Waardenburg Galeradas.pub

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Waardenburg Galeradas.pub
Acta Otorrinolaringol. Gallega 2015;8(1): 114-122
Edita: Sociedad Gallega de
Acta Otorrinolaringológica
Gallega
Otorrinolaringología.
Artículo original
ISSN: 2340-3438
Características fenotípicas e audiológicas da síndrome de waardenburg – estudo de uma familia
Periocidad: continuada.
Phenotypic and audiologic features in Waardenburg's syndrome –
study over a family
Cristiana Coimbra,Aida Sousa,Eugénia Castro,Inês Ribeiro,Artur Condé
Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho
Web: www: sgorl.org/revista
Recibido: 7/7/15
Aceptado: 20/10/15
Correo electrónico:
Resumen
[email protected]
Introdução: A Síndrome de Waardenburg (SW) é rara e tem transmissão
genética autossómica dominante, atingindo 1 em cada 42 000 indivíduos.
Estes apresentam um fenótipo característico e hipoacusia importante. A
sua identificação e o seu seguimento são fulcrais.
Objetivo: caracterizar as manifestações físicas e audiológicas de uma
família portadora de Síndrome de Waardenburg comparando estes achados com os descritos na literatura.
Método: os autores estudaram uma família de 4 elementos com Síndrome
de Waardenburg que frequentam a consulta de ORL no CHVNGaia/
Espinho. Foi feita avaliação física, audiométrica e impedanciometria.
Um dos elementos foi estudado ainda com recurso a PEATC.
Resultados: Todos os elementos apresentava SW tipo I. No que toca ao
fenótipo, os 4 apresentam poliose, base do nariz proeminente e alargada,
distopia canthorum e synophrys mas, individualmente, encontram-se ainda características típicas da síndrome, entre as quais, isocromia da íris,
atraso locomotor e prega epicantal. Verificou-se uma perda auditiva neurossensorial unilateral em três elementos, variando de ligeira a profunda.
Conclusão: O fenótipo dos elementos desta família corrobora as descrições encontradas noutras séries. A perda neurossensorial unilateral,
variando de leve a profunda, está de acordo com os achados da literatura,
Correspondencia: Cristiana Coimbra
Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho
E-mail: [email protected]
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onde se lê que poderá, também, ser bilateral.
Keywords: Waardenburg syndrome; congenital
O conhecimento desta síndrome e o estudo destes
hearing loss; neruossensorial deafness
doentes é fundamental para a correta orientação
multidisciplinar e a precoce adaptação auditiva.
Palabras clave: Síndrome Waardenburg; hipoa-
Introducción
cusia congénita; surdez neruossensorial
A Surdez pode ter etiologia genética ou ser causada
Abstract
por fatores ambientais. Cerca de 50% das deficiên-
Introduction: Waardenburg syndrome (WS) is a
cias auditivas profundas têm etiologia genética e,
rare entity and has autosomal dominant genetic
não havendo um tratamento eficaz, o seu diagnósti-
transmission, affecting 1 in 42,000 individuals,
co precoce e o aconselhamento genético têm uma
who have a characteristic phenotype and im-
importância major e são fulcrais na prevenção pri-
portant hearing loss. The identification and follow
mária1. Nalgumas dessas doenças /síndromes gené-
-up of these patients is very important.
ticos o ouvido não é o único órgão envolvido, po-
Objective: to characterize the physical and audio-
dendo, nesses casos, surgir outros sintomas, tal co-
logical manifestations of a family who has Waar-
mo acontece no Síndrome de Alport, por exemplo,
denburg syndrome and to compare these findings
ou no Síndrome de Waardenburg (SW).
with those described in the literature.
