Revista 05 - Polícia Técnica
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Revista 05 - Polícia Técnica
E XPEDIENTE Prova Material - Revista Científica do Departamento da Polícia Técnica, vinculado à Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia. Av.Centenário, s/nº, Vale dos Barris, Salvador/ Bahia, CEP 40.100-180. Telefone/Fax (71) 3116-8792. Diretoria: Telefone (71) 3116-8701 – Fax (71) 3116-8787. Esta revista é um periódico quadrimestral com distribuição gratuita. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. Tiragem desta edição 1000 exemplares, 32p. Paulo Ganem Souto Governador do Estado da Bahia Gen. Edson Sá Rocha Secretário da Segurança Pública Luiz Eduardo Carvalho Dorea Diretor Geral do Departamento de Polícia Técnica Antonio dos Santos Vital Neto Coordenador Executivo Rita de Cássia Monteiro de Carvalho Diretora do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues Iracilda Mª de Oliveira Santos Conceição Diretora do Instituto de Identificação Pedro Mello Marcelo Antonio Sampaio Lemos Costa Diretor do Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto José Felice Cunha Deminco Diretor do Laboratório Central da Polícia Técnica Maria de Lourdes Sacramento Andrade Diretora do Interior da Polícia Técnica Editora Geral Mariacelia Vieira Jornalista - RG DRT/MG nº 2266 Editor Gráfico Luciano Soares Rêgo Jornalista RG MTB nº 958 Artefinalista Fábio Souza Fotografias: Paulo Lázaro / Silvio N. Amorim Arquivo DPT Capa Fábio Souza / Eudaldo Francisco dos Santos Filho Secretária Tania Cristina Brites Gesteira Conselho Editorial: Adriana Santana Queiroz Melo (ICAP) Antonio César Morant Braid (ICAP) Elson Jeffeson Neves da Silva (LCPT) José Antonio Vilela Dourado(IIPM) Hélio Paulo de Matos Júnior (IMLNR) Luis Geraldo Nascimento Luciano de Sena (ICAP) Maria de Lourdes Sacramento Andrade (DIPT) Paulo César Teixeira Vieira (ICAP) Raul Coelho Barreto Filho (IMLNR) Socorro de Maria de A. A. Ferreira (IIPM) Tania Cristina Brites Gesteira (LCPT) Obs.: Por questões técnicas a listagem do Conselho Editorial não saiu completa nas edições 3 e 4. Prova Material - v. 2 - n. 5 - setembro 2005 – Salvador: Departamento de Policia Técnica, 2005. Quadrimestral ISSN 1679-818X 1. Criminalística – Bahia – Periódico CDU 343.9 (813.8) (05) 4 Prova Material S UMÁRIO Editorial ............................................................................................................. 06 Uma adequação do sinal de áudio para análises em fonética forense: aplicação no caso “Carlinhos Cachoeira”(Artigo Original) Antonio César Morant Braid .............................................................................. 07 O DNA Forense na Bahia: uma realidade concreta (Comunicação) Eugênio C. S. Nascimento, Graciano L. da Silva, Márcia Valéria F. D. L. dos Santos e Tania C. B. Gesteira ................................ 12 O cartucho de munição (Artigo Original) Adeir Boida de Andrade .................................................................................... 14 Local de crime de informática (Ponto de Vista) Marcelo Antonio Sampaio Lemos Costa ........................................................... 19 Um Estudo sobre manejo de resíduos sólidos na Coordenadoria Regional de Polícia Técnica-Santo Amaro (Artigo Original) Hénel Francisco Lopes da Silva Filho e Gerson Alves de Santana .................. 22 Modernização do IIPM – maior segurança para a identificação na Bahia (Comunicação) Iracilda Maria de Oliveira Santos Conceição e Socorro de Maria de Araújo Alves Ferreira ....................................................... 27 Resenha Literária............................................................................................... 29 Normas ............................................................................................................. 30 Prova Material 5 E DITORIAL Um Salto para o futuro Na Bahia foi inaugurado o primeiro laboratório de DNA da Segurança Pública da Região Nordeste, dentro da Rede Nacional de Genética Forense , e, já está realizando exames de DNA para casos criminais. Em breve seremos mais uma vez pioneiros, nacionalmente entre os institutos, com a utilização da tecnologia AFIS para emissão de carteira de identidade com a pesquisa dactiloscópica no cadastro criminal do Instituto Nacional de Identificação/DPF. Pela primeira vez, em 95 anos de existência, os arquivos civil e criminal do Instituto de Identificação Pedro Mello passam por uma modernização. A implantação do Sistema de Identidade por Impressões Digitais Automatizados (SIIDA/BA) e o acesso ao cadastro criminal do AFIS Nacional, que funciona no Instituto Nacional de Identificação (INI) do Departamento de Polícia Federal, em Brasília, já é uma realidade muito próxima. Através de recursos obtidos junto a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) a primeira etapa da reforma na infra-estrutura das instalações do IIPM já está sendo realizada, com previsão de conclusão no próximo mês de outubro. Mas, antes disso, ainda no mês de setembro, o SIIDA/BA começa a ser customizado para implementação. Até o final do ano de 2006 será a Bahia o primeiro estado brasileiro a utilizar a tecnologia AFIS para a emissão da carteira de identidade com comparação dactiloscópica. Isso, obedecendo ao método de pesquisa exigido por Lei Federal. Há dois meses o IIPM está tendo acesso ao Sistema Nacional de Informações Criminais, também conhecido como SINIC, o que já possibilitou a identificação e captura de dez indivíduos procurados em outros Estados da Federação e que tentavam fazer uma nova carteira de identidade na Bahia. Todo esse processo de modernização, incluindo o DNA Forense e os novos métodos de checagem de identidade de pessoas, irá se refletir nos laudos do Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto, Policia Técnica do Interior e Instituto Médico Legal Nina Rodrigues. Modernizar seus procedimentos com o implemento do uso de novas tecnologias é a palavra de ordem nesse momento, no Departamento de Polícia Técnica da SSPA/BA. O que, em resumo, representa um significativo salto para o futuro. 