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Transcrição

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A Rotunda e o castelo de Tomar. Arquitetura
templária e os modelos de Jerusalém.
TEMPLÁRIOS
•
A 1 de Março de 1160 os Templários mudam a sua sede de Soure
para Tomar iniciando a construção do Castelo conforme dá
testemunho uma longa inscrição epigráfica, comemorativa do
lançamento da obra, lavrada sobre a face lateral de uma lápide
funerária romana em mármore que se encontra embutida sobre a
porta de acesso à Torre de Menagem.
•
A tomada de Lisboa, em 1147, foi um dos sucessos militares mais
importantes de D. Afonso Henriques. Mas apenas foi possível
graças ao apoio de um contingente de cruzados a caminho do
Médio Oriente para participarem na 2ª Cruzada, tal como sucedeu
mais tarde com a conquista de Silves (1189) e de Alcácer do Sal
(1217), respectivamente no contexto da 3ª Cruzada (1189-92) e da
5ª Cruzada (1213-21). Os Templários não faziam milagres.
TEMPLÁRIOS
•
A confiança nos Templários e a necessidade de cortar o acesso dos
ao litoral português através do Alto Alentejo e da Beira Baixa levou
D. Afonso Henriques a entregar-lhes os castelos de Monsanto,
Idanha-a-Velha, Cardiga e Zêzere, entre 1165 e 1169, acentuando
a importância de Tomar para esta rede defensiva.
•
Na década de setenta os Templários reformaram os castelos de
Almourol e Soure e levantaram Torres de Menagem nos castelos de
Pombal e, mais a norte, perto do Vale do Douro, em Penas Róias e
Longroiva.
•
Nos finais do século XII os Templários eram responsáveis por c.20
fortificações, i.e., 10% do total das estruturas deste tipo que
existiam em Portugal na mesma época.
INOVAÇÕES TEMPLÁRIAS
• Os Templários introduziram em Portugal um conjunto de
inovações no âmbito da arquitectura de guerra: a Torre
de Menagem (Tomar, Soure, Pombal), as muralhas de
alambor (Tomar, Soure, Pombal) e o hurdício (Tomar,
Longroiva).
• O alambor foi utilizado nos castelos dos cruzados em
Saône, Margat, Beaufort, Belvoir e no Crac dos
Cavaleiros.
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TOMAR
• A idiossincrasia destas ordens religiosas militares (com
guerreiros e homens de Deus) implicava a hibricidade
dos seus edifícios. Eram necessárias estruturas de
natureza militar e estruturas de oração.
• Tomar é uma das obras primas da arquitectura militar
europeia do séc. XII, conservando-se as muralhas com
alambor e a mais antiga Torre de Menagem levantada
em Portugal, construída entre 1160 e 1169.
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AS 4 ZONAS
DEFENSIVAS DO
CASTELO DE
TOMAR
As etapas construtivas da Rotunda
• A tese mais difundida diz que a construção teria sido
iniciada durante a segunda metade do século XII tendose seguido uma interrupção brusca das obras, atribuída
à incursão almóada de 1190, fazendo-se a retoma e
conclusão do edifício já no século XIII.
• Quanto ao período de conclusão das obras oscila-se
entre os inícios (Lambert, 1940), os meados (Simões,
1942-43; Graf, 1986: 207; Barroca, 1996-97: 197;
Pereira, 2009: 13) ou mesmo os finais do século XIII
(Lacerda, 1942: 365).
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TOMAR
TOMAR
S. Cristóvão
(Coimbra)
SÉ DE COIMBRA
TOMAR
TOMAR
TOMAR
•
Em 1190 al-Mansur liderou um assalto almôada que devastou a
baixa de Tomar. O castelo foi cercado durante 6 dias e tudo o que
se encontrava extramuros foi destruído. Os danos na estrutura
acastelada devem ter sido pequenos.
•
Segundo a maior parte dos autores, a Charola já estaria em
construção. Em todo o caso, este cerco não terá provocado
consequências tão nefastas como as apontadas por muitos autores
(vendo aqui uma justificação para a suspensão prolongada das
obras).
•
Importa reter que esta igreja-torre cilíndrica tinha uma função
defensiva, articulando-se com a Torre de Menagem situada a
poucos metros.
•
•
A especificidade dos edifícios de planta centralizada: espaços de
morte e ressurreição, baptistérios e mausoléus.
Outros edifícios medievais ibéricos de planta centralizada.
