Moda Manifesto Vol 1 VERSÃO 5.1.P65

Transcrição

Moda Manifesto Vol 1 VERSÃO 5.1.P65
modamanifesto
em revista
l moda além do óbvio l #1 l out/05 l
gilles lipovetsky
um encontro entre
filosofia e moda
e mais:
ronaldo fraga em
entrevista exclusiva
moinhos fashion show
a volta do balonê
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índice
editorial ................................................................................................................... 3
quem faz ................................................................................................................. 3
um encontro com gilles lipovestky ............................................................................. 4
moinhos fashion show .............................................................................................. 7
expediente
Coordenação
Thais Gomes Fraga
Conteúdo, Reportagem e Edição
Ana Carolina Acom
Carolina Citton Puccini
Janaína Kiesling Braga
minimalismo ........................................................................................................... 10
Laura Ferrazza de Lima
descosturando ronaldo .......................................................................................... 12
Marianna Rebelatto
brechómania .......................................................................................................... 14
Renata Cerolini
último grito ............................................................................................................ 15
a moda e o existencialismo ..................................................................................... 16
um pequeno desejo em grande estilo ..................................................................... 18
a semana farroupilha ............................................................................................. 20
o retorno do balonê ............................................................................................... 22
cinema + moda: cult total ....................................................................................... 23
glossário ................................................................................................................ 24
Laura Madalosso
Thais Gomes Fraga
Projeto Gráfico
Carolina Citton Puccini
Laura Madalosso
Diagramação
Carolina Citton Puccini
Revisão
Ana Carolina Acom
Carolina Citton Puccini
Laura Madalosso
fashionauta ........................................................................................................... 25
Marianna Rebelatto
teoria de moda ...................................................................................................... 25
Thais Gomes Fraga
Renata Cerolini
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editorial
A idéia da Revista Eletrônica surgiu a partir da realização do
curso de extensão “A História Social da Moda no Século XX”,
ocorrido na PUC nos meses de maio e junho de 2005, em que se
acreditava oportuno um espaço para pensar e discutir novos
conceitos sobre consumo, cultura, sociedade, comportamento,
luxo, gênero, enfim um espaço multidisciplinar e absolutamente
arejado para pensar Moda, enquanto fenômeno cultural da sociedade contemporânea do século XXI.
Iniciamos um circuito de reuniões e principalmente troca de
e-mails. Fomos afinando idéias, redefinindo-as, confirmando-as.
Nossos e-mails tornavam-se mais e mais coloridos e suculentos
beirando a poli sensorialidade, como sugere nosso guru Gilles
Lipovetsky. O grupo formado por filósofa, jornalistas, historiadoras, publicitárias, está convencido que a transdiciplinariedade
deve ser de fato uma práxis.
Assim, foram surgindo as idéias, as histórias, as memórias
e outros que tais, os quais apresentamos aqui dentro desse espaço, e que esperamos se torne um delicioso lugar para compartilhar e descobrir novas possibilidades para se pensar MODA,
esse tema tão controverso e ao mesmo tempo tão instigante!
Thais Gomes Fraga
Historiadora e Pesquisadora de Moda
quem faz
Ana Carolina Acom
Carolina Citton Puccini
Filósofa da moda - formada
em Filosofia pela UFRGS,
pesquisa moda e semiótica
das vestimentas.
Estudante de Publicidade e
Propaganda da PUCRS, diagramadora de plantão e
com a moda no sangue.
Janaína Kiesling Braga
Laura Ferrazza de Lima
Bacharel em Direito por
descuido e estudante auto-didata de moda desde
os 14 anos. Atualmente
trabalha na área de vendas e possui um Brechó.
Graduada em História pela
UFRGS. Pesquisadora de
História da Moda.
Laura Madalosso
Marianna Rebelatto
Estudante de Publicidade e
Propaganda da UFRGS,
pseudo-designer e fashion
addicted declarada.
Estudante de Jornalismo da
PUCRS e interessada pela
moda e sua história.
Renata Cerolini
Thais Gomes Fraga
Estudante de Jornalismo
da PUCRS, amante do
novo e exagerada em
tudo.
Mestre em história pela
UFRGS, pesquisadora de
moda. Movida pela curiosidade e pelas coisas belas.
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um encontro com
Gilles Lipovetsky
Por Laura Ferrazza de Lima
Estrear uma revista que fala de moda, comportamento, arte e tantos outros temas ligados a
contemporaneidade é por si só excitante. Porém,
poder ter na nossa primeira edição uma entrevista recente de um dos maiores, senão o maior pensador de moda da atualidade é um verdadeiro furo
de reportagem. Esse personagem real é o filósofo
francês Gilles Lipovetsky que esteve em visita recente ao nosso país e mais especificamente ao
nosso estado, o Rio Grande do Sul. Autor de livros como: “A Era do Vazio”, no qual discute a
questão da pós-modernidade, “O Império do
Efêmero”, onde constrói uma arqueologia da
Moda, para anunciá-la enquanto fenômeno histórico. Conta ainda com “O Luxo Eterno”, um de
seus últimos trabalhos traduzidos no Brasil, onde
faz um apanhado do luxo ao longo da história da
humanidade, para lhe dar um novo conceito, que
ultrapassa a idéia do supérfluo. Poderia discorrer
longamente sobre a extensa produção teórica do
autor, mas vamos aos fatos!
O encontro não se deu num lugar qualquer,
mas em um grande evento cultural já consagrado no estado, foi na 11ª Jornada Literária de Passo Fundo, um evento de proporções internacio-
nais. Gilles Lipovetsky foi convidado para compor uma mesa de debates no dia 24 de agosto
de 2005. Sob a lona principal do circo da cultura, se instalam centenas, quiçá milhares de pessoas, numa tarde de vento frio, ás 14:30 iniciouse a mesa de palestras. Composta por inúmeros
nomes ilustres da literatura e humanidades:
Inácio de Loyola Brandão, Alcione de Araújo, Júlio Diniz (anfitriões do encontro) e palestrantes
como Carlos Reis, crítico literário português, Professor da Faculdade de Coimbra, Portugal;
Mauro Maldonado, psicanalista italiano e Gilles
Lipovetsky, o qual já foi longamente referido. O
tema do painel era: A Indústria Cultural,
homogeneização, diversidade e resistências.
Os três palestrantes principais abordaram
cada um dentro de sua especialidade e linha de
pensamento o tema proposto. O primeiro a falar foi Carlos Reis que tratou da transformação
da produção literária voltada para um mercado
de consumo. Logo após falou Gilles Lipovetsky,
como sempre polêmico. Disse que a questão da
Indústria Cultural não é de hoje, seria um debate antigo. O que o sociólogo questiona é a acusação que pesa sobre a mesma, a de ser um ins-
trumento de manipulação das massas. Ele não
deixa de fazer uma denúncia ao processo de
globalização, que tenta impor um modelo
hegemônico e máquinas de produzir cultura. A
mídia tem um certo poder na mudança de comportamentos e gostos. Teria mesmo a capacidade de criar uma similitude de comportamentos.
Porém, ele critica a idéia de homogeneização, mesmo que a mídia se dirija a todos
não consegue homogeneizar. Os gostos e práticas culturais podem ser determinados pela classe de origem. O impacto da TV difere conforme
a classe social a que pertencemos. Essas idéias
têm pertinência, mas a mídia é mais, é o advento de uma nova cultura individualista. As culturas não são mais compartimentadas entre classes, há uma erosão das barreiras culturais e
classistas. Afinal, todos os grupos participam do
consumo, ao menos tem acesso ao universo do
consumismo, podem ver o que está na moda,
mesmo os desfavorecidos.