6 Prova Material UMA ADEQUAÇÃO DO SINAL DE ÁUDIO PARA ANÁLISES EM FONÉTICA FORENSE: APLICAÇÃO NO CASO “CARLINHOS CACHOEIRA” ANTONIO CÉSAR MORANT BRAID Perito Criminal Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto Artigo Original RESUMO O material de áudio fornecido para exames na área da Fonética forense deve ser analisado para se verificar a necessidade de prévio tratamento com o objetivo de adequá-lo para a realização dos exames. Essa adequação é fundamental para a confiabilidade dos resultados dos exames de verificação de locutor e de verificação de autenticidade e, até mesmo, para a realização de transcrição fonográfica. O processamento incorreto de expansão de banda de sinal digital provoca efeitos de falseamento na configuração espectral do sinal resultante, tornando-o inadequado para os exames, o que impõe a necessidade de tratamento para se extrair os efeitos indesejáveis. O material de áudio fornecido para exames no caso “Carlinhos Cachoeira” apresentava fenômenos de falseamento, tendo sido aplicado o tratamento correto, corrigindo a fase do processamento digital em que houve a inadequação. PALAVRA CHAVE Fonética forense. Adequação de sinal de áudio. Expansão de banda de sinal digital. ABSTRACT Audio material provided for examination in a forensic Phonetics area must be analyzed to verify the necessity for pre-treatment in preparation for exams. This procedure is fundamental for the reliability of speaker verification and authenticity verification exam results, and even for phonographic transcription. Incorrect processing of the digital signal band expansion produces “aliasing” effects in the spectral configuration of the resulting signal, rendering it inadequate for the exams, which necessitates treating it for extraction of non-desirable effects. The audio material provided for exams in the “Carlinhos Cachoeira” case presented “aliasing”; however, the appropriate treatment was applied, correcting the phase of digital processing where there was the inadequacy. KEY WORDS Forensic Phonetics. Audio signal adequacy. Digital signal band expansion. INTRODUÇÃO A primeira etapa de trabalho nos exames referentes a Fonética forense deve ser a análise da configuração espectral do material para que se possa constatar a necessidade de submetê-lo a tratamento acústico visando a adequá-lo para a realização dos exames. Este procedimento é imprescindível para que se obtenha resultados confiáveis na transcrição fonográfica do material e nos exames de verificação de locutor e de verificação de autenticidade. Um dos tratamentos acústicos mais importantes para a adequação do sinal deve ocorrer quando o material fornecido para exame é resultado de incorreto processamento digital, nos casos em que um sinal digital originariamente de banda estreita é convertido para uma faixa mais larga sem que, no processo, seja observada a freqüência máxima do sinal original. Nesses casos, ao ouvir-se o sinal resultante, obtém-se a impressão auditiva de forte efeito de metalização no som e, na configuração espectrográfica do material, verifica-se o aspecto típico de fenômeno de réplica do espectro do sinal original. Assim, para que o sinal resultante não apresente essas réplicas indesejáveis que correspondem a falsas componentes de freqüência, deve-se extrair esse falseamento para que reste apenas o sinal original. Um exemplo da aplicação desse estudo observase no Laudo Pericial n.º 2005 003773, realizado Prova Material 7 UMA ADEQUAÇÃO DO SINAL DE ÁUDIO PARA ANÁLISES EM FONÉTICA FORENSE: APLICAÇÃO NO CASO “CARLINHOS CACHOEIRA” 8 Prova Material pela Coordenação de Fonética Forense do Departamento de Polícia Técnica da Bahia, solicitado pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. O trabalho tratou de exames numa gravação fornecida pela revista Veja, referente ao caso denominado “Carlinhos Cachoeira”, envolvendo o empresário de jogos Carlinhos Cachoeira e o deputado estadual Alessandro Calazans, relativo à CPI da Loterj e ao ex-assessor do ministro da Casa Civil, Waldomiro Diniz. EXPANSÃO DE BANDA DE SINAL DIGITALIZADO O processamento digital de expansão de banda de sinal já digitalizado é tipicamente operado por meio da convolução entre o espectro do sinal original e o espectro do trem de impulsos com afastamento relativo à largura de banda do sinal original. O resultado dessa operação contém, além do espectro original do sinal, réplicas deste espectro deslocadas em freqüência, com o afastamento entre as réplicas correspondente ao trem de impulsos, conforme ilustrado na figura 1. Observe-se que, nesse tipo de processamento, para que as réplicas do sinal original não se interceptem, o afastamento mínimo entre os impulsos deve ser de, no Figura 1: processamento digital por operação de convolução. mínimo, duas vezes a freqüência máxima existente no sinal, ou seja, deve ser obedecido o teorema de Shannon/Nyquist. Assim, como a freqüência máxima do sinal original era próxima de 4kHz, o afastamento dos impulsos foi de cerca de 8kHz. Finalmente, para que o sinal resultante não apresente essas réplicas indesejáveis que correspondem a falsas componentes de freqüência, deve haver uma adequada filtragem passa-baixas com o objetivo de que remanesça apenas o sinal original. PROCESSAMENTO DIGITAL INADEQUADO Na última etapa do processamento de expansão de banda de sinal digital, a filtragem passa-baixas deve ter como freqüência de corte o valor da freqüência máxima do sinal original para que o sinal resultante não apresente réplicas na sua configuração. Se, no caso em exame, o sinal, embora com freqüência máxima de 4kHz, for inadequadamente tratado por meio de filtragem passa-baixas com freqüência de corte (fc) em 22.05kHz, por exemplo, o sinal resultante apresentará espectros replicados além do sinal original, conforme ilustrado na figura 2. ANTONIO CÉSAR MORANT BRAID Figura 2: filtragem passa-baixas com fc = 22.05kHz. A resposta perceptual desse sinal resultante é a impressão auditiva de forte efeito de metalização no som e, no plano acústico, observa-se aspecto típico de fenômeno de réplica do espectro do sinal original, por motivo de deslocamento em freqüência. Um exemplo desse tipo de processamento inadequado ocorre quando se utilizam softwares de conversão de áudio para formato Audio CD, tendo o sinal digital original largura de banda inferior a 44.1kHz. ADEQUAÇÃO DO SINAL PARA ANÁLISES EM FONÉTICA FORENSE O espectrograma do sinal resultante do inadequado processamento de expansão de largura de banda de sinal digital apresenta o aspecto ilustrado na figura 3. Verificam-se, por meio do espectrograma, baixas energias nas faixas de freqüências em torno das componentes: 4kHz, 8kHz, 12kHz, 16kHz e 20kHz. Além disso, a partir de cada uma dessas componentes, para valores crescentes e decrescentes, observa-se a ocorrência de fenômeno de espelhamento até a componente seguinte. Este evento é conseqüência de fenômenos de aliasing ou falseamento de freqüências em processamento digital, típico da conversão inadequada do sinal. Trata-se de fenômeno causado pela repetição do espectro original a uma taxa igual a duas vezes a sua freqüência máxima, sem que haja, entretanto, a adequada filtragem passa-baixas no final do processo. Pela distribuição de freqüências observada no espectrograma, considerando os