2010 ULLE, Andréa Cabral
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2010 ULLE, Andréa Cabral
ANDRÉA CABRAL ULLE CARACTERIZAÇÃO DOS ATENDIMENTOS POR CAUSAS EXTERNAS NO PRONTO SOCORRO DE CORUMBÁ CAMPO GRANDE 2010 ANDRÉA CABRAL ULLE CARACTERIZAÇÃO DOS ATENDIMENTOS POR CAUSAS EXTERNAS NO PRONTO SOCORRO DE CORUMBÁ Monografia requisito apresentada como pré- para conclusão de curso e obtenção do grau de especialista em Saúde Pública da Escola de Saúde Pública Dr. "Jorge David Nasser" em parceria com a Fundação Oswaido Cruz. Orientadora: Prof. Msc. Ana Paula de Assis Sales da Silva. CAMPO GRANDE 2010 Dv. Ser;' ilrouca FOLHA DE APROVAÇÃO A monografia intitulada CARACTERIZAÇÃO DOS ATENDIMENTOS POR CAUSAS externas no pronto socorro de CORUMBÁ, apresentada por ANDRÉA CABRAL ULLE, como exigência para a obtenção do grau de Especialista em Saúde Pública, à banca examinadora, na Escola de Saúde Pública "Dr. Jorge David Nasser" em parceria com a Fundação Oswaido Cruz, obteve conceito . BANCA EXAMINADORA NOTA/CONCEITO Ana Paula de Assis Sales da Silva - Departamento de Enfermagem - UFMS. Olinda Maria Rodrigues de Araújo - Departamento de Enfermagem - UFMS. Alex Alexandre Molinaro - Representante da ENSP/FIOCRUZ. Campo Grande, MS, 08 de dezembro de 2010. Dedico esse trabalho à minha família: Márcio, Beatriz, Larissa e Mayara. Amor perfeito, razões do meu viver e estímulos constantes ao meu crescimento pessoal e profissional. AGRADECIMENTO Eu quero te agradecer por tudo o que tens feito, por tudo o que vais fazer, por tuas promessas e tudo o que és: Obrigada Senhor! Aos meus queridos pais que carinhosamente me acolheram "de volta ao lar" para a freqüência as aulas. Ao meu amado esposo que soube compreender e incentivar todos os meus dias ausentes. As minhas lindas filhas que tiveram que se abster da minha presença, muitas vezes sob lágrimas. A minha querida orientadora Prof. Msc. Ana Paula de Assis Sales da Silva pela simpatia e dedicação no auxílio às atividades necessárias à conclusão desse estudo. Aos colegas de sala pela agradável e já saudosa convivência. A todos os funcionários, professores, coordenação e idealizadores do XVI curso de especialização em saúde pública. A Thaís, Dilene e Marina, amigas e companheiras de trabalho, viagens e estudo para que esse momento pudesse se concretizar. Enfim, a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram com a elaboração desse trabalho. RESUMO Este estudo analisou os atendimentos por causas externas no pronto socorro de Corumbá, MS, no período de 15 de março a 15 de julho de 2010, com objetivo de descrever as características desses atendimentos, dados até então desconhecidos no município. Os resultados apontaram para uma maior ocorrência de acidentes e violências no sexo masculino com grande concentração para a faixa etária de 20 a 49 anos, sendo as quedas a principal causa de atendimento acometendo especialmente as crianças. A evolução clínica caracterizou-se em sua maioria pela alta do serviço. A produção desse conhecimento foi importante para apoiar ações estratégicas de prevenção a fim de minimizar essas ocorrências. ABSTRACT This study examined the attendances for externai causes at the emergency roem of Corumbá, MS, in the períod between March 15 and July 15 of 2010 in order to describe the characteristics these attendances, unknown data in the county until this date. The resuits indicated a greater occurrence of accidents and violence in males, with great concentration for the age group 20-49 years, falls being the main cause of the attendances, affecting especially children. The clinicai outcome is mainly characterized by the clinicai discharge. The production of this knowledge was important to support strategic actions of prevention in order to minimize such occurrences. Keywords: Epidemiology, emergency room, externai causes LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Sexo dos pacientes atendidos por acidentes e violências no Pronto Socorro de Corumbá/MS - 2010 20 Tabela 2 - Faixa etária e sexo, dos pacientes atendidos por acidentes e violências no Pronto Socorro de Corumbá/MS - 2010 21 Tabela 3 - Atendimentos por causas externas segundo raça/cor, dos pacientes atendidos por violências e acidentes no Pronto Socorro de Corumbá/MS - 2010 23 Tabela 4 - Atendimentos por causas externas segundo escolaridade, dos pacientes atendidos por violências e acidentes no Pronto Socorro de Corumbá/MS - 2010 23 Tabela 5 - Distribuição dos atendimentos por causas externas, pelo sexo e escolaridade. Pronto Socorro de Corumbá/MS - 2010 24 Tabela 6 - Faixa etária e natureza da ocorrência. Pronto Socorro de Corumbá/MS - 2010 25 Tabela 7 - Evolução Clínica nas primeiras 24 horas para os atendimentos por causas externas no Pronto Socorro de Corumbá/MS - 2010 28 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CEREST - Centro Regional de Saúde do Trabalhador CID - Classificação Internacional das Doenças. DATASUS - Departamento de Informações em Saúde. EACS - Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde ESF - Estratégia de Saúde da Família IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística OMS - Organização Mundial da Saúde. PNAISH - Política Nacional de Atenção Integral a Saúde do Homem PNRMAV - Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências SES - Secretaria Estadual de Saúde SIM - Sistema de Informações Hospitalares SIM - Sistema de Informações de Mortalidade. SMS - Secretaria Municipal de Saúde SUS - Sistema Único de Saúde VIVA - Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes. SUMARIO 1. INTRODUÇÃO 2. REVISÃO DE LITERATURA 10 12 3. OBJETIVOS 4. METODOLOGIA 18 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 20 6. CONCLUSÃO REFERÊNCIAS APÊNDICE A-Instrumento de coleta de dados 36 ANEXO A - Ficha de Notificação/Investigação Individual - Violência Doméstica, Sexual e/ou outras Violências(Anexo A) 37 ANEXO B - Ficha de Notificação de Acidentes e Violências em Unidades de Urgência e Emergência ; 39 ANEXO C- Carta de aprovação do comitê de ética em pesquisa 41 10 1 INTRODUÇÃO As causas externas, que englobam os acidentes e violências, configuram-se como uma importante causa de morbimortalidade, tanto nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento. A Classificação Internacional das Doenças (CIO 10) da Organização Mundial da Saúde (OMS) descreve as chamadas causas externas como causas não- naturais: lesões, envenenamentos e outras conseqüências de causas externas, bem como todos os tipos de acidentes e violências que originam tais lesões (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE,2000). Na Política Nacional de Redução de Morbimortalidade por Acidentes e Violências(BRASIL, 2001) o acidente é classificado como um evento não intencional e evitável, causador de lesões físicas/e/ou emocionais no âmbito doméstico ou nos outros ambientes sociais, como o do trabalho, do trânsito, da escola, de esportes e o de lazer. Os acidentes também se apresentam sob formas concretas de agressões heterogêneas quanto ao tipo e repercussão. Para a Organização Mundial da Saúde (2002, p. 5), "violência é o uso intencional da força ou poder físico, em forma de ameaça ou efetivamente, contra si mesmo, outra pessoa ou um grupo ou comunidade, que ocasiona ou tem grandes probabilidades de causar lesões, morte, dano psíquico, alterações ao desenvolvimento ou privações". Segundo dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde, por meio do Departamento de Informações em Saúde (DATASUS), no ano de 2007 o número de internações por causas externas no território nacional foi de 832.858, e nesse mesmo período a região Centro-oeste foi responsável por 67.917 internações, representando 8,15%, do total de internações nessa região (MINISTÉRIO DA SAÚDE,2010). Essa mesma base de dados contabilizou para o Mato Grosso do Sul 13.880 internações por causas externas das quais 70,12% ocorreram com pessoas do sexo masculino e situaram-se com predominância na faixa etária de 20 a 59 anos. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). Esses dados são construídos com base no sistema de informação hospitalar (SIH-DATASUS) e refletem apenas as internações por causas externas, sendo que 11 são escassas as informações dos agravos à saúde que causam danos a integridade física, mental e social dos indivíduos por essa mesma causa. A cidade de Corumbá possui uma população de 99.467 habitantes de acordo com a contagem populacional de 2009 e é a principal cidade do pantanal. Está localizada no Estado de Mato Grosso do Sul, limitando-se com o estado de Mato Grosso, e os países, Bolívia e Paraguai. Dentro da área de seu município está localizado o município de Ladário, com aproximadamente dezenove mil habitantes. (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2009). A cobertura a saúde no município é estimada em torno de 84%, quando se soma a estratégia de saúde da família (ESF) e a estratégia de agentes comunitários de saúde (EACS), totalizando 21 equipes em ação na atenção básica. As internações pelo Sistema Único de Saúde (SUS) são realizadas em sua maioria no Hospital Beneficência Corumbaense, que é um serviço conveniado com o SUS, e o Pronto Socorro Municipal é um serviço à parte, localizado fisicamente dentro do complexo hospitalar, no entanto a sua clientela é composta apenas por usuários do Sistema Único de Saúde por livre demanda. No Pronto Socorro Municipal são realizados os atendimentos decorrentes de urgências e emergências, com acolhimento de aproximadamente cento e trinta mil habitantes, considerando-se além da população local a circunvizinha, o que inclui os pacientes oriundos da Bolívia. Em Corumbá, observou-se que o pronto socorro municipal poderia ser uma das principais portas de entrada para esse tipo de atendimento, possibilitando a obtenção de informações detalhadas sobre as vítimas, tais como, perfil sòcio- demográfico, características da ocorrência e evolução clínica, dados até então desconhecidos no município. Desta forma, as questões relacionadas ao conhecimento sobre os eventos decorrentes de acidentes e violência foram objeto do presente estudo, no município de Corumbá. 12 2 REVISÃO DE LITERATURA A Organização Mundial da Saúde (OMS) na Classificação Internacional de Doenças (CID 10) denomina como causas externas os acidentes e as violências, que configuram um conjunto de eventos geradores de agravos à saúde. Inclui, portanto, agravos que podem ou não levar a óbito, consideradas acidentais, decorrentes de trânsito, trabalho, quedas, envenenamentos e outros; ou intencionais, devido a agressões e lesões auto-provocadas (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2000). O acidente é caracterizado na Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências (BRASIL, 2001) como um evento não intencional e evitável, que causa lesões físicas e ou emocionais podendo acontecer tanto em âmbito doméstico como sociais, no trabalho, trânsito, escola, local de prática de esportes e lazer. Porém, apesar de se apresentarem sob formas concretas de agravos à saúde, nem sempre se tem com precisão a definição do caráter de intencionalidade do evento, ou seja, sempre existirá certo grau de imprecisão sobre a interpretação dos dados de acidentes e violência. Por esse motivo, assume-se que a política adota o termo acidente, mas retira a conotação fortuita e casual ao fato, considerando que em menor ou maior grau os acidentes podem ser previsíveis e preveníveis. A definição de violência adotada pela OMS é caracterizada pelo: "[...] uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação". (KRUG et ai, 2002, p. 5). A OMS, após a Assembléia Mundial de Saúde em 1997, dedicou-se de •T^aneira mais aprofundada ao tema, demonstrando sua relevância e reunindo no Relatório Mundial sobre a Violência (KRUG et al., 2002), além de uma definição, a tipologia e natureza do ato violento e suas implicações. O principal objetivo desse documento foi ampliar o reconhecimento das causas e conseqüências da violência, apresentando além de dados estatísticos e experiências diversas, recomendações de intervenção para demonstrar as possibilidades de atuação quer seja local, nacional ou internacional, com o foco na prevenção da violência. 13 Esse mesmo relatório categoriza o fenômeno da violência a partir de suas manifestações empíricas e de acordo com as características de quem comete o ato, como: violência dirigida contra si mesmo (auto-infligida) que compreende os comportamentos suicidas e os auto-abusos; a violência interpessoal que pode ser intrafamiliar, a qual ocorre entre os parceiros íntimos e/ou membros da família, principalmente no ambiente da casa, mas não unicamente; e a comunitária definida como aquela que ocorre no ambiente social em geral, entre conhecidos e desconhecidos(KRUG ef a/., 2002). É considerada ainda a violência coletiva relacionada aos atos violentos que ocorrem em âmbitos macro-sociais, políticos e econômicos e caracterizam a dominação de grupos e do Estado e a violência estrutural que se refere aos processos sociais, políticos e econômicos que reproduzem e cronificam a fome, a miséria e as desigualdades sociais, de gênero, de etnia e mantêm o domínio adultocêntrico sobre crianças e adolescentes. Em Muraro (2008) a natureza dos atos violentos pode ser classificada em quatro modalidades de expressão, que também são denominadas abusos ou maus- tratos: física, psicológica, sexual e envolvendo abandono, negligência ou privação de cuidados. De acordo com Minayo (2009) a violência deve ser considerada um fenômeno sócio-histórico, pois não é em si uma questão de saúde pública e nem um problema médico típico, mas afeta a saúde provocando mortes, lesões, traumas físicos e agravos mentais, emocionais e espirituais imensuráveis, culminando na queda de qualidade de vida tanto individual quanto coletivamente. Segundo Malta et ai. (2007), reconhecendo a importância desse problema, o Ministério da Saúde reuniu especialistas envolvidos com o tema, gestores e profissionais do Sistema Único de Saúde - SUS e elaborou já em 2001 a Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências (PNRMAV), um documento que prioriza medidas de prevenção, em sentido amplo, promoção de saúde e atenção adequada à recuperação e reabilitação, quando se fizer necessário. A intersetorialidade e o fortalecimento de ações da comunidade são aspectos utilizados como estratégia básica. Gawryszewski et ai. (2006), discorre sobre os sistemas de vigilância epidemiológica em violência e acidentes que se baseiam no monitoramento de dados do Sistema de Informações de Mortalidade - SIM/DATASUS, já que sua 14 qualidade permite um conhecimento fidedigno das mortes por causas externas e do monitoramento realizado para morbidades, através das informações do banco de dados do Sistema de Internação Hospitalar - SI H/DATASUS. A mesma autora, ao analisar esses dados, ressalta o impacto que as causas externas determinam sobre a vida e a morte dos brasileiros, demonstrando a dimensão do problema social estabelecido. Portanto, os sistemas de informações têm por objetivo subsidiar a vigilância e auxiliar na tomada de decisões (BRASIL, 2008). Segundo dados do Ministério da Saúde (BRASIL, 2008) as causas externas foram responsáveis por 124.935 óbitos no ano de 2006, representando 13,7% do total de óbitos por causas definidas. Constitui-se, portanto, a terceira maior causa de morte dentre a mortalidade da população em geral, superada apenas pela mortalidade por doenças do aparelho circulatório, 32,8% e por neoplasias, 16,7%. As principais causas de óbitos derivam de agressões, seguidas de acidentes de transporte e lesões auto provocadas, mas se analisarmos a mortalidade por ciclos de vida, as agressões são as principais causa de morte entre adolescentes e adultos, e os acidentes de transporte predominam entre crianças e idosos (BRASIL, 2008). Para Imperatori e Lopes (2009), a constatação da falta de registros e até mesmo do reconhecimento de agravos dessa natureza, tanto na atenção básica, como nos serviços de urgência e emergência, inviabilizam o conhecimento da realidade em sistemas locais e comprometem ações de intervenção, bem como estratégias de controle e prevenção. Marchese, Scatenna e Ignotti (2008), afirmam que para o setor saúde é importante a existência de um sistema de vigilância dos agravos por causas externas, não restrito a internações e óbitos, ampliando a possibilidade de conhecimento tanto do perfil da vítima como de fatores que determinam ou influenciam sua ocorrência, permitindo uma intervenção mais rápida e efetiva. Apesar das dificuldades encontradas em se obter