2 Cr 4, 11-18, etc.).
Quando Salomão decidiu iniciar a construção do templo em
Jerusalém, pediu a Hiram, rei de Tiro, madeira de cedro do Líbano,
trabalhadores e um astuto artista especializado em trabalhos em metais;
esse artista era Hiram Abiff, filho de uma viuva da tribo de Neftali e de um
homem de Tiro. Hiram Abiff desempenhou as suas funções a contento e
“concluiu (...) toda a obra que o rei Salomão lhe mandara fazer para o
templo do Senhor”, como se diz em 1 Reis 7, 40, após o que se presume
que haja regressado a Tiro.
Mas Hiram Abiff é a principal personagem do ritual maçónico e
protagonista de uma história dramática algo diferente da bíblica: foi ele o
verdadeiro arquitecto do templo de Salomão e morreu às mãos de três
rufias que, contrariamente ao acordado, queriam que lhes revelasse a
Grande Palavra Maçónica que os elevaria de companheiros a mestres
maçons. Hiram Abiff foi depois levantado do túmulo pela forte Garra do
Leão de Judá, ou seja por Salomão, aliás uma prévia encarnação de
Jesus, e restituído à vida 53.
52
In A Maçonaria e o Catolicismo, pp. 128 e 129.
53
Para mais detalhes vidé A Maçonaria e o Catolicismo.
30
São João Evangelista,
escultura de Donatello
Continuemos com Max Heindel para encontrarmos Christian
Rosenkreuz encarnado em Lázaro, o homem de Betânia que Cristo
“ressuscitou”, conforme consta do Evangelho segundo João (Jo 11, 1-44)
54 . Porém, Rudolf Steiner afirma que Lázaro não passa de uma
personagem fictícia que o autor criou para relatar, sob a forma alegórica
da “ressurreição” de Lázaro, a sua própria iniciação maior, a primeira que
Cristo concedeu a um ser humano, a quem transmitiu uma mensagem
que o evangelho iria veicular55 em termos simbólicos.
De facto, Lázaro é uma personagem que somente aparece no quarto
evangelho56 e apenas por duas vezes: a primeira, para protagonizar o
milagre da sua “ressurreição” (Jo 11, 1-44), e a segunda para participar
na ceia oferecida a Jesus, em Betânia, durante a qual Maria lhe ungiu os
pés e os enxugou com os cabelos (Jo 12, 1-3). Significativo é o facto da
“ressurreição” também ser contado por Lucas (Lc 7, 11-17) e por Marcos,
este no seu Evangelho Secreto 57 , mas sem citarem o nome Lázaro - Lucas
limita-se a citar um defunto (...) filho único de sua mãe que era viúva , e
Marcos o jovem de Betânia . Igualmente significativo é o facto de Mateus
(Mt 26, 6-16), Marcos (Mc 14, 3-11) e Lucas (Lc 10, 38-42) também
contarem a ceia em Betânia mas não referem nem sugerem, sequer, a
presença de outro homem além de Jesus.
54
In A Maçonaria e o Catolicismo, pp. 128 e 129
55
O Evangelho segundo João , p. 122
56
O Lázaro da parábola O Homem Rico e o Pobre (Lc 16, 19-31) não é, de forma alguma, o mesmo.
57
O Evangelho Secreto de Marcos é referido e parcialmente transcrito por Clemente de Alexandria (sec. II)
numa carta, da qual uma cópia feita no século XVIII foi descoberta em 1958 por Morton Smith, teólogo da
Universidade de Colômbia, EUA, no mosteiro de Mar Saba, a sul de Jerusalém; infelizmente apenas dois
fragmentos constam dessa carta, um dos quais conta o milagre da “ressurreição” do jovem de Betânia.
31
Lázaro sai de sua tumba por Juan de Flandes (1500
Corinne Heline, esoterista rosacruciana se refere ao Lázado como uma alegoria iniciática, que vela e desvela
simultaneamente a iniciação de João Evangelista nos Mistérios Maiores através de Cristo.
Admito,
como Steiner, que esta reencarnação de Christian
Rosenkreuz haja sido como João, o discípulo amado do Senhor, que
conheceu o Mistério do Gólgota e foi o autor do quarto evangelho
canónico 58.
... e o Paracleto
58
Cumpre lembrar que a autoria deste texto foi posta em causa logo na época por parte dos Montanistas que
diziam ter sido Cerinto quem o escreveu, o que parece algo disparatado, pois trata-se de um gnóstico e
ebionita, cujas doutrinas não se reflectem no evangelho. A partir do sec III vingou a ideia inicial favorável ao
apóstolo João até que em 1820, na Alemanha, Bretschneider levantou a chamada Questão Joanina, segundo
a qual o autor teria sido um outro João, o Presbítero. Acontece que em grego, presbítero e velho têm origem
comum e que Velho, ou Ancião era o cognome do Apóstolo João. A minha intuição diz-me que o Apóstolo
João foi, de facto, o autor deste evangelho.
32
Mas esta encarnação envolve um mistério maior, o do
Paracleto, tema que merece uma atenção muito especial por ser João o
único evangelista a tratá-lo e por estar directamente relacionado com o
mistério da Rosa Cruz.
Paracleto é um termo grego que significa defensor, advogado ,
intercessor, consolador59, sendo referido por João em seis passagens:
cinco no evangelho e uma na Primeira Epístola.
No evangelho, é Cristo quem se dirige aos seus discípulos nos
seguintes termos:
1.
“Se Me amardes, guardareis os meus mandamentos. E eu
rogarei ao Pai e Ele vos dará outro60 Paracleto, para estar convosco para
sempre, o Espírito da Verdade que o mundo não pode receber porque não o
vê nem conhece, mas que vós conheceis porque habita convosco e está
em vós”61 (Jo 14, 15-17).
2.
“Mas o Paracleto, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu
nome, Esse ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos
tenho dito ” (Jo 14, 26)62.