efeitos de Figura 3: espectrograma indicando faixas de baixa energia. Prova Material 9 UMA ADEQUAÇÃO DO SINAL DE ÁUDIO PARA ANÁLISES EM FONÉTICA FORENSE: APLICAÇÃO NO CASO “CARLINHOS CACHOEIRA” espelhamento e baixas energias nas fronteiras de 4kHz, 8kHz, 12kHz, 16kHz e 20kHz, pode-se ainda inferir que o sinal original apresentava freqüência máxima próxima de 4kHz e energia a partir da componente em cerca de 300Hz, que é curva de resposta em freqüência típica de microgravadores analógicos e digitais convencionais. Assim, para que se obtenha resultados confiáveis na transcrição fonográfica do material e nos exames de verificação de locutor e de verificação de autenticidade, é imprescindível a extração desse efeito indesejável de falseamento no sinal, pois diversos aspectos de análise perceptual e acústica ficam prejudicados nos exames. Na verificação de autenticidade, o falseamento observado no sinal pode confundir o examinador ou levá-lo a interpretações equivocadas a partir da impressão auditiva Para se extrair o fenômeno indesejado no sinal, é necessária a aplicação do tratamento correto, corrigindo a fase do processamento digital em que houve a inadequação. Nessa perspectiva, para se obter o sinal original, sem os efeitos indesejáveis do falseamento e para que se obtenha resultados confiáveis na transcrição fonográfica do material e nos exames de autenticidade e de verificação de locutor, devese realizar filtragem passa-baixa com freqüência de corte em 4kHz, como ilustrado na figura 4. Figura 4: adequada filtragem passa-baixa, com fc = 4kHz. obtida, pois o material passa a apresentar sons estranhos a uma gravação ambiental natural, ocorrendo alterações na qualidade de fala dos locutores e no ruído de fundo, além de apresentar distribuições espectrais incomuns, divergindo de configurações regulares. No plano da análise perceptual em exame de verificação de locutor, o estudo da qualidade de voz do falante, por exemplo, que é um importante elemento de exame e está relacionado à impressão auditiva obtida de uma voz, sofre considerável prejuízo com o fenômeno do falseamento. Isso se deve ao fato da qualidade de voz ser conseqüência da combinação das ressonâncias do trato vocal que, no material em exame, apresenta diversas falsas ressonâncias alterando 10 Prova Material significativamente a qualidade de voz em relação à original. Na esfera da análise acústica nos exames de verificação de locutor, os espectros repetidos resultantes do fenômeno do aliasing devem ser desconsiderados, porque se trata de falsos elementos fonético-acústicos, portanto não existem na voz original, não podendo ser utilizados como traços de comparação, convergência ou divergência. Aplicando-se, assim, o filtro passa-baixas com freqüência de corte em 4kHz sobre o sinal em exame, obtém-se como resposta um som sem os efeitos de metalização, com comportamento acústico-fonético regular e ruído de fundo e demais sons incidentais com aparência natural, conforme apresentado na figura 5. O sinal, após o tratamento, pode ser utilizado para transcrição fonográfica e nos exames de verificação de autenticidade e de locutor, por tratar-se do sinal sem os efeitos indesejáveis resultantes do inadequado processamento digital. CONCLUSÃO Os materiais de áudio que apresentam efeitos de falseamento na sua configuração espectral, resultante do processamento inadequado de ANTONIO CÉSAR MORANT BRAID Figura 5: espectrograma do sinal de interesse, sem o falseamento. expansão de banda de sinal digital, devem sofrer tratamento acústico antes de serem submetidos aos exames na área da Fonética forense. Este procedimento é imprescindível para que se obtenha resultados confiáveis na transcrição fonográfica do material e nos exames de verificação de locutor e de verificação de autenticidade. Prova Material 11 O DNA FORENSE NA BAHIA: UMA REALIDADE CONCRETA EUGÊNIO C. S. NASCIMENTO, GRACIANO L. DA SILVA, MÁRCIA VALÉRIA F. D. L. DOS SANTOS e TANIA C. B. GESTEIRA Peritos Criminais Laboratório Central da Polícia Técnica Comunicação O Laboratório de DNA Forense – Coordenação de Genética do LCPT/DPT-BA, fruto de um convênio entre a SENASP/Secretaria Nacional de Segurança Pública e a SSP/BA e Secretarias de outros estados faz parte da Rede Nacional de Genética Forense e é um laboratório regional, que atenderá em termos de acompanhamento e orientação na realização de perícias e treinamento avançado para peritos dos estados de Sergipe, Alagoas, Ceará, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e a própria Bahia (capital e interior). Inaugurado em 1º de junho de 2005, durante o mês de junho esteve aberto à visitação pública de técnicos e da sociedade. No mês de julho, ofereceu o curso de formação técnica-científica no tema “A prova Frequência nos Cursos de Formação “A Prova Pericial do DNA” pericial do DNA” (4ª, 5ª e 6ª feiras) para profissionais da área jurídica (Delegados, Agentes, Advogados, Promotores, estudantes da Acadepol etc), Peritos Criminalísticos e Técnicos e Peritos Médico-Legais (Figura 1). Adicionalmente, foi ministrada aula sobre o tema “Exame de DNA na Criminalística” no curso de Especialização da Polícia Militar-CESP. Ainda no período de maio a julho de 2005 os Peritos Criminalísticos Eugênio César Soares Nascimento e Graciano Lins da Silva participaram do curso de Especialização em Genética Forense na Universidade Federal de Alagoas, promovido pela SENASP. Em continuidade ao processo de formação, no mês de julho e também em agosto, a equipe do Laboratório de DNA (composta de quatro Peritos Criminalísticos e um Perito Técnico) recebeu treinamento para o uso do seqüenciador automático 3100 Avant na análise de STRs autossômicos e do Cromossoma Y e DNA mitocondrial, pelas empresas Applied Biosystems e Promega. Neste momento, está sendo concluído o treinamento prático referente ao Curso de Especialização em Biologia Molecular Aplicada à Medicina Forense, no qual são alunos alguns Peritos Criminalísticos do DPT e profissionais da área de Saúde e Educação. Simultaneamente às atividades de formação, o Laboratório de DNA está implementando sua rotina de trabalho, com a realização de extração de DNA a partir 12 Prova Material EUGÊNIO C. S. NASCIMENTO, GRACIANO L. DA SILVA, MÁRCIA VALÉRIA F. D. L. DOS SANTOS e TANIA C. B. GESTEIRA de amostras como manchas, secreções, tecido muscular, tecido mole obtido de elemento dentário etc seguida de procedimentos de amplificação e detecção automática de fragmentos de STRs e de seqüências do DNA mitocondrial. Neste caminhar foi possível a realização do primeiro exame de DNA como prova criminal no DPT da Bahia. Tratou-se de um caso de identificação humana de restos mortais de vítima de esquartejamento. Na