A Síndrome de Waardenburg é responsável
Method: The authors studied a family of 4 ele-
por cerca de 3% da surdez neurossensorial congé-
ments with Waardenburg syndrome attending
nita2 e o seu nome é uma homenagem ao holandês
ENT consultation in CHVN Gaia / Espinho. They
geneticista e oftalmologista, Petrus Johannes Waar-
performed both physical and audiometric assess-
denburg, que em 1951 a descreveu pela primeira
ment. One of the elements has also been studied
vez como resultado da associação entre surdez, mal-
using the BERA.
formações craniofaciais e vitiligo3. Definiu-a como
Results: All the elements presented SW type I. All
sendo de hereditariedade autossómica dominante,
four patients had poliosis, prominent and enlarged
alta penetrância e expressivididade variável, resul-
nose base, canthorum dystopia and synophrys.
tando em elevada heterogeneidade genética. Carac-
Some had other typical features of the syndrome,
teriza-se por uma clínica que inclui uma madeixa
concerning the eyes and locomotor delay. There
branca no cabelo, isocromia da íris e surdez neuros-
was a unilateral sensorineural hearing loss in three
sensorial, entre muitos outros4-6. A incidência varia
elements, ranging from mild to profound.
de 1: 30000 e 1:420002 o que pode, em parte, ser
Conclusion: The phenotype of this family is as
justificado pelo facto de a expressividade da doença
decribed in other articles. The unilateral sensori-
ser bastante variável, definindo-se 4 formas clínicas
neural hearing loss, ranging from mild to pro-
ou subtipos de síndrome.
found, is in agreement with other published find-
Assim, no Tipo I, ou forma clássica, os do-
ings, but could be bilateral. To be aware of this
entes apresentam isocromia da íris, de cor azul
syndrome and to study these patients is critical to
brilhante, ou heterocromia da íris, isto é, cores dife-
give them the correct multidisciplinar orientation
rentes entre ambas as íris; distopia canthorum, ou
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seja, um aumento da distância entre os cantos me-
perdas unilaterais4,5, sendo de elevada importância
diais dos olhos; prega epicantal, que se define co-
para a correta e atempada adaptação das crianças.
mo uma prega cutânea que que se estende da base
Os doentes apresentam ouvido externo normal e a
do nariz até à região medial da sobrancelha; sinop-
impedancimetria, recorrendo ao timpanograma é,
hrys, que se define pela confluência de ambas as
também, com curvas do tipo A (normais)1,6,14.
sobrancelhas; poliose -madeixa branca no cabelo e
vitiligo2,5. Este quadro clínico tem origem numa
mutação do gene PAX3, tal como acontece no subtipo III2,5, levando à perda de função desse gene. O
Material y Métodos
tipo II é em tudo semelhante ao tipo 1 mas os doen-
Observou-se uma família seguida em consulta de
tes não têm distopia canthorum 2,5,6 e deve-se a uma
Otorrinolaringologia no Centro Hospitalar de Vila
mutação
(microphthalmia-
Nova de Gaia/Espinho da qual 4 elementos têm
associated trascription factor) ou do gene SNAI2
suspeita de SW. A relação de parentesco entre eles
do
gene
MIFT
7
(encoding snail homolog 2) . O tipo III, ou Síndro-
é demonstrada na árvore genealógica da figura 1.
me de Klein-Waardenburg, é o mais raro dos 4 e, às
Descreveram-se as características físicas e estudou
alterações da pigmentação presentes nos dois subti-
-se o perfil audiológico de cada um desses 4 ele-
pos anteriores, acresce ainda atraso mental, hipo-
mentos através de um audiograma, timpanograma
8
plasia dos membros superiores e microcefalia . O
e pesquisa de reflexos estapédicos, que se anexam.
tipo IV, ou Shah-Waardenburg, combina a clínica
O audiograma de cada indivíduo permitiu inferir
do tipo II com a doença de Hirschsprung ou mega-
surdez Neurossensorial ou de Transmissão e com
cólon congénito e mutações nos genes SOX10 (sex
base no Pure Tone A verage (PTA) obteve-se a
determining region y-box-10), DNRB (endothelin
classificação de audição Normal, Surdez Leve,
recep- tor type B) e EDN3 (endothelin-3) podem
Surdez Moderada, Surdez Grave ou Surdez Pro-
estar na sua origem7,8. Em qualquer um dos subti-
funda. A discriminação auditiva foi avaliada atra-
pos pode ainda surgir fenda palatina, lábio leporino
vés do Audiograma Vocal tendo em conta o
9,10
e base da pirâmide nasal alargada e proeminente
.
