Comportamento dos mergulhadores recreativos e seus efeitos em
Transcrição
Comportamento dos mergulhadores recreativos e seus efeitos em
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE VINÍCIUS JOSÉ GIGLIO Comportamento dos mergulhadores recreativos e seus efeitos em recifes coralíneos do Banco dos Abrolhos ILHÉUS – BAHIA 2014 ii VINÍCIUS JOSÉ GIGLIO Comportamento dos mergulhadores recreativos e seus efeitos em recifes coralíneos do Banco dos Abrolhos Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade da Universidade Estadual de Santa Cruz como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Ecologia e Conservação da Biodiversidade. Área de concentração: Ações e Planejamento em Conservação da Biodiversidade Orientador: Alexandre Schiavetti Co-orientador: Osmar José Luiz ILHÉUS – BAHIA 2014 iii F363 Fernandes, Vinícius José Giglio. Comportamento dos mergulhadores recreativos e seus efeitos em recifes coralíneos do Banco dos Abrolhos / Vinícius José Giglio Fernandes. – Ilhéus, BA: UESC, 2014. 64 f. : il ; anexo. Orientador: Alexandre Schiavetti. Co-orientador: Osmar José Luiz. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade. Inclui referências e apêndices. 1. Recifes e ilhas de coral. 2. Ecoturismo. 3. Turismo – Aspectos ambientais. 4. Mergulho. 5. Abrolhos, Arquipélago dos (BA). I. Título. CDD 551.46137 iv VINÍCIUS JOSÉ GIGLIO Comportamento dos mergulhadores recreativos e seus efeitos em recifes coralíneos do Banco dos Abrolhos Comissão examinadora: __________________________ Profª Drª Camila Cassano (UESC) __________________________ Prof. Dr. Cláudio Sampaio (UFAL) __________________________ Prof. Dr. Alexandre Schiavetti (Orientador – UESC) v AGRADECIMENTOS Ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade e professores pelos ensinamentos e contribuições com o trabalho. À CAPES pelo fornecimento da bolsa de mestrado e ao Parque Nacional Marinho – PNM dos Abrolhos (através de Ricardo Jerozolimski) pelo interesse e apoio na pesquisa. Aos guarda-parque Bernadete Barbosa, Erley Cruz, Egno Said e Edson Alves pelo companheirismo e apoio durante o período de coletas. Aos condutores de mergulho e empresários do PNM dos Abrolhos: Johnatas Andrade, Mauro Lana, Renato Santoro, Dilson Cajueiro, Mitchel Kimpgem, Thomas Bonelli, Jean Pierre e Jaqueline, Maurício Affonso, Vicente Albanez, Tarso Ramon e Laila Dourado. Ao amigo Johnatas Adelir-Alves pela ajuda nas coletas e inúmeras discussões sobre nossas dissertações. A minha mãe, Ligia Giglio por ter me apresentado involuntariamente às ciências marinhas e pelo apoio incondicional durante todas as etapas da minha vida. À Alexandre Schiavetti pela confiança, estímulo em todas as fases do desenvolvimento do trabalho. À Osmar José Luiz pelo belo exemplo de profissional, apoio e incontáveis orientações desde 2005. Aos amigos que Ilhéus e a UESC me presentearam: Daiany Erler, Lilian Sarmento, Maria Laura Ternes, Igor Inforzatto, Tálita Thédiga, Caio Marques entre outros. Agradeço especialmente as meninas da minha turma: Nicole Lellys, Mariana Neves, Letícia Fernandes, Leiza Souza, Laís Caneva e Iara Jaloretto. 1 RESUMO Os recifes coralíneos provêm uma ampla variedade de usos e benefícios para a humanidade como a pesca, proteção costeira e turismo. Entretanto, estão ameaçados por diversas fontes de impactos antrópicos a sobrepesca e o turismo desordenado. Com o rápido crescimento da popularidade do mergulho recreativo, começaram a surgir preocupações de que locais com altas taxas de visitação podem sofrer com impactos que comprometam a sustentabilidade da atividade. Este estudo investigou como o comportamento dos mergulhadores scuba afeta o número de contatos realizados com corais no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos (PNMA). Adicionalmente, foram verificadas por meio de entrevistas as preferências dos mergulhadores com relação à fauna e percepções de alterações na abundância de peixes. Os mergulhadores foram observados in situ em três tipos de recife e os contatos com os corais, descritos. Os contatos foram comparados conforme o tempo de mergulho, experiência do mergulhador, tamanho do grupo, sexo, uso de equipamentos adicionais. Oitenta e oito por cento dos mergulhadores realizaram pelo menos um contato com os corais e representaram uma média de 8.62 contatos por mergulho. Não foram encontradas diferenças entre o número de contatos em função do sexo ou nível de experiência. Usuários de sidemount e câmeras profissionais foram os que causaram mais contatos com os corais. Os mergulhos em recife artificial foram os que realizaram mais contatos com os corais. Mergulhadores iniciantes preferem avistar a megafauna, enquanto os experientes preferem observar a fauna críptica. A percepção de mudanças na abundância dos peixes foi influenciada pelo intervalo entre as visitas, onde mergulhadores com maiores intervalos perceberam maiores reduções. As preferências dos mergulhadores do PNMA mostraram que estão ao longo de uma contínua transição de acordo com a experiência, de generalistas para especialistas. A avaliação do comportamento dos mergulhadores possibilita estratégias de gestão para minimizar os impactos. Por exemplo, uma postura mais proativa dos condutores na intervenção dos contatos, principalmente no início do mergulho, reduzindo os impactos do mergulho recreativo. Palavras-chave: recife coralíneo, ecoturismo, impacto mergulho, mergulho SCUBA, comunidade bentônica 2 ABSTRACT Coral reefs provide a wide variety of uses and benefits to humanity such as fisheries, coastal protection and tourism. However, they are threatened by various sources of anthropogenic impacts such as overfishing and uncontrolled tourism. Due to rapid growth in the recreational diving popularity, concerns exists regarding sites with high visitation rates can suffer impacts that compromise the ecological sustainability of diving tourism began to emerge. This study investigated how behavior of scuba divers affects the number of contacts with corals in Abrolhos National Marine Park (ANMP), Brazil. Additionally, we interview diver’s to investigate marine life viewing preferences and perceptions of changes in fish abundance. Recreational divers were observed in situ in three reef types and contacts with corals described. Contacts were compared according diving time, diver experience, group size, sex, use of additional equipment. Eighty-eight percent of divers had at least one contact with corals and represent an average of 8.62 touches per dive. Divers touched corals on average 9.62 times per dive, and of these about one caused structural damage. No were observed differences between sex or experience level. Sidemount and professional cameras users caused more contacts. Artificial reef dives were most likely made contact with corals. Beginner divers prefer sighting megafauna, while experienced prefer cryptic fauna. The perception of changes in fish abundance was influenced by interval between visits, where divers with longer intervals noticed major reductions. Preferences in ANMP showed that divers are along a continuum according experience, such as generalist to specialists. The evaluation of diving behavior enables management strategies to minimize impacts. For instance, a more proactive stance of dive guides in intervention of contacts, especially at the beginning of the dive, minimizing impacts of recreational diving. Keywords: coral reef, ecotourism, diving impact, SCUBA diving, benthic community 3 LISTA DE TABELAS 1.1 Tabela 1. Sumário do perfil do mergulhador ......................................................................... 31 1.2 Tabela 2. Número de vezes que os mergulhadores realizaram contatos com os organismos vivos .............................................................................................................................................. 31 1.3 Tabela 3. Resultados do modelo linear generalizado com distribuição binomial negativa inflada de zeros ............................................................................................................................. 32 2.1 Tabela 1. Divers perceptions of main causes of reductions in fish abundance in dive sites Portinho Sul and Rosalinda on Abrolhos National Marine Park .................................................. 51 2.2 Tabela 2. Main motivation return to dive in Abrolhos National Marine Park ....................... 51 4 LISTA DE FIGURAS 1 Figura 1. Número de contatos com a comunidade bentônica por mergulho (N = 142)............ 29 2 Figura 2. Diagrama de dispersão do número de contatos com a comunidade bentônica e a experiência do mergulhador .......................................................................................................... 29 3 Figura 3. A) Número de contatos realizados por mergulhadores sem equipamento adicional (caixa branca), com câmera fotográfica (caixas cinza-claro) e com sidemount (caixa cinza escuro). Fotógrafos com minicâmera usavam pequenas câmeras compactas para registro do mergulho; Compacta, câmeras digitais compactas e; Fotógrafos profissionais: câmeras DSLR profissionais, mais volumosas, que exigem uma capacidade técnica superior. B) Contatos realizados de acordo com o tempo do mergulho. As caixas representam o intervalo interquartil, que contêm 50% dos valores. A linha em toda a caixa indica a mediana. As linhas tracejadas representam os percentis de 5 e 95 e círculos preenchidos são os valores extremos. Os números abaixo das caixas representam o tamanho da amostra .................................................................. 30 4 Figura 4. Número de contatos realizados por mergulhadores em diferentes tamanhos de grupos. Veja legenda da Fig. 3 para a explanação sobre o boxplot .............................................. 30 5 Figura 1. Location of Abrolhos National Marine Park and sampled areas Portinho Sul fringe reef and Rosalinda historical shipwreck ....................................................................................... 48 6 Figura 2. Coplot of diver preferences between (a) medium/large and (b) small/cryptic animals in Abrolhos National Marine Park. On each panel, a smooth line was fitted to aid interpretation. Experience level: bgn = beginners, s.exp = somewhat experienced, m.exp = moderately experienced, and exp = experienced ............................................................................................. 49 7 Figura 3. Rank score (mean+ CI) of animals that influencing scuba diving experiences in ANMP between experience levels ................................................................................................ 49 8 Figura 4. Relationship between first-time visit year vs. perception of change in fish’s abundance in dive sites (a) Portinho Sul fringe reefs and (b) Rosalinda shipwreck on Abrolhos National Marine Park .................................................................................................................... 50 9 Figura 5. Perceptions about fish abundance between divers that revisit sites Portinho Sul and Rosalinda shipwreck ..................................................................................................................... 50 5 SUMÁRIO RESUMO ....................................................................................................................................... 1 ABSTRACT ................................................................................................................................... 2 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 7 2 OBJETIVO GERAL................................................................................................................ 13 Objetivos específicos ................................................................................................................... 13 3 Comportamento dos mergulhadores recreativos e os contatos físicos com os corais no Banco dos Abrolhos .................................................................................................................... 13 Resumo ......................................................................................................................................... 15 Introdução ................................................................................................................................... 16 Materiais e Métodos .................................................................................................................... 18 Área de estudo ........................................................................................................................... 18 Comportamento dos mergulhadores ......................................................................................... 18 Perfil dos mergulhadores .......................................................................................................... 19 Uso de câmera subaquática e sidemount .................................................................................. 19 Comparação entre topografias ................................................................................................. 19 Análise de dados........................................................................................................................ 19 Resultados .................................................................................................................................... 20 Discussão ...................................................................................................................................... 21 Agradecimentos ........................................................................................................................... 24 Referências................................................................................................................................... 24 4 Marine life preferences and perceptions of change in fish abundance among recreational scuba divers in Abrolhos National Marine Park, Brazil ......................................................... 33 Abstract ........................................................................................................................................ 34 Highlights ..................................................................................................................................... 34 Introduction ................................................................................................................................. 35 Coral reefs and dive tourism ..................................................................................................... 35 Understanding divers’ marine life preferences and implications for tourism management ..... 35 Survey site and aims .................................................................................................................. 35 Material and methods ................................................................................................................. 37 Abrolhos National Marine Park management and norms ........................................................ 37 Questionnaire application and design ...................................................................................... 37 Data Analysis ............................................................................................................................ 38 6 Results .......................................................................................................................................... 39 Diver profiles............................................................................................................................. 39 Marine life preferences ............................................................................................................. 39 Diver’s perceptions of change in fish abundances .................................................................... 39 Main motivation to return to the ANMP ................................................................................... 39 Discussion..................................................................................................................................... 40 Acknowledgments ....................................................................................................................... 42 References .................................................................................................................................... 43 5 CONCLUSÕES GERAIS ........................................................................................................ 52 6 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 53 7 ANEXO ..................................................................................................................................... 