perícia foram empregadas metodologias apropriadas para análise de STRs e linhagem materna através do DNA mitocondrial, uma vez que as amostras disponíveis encontravam-se em condições de conservação diversa e sofreram ação de intempéries de forma diferenciada. Perito trabalhando com o seqüenciador ABI 3100 Alunos do Curso de Especialização em Biologia Molecular Aplicada à Medicina Forense Prova Material 13 O CARTUCHO DE MUNIÇÃO ADEIR BOIDA DE ANDRADE Engenheiro e Perito Criminal Coordenação de Balística Forense Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto Artigo Original RESUMO Constitui atribuição das unidades de Balística Forense dos Institutos de Criminalística, dentre outras tarefas, o exame dos cartuchos e componentes de munição para arma de fogo. As dimensões e o formato do estojo, da espoleta e do projétil, bem como as inscrições constantes nas bases dos estojos, constituem os elementos fundamentais para a correta identificação da munição. No texto, o autor apresenta informações sobre o assunto, e remete a bibliografia e páginas eletrônicas especializadas que são úteis nos trabalhos de identificação. PALAVRAS CHAVE: munição, cartucho ABSTRACT Constitute attribution of the Ballistics units in the Criminalístics Institutes, among other tasks, the exam of the cartridges and ammunition components for firearm. The dimensions and the format of the cartridge case, of the primer pocket and of the bullet, as well as its headstamp, establish the basic elements for the correct identification of the ammunition. In the text, the author presents information on the subject, and sends to skilled bibliography and electronic sites that helps in the identification works. surgimento da unidade completa e compacta de munição produziu uma verdadeira revolução tecnológica no sistema operacional das armas dr fogo, que evoluíram rapidamente do tiro singular para o tiro de repetição manual e, deste, para a operação semi-automática e automática. Era a tecnologia proporcionando um enorme ganho de poder de fogo para exércitos e usuários. COMPOSIÇÃO DOS CARTUCHOS Desconsiderando os cartuchos produzidos nas primeiras tentativas, a exemplo do Lefaucheux, Flobert e outros, hoje completamente obsoletos, podemos afirmar que temos contemporaneamente três tipos básicos de cartuchos: de caça, para as armas de canos lisos ou espingardas; de fogo central, e, de fogo circular, munição destinada às armas de cano raiado, conforme mostra a Figura 1: Figura 1: Cartuchos produzidos pela CBC KEY WORDS: ammunition, cartridge INTRODUÇÃO O cartucho de munição para arma de fogo foi criado por volta da metade do século 19, a mais de 150 anos, por ocasião do desenvolvimento da armas de retrocarga. O 14 Prova Material Basicamente, o cartucho de munição é composto por quatro elementos: estojo, mistura iniciadora, pólvora e projétil (ou conjunto bucha + bagos de chumbo, nos cartuchos de caça). Passemos a uma descrição sucinta destes componentes. ADEIR BOIDA DE ANDRADE Estojo – É o elemento estrutural do cartucho, destinado a reunir e conter todos os seus componentes, sendo usualmente fabricado em metal maleável como o latão (liga de cobre + zinco) e tendo sempre - à exceção daqueles de fogo circular - uma base robusta capaz de resistir às pressões provenientes dos gases produzidos pela queima da pólvora. As paredes laterais dos estojos são normalmente frágeis e precisam estar firmemente apoiadas sobre as paredes internas da câmara para resistir às pressões do disparo (e isto vale tanto para os estojos metálicos quanto para os cartuchos de caça com paredes laterais de material plástico ou papelão). Uma eventual percussão da mistura iniciadora de um cartucho fora da câmara da arma irá produzir um forte estampido seguido do rompimento das paredes laterais do estojo, sem que o projétil adquira aceleração. O estojo pode ter forma cilíndrica, cônica ou de garrafa, e suas dimensões são definidas por normas internacionais, sempre em compatibilidade com as medidas das câmaras das armas dimensionadas para os respectivos calibre nominais. Os primeiros cartuchos produzidos, inclusive para grandes calibres, tinham estojos to tipo “fogo circular” ou rimfire, vez que não existiam as espoletas iniciadoras. Nestes cartuchos, a mistura explosiva (iniciadora), ainda líquida, é distribuída por centrifugação dentro de uma reentrância na periferia interna da base do estojo (Fig. 01). Como as bases dos estojos não encontram apoio na câmara da arma, muitos acidentes de tiro ocorreram com este sistema, que impõe um verdadeiro conflito para os fabricantes dos estojos: precisam ter bases maleáveis e frágeis para se deformar com o impacto do percussor da arma e, simultaneamente, ter bases robustas o suficiente para resistir à pressão dos gases do disparo. Por este motivo, cartuchos de fogo circular ficaram restritos aos pequenos calibres, sendo o .22 Long Rifle (.22 LR) o seu mais conhecido exemplo. Uma característica típica da mistura iniciadora dos cartuchos de fogo circular é a presença de vidro moído (cujos resíduos são notáveis), acrescido para facilitar a detonação da mistura pelo impacto do percussor (Figura 2). Figura 2: Disparo de Cartucho de fogo circular Estojos para cartuchos de fogo central, por outro lado, possuem um alojamento para montagem da espoleta iniciadora no centro da sua base. Nos cartuchos para projéteis sólidos esta espoleta pode ser do tipo Berdan (criada pelo Americano Hiram Berdan, patente #82,587, 29-09-1868) ou Boxer (criada ao final de 1860 pelo Inglês E.M. Boxer, U.S. Patente #91,81 de 29-06-1889). No sistema Berdan, a bigorna para esmagamento da mistura iniciadora da espoleta fica no estojo e a espoleta se assemelha às que são usadas nas espingardas artesanais de antecarga. Já no sistema Boxer, hoje amplamente favorito por facilitar a recarga do cartucho (a remoção da espoleta detonada pode ser facilmente efetuada com uma simples punção, através do único evento no centro da base), a espoleta se constitui numa unidade completa, contendo a bigorna em seu interior (vide Figura 1). Saliente-se que os praticantes da recarga de munição costumam converter os estojos do sistema Berdan para o sistema Boxer mediante o acréscimo de um furo (que remove a bigorna) central na base do estojo, entre os dois eventos originais do sistema Berdan. Os estojos para cartuchos de caça têm sempre uma base metálica com um orifício no centro, para montagem da espoleta iniciadora. Estes cartuchos empregam um tipo de espoleta diferente, denominada “Bateria”, que difere dos modelos Berdan ou Boxer, por virem Prova Material 15 O CARTUCHO DE MUNIÇÃO completamente montadas num copo que se insere pela base do estojo, através do orifício que não