3.
“Mas, quando vier o Paracleto, que vos hei-de enviar da parte
do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, Ele testificará de Mim”
(Jo 15, 26).
4.
“...convém-vos que eu vá, porque se não for, o Paracleto não
virá a vós; mas se eu for, mandar-vo-lo-ei. E quando ele vier arguirá o
mundo por causa do pecado, da justiça e da decisão do juízo” (Jo 16, 7-8).
59
Ao traduzir a Bíblia para latim, Jerónimo (c. 347-419) verteu esta palavra de duas formas diferentes: no
evangelho, limitou-se a traduzi-la como Paracletus, mas na Primeira Epístola optou por advocatus (1 Jo 2,
1), o que prova ter entendido que se trata de um homógrafo relativo a duas entidades diferentes. Quanto a
mim, parece-me que Intercessor será a tradução mais correcta em ambos os textos, porque o conceito de
intercessão exprimirá melhor e mais fielmente o papel dessas duas entidades na evolução humana; no
entanto, vou manter a expressão Paracleto dado que o seu uso já está consagrado.
60
O realce é meu.
61
O realce é meu.
62
A afirmação de que o Paracleto é o Espírito Santo parece-me uma adulteração do original, provavelmente
feita por um piedoso mas distraído copista que não se apercebeu da profunda diferença existente entre o
Espírito Santo, a dogmática Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, e o Paracleto, uma entidade
indiscutivelmente inferior, pese embora a sua exaltada estatura espiritualista. E, de facto, em 1812 foi
descoberto, no Monte Sinai, um palimpsesto onde foi possível recuperar parte do texto primitivo, uma
tradução em siríaco, do século IV ou V, do Evangelho de João, onde no versículo em causa não aparece a
expressão Espírito Santo mas apenas Espírito.
33
5.
“Quando o Espírito da verdade vier, guiar-vos-á para toda a
verdade; porque ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver
ouvido e anunciar-vos-á as coisas que hão-de vir. Ele glorificar-me-á,
porque há -de receber do que é meu ...” (16, 13-14).
Na epístola, escrita muito depois da morte de Jesus, é João
quem se exprime da seguinte forma:
1.
“Filhinhos meus, escrevo-vos estas coisas para que não
pequeis; mas se alguém pecar, temos um Paracleto junto do Pai, Jesus
Cristo, o Justo. Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente
pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo”63 (1 Jo 2, 1-2).
Estas passagens revelam a existência de dois Paracletos, sendo o primeiro, sem
dúvida, o próprio Cristo; quanto ao segundo apenas ficamos a saber que se trata
§
de uma entidade
desconhecida do mundo,
§
já
conhecida
dos
apóstolos,
mas
que será enviada pelo Pai, para o que o Cristo terá de partir,
§
que virá ensinar os apóstolos e guiá-los para a verdade, pois
anunciar-lhes-á o que tiver ouvido,
§
pertence.
e que glorificará o Cristo pois receberá do que ao Cristo
Do que antecede inferem-se algumas conclusões de muito
interesse. O segundo Paracleto , ao transmitir aos homens a palavra de
Deus, virá prosseguir o trabalho doutrinário desenvolvido pelo Cristo
durante o seu ministério, pelo que actuará como se fosse seu substituto.
Mas o Cristo foi enviado pelo Pai (cf. v.g. Jo 16, 5); logo, o seu substituto
também terá de ser enviado pelo Pai; porém, “ninguém vem ao Pai senão
por mim” (14, 6), advertiu o Cristo. Nestas condições, este terá de partir a
fim de levar o seu substituto ao Pai e possibilitar, assim, a sua vinda.
Uma vez substituído, o Cristo passará, como primeiro Paracleto , a
interceder junto do Pai pelos nossos pecados e não somente pelos nossos,
mas também pelos de todo o mundo. Quanto ao segundo Paracleto , parece
tratar-se de um ser humano e que terá de ser iniciado pelo Pai através do
Cristo, a fim de poder prosseguir o seu trabalho doutrinário.
Considerando:
63
O realce é meu.
34
que o segundo Paracleto era conhecido dos apóstolos porque
habitava com eles, mas ignoravam que havia uma missão que o
aguardava;
§
que João foi o primeiro ser humano a ser iniciado por Cristo,
de quem recebeu a Primeira Grande Iniciação;
§
que João viveu na Palestina no tempo de Jesus, que conheceu
o Mistério do Gólgota, pois foi o único apóstolo presente na crucificação, e
foi a ele que Jesus, na cruz, confiou a guarda de sua mãe;
§
que Max Heindel admitiu que “o mais elevado fruto que o
Período da Terra ” irá produzir será, depois de Jesus,
Christian
Rosenkreuz64 ;
§
e que Rudolf Steiner afirmou, a propósito do profundo
significado do Prólogo, que “o mistério da Rosa-Cruz pode ser visto como
uma continuação do Evangelho de João”65 ,
§
admito que o segundo Paracleto seja o Ego que encarnou
como João e mais tarde como Christian Rosenkreuz.
§
A corroborar esta minha suposição há a curiosa passagem do final
do Evangelho de João em que Pedro perguntou ao Senhor o que seria feito
daquele discípulo que Jesus amava, aquele que estivera reclinado sobre o
seu peito, durante a ceia, tendo este respondido Que te importa se eu quero
que ele fique até que eu venha?, resposta esta que deu origem ao rumor,
entre os irmãos de que aquele discípulo não morreria (Jo 21 – 23)
O Conde de Saint-Germain
Segundo Max Heindel o Conde de Saint Germain foi uma das
últimas reencarnações de Christian Rosenkreuz66 .
Se é extremamente difícil levantar a biografia do fundador da
Ordem da Rosa Cruz, a deste enigmático gentil homem não o é menos;
não se sabe quando nasceu; não se sabe quando morreu, se é que de
64
A Fiosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, vol. II, perg. 96
65
O Evangelho segundo João , p. 25.