Ele afirma que por trás de uma aparente
uniformização existe uma heterogenização de
comportamentos. A hipermodernidade gera grupos que não são mais homogêneos em si, mas
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permeados por gostos individuais. Portanto, a
mídia não deve ser vista como uma máquina
poderosa que domina a mente. É preciso recusar a visão de que as pessoas estão passivas perante a cultura de massa. Os indivíduos possuem seus filtros. Assim, ela teria também um lado
positivo, de trazer diferentes opções e acesso a
informação. Gera questionamentos, mas as críticas radicais se apagam e as parciais se multiplicam. Não há acordos e consensos.
Por um lado, a mídia faz com que não se
pense, superficializa comportamentos e culturas, por outro coloca em questão seu próprio
comportamento. Acusa-se a Indústria Cultural de romper com culturas, mas a questão é
mais complexa. A tentativa de globalização
cultural gera uma necessidade de defender as
diferenças e identidades regionais. Não podemos permanecer passivos diante da mesma,
porque ela não é uma mercadoria como as
outras. A cultura identifica um povo e é essencial para a criação.
O último a falar foi o psicanalista italiano
Mauro Maldonado, que defendeu a idéia de que
o homem é um animal cultural. O único capaz
de acumular memória e de tirar proveito dela.
Após a apresentação para o grande público, nossa equipe pode participar da coletiva de
imprensa de Gilles Lipovetsky. Num auditório de
proporções médias, mas com um número nem
tão expressivo de jornalistas. Tratando-se de uma
coletiva temos um jogo de perguntas e respostas que tentarei sintetizar para vocês leitores.
A fala do autor inicia com uma apreciação a
respeito da Jornada Literária. Segundo Lipovetsky
não se poderia imaginar um evento assim na Eu-
ropa, uma tal concentração de pessoas num evento cultural o transforma de certa maneira nem
evento de massa. Chegou a referi-lo como uma
espécie de gigantismo cultural. A presença maciça das pessoas faz crer que o evento responde a
um certo número de necessidades. Isso poderia
ser uma indicação para os intelectuais que tem
que se adaptar a outro universo.
II
II
Muitas das perguntas giram em torno do
seu livro mais recente lançado no Brasil, “O Luxo
Eterno”. Sobre o luxo o autor responde com argumentos inovadores. Conforme ele há 50 anos
a sociedade de consumo e de comunicação legitimou o prazer neste mundo. Todos os prazeres na nossa sociedade hedonista seriam reconhecidos como legítimos e o luxo é um deles. As
sociedades antigas, regidas pela Igreja condenavam o luxo. Atualmente há uma cultura de
exaltação do gozo do presente. Só há essa vida e
deve ser aproveitada.
Quando questionado sobre a diferença
temática entre ele e os filósofos clássicos, faz uma
crítica ao pensamento conservador: “Talvez exista no código genético dos filósofos uma resistência ao efêmero”.Segundo ele, foi através da
observação da sociedade atual e da percepção
de um papel preponderante que o efêmero ocupa nela que ele encontra as grandes perguntas
filosóficas. Algumas das quais por ele citadas e
que enumero aqui: “De um modo geral para que
espécie de mundo o luxo e o efêmero estão nos
conduzindo? Será que é preciso denunciá-lo ou
sacralizá-lo completamente? Não haveria algo
de positivo nesse universo da versatilidade?” Ele
coloca-se como um moderado ao responder tais
problemas em relação a seus predecessores. A
quase totalidade desses denunciava o luxo, como
um vício. Ele afirma que na situação nova em
que vivemos elogiar o luxo é obsceno. Contudo
ele declara-se incapaz de denunciá-lo. Nas palavras dele: “O luxo significa de qualquer maneira
a beleza, o sonho, a extrema qualidade... será que
nós desejamos um universo sem luxo, sem essa
generosidade da beleza?” Ele pondera a questão
com o desejo de que o luxo seja um pouco menos privado e mais público.
Finalmente essa humilde historiadora, que
empreendeu a aventura jornalística que as circunstâncias exigiam lançou sua questão. Resgatando seus estudos acerca da moda, solicitei uma
relação entre essa e a arte, se a criação artística
poderia ser comparada com a criação de alguns
estilistas. As ligações entre a moda e a arte eram
muito amplas e complexas para serem respon-
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didas numa entrevista. Mesmo
assim Lipovetsky não se furtou
de uma resposta analítica. Conforme ele, “a
moda moderna
a partir de meados do século
XIX inventou as
núpcias entre a
moda e a arte.
Por que o grande costureiro se
Gilles Lipovetsky
coloca realmente como um artista, se coloca como um criador.
Mesmo atu-almente os gran-des criadores não se
colocam como comerciantes, mas como criadores”. Entretanto, nos últimos 20 anos entramos
numa nova fase. Antes, o costureiro era mesmo
um criador soberano. Ele era capaz de impor um
estilo, impor uma moda. Era uma espécie de ditador de aparências. As mulheres da alta sociedade obedeciam à moda. Isso acabou, as mulheres não aceitam mais mudanças de estilo impostas do exterior. Isso não corresponde mais à
cultura viva.
Acrescenta ainda que o aspecto artístico no
sentido forte do termo está recuando em favor
do marketing. Existe hoje a necessidade de escutar o mercado. O grande costureiro do século
XIX era uma espécie de senhor da moda. Ele ganhava dinheiro, mas não estava preocupado em
satisfazer as necessidades da sociedade. Nenhuma grande “maison” de hoje funciona assim.
Não quer dizer que os costureiros não sejam mais
grandes criadores, mas o lado comercial assume uma importância cada vez maior. Ele aponta
essas como uma das razões pela qual não vemos mais grandes revoluções na moda. Afirmação que certamente fará muitos fashionistas pular
da cadeira. Ele afirma que se age atualmente
como se fosse necessário responder ao mercado, o que segundo ele escapa do conceito original da moda.
Outro ponto a destacar na entrevista é a
utilização de conceitos novos, como o da
hipermodernidade. Segundo ele, seria uma revisão do conceito de pós-modernidade que ele
mesmo ajudou a difundir. Baseado no avanço
tecnológico acredita que assistimos a uma
radicalização da modernidade. Seria a saída de
uma modernidade autoritária e ideológica em
favor de um hedonismo de consumo, isso teria
se desenvolvido a partir da década de 50, 60 e
70. Porem, a sociedade hiper só vai entrar na
sua fase de pleno desenvolvimento com a
globalização no final dos anos 90.
O tema da publicidade também é nuançado,
sobre o seu papel Lipovetsky reforça a posição
que tinha apresentado em sua palestra. Ela tem
um papel nas transformações, mas é um elemento entre outros. Segundo ele a mudança fundamental está no fato de que no passado as classes
populares pensavam que o luxo não era para elas.
A sociedade de consumo revolucionou tudo isso.
Trouxe a idéia de que o prazer existe para todos.
A publicidade colocou isso em imagens, mas todo
mundo contribui para criar uma espécie de vício
pelo bem estar. Portanto, considera os ataques
de certos intelectuais a publicidade um exagero.
Ela não é uma espécie de ditador que poderia tudo
mudar sozinha.
Ressoou pelo auditório uma pergunta,
afinal, como fica a questão da inclusão social
em relação a publicidade, ela exclui? Resposta
do autor: “sim e não. Sim, porque a publicidade e o consumo fazem de certa maneira com
que toda sociedade participe de um mesmo
mundo. Ao mesmo tempo podemos considerar que ela acentua o sentimento de exclusão.