59 8 APÊNDICE 1 ............................................................................................................................ 60 9 APÊNDICE 2 ............................................................................................................................ 62 7 1 INTRODUÇÃO Os ambientes recifais possuem comunidades biológicas diversas e produtivas que provêm importantes serviços ecossistêmicos. Os recifes coralíneos possibilitam uma ampla variedade de usos e benefícios para a humanidade, incluindo serviços e valores culturais, biológicos e econômicos como a proteção costeira, pesca e turismo (BELWOOD et al., 2004). Estes serviços alcançam o montante estimado de US$ 29.8 bilhões anuais, sendo a maior proporção gerada pelo turismo (US$ 9.6 bilhões) e pesca (US$ 5.7 bilhões) (CESAR et al., 2003). Os recifes coralíneos ocorrem predominantemente em águas tropicais de países em desenvolvimento e garantem uma importante fonte de alimentos e renda para milhões de pessoas (MUNRO 1996; BARKER; ROBERTS, 2004). Entretanto, em várias partes do mundo estão ameaçados por impactos derivados de atividades antrópicas como a pesca, poluição costeira e o turismo desordenado (HAWKINS et al., 1999; MCCLANAHAN et al., 2002). Estes impactos agem em sinergia com as mudanças climáticas (RICHMOND, 1993; HUGHES et al., 2003) e têm causado declínios alarmantes nas condições biológicas dos recifes coralíneos em muitas partes do mundo (BIRKELAND, 1997). A principal estratégia que vem sendo adotada para a conservação dos recifes coralíneos é a criação de áreas marinhas protegidas (AMPs). Estas áreas têm como objetivo principal de conservar os recursos naturais e garantir a sustentabilidade ecológica, permitindo o uso humano controlado em algumas ocasiões, como por exemplo, a pesca e o ecoturismo. O ecoturismo tem sido divulgado como uma atividade que causa poucos danos aos ecossistemas naturais, podendo apoiar o uso sustentável dos recursos naturais, especialmente em países em desenvolvimento (TUOHINO; HYNONEN, 2001). A atividade, quando bem gerida, pode aumentar a consciência publica sobre a conservação da biodiversidade, proporcionar renda para as populações locais e permitir o uso não extrativo dos recursos naturais (HONEY, 1999). Entretanto, o maior desafio que restringe a efetiva gestão do ecoturismo em AMPs é a falta de informação científica sobre os impactos das atividades que nela ocorrem (POMEROY et al., 2005; WELLS et al., 2007). Cada vez mais os recifes coralíneos são usados como destinos para o turismo e recreação. O mergulho recreativo é o maior uso comercial de AMPs no mundo (TABATA, 1992; DAVIS; TISDELL, 1995), tendo apresentado crescimento relevante nas duas últimas décadas (HORNBACK; EAGLES, 1999; BUCKLEY, 2004; GARROD; GOSSLING, 2008). A diferenciada riqueza de vida marinha observada em muitas AMPs em recifes coralíneos e a expansão da indústria do mergulho têm aumentado a popularidade e visitação destes destinos (GREEN; DONNELLY, 2003; COPE, 2003). Em AMPs é comum os mergulhadores pagarem uma taxa destinada à conservação e gestão. O pagamento da taxa de usuário é uma das principais fontes de recurso obtida pelas AMPs em que ocorre 8 mergulho recreativo (GREEN; DONNELLY, 2003). Essa taxa pode até arcar com todos os custos administrativos e da gestão, como ocorre em alguns locais no Caribe (PARSONS; THUR, 2008). Entretanto, os usuários podem estar menos dispostos a pagar taxas destinadas a conservação quando a qualidade de um ponto de mergulho declina em relação a características como visibilidade, diversidade de espécies e cobertura de corais, como constatado em estudos no México (CASEY et al., 2010), Santa Lucia (BARKER; ROBERTS, 2004) e nas Ilhas Seychelles (MATHIEU et al., 2003). Embora o mergulho seja visto como uma atividade inofensiva ao ambiente marinho, os seus impactos passaram a ser observados no início da década de 1990. Foi reconhecido que se sua prática for além dos limites sustentáveis pode causar sérios danos, alguns irreparáveis ao ambiente marinho (DIXON et al., 1993; SALM et al., 2000). Mergulhadores danificam os corais através de contato físico por meio de suas mãos, corpo, equipamento e principalmente nadadeiras (BARKER; ROBERTS, 2004). Além dos contatos físicos com o substrato vivo, as nadadeiras podem ressuspender o sedimento, parte do qual acaba se depositando sobre os corais (ZAKAI; CHADWICK-FURMAN, 2002). Este substrato, ao recobrir a superfície do coral, inibe o recrutamento, alimentação e fotossíntese (HASLER; OTT, 2008). Mergulhos frequentes em um mesmo local podem alterar a distribuição de espécies, causam mudanças na estrutura de comunidades e danos físicos aos corais e organismos bentônicos associados (HAWKINS; ROBERTS, 1992; DIXON et al., 1993; GARRABOU et al., 1998; HAWKINS et al., 1999; TRATALOS; AUSTIN, 2001; ZAKAI; CHADWICK-FURMAN, 2002). Esses incidentes (ex. toques de nadadeira) podem resultar em impactos aos organismos bentônicos a curto e longo prazo, incluindo quebras de colônias de corais, mortalidade por abrasão e efeitos da suspensão de sedimentos (CAMP; FRASER, 2012; KU; CHEN, 2013). Mesmo quando os contatos não chegam a provocar alteração biológica, podem causar impactos estéticos e visuais, reduzindo a satisfação dos mergulhadores e acarretando à desvalorização do potencial turístico local (DIXON et al., 1993; DAVIS; TISDELL, 1996). Pesquisas em diversas partes do mundo têm confirmado que os impactos relacionados aos mergulhadores constituem a maior preocupação na gestão de AMPs (HUNT et al., 2013). No mar Vermelho, o mergulho recreativo é a principal causa de danos aos corais (HAWKINS; ROBERTS, 1992) onde a frequência de colônias danificadas é mais alta em recifes com alto índice de visitação, principalmente em locais rasos (abaixo de 10 m de profundidade) (RIEGL; VELIMIROV, 1991; HASLER; OTT, 2008). Isto pode causar reduções nas taxas de crescimento dos corais (GUZNER et al., 2010). Neste mesmo local, Jameson et al. (2007) verificou que a percentagem de corais duros decresceu 43% e a cobertura de algas quadruplicou. Tais evidências indicam um cenário geral de que o turismo de mergulho seja ecologicamente insustentável nos níveis em que vem sendo praticado atualmente em alguns locais (ZAKAI; CHADWICK-FURMAN, 2002). Isto sugere que os danos aos corais acumulamse como uma função exponencial da frequência de visitação que o local recebe. 9 Os danos aos corais variam de acordo com a estrutura das espécies presentes. Os corais ramificados são os que apresentam a maior susceptibilidade aos contatos físicos, devido a sua frágil estrutura (GARRABOU et al., 1998). Entretanto, esses tipos de corais podem apresentar um crescimento relativamente rápido, em comparação com outras espécies, podendo em algumas ocasiões, não ser impactados pelo mergulho recreativo. Hawkins et al. (1999) observou que a quantidade de corais ramificados aumentou em Bonaire, mesmo nos locais com altas taxas de visitação por mergulhadores. Os impactos do mergulho recreativo têm gerado preocupação em locais que recebem altas taxas de visitantes, como em alguns locais no Caribe, Austrália, Mar Vermelho e Estados Unidos (HAWKINS et al., 1999; ZAKAI; CHADWICK-FURMAN, 2002; UYARRA; CÔTÉ, 2007; KRIEGER; CHADWICK, 2012). Nestes locais a atividade representa uma fração importante da economia local (TRATALOS; AUSTIN, 2001; POLAK; SHASHAR, 2012). Como exemplo de sítios com altas taxas de visitação, nos recifes coralíneos do Santuário Nacional Marinho de Florida Keys são registrados entre 100.000 e 150.000 mergulhos por ano (LEEWORTHY; MORRIS, 2010). Hawkins e Roberts (1997) analisaram os níveis de impactos dos mergulhadores e taxas de visitação em 11 pontos de mergulho em Bonaire e Egito e verificaram que os danos aos corais tendem a aumentar consideravelmente quando o número de mergulhos excede 5.000/6.000 mergulhos por ano. Este número tem sido sugerido como o limiar de capacidade de carga para a gestão do mergulho (PRIOR, 1995; GUZNER et al., 2010), apesar da susceptibilidade dos corais aos contatos poder variar de acordo com a espécie e morfologia (HAWKINS et al., 1999). Em locais onde a atividade não foi gerida corretamente e os recifes foram impactados até o fluxo de visitantes reduzir devido a redução na qualidade da biodiversidade e satisfação dos mergulhadores. Nestes casos, o uso de recifes artificias tem sido uma alternativa para reduzir a pressão sobre os naturais (WILHELMSSON et al., 1998). Estudos demonstram a existência de uma correlação entre o número de contatos dos mergulhadores com os corais e o nível de aprofundamento das informações ambientais que recebem previamente ao mergulho (MEDIO et al., 1994; CAMP; FRASER, 2012; KRIEGER; CHADWICK, 2012). Medio et al. (1994) verificou uma redução de até 60% no número de contatos após a aplicação de uma palestra pré-mergulho de 45 minutos a qual abordava biologia dos recifes, impactos do mergulho e conceito de AMP. Entretanto, deve-se levar em consideração que geralmente as operações de mergulho dispõem de poucos minutos para aplicação de uma palestra pré-mergulho e as condições de mar podem não permitir uma explanação de maior duração. Por outro lado, Barker e Roberts (2004) consideraram apenas o uso da palestra insuficiente para reduzir os contatos com os corais e verificaram uma maior eficiência numa atenta supervisão e intervenção dos condutores de mergulho. Certas características do ponto de mergulho e do mergulhador têm sido atribuídas à maior frequência de contatos com os corais. Estas condições podem estar relacionadas à variação na experiência (DI FRANCO et al., 2009), sexo (ROUPHAEL; INGLIS, 2001), finalidade do mergulho (UYARRA; 10 CÔTÉ, 2007), condições ambientais (e.g. ondas e correntes) (BARKER; ROBERTS, 2004; CHUNG et al., 2013), posse de equipamentos adicionais (e.g. câmera fotográfica, luva e lanterna) (ROUPHAEL; INGLIS, 2001; UYARRA; CÔTÉ 2007; LUNA et al., 2009; POONIAN et al., 2010) e características biológicas do ponto de mergulho (e.g. cobertura de corais) (HARRIOT et al., 1997; ROUPHAEL; INGLIS, 1997; HAWKINS et al., 1999). É esperado que mergulhadores menos experientes toquem mais o fundo do que os mais experientes, devido ao menor controle de flutuabilidade e pouco domínio das habilidades do mergulho. Entretanto, alguns estudos não observaram esta tendência (HARRIOTT et al., 1997; DI FRANCO et al., 2006). Outros fatores, como posse de equipamento adicionais e finalidade do mergulho também podem fazer com que os mergulhadores toquem mais o fundo. Usuários de câmera subaquática se aproximam mais do recife e são mais propensos a tocá-los, segurando ou ajoelhando-se no recife no momento da fotografia (ROUPHAEL; INGLIS, 2001; LUNA et al., 2009). Geralmente os mergulhadores mais experientes tendem a preferir observar animais crípticos, que vivem associados ao substrato, podendo ocorrer mais contatos com a comunidade bentônica (GIGLIO et al., in prep). Mergulhadores do sexo masculino, locais rasos e a fase inicial do mergulho estão associados com o aumento de danos aos corais (BARKER; ROBERTS, 2004; KRIEGER; CHADWICK, 2012). A topografia do recife pode estar relacionada com a vulnerabilidade dos corais. Hawkins e Roberts (1992b) sugeriram que a topografia pode reduzir ou aumentar a vulnerabilidade dos organismos bentônicos aos impactos do mergulho autônomo, dependendo do ângulo ou profundidade do substrato. Por exemplo, organismos aderidos à face vertical do recife podem ser menos vulneráveis a distúrbio porque mergulhadores experientes costumam se manter longe da parede. Entretanto, estudos verificaram que a topografia do recife não é um preditor do número de contatos feitos pelos mergulhadores novatos e experientes (ROUPHAEL; INGLIS, 1997; ZAKAI; CHADWICK-FURMAN, 2002). Como observado nos estudos acima, a dinâmica das interações dos mergulhadores com os corais pode variar de acordo com o perfil do mergulhador e a comunidade de corais. São necessários estudos e gestão em escala local, levando em consideração o perfil sócio-demográfico dos mergulhadores, as condições ambientais e a susceptibilidade das espécies aos impactos do mergulho recreativo. Para melhor compreender o comportamento do mergulhador é necessário investigar suas motivações, percepções e preferências. O interesse na vida marinha e os organismos preferidos a serem avistados podem predizer comportamentos e atitudes típicas entre mergulhadores recreativos (LUCREZI et al., 2013). Mergulhadores que visam observar a megafauna podem necessitar de estratégias de gestão específicas, como a redução no tamanho dos grupos (RUDD; TUPPER, 2002) e o estabelecimento de uma distância mínima de aproximação dos animais (QUIROS, 2007). Pequenos grupos causam menos barulho e aumentam a chance de observar a megafauna (RUDD; TUPPER, 2002). Por outro lado, a presença de espécies crípticas pode alterar o comportamento dos mergulhadores recreativos, como os que 11 procuram observar espécies como cavalos-marinhos e que acabam por permanecerem mais próximos ao substrato, aumentando as chances de colisões e danos aos corais (UYARRA; CÔTÉ, 2007). Pesquisas sobre motivações, preferências e percepções dos mergulhadores recreativos têm sido realizadas em muitos destinos ao redor do mundo. Exemplos incluem Bonaire, Austrália, África do Sul, Ilhas Maurício, Jamaica e Tailândia (UYARRA et al., 2009; INGLIS et al., 1999; LUCREZI et al., 2013; GÖSSLING et al., 2008; WILLIAMS; POLUNIN, 2000; DEARDEN et al., 2007; MUSA, 2002). No entanto, a relação entre experiência do mergulhador e organismos preferidos a serem avistados foi pouco investigada e deve ser encorajadas para o entendimento das preferências deste público e suas potenciais implicações para a gestão. No Brasil, o turismo de mergulho tem apresentado crescimento relevante nas duas últimas décadas. Informações pretéritas relatam existirem 65 mil mergulhadores autônomos realizando ao menos 12 mergulhos por ano e a cada ano 15 mil novos mergulhadores são formados (BRASIL, 2006). Entretanto, acredita-se que atualmente este número seja muito maior. Hoje o mergulho representa o principal uso recreativo em alguns locais, principalmente em AMPs como os Parques Nacionais Marinhos de Fernando de Noronha e Abrolhos. Contudo, inexistem informações para subsidiar a gestão da atividade em questões básicas, como a capacidade de carga e zoneamento. Luiz (2003) e Bertuol (2005) realizaram estudos sobre o comportamento dos mergulhadores recreativos no Parque Estadual Marinho da Laje de Santos e Ilha do Arvoredo. Os resultados revelaram que a grande maioria dos contatos são acidentais e realizados por meio das nadadeiras. Na Ilha do Arvoredo os mergulhadores realizaram uma média de 9,67 toques a cada 10 minutos de mergulho. Na comparação entre os dois estudos, a maior frequência de contatos na Ilha do Arvoredo pode ser atribuída a menor visibilidade do local (BERTUOL, 2005). Os recifes coralíneos brasileiros são distribuídos por aproximadamente 3.000 quilômetros ao longo da costa nordeste, do Sul do Estado da Bahia ao Maranhão, constituindo-se os únicos ecossistemas recifais do Atlântico Sul (MAIDA; FERREIRA, 1997). O Banco dos Abrolhos é um alargamento da plataforma continental (42000 km2), com profundidade raramente excedendo 30 metros e borda da plataforma de cerca de 70 metros. É considerado o maior complexo recifal do Atlântico Sul (LEÃO, 1999; FRANCINI-FILHO; MOURA 2008). Das 18 espécies de corais recifais encontrados no Banco dos Abrolhos, oito ocorrem somente no Atlântico Sul o coral cérebro, Mussismilia braziliensis é endêmico da costa leste do Brasil (MAIDA et al., 1997; LEÃO; KIKUCHI, 2001). No Banco dos Abrolhos são encontradas formações recifais únicas, denominadas chapeirão, que exibem uma forma característica de pináculos de cogumelo e atingem de 5 a 25 metros de altura e até 300 metros de diâmetro (LEÃO; KIKUCHI, 2001; FRANCINI-FILHO; MOURA 2008). Localizado dentro do Banco dos Abrolhos, o PNM dos Abrolhos (PNMA) foi criado em 1983 e é considerado um dos melhores pontos de mergulho do Brasil (MELO et al., 2005). Seu objetivo principal é conservar amostras do ecossistema marinho com alto grau de endemismo, rico em recifes coralíneos, algas, ictiofauna e a proteção de espécies vulneráveis. As 12 atividades realizadas nesta AMP conciliam a proteção integral com a utilização para fins educacionais, recreativos e científicos. Entretanto, impactos do turismo desordenado já foram observados nesta AMP já nos anos 1990 (LEÃO et al., 1994). Atualmente o PNM dos Abrolhos sofre com ameaças provenientes da sobrepesca, pesca ilegal, poluição, sedimentação proveniente do desflorestamento costeiro e projetos de larga escala de exploração de hidrocarbonetos (MARCHIORO et al., 2005; MOURA et al., 2013). Neste contexto, este estudou investigou o comportamento, motivações e preferências dos mergulhadores autônomos recreativos do PNM dos Abrolhos, visando analisar os efeitos da atividade sobre os corais e possíveis medidas de mitigação e/ou redução dos contatos causados por mergulhadores. Este estudo se divide em dois capítulos: (i) investigar o comportamento dos mergulhadores recreativos, com o objetivo de determinar quais são as condições em que ocorrem mais contatos com os corais e propor medidas de mitigação visando reduzir os contatos; (ii) comparar as preferências dos mergulhadores com relação aos animais preferidos a serem avistados e (iii) verificar correlações entre experiência e percepções de alterações na comunidade de peixes. 