registros, algumas pesquisas têm destacado as principais características das vítimas de acidentes e violências atendidas em unidades de urgência e emergência, a análise segundo o sexo, conforme pesquisa de Santos et al. (2008), aponta que 74,78% dos atendimentos eram para indivíduos do sexo masculino, de acordo com o autor, isso 15 demonstra uma coerência com a literatura que aponta altos índices de morbimortalidade masculina por acidentes e violências. Em Alta Floresta, MT, em um estudo descritivo de todos os registros de atendimentos de emergência ocorridos em três meses de 2006, por meio de análise da ficha de notificação compulsória específica para acidentes e violências, predominaram os acidentes, sendo 41,0% caracterizado como de transporte, 26,2% de quedas e 28,7% outros acidentes (cortes, perfurações, lacerações, fraturas, entre outros). Dentre os registros de violência 2,7% foram para agressões e 1,4% tentativas de suicídios(MARCHESE; SCATENNA; IGNOTTI, 2008). Nesse mesmo estudo, as principais características das vítimas tanto de acidentes como de violências, apontam um predomínio para o sexo masculino (70,3%), escolaridade igual ou inferior ao ensino fundamental completo (59,8%) e a idade entre 20 e 39 anos (44,3%). Em relação aos acidentes, explicitando apenas os de transporte, 75% ocorreram entre adultos jovens de 20 a 39 anos, com predomínio do sexo masculino na razão de 2,1:1, sendo a maioria dos acidentados constituída por motociclistas. Como Já mencionado, em Alta Floresta, MT, as agressões e tentativas de suicídio, tiveram freqüência bem menor e as principais características das vitimas de agressão assinalam que 56,3% tinham entre 20 e 39 anos e houve predominância do sexo masculino com razão de 4,3:1. Quanto às tentativas de suicídio, as principais características das vítimas foram sexo feminino (62,5%), idade entre 10 e 19 anos(50%)sendo todas elas por envenenamento/intoxicação. A análise conforme o tipo de causas externas, no estudo de Oliveira e Mello Jorge (2008) que estudou a epidemiologia das causas externas em unidades de urgência e emergência de Cuiabá/MT, destacou que 87,6% dos atendimentos foram por outras causas externas de traumatismos acidentais e acidentes de transporte, sendo que as agressões representaram 8,7% e as lesões auto-provocadas 1,7% da demanda. A exemplo do que se observou no estudo de Alta Floresta, MT, em Cuiabá, município do mesmo estado, a prevalência de homens superou a de mulheres e a maior parte das vítimas eram menores de 40 anos(79%). O Plano Nacional de Redução de Acidentes e Violências, construído com o aporte de atores governamentais e não-governamentais, todavia formalizado pela portaria n. 936 em maio de 2004, dispõe sobre a estruturação da Rede Nacional de 16 Prevenção da Violência e Promoção de Saúde, com a implantação e Implementação de Núcleos de Prevenção a Violência em Estados e Municípios estabelecendo diretrizes e responsabilidades institucionais (BRASIL, 2004). Dessa iniciativa, derivou outra importante fonte de informações de morbidade, o Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA), implantado em 2006 e que teve como principal objetivo a construção de um diagnóstico mais sensível da situação de violências e acidentes, conforme citam Gawryszewski et ai (2006). O sistema VIVA é estruturado em dois componentes, a Vigilância Pontual, Inquérito de acidentes e violências que tem por objetivos, [...] específicos: descrever o perfil das violências (interpessoais ou autoprovocadas) e acidentes (trânsito, quedas, queimaduras, dentre outros) atendidos em unidades de urgência e emergência indicadas pelas SMS em articulação com as SES. Outro objetivo é a análise da tendência das violências e acidentes(BRASIL, 2009, p.36). E o componente de Vigilância Contínua, que contempla a violência doméstica, sexual e/ou outras violências, objetivando: [...] descrever o perfil dos atendimentos por violências (doméstica, sexual e/ou outras violências) em unidades de referência definidas pelas SMS em articulação com as SES, caracterizando o perfil das vítimas, o tipo e local das violências, o perfil do provável autor(a) de agressão, dentre outros. Este componente também tem como objetivo articular e integrar com a "Rede de Atenção e de Proteção Social às Vítimas de Violências", garantindo-se assim a atenção integral e humanizada, a proteção e garantia de direitos humanos(BRASIL, 2009, p.36). Assim, a vigilância epidemiològica das causas externas é uma ação relevante para a sociedade posto que permite, tanto o monitoramento e análise de possíveis mudanças no perfil desses agravos, como contribui para a educação e o planejamento de ações intersetoriais de prevenção a violências e acidentes, promoção de saúde e cultura de paz(BRASIL, 2009). E como afirmam Oliveira e Mello Jorge (2008), Santos et al. ^2008); e Marchese, Scatena e Ignotti (2008), a análise dos agravos à saúde das pessoas que são vítimas das causas externas, mas não necessariamente são internadas ou vão a óbito, tem representatividade e grande relevância no re-conhecimento da magnitude da violência. 17 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL - Descrever as características dos atendimentos por causas externas no Pronto Socorro de Corumbá, MS 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Identificar os aspectos sócio-demográficos das vítimas de violências e acidentes atendidas no serviço. - Conhecer a natureza da ocorrência que levou ao atendimento por acidentes e violências. - Verificar a evolução clínica nas primeiras 24horas após o atendimento. 18 4 METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo (MEDRONHO, et al. 2009) realizado na base de dados do Pronto Socorro Municipal, o único serviço de atendimento médico de urgência e emergência no município de Corumbá-MS. Incluíram-se neste estudo apenas os atendimentos originários de acidentes e violências físicas realizados de segunda a sextas-feiras de 07h00min as 17h00min no período que compreendeu do dia 15 de Abril a 15 de Julho de 2010. Foram excluídos da amostra casos descritos como de violência psicológica e ainda, aqueles que não ocorreram nos dias e horários estipulados para coleta e da totalidade dos atendimentos para análise foram excluídos aqueles que apresentaram campos ignorados para escolaridade e raça/cor. Das 779 fichas de atendimento analisadas, foram considerados objetos desse estudo 333 registros de atendimentos Já que as demais apresentaram falta de registro em itens que faziam parte do conteúdo de inclusão. As variáveis deste estudo foram: sexo, faixa etária, idade, raça/cor, escolaridade, natureza da ocorrência, além da evolução clínica nas primeiras 24 horas. Foi utilizado para a coleta de dados um instrumento (Apêndice A) construído para fins dessa pesquisa, elaborado com base em duas fichas distintas que estruturam os componentes de vigilância contínua e vigilância sentinela por inquérito, duas modalidades de vigilância das violências e acidentes instituídos pelo Ministério da Saúde através da Secretaria de Vigilância em Saúde (BRASIL, 2009). As fichas utilizadas para a construção do instrumento de pesquisa foram: Ficha de Notificação/Investigação Individual - Violência Doméstica, Sexual e/ou outras Violências (Anexo A) que tem por objetivo descrever o perfil dos atendimentos por violências em unidades de referência definidas pelas Secretarias Municipais de Saúde em articulação com as Secretarias Estaduais de Saúde, caracterizando o perfil das vítimas, o tipo e local das violências, o perfil do provável autor (a) de agressão, dentre outros; e a Ficha de Notificação de Acidentes e Violências em Unidades de Urgência e Emergência (Anexo B), que objetiva descrever o perfil das violências (interpessoais ou auto-provocadas) e acidentes (trânsito, quedas, queimaduras, dentre outros) atendidos em unidades de urgência e emergência indicadas pelas Secretarias Municipais de Saúde em articulação com as 19 Secretarias Estaduais de Saúde. Sendo que ambas atendem a legislação específica para essa temática (BRASIL, 2009). Este estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, sendo aprovado sob o protocolo de n.