Justamente o sentimento de que não se participa. Por isso falamos com freqüência que a
violência da mídia é terrível. Existe de certa
maneira também uma violência da publicidade, no consumo, capaz de criar um sentimento de inferioridade. Esse fenômeno é muito violento para as pessoas desfavorecidas. Por que
eles não são apenas pobres, mas pobres que
não gostariam de sê-lo, que não aceitam a condição em que estão”.Talvez seja melhor dizer
que além de excluídos sociais ficam também
à margem do consumo.
Certamente foram deixados de lado nessa
reportagem alguns detalhes tanto da palestra
como da entrevista. Espero ter conseguido apresentar as idéias principais que acompanham o
pensamento desse grande teórico da moda. Muitas vezes ambíguo, outras vezes paradoxal, mas
certamente instigante. Lipovetsky nos estimula
a refletir sobre temas efêmeros, por que talvez
eles sejam a melhor tradução da sociedade atual. A moda ganha complexidade, o luxo preponderância. Os debates suscitados são polêmicos.
Apesar da qualidade de sua escrita e de sua oratória sedutora, certamente ele mesmo não gostaria de nos ver aceitar passivos suas idéias.
MOINHOS
Fashion
SHOW
Por Laura Madalosso
O modamanifesto também esteve presente
no domingo de desfiles que teve como tema
“Peace and Love around the world”.
Idealizado por Soraya Mendes Ribeiro,
o evento propôs a reunião de criadores e
empresários de moda na Associação Leopoldina
Juvenil, para a exposição das tendências de
O evento pediu paz no mundo primavera-verão 2005/2006 ao público.
A data emblemática não passou despercebida. O 11 de setembro
inspirou a equipe de produção, que por sua vez transmitiu a idéia aos
criadores das coleções. Todas as marcas que subiram à passarela tiveram
uma temática sugerida, em sua maioria pedidos de paz como “Revolution,
o protesto” de Maria Xique e o “Luto” de Vol Fioravantte. As temáticas
serviram de guia para a escolha dos
looks desfilados.
O domingo também foi de
homenagens, com destaque para
aquelas feitas à Célia Ribeiro e Rui
Spohr. A jornalista teve reverenciado
seu trabalho realizado em diversos
veículos de comunicação na área de
moda ao longo dos anos. Rui,
comemorando cinco décadas dedicadas à moda, tanto na alta-costura
Exposição de novos talentos
quanto no prêt-à-porter, mostrou ao
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público a coleção criada com a participação de Gonçalo Assis Brasil, que já
trabalhou com Marc Jacobs e atualmente
colabora no ateliê de Jill Sanders.
Além dos quatro blocos de 10
desfiles cada que perpassaram o dia
inteiro, o Moinhos Fashion Show também
contou com a mostra “Talentos Premiados”, na qual Vitória Cuervo, Daniel
Lyon, Nájua Saleh, Rafael Korbes e
Hoerton, que mesmo jovens já tiveram seu
trabalho reconhecido, expuseram algumas
criações juntamente com cinco estilistas
que pela primeira vez apresentavam-se ao
grande público: Helga Kern, Daniela
Kreling, Maria Carolina Stockler, Dunga e
Juliana Homrich.
Criação de Dunga
O que o modamanifesto amou:
Criação de Vitória Cuervo
● a proposta de tolerância e maior entendimento entre as crenças da Bênção
Ecumênica;
● os manifestos explícitos de amor e paz que
desfilaram junto com os looks;
● o desfile da sempre rock and roll Carmim, e
sua trilogia love, sexy and beauty;
● as saias de gomo em todas as cores,
comprimentos e materiais;
● as bermudas pontuadas pelos favos de
abelha das bombachas na passarela de
Luciana Candia;
● os tricôs misturados com crochê, bordado,
fuxico e renda trazidos pela Kaimana;
● os acessórios e sobreposições que a No
Stress investiu na primeira parte do seu
desfile;
● Fernanda Evangelista e suas tatuagens;
● a acessibilidade das meninas da produção.
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Fernanda Evangelista
Calil Bopp
Carmim
Carmim
Calil Bopp
Carmim
Maria Xique
Carmen Steffens
Maria Xique
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Benção Ecumênica - Monge Budista
Cadica e Borghetti para
Luciana Candia
Kaimana
Saia de gomos
Luciana Candia
Vestido de Noite
Hering - Camisetas Customizadas
Vestido de Noite
Saia de gomos versão glamour
Vol Fioravantte
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Minimalismo
arte, moda e reação ao cansativo
apelo visual do excesso
O Minimalismo, forma
de arte conceitual, emergiu
nos anos 50 perdurando
através dos anos 60 e 70.
Teve suas manifestações na
pintura e escultura, influenciando também a música, a
arquitetura e mais tarde a
moda. Sua inspiração, meio século depois, partiu
de um quadro do pintor russo Kasimir
Malevitch, que mostra um quadrado preto sobre
um fundo branco.
Esta forma artística é resultado de uma
reação ao action painting, ramo do Expressionismo Abstrato que dominou a arte
americana de vanguarda durante grande parte
da década de 50. O Expressionismo Abstrato
priorizava excessos de profunda subjetividade
e emocionismo alusivo. Já o Minimalismo,
representa o ápice das tendências reducionistas
da arte moderna, caracterizado pela extrema
simplicidade de formas e pela abordagem
objetiva de seus temas. Seu amplo conceito alude
à redução da variedade visual na imagem,
conciliando conteúdo e forma. Esta arte se
Por Ana Carolina Acom
“O Minimalismo é
sempre uma resposta. Mas o que
vejo na moda brasileira, é uma confusão entre identidade
nacional com regionalismo.“
Desfile de Glória Coelho
no São Paula Fashion
Week Verão 2006.
Na abertura do
artigo, modelos de
Yohji Yamamoto.
concentra no poder dos materiais, cores e
espaço. Usa formas geométricas bem simples.
Seus principais expoentes na pintura são: Ad
Reinhardt, Frank Stella, Elsworth Kelly, Karl Benjamin, Kenneth Noland e Dorothea Rockburne. Na
escultura: Carl André , Dan Flavin, Donald Judd,
Sol Lewitt e Robert Morris. E na música: Philip
Glass, que inclusive chegou a tocar em galerias
de arte.
Moda década de 80, explodia a tradicional
extravagância nas vestes, a qual crescia cada vez
mais vergada pelo sucesso. A fascinação pela
moda tomava conta de todo o mundo, que
voltava os olhos para Europa. E a moda se tornava sinônimo de exacerbação; lugar de bordados, dourados, coloridos, além de enormes
ombreiras.
Em meio a isso tudo, surge o japonês Yohji
Yamamoto, consagrando o preto de vez. Há
quem esteja de luto até hoje, graças a esse gênio
dos tecidos. Yohji rompe com o exagero que caracterizou esta década, por muitos definida como
perdida. Usando uma palheta de cores
simplificada, ele erradica de suas indumentárias
qualquer afetação, reduzindo a roupa ao essen-
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Elsworth Kelly
cial. Sem quaisquer acessórios, ele envolve a silhueta feminina em mistério, não abandonando
a sensualidade. É a sua reação a degradação
irreversível da moda e de seus valores tradicionais de elegância. Emerge, assim, a moda
conceitual?
Yohji Yamamoto é hoje conhecido como o
pai do Minimalismo na moda, influenciando gerações de estilistas. Como um escultor da arte
Minimalista ele começa pelo material, tocando
e observando a vocação formal que este possui,
para depois, então, criar. Alguns definiram suas
roupas na época, com uma austeridade medieval. O fato é que ele revolucionou os códigos de
pudor e sedução, indo de embate a um mundo
que exaltava o corpo e sua exposição a todos os
olhares.