13 2 OBJETIVO GERAL Investigar a frequência com que os mergulhadores autônomos recreativos realizam contatos com os corais e suas correlações com o seu perfil e características do ponto de mergulho, assim como as preferências e percepções com relação à fauna marinha entre os diferentes níveis de experiência. 2.1 Objetivos específicos: Parte 1: Comportamento dos mergulhadores recreativos e os contatos físicos com os corais no Banco dos Abrolhos Será submetido para a revista Environmental Management. Quantificar e comparar os contatos físicos realizados pelos mergulhadores recreativos nos corais em recifes naturais e artificiais do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos; Verificar se o número de contatos realizado com os corais varia em função do sexo e nível de experiência do mergulhador; Comparar o número de contatos realizados pelos mergulhadores com os corais entre usuários de câmeras subaquáticas, sidemount e tempo de mergulho; Parte 2: Marine life preferences and perceptions of change in fish abundance among recreational scuba divers in Abrolhos National Marine Park, Brazil Será submetido para a revista Tourism Management. Comparar as preferências de organismos a serem avistados entre mergulhadores com diferentes níveis de experiência; Verificar mudanças na abundância de peixes recifais ao longo do tempo, segundo a percepção dos mergulhadores. 14 3 Comportamento dos mergulhadores recreativos e os contatos físicos com os corais no Banco dos Abrolhos VINÍCIUS JOSÉ GIGLIO, OSMAR JOSÉ LUIZ e ALEXANDRE SCHIAVETTI * Estrutura do artigo seguindo o modelo para publicação na revista Environmental Management 15 VINÍCIUS JOSÉ GIGLIOa, OSMAR JOSÉ LUIZb e ALEXANDRE SCHIAVETTIc a Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilheus, BA, Brasil. b Department of Biological Sciences, Macquarie University, Sydney, NSW, 2109, Australia. c Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, BA, Brasil. Resumo Os recifes coralíneos são populares entre ecoturistas, mas os impactos do mergulho recreativo são um motivo de preocupação. O presente estudo investigou como o tipo de recife (artificial, franja ou chapeirão), o tempo do mergulho, o uso de equipamentos adicionais e o perfil do mergulhador influenciam o número de contatos dos mergulhadores com os corais. Os mergulhadores foram observados e os contatos com os corais, descritos. Foram comparadas diferenças entre os níveis de experiência dos mergulhadores, tamanho do grupo, sexo, uso de equipamentos adicionais como câmera fotográfica e sidemount. Oitenta e oito por cento dos mergulhadores realizaram pelo menos um contato com o substrato. Cada mergulho resultou em média 9.62 contatos e 0.9 danos aos corais. Não foram encontradas diferenças significativas entre os contatos por sexo, tamanho do grupo e nível de experiência. Mergulhadores usuários de sidemount e câmeras profissionais causaram mais contatos com os corais. Os mergulhadores do recife artificial foram os que mais realizaram contatos com o substrato. O tempo de mergulho apresentou diferenças significativas no número de contatos, com um número maior de contatos para os primeiros dez minutos de mergulho. A avaliação do comportamento dos mergulhadores pode possibilitar estratégias de gestão para controlar os impactos, como por exemplo, uma postura mais proativa dos condutores de mergulho na intervenção dos contatos, principalmente no início do mergulho, permitindo assim o uso sustentável através do mergulho recreativo. Palavras-chave: turismo marinho; área marinha protegida, Atlântico Sul, Banco dos Abrolhos. 16 Introdução A popularidade dos recifes coralíneos para o uso recreativo tem aumentado nas últimas duas décadas, assim como o desenvolvimento da atividade de mergulho ao longo dos trópicos (Van Treeck e Schuhmacher 1998; Garrod e Gossling 2008). Entretanto, em várias partes do mundo, os recifes coralíneos estão ameaçados por uma ampla variedade de impactos derivados de atividades antrópicas como a pesca, poluição costeira e o próprio turismo desordenado (Hawkins e outros 1999). Estas atividades, combinadas com a alta vulnerabilidade dos corais e em sinergia com as mudanças climáticas (Richmond 1993; Hughes e outros 2003) tornam o uso sustentável deste ecossistema uma questão complexa. O crescimento do mercado do mergulho recreativo tem sido acompanhado por preocupações sobre impactos causados pela atividade (Poonian e outros 2010). Há uma preocupação maior quando o turismo de mergulho se concentra em áreas marinhas protegidas – AMPs, que geralmente são criadas para manter a biodiversidade em sua integralidade. Segundo Tabata (1992) e Davis e Tisdell (1995), o mergulho recreativo é o maior uso comercial de AMPs no mundo, tendo apresentado crescimento relevante nas duas últimas décadas (Hornback e Eagles 1999; Garrod e Gossling 2008). Em algumas ocasiões, os efeitos de um grande número de mergulhadores em alguns pontos de uma AMP podem gerar impactos que são contrários aos principais objetivos da sua criação (Davis e Tisdell 1995). A diferenciada riqueza de vida marinha observada em muitas AMPs em recifes coralíneos e a expansão da atividade do mergulho tem aumentado à popularidade e visitação destes destinos (Green e Donnelly 2003). Mergulhadores danificam os corais através do contato físico direto com suas mãos, corpo, equipamento e principalmente nadadeiras (Harriott e outros 1997; Rouphael e Inglis 1997). A pressão sobre a camada fina de tecido que cobre a superfície do coral vivo resulta em abrasão (formação de feridas e esmagamento de elementos esqueléticos) e remoção de tecidos, podendo até fraturar partes esqueleto (Hawkins e outros 1999). Corais danificados são mais susceptíveis a predação e doenças que podem levar à sua morte (Guzner e outros 2010). Além dos contatos físicos com o substrato vivo, as nadadeiras podem ressuspender o sedimento, que então se estabelece nas proximidades (Zakai e Chadwick - Furman 2002). Quando este sedimento recobre a superfície do coral, pode inibir seu recrutamento, alimentação e fotossíntese (Haslet e Ott 2008). Neste contexto, existe um grande interesse na identificação das características dos pontos de mergulho e mergulhadores, que os levam a realizar contatos com os corais. A partir da década de 1990, estudos foram desenvolvidos em diversos locais do mundo para determinar em quais condições os mergulhadores danificam mais os corais (e.g. Hawkins e Roberts 1992; Garrabou e outros 1998; Hawkins e outros 1999; Plathong e outros 2000). Estas características podem estar relacionadas à variação na experiência (Di Franco e outros 2009), sexo (Rouphael e Inglis 2001), finalidade do mergulho (Uyarra e Côté 2007), condições ambientais (e.g. ondas e correntes) (Barker e Roberts 2004; Chung e outros 2013), 17 posse de equipamentos adicionais (e.g. câmera fotográfica, luva e lanterna) (Rouphael e Inglis 2001; Uyarra e Côté 2007; Luna e outros 2009; Poonian e outros 2010) e características biológicas e geológicas do ponto de mergulho (e.g. cobertura de corais e topografia) (Harriot e outros 1997; Rouphael e Inglis 1997; Hawkins e outros 1999). Estudos têm verificado que fotógrafos subaquáticos são os realizam mais contatos com os corais, por meio da comparação entre não-fotógrafos, fotógrafos amadores e profissionais (Rouphael e Inglis 2001; Chung e outros 2013). Fotógrafos permanecem por mais tempo junto ao substrato e podem deliberadamente ou acidentalmente tocar o recife para fotografar o objeto escolhido (Luna e outros 2009). Entretanto, existem novas tecnologias de fotografia, como as minicâmeras e outros novos equipamentos que ainda não foram avaliados quanto ao potencial de contribuir para o aumento dos contatos. Como principais formas de mitigação dos impactos do mergulho recreativo, estudos têm testado a aplicação de palestras educativas pré-mergulho (Medio e outros 1997; Camp e Fraser 2012) e proposto capacidades de carga (Dixon e outros 1993; Davis e Tisdell 1995; Garrabou e outros 1998; Schleyer e Tomalin 2000). Porém, torna-se difícil extrapolar os resultados entre localidades, considerando que mergulhadores não são grupos homogêneos e as características biológicas e morfológicas dos recifes são diversas. Mergulhadores geralmente são heterogênos quanto ao comportamento e impactos que causam. O uso da palestra pré-mergulho mostrou-se eficiente para reduzir os contatos com os corais no Egito em até 60% (Medio e outros 1997). Entretanto, em Santa Lucia, no Caribe, foram insuficientes, sendo a intervenção do condutor a estratégia mais eficiente (Barker e Roberts 2004). A topografia do recife pode estar relacionada com o aumento dos danos aos corais. Topografias mais complexas geralmente dificultam o mergulhador a manter distância dos corais, que podem estar em estruturas verticais. Entretanto, os danos não são claramente relacionados à topografia do recife (Rouphael e Inglis 1997; Zakai e Chadwick - Furman 2002). Como observado nos exemplos acima, não existe um padrão geral sobre o cenário em que ocorrem mais contatos com o recife. São necessários estudos e gestão em escala local, levando em consideração fatores como o perfil sócio demográfico dos mergulhadores, condições ambientais e a logística da operação de mergulho. O uso de recifes artificiais tem sido proposto como medida de reduzir a pressão dos mergulhadores sobre os recifes coralíneos (Pendleton 2005; Polak e Shashar 2012). Naufrágios são a principal proposta de novos locais para mergulho por ser a atração preferida pelos mergulhadores, devido principalmente ao seu apelo estético (Leeworthy e outros 2006). Além disto, existem muitos naufrágios históricos que contribuem com as receitas geradas pelas atividades e consequentemente o desenvolvimento econômico local (Edney 2006). Estes naufrágios são patrimônios culturais únicos, frágeis, não renováveis e geralmente protegidos por lei (Jewell 2004). Porém, a base de conhecimento sobre os impactos que o mergulho recreativo pode causar a essas estruturas e corais que nelas vivem é ainda limitado. 18 Neste contexto, este estudo buscou verificar a influência dos mergulhadores e pontos de mergulho em relação à frequência de contatos com os corais. A frequência de interação do mergulhador com o substrato foi comparada em função de: (1) uso de equipamentos, como câmeras fotográficas e sidemount; (2) topografia do recife (incluindo um recife artificial); (3) tamanho do grupo e (4) perfil do mergulhador. Também foi testado se existe diferença na frequência de interações com o substrato ao decorrer do tempo do mergulho. Materiais e Métodos Área de estudo Este estudo foi conduzido nos recifes coralíneos do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos (PNMA), Bahia, Brasil (965.67 km2). O PNMA é uma AMP de proteção integral criada em 1983 e se destina à conservação da biodiversidade, turismo, atividades educacionais e pesquisa. Está inserido na região que abrange os maiores e mais biodiversos recifes coralíneos do Atlântico Sul (Leão 1999, Leão e Kikuchi 2001). Das 18 espécies de corais comumente encontradas no banco dos Abrolhos, oito ocorrem apenas no Atlântico Sul e o coral cérebro, Mussismilia braziliensis é endêmico da costa leste do Brasil (Leão e Kikuchi 2001). Esta AMP é um destino de mergulho popular devido à sua rica biodiversidade e é considerado um dos melhores destinos para o mergulho no Brasil (Melo e outros 2005). Na década de 1990, a taxa de visitação anual no PNMA aumentou rapidamente e chegou a 10.000 pessoas. A partir da década de 2000, esse número decresceu para 3.133 visitantes em 2010, de acordo com o órgão gestor. As maiores taxas de visitação ocorrem no verão, período em que a visibilidade da água é melhor. Comportamento dos mergulhadores Foram coletadas informações sobre o comportamento dos mergulhadores recreativos no PNMA por meio de observações diretas durante sete semanas durante dois verões (Janeiro a Março) em 2012 e 2013. Os mergulhadores estavam em operações comerciais de mergulho em embarcações live aboard, com duração de três dias. Todos os mergulhadores da embarcação eram observados, uma dupla por mergulho. As observações iniciaram-se quando os mergulhadores se aproximaram dos corais e finalizaram no momento em que eles se afastaram dos corais, rumo a embarcação [início ao fim do mergulho, conforme sugerido por Chung e outros (2013)]. Cada contato ocorrido entre o mergulhador e os corais foi anotado em uma prancheta de PVC acoplada ao antebraço do observador. A consequência do contato foi classificada entre toque e dano (se houve algum dano físico observável). Com relação ao tempo de mergulho, os contatos foram agrupados em blocos de 10 minutos. Foi descrito o número de mergulhadores no grupo e se houve intervenção do condutor durante ou após o contato com o coral. Também foi registrado quando a movimentação do mergulhador resultou em revolvimento de sedimento em cima dos corais. Os corais foram categorizados como ramificado (ex. coral de fogo Millepora 19 alcicornis) e maciço (ex. espécies do gênero Mussismilia). Outros organismos foram classificados como gorgônia e outro substrato. A fim de evitar alterações nos comportamentos dos mergulhadores, o observador foi apresentado aos mergulhadores como turista que iria realizar mergulhos junto ao grupo. Uma distância mínima de três metros foi mantida para evitar que os mergulhadores percebessem que eram observados. Quando a observação era percebida, a amostragem foi descartada. Os comportamentos foram descritos como intencional ou não intencional. Os contatos intencionais foram realizados por mergulhadores que estavam conscientes do contato, como exemplo quando o mergulhador encosta no coral para se aproximar de algum organismo pequeno junto ao substrato. Perfil dos mergulhadores O perfil dos mergulhadores foi determinado por meio da idade, sexo e número de mergulhos realizados. Estas informações foram acessadas ao final das observações, por meio das fichas de cadastro e termo de responsabilidade que é firmado entre o mergulhador e a operadora. Uso de câmera subaquática e sidemount As câmeras subaquáticas foram classificadas de acordo com Rouphael e Inglis (2001), sendo incluída uma nova categoria, a recente tecnologia de mini câmeras. Os mergulhadores portadores de câmera foram classificados em três categorias; 1) mini câmera (pequenas câmeras de manuseio simples; e.g. Gopro); 2) câmeras compactas (câmeras digitais compactas de uso simples; e.g. Canon g12, Sony RX 100) e; 3) fotógrafos especialistas (câmeras mais volumosas, profissionais, com caixa estanque e flash externo; e.g. Canon 5D e Nikon D300). Finalmente, o sidemount, uma configuração de equipamento que permite o mergulhador carregar dois cilindros, um em cada lateral do corpo, ao invés de um no dorso. Comparação entre topografias O comportamento dos mergulhadores foi observado em seis pontos de mergulho que compreendem três diferentes topografias: a) recifes de franja – Mato Verde, Portinho Sul e Língua da Siriba; b) chapeirões [estruturas recifais que exibem uma forma característica de pináculos de cogumelo, que atingem de 5 a 25 metros de altura (Francini-Filho e Moura 2008)] – Faca Cega e Chapeirão da Sueste e; c) recife artificial (naufrágio histórico) – navio Rosalinda, cargueiro de aço, 102 m de comprimento, naufragado em 1955 e com estado de conservação inteiro. Análise de dados Para comparar se existem diferenças entre os números de contatos entre os sexos, equipamentos adicionais e tempo de mergulho variaram significantemente entre as topografias foi usado o teste de Kruskal-Wallis - KW. O teste de Tukey comparou diferenças entre as classes de equipamentos 20 adicionais. A correlação entre o nível de experiência do mergulhador e o número de contatos com o substrato foi analisado por meio do coeficiente de correlação de Spearman Rank. Utilizou-se o modelo linear generalizado (MLG) com distribuição binomial negativa inflada de zeros (ver Zeileis e outros 2008) para verificar o efeito da topografia, tamanho do grupo e características do mergulhador (experiência, sexo e equipamento adicional) no número de interações por min-1 com os corais. As análises estatísticas foram conduzidas através do software R 2.15.0 (R Development Core Team, 2012), com o uso do pacote pscl. Todos os testes foram realizados a um nível de significância de P < 0.05. Resultados Foram observados 142 mergulhadores autônomos recreativos. O tempo total de observação foi de 87 h e 16 minutos, com média de 37 minutos por mergulho. Homens representaram a maioria dos mergulhadores (59%), com uma maior representatividade para as topografias de franja e recife artificial (Tab. 1). A idade variou entre 10 e 64 anos. A classe de idade mais representativa foi a de 31 a 40 anos (33%), seguida por 21 a 30 anos (23%). A proporção de homens e mulheres para cada categoria de idade foi similar. A experiência variou entre 2 e 700 mergulhos (média = 114 mergulhos), com uma maior frequência de mergulhadores com 26 a 50 e 1 a 25 mergulhos realizados (27,6% e 27%, respectivamente; ver Tab. 1). Cinquenta e oito porcento (N = 83) dos mergulhadores usavam equipamento adicional. Destes, 28.9% usavam mini câmeras, 32,5% câmeras compactas, 20,5% profissionais e 18,1% sidemount. A média geral foi de 0,26 ±0,25 contatos por min-1 (±DP). A proporção da frequência de contatos entre os mergulhadores pode ser observada na Fig. 1. Não foi observada correlação significativa entre a experiência (num. de mergulhos realizados) e o número de contatos por min-1 realizados com os corais para franja (P = 0,77, N = 58), chapeirão (P = 0,19, N = 40) e naufrágio (P = 0,36, N = 35) (Fig. 2). Mergulhadores sem equipamento adicional obtiveram 0,19 ±0,26 contatos min-1, mini câmera 0,16 ±0,27 contatos min-1, câmera compacta 0,27 ±0,26 contatos min-1, fotógrafo profissional 0,40 ±0,26 contatos min-1 e sidemount 0,54 ± 0,28 contatos min-1. Usuários de sidemount tocaram os corais mais frequentemente do que usuários e não usuários de câmeras entre os recifes (KW franja H = 18,29, P = 0,0001, recife artificial H = 16,81, P = 0,002, Fig. 3a) com uma significância menor para chapeirão (H = 12,03, P = 0,01). Houve efeito significativo entre as categorias de fotógrafos no recife artificial, com diferenças entre mini câmeras e compactas (P = 0,01) e mini câmeras e reflex (P < 0,0001). Para chapeirão, foram verificadas diferenças entre todas as categorias (P < 000,1). Não foram encontradas diferenças entre o número de contatos entre homens e mulheres para as três topografias. 