66
The Rosicrucian Cosmo-Conception, p. 433. Sobre o Conde de Saint Germain há diversas obras e sites na
Internet fáceis de encontrar.
35
facto morreu; não se sabe qual a sua família; não se sabe qual o seu
verdadeiro nome; enfim, o que se sabe sobre o Conde de Saint Germain é
muito pouco.
Sabe-se que era um homem robusto, de estatura média, testa
ampla, rosto oval, sempre elegantemente vestido, embora com
simplicidade, mas algo extravagante no que respeitava a diamantes, pelos
quais parecia ter uma verdadeira obsessão já que os usava no relógio, na
corrente, na caixinha de rapé e nas fivelas dos sapatos. Tinha um total à
vontade onde quer que estivesse e tratava a nobreza em pé de igualdade.
Possuía uma riqueza incalculável, mas vivia com a maior das
simplicidades; era de uma probidade absoluta e senhor de uma cultura
inigualável; era poeta, músico, escritor, médico, físico, químico, mecânico,
pintor, mas o seu grande talento era como alquimista.
Sabe-se que tinha um particular apreço por elegantes jantares, não
pela comida, já que nunca comia nem bebia em público e apenas se
alimentava com uma mistura de farinha de aveia e sêmola que ele mesmo
preparava, mas pelo convívio, pois era um incansável e excelente
conversador; falava fluentemente francês, inglês, espanhol, português,
alemão, italiano, boémio, árabe, grego, latim, sânscrito e chinês, e a sua
prodigiosa memória permitia-lhe contar pormenores de episódios de um
passado longínquo como se os tivesse vivido, o que alimentava os rumores
sobre a sua extraordinária longevidade.
De facto, diz-se que ao longo de mais de dois séculos Saint Germain
esteve em diversos países europeus, conviveu com a mais alta nobreza,
tendo privado com Luís XV de França e madame Pompadour, mantendo
sempre o mesmo aspecto, o de um gentil homem de quarenta e cinco ou
cinquenta anos.
Quanto às datas do seu nascimento e morte, a maioria dos seus
biógrafos situa a primeira em 1710, ano, porém, em que dois amigos
afirmam tê-lo encontrado em Veneza já com o seu aspecto de sempre;
quanto à sua morte, a mesma é oficialmente situada em 27 de Fevereiro
de 1784, sobre a qual Mirabeou compôs um curioso epigrama: "Foi
sempre um tipo descuidado e, por fim, tal como os seus predecessores,
esqueceu-se de não morrer".
36
O Cavaleiro Polonês. (Pintura de Reembrandt,1655.
Este é o retrato do Grande Mestre Rosacruz, o Conde de St. Germain,
que segundo Max Heindel foi uma das últimas encarnações de Christian Rosenkreutz,
fundador da Escola de Mistérios do Ocidente, O Verdadeira e Invisível Ordem Rosacruz.
Porém, Saint Germain continuou a ser visto um pouco por toda a
parte; logo no ano seguinte representou os maçons franceses na
convenção de Wilhemsbad; em 1786 foi recebido por Catarina a Grande ,
em S. Petersburgo; em 1788 terá sido embaixador da Itália em Portugal
(!); em 1793 assistiu em Paris à execução de Jeanne Dubarry, amante de
Luís XV, e de Maria Antonieta; em 1798, usando o nome de Hompesch,
era o grão-mestre de uma loja militar dos Cavaleiros de Malta onde
Napoleão Bonaparte terá sido admitido durante a sua campanha no
Egipto; em 1821 assistiu às negociações do Tratado de Viena, e o conde
de Chalons, embaixador francês em Veneza, afirmou que, pouco tempo
depois, falara com ele na Praça de S. Marcos, em Veneza; mais de um
século depois, concretamente em 1939, um aviador americano cujo
aparelho se despenhou nas imediações de um mosteiro tibetano, contou
que entre os monges havia um europeu que lhe disse ser o conde de
Saint-Germain.
Quanto à sua origem a opinião mais generalizada considera-o o
filho mais velho do príncipe Francis II Rákóczy, da Transilvânia (1676-
37
1735), e da sua primeira mulher, Charlotte de Hesse-Rheinfels67 , e que
ele e os seus irmãos tinham sido levados para Viena a fim de serem
criados pelo imperador austríaco; porém, aos sete anos foi dado como
morto para poder ser entregue aos cuidados de João Gastão de Médicis,
grão duque da Toscânia; o nome de Saint Germain, terá sido adoptado
porque passou alguns anos da sua infância em San Germano, uma vila
situada a cerca de 60 quilómetros a oeste de Milão. Quando a princesa
Amélia, da Prússia, lhe perguntou de onde era, respondeu ser de um país
que nunca tivera por soberanos homens de origem estrangeira; a outra
senhora que pre tendia saber as suas origens, disse que tudo quanto lhe
podia dizer era que, aos sete anos, vagueava pelas florestas com o seu
preceptor, que tinha a cabeça a prémio e que, na véspera da fuga, a mãe,
que não tornaria a ver, lhe metera o retrato debaixo do braço, confissão
esta que nos transporta, fatalmente, à fuga pelas florestas da Turíngia, do
pequeno Christian Germelshausen e do seu preceptor P.a.l.
67
Os Rákóczy são uma velha e nobre família húngara que desempenhou um papel importante na história da
Transilvânia e da Hungria, a partir da eleição, em 1630, de George I Rákóczy (1591-1648) como príncipe da
Transilvânia, o qual, aliado a estados protestantes, extremou a política contra os Habsburg, tendo-lhes
declarado guerra e invadido a Hungria em 1644; a paz de Linz, assinada no ano seguinte, concedeu liberdade
religiosa aos húngaros e vastos territórios aos Rákóczy. O seu filho, George II Rákóczy (1621-1660) foi
deposto em 1657 em virtude do insucesso militar contra a Polónia e acabou por ser morto pelos Otomanos
quando invadiram a Transilvânia. Sucedeu-lhe o filho, Francis I Rákóczy (1654-1676) que tentou prosseguir
a política de hostilidade para com os Habsburg, mas sem sucesso, o que levou à sua substituição por Francis
II Rákóczy (1676-1735), seu filho.