dispõe de apoio interno para o conjunto. Misturas iniciadoras (espoletas) – As misturas iniciadoras constituem certamente o mais importante e sensível componente do cartucho e aquele cuja produção demanda tecnologia mais sofisticada. Diferentemente das pólvoras, que queimam sob velocidade controlada, a mistura iniciadora constitui um alto explosivo (muito sensível ao choque, fricção, calor, faíscas, chama e eletricidade estática) cuja explosão, ou detonação, transfere para o interior do cartucho o turbilhonamento e o calor necessário para queima da pólvora. As primeiras espoletas empregavam uma mistura à base de fulminato de mercúrio, substituído depois pelo clorato de potássio. Ambos produziam resíduos altamente corrosivos e foram, finalmente, substituídos, nas misturas atuais, pelo stifinato de chumbo, tetraceno, nitrato de bário e outros sais. As espoletas podem ser pequenas (small pistol, small rifle), com diâmetro de 0,175” (4,445 mm) tanto em Boxer como Berdan e cerca de 23mg de mistura iniciadora; ou grande (large pistol, large rifle) com cerca de 35/37 mg de mistura e diâmetro de 0,210” (5,334 mm) para Boxer ou 0,216” (5,468 mm) para Berdan. As espoletas para armas curtas (pistol) tem copo fabricado com chapa de 0,46 – 0,52 mm de espessura, enquanto que as destinadas as armas longas (rifle) são fabricadas com espessura de 0,65 – 0,70 mm. O uso de espoleta “pistol” em rifles pode resultar na sua perfuração devido as molas mais fortes destas armas. Com a introdução de cartuchos tipo “Magnum”, por outro lado, surgiram espoletas compatíveis, com maior quantidade de mistura explosiva, adequadas para a ignição da maior quantidade de pólvora destes cartuchos. Pólvoras – Os modernos cartuchos de munição utilizam apenas as pólvoras químicas ou nitrocelulósicas, criadas em 1885 para substituir as pólvoras negras, até então empregadas nos primeiros cartuchos. As pólvoras químicas são ditas de base simples 16 Prova Material (BS) quando empregam apenas a nitrocelulose como principal componente ativo, ou de base dupla (BD) quando utilizam uma mistura de nitrocelulose + nitroglicerina. O Exemplo mais comum de cartucho para arma curta que usa pólvora BD é o 9mm Luger. Fixada a composição química, resta a velocidade de queima da pólvora que pode ser controlada, sobretudo através da variação da sua granulometria (pólvoras com grãos pequenos queimam mais rapidamente). A queima da pólvora química produz um volume de gases até 600 (seiscentas) vezes maior que o seu volume inicial, produzindo um enorme aumento da pressão no interior do conjunto estojo, câmara e cano da arma. Estojo e projétil são então brutalmente separados, sendo que o primeiro esbarra logo contra o percussor e a culatra da arma, enquanto o projétil é disparado no sentido da saída do cano da arma. De um modo geral, armas longas usam cartuchos com pólvoras de queima lenta, enquanto que as armas curtas usam munição com pólvora de queima rápida. As exceções são os cartuchos de caça, que embora destinados a armas longas (as espingardas), usam as mesmas pólvoras dos cartuchos das armas curtas. A Figura 3 ilustra a curva representativa da pressão dos gases (em Figura 3: Disparo de arma curta. Pressão dos gases na câmara versus tempo. libra/pol2 ou psi) x tempo (milisegundo) de um disparo de arma de fogo, sendo mostrada a pressão residual no exato momento em ADEIR BOIDA DE ANDRADE que o projétil deixa o cano da arma (energia empregada para ciclar as armas semiautomáticas e automáticas). Projéteis – O espaço disponível neste trabalho não nos permitiria o estudo dos diversos aspectos técnicos relativos aos projéteis utilizados nos modernos cartuchos para arma de fogo. Podemos resumir as características dos projéteis conforme abaixo: • Constituição: podem ser de liga de chumbo (contendo chumbo, estanho e antimônio) ou encamisados e semiencamisados, sendo que o núcleo destes últimos é freqüentemente de chumbo puro. De um modo geral, os projéteis de liga de chumbo são sempre lubrificados com uma graxa especial à base de cera de abelha e são adequados para disparos de baixa velocidade (sub-sônica). • Tipo – os projéteis podem ser perfurantes ou deformantes, ou ainda, sólidos, expansíveis e frangíveis. Os projéteis sólidos, encamisados ou não, normalmente apresentam pouca deformação após atingir alvo como tecido vivo, diferente dos expansíveis, que chegam a dobrar de diâmetro após o impacto (aumentando o canal de ferimento e de sangramento). Os projéteis frangíveis são normalmente constituídos por múltiplas esferas de chumbo, compactadas e dispostas no interior de uma jaqueta de metal, sendo o exemplo mais comum o da munição “Glaser”. Não é possível determinar com precisão a vida útil de um cartucho de munição para arma de fogo. Importante é saber que o componente mais delicado e sensível do cartucho é a espoleta, cujo alojamento recebe na indústria uma espécie de cera impermeabilizante. Cartuchos com projéteis de liga de chumbo não devem ser dispostos ao sol, sob pena da fusão da graxa e contaminação da espoleta. CONCLUSÃO A empresa que detém o monopólio da fabricação de munição para armas de fogo no Brasil, a CBC - Companhia Brasileira de Cartuchos, seguindo uma tendência mundial, mudou toda a sua linha de produção do sistema Berdan para o sistema Boxer. Com a mudança, alterou as inscrições estampadas nas bases dos estojos da seguinte maneira: Berdan - a indicaçào do calibre está sempre na posição 6:00 horas, enquando a sigla CBC fica nas 12:00 horas; Boxer - as posições foram invertidas, ficando a sigla CBC às 6:00 horas e o calibre às 12:00 horas. Com a mudança, a CBC passou a utilizar a nomenclatura norteamericana para a inscrição dos calibres: assim o 6,35 mm Browning passou para .25 Auto, o 7,65 mm Browning passou para .32 Auto e o .45 ACP para .45 Auto. A CBC possui, ainda, uma linha exclusiva para exportação, que tem a marca MRP (de Magtech Recreation Figura 4: Base dos estojos CBC. Sistemas Berdan (antigo) e Boxer. Prova Material 17 O CARTUCHO DE MUNIÇÃO Products, Inc.), na qual utiliza nomenclatura norte-americana e espoletas Boxer. A Figura 4 ilustra o processo de mudança da munição CBC, de Berdan para Boxer. As inscrições encontradas nas bases dos estojos dos cartuchos, por outro lado, contêm normalmente múltiplas informações. O fabricante é freqüentemente identificado (salvo raras exceções). Munição militar usualmente inclui a data de fabricação, e exibe marcas de punção (normalmente três, dispostas a 120º) para fixação da espoleta, enquanto que a munição para uso civil sempre informa o calibre nominal abreviado. Algumas datas são óbvias (44 = 1944; 72 = 1972; 6 12 = Jun de 1912, etc.). Em cartuchos produzidos pela DWM alemã, o calibre é substituído pelo número do catálogo. Para a correta identificação de um cartucho deve-se medir (com um Paquímetro ou Micrômetro) as principais dimensões do estojo, da espoleta e do projétil e, ao lado das inscrições na base do estojo, consultar a bibliografia citada ao final deste trabalho, com destaque para as páginas eletrônicas especializadas, abaixo referidas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. DOYLE, Jeffrey Scott. An Introdution to Firearm Identification. USA. Disponível em www.firearmsid.com. Acessado em 27.07.2005. 