Speech Recognition Thresthold (SRT) e a capaci-
É importante perceber que os sinais e sintomas não
dade discriminativa máxima (atinge os 100% ou
têm de estar todos presentes à nascença, mas po-
não). As crianças fizeram ainda Potenciais Evoca-
dem ir surgindo ao longo da vida.
dos Auditivos do Tronco Cerebral (PEATC).
A surdez é um dos sintomas mais temidos
Na avaliação auditiva foi utilizado o audió-
no Síndrome se Waardenburg e surge em 15-20%
metro clínico Interacoustics A C40, com ausculta-
dos indivíduos com o subtipo I e entre 50-57% dos
dores supra aural TDH 39 calibrados segundo nor-
indivíduos com o subtipo II1,5,11. É do tipo neuros-
ma ISO 389-1/ANSI S3.6. Para classificação do
sensorial e pode ser uni ou bilateral, podendo variar
grau de surdez foi utilizado a norma do BIAP
de moderada, com preservação das baixas frequên-
02/1bis (Bureau International Audiophnologie).
cias, até profunda bilateral. A sua gravidade varia
O equipamento utilizado para a realização
entre famílias e entre indivíduos da mesma famí-
de potenciais evocados auditivos do tronco cere-
lia12-14. O rastreio e diagnóstico precoces de toda a
bral foi Interacustics Eclipse com auscultadores
família são fundamentais, sobretudo na detecção de
EAR Tone ABR, calibrados segundo norma ISO
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com suspeita de SW, ou seja, os elementos A, C,
D e F.
Indivíduo A
Primariamente seguido noutra instituição hospitalar, não foi possível aceder ao seu processo. O indivíduo com foto em anexo (Figura 2) tem 49
anos e refere anomalias de locomoção desde a idade pediátrica, com queixa de hipoacusia e acufeno
Figura 1: Árvore genealógica da família com sus-
bilaterais desde a idade adulta.
Ao exame objetivo são evidentes caracte-
peita de Síndrome de Waardenburg.
rísticas como poliose, sinophrys, distopia cant389-2/ANSI S3.6. As crianças realizaram o exa-
horum e base nasal alargada. Não foi possível
me em sono espontâneo. Foi utilizado o método
recuperar o resultado dos testes genéticos que fez
ascendente de intensidade de estimulação com
na primeira instituição hospitatal em que foi se-
repetição da intensidade limiar e os elétrodos fo-
guido para caracterizar o SW mas, pelo fenótipo
ram colocados em FPz, Fz, A1 e A2. Os parâme-
observado e ausência de outras alterações, nomea-
tros utilizados para a realização dos PEATC e a
damente atraso cognitivo ou história de megacó-
determinação do limiar eletrofisiolófico são indi-
lon, presume-se o subtipo I.
A otoscopia é normal com membranas
cados nas tabelas 1 e 2.
timpânicas (MT) íntegras e canais auditivos externos (CAE) de normal diâmetro e configuração.
Resultados
Para uma exposição mais clara, opta-se por des-
No timpanograma encontraram-se curvas
crever cada indivíduo separadamente, apresentan-
do tipo A em ambos os ouvidos. A pesquisa de
do as suas características físicas e o seu estudo
reflexos estapédicos revelou a ausência dos mes-
auditivo. Foram estudados apenas os indivíduos
mos, ipsi e contralateralmente, em todas as fre-
Measured
Rejected
Gain
Modo
2000
0%
92
monoaural
Stimulus
sec.