° 1748 em 24 de Junho de 2010(Anexo O). O sigilo quanto à identidade dos usuários do serviço foi um compromisso da pesquisadora e das instituições que representa. Para tal, todos os trâmites deste estudo seguiram a normatização da Resolução 196/96 (BRASIL, 1996), além das declarações de Helsinque, Declaração Universal dos Direitos Humanos e legislação em saúde vigente no Sistema Único de Saúde. Os dados foram tabulados, organizados e analisados no programa Epi Info™ Version 3.5.1, por estatística descritiva (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 2008). 20 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Na análise em relação ao sexo das vítimas de causas externas no município de Corumbá, como pode ser observado na Tabela 1, houve predomínio do sexo masculino 215 (64,6%) sobre o sexo feminino 118 (35,4%), sendo a razão masculino/feminino de 1,8. Tabela 1 - Sexo dos pacientes atendidos por acidentes e violências no Pronto Socorro de Corumbá/MS - 2010. Sexo Masculino N.° % 215 64,6 35,4 100,0 Feminino 118 Total 333 No estudo de Santos et ai (2008), realizado no Pronto Socorro de um Hospital Universitário do interior do Rio Grande do Sul, de um total de 468 registros, 350(74,78%)foram para o sexo masculino. Corroborando ainda com os achados desse estudo. Filho e Mello Jorge (2007), encontraram resultados similares, onde a proporção de homens (70,8%) superou a de mulheres(29,2%) nos 380 pacientes vitimados por causas externas atendidos em um serviço de urgência em Pouso Alegre/MG. O estudo de Souza (2005) faz uma reflexão sobre a condição masculina diante da violência e propõe que é preciso ressaltar que essa relação entre masculinidade e violência que se expressa tanto nos dados de morbidade como nos de mortalidade, ultrapassando as fronteiras do subjetivismo, da superioridade, calcada na força, na competição, no machismo, é fortemente influenciado por determinantes socioeconômicos e culturais que de alguma maneira potencializa a associação entre o ser masculino e a violência. A Política Nacional de Atenção Integral a Saúde do Homem (BRASIL, 2009b) já prevê em seus princípios e diretrizes uma atuação específica para a questão causas externas, tanto no que se refere à morbidade como a mortalidade e, ainda pelo fato do homem ora ser considerado uma das principais vítimas ora perpetrador de violência. Conforme afirma Souza (2005), "O homem é mais vulnerável à violência, seja como autor, seja como vítima. Os homens adolescentes e Jovens são os que mais sofrem lesões e traumas devido a agressões, e as agressões sofridas são mais graves e 21 demandam maior tempo de internação, em relação às sofridas pelas mulheres" Analisando a faixa etária cabe ressaltar que se optou,pela distribuição por ciclos de vida, considerando cada ciclo de acordo com a legislação vigente, sendo a Lei 8069/1990 — Estatuto da Criança e do Adolescente, que explicita no Art. 2° que "... Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade". (BRASIL, 1990). E para idosos a Lei n.° 10.741/2003 - Estatuto do Idoso que explicita em seu Art. 1.° que "... É instituído o Estatuto do idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos". (BRASIL, 2003). Sendo o intervalo de 19 a 59 anos compreendido como o ciclo de vida adulto. Nesse contexto a tabela 2 mostra uma maior concentração na idade adulta (49,8%), seguido dos atendimentos para as crianças (32,1%), adolescentes (11,7%) e por último os idosos (6,3%). Observou-se ainda que em todos os ciclos de vida prevaleceram os atendimentos para o sexo masculino. Tabela 2 — Faixa etária e sexo, dos pacientes atendidos por acidentes e violências no Pronto Socorro de Corumbá/MS - 2010. ^ Faixa Etária Sexo — Adulto Criança Adolescente Idoso Total Masculino N % Feminino N % 50,7 31,2 12,1 13 6,0 215 100,0 109 67 26 Total N % 48,3 166 33,9 13 11,0 8 6,8 118 100,0 107 49,8 32,1 11,7 6,3 100,0 57 40 39 21 333 A representatividade da idade adulta ter prevalecido nesse estudo, condiz ^om outras realidades já pesquisadas. Apesar de muitos estudos caracterizarem suas populações por faixas etárias, a concentração de vítimas de causas externas vem demonstrando que é na fase adulta, que ocorre uma maior concentração desses eventos, conforme apontam Marchese, Scatena e Ignotti (2006), em estudo realizado em Alta Floresta com base nos registros de atendimentos de três meses em um serviço público de atenção às emergências, onde dos 583 casos 44,3% tinham entre 20 e 39 anos. Sérgio Jíroiwa 22 Soares, Scatena e Galvão (2009), apresentaram resultados similares onde em 2.532 atendimentos ocorridos durante um mês, nas unidades de emergência da Grande Cuiabá-MT, sobressaíram-se o sexo masculino (66,5%) na faixa etária de 20 a 39 anos (40,2%). Apesar da nossa opção por caracterizar a amostra por ciclos de vida, observando a distribuição dos dados, constatamos que na faixa etária de 20 a 49 anos, adulto jovem, está concentrado o maior número de pessoas atendidas por causas externas representando 41,92% da população atendida no período se assemelhando aos achados do estudo de Santos et ai (2008) que descreve um maior valor quantitativo para a faixa etária de 20 a 39 anos correspondendo a 45,93% da população deste estudo. Mesmo com os resultados evidenciando a população masculina na faixa etária adulta como as maiores vítimas de causas externas no período estudado em Corumbá, entende-se que as crianças, mulheres e idosos, em geral sofrem violências em espaços domésticos que muitas vezes nem chegam aos serviços de saúde. Desta forma, a diferença entre os tipos de violências e as características de quem as sofre, são fatores de destaque em nossos achados. Com relevante expressão o número de crianças 107 (32,01%) vitimadas por causas externas nesse estudo também revela uma predominância para o sexo masculino 67 (62,62%), semelhante ao estudo de Cavalcante et a/.(2008) que analisou as características epidemiológicas de morbidade por causas externas em crianças e adolescentes de O a 17 anos em Campina Grande — PB, onde se verificou uma freqüência maior de vítimas do sexo masculino (63,6%). Para Martins e Andrade (2005), o deslocamento das causas externas para faixas etárias cada vez mais jovens tem despertado em todo o mundo a necessidade cie estudos sobre esses eventos na população infanto-juvenil. Também relevante para esse ciclo de vida, chamou a atenção no estudo de Oliveira e Mello Jorge (2008) o fato de que menores de 10 anos representaram 18,0% de todos os atendimentos, sendo o segundo grupo mais freqüente. No que se refere à variável raça/cor (tabela 3), houve predomínio da cor parda (78 1%) ® ® importante observar que esses dados não foram coletados conforme a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística que considera o padrão da auto atribuição, onde a pessoa atendida é quem declara a sua raça/cor da pele, no estudo realizado a base de dados, planilhas oficiais do 23 serviço, foram preenchidas por profissionais que por observação do paciente assinalaram uma das alternativas de raça/cor. (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010) Tabela 3 - Atendimentos por causas externas segundo Raça/cor dos pacientes atendidos por violências e acidentes no Pronto Socorro de Corumbá/MS -2010. Raça/cor N.° % Parda Branca Preta 260 63 10 78,1 18,9 3.0 Total 333 100,0 De acordo com os dados do Sistema de Vigilância das Violências e Acidentes — VIVA, que analisou os resultados do VIVA em municípios selecionados nos anos 2006 e 2007, quanto a raça/cor da pele ficou evidenciado que as pessoas de cor de pele parda representaram a maior proporção dos atendimentos tanto nos eventos acidentais (52,6%) quanto nos eventos violentos (55%).(BRASIL, 2009a) E podemos observar que a caracterização por raça/cor nos atendimentos em Corumbá está condizente com os estudos de Mascarenhas e Pedrosa(2008) onde de 388 registros de atendimentos de emergência por violência em serviços públicos, predominaram as vítimas de cor parda totalizando 63,2% da amostra. Quanto à escolaridade (Tabela 4), observa-se que as vítimas de violência possuíam em sua maioria o equivalente ao ensino fundamental incompleto 198 (59,45%), com 38 pessoas com ensino médio completo (11,4%) e apenas 3 com ensino superior completo (0,9%). Tabela 4 — Atendimento por causas externas segundo escolaridade dos pacientes atendidos por violências e acidentes no Pronto Socorro de Corumbá/MS 2010. Escolaridade N.