2. IAA – INTERNATIONAL AMMUNITION ASSOCIATION, INC. Headstamp Codes to identify makers. USA. Disponível em www. cartridgecollectors.org. Acessado em 28.07.2005. 3. RABELLO, Eraldo. Balística Forense. 3.ª Edição. 488p. Sagra-Luzzatto. Porto Alegre. 1995. 4. TOCCHETTO, Domingos. Balística Forense: Aspectos técnicos e jurídicos. 3.ª ed. 352p. Millennium. Campinas, SP. 2003. 5. ZANOTA, Creso M. Conhecendo melhor a recarga de munições. Editora Magnum. Jan 1996. São Paulo. 18 Prova Material LOCAL DE CRIME DE INFORMÁTICA MARCELO ANTONIO SAMPAIO LEMOS COSTA* Perito Criminal, Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto Ponto de Vista Os crimes de informática são erroneamente chamados de crimes virtuais, uma vez que não são irreais e deles decorrem, efetivamente, danos à vida e ao patrimônio das pessoas. Ao contrário do que possam acreditar os leigos, eles também ocorrem em um determinado tempo e espaço, dando origem a um “local” que necessita cuidados, visando à sua preservação. O que mais diretamente diferencia a constatação da ocorrência de um crime de Informática é que as provas do seu cometimento são extremamente frágeis e a falta dos conhecimentos necessários à preservação dos locais desse novo tipo de delito, costuma destruir indícios da maior importância para a sua elucidação. Por outro lado, a diferença mais marcante entre a prática dos crimes de Informática e os demais crimes é que naqueles o autor pode cometer a infração sem a necessidade de se defrontar com a vítima ou com a polícia. Não há a necessidade de usar armas, empreender fugas espetaculares, nem se expor a riscos de vida. O crime de informática se dá através do uso de um computador, uma linha telefônica e conhecimentos específicos que permeiam o universo da Tecnologia da Informação. Carlos Kedhy1 conceitua local de crime como sendo “... toda área onde tenha ocorrido qualquer fato que reclame as providências da polícia”. Eraldo Rabelo2, por sua vez, define aquela área como sendo “... a porção de espaço compreendida num raio que tendo por origem o ponto no qual é constatado o fato, se estenda de modo a abranger todos os lugares em que, aparente, necessária ou presumivelmente, hajam sido praticados, pelo criminoso, ou criminosos, os atos materiais, preliminares ou posteriores, à consumação do delito e com este diretamente relacionados”. De forma objetiva podemos considerar um local de crime como sendo qualquer área interna, externa ou mista onde tenha sido registrada uma infração penal e que guarde os indícios de sua ocorrência. O local de crime neste tipo específico de delito, onde computadores foram utilizados como meio, será discutido aqui por analogia, observadas as definições formais dos autores inicialmente referidos, cujos conceitos continuam válidos na atualidade. Imaginemos um crime de homicídio onde o autor, após cometer o seu ato, empreende fuga, passando por uma determinada área descarta a arma do crime, e alguns quilômetros após abandona o veículo. Este crime possui um local composto por uma área imediata, que é a área onde foi encontrado o corpo, e duas áreas mediatas que são os pontos de encontro da arma utilizada e do abandono do veículo, que poderão conter elementos identificadores do autor. Outras áreas relacionadas poderão surgir no decorrer das investigações – como a residência do autor – onde pode ter ocorrido o planejamento do crime. Os crimes de informática seguem uma lógica bastante semelhante, como veremos a seguir. Imaginemos um crime onde o autor, que reside em São Paulo, adotando uma técnica de camuflagem de IP3, retira de forma fraudulenta dinheiro da conta bancária de um indivíduo residente em Manaus (AM) e camufla sua operação através de um proxy situado na China. Em seguida imaginemos outro crime onde um ataque de DDOSb (Distributed Denied of Service – Negação de Serviço Distribuído) é cometido a partir de 100.000 computadores conectados a Internet, contra um organismo governamental ligado à segurança nacional, deixando-os fora de operação por horas consecutivas e causando prejuízos de grande monta. Prova Material 19 LOCAL DE CRIME DE INFORMÁTICA As 100.000 máquinas encontravam-se contaminadas por um vírus que permitiam que fossem utilizadas sem o conhecimento de seus donos, e estavam situadas em vários continentes. O local de crime de ambos os casos envolve áreas espalhadas por todo o mundo, sendo no primeiro o Brasil e a China, e no segundo, praticamente toda a superfície do planeta. As situações que pedi que imaginássemos são na verdade casos reais, ocorridos com grande intensidade a partir deste início de século. Nesses casos expostos, o local de crime seria todo o planeta, com áreas imediatas, mediatas e relacionadas, locais físicos e locais virtuais. Em consonância com os conceitos utilizados para local de crime, podemos dizer que em um crime de Informática esta área compreende todo e qualquer espaço utilizado para planejar e cometer o crime, mesmo que abranja uma grande extensão territorial e que extrapole jurisdições, limites geográficos, fronteiras políticas, etc. Dentro desta definição mantemos ainda os conceitos referentes a áreas imediatas e áreas mediatas, que poderemos definir como: Áreas imediatas – São as áreas relacionadas diretamente ao fato. Podemos citar como exemplo o equipamento e instalações da vítima, caso tenha contribuído de alguma forma para a execução do crime, equipamentos e instalações-alvo, caso o crime seja o dano a um serviço, a um servidor ou a seu conteúdo, e o equipamento e instalações do autor. Nos crimes de informática a vítima estará em um local e o autor quase sempre estará em outro, que pode ser uma residência ou escritório na mesma cidade ou ainda no lado oposto do planeta. Áreas mediatas – São as áreas com vinculação indireta ao crime, que contenham a equipamentos e instalações que possam ter contribuído de forma indireta para a execução do crime, registrando a ação de forma a contribuir para sua elucidação. Nesta categoria podemos incluir servidores de registros (logsc) e suas instalações, roteadores, equipamentos de backup, servidores espelho de ataques, etc. Algumas considerações devem ainda ser