Francis II Rákóczy, apoiado por Luís XIV de França, encabeçou o movimento de rebelião dos húngaros
contra os Habsburg; em 1704 foi eleito príncipe governante da Hungria e em 1707 a nobreza húngara depôs
a dinastia Habsburg e proclamou a república. Porém, Francis II Rákóczy sofreu algumas derrotas militares
que levaram húngaros e austriacos a negociar a paz em 1711, mas cujos termos foram rejeitados por
Rákóczy, que preferiu exilar-se na Polónia, depois na França e, por fim, no Império Otomano, onde faleceu.
Mal grado este final pouco feliz, Francis II Rákóczy é considerado o maior herói nacional da Hungria.
38
PRÍNCIPE RAGOCZY DA TRANSILVÂNYA - CONDE DE SAINT GERMAIN
Em 1908 Max Heindel escreveu que Christian Rosenkreuz "está hoje encarnado um alto Iniciado, um activo e poderoso factor em todos os assunto do Ocidente - embora
desconhecido do Mundo"68 , mas, por não ser permitido, não revelou o seu nome. Algum
tempo depois confessou que admitira a hipótese de esta última encarnação ter sido como
Rasputine, que pouco antes fora assassinado, o que à primeira vista é no mínimo
surpreendente69. De facto, a ideia que geralmente se faz de Rasputine (1869-1916) é a de
um falso monge, iletrado, semilouco, depravado, que dominou a família imperial russa
graças a um estranho poder que lhe permitia estancar as hemorragias do pequeno
tsarevich que sofria de hemofilia; esquece-se, porém, outra faceta, a que levou milhões de
russos a venerarem Rasputine como um santo, que sempre fez tudo para ajudar quem se
lhe dirigisse com seriedade, sem nada pedir em troca. 70
Outros autores, porém, inclinam-se para um descendente dos
Rákóczy ou para o próprio Francis II Rákóczy, da Transilvânia, o que no
entanto pode não passar de um equívoco resultante da possível origem do
Conde de Saint Germain, equívoco esse de que Max Heindel não se terá
apercebido ou não terá querido esclarecer. Recorde -se que em 1908 o
"homem que tudo sabe e que nunca morre", como disse Voltaire, estaria,
provavelmente, nos Himalaias, para onde teria ido nos finais do século
XVIII a fim de descansar, como confessou aos seus amigos Rudolf Gräffer
e barão Linden71.
68
The Rosicrucian Cosmo-Conception, p. 518.
69
A Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, vol II, perg. 157, pp. 457 a 461.
70
Nota do editor: Em uma epístola dirigida aos estudantes esotéricos da Fraternidade Rosacruz, a Sra.
Augusta Foss Heindel evoca uma memorável reunião celebrada em 1913, que demonstrou a força da
atividade espiritual da Fraternidade Rosacruz, atestando a presença invisível de Christian Rosenkreuz.
“Nesta sublime reunião houve à exemplo da memorável reunião da Pedra Fundamental, o inesperado
número de nove pessoas presentes, ao se congregar todos os Probacionistas, inclusive os residentes em
Oceanside. Três dos Irmãos Maiores estiveram presentes e também o Augusto Décimo -Terceiro, conhecido
e reverenciado com o Simbólico nome de Christian Rosenkreutz, que no passado apareceu como Hiran
Abiff, Lázaro e mais recentemente como o Conde de St. Germain. Não queremos dizer que os Irmãos
Maiores se materializassem, pois não é esse o método usado pelos Hierofantes da Sabedoria Ocidental.
Suas presenças foram sentidas e identificadas.”
71
O Enigmático Conde S. Germain, p. 319
39
"O grande e misterioso adepto que nomeou-se a si mesmo como o Conde de St. German não deve ser
confundido com o general francês de mesmo nome. O "Wonderman" como M. de St. Germain era frequentemente
chamado não era um membro da familia francesa. A hipótese longamente defendida de que seria um portugues judeu
também foi descardada como insustentavel. A conclusão mais provável sobre o seu nascimento é a de que era filho
legitimo de Franz-Leopold. O Príncipe Racogzy da Transylvania, de fato o Conde de St. Germain apareceu em Leipzig
em 1777 como o Príncipe Racogzy. Admitiu também ao Príncipe Karl de Hesse que era o filho do Príncipe Racogzy
da Transylvania e que fora criado e educado pelo último Duque de Médice. A natureza contraditória dos dados a
respeito do Conte de St. Germain é evidenciada impressionantemente por diversas inconsistenciass cronológicas.
Supõe-se geralmente que este misterioso adepto nasceu em 1710, mas a Condessa V. Gérgy declara que o tinha
visto durante esse ano em Veneza e que parecia ter naquela época entre quarenta e cinco e cinquenta anos de idade.
Apesar dos registros eclesiásticos de Eckermforde contenha uma referencia de óbito em 1784, sabe-se que foi visto
em diversas ocasiões subseqüentes a essa data, tendo participado de uma conferência Masonic em 1785 e
reconhecido em Veneza em 1788. A última menção histórica ao Conte de Saint Germain data de 1822, em tal caso
estava embarcando para a India." - Manly P. Hall in The Secret Teachings of All Ages.
40
POSFÁCIO
Disse no prefácio que para levar a cabo este estudo biográfico tive de me apoiar
em ocultistas ou místicos consagrados, mas também de me socorrer de uma certa intuição
metafísica, a qual me levou a aceitar autores como Asghar Ali Engineer, Emile Dantinne,
Pierre Montloin, Jean-Pierre Byard e Reginald Merton, cujos textos me pareceram dignos
de crédito. No entanto, estou consciente de que não se pode dar como certo tudo quanto
escreveram sobre Chris tian Rosenkreuz e o Rosicrucismo.