21 A maioria dos mergulhadores (88%, N = 126) tocou o substrato pelo menos uma vez durante o mergulho. Destes, 40% (N = 58) causaram danos aos corais e o revolvimento do substrato foi observado em 14% (N = 212) dos eventos. Noventa e dois por cento dos contatos (N = 1324) foram realizados não intencionalmente. A maioria dos intencionais ocorreu nos primeiros vinte minutos do mergulho (69%, N = 67) por fotógrafos especialistas (37%, N = 41) e usuários de câmeras compactas (21%, N = 23). A frequência média de contatos mais alta entre os tipos de recife ocorreu no recife artificial, com 0,45 ±0,26 contatos por min-1, seguido por chapeirão (0,22 ±0,25) e franja (0,19 ±0,26 contatos por min1 ). A maioria foi realizada por nadadeiras (79%), seguido pelas mãos (13.7%) e equipamento (11.5%) (Tab. 2). As mãos foram responsáveis por 85% (N = 94) dos contatos intencionais, seguido por equipamento e nadadeiras, ambos com 6%. A classe da biota mais afetada pelos toques foi coral maciço, com 73.6%. Com relação aos danos, os corais ramificados e maciços foram os mais afetados, com 50.3 e 36.6%, respectivamente. Em apenas dois porcento (N = 29) dos contatos houve intervenção do condutor. Os contatos realizados conforme o tempo de mergulho revelaram que a fase inicial do mergulho é a que mais ocorrem contatos nos três tipos de recife (KW franja P < 0,0001, chapeirão P < 0,0001 e recife artificial P = 0,02; Fig. 3b). Entretanto, existe uma forte tendência de redução no decorrer do tempo de mergulho. O tamanho do grupo não influenciou o número de contatos (P = 0,57; Fig. 4). Os resultados do MLG revelaram que os fatores que tiveram efeito significativo número de contatos com os corais foram recife artificial (P < 0,001) e uso de equipamento adicional (P < 0,0001) e período final do mergulho (classes de minutos 21 -30, P < 0,001 e >30, P < 0,0001) (Tab. 3). Discussão Este estudo revelou que o número de contatos com os corais varia de acordo com o tipo de recife, uso de equipamentos adicionais e tempo do mergulho. Recife artificial obteve o dobro do número de contatos de que franja e chapeirão. Isso pode ter ocorrido devido à maior complexidade estrutural do naufrágio, no qual é possível fazer pequenas penetrações e há ocorrência de corais em toda a sua extensão. Outro motivo foi que os condutores realizaram diversos contatos intencionais com os corais, e essa postura ocasionalmente foi seguida pelos demais mergulhadores, resultando em uma maior média de contatos com os corais no recife artificial. Barker e Roberts (2004) verificaram que em Santa Lúcia os mergulhadores tendem a imitar o comportamento de seus líderes de mergulho. Quando questionados sobre esse comportamento, os condutores comentaram que não estão preocupados com os corais, pois entendem que o recife artificial não é seu ambiente natural. Eles ainda mencionam que corais não são a atração do mergulho, pois havendo ou não, o mergulho continuará satisfatório por causa do naufrágio. Entretanto, após um período entre 8 e 25 anos, os recifes artificiais em áreas tropicais alcançam o mesmo nível de biodiversidade e benefícios para a produtividade e outros serviços ecossistêmicos que os recifes naturais (Burt e outros 2009; Perkol-Finkel e outros 2006). O contato direto com o naufrágio pode causar impactos nos organismos bentônicos presentes, expor o metal e acelerar o processo de corrosão (Jewell 22 2004; Edney 2006). Isso mostra que mesmo entre os condutores de mergulho há falta de informação sobre a biodiversidade e impactos do mergulho. Não houve redução no número de contatos com os corais em grupos de mergulhadores menores. Isso ocorreu porque os condutores não interviram ou advertiram os mergulhadores após os contatos. No Caribe, as intervenções foram bem sucedidas na redução no número de contatos, reduzindo em até 80% (Barker e Robers, 2004). Porém, Krieger e Chadwick (2012) ressaltam que é difícil o guia prestar atenção em todo o grupo porque tende a se manter olhando para frente, traçando o caminho e procurando atrativos para mostrar aos mergulhadores. Fotógrafos geralmente são descritos como os mergulhadores que mais tocam os organismos bentônicos (Luna e outros 2008; Worachananant e outros 2008). Usuários de câmera se aproximam mais do recife e são muito mais propensos a tocar os corais, muitas vezes intencionalmente, segurando ou ajoelhando-se no recife no momento da fotografia (Rouphael e Inglis 2001). Fotógrafos especialistas causaram mais contatos com os corais. No PNMA os usuários de mini câmeras obtiveram a menor média de contatos. Isso pode ocorrer devido ao pequeno tamanho do equipamento, que não necessita de maiores habilidades para manuseá-lo. Outro motivo é que a mini câmera geralmente é utilizada para gravação de vídeos registrando mergulhos e na maioria das vezes não possui tela para visualizar as imagens. Desta forma, os mergulhadores não ficam aguçados a se aproximarem do substrato para conseguir melhores imagens dos organismos. Oitenta e oito por cento dos mergulhadores realizaram contato com os recifes durante o mergulho. Este valor é consistente com outros estudos, onde a maioria dos mergulhadores faz um ou mais contatos com o substrato, como os 70% observado para a Austrália (Rouphael e Inglis 2001) e Estados Unidos (Krieger e Chadwick 2012) e 75% para Bonaire (Uyarra e Côté 2007). No PNMA contatos foram realizados com mais frequência nos 10 primeiros minutos de mergulho em todos os tipos de recife. A parte inicial do mergulho é considerada a mais crítica quanto aos contatos (Franco e outros 2009; Camp e Fraser 2012). No decorrer da atividade, o número de contatos reduziu. No período inicial os mergulhadores têm mais dificuldade no controle da flutuabilidade (Di Franco e outros 2009). Nesta fase estão ajustando o equipamento, se familiarizando com o ambiente marinho (Barker e Roberts, 2004) e organizando a sequência das duplas (Autores, observação pessoal). Nadadeiras são as maiores fontes de contatos com os corais (Medio e outros 1997; Rouphael e Inglis 1995; 1997; Luna e outros 2009; Chung e outros 2013). Geralmente o contato com esse acessório é involuntário, causado pela técnica de natação insuficiente e falta de controle de flutuabilidade, indicando uma baixa proficiência do mergulho. Muitos mergulhadores podem não estar conscientes de que estão tocando o recife (Poonian e outros 2010) ou não sabem que os contatos podem causar impactos nos corais (Walter e Samways 2001). Isso evidencia que a falta de informação sobre o tema pode colaborar para que os mergulhadores não deem a devida importância em evitar tocar os corais. 23 Mergulhadores mais experientes são mais familiarizados com o ambiente marinho e adquirem um maior nível de treinamento. Isto aumenta suas habilidades na pratica do mergulho, como o controle de flutuabilidade e do movimento das nadadeiras (Ong e Musa 2012; Davis e Tisdell 1995). Consequentemente, deveriam realizar menos contatos com os organismos bentônicos. Entretanto, não foram observadas correlações entre o nível de experiência e o número de contatos com os corais. A razão é que mergulhadores inexperientes são mais cautelosos, em parte devido ao medo de tocar o que não conhece. Esta observação também foi reportada por Rouphael e Inglis (2001), que não observou a esperada correlação entre experiência e número de contatos. Os resultados deste estudo evidenciam contradições na influência da experiência sob o comportamento dos mergulhadores. A gestão com restrições baseadas apenas certificação e experiência pode ser ineficiente. Por exemplo, deixar áreas com corais mais frágeis para serem visitadas somente por mergulhadores mais experientes. Considerando a média de 37 minutos por imersão, os mergulhadores tocaram os corais em média 9,62 vezes por mergulho, e destes, 0,9 causaram danos. Esse resultado é inferior ao observado em outros recifes de corais, como na Florida (0,33 contatos min-1 e 17,89 contatos por mergulho) (Camp e Fraser, 2012) e Hong Kong (0,87 contatos min-1 e 14,65 contatos por mergulho) (Chung e outros 2013). A menor cobertura de corais em Abrolhos [cerca de 7% para as espécies mais abundantes, Mussismilia braziliensis e Siderastrea stellata; Segal e Castro (2011)], comparados com estes outros recifes coralíneos, pode ser a razão para este “melhor comportamento” dos mergulhadores, que apenas tem menos oportunidades tocarem os corais. Quanto ao tipo de coral afetado, os maciços tiveram o maior número de contatos e os ramificados o maior de danos. Os locais que possuem altas densidades de corais ramificados podem ser mais susceptíveis aos danos causados pelo mergulho. É recomendado que a capacidade de carga seja mais baixa que os locais que consistem principalmente de corais maciços (Riegl e Riegl, 1996; Schleyer and Tomalin, 2000). Nos recifes naturais do PNMA, ocorre uma maior abundância de espécies maciças, especialmente M. braziliensis e S. stellata (Segal e Castro 2011). Para os recifes artificiais observa-se uma maior abundância do coral ramificado Millepora alcicornis (VJG, observação pessoal). Não existem informações precisas sobre o número de mergulhos realizados por ponto, mas acredita-se que a visitação no PNMA é menor do que o proposto como capacidade de carga sustentável para o mergulho em recifes coralíneos (5 a 6 mil mergulhos por ano; Hawkins & Roberts, 1997). Baseados na estimativa que 1300 mergulhadores autônomos visitam o PNMA anualmente e que estes realizam em média sete mergulhos (9100 mergulhos/ano), a extrapolação dos resultados do presente estudo indica que os mergulhadores recreativos fariam 12.787 contatos e destes, 1170 representariam danos físicos aos corais. Apesar do valor proposto para a capacidade de carga ser adotado mundialmente, pode variar de acordo com o perfil do mergulhador e fatores que possuem influência na vulnerabilidade do recife, como a intensidade de uso, o crescimento dos corais, a presença de espécies vulneráveis e a 24 geomorfologia do recife (Hawkins e Roberts 1997; Zakai e Chadwick-Furman 2002; Barker e Roberts 2004). A resiliência dos recifes coralíneos pode variar substancialmente, até dentro de uma mesma AMP (Done 1992; Hughes e Connell 1999). Os recifes coralíneos do PNMA são únicos no mundo, constituído predominantemente por uma fauna coralina de idade terciária, extinta em outras regiões do planeta (Leão e Kikuchi 2005), com algumas espécies adaptadas à turbidez das águas proporcionada pela sedimentação carbonática e siliclástica (Leão e Ginsburg 1997; Leão 2002). Portanto, a realização de um estudo de capacidade de carga, considerando os aspectos locais do PNMA é fundamental para a gestão do mergulho recreativo. Recemenda-se a adoção de cinco principais medidas de gestão para ordenar e reduzir os danos aos corais causados pelo mergulho no PNMA: (1) realizar um estudo de capacidade de carga, considerando os aspectos locais; (2) monitorar o número de mergulhos realizados em cada local; (3) estimular a intervenção dos condutores quando os mergulhadores realizarem contatos com os corais; (4) sejam aplicadas palestras pré-mergulho com informações sobre os corais e aplicação de uma regra de distância mínima de um metro do substrato (uma alternativa seria a exibição de um vídeo ou palestra abordando o assunto durante a navegação até o PNMA) e (5) concentrar o início dos mergulhos em locais com menor densidade de organismos. Estas estratégias devem em colaboração entre as partes interessadas de mergulho recreativo, tais como agências governamentais, autoridades do parque, turismo e operadoras de mergulho. O futuro desta atividade depende da saúde dos recursos dos recifes coralíneos, fator que é influenciado pelo comportamento mergulhador e seus impactos. Agradecimentos Nós agradecemos o apoio dos operadores de mergulho do PNMA: Horizonte Aberto, Apecatu Expedições e Parú Divers. Aos condutores subaquáticos V. Albanez, M. Lana, J. Andrade, M. Affonso, T. Ramon, T. Bonelli, R. Santoro, D. Cajueiro, E. Said e M. Kipgem pelo apoio e incentivo. A J. AdelirAlves pelo auxílio na coleta de dados. Ao PNMA (através de R. Jerozolimski) por conceder a licença de pesquisa e apoio. A Conservação Internacional - Brasil, Marinha do Brasil e guarda parques E. Alves, B. Barbosa e E. Cruz pelo suporte na logística. The first author was supported by the Brazilian Ministry of Education (CAPES). Referências Barker NHL, Roberts CM (2004) Scuba diver behavior and the management of diving impacts on coral reefs. Biological Conservation 120: 481 – 489 Burt J, Bartholomew A, Bauman A, Saif A, Sale PF (2009) Coral recruitment and early benthic community development on several materials used in the construction of artificial reefs and breakwaters. J Exp Mar Biol Ecol 373: 72–78 25 Camp E, Fraser D (2012) Influence of conservation education dive briefings as a management tool on the timing and nature of recreational SCUBA diving impacts on coral reefs. Ocean & Coastal Management 61: 31 – 37 Chung SS, Au A, Qiu JW (2013) Understanding the Underwater Behaviour of Scuba Divers in Hong Kong. Environmental Management DOI 10.1007/s00267-013-0023-y Davis D, Tisdell C (1995) Recreational scuba-diving and carrying capacity in marine protected areas. Ocean & Coastal Management 26: 19 – 10 Di Franco A, Milazzo M, Baiata P, Tomasello A, Chemello R. Scuba diver behavior and its effects of a Mediterranean marine protected area. Environmental Conservation 36: 32 - 40 Dixon JA, Scura LF, Van’t Hof T (1993) Meeting ecological and economic goals: marine parks in the Caribbean. Ambio 22: 117 - 125 Done TJ (1992) Effects of tropical cyclone waves on ecological and geomorphological structures on the Great Barrier Reef. Cont. Shel Re. 12: 859 - 872 Edney J (2006). Impacts of recreational scuba diving on shipwrecks in Australia and the Pacific: A review. Micronesian Journal of the Humanities and Social Sciences 5: 201-233 Francini-Filho RB, Moura RL (2008) Evidence for spillover of reef fishes from a no-take marine reserve: An evaluation using the before-after control-impact (BACI) approach. Fish Res 93:346–356 Garrod B, Gossling S (1999) New frontiers in marine tourism: diving experiences, sustainability, management. Amsterdam, Elsevier Green E, Donnelly R (2003) Recreational SCUBA Diving In Caribbean Marine Protected Areas: Do The Users Pay? Ambio 32 (2): 65 - 69 Garrabou J, Sala E, Arcas A, Zabala M (1998) The impact of diving on rocky sublittoral communities: a case study of a bryozoan population. Conservation Biology 12: 302 - 312. Harriot VJ, Davis D, Banks SA (1997) Recreational Diving and Its Impact in Marine Protected Areas in Eastern Australia. Ambio 26: 173 – 179 Hughes TJ, Connell JH (1999) Multiple stressors in coral reefs: A long-term perspective. Limnol. Oceanogr. 