feitas com relação aos locais de crime de Informática, as áreas imediatas e mediatas, quanto ao fato de serem locais físicos ou locais virtuais. O local físico é considerado o espaço real que abriga as evidências e o local virtual é onde se abrigam as informações voláteis, sem registro definitivo. Pode parecer um contra-senso, mas os locais virtuais estão situados em espaços físicos reais: os circuitos internos dos computadores. A sua qualificação se dá em função de não existirem de forma perene naqueles ambientes e pelo fato de que só podem ser acessado ali através de comandos executados pelos Peritos em Informática. Estes locais virtuais guardam informações sobre a prática de um crime de informática, que são os indícios da sua existência. São dados extremamente frágeis e certamente virão a ser perdidos, caso cuidados especiais não sejam tomados. Como local virtual pode-se citar como exemplo o sistema operacional ativo dos equipamentos da vítima e do autor, que guardam nas suas memórias as lista dos comandos executados. Desligando esses equipamentos todos os dados serão perdidos de forma irremediável. Como locais físicos podem ser referidas as áreas onde estão instalados os equipamentos da vítima e autor, ou os equipamentos usados como meio, que registraram a ação do autor, locais onde estejam armazenadas mídias que Proxy – Um agente do software que age em nome de um usuário. Ao tentar uma conexão com um determinado website, o proxy troca o IP do usuário pelo seu IP e ao receber o pacote o redireciona para o usuário requisitante. b DDOS – Distributed Denied of Service ou Ataque de negação de serviço distribuído – Modalidade e ataque que provoca a interrupção de um serviço fazendo com que um servidor pare de cumprir com uma determinada tarefa c Logs – São registros efetuados por sistemas, relacionando a atividade do mesmo em função do tempo, usuário, etc., dependendo de como estejam configurados. 20 Prova Material MARCELO ANTONIO SAMPAIO LEMOS COSTA contenham as evidências do crime, mídias de suporte físico que contenham dados e evidências do crime, roteadores, servidores, etc. Por fim podemos dizer que nos locais de crime de Informática, pelas características especiais das quais se reveste este tipo de delito, a fragilidade dos indícios é de tal ordem que, como a nenhum outro, a ele se aplica a analogia de Eraldo Rabelo, para quem um local de crime é “...um livro extremamente frágil e delicado, cujas páginas por terem a consistência de poeira, desfazem-se, não raro, ao simples toque de mãos imprudentes, inábeis ou negligentes, perdendo-se desse modo para sempre, os dados preciosos que ocultavam, à espera da argúcia dos peritos”. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 KEHDY, Carlos – Elementos de Criminalística, 1ª. Ed. São Paulo: Luzes Gráfica Editora Ltda. 1968. 2 RABELO, Eraldo – Contribuição ao Estudo dos Locais de Crime – Revista de Criminalística do Rio Grande do Sul, ano 6, no. 7. 1968. 3 COSTA, Marcelo A. Sampaio Lemos – Computação Forense, 2ª. Ed. Campinas – São Paulo: Millennium Editora. 1993 * Marcelo A. Sampaio Lemos Costa é Engenheiro Civil, autor do Livro Computação Forense e Diretor do Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto Prova Material 21 UM ESTUDO SOBRE O MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA COORDENADORIA REGIONAL DE POLÍCIA TÉCNICA SANTO ANTÔNIO DE JESUS HÉNEL FRANCISCO LOPES DA SILVA FILHO C.R.P.T. – Santo Antônio de Jesus. Perito Criminal GERSON ALVES DE SANTANA C.R.P.T. – Santo Antônio de Jesus. Perito Criminal Artigo Original RESUMO O presente trabalho foi desenvolvido a partir de contínuas observações referentes ao manejo de resíduos sólidos, realizadas na área da Coordenadoria Regional de Polícia Técnica de Santo Antônio de Jesus, dando atenção especial aos resíduos de saúde. Os autores desse artigo demonstram que o problema constatado na referida área envolve uma série de ações adotadas durante todas as etapas de manuseio dos resíduos, que levam ao comprometimento da saúde coletiva e contribuem para a degradação da qualidade ambiental. Propõe-se aqui, colocar em evidência um problema ambiental que afeta principalmente a população dos centros urbanos, possibilitando fomentar discussões e gerar ações conjuntas que sejam adequadas às resoluções que tratam do referido tema. PALAVRAS CHAVES Problema ambiental. Resíduos sólidos. Resíduos de saúde. Ações conjuntas. ABSTRACT The present work was developed from continuous observations about the handling of solid residues, in the Regional Coordination of Technical Police of Santo Antonio de Jesus, giving special attention to the health residues. The authors of this article demonstrate that the problem evidenced in the related area involves a series of actions adopted during all the stages of management of the residues, compromising 22 Prova Material the collective health and the ambient quality. We objectify in this work to alert for an ambient problem that mainly affects the population of the urban centers, making possible to intensify the debates and to generate collective actions that are adjusted to the resolutions of the cited subject. KEY WORDS Environmental Problem. Solid Residues. Health Residues. Collective Actions. INTRODUÇÃO E OBJETIVO O gerenciamento dos resíduos sólidos se apresenta atualmente como um grave problema ambiental que precisa ser definitivamente enfrentado. Cada vez mais complexos e perigosos, os resíduos sólidos resultam das mais diversas atividades dos aglomerados urbanos, onde estão incluídos aqueles provenientes dos serviços de saúde. Estes, apesar de representarem uma pequena parcela do lixo urbano coletado, necessitam de um gerenciamento adequado devido aos riscos que podem causar à saúde pública e ao meio ambiente, pois contêm microorganismos patogênicos que podem causar doenças humanas, além de conter substâncias químicas e biológicas que podem contaminar o meio ambiente. Os resíduos gerados na C.R.P.T de Santo Antônio de Jesus são enquadrados, de acordo com classificação estabelecida pela OMS, em resíduos gerais, infecciosos e pérfuro-cortantes. Segundo a ABNT HÉNEL FRANCISCO LOPES DA SILVA FILHO e GERSON ALVES DE SANTANA (NBR 12.808), o resíduo infectante é todo aquele que apresenta risco potencial adicional à saúde pública, dentro do qual se encontra: o sangue, os produtos de necropsia e os resíduos pérfuro-cortantes, compostos por agulhas, lâminas e vidros que se quebrem facilmente. Essa mesma Norma considera o resíduo comum como todo o resíduo que não se enquadra em nenhum dos tipos anteriores, e que por sua semelhança aos resíduos domésticos, não oferecem risco adicional à saúde pública, a exemplo dos resíduos das atividades