Reginald Merton, por exemplo, situa o nascimento de Christian
Rosenkreuz e o massacre dos Germelshausen no sec. XIII, o que está em
contradição com o Confessio e com o que diz Rudolf Steiner. Admito que
este lapso se deva ao facto de, no sec. XIII, Christian Rosenkreuz ter sido
preparado pelo Colégio dos Doze Sábios. O mesmo se passa, aliás, com a
conceituada rosicrucista Corinne Heline, ao dizer que a Ordem da Rosa
Cruz foi fundada em 1313, discrepância esta para a qual não encontro
explicação.72
Nestas condições, estou certo que esta biografia deve ser encarada
com reservas e sujeita a correcções, pelo que desde já muito agradeço a
eventual colaboração de leitores que tiveram a paciência de me seguir até
ao fim.
António Monteiro
Janeiro de 2007
72
Nota do editor: Segundo Corinne Heline, aquele que é conhecido sob o nome simbólico de Christian
Rosenkreuz, apareceu durante o século XIII e no século XIV em 1313, fundou a Ordem da Rosa Cruz. Esta é
a data também aceita por Max Heindel, mas alguns escritores defendem que o aparecimento de Christian
Rosenkreuz tenha se dado no século XV e 1413 como o ano da fundação da Ordem, baseados em certas
evidências encontradas nos manifestos rosacruzes de 1614, ( Fama Fraternitatis), 1615 ( Confessio) e 1616
(O Casamento Químico do Pai Christian Rosenkreuz), este último atribuido a Johan Valentim Andreas e
reinvindicado por ele mesmo. Baseados em semelhanças literárias entre os três manifestos, alguns autores
acreditam que Andréas tenha escrito os três manifestos, o que todavia não constitui uma prova
insofismável.No final de sua vida Andréas teria criticado os Rosacruzes , que permite inferir que não estaria
sendo sincero ao escrever os manifestos, ou seu desgosto pelos muitos pseudo-rosacruzes que surgiram nos
anos que se seguiram à aparição destes três manifestos. A insígnia da família de Andréas era um X ( Cruz de
Santo André) com quatro rosas nos ângulos. A cronologia de Max Heindel associa a fundação da Odem da
Rosa Cruz com a queda da Ordem do Templo ou Templários, que se deu em 1312, depois de muitos anos de
perseguição e execuções pela igreja e pelo Rei. Para que o Templo da Rosa Cruz tenha sido fundado em
1313, o trabalho teria começado no século anteiror. No início daquele século apareceu Roger Bacon, nascido
em 1214, e que é tido por muitos, como um precursor da Ordem Rosacruz O progresso científico estava
adiantado no século XIII, muito dele na sub rosa – secreta, esotérica e associada à Rosa Cruz. Mas tal
conhecimento se tornou oculto devido a Cruzada Albigense, uma cruzada contra os hereges no sul da França,
que deu início a Inquizição, na primeira metade do século XIII, levando Roger Bacon a temer por sua vida e
a refugiar-se num mosteiro, onde esperava dar continuidade aos seus estudos e pesquisas em paz e
segurança. Diz-se também , segundo a Lenda, que Christian Rosenkreuz foi criado em um mosteiro.
41
Bibliografia
Asghar Ali Engineer, Rasa’il-e Ikhwan us Safa (Epístolas dos Irmãos da Pureza), em
http://www.amaana.org/ikhwan/ ikhwan1.html
Bernard Gorceix , A Bíblia dos Rosa-Cruzes, trad. Frederico Pessoa de Barros, São
Paulo, Editora Pensamento, 1977
Comentários de Bernard Gorceix e Frances Yates sobre Christian Rosenkreutz, 2005,
blog em http://fudosi.blogspot.com/ 2005/10/comentrios-de-bernard-gorceixe.html
Corinne Heline, Mysteries of the Holy Grail.
Emile Dantinne (Sar Hieronymus) (1884-1969), On the Islamic Origin of the RoseCroix, publicado originalmente na revista Inconnus, em 1951,
in
http://www.orderofthegrail.org/islamic_origin_rose+.htm
Frances Yates, The Rosicrucian Enlightenment, Boulder, Colorado, USA, Shambhala ,
1978
Manly P. Hall, Secret Teachings of all Ages, Los Angeles, The Philosophycal
Research Society, Inc., 1977
Max Heindel, The Rosicrucian Cosmo-Conception, 28ª ed., Oceanside, CA, USA, The
Rosicrucian Fellowship, 1977.
Max Heindel, A Fiosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, 2 vol., trad. não
indicado, São Paulo, Brasil, Fraternidade Rosacruz, Sede Central do Brasil, s/ data.
Max Heindel, A Maçonaria e o Catolicismo, trad. cedida pelo Centro Rosacruciano de
Lisboa, Lisboa, Edições Alfaó-mega, 1979
Pierre Ceria e François Ethuin, O Enigmático Conde de S. Germain, trad. Adelino S.