® % Sem escolaridade 57 5 3 17,1 33,6 4,2 21,3 3,9 6.0 11.4 1,5 0.9 333 100,0 1 ao 5° ano incompl. EF 112 6.° ano completo do EF 14 6.° ao 9° ano Incompl. EF Ensino fund. completo Ensino médio incompleto 71 20 Ensino médio completo 38 Ensino superior incompleto Ensino superior completo Total 13 24 O estudo de Mascarenhas e Pedrosa (2008) teve achados semelhantes, pois demonstra que 42,4% das vítimas informaram ter concluído entre 5 e 8 anos de estudos, o que corresponde ao ensino fundamental incompleto. Para eles, esse é um aspecto muito importante, mas o baixo nível escolar observado não explica por si só a ocorrência da violência, pois os mesmos não verificaram relação inversa entre a ocorrência de violências e o número de anos de estudo da vítima. Considerando ainda os dados analisados pelo sistema VIVA, quanto à escolaridade, as maiores proporções de atendimentos foram observadas entre as pessoas que cursaram o ensino médio completo ou incompleto 12.042 (28,9%) nos casos de acidentes. Entre os atendimentos por violência, a maior parcela das vítimas tinha concluído da 5® à 8® série do ensino fundamental 1.434 (29,5%). Sendo que a menor proporção de atendimento ocorreu entre as pessoas com maior nível de escolaridade, assim como se demonstra em nosso estudo. Em complementação a essa análise, quando se faz o cruzamento das variáveis sexo e escolaridade, observa-se na tabela 5 que há um predomínio para a escolaridade equivalente ao ensino fundamental incompleto totalizando 198 pessoas (59,45%) atendidas, sendo que se contabilizou 134 para o sexo masculino (67,7%) enquanto que apenas 64 representam a população feminina (32,3%). Tabela 5 - Distribuição dos atendimentos por causas externas, pelo Sexo e escolaridade no Pronto Socorro de Corumbá/MS - 2010. Sexo Feminino Masculino N % N % Sem escolaridade 29 24,6 27 1.° ao 5° ano incompl. EF 36 4 30,3 77 24 3.4 20,2 47 4 3.4 9 4 3,4 11,8 1.7 0.8 35,6 16 24 12,6 35,8 4,7 21,9 4,2 7,4 11,2 1.4 0,9 64,4 Escolaridade 5.° ano completo do EF 6.° ao 9° ano incompl. EF Ensino fund. completo Ensino médio incompl. Ensino médio completo Ensino superior incompl. Ensino superior completo Total 14 2 1 118 10 3 2 215 Total N % 56 17,1 33,8 4,2 21,3 3.9 6,0 11,4 1.5 0.9 100,0 113 14 71 13 20 38 5 3 333 Quanto à natureza da ocorrência, considerando que os dados da planilha oficial utilizada no serviço foram a base para esse estudo, é preciso fazer uma observação para a nomenclatura que utilizamos na classificação dos dados, haja vista na maioria dos estudos as causas externas serem classificadas primeiramente 25 por uma divisão entre acidentes e violência, esta última englobado as agressões e lesões auto provocadas, sendo que em geral são feitas sub-divisões quanto ao tipo de ferimento, não considerando especificamente os acidentes de trabalho como um item, a não ser em pesquisas restritas ao tema. Porém, a nomenclatura encontrada nos registros do serviço em questão, expressa mais precisamente a causa e não o tipo de ferimento, destacando os acidentes de trabalho até mesmo como uma forma de ampliação dos registros do Centro Regional de Saúde do Trabalhador - CEREST daquela localidade. Deste modo, na variável natureza da ocorrência (Tabela 6), é possível observar que de 333 atendimentos 316 foram para acidentes (94,9%) sendo apenas 17 para violência (5,1%), o que demonstra pouca expressão para o total de registros. Esse cenário também se fez presente no estudo de Marchese, Scatena e 'gnotti (2006), onde de 583 ocorrências, 559(95,9%)foram decorrentes de acidentes e 24(4,1%) por violência. Tabela 6 - Faixa etária e natureza da ocorrência. Pronto Socorro de Corumbá/MS 2010. Faixa Etária Criança N Natureza da Ocorrência"^ 62 Outros ferimentos Acidente motociclístico 11 1 Ferimento com obj.cortante Mordedura de animal 6 10 6 Agressão física 3 1 Acidente automobilístico Ferimento com obj. contundente 57,9 - Acidente ciclístico 2 3 10,3 0.9 5.6 Adulto N % 26 7.7 3 7.7 48 14 21 1 2 5.6 2.8 0.9 1.9 2.8 4 1 0,9 Lesão auto-provocada 1 0,9 - 107 51.3 3 20 9.3 Atropelamento Ferimento por arma de fogo Total Adoiesc. N % N Idoso % N Total % — Queda Acidente de trabalho Queimadura % 100,0 1 3 2.6 5.1 10,3 2,6 7.7 - - 1 1 2.6 2,6 - 39 100,0 13 7 15,7 28,9 8.4 12,7 7.8 4.2 15 1 1 71,4 4.8 4.8 - - 1 4.8 7 12 4,2 10 6,0 1 5 3.0 1.8 1 4.8 4.8 1 4.8 3 - - 166 100,0 52 29 22 20 5.1 4.8 15 4,5 8 4,0 6 1.8 2 0.6 2 0,6 1 0,3 333 100,0 17 7,2 - 36,9 15,6 8.7 6.6 6.0 20 6,0 123 - - - - 21 100,0 16 Dentre os casos de violência, diferente do que se observou para as vítimas de acidentes, a população mais atingida foi de adultos do sexo feminino com 7 casos(58,3%). Apesar dessa maioria, isso pode estar diretamente relacionado ao fato da violência contra as mulheres ficar mais restrita ao ambiente doméstico e nem sempre ser contabilizada pelos serviços de saúde. 26 Mas, como bem observou Schraiber et al., (2002) em seu estudo sobre violência contra a mulher em uma unidade de atenção primária à saúde, os serviços básicos de saúde são importantes na detecção do problema, porque têm, em tese, uma grande cobertura e contato com as mulheres, podendo reconhecer e acolher o caso antes de incidentes mais graves. Apesar disto, a violência nas relações de gênero não é reconhecida nos diagnósticos realizados nos serviços de saúde, sendo problema de extrema dificuldade para ser abordado. Corroborando com nossos achados, nos estudos de Oliveira e Mello Jorge(2008) as agressões (8,7%) também representaram apenas uma pequena parcela dos atendimentos, havendo maior concentração nos atendimentos por acidentes(87,6%) e uma demanda mínima para as lesões auto-provocadas(1,7%). Observando as freqüências por natureza da ocorrência para os acidentes, as quedas 123 (36,9%) foram às principais causas de atendimento, seguidas por acidentes de trabalho 52 (15,6%) e atendimentos por outros tipos de ferimentos 29 (8,7%). No nosso estudo, outros ferimentos, de acordo com a observação direta a cada um dos formulários, significam dizer ferimentos por objeto perfurante, choque contra objetos ou pessoas e picada de animais peçonhentos, com destaque para os escorpiões. O sistema VIVA, é uma estratégia útil para detalhar os casos menos graves e sobre os quais não existiam dados, pois se refere aos casos que não seriam registrados pelos tradicionais sistemas de informação em saúde do país. Considerando os resultados desse sistema em municípios selecionados nos anos 2006 0 2007, foram registrados 16.768 atendimentos de emergência por quedas, dos quais 9.492 (56,6%) ocorreram entre homens e 7.276 (43,4%), entre mulheres (Brasil, 2009). Em relação às quedas, as crianças 62 (57,9%) representaram mais da •Metade dos casos atendidos por natureza da ocorrência. Nos estudos de Mattos (2001) as quedas também representaram a principal causa de atendimento Pediátrico por causas externas e para Martins e Andrade(2005) a principal causa de atendimento em pronto-socorro e de internações não fatais, também constituem a causa mais freqüente dos acidentes infantis. Muito importante também de ser lembrado é o fato das quedas encobrirem a verdadeira causa do ferimento, como muito bem caracterizado a seguir; 27 "[...] as quedas são, a nosso ver, um elemento "curinga" que atua sinergicamente com variadas formas de violências, renomeando-as e travestindo-as de "acidentalidade". Pode ocultar uma situação de violência doméstica; pode esconder o abandono e a solidão imposta aos idosos (como num dos casos em que uma senhora sofreu uma queda em seu apartamento e ficou três dias caída no chão até que alguém, percebendo sua ausência, arrombou a porta e prestou-lhe socorro); e também mascarar as precárias condições de trabalho que desprezam a integridade física, especialmente dos trabalhadores da construção civil e das empregadas domésticas[...]".