É mais ou menos isso que acontece no Brasil. Os minimalistas do SPFW, chamam atenção
em meio a tanta “carregação” em coloridos e
misturas. Se destacaram aqueles que usaram
monocromia e a forma vocacional dos tecidos.
O desfile de Glória Coelho foi muito bem sucedido no uso das cores, ao melhor estilo
minimalista; o preto com detalhes coloridos, não
poderia ser mais verão, preto com azul, vermelho, amarelo... O destaque material fica por conta
do tule, tendência fortíssima dos estilistas na
Europa. Este tecido revivido, vem apesar de
carregado de lembranças, super moderno. Além
disso também houve tons pastéis e chá, com
roupas super leves envoltas em belíssimas flores que inevitavelmente mexem com o imaginário feminino.
Sol Lewitt
Donald Judd
Destaco
outros desfiles
como o da
Fórum, algo
mais para o
comercial,
mas que abusou do preto
mais uma vez.
Outros desfiles minimalistas que deram um show
de moda conceitual foram;
Huis Clos, e
Jefferson KuVestido de Huis Clos
lig. O desfile
da grife Uma também se destaca, pelas cores
e androgenia, apesar de ser uma moda mais
sport wear.
O Minimalismo é sempre uma resposta.
Longe de fazer qualquer comparação com a
homogeneidade dos anos 80, pois hoje se tem
uma liberdade total de criação, além dos mais
diferentes tipos de consumidores. Mas o que vejo
na moda brasileira, é uma confusão entre identidade nacional com regionalismo. A sensualidade, como mostrou Yamamoto, não está só na exposição corporal. E como vimos nos desfiles do
Brasil de verão, a identidade brasileira não está
necessariamente nas cores e estampas só porque somos um país tropical.
Mas, usemos o preto, o branco. Abusemos
da reinvenção dos clássicos, tornando-os com
uma cara bem nossa.
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Descosturando Ronaldo
Por Carolina Citton Puccini
moda nessa época, no final dos anos 80. Moda
era só roupa, era quem tivesse maior agilidade
em copiar o que era lançado lá fora e só. Até o
ensino de moda, quando se falava em ingressar numa faculdade de moda, isso era visto, no
mínimo como se a pessoa fosse um lunático que
não se preocupava com o seu futuro, uma coisa absurda. Em virtude das transformações e
da democratização da informação de moda
nesses últimos 10 anos, eu olho pra trás e posso dizer que passei por muitas dificuldades, sim.
Mas eu estava lá, achando que era isso mesmo,
que era o caminho que eu tinha escolhido e resolvi encarar.
Nos dias 30 e 31 de agosto aconteceu o
Encontro de Moda e Negócios do RS, realizado
pelo Núcleo RS Moda, da FIERGS. Visando atingir comeciantes, estudantes e pessoas de outras
áreas interessadas em moda, o evento trouxe para
o estado vários palestrantes interessantes, como
Paulo Pedó Filho, gerente de Marketing da
Melissa, e Jussara Romão, editora de moda da
revista Elle. Quem também participou foi Ronaldo
Fraga, que em entrevista exclusiva, falou do aniversário de 10 anos de carreira e de sua última
coleção, Descosturando Nilza.
Como é que começou seu interesse por
moda?
Na verdade sempre me interessei muito
pelo desenho, pelo traço, por esse processo da
transformação do traço em produto, e isso desde criança. Se a gente pode colocar isso como
moda, talvez tenha começado daí. Agora o trabalho mesmo com moda, foi no final dos anos
80, quando eu ingressei no curso de estilismo
da UFMG de Belo Horizonte.
Você encontrou alguma dificuldade no ce
ce-nário quando começou? Como era o cenário de moda?
Claro que sim, isso foi há quase 20 anos
atrás. Então você imagina o que era falar de
A coleção, apresentada primeiramente no SPFW, foi
adaptada para ser vista pelos participantes do evento
Todas as suas coleções contam uma história. Como é que acontece esse processo
de criação, tua inspiração, o desenvolvimento de tudo?
Eu acredito que a moda hoje, muito mais
do que produto, ela é contexto, ela tem que se
aproximar muito mais, se não do mundo real,
do mundo imaginário que o design quer propor
pra quem vem a consumir a moda. Sendo assim, eu gosto desse exercício de estar criando, a
cada coleção, um universo para convidar as pessoas a penetrar. Hoje vale dizer que muito mais
do que criar um produto, você tem que desenvolver e oferecer um universo inteiro. Então é
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uma forma que eu me sinto extramente à vontade de estar fazendo e falando de moda.
A participação na produção da lei básica
vai até aonde?
Na Lei Básica eu faço a direção criativa
do núcleo. A Lei Básica tem sua equipe própria,
eu crio um núcleo de pesquisa, o tema da coleção, a parte prática e comercial. O desdobramento da coleção é feito por uma equipe. Eu
desenho em torno de 80 modelos, 700 peças.
O que mais marcou na sua carreira até
agora?
Eu acho que não tiraria nada, tudo vem em
um processo de evolução. A minha história não
existe sem essa ou aquela coleção, ou aquele
momento. Houve momentos que, para os estudiosos, e quem acompanha meu trabalho, são colocados como marcantes, até na história da moda
brasileira. A minha estréia no Phytoervas Fashion,
com a coleção “Eu Amo Coração de Galinha”, a
coleção “Quem Matou Zuzu Angel”, que foi em
uma época que ninguém falava, nem sabia quem
era Zuzu Angel, “O Corpo Cru”, que foi a coleção
pós 11 de setembro, que não tinha modelos na
passarela, me deu prazer fazer. Na coleção do
Drummond, foi delicioso esse exercício de olhar
a obra de um medalhão que você admira e tentar
olhar e falar dele através da moda, que é algo que
ainda é muito recente no Brasil, esse exercício. A
última coleção, que foi meu vigésimo desfile, também por falar de uma coisa que é simples e que é
básico, que é essa coisa da criação e da produção, e que às vezes a mídia coloca um buraco
imenso entre uma coisa e outra.
Moda é arte ou é consumo?
Nenhum dos dois. A moda é e pode vir a
ser arte aplicada. Ela pode ter um diálogo com a
arte. E a moda não sobrevive só com o consumo. Ela precisa de tudo isso.
A coleção homenageia Nilza, costureira do estilista. Ronaldo traz muitos voils, gases e malhas furadinhas, tudo nas cores que chama de “cores de sabonete”.
14
Por Janaína Kiesling Braga
Brechó – a palavra é uma corruptela de Belchior, nome do comerciante português que fundou a primeira loja de roupas usadas no Rio de
Janeiro no final do século XIX. A loja era chamada de “Loja de Belchior” ou
“Casa de Belchior”, e no linguajar popular Belchior acabou transformando-se em brechó. Os brechós também podem recebem a denominação
de bricabraques (do francês bric a brac) ou adelos (do árabe ad dallãl).
A venda de roupas usadas é um dos comércios mais antigos que
existe e tem sua provável origem nas casas de penhores, onde as pessoas
de baixa renda e os nobres falidos dos séculos passados obtiam
empréstimos dando como garantia suas roupas (e tudo o mais que tivesse
valor), sempre na esperança de poder resgatá-las, o que fatalmente não
ocorria, quando então elas eram vendidas a outras pessoas.