Rodrigues, Lisboa, Editorial Minerva, s/data
Pierre Montloin e Jean-Pierre Byard, Os Rosa-Cruz, Lisboa, Edições 70, 1979
Reginald Merton, Christian Rosenkreutz , in
http://www.alchemylab.com/christian_rosenkreutz.htm
42
Artigo Rosicrucian, in Wikipedia in en.wikipedia.org
Rosicrucian Manifestos, The, in
http://www.mystae.com/restricted/streams/scripts/rosycross.html
Rudolf Steiner, O Evangelho segundo João, trad. Jacira Cardoso, S. Paulo, Brasil,
Editora Antroposófica, 1985
Rudolf Steiner, The Mission of Christian Rosenkreutz, Its Character and Purpose, GA
130, trad. inglesa de Dorothy Osmond
FIM
“Reflexões de um Estudante Rosicrucista”
Por António Monteiro
Volume I - Síntese do Conceito Rosacruz do Cosmos
Volume II - Christian Rosenkreuz – Estudo biográfico
Volume III - A Ressurreição de Lázaro
Volume IV - O Nome Germelshausen
Volume V - A Tábua de Esmeralda
Volume VI - Os Versos de Ouro de Pitágoras
Volume VII - Os Mistérios, Um Poema Inacabado de Goethe
Volume VIII - O Evangelho Secreto de Marcos
Volume IX - Evangelho de Judas
Volume X - O Evangelho de Tomé
Volume XI - Maria Madalena e o Santo Graal
Volume XII – As Imagens de Jesus
Volume XIII – Interpretação do Fausto , de Goethe
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Simbolismo Rosacruz, por Reinhard Ponty
O ENCOBERTO
Que símbolo fecundo
Vem na aurora ansiosa?
Na Cruz Morta do Mundo
A Vida, que é a Rosa.
Que símbolo divino
Traz o dia já visto?
Na Cruz, que é o Destino,
A Rosa, que é o Cristo.
Que símbolo final
Mostra o Sol já desperto?
Na Cruz morta e fatal
A Rosa do Encoberto.
- Fernando Pessoa
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Breve História do Movimento Rosacruz
A antiga Fraternidade Rosacruz consistia de seres altamente
espiritualizados, puros e de incomensurável sabedoria.. Eram
alquimistas médicos e matemáticos, doze indíviduos do século
XIV, que foram orientados por um ser conhecido como "Cristão
Rosa Cruz". Esses seres trabalharam secretamente e formaram
uma fraternidade conhecida como "Ordem Rosacruz". Os
conhecimentos de tal Ordem foram ministrados à apenas alguns
sábios, sendo que nada foi revelado até o ano de 1614, data da
publicação da Fama Fraternitatis, o primeiro manifesto Rosacruz.
Essa sociedade secreta ainda existe e ainda trabalha pela elevação da humanidade. Soment e
aqueles que possuem um amplo desenvolvimento espiritual são admitidos como membros no
círculo interno do movimento Rosacruz. Tais "médicos da alma" engajados no controle interno
deste grande movimento, estão intimamente associados à evolução do mundo. Esses irmãos
trabalham trabalham de forma secreta, incansável e abnegadamente pelo bem da humanidade.
Em 1908, Max Heindel que era de origem dinamarquesa, após ser testado em sinceridade de
propósitos e desejo desinteressado em ajudar seus semelhantes, foi escolhido como o
mensageiro dos Irmãos Maiores, para transmitir os ensinamentos Rosacruzes ao Ocidente,
preparando a humanidade para a futura Era de Fraternidade Universal. Por meio de intensa autodisciplina e devoção ao serviço ele conquistou o status de Irmão Leigo ( Iniciado ) na exaltada
Ordem Rosacruz.
Sob a direção dos Irmãos Maiores da Rosa Cruz, gigantes espirituais da raça humana, Max
Heindel escreveu o Conceito Rosacruz do Cosmos, um livro que marcou época se tornando uma
referência marcante para todos os pesquisadores da tradição ocultista ocidental e aspirantes à
espiritualidade.
Por meio de seu próprio desenvolvimento ele foi capaz de verificar por si mesmo muitos as pectos
dos ensinamentos recebidos dos Irmãos Maiores, sintetizados no Conceito Rosacruz do Cosmos,
fornecendo um conhecimento adicional mais tarde corporificado em seus numerosos livros.
Uma das condições básicas na qual os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental foram dados à Max
Heindel era que nenhum preço poderia ser estabelecido para eles. Tal condição foi fielmente
observada por ele até o fim de sua vida terrestre e tem sido cuidadosamente cumprida pelos
dirigentes da Fraternidade Rosacruz (The Rosicrucian Fellowship). Ainda que os livros da
Fraternidade sejam vendidos a preços acessíveis, que garantam a continuidade de suas
publicações, os cursos por correspondência e os serviços devocionais e de cura são inteiramente
gratuitos. A Fraternidade é mantida através de doações voluntárias de seus estudantes e
simpatizantes, não havendo taxas ou mensalidades obrigatórias.
Passado um determinado tempo e estando ainda tais ensinamentos sob a sua responsabilidade,
foi instruído a retornar à América e revelar ao público tais ensinamentos , até então secretos.
Nessa época, a humanidade tinha alcançado o estágio mais avançado da religião cristã, quando
os mistérios (que Cristo menciona em Mateus 13:11 e Lucas em 8:10) tinham que ser ministrados
à muitos e não apenas para alguns.
Quando Max Heindel chegou à América, ele publicou esses elevados conhecimentos em seu livro
"O Conceito Rosacruz do Cosmos" que foi traduzido em diversas línguas e continua a ser editado
em várias partes do mundo. Também estabeleceu a Fraternidade Rosacruz como uma Escola
Preparatória para a verdadeira, eterna e invisível Ordem Rosacruz, a Escola de Mistérios do
Mundo Ocidental.
Ainda que a palavra Rosacruz seja usada por várias organizações, a Fraternidade Rosacruz não
tem nenhuma conecção com estas.
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Princípios e Finalidade
A Fraternidade Rosacruz, cuja sede mundial está situada em Mt.
Ecclesia, Oceanside, California, foi fundada em 1909 por Max
Heindel, que organizou e dirigiu todos os seus trabalhos até 1919,
data de sua partida física. Sucedeu-o sua esposa Sra. Augusta
Foss Heindel, que durante trinta anos dirigiu a Obra a frente de
um Conselho Diretor.
A Fraternidade Rosacruz é uma organização de místicos cristãos
compostas por homens e mulheres que estudam a Filosofia
Rosacruz segundo as diretrizes apresentadas no Conceito
Rosacruz do Cosmos. Tal Filosofia é conhecida como os
Ensinamentos da Sabedoria Ocidental e estabelece uma ponte
entre a ciencia e a religião.Seus estudantes estão espalhados por
todo o mundo; mas sua Sede Internacional está localizada em
Oceanside, California, E.U.A.