(DESLANDES, 1999, p.87). Não obstante, é importante compreender as proporções que um acidente por queda podem representar para uma criança, no estudo de Koizumi et ai (2001), foram analisadas as internações de crianças nos hospitais próprios ou conveniados com o Sistema Único de Saúde (SUS) por lesões de crânio, sendo que quando se considerou as causas externas, as quedas constituíram o mais importante grupo de acidentes, com 61,2% do total de internações. Ainda considerando a faixa etária, a queda foi o principal motivo de atendimento aos idosos representando que em sua maioria, os idosos que receberam atendimento no pronto socorro municipal de Corumbá, sofreram algum tipo de queda. De acordo com Perracini e Ramos(2002), o aumento da proporção de idosos na população brasileira traz à tona a discussão a respeito de eventos incapacitantes nessa faixa etária, dos quais destaca- se a ocorrência de quedas, bastante comum e temida pela maioria das pessoas idosas por suas conseqüências, especialmente a fratura de quadril. Cerca de 30% dos idosos em países ocidentais sofrem queda ao menos uma vez ao ano; aproximadamente metade sofrem duas ou mais quedas. Além de possíveis fraturas como conseqüências de queda em idosos, gerando custos para o sistema de saúde, salienta-se o aumento das hospitalizações. De acordo com o estudo de Ribeiro et a/.(2008) em 2005, aconteceram 61.368 hospitalizações por queda de pessoas com 60 anos ou mais, representando 2,8% de todas as internações de idosos no país e 54,4% das internações por todas as lesões 0 envenenamentos neste grupo etário. Ainda nesse estudo. Ribeiro et a/.(2008) concluem que as quedas na população idosa determinam complicações que alteram de maneira negativa a qualidade de vida dessas pessoas, mas a sua ocorrência poderia ser evitada com medidas de prevenção adequadas, respeitando a Política Nacional dos Idosos 28 promovendo um envelhecimento saudável e implementando programas que trabalhem tanto a conscientização da sociedade como dos idosos em medidas que diminuam os riscos de queda, algo classificado pelos autores como imperioso e urgente. Em Corumbá, considerando as internações por faixa etária segundo o grupo de causas para o ano de 2009, de um total de 637 internações as quedas figuram como principal motivo, sendo que as crianças (129) representam 20,25%, enquanto os idosos (101) representam 15,85% desta população (BRASIL, 2010). A segunda maior freqüência de atendimentos por natureza da ocorrência no pronto socorro de Corumbá foi por acidentes de trabalho(15,6%), no estudo de Conceição et a/.(2003) dentre o total de atendimento por causas externas(215) foram selecionados e classificados como acidentes de trabalho 68 prontuários(31,6%). Ainda segundo esse mesmo autor, esses registros de serviços de emergência podem ser uma importante fonte de informação dos acidentes de trabalho, sendo a extensão das ações de vigilância para estes locais um importante passo para melhorar o conhecimento da magnitude de ocorrência desses eventos na população. Os dados referentes à evolução clínica (Tabela 7) para os atendimentos desse estudo tiveram como principal prognóstico a alta do serviço o que totalizou 249 pacientes (74,7%), foram encaminhados para o serviço ambulatorial 46 pessoas (13,8%), enquanto 30 deles necessitaram de internação hospitalar (9,0%). Tabela 7 - Evolução Clínica nas primeiras 24 horas para os atendimentos por causas externas no Pronto Socorro de Corumbá/MS - 2010. Evolução Clínica (Primeiras 24h) N.° % Ignorado 249 46 30 7 1 Total 333 74.7 13,8 9.0 2.1 0.3 100,0 Alta Encaminhamento ambulatorial Internação Hospitalar Encaminhamento para outro serviço Semelhante aos nossos resultados em relação à evolução clínica de vítimas de acidentes e violências, de 583 atendimentos estudados por Marchese, Scatena e Ignotti (2006), 486 (83,4%) tiveram alta após o atendimento na unidade de emergência, 90(15,4%)foram internadas. 29 No estudo de Oliveira e Mello Jorge(2008) 90% das vítimas receberam alta logo após o atendimento nas unidades de urgência e emergência do município de Cuiabá, MT. Considerando os resultados do VIVA, observa-se que quanto à evolução dos casos após o atendimento de emergência inicial, 64,4% receberam alta, 17,9% foram transferidos para internação hospitalar e 13,6% foram encaminhados para acompanhamento ambulatorial. Houve registro de fuga/evasão em 0,7% dos atendimentos e o percentual de óbitos foi de 0,2%.(BRASIL, 2009). Estudos específicos são alternativos para se obter dados referentes à evolução nas emergências, mas são poucos os trabalhos que caracterizam essa variável, tendo a maioria dos estudos apenas o perfil sócio-demográfico das vítimas, características da ocorrência e lesão respectivamente, comprometendo assim uma análise mais aprofundada para o tema em questão. 30 4 CONCLUSÃO No presente estudo o sexo masculino foi o mais prevalente em vitimizações de acidentes, em especial na faixa etária adulta. Nas mulheres prevaleceram as violências como maior fator de atendimento. Outro fator relevante, diz respeito às crianças representarem a segunda faixa etária de maior vitimização por acidentes e violências, sendo alta a proporção de quedas para esse ciclo de vida, e tendo sido a principal causa de acidentes do estudo em geral, essa característica do estudo indica a necessidade de se planejar intervenções e até mesmo novos estudos para determinar os principais fatores de risco de acidentes no município. Ainda em relação às quedas, para a população de idosos, esse foi o principal motivo de atendimento demonstrando uma necessidade premente de ações de prevenção a acidentes, especificamente ás quedas de própria altura, prevalente nessa faixa etária. Destaque especial, na análise por natureza da ocorrência foi para a verificação de diversos acidentes de trabalho aqui reconhecidos como aqueles ocorridos no local ou no trajeto do trabalho e conforme informação prestada pelo paciente, independente do vínculo de trabalho ser formal ou informal. Entendemos que a expressividade dessa variável pode contribuir na atuação da equipe profissional do Centro Regional de Saúde do Trabalhador - CEREST, na organização da atenção a essa população A baixa escolaridade, fator esse que pode ser vinculados a maiores vulnerabilidades sociais e conseqüentemente a dificuldades de acesso a saúde, também chamou-nos a atenção na população atendida no Pronto Socorro de Corumbá. Diversos estudos citados ao longo dessa pesquisa e que vieram corroborar com seus resultados, apresentam relações diretas entre baixa escolaridade, raça/cor parda ou preta e faixas etárias muito jovens e/ou de idosos, como aquelas que estão mais vulneráveis a acidentes e violências. Nesse sentido, entende-se que o fato de acidentes e violências serem incluídos na agenda do setor saúde, exige desse uma inter-relação com demais setores da sociedade e uma maior apropriação de saberes referentes aos 31 Determinantes Sociais da Saúde, pois discutir acidentes e violências vai além do fato de revelar a sua epidemiologia. Relaciona-se com o cotidiano das pessoas e em espeçial com a diminuição das iniqüidades em saúde, problemática complexa que demanda compromisso social de todos os atores envolvidos, incluindo os usuários do SUS para apropriação de seus problemas e participação efetiva em sua resolutividade. O estudo não teve a pretensão de esgotar todas as possibilidades nessa temática no serviço e município, as limitações de sua metodologia podem ser fator que não permitiram um maior aprofundamento e resultados mais refinados. Uma das limitações encontradas foi o alto índice de exclusão de atendimentos a serem analisados devido ao déficit de registros nas planilhas do serviço, sendo utilizados apenas 333 dados de atendimento de um total de 779 compreendidos no período pesquisado. Sugerimos aos gestores do serviço que seja dada maior importância ao registro adequado das informações do atendimento para que não se percam dados fundamentais a uma análise mais ampliada dos agravos por causas externas nesse serviço de emergência. No entanto, através dos seus resultados foi possível verificar quais as necessidades mais percebidas na população durante o atendimento por acidentes e violências, podendo predispor aos gestores em saúde e outros setores de gestão do município ações que melhorem e minimizem esse agravo em saúde. A coleta rotineira e sistematizada de dados sobre causas externas em unidades de urgência e/ou emergência, bem como o conhecimento do perfil da população para essas variáveis pode se tornar uma importante fonte de informações •ocal, subsidiando ações educativas e de prevenção a violências e acidentes. Nessa trajetória, observou-se a necessidade de estabelecer a relação entre ®stes eventos, acidentes e violências, e ações de planejamento que incluam ^'v©rsos atores sociais com vistas a minimização dos mesmos. 