Durante muito tempo os brechós caminharam à margem da sociedade, passando por períodos de alguma inserção social no final dos anos
60 e durante os anos 70, com os jovens estudantes de Paris e o movimento hippie norte-americano. Estiveram em baixa nos anos 80, com exceção
dos brechós de luxo que vendem roupas de grifes famosas e surgiram nessa época. Nos anos 90 e 2000 com a onda vintage, a moda brechó voltou
com força total e agora proliferam-se por toda parte brechós dos mais
variados estilos e freqüentá-los não é mais vergonhoso e sim exemplo de
total adequação aos novos tempos, em que nada deve ser desperdiçado e
economizar é sinônimo de inteligência, não de pobreza.
Outro fator preponderante no culto aos brechós é o desejo de individualidade e exclusividade.
A moda brechó serve para quem quer estar na moda, mas
primordialmente para quem quer criar moda, ser referência, lançar
tendências - existe na Alemanha o chamado trendshopper (comprador de
tendências) que vai à caça daquilo que ele próprio dita como tendência,
recorrendo à brechós e aos novos estilistas da cena alternativa, rejeitando
totalmente o usual e vestindo hoje o “must have” de amanhã.
O revival das décadas passadas e a presente liberdade no vestir, tornam os brechós uma escolha econômica e divertida, bem como pede a
moda dos anos 2000. Para ingressar no universo dos brechós tenha em
mente duas palavrinhas da salvação: garimpar e “mixagem”.
Garimpar é uma mania e uma arte. Vasculhe tudo. Com paciência,
olho clínico e um pouquinho de informação de moda, você será uma perfeita ratinha (ou ratinho) de brechós e dará um “up” no seu guarda-roupa
gastando quase nada.
A “mixagem” garante cadeira vip no mundinho fashion. Mesclar belas peças antigas com outras super atuais lhe conferem um visual moderno e único, por que o abuso do retrô pode transformá-la na musa (ou rei)
do baile do ridículo. De qualquer maneira o espelho é o melhor conselheiro... Consulte - o sempre.
Os brechós servem à todos os tipos de pessoas que tiverem mente
aberta e tempo livre para decifrá-los e devorá-los. Experimentem, e vejam
se conseguem resistir à “Brechómania”!
15
As produções do público que conferiu o Donna Fashion Iguatemi
adiantaram nos corredores as tendências desfiladas na passarela.
Eis as nossas apostas para a primavera-verão 2005/6:
Por Carolina Puccini e Laura Madalosso
2.Vestido longo para o dia:
1. Muito Ouro:
As lojas estão cheias de acessórios
dourados. São cintos (principalmente os
tressês, como o do detalhe), bolsas de
todos os formatos e tamanhos e sandálias
de verão. Muita gente resiste e fica na
dúvida se deve ou não apostar no tom,
com medo de parecer perua. Mas acredite:
o acessório dourado, além de fácil de ser
usado, é um clássico. O dourado deve
ser usado apenas em uma das peças da
produção (mesma premissa das estampas
de bicho). No calor fica bem principalmente com branco e tons pastéis. Aproveite para realçar a pele bronzeada!
Esse é a cara da próxima estação. Nos últimos desfiles,
poucas foram as grifes que não mostraram ao menos
um vestido longo na passarela. Ele surge mais
esportivo para poder ser usado durante o dia, em
tecidos bem leves, como jérsei ou algodão.
A onda vem dos anos 70 e a modelagem mais vista
tem cintura império, com corte logo abaixo do busto,
como se fosse uma bata bem longa. Outro modelo
que vai ser hit no verão é o vestidão cigano, com a
saia em gomos. Mas há opções para todos os gostos:
camisão, caftan e modelos bem godês. O
modamanifesto flagrou entre um desfile e outro este
lindo modelo em patchwork.
Isabela Capeto
3. Bermuda revisitada:
Cinto Tressê
bota dourada - lounge DFI
Colcci
patchwork - lounge DFI
Zapping
Colcci
As bermudas dão um ar esportivo à produção além
de serem extremamente confortáveis. Saruel, de
modelagem justa até o joelho, ou mais curtas
tendendo para o oversized; todas estão valendo, é só
escolher.
A tendência está mais democrática do que nunca. No
inverno apareceu em looks bem urbanos e o povo
fashion aderiu com vontade. Gostamos de vê-las com
saltos altos e finos, bem hi-lo. Agora também montam
produções leves com cara de beach wear, fresquinhas
para encarar a estação do calor. As bermudas
marcaram presença na passarela do DFI em várias
versões, principalmente para Colcci e Zapping.
Zapping
Zapping
16
A moda e o Existencialismo
100 anos do nascimento de Jean Paul Sartre
Por Ana Carolina Acom
“A existência pressupõe a essência”. É o que
defende o existencialismo sartreano, sem entrarmos em
detalhes conceituais, é possível ver a efemeridade da
matéria ou mesmo a sua função “essencial”. Gostaria
de chamar a atenção que até onde a moda é impensável,
há moda. Pois as roupas devem dizer algo da pessoa
que as veste, ainda que seja: “não dou a mínima”. A
roupa está intrinsecamente ligada à noção de identidade, já que ela é parte de uma
escolha ou obrigação. Ter estilo não
significa preocupação com modismos e aparência, mas sim saber
escolher, se conhecer muito bem e
se definir. Por quê ligar Sartre à
moda, o escritor do niilismo? Cito
um trecho de Gerd Bornheim: “ Se
há uma palavra que define todos os
empenhos de Sartre, ela é liberdade,
o lugar por excelência de todas as
contradições, de todos os encontros
e desencontros, sinônimo que é, sem
nenhuma retórica adjetivante, da
própria existência humana”.
O Existencialismo, com seu
principal expoente em Jean Paul
Sartre, se desenvolveu na França em
um ambiente de desânimo e desespero do pós-guerra. Sua repercussão
não foi somente nos meios acadêmicos, pois além de doutrina filosófica foi constantemente identificado
como um estilo de vida, forma
comportamental, caracterizada
como atitude excêntrica pelos meios
Juliette Greco, cantora e
de comunicação, com estardalhaço.
musa existencialista
Envolvendo seus adeptos em uma
verdadeira mitologia. Jovens vestidos displicentemente, com casacos de
couro preto circulavam pelas caves parisiense, ouvindo jazz.
A cantora Juliette Greco foi considerada a musa existencialista,
circulava entre a boemia francesa em meio a Jean Cocteau, Sartre e outros
poetas e intelectuais. O estilo de Juliette foi muito copiado, cabelos negros
e chanel com franja. Seu estilo era uma fusão de intensidade intelectual
com uma tendência à sensualidade “divertida”. O Existencialismo foi
17
bastante disseminado no Brasil,
principalmente nos anos 60, onde era
cool ser intelectual, ler Sartre, Joice e
assistir filmes noir franceses (nouvelle
vague) de Truffaut e Godard.
Segundo a teoria Existencialista,
a base da existência humana está na
liberdade de escolha que cada homem
faz de si mesmo e de sua maneira de
ser. O homem é inteiramente responsável por aquilo que ele é; não tem
sentido as pessoas quererem atribuir
suas falhas a fatores externos, como
hereditariedade ou ação do meio
ambiente ou a influência de outras
pessoas.
É abrir mão da liberdade na
escolha de sua essência agir por
Sartre e Simone de Beauvoir
imitação, sujeitando-se ao ridículo
imposto, assentando em vestir o que é dito moda. Em contraponto, dentro
dos limites convencionais morais da sociedade, o indivíduo tem espaço
para afirmação de sua identidade, onde a escolha arbitrária de um estilo
de vida e a opção visual são imprescindíveis. Sartre costumava escrever
em cafés, mesmo repleto de pessoas, diferente da solidão e recolhimento
de lugares como bibliotecas.