A Fraternidade Rosacruz não tem conexão com nenhuma outra
organização. Foi fundada durante o verão e outono de 1909, após um ciclo de conferências
proferido por Max Heindel em Seattle. Um Centro de Estudos foi formado e a Sede da
Fraternidade se localizou temporariamente naquela cidade. Providencias foram tomadas para a
publicação do Conceito Rosacruz do Cosmos. Com a publicação deste trabalho a Fraternidade
Rosacruz foi definitivamente estabelecida.
A Fraternidade Rosacruz Max Heindel não é uma seita ou organização religiosa, mas sim uma
grande Escola de Pensamento. Sua finalidade precípua é divulgar a admirável filosofia dos
Rosacruzes, tal como ela foi transmitida ao mundo por Max Heindel, escolhido para esse fim
pelos Irmãos Maiores da Ordem Espiritual.
Seus ensinamentos projetam luz sobre o lado científico e o aspecto espiritual dos problemas
relacionados à origem e evolução do homem e do Universo. Tais ensinamentos, contudo, não
constituem um fim em si mesmo, mas um meio para o ser humano tornar-se melhor em todos os
sentidos, desenvolvendo assim o sentimento de altruísmo e do dever, para o estabelecimento da
Fraternidade Universal.
O fim a que se destina a Filosofia Rosacruz é despertar a humanidade para o conhecimento das
Leis Divinas, que conduzem toda a evolução do homem, e, ainda:
(I) explicar as fontes ocultas da vida. O homem, conhecendo as forças que trabalham dentro de
si mesmo, pode fazer melhor uso de suas qualidades;
(II) ensinar o objetivo da evolução, o que habilita o homem para trabalhar em harmonia com o
Plano Divino e desenvolver suas próprias possibilidades, ainda desconhecidas para grande parte
da humanidade;
(III) mostrar as razões pelas quais o Serviço amoroso e desinteressado ao próximo é o caminho
mais curto e mais seguro para a expansão da consciência espiritual.
Foram publicados livros e organizados Cursos por Correspondência para os aspirantes que
desejam estudar as verdades espirituais, mas como auxílio e não como fim em si mesmo, pois o
estudo, em si só, não basta. A teoria precisa da experiência, obtida mediante a prática, para ser
desenvolvida em sabedoria e poder. E, precisamente, a Fraternidade Rosacruz destina-se a
prestar a orientação necessária aos aspirantes, para se chegar à aplicação da Lei Espiritual na
solução dos problemas individuais e coletivos. O Movimento Rosacruz, publica e mundialmente
iniciado pelo engenheiro Max Heindel, é fundamentalmente uma Escola de reforma interna para a
humanidade, uma Escola de desenvolvimento e expansão de consciência, tratando de nossa
origem espiritual e da finalidade de nossa evolução.
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Relativo a outras sociedades Rosacruzes
"É freqüente recebermos cartas de estudantes dizendo o que esta ou aquela sociedade pregam
em relação a uma determinada matéria e perguntam: o que há de verdadeiro nisso? Como
conciliar essas informações com nossos ensinamentos? Porque nossos ensinamentos são
diferentes? Gostaríamos de dizer, de uma vez por todas, que é impossível responder a tais
perguntas, porque não é política da Fraternidade Rosacruz discutir os ensinamentos de outras
sociedades. Divulgar nossos próprios ensinamentos toma todo o nosso tempo e se nossa
literatura for bem estudada, a razão para estes ensinamentos será sempre encontrada. Não
existe nenhuma afirmação feita pela Fraternidade Rosacruz que não seja respaldada pela razão e
pela lógica e estamos sempre desejosos de reiterar e de intensificar esse aspecto. Procuramos
de todas as formas possíveis satisfazer aos estudantes, mas não podemos tomar ao nosso
cargo, rebater ou dar explicações sobre os ensinamentos que integram outras sociedades."
-MAX HEINDEL, "Ecos", Setembro de 1914
Esta nota de Max Heindel representa a nossa política até hoje e embora saibamos que possa
existir um interesse natural em conhecer até que ponto outras organizações ou sociedades
diferenciam -se da nossa ou se assemelham a ela, sentimos que a explicação mais satisfatória de
objetivos, propósitos, política, etc., só pode ser dada pela própria organização. A
FRATERNIDADE ROSACRUZ não tem nenhuma conexão com QUALQUER outra organização;
seguimos o exemplo de Max Heindel e limitamos nossa informação e ensinamentos ao que foi
divulgado na Filosofia Rosacruz, estando certos de que, lendo as explicações dadas por Max
Heindel, apreciarão a nossa atitude.
Cursos por Correspondência
Para poder ajudar os que sentem uma necessidade imperiosa de se preparar de modo inteligente
e respeitoso para o desabrochar de seus poderes espirituais interiores e latentes, a Fraternidade
Rosacruz mantém três cursos por correspondência que fornecem instruções a estudantes de
todo o mundo: Filosofia Rosacruz ( Preliminar e Suplementar ) , Astrologia ( Preliminar, Superior e
Suplementar) e Ensinamentos Bíblicos à Luz da Filosofia Rosacruz.
CURSO PRELIMINAR DE FILOSOFIAROSACRUZ E SUA MATÉRIA
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Este curso está aberto a todas as pessoas. Composto de 12 lições, prepara o Estudante ao
caminho da espiritualidade. Recebidas as respostas das lições, são estas examinadas, corrigidas
e devolvidas ao estudante com respostas impressas para sua comparação. Para este curso fazse necessário o livro básico "Conceito Rosacruz do Cosmos".
Seu estudo compreende a seguinte matéria:
I) Descrição de como a parte invisível do homem ( mente, vontade e emoções) governa suas
ações; as razões de nossos erros, como corrigí-los e, ainda, a chave para o desenvolvimento de
nossas faculdades construtivas.