44: 932 - 947 Guzner B, Novplansky A, Shalit O, Chadwick NE (2010) Indirect impacts of recreational scuba diving; patterns of growth and predation in branching stony corals. Bull Marine Sci 86(3):727–742 26 Hawkins JP, Roberts CM (1992) Effects of recreational SCUBA diving on fore-reef slope communities of coral reefs. Biological Conservation 62: 171 – 178 Hawkins J, Roberts CM. 1992b, ‘Can Egypt's coral reefs support ambitious plans for diving tourism?', Proceedings of the 7th International Coral Reef Symposium 2: 1007-1013 Hawkins JP, Roberts CM (1997) Estimating the carrying capacity of coral reefs for SCUBA diving. In: Proceedings of the 8th International Coral Reef Symposium 2: 1923–1926 Hawkins J, Roberts CM, Van’t Hof T, de Meyer K, Tratalos J, Aldam C (1999) Effects of recreational scuba diving on Caribbean coral and fish communities. Conserv Biol 13:888–897 Hornback KE, Eagles PFJ (1999) Guidelines For Public Use Measurement And Reporting At Parks And Protected Areas. IUCN, Gland, Switzerland and Cambridge, UK, v.4 Hughes T, Baird A, Bellwood D, Card M, Connolly S, Folke C, Grosberg R and others (2003) Climate change, human impacts and the resilience of coral reefs. Science 301: 929 – 933 Jewell B (2004) The effectiveness of interpretation on diver attitudes and awareness of underwater shipwreck values – SS Yongala, a case study. Bulletin of the Australasian Insti- tute for Maritime Archaeology 28: 43 – 62 Krieger RK, Chadwick NE (2012) Recreational diving impacts and the use of pre-dive briefings as a management strategy on Florida coral reefs. J. Coast. Conserv. DOI: 10.1007/s11852-012-0229-9 Leão ZMAN, Ginsburg RN (1997) Living Reefs surrounded by siliclastics sediments: the Abrolhos coastal reefs, Bahia, Brazil. Proc. 8th Int. Coral Reef Symp. 2: 1767 – 1772. Leão ZMAN (1999) Abrolhos, BA, o complexo recifal mais extenso do Atlântico Sul. In: Schobbenhaus, CDA, Campos ET, Queiroz M, Berbert-Born M (eds) Sítios geológicos e paleontológicos do Brasil. DNPM/CPRM, Brasília, pp 345–359 Leão ZMAN, Kikuchi RKP (2001) The Abrolhos Reefs of Brazil. In: Seeliger U, Kjerfve B (eds.) Coastal Marine Ecosystems of Latin America. Springer-Verlag, Berlin, pp 83–96 Leão ZMAN, Kikuchi RKP (2005) A relic coral fauna threatened by global changes and human activities, Eastern Brazil. Marine Pollution Bulletin 51: 599 – 611. Leeworthy VR, Maher T, Stone EA (2006). Can artificial reefs alter user pressure on adjacent natural reefs? Bulletin of Marine Science 78: 29 – 37 Luna B, Pérez CV, Sánchez-Lizaso L (2009) Benthic impacts of recreational divers in a Mediterranean Marine Protected Area. ICES Journal of Marine Science 66: 517 - 523 27 Medio D, Ormond RFG, Pearson M (1997) Effect of briefings on rates of damage to corals by scuba divers. Biological Conservation 79: 91-95 Melo RS, Crispim MC, Lima ERV (2005) O turismo em ambientes recifais: em busca da transição para a sustentabilidade. Caderno Virtual de Turismo 5: 34 – 42 Ong TF, Musa G (2012) Examining the influences of experience, personality and attitude on SCUBA divers’ underwater behaviour: A structural equation model. Tourism Management 33: 1531- 1534 Pendleton LH (2005) Understanding the Potential Economic Impacts of Sinking Ships for SCUBA Recreation. Marine Technology Society Journal 39: 47–52 Perkol-Finkel S, Shashar N, Benayahu Y (2006) Can artificial reefs mimic natural reef communities? The roles of structural features and age. Mar Environ Res 61:121–135 Plathong S, Inglis GJ, Huber ME (2000) Effects of self-guided snorkeling trails in a tropical marine park. Conservation Biology 14: 1821 - 1830 Polak O, Shashar N (2012) Can a small artificial reef reduce diving pressure from a natural coral reef? Lessons learned from Eilat, Red Sea. Ocean & Coastal Management 55: 94 – 100 Poonian C, Davis PZR, Kearns C, McNaughton CK (2010) Impacts of Recreational Divers on Palauan Coral Reefs and Options for Management, Pacific Science 64: 557 - 565 R Development Core Team (2010) R: a language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Available from http://www.R-project.org. Accessed 1 November 2011 Richmond RH (1993) Coral reefs: Present problems and future concerns resulting from anthropogenic disturbance. American Zoologist 33: 524 – 536 Riegl B, Riegl A (1996) Studies on coral community structure and damage as a basis for zoning marine reserves. Biological Conservation 77: 269–277 Rouphael T, Inglis GJ (1995) The effects of qualified recreational SCUBA divers on coral reefs. Technical report 4. CRC Reef Research Centre, Townsville, Australia. Rouphael AB, Inglis GJ (1997) Impacts of recreational scuba diving at sites with different reef topographies. Biological Conservation 82: 329 - 336 Rouphael AT, Inglis GJ (2001) “Take only photographs and leave only footprints“ An experimental study of the impacts of underwater photographers on coral reef dive sites. Biological Conservation 100: 281 287 28 Schleyer MH, Tomalin BJ (2000) Damage on South African coral reefs and an assessment of their sustainable diving capacity using a fisheries approach. Bulletin of Marine Science 67(3): 1025-1042 Segal B, Castro CB (2011) Coral community structure and sedimentation at different distances from the coast of the Abrolhos bank, Brazil 59(2):119 - 129 Tabata RS (1992) Scuba-diving holidays. In: Weiller B, Hall CM (Ed.). Special Interest Tourism. Belhaven Press, New York, pp. 171-184 Uyarra MC, Côté IM (2007) The quest for cryptic creatures: Impacts of species-focused recreational diving on corals. Biological Conservation 136: 77-84 Van Treeck P, Schuhmacher H (1998) Mass diving tourism – a new dimension calls for new management approaches. Marine Pollution Bulletin 37: 499 – 504 Zakai D, Chadwick-Furman NE (2002) Impacts of intensive recreational diving on reef corals at Eilat, northern Red Sea. Biological Conservation 105: 179-187 Zeileis A, Kleiber C, Jackman S (2008) Regression Models for Count Data in R. Journal of Statistical Software 27(8): 1 - 25 Worachananant S, Carter RW, Hockings M, Reopanichkul P (2008) Managing the impacts of SCUBA divers on Thailand’s coral reefs. J Sustain Tour 16(6): 645 – 663 Legendas das Figuras: Fig. 1. Número de contatos com a comunidade bentônica por mergulho (N = 142). Fig. 2. Diagrama de dispersão do número de contatos com a comunidade bentônica e a experiência do mergulhador. Fig. 3. A) Número de contatos realizados por mergulhadores sem equipamento adicional (caixa branca), com câmera fotográfica (caixas cinza-claro) e com sidemount (caixa cinza escuro). Fotógrafos com minicâmera usavam pequenas câmeras compactas para registro do mergulho; Compacta, câmeras digitais compactas e; Fotógrafos profissionais: câmeras DSLR profissionais, mais volumosas, que exigem uma capacidade técnica superior. B) Contatos realizados de acordo com o tempo do mergulho. As caixas representam o intervalo interquartil, que contêm 50% dos valores. A linha em toda a caixa indica a mediana. As linhas tracejadas representam os percentis de 5 e 95 e círculos preenchidos são os valores extremos. Os números abaixo das caixas representam o tamanho da amostra. Fig. 4. Número de contatos realizados por mergulhadores em diferentes tamanhos de grupos. Veja legenda da Fig. 3 para a explanação sobre o boxplot. 29 Figura 1 Figura 2 30 Figura 3 Figura 4 31 Tabela 1 Sumário do perfil do mergulhador Sexo (%) Masculino Feminino Experiência (%) 1 – 25 26 – 50 51 – 100 >100 Idade (%) 10 - 20 21 – 30 31 – 40 41 – 50 > 50 Franja Chapeirão Estrutura artificial Total 26.8 14.1 16.1 18.3 16.2 8.5 59.1 40.9 11.8 15.1 9.2 7.2 7.9 9.9 7.9 7.9 7.2 2.6 5.3 7.9 27 27.6 22.4 23 6.8 23 31.8 20.3 18.2 Tabela 2. Número de vezes que os mergulhadores realizam contatos com os organismos vivos. Toque Dano Parte Coral ramificado Coral maciço Gorgônia Outro substrato Total Nadadeira Mão Joelho Equipamento Total 166 17 1 3 187 738 112 48 57 955 23 3 0 3 29 99 17 5 4 125 1026 149 54 67 1296 Nadadeira Mão Joelho Equipamento Total 74 4 1 2 81 42 4 0 13 59 1 0 0 0 1 11 2 0 7 20 128 10 1 22 161 32 Tabela 3. Resultados do modelo linear generalizado da variável numero de contatos/min-1 com distribuição binomial negativa inflada de zeros. Variável Estimativa Erro padrão Valor Z P (intercepto) Chapeirão Recife artificial Sexo (masculino) Experiência Equipamento adicional Grupo (médio) Grupo (pequeno) Minuto (11– 20) Minuto (21 – 30) Minuto (> 30) 0.59 0.24 0.94 0.04 0.0006 0.41 -0.39 -0.41 -0.42 -0.92 -2.39 0.31 0.22 0.26 0.20 0.0006 0.07 0.24 0.32 0.27 0.27 0.29 1.87 1.08 3.52 0.22 1.04 5.40 -1.63 -1.25 -1.50 -3.39 -7.98 0.06 0.28 < 0.001 0.82 0.30 < 0.00001 0.10 0.21 0.13 < 0.001 < 0.00001 33 3 Marine life preferences and perceptions of change in fish abundance among recreational scuba divers in Abrolhos National Marine Park, Brazil VINÍCIUS JOSÉ GIGLIO, OSMAR JOSÉ LUIZ e ALEXANDRE SCHIAVETTI *Estrutura do artigo seguindo o modelo para publicação na revista Tourism Management 34 Vinícius José Giglioa, Osmar José Luizb, Alexandre Schiavettic,* a Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilheus, BA, Brazil. b Department of Biological Sciences, Macquarie University, Sydney, NSW, 2109, Australia. c Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, BA, Brazil. *Autor correspondente: Tel. 557336805262 eletrônico: A. Schiavetti ([email protected]) Endereço Abstract Understanding divers’ preferences and perceptions of environmental attributes can help inform strategies to manage natural areas important for tourism. Preferences on marine life viewing and perceptions of change in fish abundance were accessed in Abrolhos National Marine Park, Brazil. Using standardized questionnaires, we asked divers to select their favorite animal to viewing and when divers return to the dive site, their perception and expectation about fish abundance. Novice divers are generalist and prefer encounters with megafauna’s animals, whereas experienced divers are more specialized and prefer to cryptic species. Diver’s perceptions of changes in fish abundance vary among divers and are influenced by the interval between the first and last visit. Divers with longer lag intervals perceive the highest differences in fish’s abundance decline. The main causes pointed by divers as causing the decline are the end of fish feeding and the occurrence of poaching. Scuba divers’ preferences for marine life encounters change gradually with experience level, allowing tourism companies to match dive spots with divers’ experience, maximizing the chances of encounter their preferred marine life. Diver experience can be used to direct the activity to the most attractive sites, according your preferences. Keywords: marine protected area, diver satisfaction, management, dive tourism, visitor perceptions. Highlights 1. Diver’s marine life viewing preferences and perceptions of change in fish abundance were accessed in a marine protected area. 2. Novice divers prefer encounters with the megafauna, experienced prefer to see the cryptic fauna. 3. Divers with longer lag intervals perceive the highest differences in fish’s abundance 4. Scuba divers’ marine life viewing preferences change gradually with experience level. 35 Introduction 1.1. Coral reefs and dive tourism Coral reef provide humans with a variety of benefits, including cultural, social, biological, and economic services and values such as fisheries, coastal protection, and tourism (Bellwood et al., 2004). Coral reefs have been popular with tourists, especially between scuba diving, one of the world’s fastest growing recreational sports and developing to be a multi-billion dollar industry (Cope, 2003; Ong & Musa, 2012). Examples include destinations known worldwide for its high coral reef biodiversity, presenting high visitation rates, such as several dive sites in Caribbean (Tratalos & Austin, 2001), Red Sea (Wilhelmsson et al., 1998) and Australia (Wilks & Davis, 2000). Among the attractions, marine life is considered as the most important motivation for diving tourism (Mundet & Ribera, 2001; Musa et al., 2006). The relatively better quality of marine life found in most marine protected areas (MPAs) has resulted in an increasing number of divers visiting these areas (Green & Donnelly, 2003). MPAs, in many cases, protect marine life and conserve ecosystems healthy, thus making it attractive and increasing visitor satisfaction. However, scuba diving can inflict negative impacts on reef ecosystems through some diver behaviors. Examples include trampling, feeding, unintentional contact with corals through body parts, mainly fins (Worachananant et al., 2008; Chung et al., 2013). Minimizing this impact is an urgent demand and requires understanding diver characteristics, behavior and what factors are correlated or might influence the damage in coral reefs. 1.2. Understanding divers’ marine life preferences and implications for tourism management Dive tourism managers must promote user satisfaction while preventing reef degradation. It is therefore important to understand divers’ motivations, perceptions, and preferences. Interest in marine life and viewing preferences may predict typical behaviors and attitudes among recreational scuba divers (Lucrezi et al., 2013), like the preference for swimming near the substrate by divers who want to observe seahorses (Uyarra & Côte, 2007). However, recreational scuba divers are not a homogeneous group. Knowledge, motivations, preferences and expectations might be expected to vary among individuals. Preferences also depend heavily on some aspects such as gender (Priskin, 2003), experience (Fakeye & Crompton, 1991; Dimmock, 2009), and education level (Lothian, 2002; Priskin, 2003). Understanding diver preferences can help to direct the activity according their desires and understand its behavior. Studies on motivations, preferences and scuba diver perceptions have been performed at many popular diving destinations around the world. Examples include Bonaire (Uyarra et al., 2009), Australia (Inglis et al., 1999), Malaysia (Musa, 2002), South Africa (Lucrezi et al., 2013; Dicken, 2014), Thailand (Dearden et al., 2007); Mauritius (Gössling et al., 2008), Belize, Jamaica and Cuba (Williams & Polunin, 2000). 36 However, the relationship of diver experience with marine life preferences have been scantily studied and need to be encouraged to improve the management of this multi-billionaire industry (Ong & Musa, 2012) and its potential impacts to marine environment. Recreational users revisiting the same locality along the years seemed to be able to perceive differences among sites, especially regarding some biological attributes like fish abundance, live coral cover, and species richness (Uyarra et al., 2009). These perceptions can affect directly affect diver's expectations regarding biodiversity of the site, highlights the need to maintain reef biodiversity at satisfactory levels. Large and charismatic animals, such as groupers (Rudd & Tupper, 2002; Frias-Torres, 2012), manta rays (Luiz et al., 2008), sharks (Gallagher & Hammerschlag, 2011; Bruce & Bradford, 2013), marine mammals (Curtin & Garrod, 2008), and turtles (Bell et al., 2009) often attract divers. However, other species can also provide a special appeal because of their rarity and/or cryptic nature; these include seahorses, frogfishes (Goffredo et al., 2004; Uyarra & Côté, 2007), and colorful nudibranchs (Cater, 2008a). Cater (2008) observed that an initial desire to observe charismatic megafauna is gradually supplanted by a fascination with smaller underwater inhabitants. Experienced divers were more often excited by colorful nudibranchs than sharks or turtles. These memorable animals often allure recreational divers in volunteered participatory surveys (e.g. Darwall & Dulvy, 1996; Goffredo et al., 2004; Bell et al., 2009; Hussey et al., 2013). The special interest in these species means that they are more likely to be recalled from memory. Management strategies for recreational diving destinations (especially zoning and carrying capacity estimates) should be informed about diver profile, behavior and motivations. Dives aiming to see the megafauna may need specific management strategies to increase the chance of observing without disturbing animals. Examples include group reductions to observe Nassau groupers (Rudd & Tupper, 2002), establishment of a minimum approach distance between divers and whale shark (Quiros, 2007), grey nurse sharks (Smith et al., 2014), along with other rules of self-regulatory code of conduct for the species (Davis et al., 1997; Otway et al., 2003). Small groups cause less noise and increase their chance to observe megafauna (Rudd & Tupper, 2002). On the other hand, the presence of cryptic species may significantly alter the behavior of recreational divers who may come very close to the substratum, increasing the potential for collisions and damage to corals, both accidentally and intentionally (Uyarra & Côté, 2007). 