Moda não deve ser a imposição de vitrines e revistas, isto é
uniformização bitolada, é abrir mão do auto conhecimento que envolve o
momento da escolha. Em um mundo onde pertencer a um grupo significa
alienação de si mesmo em pró do pensamento, visual e atitude homogênea
com o grupo escolhido. Moda é ter estilo, e este adotado exclusivamente
por aquilo que a pessoa é, ou melhor, como define o existencialismo, o
homem não é nada mais além daquilo que projeta ser. Pois através da
liberdade o homem escolhe o que há de ser, o homem é pura liberdade,
escolhe sua essência e busca realizá-la.
Toda essa liberdade possuída pelo homem, descrita por Sartre, não
precisa ser interpretada, na questão do vestuário, como a aparência
descuidada e desprezo pelo estético. Mas
a liberdade de escolha entre alternativas
(hoje quero ser uma lady retrô, ou uma
romântica princesa roqueira, ou mesmo
ambas) se defronta com o que constitui
a essência, a identidade.
Hoje em dia, mais do que nunca,
na moda é tempo de liberdade. Há
tendências para todos os estilos e
gostos, basta saber que projeto tens de
si mesmo e ir em busca de sua definição,
de sua identidade. Pois primeiro o
homem existe, descobre-se, surge no
mundo; depois se define. O homem, tal
como concebe o existencialismo,
primeiramente não é nada, depois será
algo, dependendo de como ele próprio Jean Cocteau, intelectual amigo de
Sartre e Juliette Greco
“se fizer”.
18
Um Pequeno Desejo em Grande Estilo:
Moda e Solidariedade
Por Laura Madalosso
No mês passado, quando o modamanifesto estava ainda em vias
de oficialização, realizei – como criança estreando em parque de diversões
– minha primeira “cobertura oficial” de um evento de moda. Tratava-se do
desfile beneficente Um Pequeno Desejo em Grande Estilo, que reuniu
criações exclusivas de dez dos mais renomados estilistas gaúchos.
Desde 2003, através de parcerias e de ajuda voluntária, o Instituto Enio,
ONG aqui de Porto Alegre concede pequenos desejos a pequenos bravos
guerreiros. Tendo o site e o mailing list como ferramentas, a instituição estabelece um canal entre crianças em tratamento médico e aqueles que querem e
podem realizar seus desejos. A proposta é simples, foi baseada no trabalho da
americana Make a Wish e os números comprovam o sucesso: aproximadamente 700 desejos realizados até hoje. No intuito de celebrar as conquistas,
recrutar novos colaboradores e voluntários, e por sua vez ajudar cada vez mais
‘pequenos’, o Instituto organiza eventos como o desfile em que estive presente.
Aquela noite deu-se realmente em grande estilo. Flashes, glamour,
alta-costura, sorrisos de satisfação, desejos realizados. Soube em contato
com a presidente do Instituto, Rosane Verlangieri, que todos a quem ela
havia solicitado apoio para a organização tinham aderido com entusiasmo
e se colocado à inteira disposição. Ou seja, o Instituto não teve nenhuma
despesa e contabilizou, ao final da mobilização, mais 40 novos desejos
realizados. O sucesso de público também foi comentado. Foram vendidos
todos os 500 convites impressos e, nas próprias palavras de Rosane, “se
tivéssemos mais 300 teríamos vendido facilmente”.
Então, a minha dúvida. A maioria das pessoas ao pensar em moda
recorre apenas do efêmero ao fútil; da vaidade egoísta ao materialismo e ao
consumismo. Pergunto eu por que, mesmo assim vemos a defesa de grandes
causas como a do Instituto Enio, constantemente associadas ao fenômeno?
Como permitimos que a nobre solidariedade tenha na moda uma das mais
assíduas aliadas?
Não. Não estou tentando convencer ninguém de que a moda vai mudar
o mundo - até porque a dissonância por si só é inconcebível. Defendo sim,
a adoção de uma ótica livre de tantos preconceitos. Consideremos a moda
como o fenômeno social e cultural de grande capacidade de convencimento
popular que é, e que do fato dela se inserir cotidianamente entre as pessoas
vem tal potencial de mobilização, por exemplo, em pró da solidariedade.
Acredito não ser grande sacrifício refletirmos um pouco mais antes de
condenarmos a moda.
Uma visão crítica, mas não limitada. Esse é o meu pequeno desejo.
Saiba mais sobre o Instituto Enio – Um Pequeno Desejo (que não tem
preconceitos com a moda) em www.pequenodesejo.org.
Alta-costura ao vivo e em todas as cores
Por Laura Madalosso e Renata Cerolini
Apresentando três criações exclusivas cada, Elisa Chanan, Neusinha
Pereira, Luciano Baron, Sergio Pacheco, Milka, Clarice Innig, Solaine Piccoli,
Marco Tarragô, Rui Spohr e Vol Fioravantte reuniram-se na mesma
passarela em pró das crianças do Instituto Enio – Um Pequeno Desejo.
Realizado no Country Club de Porto Alegre, o desfile Um Pequeno Desejo
em Grande Estilo alcançou público máximo que aplaudiu trajes ricos em
beleza e perfeição de acaba-mento.
A heterogeneidade dos estilistas pro-porcionou uma explosão de
informação na passarela. Democracia de cores, comprimentos, cortes e
tecidos para todos os gostos.
O ápice da noite foi o momento em que pisou na passarela Jéssica
Cunha Pires, 15 anos, de Estância Velha. Usando um luxuoso vestido frente
única branco criado por Vol Fioravantte, a menina representou em grande
estilo todos os pequenos que já foram ajudados pelo Instituto Enio.
Deise Nunes esteve presente e desfilou modelitos para Milka e Marco
Tarragô.
Confira a catwalk exclusiva Um Pequeno Desejo em Grande Estilo
para o modamanifesto
modamanifesto.
19
catwalk
Elisa Chanan
Rui Spohr
Sérgio Pacheco
Vol Fioravantte
Deise Nunes para Milka
Neusinha Pereira
Clarice Inning
Luciano Baron
Solaine Piccoli
Jéssica para Vol
Deise Nunes para
Marco Tarragô
Marco Tarragô
20
No início foi a Exposição do Centenário Farroupilha...
Hoje, é ela:
A Semana Farroupilha
Em 1935 foi inaugurada uma exposição de proporções inimagináveis
pelos habitantes da cidade de Porto Alegre. Tratava-se de um evento de
enorme envergadura, cujo intento eram as comemorações do Centenário
da Revolução Farroupilha aliada à divulgação da produção rio-grandense nas
áreas da indústria, do comércio e da
agro-pecuária, momento em que toda
grandiosidade e poder do Estado Republicano do Sul estariam visíveis.
A exposição ocorreu no Campo da
Redenção, também conhecida como Várzea pelos porto-alegrenses até então, e
que a partir desse evento se denominará
Parque Farroupilha. O Parque recebeu
por conta da exposição um “plano de
embelezamento” projetado pelo urbanista Agache que constava da construção de
um verdadeiro cenário para abrigar vários pavilhões que sediariam os prédios
dos estados estrangeiros, brasileiros e dos
respectivos municípios gaúchos.