II) A relação do homem com as demais ondas de vida que evoluem no mundo físico. Este estudo
é tomado como base para a compreensão do sistema evolutivo.
III) O mecanismo do ciclo de vida : os mistérios do nascimento e da chamada morte. Ampla e
sólida explicação de como a Lei do Renascimento não só é possível , como também é uma
necessidade fundamental para a existência do progresso e da justiça no universo.
IV) Aquizição de poderes mais altos e modo de consegui-los, mediante a observação de
princípios básicos e exercícios realizados com o pleno uso de nossa consciência - sem nenhum
tipo de susgestão, negativismo ou processos mecânicos que jamais desenvolverão a verdadeira
espiritualidade.
CURSO SUPLEMENTAR DE FILOSOFIA ROSACRUZ
Composto de 40 lições, são estas enviadas após a conclusão do Curso Preliminar, ocasião em
que o estudante se converte em Estudante Regular da Fraternidade Rosacruz. As lições têm
também suas respostas devolvidas, depois de examinadas e corrigidas. Com este curso, o
Estudante ainda é inscrito na Sede Mundial - The Rosicrucian Fellowship - de onde também
passa a receber correspondência. Depois de decorridos dois anos, o Estudante pode solicitar à
Sede Mundial, o ingresso no Probacionismo, um caminho que proporciona estudos mais
profundos.
CURSO DE ESTUDOS BÍBLICOS À LUZ DA FILOSOFIA ROSACRUZ
Composto de 28 lições, que serão devolvidas ao Estudante depois de revisadas, sem respostas
impressas.
CURSO DE ASTROLOGIA
Dividido em 3 partes:
Elementar , Superior e Superior Suplementar Todas as lições também são devolvidas ao
Estudante depois de examinadas e corrigidas.
A astrologia a que nos referimos não deve ser confundida com quiromancia; trata-se de uma
fase da religião mística tão sublime quanto as estrelas com as quais lida. Para os místicos, as
estrelas não são corpos mortos que se movem no espaço em obediência a chamada lei natural
cega, são encarnações dos "Sete Espíritos diante do Trono", poderosas Estrelas-Anjos que
usam suas benéficas influências para guiar outros seres menos elevados, incluindo a
humanidade, no caminho da evolução.
Há um lado da Lua que nunca vemos, mas essa metade escondida é um fator tão influente na
criação dos fluxos e refluxos quanto sua parte visível. Da mesma forma, há um lado invisível do
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homem que exerce uma influência poderosa sobre a vida e,assim como as marés são reguladas
pelos movimentos do Sol e da Lua, as eventualidades da existência também são medidas pelas
estrelas circulantes que, por essa razão, podem ser chamadas de "O Relógio do Destino", e o
conhecimento de sua importância proporciona um imenso poder; para o astrólogo competente,
um horóscopo revela todos os segredos da vida.
Portanto, quando alguém fornece os dados de seu nascimento a um astrólogo; dá -lhe a chave de
sua alma e não haverá segredo que ele não possa desvendar. Esses conhecimentos podem ser
utilizados tanto para o bem como para o mal, tanto para ajudar ou para ferir, de acordo com a
natureza do homem. Somente a um amigo deverá ser confiada a chave de uma alma e esta
nunca deverá ser entregue a alguém com caráter duvidoso, que prostituirá essa ciência espiritual
por causa de ganhos materiais.
Para um médico, a astrologia é de inestimável valor no diagnóstico de doenças e na prescrição
de um remédio, pois revela a causa oculta de todo sofrimento de uma forma que muitas vezes
deixa perplexo os cépticos e emudece os zombadores.
A opinião de milhares de pessoas é de grande valor, mas não prova nada, pois milhares de
pessoas podem ter opiniões diversas; às vezes, um único homem pode estar certo e o resto do
mundo errado, como quando Galileu afirmou que a Terra estava em movimento.
Hoje, o mundo inteiro se converteu à opinião pela qual ele foi torturado, e afirmamos que, sendo
o homem um ser complexo, as curas só são bem-sucedidas na proporção em que corrigem
efeitos nos planos físico, moral e mental do Ser. Também asseguramos que se pode obter
resultados mais facilmente em determinadas épocas, quando os raios dos astros estão propícios
para a cura de uma doença m particular ou através de tratamentos com remédios previamente
preparados sob tais circunstâncias favoráveis.
Se você for pai, o horóscopo vai ajudá-lo na identificação do mal latente em seu filho (a) e
ensina -lo-á a tomar as devidasprecauções.Mostrará também os pontos bons, para que você
possa fazer do Espírito que lhe foi confiado um homem ou uma mulher melhor. Revelará
fraquezas sistemáticas, o que capacitará você a preservar a saúde de seu filho; ressaltará quais
os talentos que existem e como a vida deverá ser vivida em sua plenitude. Por isso, a
mensagem das progressões estelares é tão importante que não podemos ignorá-las.
A fim de auxiliar os que estão prontos a ajudar a si mesmos, mantemos um Curso de Astrologia
por Correspondência; mas não se engane: não ensinamos quiromancia. Se é isso o que procura,
nada temos para você.
Notas:
1. Só depois de terminado o Curso Preliminar é que o estudante pode simultanemanete ou não,
inscrever-se
nos
demais
cursos.
2. Todos os cursos são inteiramente gratuitos, visto que os gastos são cobertos pelas
contribuições voluntárias, conforme os ditames do coração e as posses de cada um, cumprindose, assim, a lei de DAR e RECEBER.
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Centros e Grupos Rosacruzes no Brasil Associados a The Rosicrucian Fellowship
• Fraternidade Rosacruz Sede Central do Brasil
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Por problemas de ordem técnica, o site da Sede Mundial não está sendo visualizado no Brasil, mas seu conteúdo pode ser
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