20.1
Low pass
High pass
Polarity
Frequency
Intensidade
1500 Hz
150 Hz
Raref.
Click (0,1
ms)
dB nHL
Tabela 1: Parâmetros utilizados na realização dos PEATC
Reprodutibilidade das ondas superior a 50% em cada intensidade
Aumento da amplitude da onda V com o aumento da intensidade de estimulação
Diminuição latência da onda V com o aumento da intensidade de estimulação
Reprodutibilidade da latência da onda V em duas repetições
Tabela 2: Critérios de determinação do limiar eletrofisiológico
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Tempo de
análise
15 ms
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Figura 3: Audiograma Vocal e Tonal do indivíduo A.
Indivíduo C
Tem 7 anos e é seguido no CHVNGE desde a
nascença (figura 4). Com um ano de vida verifiFigura 2: Indivíduo com Síndrome de Waardenburg.
cou-se acuidade visual muito baixa, vitiligo e
atraso global do desenvolvimento psicomotor.
quências no ouvido direito (500, 1000, 2000, 4000
Hz). O ouvido esquerdo apresenta reflexos ipsi e
contralaterais em todas as frequências.
Com base no audiograma realizado (Figura
3) classificou-se a audição Normal no ouvido esquerdo e Surdez Neurossensorial Profunda no ouvido Direito.
No que toca ao exame vocal, verificou-se
um SRT de 35 dB no ouvido direito, com discriminação de 100% aos 45 dB, e SRT de aproximadamente 100 dB no ouvido esquerdo (Figura 3).
Figura 4: Indivíduo C (notar o fenótipo característico).
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Ao
ano
e
meio
realizou
PEATC
à sua morfologia por a criança se encontrar apenas
(potenciais ecovados auditivos do tronco cere-
relaxada.
bral) que denunciaram limiar auditivo de 20 dB
Conclui-se audição esquerda normal com perda neu-
no ouvido esquerdo e ausência de limiares no
rossensorial profunda direita.
ouvido direito. A família nota problemas na locomoção do indivíduo e dificuldade na aquisição
da linguagem nos anos seguintes, havendo dificuldade de interação deste com outras crianças e
tendo necessidade de maior apoio escolar. Aos 2
anos e meio é lhe diagnosticado SW tipo I, em
consulta de genética pediátrica, e ao exame físico começam a ser evidentes características como
distopia canthorum, prega epicantal e sinophrys.
A criança é adaptada no ouvido direito, passando
a ter melhor aproveitamento escolar e interação
social.
Em 2014 foi avaliado em consulta ORL e
a otoscopia era normal, com CAE de normal
configuração e tamanho, bem como MT íntegras
bilateralmente. O audiograma (figura 5) sugeriu
surdez neurossensorial profunda no ouvido direi-
Figura 5: Audiometria Tonal e Vocal do indivíduo C
com hipoacusia.
to, com PTA de 115 dB e moderada no ouvido
esquerdo, com PTA de aproximadamente 43 dB.
Indivíduo D
A vocal denunciou um SRT esquerdo de 25dB
Seguida inicialmente também no Hospital de Santo
com discriminação de 90% aos 40dB e ausência
António, tem como antecedentes miopia, estrabismo
de descriminação no ouvido direito. Verificou-se
e otopatia serosa com otites de repetição. Tem 24
Timpanograma A bilateral e reflexos estapédicos
anos e à chegada à consulta verifica-se um fenótipo
ipsi-laterais presentes em todas as frequências do
característico: poliose, heterocromia da íris, sinop-
ouvido esquerdo, e ausentes no direito, não ten-
hrys e base nasal alargada (figura 6). O teste gené-
do sido testados os reflexos contralaterais. Pela
tico diagnosticou SW tipo I.