1.3. Survey site and aims Recreational scuba diver’s preferences and perceptions of environmental changes were investigated in Abrolhos National Marine Park (ANMP), eastern Brazil. The ANMP bears the greatest marine biodiversity in the South Atlantic (Leão et al., 2003) and high levels of endemic fish and corals (Francini-Filho & Moura, 2008). It is a popular diving destination, which is famous for its high coral reef biodiversity and considered one of the best scuba diving destinations in Brazil (Melo et al., 2005). Scuba 37 diving trips usually take place on three-day live-aboard expeditions. Divers with diverse profiles and experience levels are guided by underwater conductors. Popular marine fauna of the ANMP include turtles, dolphins, rays, sharks, groupers, snappers, parrotfishes, triggerfishes, surgeonfishes, and cryptic species like the endemic fish Gramma brasiliensis and the cleaner goby Elacatinus figaro (Rossi-Santos et al., 2006; Francini–Filho & Moura, 2008; MMA, 2011). Cryptical and/or juvenile fishes and small crustaceans are one of the favorite targets of ANMP divers, especially underwater photographers. This species use branching fire-corals microhabitat as refuge (Nagelkerken & Nagelkerken, 2004; Coni et al., 2012). These attributes make the ANMP an appropriate place to examine scuba diver preferences and environmental change perceptions. Surveys on the relationship between marine life viewing preferences, diver experience and perceptions of environmental change are still scant and are needed at regions where diving is an important economic activity. Thus, this study use questionnaires to assess divers marine life viewing preferences and compare the differences between gender and experience levels. Additionally, we verify the perceptions of divers regarding shifts in fish abundance along consecutive visits and how it affects in the divers expectations. 2. Material and methods 2.1. Abrolhos National Marine Park management and norms The ANMP is located on an extension of continental shelf 65 km from the State of Bahia and covers an area of 912 km2 (16°40′–19°40′S; 39°10′–37°20′W) (Figure 1). It was established in 1983 by Federal Decree 88.218, but effective conservation policy was not implemented until the mid-1990s. Fishing or collect of any kind is forbidden inside the ANMP. The park is divided into two areas, the Abrolhos archipelago and parcel (843, 27km2) and Timbebas reefs (122, 40 km2). The Abrolhos archipelago receives recreational divers and is better controlled because it harbors the ANMP‘s marine station. In the 1990s, unofficial estimates suggested that approximately 10,000 divers visited each year. From the 2000s, that number has decreased to 3,133 visitors in 2010.. There are 15 dive sites in the ANMP. A maximum of 225 visitors are allowed per day (spread over a maximum of 15 boats). However, this value was proposed without a carrying capacity study. The use of gloves and dive knives is prohibited. The first dive of the excursion is aimed at gear adjusting and buoyance control training. 2.2. Questionnaire application and design We interview scuba divers through structured questionnaires between January and March 2012 and on February 2013. Face to face questionnaires were used to survey the preferences of divers regarding marine life preferences (Williams & Polunin, 2000). Questionnaires were distributed in the last 38 day into the boat or dive center and were answered individually to ensure that interviewees were not influenced by the presence of other divers. We sampled two of the four dive centers at two austral summer seasons (January to March, 2012 - 2013). The questionnaire included questions regarding divers’ gender, age, nationality, experience and marine life preferences. Marine life preferences were accessed by the follow question: ‘what are the animals that you most prefer to view on a dive in the ANMP?’ Respondents were asked to rank eight attributes: ‘shark and rays’, ‘big fishes’, ‘colorful fishes’, ‘marine mammals’, ‘turtles’, ‘cryptic fishes’ and ‘small invertebrates’ on a scale from 0 (unimportant) to 3 (most preferred). In the last two categories, we explained the characteristics and exemplify nudibranchs, polychaetes and seahorses, gobies. Divers were asked whether they had previously diving (before current dive) in two ANMP dive sites (Rosalinda shipwreck and Portinho Sul fringe reef), to access perceptions of change in fish abundance. For those who are returning, we apply six questions: 1) ‘how many times have you visited these sites?’, 2) ‘what was the date of your first visit ?’ (when divers had returned more than once, we requested that they make their comparisons based on their first-time visit), 3) ‘what changed regarding fish abundance?’ (we required divers to estimate trends through frequency at intervals of 10%, for decreases or increases), 4) ‘what are the possible causes for this reduction?’ (performed only to divers who mentioned reductions on fish abundance in at least one of two sites), 5) ‘what was your main motivation to return to the ANMP?’ and 6) ‘Was fish abundance as good as before?’. Respondents choose between five categories: ‘much worse than expected’, ´worse than expected’, ‘as expected’, ‘better than expected’ and ‘much better than expected’. Before apply the questionnaires, we explained the study objectives and requested permission to anonymously use the information provided. The response rate was 98%. 2.3. Data Analysis Marine life categories used in the questionnaires were separate in two groups, based on previous studies of divers’ preferences (Dimmock, 2009; Cater, 2008a). The first group included the charismatic megafauna: large and active creatures that are generally easily sighted where present: big fishes (most often groupers and snappers), sharks and rays, marine mammals, turtles, and bright-colored fishes. The second group included small and cryptic fauna species that typically require attention and searching skills by the diver (cryptic fishes, small invertebrates and endemic corals). Regarding experience, we categorized divers into four groups: (1) beginner, 1-25 dives, (2) somewhat experienced, 26-50 dives, (3) moderately experienced, 51-100 dives, and (4) experienced, > 100 dives. We used a generalized linear model (GLM) with Poisson distribution to identify relationships between the marine life viewing preferences and diver profile (gender and experience level). The preferred marine life categories were analyzed grouped either within the megafauna or the cryptic fauna group. Logistic regression was used to investigate the relationship between diver’s perception of change 39 in fish abundance and year of first visit in sites investigated. For the purpose of this analysis, we grouped mentions of reductions in fish abundance (negative); mentions of no change (zero) and mentions of fish abundance improvement (positive). Statistical analysis was conducted using R 3.0.1 (R Core Development Team 2013). Tests were performed at a significance level of p < 0.05. 3. Results 3.1. Diver profiles A total of 190 structured questionnaires were applied on scuba divers between January and March 2012 (62%) and February 2013 (38%). Male gender represented 60% and female 40% of total divers interviewed. The age class between 31 and 40 years old obtained 39% of respondents, followed by 21-30 (30%) and 41-50 year olds (22%). Only two divers were foreigners from Germany. Beginners divers represented 25%, 20% were somewhat experienced, 20% moderately experienced, and 35% experienced. 3.1. Marine life preferences The respondents reported a total of 570 citations of preferred marine life categories. The score ranking was highly significant to the overall interaction between the experience and preferred animal group (p < 0.0001). Cryptic fauna was preferred by more experienced divers and novices prefer charismatic megafauna (p < 0.0001). Gender was not significant (p > 0.05). The preferences of male and female divers tended to change from the charismatic megafauna to cryptic fauna with increasing experience (Fig. 2a and 2b). Sharks and rays category were the highest mean score for beginners and somewhat experienced divers (1.71 and 1.57, respectively; Figure 3). For moderately experienced divers, the highest ranked category were shark and rays (1.21), followed by endemic corals (1.0), and cryptic fishes (0.82). The experienced divers preferred cryptic and small creatures, like cryptic fishes (1.43) and small invertebrates (1.43). 3.2. Diver’s perceptions of change in fish abundances Visitors that return to ANMP represent 37% (n = 68) of respondents. Of these, 56% had made their first visit between 1997 – 2003 and 44% between 2001 - 2010. For Portinho Sul there was a significant relationship between increase abundance of fishes and time-lag since first visit (p = 0.002; Fig. 4a). Divers who had made their first visit before 2003 reported the largest perceptions of reduction. Those who made their first-time visit recently (from 2009 onwards) generally reported smaller reductions or increases in abundance. In Rosalinda shipwreck, a significant relationship was also verified between increase in fish’s abundance and lowest interval of first-time visit (p = 0.004; Fig. 4b). The expectative 40 of divers about fish abundance in Portinho Sul were mainly worse (51%) and much worse (22%) to divers that visit first-time between 1997 - 2003. Divers that visit more recently (2004 - 2011) claimed mainly fish abundance ‘as expected’ (64%), and ‘better than expected’ (22%). Similar pattern was verified to Rosalinda Shipwreck, where divers that visit before 2003 reporting negative expectations, but mentioned more times ‘as expected’ (47%) (Fig. 5). The end of fish-feeding activities, was the main reason that divers thought to cause a reduction in fish abundances in Portinho Sul (78.4%; n = 32), but 20.5% mentioned this cause together with excessive visitation. Poaching was the main cause of fish abundance reductions (53.3%), followed by excessive visitation (51.8%) in Rosalinda shipwreck (Table 1). 3.3. Main motivation to return to the ANMP Nine main reasons motivate scuba divers return to the ANMP (Table 2). Six were related to biodiversity, fish diversity, and corals and pinnacles diversity. Forty-one percent of answers were not related to biodiversity or other biological attributes, but cited social interaction, historical shipwrecks, and the helpful staff instead. 4. Discussion Thi study reveals that marine life viewing preferences among scuba divers change gradually according to divers’ experience level. Indeed, results represent the first attempt to examine changes in preferences of scuba divers according to experience level. More experienced scuba divers tended to prefer to see cryptic animals, such as small invertebrates and fishes. Increasing in experience and specialization has been observed to influence marine life viewing preferences among scuba divers (Cater, 2008b; 2008; Ince & Bowen, 2011). Lucrezi et al. (2013) pointed out that novice divers ascribed greater importance to the opportunity to learn new skills, explore a new destination, and overcome fear and feel successful. Novice divers show less knowledge of marine life (Leujak & Ormando 2007). Megafauna is easier to be sighted and generally no require knowledge and ability to be detected or recognized. With increasing experience, divers tended to improve their skills of buoyancy control and displacement, increasing their self-confidence to view cryptic fauna. More experienced divers are specialist users, generally more concentrated on the focal species (Catlin & Jones, 2010). They able to look for small, even cryptic creatures that are not obvious to an inexperienced eye (Ince & Bowen, 2011). However, divers seeking cryptic species made more unintentional contact with corals, resulting in a greater frequency of coral breakage (Uyarra & Côté, 2007). Our results reinforce the hypothesis of the specialization theory (Ditton et al., 1992) that scuba divers are placed along a continuum from generalists (broad interests and minimal resource dependence) to specialists (skilled interests and high resource dependence; see review in Lucrezi et al., 2013) rather than general interest participating in diving tourism. 41 Regarding marine life attributes, diver responses supported the general consensus as most divers choose categories related to fishes (Williams & Polunin, 2000; Leujak & Ormond, 2007; Coghlan, 2012). In a general way, big fishes like sharks, rays and groupers were the highest ranked. Mammals were the second ranked, probably because of the seasonal occurrence of humpback whales at Abrolhos Bank (Martins et al., 2013). However, preferences vary according experience (Fig. 3) , fish and others attributes such as marine mammals and turtles were most important aspects that management might enhance ANMP. Knowing ANMP visitor profile would help to manage diving tourism, by directing divers with different experience levels to dive spots where they will found marine life that corresponds with their interest. In ANMP, experience wasn’t correlated with damage to corals (Giglio et al., unpublished data). It was expected that experienced divers would touch less the corals, because they possess better skills to buoyancy control and knowledge about protection of marine environment (Ong & Musa, 2012). However, experienced divers, despite having greater buoyancy control and awareness about sustainable practices, seek to observe cryptic animals associated with bottom, increasing the chances of collisions with corals. Experienced divers in ANMP generally use additional equipment such as camera and sidemount, further increasing the number of contacts with corals (Giglio et al., unpublished data). The perceptions of changes in fish abundance revealed significant declines over the years on both surveyed points, related to specific factors for each dive site investigated. Reduction were reported by divers with longer lag intervals between the first and last visit, whereas divers with short (< 5 years) intervals reported improvement. Unfortunately, there is no information available on temporal trends of fish abundance in this sites. The end of fish-feeding was cited as the main cause for Portinho Sul, with a smaller fraction reporting to Rosalinda. Fish-feeding was banned in 2003. In many places, this activity is considered a powerful tourist attraction; fish feeding can attract aggregations of some species to the feeding site (Milazzo et al., 2005). On the other hand, there is a consensus in studies of the negative ecological consequences of feeding. For instance, fish feeding can influence the abundance of some species (Cole, 1994) and cause health problems to fishes (Orams, 2002). The high abundance of fishes attracted by feeding in ANMP may have influenced the perceived reduction in abundance after its ban. Additionally, perceptions could be influenced by many experiences and knowledge not directly related to their synoptic observations of that site. For instance, influenced by their knowledge of the oceans "being in trouble", of general declines in fish populations worldwide, and the tendency of recollections of the past to be influenced by memories being replayed and altered over time. Excessive visitation was the second most cited cause of reduction in fish abundance for both sites. This theme is currently discussed by managers and researchers (Van Treeck & Schuhmacher, 1998; Polak & Shashar, 2012). Previous studies have shown that scuba diving tourism has not negatively affected the fish abundance in short term (Hawkins et al., 1999; Heyman et al., 2010). However, long- 42 term surveys are necessary to understand the ecological consequences of this relationship. Yet, the ANMP annual visitation has been decreasing over the years, down 33% in 2002 (Alvarenga & Fleck, 2011). On the other hand, poaching (second highest cited) is actually observed in ANMP. Poaching levels were not systematically estimated in the ANMP, but several instances were observed (Francini-Filho & Moura, 2008; dive guides M. Lana, J. Andrade, T. Ramon pers. comm.). During data collection, we observed dozens of anchored boats (probably poaching) inside the ANMP. We suggest the implementation of new approaches in enforcement, like the permanency of a surveillance boat overnight and a welcoming attitude toward complaints from scuba divers. The presence of a surveillance boat in the ANMP for a few nights per month could potentially reduce poaching. As expected, marine life was the main attribute motivating divers the return to the ANMP for many respondents. Divers who visited ANMP over 10 years ago observed reduction in fish’s abundance, resulting consequently in worse expectative after the last visit. Social interactions and a helpful staff were other factor relevant to the decision to return. The opportunity for social interactions is clearly an important part of ecotourism experiences, particularly the ability to bond with like-minded individuals during an activity (Cater, 2008b). Wreck and night dives, considered to be more adventurous dives, were frequently mentioned as reasons for returning to the ANMP. This may be because these types of dives offer unusual, and therefore memorable, experiences in terms of underwater features, more so than dives considered to be technically difficult (Uyarra et al., 2008). In ANMP there are three historic shipwrecks open for visitation. Protecting and maintaining marine life and service in ANMP at a level that makes dives enjoyable, satisfies the expectations of scuba divers, and benefits dive-tourism revenues can be made possible by quality conservation of these attributes. In conclusion, this study has successfully shown the existence of relationship between diver experience and marine life preferences. This can be used as a means of improving the scuba diving offer according diver profile and preferences. For instance, dives with greater abundance and diversity of cryptic organisms should be offered to experienced divers. Understanding diving behavior, motivations and preferences can help guide this industry into a more sustainable mode for the future. Acknowledgments We thank Abrolhos National Marine Park (through R. Jerozolimski), dive centers Horizonte Aberto, Apecatu Expedições, Paru Divers and staff for support and research permits. Dive guides M. Lana, M. Affonso, R. Santoro, J. Andrade and V. Albanez. Anonymous reviewers gave helpful comments on the manuscript. The first author was supported by the Brazilian Ministry of Education (CAPES). 43 References Alvarenga, F., & Fleck, L. (2011). Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Contrato de Concessão de Passeios no Parque Nacional Marinho de Abrolhos – BA. Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade. Bell, C. D., Blumenthal, J. M., Austin, T. J., Ebanks-Petrie, G., Broderick, A. C., & Godley, B. J. (2009). Harnessing recreational divers for the collection of sea turtle data around the Cayman Islands. Tourism in Marine Environments, 5, 245–257. Bellwood, D. R., Hughes, T. P., Folke, C., & Nystrom, M. (2004). Confronting the coral reef crisis. Nature, 24, 827-833. MMA – Ministério do Meio Ambiente (2011). Plano de ação nacional para a conservação das tartarugas marinhas. Série Espécies Ameaçadas nº 25. Bruce, B. D., & Bradford, R. W. (2013). The effects of shark cage-diving operations on the behavior and movements of white sharks, Carcharodon carcharias, at the Neptune Islands, South Australia. Marine Biology, 160, 889–907. Cater, C., (2008). Perceptions of and Interactions with Marine Environments: Diving Attractions from Great Whites to Pygmy Seahorses. In: B. Garrod & S. Goosling (Eds), New frontiers in marine tourism: diving experiences, sustainability, management ( pp. 49-66). Oxford: Elsevier. Cater, C. (2008b). The life aquatic: SCUBA diving and the experiential imperative. Tourism in Marine Environments, 5, 233-244. Catlin, J. & Jones, R. (2010). Whale shark tourism at Ningaloo Marine Park: A longitudinal study of wildlife tourism. Tourism Management, 31, 386–394. Cesar, H., & van Beukering, P. J. H. (2004). Economic valuation of the coral reefs of Hawaii. Pacific Science, 58, 231–242. Chung, S. S., Au, A., & Qiu, J. W. (2013) Understanding the Underwater Behaviour of Scuba Divers in Hong Kong. Environmental Management DOI 10.1007/s00267-013-0023-y. Cope, R. (2003). The international diving market. Travel & Tourism Analyst 6, 1–39. Coghlan, A. (2012). Facilitating reef tourism management through an innovative importanceperformance analysis method. Tourism Management, 33, 767- 775. Cole, R. G. (1994). Abundance, size structure, and diver-oriented behaviour of three large benthic carnivorous fishes in a marine reserve in northeastern New Zealand. Biological Conservation, 70, 93–99. 44 Curtin, S., & Garrod, B. (2008). Vulnerability of Marine Mammals to Diving Tourism Activities. In: B. Garrod & S. Goosling (Eds), New frontiers in marine tourism: diving experiences, sustainability, management (pp. 93-113). Oxford: Elsevier. Darwal, W. R. T., & Dulvy, N. T. (1996). An evaluation of the suitability of non-specialist volunteer researchers for coral reef fish surveys. Mafia Island, Tanzania - A case study. Biological Conservation, 78, 223-231. Davis, D., Banks, S., Birtles, A., Valentine, P., & Cuthill, M. (1997). Whale sharks in Ningaloo Marine Park: managing tourism in an Australian marine protected area. Tourism Management, 18(5), 259–271. Dearden, P., Bennett, M., & Rollins, R. (2007). Perceptions of diving impacts and implications for reef conservation. Coastal Management, 35, 305 - 317. Dicken, M. L. (2014). Socio economic aspects of the Sodwana Bay SCUBA diving industry, with a specific focus on sharks. African Journal of Marine Science, 36, 39- 47. Dimmock, K. (2009). Finding comfort in adventure: experiences of recreational SCUBA divers. Leisure Studies, 28, 279-295. Ditton, R., Loomis, D., & Choi, S. (1992). Recreation specialization: reconceptualization from a social world’s perspective. Journal of Leisure Research, 24, 33-51. Fakeye, P. C., & Crompton, J. L. (1991). Image differences between prospective, first-time, and repeat visitors to the Lower Rio Grande Valley. Journal of Travel Research, 30, 10–16. Ferreira, C. E. L. (2005). The status of target reef fishes. In: G. F. Dutra, G. R. Allen, T. Werner & S. A. McKenna (Eds), A Rapid Marine Biodiversity Assessment of the Abrolhos Bank, Bahia, Brazil (pp. 5666). Washington: Conservation International. Francini-Filho, R. B., & Moura, R. L. (2008). Dynamics of fish assemblages on coral reefs subjected to different management regimes in the Abrolhos Bank, eastern Brazil. Aquatic Conservation: Marine and Freshwater Ecossystems, 18, 1166-1179. Frias-Torres, S. (2012). Should the Critically Endangered Goliath grouper Epinephelus itajara be culled in Florida? Oryx 1, 1-8. Gallagher, A. J., & Hammerschlag N. (2011). Global shark currency: the distribution, frequency, and economic value of shark ecotourism. Current Issues in Tourism, 14, 797–812. 45 Goffredo, A., Piccinetti, C., & Zaccanti, F. (2004). Volunteers in marine conservation monitoring: A study of the distribution of seahorses carried out in collaboration with recreational SCUBA divers. Conservation Biology, 18, 1492–1503. Gössling, S., Lindén, O., Helmersson, J., Liljenberg, J., & Quarm, S. (2008). Diving and Global Environmental Change: A Mauritius Case Study. In B. Garrod, & S. Göosling (Eds), New frontiers in marine tourism: diving experiences, sustainability, management (pp. 93-113). Oxford: Elsevier. Green, E. & Donnelly, R. (2003). Recreational SCUBA Diving In Caribbean Marine Protected Areas: Do The Users Pay? Ambio, 3, 2. Hawkins, J. P., Roberts, C. M., Van’t Hof, T., de Meyer, K., Tratalos, J., & Aldam, C. (1999). Effects of Recreational Scuba Diving on Caribbean Coral and Fish Communities. Conservation Biology, 13, 888897. Heyman, W. D., Carr, L. M., & Lobel, P. S. (2010). Diver ecotourism and disturbance to reef fish spawning aggregations: It is better to be disturbed than to be dead. Marine Ecology Progress Series, 419, 201-210. Hussey, N. E., Stroh, N., Klaus, R., Chekchak, T., & Kessel, S. T. (2011). SCUBA diver observations and placard tags to monitor grey reef sharks, Carcharhinus amblyrhynchos, at Sha’ab Rumi, The Sudan: assessment and future directions. Journal of the Marine Biological Association of the UK, 93, 299–308. Ince, T., & Bowen, D. (2011). Consumer satisfaction and services: insights from dive tourism. The Service Industries Journal, 31, 1769-1792. Inglis, G. J., Johnson, V. I., & Ponte, F. (1999). Crowding Norms in Marine Settings: A Case Study of Snorkeling on the Great Barrier Reef. Environmental Management, 24, 369–381. Leão, Z. M. A. N., Kikuchi, R. K. P., & Testa, V. (2003). Corals and coral reefs of Brazil. In J. Cortes (Ed.), Latin America Coral Reefs (pp. 9–52). Oxford: Elsevier. Leujak, W. & Ormond, R. F. G. (2007). Visitor Perceptions and the Shifting Social Carrying Capacity of South Sinai’s Coral Reefs. Environmental Management, 39, 472-489. Lothian, A. (2002). Australian attitudes towards environment. Australian Journal of Environmental Management, 9, 45–61. Lucrezi, S., Saayman, M., & Merwe, P.V.D. (2013). Managing diving impacts on reef ecosystems: Analysis of putative influences of motivations, marine life preferences and experience on divers’ environmental perceptions. Ocean & Coastal Management, 76, 52-63. 46 Luiz, O. J, Balboni, A. P., Kodja, G., Andrade, M., & Marum, H. (2008). Seasonal occurrences of Manta birostris (Chondrichthyes: Mobulidae) in southeastern Brazil. Ichthyological Research, 56, 96–99. Martins, C. C. A., Andriolo, A., Engel, M. H., Kinas, P. G., & Saito, C. H. (2013). Identifying priority areas for humpback whale conservation at Eastern Brazilian Coast. Ocean & Coastal Management, 75, 63-71. Melo, R. S., Crispim, M. C., & Lima, E. R. V. (2005). O turismo em ambientes recifais: em busca da transição para a sustentabilidade. Caderno Virtual de Turismo 5, 34 - 42. Milazzo, M., Badalamenti, F., Vega-Fernandéz, T., & Chemello, R. (2005). Effects of fish feeding by snorkellers on the density and size distribution of fishes in a Mediterranean marine protected area. Marine Biology, 146, 1213–1222. Mercado, L., & Lassoie, J.P. (2002). Assessing tourists’ preferences for recreational and environmental management programs central to the sustainable development of a tourism area in the Dominican Republic. Environment, Development and Sustainability, 4, 253–278. Mundet, L., & Ribera, L. (2001). Characteristics of divers at a Spanish resort. Tourism Management, 22, 501- 510. Musa, G. (2002). Sipadan: a SCUBA diving paradise: an analysis of tourism impact, diver satisfaction and tourism management. Tourism Geographies, 4, 195-209. Musa, G., Kadir, S. L. S. A., & Lee, L. (2006). Layang Layang: an empirical study on SCUBA divers' satisfaction. Tourism in Marine Environments, 2(2), 89–102. Nagelkerken, I., & Nagelkerken, W. P. (2004). Loss of coral cover and biodiversity on shallow Acropora and Millepora reefs after 31 years on Curaçao, Netherlands Antilles. Bulletin of Marine Science, 74, 213– 223. Ong, T. F., & Musa, G. (2012). Examining the influences of experience, personality and attitude on SCUBA divers’ underwater behaviour: A structural equation model. Tourism Management, 33, 15311534. Orams, M.B. (2002). Feeding wildlife as a tourism attraction: a review of issues and impacts. Tourism Management, 23, 281- 293. Otway, N. M., Burke, A. L., Morrison, N. S., & Parker, P. C. (2003). Monitoring and identification of NSW critical habitat sites for conservation of grey nurse sharks: NSW Fisheries Final Report Series. Nelson Bay, NSW: New South Wales Fisheries Office of Conservation. 47 Polak, O., & Shashar, N. (2012). Can a small artificial reef reduce diving pressure from a natural coral reef? Lessons learned from Eilat, Red Sea. Ocean & Coastal Management, 55, 94-100. Priskin, J. (2003). Tourist perceptions of degradation caused by coastal nature-based recreation. Environmental Management, 32, 189–204. Quiros, A. L. (2007). Tourist compliance to a Code of Conduct and the resulting effects on whale shark (Rhincodon typus) behavior in Donsol, Philippines. Fisheries Research, 84, 102-108. R Development Core Team, (2013). R: a Language and Environment for Statistical Computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria, ISBN 3- 900051-07-0. Rossi-Santos, M., Wedekin, L. L., & Sousa-Lima, R. S. (2006). Distribuiton and habitat use of small cetaceans off Abrolhos Bank, eastern Brazil. Latin American Journal of Aquatic Mammals, 5, 23-28 Rudd, M. A., & Tupper, M. H. (2002). The impact of Nassau grouper (Epinephelus striatus) size and abundance on SCUBA diver site choice and MPA economics. Coastal Management, 30, 133-151. Smith, K. R., Scarpaci, C. Scarr, M. J., & Otway, N. M. (2014). Scuba diving tourism with critically endangered grey nurse sharks (Carcharias taurus) off eastern Australia: Tourist demographics, shark behaviour and diver compliance. Tourism Management, 45, 211-225. Tratalos, J. A., & Austin, T. J. (2001). Impacts of recreational SCUBA diving on coral communities of the Caribbean island of Grand Cayman. Biological Conservation, 102, 67 – 75. Uyarra, M. C., & Côté, I. M. (2007). The quest for cryptic creatures: Impacts of species-focused recreational diving on corals. Biological Conservation, 36, 77 –84. Uyarra, M. C., Watkinson, A. R., & Côté, I. M. (2009). Managing Dive Tourism for the Sustainable Use of Coral Reefs: Validating Diver Perceptions of Attractive Site Features. Environmental Management, 43, 1–16. Van Treeck, P., & Schuhmacher, H. (1998). Mass Diving Tourism — A New Dimension Calls for New Management Approaches. Marine Pollution Bulletin, 37, 8 – 12. Wilks, J., & Davis, R. J. (2000). Risk management for scuba diving operators on Australia's Great Barrier Reef. Tourism Management, 21, 591 – 599. Wilhelmsson, D., Ohman, M.C., Stahl, H. & Shlesinger, Y. (1998). Artificial reefs and dive tourism in Eilat, Israel. Ambio, 27, 764–766. Williams, I. D., & Polunin, N. V. C. (2000). Differences between protected and unprotected reefs of the western Caribbean in attributes preferred by dive tourists. Environmental Conservation, 27, 382–391. 