– edifícios cristãos
– edifícios islâmicos
•
As ligações a Jerusalém: a Ordem do Templo e o Pseudo-Templo
de Salomão (Mesquita de Omar); a Rotunda do Santo Sepulcro.
TOMAR: SIMBOLISMO
•
Muito se tem escrito sobre a inspiração e o simbolismo desta igreja:
•
1º aspecto a considerar diz respeito à planimetria centralizada,
típica dos espaços de sepultamento e de baptismo (re-nascimento).
Mausoléu de
Teodorico, c. 520
Baptistério de
Lomello (séc. VII)
Mausoléu de Augusto
Mausoléu de Adriano (concluído em 139 d.C.).
Baptistério de S. João de
Latrão, c.440
Ravena, Baptistério dos Ortodoxos (meados séc. V)
Baptistério de Parma, pós 1196
•
TOMAR: SIMBOLISMO
2º aspecto tem a ver com a ligação desta casa à sede dos Templários
em Jerusalém, situada na Esplanada do Templo junto da mesquita
rectangular de Al-Aqsa (designado pelos cruzados como Templum
Salomonis – Templo de Salomão) e da octogonal Cúpula do Rochedo
ou «Mesquita de Omar» (identificada como Templum Domini – Templo
do Senhor), cuja guarda estava entregue aos Templários.
• A partir de 1128 os Templários passaram a ser os
únicos ocupantes da antiga Mesquita de Al-Aqsa e
dos seus espaços anexos, chegando a viver aqui
cerca de trezentos cavaleiros templários.
• Ignorando deliberadamente a origem islâmica do
edifício, os cruzados identificavam a mesquita de AlAqsa como Templum Salomonis, ou seja, Templo de
Salomão, mais por razões topográficas do que por
razões arquitectónicas.
• Embora nunca tenham convertido a mesquita de AlAqsa em igreja, em c.1160 os Templários edificaram
uma pequena igreja neste perímetro, bem como um
claustro e outras estruturas utilitárias, sobretudo para
aprovisionamento de armas e armazenagem de
alimentos.
• Quanto à Cúpula do Rochedo, foi reconvertida em igreja
cristã sendo identificada pelos cruzados como Templum
Domini, ou seja, Templo do Senhor, obliterando o facto
de esta estrutura ser um santuário islâmico. (Mais tarde,
no séc. XV, era identificada como Templum Salomonis)
A Cúpula do Rochedo
• Este templo notável, também conhecido por Mesquita de
Omar, foi concluído por ordem do califa Abd al-Malik em
691-92, depois de uma década agitada em que a
dinastia Omíada perdeu temporariamente o controlo
político e administrativo das cidades santas de Meca e
de Medina.
• O edifício foi criado para abranger uma verdadeira
mega-relíquia comum às três religiões, pois
supostamente seria a rocha onde Abraão esteve prestes
a sacrificar Isaac
Cúpula do Rochedo.
Jerusalém, 688-692
Jacob
Abraão
Maomé (Ascensão e Viagem
Nocturna)
Base do Trono de Deus (JF)
Cúpula do Rochedo:
Associado ao Templo de Salomão (pátio) –
uma memória desse templo; lugar do Sacrifício
de Abraão; Ascensão de Maomé;
Cúpula do Rochedo. Jerusalém, 688-692
Cúpula do Rochedo. Jerusalém, 688-692
A esplanada do Templo no séc. XII
TOMAR: SIMBOLISMO
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3º aspecto. Há ainda que ter em conta a Rotunda do Santo
Sepulcro, em Jerusalém, que marcava a paisagem urbana e o
imaginário dos edifícios de planta centralizada, imbricando-se a sua
imagem e simbolismo nos templos anteriores.
Santo Sepulcro. Jerusalém, c.330 e no séc. XII
Fases construtivas da Anastasis
• Constantino (c.330)
• Patriarca Modesto (614-29) refez a Rotunda
• Imperador bizantino Constantino Monómaco
(1045-48) refez novamente a Rotunda,
restaurou o sepulcro, refez as capelas radiantes
do lado ocidental da Rotunda e acrescentou
capelas radiantes no lado nascente.
• De acordo com a tradição, em 325, Constantino ordenou
a demolição de um templo dedicado a Vénus para dar
lugar a uma igreja cristã, reaproveitando-se diversos
alicerces e muros desse santuário romano edificado por
Adriano em 135.
• Na sequência da demolição descobriu-se um túmulo
escavado na rocha, logo identificado como sendo o
túmulo de Cristo.
Propostas de K.J.Conant, 1956
Mural da Capela do
Calvário.