Foram construídos inúmeros equipamentos, tais como a fonte luminosa,
que se tornou um espetáculo à parte, “pela sua beleza e ineditismo” nos
brindando até hoje com a atmosfera daqueles dias que tinham o objetivo
de seduzir os visitantes. Além disso, contava a exposição com um pórtico
Por Thais Gomes Fraga
de entrada monumental em que era exibida a escultura gigante do famoso
Bento Gonçalves, herói farroupilha em seu garboso cavalo, que foi posteriormente transferida para avenida de mesmo nome. Também, foram previstos a construção de um estúdio fotográfico, que seria responsável pelo registro
daqueles dias afortunados, e um cassino para que “reunisse o nosso mundo
social em ambiente seleto e de alto conforto”, assim registraram os responsáveis pela organização do evento.
Mas havia muito mais: lago, auditório, pavilhão cultural, hoje atual Instituto de Educação General Flores da Cunha, parque de diversões, departamento de imprensa, bilheteria, sanitários
entre outros.
A inauguração se deu em 20 de setembro de 1935 e esteve repleta como
não poderia deixar de ser pelo “eskol”
das elites argentina, uruguaia, brasileira
e obviamente gaúcha. Foram dias
“fashion” em que casacas, fraques, gravatas, chapéus, cartolas, vestidos, sapatos, sombrinhas desfilaram aos borbotões.
A presença do Presidente da República Getúlio Vargas, sempre de
irretocável aparência, coloca em evidência a moda masculina e nos propõe
21
nesse contexto estético e social a percepção de como
os trajes e acessórios da indumentária tornam-se
documentos para análise daquela sociedade. Também, nesse evento político e social que foi a exposição, podemos perceber a importância na economia
gaúcha de diversas fábricas e lojas ligadas ao vestuário como, por exemplo, Rheingantz, Fábrica de Chapéus Renner Ltda, Fiateci entre outras, que tiveram
importante papel no desenvolvimento da indústria
do vestuário e da moda no Rio Grande do Sul.
Não por acaso, esse mesmo espírito gaúcho
tem suas reedições anuais, para lembrar, ou melhor, para que não se esqueçam certas tradições.
Essas são celebradas na badalada Expointer e posteriormente na singular Semana Farroupilha. Enquanto a primeira ocorre anualmente no Parque
de Exposições Assis Brasil, no município de Esteio, e certamente é uma das
maiores vitrines do setor agropecuário, a segunda ocorre por todos os cantos desse Rio Grande. Porto Alegre sedia esse culto ao gauchismo no Parque da Harmonia onde é montada uma verdadeira cidade dos gaúchos em
que se instalam literalmente de mala e cuia. Destacamos ainda, o elemento
“abaixo de chuva”, pois o mês de setembro costuma ser chuvoso, além da
lama, muita lama, da melhor espécie é claro, pois, o parque
situa-se numa grande extensão de terra no chamado “chão
batido” muito ao gosto da gauderiada.
Mas, se voltarmos ao tema tradição um dos fatos que
mais chamam atenção nesses dois grandes eventos são as
vestimentas. Aliás, o uso da “pilcha gaúcha” como
indumentária foi oficializado como traje de honra e de uso
preferencial no Rio Grande do Sul para ambos os sexos pela
lei nº 8.813, de 10 de janeiro de 1989. Onde se estabelece
como “pilcha gaúcha” os elementos de sobriedade histórica, conforme os ditames do Movimento Tradicionalista
Gaúcho, podendo essa substituir o traje convencional em
todos os atos oficiais, públicos ou privados realizados no
Rio Grande do Sul. Quanto poder para a pilcha!
“N
esse contexto es“Nesse
tético e social os trajes e
acessórios da indumen
indumen-tária tornam-se documentos para análise daquela
sociedade.
sociedade.””
As fotos mostram a inauguração
da Expo-Farroupilha.
Na página anterior, aspecto da
Inauguração da estatua equestre
a Bento Gonçalves.
22
Por Marianna Rebelatto
Constantemente, estilistas buscam inspiração em outras
épocas para criarem suas coleções. Modelitos que até pouco
tempo atrás eram considerados bregas são repaginados e voltam
a freqüentar os guarda-roupas dos moderninhos. Nada se cria,
tudo se copia. Já faz algum tempo que os estilistas vêm trazendo
para as passarelas referências dos anos 80. O punk, as mangasmorcego e outros exageros da época foram relembrados em
coleções recentes.
Mas, quem pensou que os anos 80 iam dar um tempo antes
de voltar ao mundinho da moda se enganou. Um dos ícones da
década, o balonê, é a nova proposta de marcas como Zapping,
Triton e outras. Deixando de ser uma referência cafona no
passado de muita gente, o estilo volumoso e bufante está nas
sais e shorts, tudo muito míni, e também nas mangas. Com um
ar romântico e jovial, as peças balonês surgiram mais discretas,
com um volume menor do que o usado no passado, porém,
inconfundíveis.
A proposta foi lançada. Agora, é esperar para ver se o público
vai aderir a mais essa moda retro. Depois dessa, fica uma dica:
pense duas vezes antes de jogar fora aquela roupinha horrorosa
que você comprou há uns anos atrás e acha que nunca mais vai
usar. Ela pode ser útil algum dia.
Vestidos, bermudas, saias e mangas balonê na coleção da Zapping
A Triton também apostou no balonê para sua última coleção
23
Por Thais Gomes Fraga
O dia já está amanhecendo quando um
indefectível táxi novaiorquino pára em frente
à Joalheria Tiffany’s e uma jovem de ar
misterioso salta do carro carregando seu café
com rosquinhas ou coisa similar. Aí está ela:
Holly Golightly com seu look preto total, luvas
e óculos, uma profusão de pérolas e uma
coroa de strass. A imagem perfeita do poder
de sedução da jovem e do preto. Assim é o
impacto da cena inicial do filme “Breakfast at
Tiffany’s” ou o famoso “Bonequinha de Luxo”
lançado em 1961. O diretor Blake Edwards
A beleza de Audrey
transformou o roteiro inspirado na novela de
em “Sabrina”
Truman Capote em um filme memorável,
tanto por sua temática quanto pelo carisma e elegância de Audrey Hepburn
aliados aos figurinos de Givenchy. A excelente fotografia e os maravilhosos
figurinos desenhados pelo estilista francês especialmente para Audrey
Hepburn, foram os principais elementos
que transformaram “Bonequinha de
Luxo” em um dos maiores cult’s do
cinema. O figurino da atriz, composto
por vestidos pretos são copiados até
hoje. Givenchy fez também os figurinos
para vários filmes de Audrey Hepburn,
como “Sabrina” (1954), “Cinderela em
Paris” (1957) e “Charada” (1963).
“Bonequinha de Luxo” foi ambientado nos mais autênticos cenários de
Manhattam e tem como protagonistas
Audrey Hepburn interpretando Holly
Golightly, em uma de suas melhores Cena clássica de “Bonequinha”, com
Givenchy assinando os figurinos
atuações no cinema, e George Peppard
no papel de Paul Varjak. O par romântico
de Holly e Paul se identifica pela sua
condição de iguais que buscam
a superação de suas vidas vazias
e solitárias através do encontro
do amor, da amizade libertadora
e verdadeira que colocará a nocaute
os medos e frustrações de ambos. Com
uma forte carga emocional e estética deprê
elegante a personagem de Holly parece antecipar
em 40 anos o mundo desbussolado em que
vivemos, “fico deprimida quando engordo ou
quando chove”. Arredia tanto quanto seu gato,
outra pérola do filme, o gato adestrado que se chamava simplesmente
“gato”, era amarelo malhado e protagoniza com a atriz a cena final do
filme, onde fica protegido por ela, dentro de um trench coat Givenchy. A
atriz se abraça a George Peppard, e assim os dois personagens se beijam,
embaixo de uma chuva torrencial tipicamente novaiorquina ao som de
“Moon River. A trilha musical acabou sendo premiada com o Oscar de
melhor música de 1961, e foi executada por Henry Mancini, autor das mais
conhecidas canções compostas para o cinema”.