32 REFERENCIAS BRASIL. Lei n° 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 jul. 1990. Disponível em: <http://www.planalto.qov.br/CCIVIL/Leis/L8069.htm>. Acesso em: 15 out. 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Resolução 196/96 de 10 de outubro de 1996. Brasília, 1996. 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JS. s | | 3Í.IOM9E a) criança d} üdoso b] adolsscsfite e} ^o«ada> c} adulta- cj ^norado 1 \ 1 ±mA 1 ZJwás j ^ UAÇA/COR OA I^IE ■ • -idHfe-!,. r ■,' a} branca c} amarela e} indiana bj |p(ieta d) parda f| ^^torado S. ESDOIAJIIOAOE miy^ a} setneacalaTidade j | e^emònotftüral. b] l*" aa<5 ana | | f}e!rBÍnG> médio BSii d) ô^® ao9® ano | | }i)em4no supedbr incon^ifeto. .'■/'íS; '"'V; ãncompu EF c} 3^anoca<iT|i>Í!t)a< '•'■A'S\i'X- i da.O= ãnccxT^fcto. EF coorple^ | 1 | 1 1 |i^ a} acidefils autocnnQbãtklxE» j j 7« NATUiREZAOA O€3ORK0lÍlOA b) add-site câcáslãba' Aí-iasá IjflSH f'-l j f} feriirent» oom dh§- con-tundefils j Sj fefãnsitocombbg. c} acãiente !nnKyla> e^istico | | ti^ferimen^bipo^-arma cortante defogo i 1 | | | | | | | | | | 1 1 j j 1 1 Ic) queda j j 3) queãmzivtra m} moadeduiiade anõinaâ j | | 1 dlatrapelamento j j ã} Isao airt)opre»o€ada | | n} sg^ressão Ivba <s} acüenis de tn;i>alho j j |}. iDu?te>s t^pcB de feíãmoitas j j □ 7.JEVOlüUÇÃÒ CMNIi^^ a} ãâta d}eitf^ã)^fuga j | SJ ^^oâ^o b) eneanniin, ambulartarál | j e}encanFiin.p/out.serv. | | irt co^rpleto U i^orzio xnoaffnpfctau 1 1 | ~1 jg} ensino oredio 1 1 cosipãeto. \ ^ oisàiost^fior f]. âiito 1 j 37 ANEXO A - FICHA DE NOTIFICAÇÃO/INVESTIGAÇÃO INDIVIDUAL VIOLÊNCIA DOMÉSTICA,SEXUAL E/OU OUTRAS VIOLÊNCIAS República Federativa do Brasil Ministério da Saúde SINAN SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO FICHA DE NOTIFICAÇÃO / INVESTIGAÇÃO INDIVIDUAL VIOLÊNCIA DOMÉSTICA,SEXUAL E/OU OUTRAS VIOLÊNCIAS Definição de caso: Suspeita ou confirmação de violência. Considera-se violência como o uso intencional de força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade que resulte ou tenha possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação (OMS, 2002). Atenção: Em casos de suspeita ou confirmação de violência contra crianças e adolescentes, a notificação deve ser obrigatória e dirigida aos Conselhos Tutelares e/ou autoridades competentes (Juizado da Infância e Juventude e/ou Ministério Público da localidade), de acordo com o art. 13 da Lei no 8.069/1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. Também são considerados de notificação compulsória todos os casos de violência contra a mulher (Decreto-Lei no 5.099 de 03/06/2004, Lei no 10.778/2003) e maus tratos contra a pessoa idosa (artigo 19 da Lei no 10.741/2003). 1 Tipo de Notificação 2 - individual .a u 2 Agravo/doença Código (CID10) VIOLÊNCIA DOMESTICA, SEXUAL E/OU OUTRAS VIOLÊNCIAS Y09 4 UF , 5 Município de notificação 3 Data da notificação Jt: 1 I Código (IBGE) •o ca (=) Código (CNES) 6 Unidade de Saúde (ou outra fonte notificadora) I 1 I 7 I Data da ocorrência da violência I I |10 (ou) Idade 1 - Hora 2-Dia 8 O l-ITrimestre F - Feminino 3-Mès 2-2'Tnmestre I I I I L 5-Não _i I I I i I I r S-STrimestre 4- Idade gesladonal Ignorada I • Ignorado 14 Escolaridade O-Analfabeto 1-1' a 4* série Incompleta do EF (antigo primário ou '—- 13^ Raça/Cot 6- Não se aplica 9-lanorado grau) 1-Branca 4-Parda 2-Preta 3-Amarela S-Indígena 9- Ignorado 2-4* série completa do EF (antigo primário ou 1° grau) 3-5* à 8* série Incompleta do EF (antigo ginásio ou grau) 4-Ensino (undamental completo (antigo ginásio ou grau) S-Ensino médio incompleto (antigo colegial ou 2^ grau) 8-Ensino médio completo (antigo colegial ou 2^ grau) 7-Educação superior incompleta 8-Educação superior completa 9-lgnorado 10-Não se aplica 1= *.3 Z 12 Gestante 111Sexo M - Masculino 4 - Ano ■a i ^ Data de nascimento 8 Nome do paciente 15 Número do Cartão SUS 16 Nome da mãe li 17 UF 18 Município de Residência Código (IBGE) Cl. A I •a 3 22 Número ai I I I 21 Logradouro (rua, avenida,...) 20 Bairro ^ Distrito l I V I 29' Zona 1 - Urbana i I I sol País (se residente fora do Brasil) 2 - Rural I_ 3 - Períurbana 9 - Ignorado 1 1 1 1 - I I ^ CEP y 26 Ponto de Referência 28 (DDD) Telefone 1 ^Geo campo 1 23 Complemento (apto., casa, ...) 25 Geocampo2 Código I Dados Complementares •a 31 Ocupação •3 B â ■< 1 - Solteiro 3 - Viúvo 2 - Casado/união consensual 4 - Separado O, "ã •a 3^. Relações sexuais 32 Situação conjugai / Estado civil 8 - Não se apiica 9 - Ignorado 1 - Só com homens 3 - Com homens e mulheres 2 - Só com mulheres 8 - Não se aplica 35 Se sim, qual tipo de deficiência /transtorno? 34 Possui algum tipo de Física deficiência/ transtomo? Mental 1- Sim 2- Não 9- Ignorado í Visual Auditiva 1 ! i Transtomo de comportarriénto Código (IBGE) 1 1 39 Bairro a I 41 Número -3 i 1 1 43j 42 Complemento (apto., casa, ...) campo 3 JV 46 Zona 45 Ponto de Referência 1 - Urbana 2 - Rural 3 - Periurbana 9 - Ignorado 1 48 Local de ocorrência 07 - Comércio/serviços 02 - Habitação coletiva os - Indústrias/construção 09 - Outro 03 - Escola 06 - Via pública 99 - Ignorado Violência doméstica, sexual e/ou outras violências Sinan NET Síndromes 1 Código 1 1 1 1 1 . 44] Geo campo 4 J V J 47j Hora da ocorrência 04 - Local de prática esportiva 05 - Bar ou similar 01 - Residência ' ^ Outras deficiências/ |38[ Distrito 40 Logradouro (rua, avenida,...) V 0 1- Sim 2- Não 8-Não se aplica 9- Ignorado 1 , Transtomo mental 36 UF 37 Município de ocorrência 9 - Ignorado (00:00-23:59 horas) 49 j Ocorreu outras vezes? 1 - Sim 2 - Não 9 - Ignorado 50! A lesão foi autoprovocada? 1 - Sim 2 - Não SVS 9 - Ignorado 10/07/2008 51 Tipo de violência DO B O <ei "S !§ 1-Sim 2-Não 9-ignorado 1- Sim 52 Meio de agressão Física Tráfico de seres humanos Força corporal/ Obj. pérfuro- Psicológica/Moral Financeira/Econômica Intervenção legal espancamento rtf-*cortante Negligência/Abandono Outros Enforcamento Substância/ Tortura Sexual Arma de fogo Ameaça Obj. quente Obj. contundente Trabalho infantil 2- Não 9- Ignorado Outro Envenenamento 53 Se ocorreu violência sexual, qual o tipo? 1- Sim 2 - Não 8 - Não se aplica 9- Ignorado 54 Se ocorreu penetração, qual o tipo? Assédio sexual Atentado violento ao pudor Exploração sexual Estupro Pornografia infantil Outros 1-Sim 2-Não 8 - Não se aplica 9-Ignorado Oral Anal Vaginal 1-Sim 2-Não 8 - Não se aplica Profilaxia DST Profilaxia Hepatite B Coleta de sêmen Contracepção de emergência Profilaxia HIV Coleta d 3 sangue Coleta de secreção vaginal Aborto previsto em lei 55 Procedimento realizado 9-Ignorado 50 Conseqüências da ocorrência detectadas no momento da notificação 1-Sim 2 - Não 8 - Não se aplica 9-Ignorado Aborto DST Transtomo mental Gravidez Tentativa de suicídio Transtomo comportamental Estresse pós-traumático o- o o» *5 tA Outros 57 Natureza da lesão (considerar somente o diagnóstico principal) 01 - Contusão 04 - Fratura 10 - Queimadura 07 - Traumatismo crânio-encefállco 11 - Outros 02 - Corte/perfuração/laceração 05 - Amputação 08 - Politraumatismo 88 - Não se aplica 03 - Entorse/luxação 09 - Intoxicação 99 - Ignorado 06 - Traumatismo dentário 58 Parte do corpo atingida (considerar somente o diagnóstico principal) 01 - Cabeça/face 04 - Coluna/medula 07 - Quadril/pelve 02 - Pescoço 05 - Tórax/dorso 08 - Membros superiores 03 - Boca/dentes 06 - Abdome 09 - Membros inferiores 59 Número de 60 Vínculo / grau de parentesco com a pessoa atendida a> o > »eQ 1^ a. ^ O- cs S s O « Ex-Cônjuge Namorado(a) Amigos/conhecidos Mãe Desconhecido(a) da lei Padrasto Ex-Namorado(a) Cuídador(a) Própria pessoa Outros Pai 9 - Ignorado 99 - Ignorado 9- Ignorado 61 Sexo do provável 62 Suspeita de uso de álcool autor da agressão Policial/agente 1- Sim 2 - Não envolvidos 1 - Um 2 - Dois ou mais 10 - Órgãos genitais/ânus 11 - Múltiplos órgãos/regiões 88 - Não se aplica Madrasta Filho(a) Patrão/chefe Cônjuge Irmão(ã) Pessoa com relação institucional 1 - Masculino 2 - Feminino 3 - Ambos os sexos 1- Sim 2 - Não 9- Ignorado 9 - Ignorado 03 Encaminhamento no setor saúde 1 - Encaminhamento ambulatorial 2 - Internação hospitalar 64 Encaminhamento da pessoa atendida para outros setores Conselho Tutelar (Criança/Adolescente) s "3 8 - Não se aplica i. sjm 2 - Não 9- Ignorado Delegacia de Atendimento à Mulher/DEAM Centro de Referência da