48 Worachananant, S., Carter, R. W., Hockings, M. & Reopanichkul, P. (2008). Managing the impacts of SCUBA divers on Thailand’s coral reefs. Journal of Sustainable Tourism, 16, 645 – 663. Figure captions: Fig.1. Location of Abrolhos National Marine Park and sampled areas Portinho Sul fringe reef and Rosalinda historical shipwreck. Fig. 2. Coplot of mean diver preferences score between (a) medium/large and (b) small/cryptic animals in Abrolhos National Marine Park. On each panel, a smooth line was fitted to aid interpretation. Experience level: bgn = beginners, s.exp = somewhat experienced, m.exp = moderately experienced, and exp = experienced. Fig. 3. Preferences (mean + CI) of animals that influencing scuba diving experiences in ANMP between experience levels. Fig. 4. Relationship between first-time visit year vs. perception of change in fish’s abundance in dive sites (a) Portinho Sul fringe reefs and (b) Rosalinda shipwreck on Abrolhos National Marine Park. Fig. 5. Perceptions about fish abundance between divers that revisit sites Portinho Sul and Rosalinda shipwreck. Figure 1 49 Figure 2 Figure 3 50 Figure 4 Figure 5 51 TABLES Table 1: Divers perceptions of main causes of reductions in fish abundance in dive sites Portinho Sul and Rosalinda on Abrolhos National Marine Park. Reduction causes 1 2 3 4 5 6 End of feeding Excessive visitation Illegal fishing End of feeding and excessive visitation Illegal fishing and excessive visitation Natural migration Portinho Sul (%) 57.9 9.5 3 20.5 9.1 0 Rosalinda (%) 7.1 33.3 38.9 4.1 14.4 2.2 Table 2: Main motivation return to dive in Abrolhos National Marine Park. Main return motivation 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Diversity of fishes Social interaction Corals and pinnacles diversity Historical shipwrecks Helpful staff Night dive Endemism Turtles abundance Scenic beauty of islands % 21.4 16.1 14.3 14.3 10.7 7.1 5.4 5.4 5.4 52 CONCLUSÕES GERAIS As taxas de contatos com os organismos bentônicos observados podem representar uma fonte preocupante de impactos aos recifes coralíneos do PNMA, principalmente se houver aumento nas taxas de visitação. O início do mergulho deve receber atenção especial na gestão, pois se trata do momento crítico quanto aos impactos nos corais, assim como mergulhadores que usam câmera fotográfica profissional e sidemount. Os condutores de mergulho deveriam ser conscientizados para mudar sua postura quanto à conservação dos corais nos recifes artificiais. Estes organismos apresentam a mesma função que em ambientes naturais e devem ser conservados, especialmente no cenário atual de doenças e declínio na abundância de corais do Banco dos Abrolhos (FRANCINI-FILHO et al., 2008). No Brasil, existe uma campanha governamental denominada “Conduta Consciente em Ambientes Recifais” que aborda a informação aos usuários de áreas com recifes coralíneos sobre a importância de sua preservação e incentiva a prática responsável durante as atividades recreativas em recifes coralíneos (MMA/SBF, 2009). Entretanto, não existe um aprofundamento com relação a sensibilização dos mergulhadores e os impactos que a atividade pode causar aos corais. Os estudos existentes revelam que a maneira mais eficiente de educar os mergulhadores é a intervenção dos condutores/guias e a realização da palestra pré-mergulho. A palestra aborda o assunto momentos antes dos mergulhadores iniciarem a atividade, tornando mais efetiva por estar ‘fresca’ na memória dos mergulhadores. Entretanto, as medidas de mitigação mais comumente utilizadas em recifes coralíneos não são aplicadas suficientemente pelos condutores de mergulho do PNMA. Gestores, empresários e condutores subaquáticos devem priorizar a implementação de medidas de redução dos contatos dos mergulhadores com os organismos bentônicos, principalmente com medidas de gestão que reduzam a pressão de uso nos locais com organismos mais vulneráveis. A cooperação entre os atores do mergulho recreativo é fundamental para uma boa gestão da atividade, que é uma das principais formas de aproximar o público do ambiente marinho e suas problemáticas oriundas de impactos antrópicos em todo o mundo. Tonioli (2003) verificou que o perfil dos mergulhadores do PNMA e PNM de Fernando de Noronha é similar quanto ao sexo, faixa etária, local de origem, escolaridade e renda mensal. Baseados nestas informações, o comportamento dos mergulhadores observado no presente estudo pode ser extrapolado para o PNM de Fernando de Noronha e AMPs em recifes coralíneos em que não existam estas informações. Os resultados do presente estudo são essenciais para a determinação da capacidade de suporte para o mergulho recreativo, no qual se usa informações sobre comportamento e perfil dos mergulhadores, fragilidade dos corais, topografia do recife e histórico de visitação. Entretanto, a gestão do mergulho nos recifes coralíneos brasileiros carece de informações básicas, como o número de mergulhos realizados por local e perfil do visitante. A identificação dos atributos da vida marinha preferidos pelos mergulhadores pode ajudar na gestão do mergulho recreativo, direcionando a atividade conforme as preferências do público e provendo 53 um aumento do nível de satisfação dos visitantes. A proteção e manutenção das condições da vida marinha a níveis que tornem os mergulhos agradáveis satisfazem as expectativas dos mergulhadores e os benefícios provenientes das receitas do turismo de mergulho podem ser possibilitados pela melhoria e conservação destes atributos. Os operadores devem atuar em conjunto através de iniciativas que visem educar e informar os mergulhadores vigiá-los e adverti-los quando houver interações que podem gerar impactos na vida marinha. O uso sustentável dos recifes coralíneos para o mergulho recreativo requer que os operadores e condutores de mergulho sejam proativos em promover o comportamento do mergulhador com mínimos impactos. REFERÊNCIAS BARKER, H. L.; ROBERTS, C. M. Scuba diver behavior and the management of diving impacts on coral reefs. Biological Conservation, v. 120, p. 481–489. 2004. BELLWOOD, D.R.; HUGHES, T.P.; FOLKE, C.; NYSTROM, M. Confronting the coral reef crisis. Nature, v. 24, p. 827-833. 2004. BERTUOL, P.R.K. Efeitos de atividades de mergulho autônomo sobre um ambiente de costão rochoso. Dissertação Universidade do Vale do Itajaí, Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental. 58pp. 2005. BUCKLEY, R. Skilled commercial adventure: The edge of tourism. In: SINGH, T.V. New horizons in tourism: Strange experiences and stranger practices. CABI Publishing, UK, p. 37-48. 2004. CAMP E.; FRASER D. Influence of conservation education dive briefings as a management tool on the timing and nature of recreational SCUBA diving impacts on coral reefs. Ocean & Coastal Management, v. 61, p. 30-37. 2012. CASEY J.F., BROWN C., SCHUHMANNB P. Are tourists willing to pay additional fees to protect corals in Mexico? Journal of Sustainable Tourism, v. 18, n. 4, p. 557–573. 2010. CESAR, H.; BURKE, L.; PET-SOEDE, L. The Economics of Worldwide Coral Reef Degradation. Cesar Environmental Economics Consulting, Netherlands, 22p. 2003. CHUNG SS, AU A, QIU JW Understanding the Underwater Behaviour of Scuba Divers in Hong Kong. Environmental Management DOI 10.1007/s00267-013-0023-y. 2013. COPE, R. The international diving market. Travel & Tourism Analyst, v. 6, p. 1–39. 2003. 54 DAVIS, D.; TISDELL, C. Recreational scuba-diving and carrying capacity in marine protected areas. Ocean & Coastal Management, v. 26, n.1, p. 19-40. 1996. DEARDEN, P., BENNETT, M., ROLLINS, R. Perceptions of diving impacts and implications for reef conservation. Coastal Management, v. 35, p. 305 - 317. 2007. DI FRANCO, A.; MILAZZO, M.; BAIATA, P.; TOMASELLO, A.; CHEMELLO, R. Scuba diver behavior and its effects of a Mediterranean marine protected area. Environmental Conservation v. 36, p. 32 – 40. 2009. DIXON, J.A.; SCURA, L.F.; VAN’T HOF, T. Meeting ecological and economic goals: marine parks in the Caribbean. Ambio, v. 22, p. 117-125. 1993. FRANCINI-FILHO, R.B., MOURA, R.L. Evidence for spillover of reef fishes from a no-take marine reserve: An evaluation using the before-after control-impact (BACI) approach. Fisheries Research, v. 93, p. 346–356. 2008. FRANCINI-FILHO, R.B., MOURA, R.L., Thompson, F.L., Reis, R.M., Kaufman, L., Kikuchi, R.K.P., Leão, Z.M.A.N. Diseases leading to accelerated decline of reef corals in the largest South Atlantic reef complex (Abrolhos Bank, eastern Brazil). Marine Pollution Bulletin, v.56, p. 1008–1014. 2008. GARRABOU, J.; SALA, E., ARCAS, A.; ZABALA, M. The impact of diving on rocky sublittoral communities: a case study of a bryozoan population. Conservation Biology, v.12, p. 302-312. 1998. GARROD, B.; GOOSLING, S. New Frontiers in Marine Tourism. Diving experiences, Sustainability, Management. Elsevier. Amsterdam, 249 p. 2008. GÖSSLING, S., LINDÉN, O., HELMERSSON, J., LILJENBERG, J., QUARM, S. Diving and Global Environmental Change: A Mauritius Case Study. In: GARROD, B., GOOSLING, S. (Eds). New frontiers in marine tourism: diving experiences, sustainability, management. pp. 93 -113. 2008. GREEN, E.; DONNELLY R. Recreational SCUBA Diving In Caribbean Marine Protected Areas: Do The Users Pay? Ambio, v. 32, n. 2, p. 65-69. 2003. GUZNER, B.; NOVPLANSKY, A.; SHALIT, O.; CHADWICK, N.E. Indirect impacts of recreational scuba diving: patterns of growth and predation in branching stony corals. Bulletin of Marine Science, v. 86, n. 3, p. 727–742. 2010 HARRIOT, V.J.; DAVIS D.; BANKS S.A. Recreational Diving and Its Impact in Marine Protected Areas in Eastern Australia. Ambio, v. 26, p. 173-179. 1997. 55 HASLER, H.; OTT, J.A. Diving down the reefs? Intensive diving tourism threatens the reefs of the northern Red Sea. Marine Pollution Bulletin, v. 56, p. 1788–1794. 2008. HAWKINS, J.P.; ROBERTS, C.M. Effects of recreational scuba diving on fore-reef slope communities of coral reefs. Biological Conservation, v. 62: 171-178. 1992. HAWKINS, J.P.; ROBERTS, C.M.; VAN’T HOF, T.; DE MEYER, K., TRATALOS, J., ALDAM, C. Effects of Recreational Scuba Diving on Caribbean Coral and Fish Communities. Conservation Biology, v. 13, p. 888–897. 1999. HONEY, M. Ecotourism and sustainable development. Who owns paradise? Segunda edição. Island Press, Washington D.C. 1999. HORNBACK, K.E.; EAGLES, P.F.J. Guidelines For Public Use Measurement And Reporting At Parks And Protected Areas. IUCN, Gland, Switzerland and Cambridge, UK, v.4, 90 p. 1999. HUGHES, T.; BAIRD, A.; BELLWOOD, D.; CARD, M.; CONNOLLY, S.; FOLKE, C.; GROSBERG, R. et al., Climate change, human impacts and the resilience of coral reefs. Science, v. 301, p. 929–933. 2003 HUNT, C.V.; HARVEY, J.J.; MILLER, A.; JOHNSON, V.; PHONGSUWAN, N. The Green Fins approach for monitoring and promoting environmentally sustainable scuba diving operations in South East Asia. Ocean & Coastal Management, v. 78, p. 35-44. 2013. INGLIS, G.J., JOHNSON, V.I., PONTE, F. Crowding Norms in Marine Settings: A Case Study of Snorkeling on the Great Barrier Reef. Environmental Management, v. 24, 369–381. 1999. JAMESON, S.C.; AMMAR, M.S.A.; SAADALLA, E.; MOSTAFA, H.M.; RIEGL, B. A quantitative ecological assessment of diving sites in the Egyptian Red Sea during a period of severe anchor damage: A baseline for restoration and sustainable tourism management. Journal of Sustainable Tourism, v. 15, p. 309–323. 2007. KRIEGER, R.K.; CHADWICK, N.E. Recreational diving impacts and the use of pre-dive briefings as a management strategy on Florida coral reefs. Journal of Coastal Conservation. DOI: 10.1007/s11852012-0229-9. 2012. KU, K.C.; CHEN, T.C. A conceptual process-based reference model for collaboratively managing recreational scuba diving in Kenting National Park. Marine Policy, v. 39, p. 1–10. 2013. LEÃO, Z.M.A.N., TELLES, M.D., SFORZA, R., BULHÕES, H.A., Kikuchi, R.K.P. Impacts of tourism development on the coral reefs of the Abrolhos area, Brazil. In: GINSBURG, R.N. (Ed.) Global 56 Aspects of Coral Reefs – Health, Hazards, and History. Rosenstiel School of Marine and Atmospheric Sciences, University of Miami, Miami. pp 254-260. 1994. LEÃO, Z.M.A.N., KIKUCHI R.K.P. The Abrolhos Reefs of Brazil. In: Seeliger U, Kjerfve B (eds.) Coastal Marine Ecosystems of Latin America. Springer-Verlag, Berlin, pp 83–96. 2001. LEEWORTHY, V.R., MORRIS, F.C. A socioeconomic analysis of the recreation activities of Monroe County residents in the Florida Keys/Key West 2008. Office of National Marine Sanctuaries, National Ocean Service, National Oceanic and Atmospheric Administration, Silver Spring, Maryland. 2010. LUCREZI, S., SAAYMAN, M., MERWE, P.V.D. Managing diving impacts on reef ecosystems: Analysis of putative influences of motivations, marine life preferences and experience on divers’ environmental perceptions. Ocean & Coastal Management, v. 76, p. 52-63. 2013. LUIZ-JÚNIOR, O. J. Observações sobre o comportamento dos mergulhadores recreativos e seus potenciais impactos no Parque Estadual Marinho da Laje de Santos. Relatório Técnico do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos - Santos – SP. 2003. LUNA, B.; PÉREZ, C.V.; SÁNCHEZ-LIZASO, L. Benthic impacts of recreational divers in a Mediterranean Marine Protected Area. ICES Journal of Marine Science, v. 66, p. 517 – 523. 2009. MARCHIORO, G.B., NUNES, M.A., DUTRA, G.F., MOURA, R.L., PEREIRA, P.G.P. Avaliação dos Impactos da exploração e produção de hidrocarbonetos no Banco dos Abrolhos e Adjacências. Megadiversidade, v. 1, p. 225–310. 2005. MAIDA, M.; FERREIRA, B.P. Coral Reefs of Brazil: an overview. Procedings of 8th Int Coral Reef Symposium, p. 263-274. 1997. MAIDA, M.; PONTES, A.C.P.; FERREIRA, B.P.; CASTRO, C.B. PIRES, D.; RODRIGUES, M.C.M. (Orgs) Relatório do Workshop sobre os Recifes de Coral Brasileiros: Pesquisa, Manejo Integrado e Conservação. CEPENE / Corallus. 1997. MATHIEU L.F., LANGFORD I.H., KENYON W. Valuing marine parks in a developing country: a case study of the Seychelles. Environment and Development Economics, v. 8, p. 373–390. 2003. MCCLANAHAN, T., POLUNIN, N., DONE, T. In: Resilience and Behavior of Large-Scale Systems. GUNDERSON, L.H. PRITCHARD, L. (Eds.). Island Press, Washington pp. 111–163. 2002. MELO, R.S.; CRISPIM, M.C.; LIMA, E.R.V. O turismo em ambientes recifais: em busca da transição para a sustentabilidade. Caderno Virtual de Turismo v. 5, p. 34 – 42. 2005. 57 MMA/SBF – Ministério do Meio Ambiente/ Secretária de Biodiversidade e Florestas. Manual para Multiplicadores da Campanha Conduta Consciente em Ambientes Recifais. Brasília, 28p. 2009. MOURA, R.L., SECCHIN, N.A., AMADO-FILHO, G.M., FRANCINI-FILHO, R.B., FREITAS, M.O., MINTE-VERA, C.V., TEIXEIRA, J.B., THOMPSON, F.L., DUTRA, G.F., SUMIDA, P.Y.G., GUTH, A.Z., LOPES, R.M., BASTOS, A.C. Spatial patterns of benthic megahabitats and conservation planning in the Abrolhos Bank. Continental Shelf Research, v. 70, p. 109–117. 2013. MUNRO, J. L. The scope of tropical reef fisheries and their management. In: POLUNIN, N.V.C.; C.M. ROBERTS (Org.). Reef fisheries. Chapman and Hall, London, p. 1-14. 1996. MUSA, G. Sipadan: a SCUBA diving paradise: an analysis of tourism impact, diver satisfaction and tourism management. Tourism Geography, v. 4, p. 195-209. 2002. PARSONS, G.R.; THUR, S.M. Valuing changes in the quality of coral reef ecosystems: A stated preference study of SCUBA diving in the Bonaire National Marine Park. Environmental Resource Economics, v. 40, p. 593–608. 2008. POLAK. O; SHASHAR, N. Can a small artificial reef reduce diving pressure from a natural coral reef? Lessons learned from Eilat, Red Sea. Ocean & Coastal Management, v. 55, p. 94-100. 2012. POMEROY, R.S.; WATSON, L.M.; PARKS, J.E.; CID, G.A. How is your MPA doing? A methodology for evaluating the management effectiveness of marine protected areas. Ocean & Coastal Management, v. 48, p. 485-502. 2005. POONIAN, C., DAVIS, P.Z.R., KEARNS, C., MCNAUGHTON, C.K. Impacts of Recreational Divers on Palauan Coral Reefs and Options for Management. Pacific Science, v. 64, p. 557 – 565. 2010. PRIOR, M.; ORMOND, R.; HITCHEN, R.; WORMALD, C. The impacts on natural resources of activity tourism: a case study of diving in Egypt. International Journal of Environmental Studies, v. 48, p. 201–209. 1995. QUIROS, A.L. Tourist compliance to a Code of Conduct and the resulting effects on whale shark (Rhincodon typus) behavior in Donsol, Philippines. Fisheries Research, v. 84, p. 102-108. 2007. RICHMOND, R.H. Coral reefs: Present problems and future concerns resulting from anthropogenic disturbance. American Zoologist, v. 33, p. 524–536. 1993. RIEGL, B.; VELIMIROV, B. How many damaged corals in Red Sea reef systems? A quantitative survey Hydrobiologia, v. 217, p. 249-256. 1991. 58 ROUPHAEL, A.B.; INGLIS, G.J. Impacts of recreational scuba diving at sites with different reef topographies. Biological Conservation, v. 82, p. 329-336. 1997. ROUPHAEL, A.B.; INGLIS, G.J. ‘‘Take only photographs and leave only footprints’’?: an experimental study of the impacts of underwater photographers on coral reef dive sites. Biological Conservation, v. 100, p. 281–287. 2001. RUDD, M.A., TUPPER, M.H. The impact of Nassau grouper (Epinephelus striatus) size and abundance on SCUBA diver site choice and MPA economics. Coastal Management, v. 30, p. 133-151. 2002. SALM, R.V.; CLARK, J.; SIIRILA, E. Marine and coastal protected areas: a guide for planners and managers. IUCN: Washington, 371p. 2000. TABATA, R.S. Scuba-diving holidays. In: WEILER, B.; HALL, C.M. (Org.), Special Interest Tourism. Belhaven Press, New York, p. 171-184. 1992. TUOHINO, A; HYNONEN A. Ecotourism: Imagery and reality: Reflections on concepts and practices in Finnish rural tourism. Nordia Geographical Publications, v. 30, p. 21–34. 2001 TRATALOS, J.; AUSTIN, T.J. Impacts of recreational SCUBA diving on coral communities of the Caribbean island of Grand Cayman. Biological Conservation, v. 102, p. 67-75. 2001. UYARRA, M.C.; CÔTÉ, I.M. The quest for cryptic creatures: Impacts of species-focused recreational diving on corals. Biological Conservation, v. 136, p. 77-84. 2007. UYARRA, M.C., WATKINSON, A.R., CÔTÉ, I.M. Managing Dive Tourism for the Sustainable Use of Coral Reefs: Validating Diver Perceptions of Attractive Site Features. Environmental Management, v. 43, p. 1–16. 2009. WELLS, A.; BURGESS, N.; NGUSARU, A. Towards the 2012 marine protected area target in Eastern Africa. Ocean & Coastal Management, v. 50, p. 67-83. 2007. WILHELMSSON, D.; OHMAN, M.C.; STAHL, H.; SHLESINGER, Y. Artificial reefs and dive tourism in Eilat, Israel. Ambio, v. 27, p. 764–766. 1998. WILLIAMS, I.D., POLUNIN, N.V.C. Differences between protected and unprotected reefs of the western Caribbean in attributes preferred by dive tourists. Environmental Conservation, n. 27, v. 4, p. 382–391. 2000. ZAKAI, D.; CHADWICK-FURMAN, N. E. Impacts of intensive recreational diving on reef corals at Eilat, northern Red Sea. Biological Conservation, v. 105, p. 179-187. 2002. 59 ANEXO Autorização do ICMBio para realização de pesquisa no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos 60 APÊNDICE 1 Normas para submissão de artigo para a revista Environmental Management 61 62 APÊNDICE 2 Normas para submissão de artigo para a revista Tourism Management 63 64