Além da harmonia musical, o filme teve uma importante campanha
publicitária, aliada as já comentadas belas tomadas externas de Nova York,
filmadas nas ruas, nos parques e na própria loja Tiffany’s, que comove os
corações, “A Tiffany’s costuma ser generosa” refere-se o vendedor diante
de um pedido inusitado do par romântico.
O cinema desde seus primórdios criou mitos e despertou muitos desejos
de consumo, em “Bonequinha de Luxo” por exemplo, o guarda-roupa da
personagem Holly Golightly estava repleto de clássicos, como os vestidos
pretos, as luvas, as sapatilhas Chanel, as calças capri, os trench coat, que
tornaram Audrey Hepburn e Givenchy sinônimos de elegância e refinamento
afirmando a moda como um dos principais vetores da sétima arte.
24
(do inglês acid, ácido e wash, lavagem)
processo de lavagem de jeans patenteado
pela firma italiana Cândida Laundry.
Consiste em bater pedra pomes com cloro
e usar esse poder abrasivo para alvejar
o jeans em contrastes acentuados
(nítidos). A técnica, e as peças resultantes do processo também são
conhecidas como moon, fog, marble, ice
e frosted.
a palavra vem do inglês customized ou customade, justamente
dessa idéia de “feito por encomenda”, “sob medida”. Na moda
contemporânea, o termo refere-se a interferências de qualquer
espécie feitas em peças de roupas e acessórios. Recortes,
apliques, tingimentos, costuras, bordados, enfim, a intenção
é transformar e/ou renovar as peças do armário. A customização hoje é movimento consolidado por viabilizar a
personalização do vestir.
recente tendência de moda que propõe a
mistura de elementos de estilo requintado
com outros de apelo popular, num mesmo
look. O nome, que vem da abreviação de
duas palavras em inglês - high (alto) e low
(baixo) -, automaticamente conceitua o tipo
de produção. Estão reunidas uma parte
“alta”, como uma peça de grife cara, e uma
parte “baixa”, ou “menos nobre”. É hi-lo,
usar jeans e camiseta básica com acessórios
sofisticados, por exemplo uma bolsa toda
bordada em paetês e sandálias carésimas.
Por Laura Madalosso
(do inglês over (pref.), extremamente; excessivamente e
size, tamanho) refere-se às roupas de modelagem grande,
maior do que a numeração teoricamente ideal. Pela liberdade
de movimentos que as dimensões largas proporcionam, a
tendência foi adotada em larga escala pelos skatistas e
dessa forma ganhou destaque. É aposta do atual hip hop
style, cujas calças e bermudas inevitavelmente caídas
deixam aparentes as cuecas samba-canção.
palavra do inglês que significa algo
como “trabalho feito de retalhos”.
Trata-se de uma técnica de artesanato,
pela qual se dá a união coordenada de
retalhos ou de tecidos de diferentes
padronagens e cores. Surgiu no Oriente
Médio, como processo de reciclagem, e
foi trazida para o Ocidente pelos
colonizadores ingleses. Em vez de
costurar os pedaços de pano de qualquer
jeito, as artesãs pioneiras planejavam
e costuravam formando padrões muito
artísticos dando vazão às suas ambições, desejos e
sentimentos. É freqüentemente tendência do mundinho fashion.
A saber, foi personagem central no desfile primavera/
verão 2005-2006 de Lino Villaventura, na SPFW.
25
Por Ana Carolina Acom
Por Carolina Citton Puccini
h t t p : / / w w w. j a p a n e s e s t r e e t s . c o m /
Os japoneses são super ligados em
moda. Consumo desenfreado, têndencias
novas a cada semana, combinações inusitadas, e muito, muito estilo. Nesse site é
possível ver a moda que os japinhas estão
usando em fotos atualizadas frequentemente. As fotos são separadas por categorias: moda de rua, vitrines, desfiles e convenções de cosplay. Cada foto possui uma
descrição embaixo e você ainda pode votar na sua favorita. Em inglês.
“Por milhares de anos os seres humanos têm se
comunicado na linguagem das roupas. Muito antes de
eu ter me aproximado o suficiente para falar com você
na rua, em uma reunião ou em uma festa, você comunica
seu sexo, idade, e classe social através do que está
vestindo.” Assim começa o livro A Linguagem das
Roupas de Alison Lurie.
Dos muitos símbolos e expressões, a roupa é uma
das mais importantes linguagens não verbalizadas do
eu. E este adorável livro, aborda as questões da identidade
e as significações que a as roupas refletem, como instrumento para tal, Lurie
passa pela história, estética, psicologia, ética, artes plásticas, sociologia,
comportamento, economia, literatura entre outros. O livro não é uma história da
moda linear, mas sua análise percorre as mais diversas fases e contextos da
humanidade. Expondo as diferenças e expressões das roupas através dos gêneros,
das plurais opções sexuais, hábitos da juventude e velhice, sem, com tudo isso
esquecer da elegância, da tradição do jeans e claro do mau gosto, também.
A autora defende, que as roupas que usamos, dizem muito a nosso respeito,
quem somos ou parecemos ser. Além de transmitirem, antes mesmo de nos
expressarmos verbalmente, informações a respeito de nossa profissão, origem
geográfica, personalidade, opiniões, gostos, desejos e estado de ânimo. Seja pelo
uso das cores, uniformes, idade aparente ou época do tempo em que nos
encontramos.
Enfim, é um livro delicioso não só para quem se interessa por moda e
comportamento. Com divertidíssimas gravuras, este livro, como diz sua orelha:
“tem licença para figurar com destaque em todas as estantes, do estudante de
moda ao mais exigente intelectual, do jornalista aos diversos formadores de
opinião, do estilista a freqüentadores das colunas sociais, do historiador diletante
aos psicanalistas, do ator ao cenógrafo, da feminista pós-moderna às garotas
liberadas.”
modamanifesto
modamanifesto
modamanifesto
modamanifesto
modamanifesto
26
Capa:
Desenho exclusivo de Val Kuhn
manifeste-se!
Site Oficial:
www.modamanifesto.com.br
E-mail:
[email protected]
Yahoo Grupos:
http://br.groups.yahoo.com/group/modamanifesto
Comunidade no Orkut:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=3682363
Fotos
Pág. 6 - Tiago Lermen/Reprodução
Pág. 7 - Janaína Kiesling Braga
Págs. 8 e 9 - Carolina Citton Puccini, Laura
Madalosso e Janaína Kiesling Braga
Págs. 10 e 11 - Reprodução
Págs. 12 e 13 - Laura Ferrazza de Lima
Pág. 14 - Janaína Kiesling Braga
Pág. 15 - Laura Madalosso/Reprodução
Págs. 16 e 17 - Reprodução
Pág. 19 - Renata Cerolini
Págs. 20 e 21 - Reprodução
Págs. 22, 23, 24 e 25 - Reprodução
Agradecimentos
Bureau de Estilo by Soraya Mendes Ribeiro
FIERGS/Núcleo RS Moda
Organização Moinhos Fashion Show
Gabriel Ibias
João Rosito
Joseane Camargo
Maria Elisa Cruz Lema
Maria Stella Madalosso
Muriel Paraboni (Produtora Solaris)
Raiza Gomes Fraga
Val Kuhn

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