Mulher Vara da Infância / Juventude Delegacia de Prot. da Criança e do Adolescente Casa Abrigo Outras delegacias Programa Sentinela Ministério Público 65 Violência Relacionada ao Trabalho 1 - Sim 2 - Não 9 - Ignorado 03 Classificação final 1 Nome do acompanhante 1.y^ita 3 - Óbito por Violência o - Puacãn Fi ma ^ ■ Óbito por outras causas 2 tvasao / r-uga g. ignorado Centro de Referência da Assistência Social/CREAS-CRAS Instituto Médico Legal (IML) Outros 66 Se sim, foi emitida a Comunicação de Acidente do Trabalho(CAT) 1- Sim 2 - Não 8 - Não se aplica 9- Ignorado 69 Evolução do caso 1 - Confirmado 2 - Descartado 3 - Provável 8 - Inconclusivo 9 - Ignorado 67 Circunstância da lesão CID 10 - Cap XX 70 Se óbito por violência, 71 Data de encerramento data I j|Vínculo/grau de parentesco I : i.y: - ... (DDD)Telefone I I I I I I ' I I ÇObservações Adicionais: Disque-Salide I Disque-Denijncia - Combate ao Abuso e Central... de Atendimento a Mulher Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes 0800 61 1997 180 Município/Unidade de Saúde "lOO Cód. da Unid. de Saúde/CNES i Nome Violência doméstica, sexual e/ou outras violências Função I i I I I I Assinatura Sinan NET SVS 10/07/2008 J 39 anexo B - FICHA DE NOTIFICAÇÃO DE ACIDENTES E VIOLÊNCIAS EM UNIDADES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA República Federativa do Brasil VIGILÂNCIA DE VIOLÊNCIAS E ACIDENTES EM Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde SERVIÇOS SENTINELAS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA - VIVA Inquérito 2009 N** Definição de caso: Vítima de violência ou acidente atendida pela primeira vez neste serviço em decorrência desta violência ou acidente, com ou sem lesão física. o 3 j Unidade de Saúde 2 j Município de Notificação im Código(CNES) I e ^ ..... 4 Vitima, familiar ou acompanhante 5 Oata do Atendimento concorda em participar da pesquisa 1-Sim Jl 2-Não I 6 I I 2-Segunda 3-Terça 4-Quarta Dia da Semana 1-Domingo I ^ I I I Hora do Atendimento 5-Quinta 6-Sexta 7-Sábado (00:00 - 23:59) I I i I I S Nome •10 Idade Data de Nascimento 1 - Dia 1 - Masculino 2- Feminino 11 Sexo 2-Mès 3 - Ano 9- Ignorado 9•Ignorado 13 Escolaridade 03 - 4" série completa do EF 04 - 5® à 8» série incompleta do EF 05 - Ensino fundamental completo 01 - Sem escolaridade 02 -1° à 4° série incompleta do EF 14 Ocupação 5 - Indígena 9- Ignorado 09 - Ensino superior completo 88 - Não se aplica 99 - Ignorado 08 - Ensino médio incompleto 07 - Ensino médio completo 08 - Ensino superior incompleto 15 Meio de locomoção para chegar ao hospital 1-Apé - Veiculo particular 16 Possui algum tipo de deficiência I 12 Raça/Cor da pele 1 - Branca 3 - Amarela 2- Preta 4 - Parda 1 - Sim 2 - Não 9 - Ignorado |19 UF j^O Município de Residência 17 Se sim qual tipo de deficiência ... . Jl Física Mental 3- Viatura policial 5-Ambulância 7-Transporte coletivo 4.SAMU 8- Outro Visual li Outras deficiêndas/ Auditiva - 9 - Ignorado _J(^ Sindromes J evento em outro serviço 1 - Sim 2 - Não 9 - Ignorado 21 Bairro de Residênda 23 Número Jl 27 Zona 26 (DDD) Telefone < 1 - Urbana 1 24 Complemento (apto., casa. ...) |28 Rsis (se residente fora do Brasil) 2 - Rural 3 - Periurbana 9 - Ignorado 29 Tipo de Ocorrênda 1 - Acidente de transporte 5 - Lesão autoprovocada 6 - Agressão/maus-tratos 3 • Queimadura 7 • IntenrençSo por agente legal 30 Data da Ocorrênda . 4 - Outros acidentes 32 Hora da Ocorrênda (00:00 - 23:59) 31i Dia da Semana 2-Segunda 5-Quinta _ 2 - Queda * 3-Terça 1-Domingo 4-Quarta 9 - Ignorado 6-Sexta 7-Sábado J_L L i_L 33 Local de Ocorrênda 01 - Residência 03 • Escola 02 - Habitação coletiva 04 - Local de prática esportiva 07 - Comérdo/serviços 08 - Indústrias/construção 05 - Bar ou similar 08 - Via publica 34 UF ||35 Município de Ocorrênda ,37 Logradouro de ocorrência (rua. avenida....) 1 - Pedestre 2 - Condutor 3 - Passageiro 4 - Outro 8 - Não se aplica 9 - Ignorado jE Acidente de transporte 40 Tipo de vítima 41 Meio de locomoção da vitima 1 - A pé envolvida 5 - Coletivo 1 - Automóvel 2 - Motocideta 3 - Motocicleta 8 - Nâo se aplica 4 - Bicicleta 9 - ignorado 5 - Objeto fixo 04 - Envenenamento/Intoxicação 05 - Ferimento por objeto perfurocortante 01 - Sufocação/engasgamento 02 - Corpo estranho 07 - Acidentes com animais Lesão autoprovocada 48 Natureza da agressão 1 - Sim 2-Não 2 - Enforcamento 3 - Arma de fogo 4 - Objeto perfurocortante 5 - Precipitação de lugar elevado 6 - Outro 49 Meio de 8 - Não se aplica 9 - Ignorado Física Psicológica Sexual Outro abandono 1 - Fogo/chama 2 - Substânda quente 3 - Objeto quente 4 - Choque elétrico 5 - Substânda química 88 - Não se aplica 99 - Ignorado 6 - Outros 8 - Nâo se aplica 9 - Ignorado 12 - Outros 88 - Não se aplica 99 - Ignorado 50 Autor dedarado da agressão 8 - Não se aplica 9 - Ignorado Ameaça verbal 1 - Pai ou mãe 5 - Agente legal 2 - Companheiro(a)/Ex- 6 - Desconheddo 3 - Outro familiar 4 - Amigo/conhecido 8 - Nâo se aplica 9 - Ignorado 51 Sexo do autor dedarado da agressão 1 • Masculino Obj. quente Outro . 2 - Feminino 3 - Ambos os sexos 8 - Nâo se aplica 9 - Ignorado 1 15 pela vitima como addente J 153 Evento considerado 1 - Sim 2 - Nâo 9 - Ignorado 1 - Sim 2 - Nâo 9 - Ignorado 54 Uso de bebida alcoólica dedarado pela vitima nas seis horas I anteriores ao evento Queimadura Substância/ Objeto perfurocortante 9 - Ignorado 45 Tipo de Queimadura ObJ. contundente Envenenamento ,52 Evento ocorrido durante o trabalho ou no trajeto para o trabalho da vitima Força corporal/ espancamento Arma de fogo Neg' gência/ 8 - Não se aplica 9 - Ignorado 1 - Sim 2-Não agressão 3 - Periurbana 2 - Rural Agressão/maus-tratos/lntervenção por agente legal 4' Meio utilizado 1 - Envenenamento/Intoxicação j 1 - Urbana 08 - Queda de objetos sobre pessoa 09 - Choque contra objetos/pessoa 10 - Entorse (torção) 11 - Esmagamento 08 - Ferimento por arma de fogo 03 - Afogamento 39 Zona de Ocorrênda 09 - Outros níveis 06 - Escada/degrau 07 - Árvore 7 - Outro 8 - Não se aplica 9 - Ignorado Outro Número 08 - Telhado/laje 05 - Andaime 6 - Animal Capacete 46 Outros acidentes 01 - Mesmo nível 02 - Buraco 03 - Leito 04 - Outra mobília 3 - Coletivo 4 - Bidcleta 42 Itens de segurança 1-Sim 2-Não 8-Não se aplica 9-lgnorado Cinto de segurança Colete refletivo 1 99 - Ignorado Queda 44 Tipo de queda 43 Outra parte 2 - Automóvel 6 - Outro Cadeira para criança 09 - Outro 36 Bairro de Ocorrênda CZI . ,g55 Indidos de uso de bebida alcoólica pela vitima identificados pelo entrevistador 1 - Sim 2 - Não 9 - Ignorado J 1 - Sim 2 - Nâo 9 - Ignorado gg Natureza da lesão (considerar somente o diagnóstico prindpal) 01 - Sem lesão fisica 03 - Corte/laceração 05-Fratura 07 - Traumatismo dentário 02 - Contusão 04 - Entorse/luxaçâo 06-Amputação 08 - Traumatismo crânio-endefálico 57 Parte do corpo atingida (considerar somente o diagnóstico principal) 01 - Boca/dentes 05 - Tórax/dorso 02 - Pescoço 06 - Abdome/quadril 03 - Outra região em cabeça/face 07 - Membros superiores 04 - Coluna/medula 08 - Membros inferiores 59 Nome e código do entrevistador SVS CGDANT VIVA 2009 | 09 - Politraumatismo 10-Intoxicação 1 - Alta 2 - Encaminhamento ambulatorial 3 - Internação hospitalar 4 - Encaminhamento para outro serviço 10 - Múltiplos órgãos/regiões 88 - Nâo se aplica 99 - Ignorado .60 Data do preenchimento - 23/04/2009 L I I I 11 • Queimadura 12-Outros 99-Ignorado 58 Evolução na emergência (primeiras 24 horas) 09 - Genitais/ânus I lei Circunstância da lesão Jl | J I Jl ^22 Logradouro(rua, avenida...■) ,25 CEP - 1g Atendimento anterior por este 2- Nâo s-NSo se aplica 9- ignorado . .. . - 6 - Resgate CID 10-Cap XX 5 - Evasão/fuga 6 - Óbito 9 - Ignorado 41 anexo C - CARTA DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Comitê de Ética em Pesquisa /CEP/ÜFMS CcLtta de JLp^ovação o protocoíó tf 1748 da (Pesquisadora J4ndréa CãèraC Vík intituíado "Caracterização dos atendimentos por causas ejçtemas no pronto socorro de CorumBá", foi revisado por este comitê e aprovado em reunião ordinária no dia 24 de junBo de 2010, encontrando-se de acordo com as resoCuções normativas do íMinistério da Saúde. cprof. Coordenador dc ià^igueiró TiCfio iê de(Ética em(Pesquisa da V(FíMS Campo Çrande, 24 dejunão de 2010. Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul http:..'vvvAv.propp. ufms.bi /bioetica.ccp : ifn-t';, hr fone 0XX67 345-7187