discordância entre os diferentes exames, com
A otoscopia foi perfeitamente normal, com
especial foco no exame vocal e tonal, que certa-
timpanograma A e reflexos ipsi e contralaterais pre-
mente traduziram má colaboração da criança,
sentes bilateralmente.
complementou-se o estudo audiométrico reco-
O audiograma mostrou limiares de 20dB no
rrendo aos PEATC. Obtiveram-se limiares de
ouvido direito e 16 no esquerdo, ou seja, uma au-
20dB no ouvido esquerdo com intervalo I-V nor-
dição normal. No vocal, verificou-se SRT de 25dB e
mais, ao paço que no ouvido direito os limiares
discriminação de 100% aos 45dB, bilateralmente.
registados foram de 90 dB que, no entanto, se
Conclui-se acuidade auditiva normal em ambos os
obtiveram com curvas algo inconclusivas quanto
ouvidos.
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limiares.
O indivíduo G não consta do estudo uma vez que
o teste genético foi Negativo para SW.
Discusión
Este trabalho tinha três objetivos: descrever as características físicas dos indivíduos da família portadora de SW, compará-los com o fenótipo típico
que a literatura descreve e ainda verificar a perda
auditiva dos mesmos, caracterizando-a e comparando com a encontrada em outras séries.
Verificou-se, em todos os elementos, um
perfil sobreponível ao descrito na literatura: epiFigura 6: Indivíduo D mostrando poliose.
canto, heterocromia ou isocromia da íris, sinophrys, distopia canthorum, vitiligo e poliose. No
Indivíduo F
indivíduo A não verificámos poliose, mas sim um
O rastreio neonatal determinou que fosse enca-
cabelo totalmente branco, precocemente, mas refe-
minhado à consulta externa de ORL. Foi realizado
riu ter tido poliose quando jovem. Ao contrário do
teste genético que diagnosticou SW tipo I. À che-
que mais frequentemente acontece, nesta família
gada à consulta, atualmente com 4 anos, são notó-
nenhum indivíduo apresenta isocromia da íris azul
rias características compatíveis com a síndrome,
brilhante, mas todos, à exceção do indivíduo A,
tais como poliose, sinophrys e heterocromia da
apresentam cor de íris diferente do comum1,2,8 e o
íris. Verificou-se ainda hipertelorismo e dimi-
indivíduo D apresenta heterocromia da íris.
nuição da força dos membros superior e inferior
Tal como corrobora a literatura, os indivíduos
direitos. A otoscopia foi normal e o timpanograma
apresentam configuração de CAE e MT nor-
também, com curvas A bilateralmente.
mais1,5,7. O timpanograma é sempre normal, tal
Tendo em conta a idade da criança foi pas-
como verificado, e os reflexos seriam expectáveis
sível de ser realizado apenas audiograma vocal,
de surgir com limiares de estímulo a partir de
verificando-se SRT direito de 35 dB e esquerdo
70dB6.12. No entanto, no indivíduo A, isso não
de 25dB, com discriminação de 100% aos 45dB,
aconteceu no ouvido direito, havendo ausência de
bilateralmente.
reflexos ipsi e contralaterais. Tal pode acontecer
Realizou PEATC que mostraram interva-
por apresentar uma surdez neurossensorial profun-
los inter-ondas I-V e amplitude de ondas normais,
da.
com limiares de 50dB no ouvido direito e 40 dB
A surdez nos indivíduos portadores de SW
é congénita e do tipo Neurossensorial (SN)1,3, tal
no ouvido esquerdo.
Considerou-se perda auditiva direita leve e
como verificámos neste curto estudo de caso. Nos
normoacúsia esquerda. A criança mantém-se em
nossos doentes a surdez encontrada foi unilateral
seguimento em consulta ORL com necessidade de
nos indivíduos F, A e C. Pode variar de leve a pro-
repetir o estudo audiométrico para confirmar os
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funda2,5.10 e tal se verifica nesta série, com os indi-
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