administrativas e de jardins. As recentes resoluções da ANVISA no306, de 07 de dezembro de 2004 e do CONAMA nº358, de 29 de abril de 2005, que dispõem sobre o gerenciamento dos resíduos dos serviços de saúde, são direcionadas a todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana, incluindo necrotérios, serviços onde se realizem atividades de embalsamamento e serviços de medicina legal. Tais resoluções determinam, para as unidades geradoras de resíduos de serviços de saúde, a elaboração e implantação do PGRSS (Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde), documento este que estabelece ações relativas ao manejo dos referidos resíduos, destacando-se, dentre outras: a segregação no momento e local de sua geração; o acondicionamento de cada tipo de resíduo em sacos identificados; o armazenamento temporário em contêineres impermeáveis situados em local apropriado; a coleta feita por caminhões separadores e o transporte para o aterro sanitário como destinação final. Diante desse contexto, objetiva-se aqui evidenciar um problema que envolve desde a geração até a destinação final dos resíduos sólidos, com especial destaque para os resíduos de saúde, tomando como referência a própria Coordenadoria Regional de Polícia Técnica de Santo Antônio de Jesus, para, com isso, possibilitar a adoção de medidas que assegurem o tratamento adequado do lixo, a promoção da saúde pública coletiva e a preservação do meio ambiente. METODOLOGIA Consistia inicialmente em observar nas dependências internas da Coordenadoria, bem como na área externa do Complexo e no entorno desta, o manejo dos resíduos sólidos desde o acondicionamento até seu destino final, com realização de fotos que possibilitassem ilustrar as suas etapas. Foram concomitantemente obtidas informações mediante entrevista estruturada, junto a profissional da empresa de limpeza urbana do município, no que se refere à coleta efetuada nas unidades geradoras de resíduos de saúde e destinação dos mesmos. Em seguida, fez-se análise e interpretação dos resultados com base nas resoluções que tratam do referido tema. RESULTADOS E DISCUSSÃO A C.R.P.T de Santo Antônio de Jesus apresenta nas suas dependências internas serviços diversificados, culminando na geração de tipos diferentes de resíduos sólidos, constando não só resíduos comuns provenientes principalmente de serviços administrativos, como também resíduos infectantes oriundos dos procedimentos médicos. O acondicionamento dos resíduos nas dependências internas da referida Coordenadoria dá-se em sacos plásticos pretos colocados em cestos de lixo (foto 01). O manejo não adequado, especificamente de resíduos de saúde indevidamente acondicionados, pode ocasionar riscos ocupacionais nos ambientes de trabalho, comprometendo a saúde do trabalhador. Foto 01 Prova Material 23 UM ESTUDO SOBRE O MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA COORDENADORIA REGIONAL DE POLÍCIA TÉCNICA - SANTO ANTÔNIO DE JESUS Quanto ao armazenamento, verificou-se que o volume de lixo acondicionado em saco plástico preto é colocado diretamente sobre o solo da área externa do Complexo, onde são coletados pela empresa de limpeza urbana do município. Entretanto, são também encontrados resíduos sólidos comuns provenientes das unidades que compõem o Complexo Policial (CIRETRAN e Delegacia de Polícia), como do público atendido em geral, espalhados sobre terreno, que são posteriormente queimados a céu aberto junto aos resíduos gerados de capina de terreno e poda de árvores (foto 02). Essa não padronização de procedimentos acarreta dispersão dos resíduos nos mais diversos pontos do Complexo, impossibilitando levantamento do volume produzido na referida Coordenadoria. Constatou-se ainda, em parte externa ao lado do Complexo, próximo ao portão de entrada lateral, um acúmulo de resíduos sólidos provenientes não apenas do interior do Complexo, mas também das unidades residenciais e comerciais circunvizinhas, dispostos sobre a via pública, comprometendo mais ainda a qualidade ambiental do local (foto 03). A coleta, por sua vez, é realizada diariamente por caminhão compactador pertencente à empresa de limpeza urbana prestadora de serviço da prefeitura. Foi constatado mediante observações e confirmado com informações obtidas na empresa de limpeza urbana do município, que não há coleta diferenciada de resíduos de saúde, uma vez que as unidades geradoras não Foto 02 Foto 03 24 Prova Material HÉNEL FRANCISCO LOPES DA SILVA FILHO e GERSON ALVES DE SANTANA Foto 04 Foto 05 cumprem determinações especificadas nas resoluções, no que se refere principalmente à segregação, acondicionamento e armazenamento dos resíduos. Verificase que todos os tipos de resíduos são transportados juntos para o aterro sanitário municipal, o qual mostra sinais de saturação da sua capacidade de suporte do volume de lixo recebido, apresentando extensas áreas de lixões (fotos 04 e 05). À medida que os resíduos sólidos, onde se encontram resíduos de saúde, são dispostos de qualquer maneira em lixões a céu aberto, possibilitam a contaminação dos mananciais de água, disseminação de doenças através dos vetores (insetos e roedores), além de atrair eventuais catadores em busca de alimentos ou materiais que possam ser comercializados, correndo risco de acidentes com materiais pérfuro-cortantes ou pelo próprio contato direto com resíduos infectantes, já que vários microorganismos apresentam vida longa no lixo, o que facilita infecções e infestações de quem vive ou trabalha nesta área. O destino final principal dos resíduos sólidos gerados é um aterro que, no estado em que se encontra, pode gerar uma série de problemas de ordem sanitária, ambiental, social e econômica. CONCLUSÃO Verifica-se que os procedimentos até então adotados no gerenciamento dos diferentes tipos de resíduos sólidos na área em que se encontra a C.R.P.T de Santo Antônio de Jesus estão comprometendo a qualidade ambiental local. No que se refere especificamente aos resíduos de saúde, o manejo desde a sua geração até a destinação final no aterro sanitário não está de acordo com as Prova Material 25 UM ESTUDO SOBRE O MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA COORDENADORIA REGIONAL DE POLÍCIA TÉCNICA - SANTO ANTÔNIO DE JESUS determinações das resoluções que tratam do referido problema ambiental. A dificuldade de implementação das referidas determinações deve-se basicamente à falta de ações integradas entre órgãos do governo, empresas de limpeza urbana, unidades geradoras de resíduos de saúde e representantes da sociedade civil. Entendemos, portanto, que não basta apenas uma unidade geradora de resíduos como a C.R.P.T. implementar de forma isolada os procedimentos adequados, uma vez que o êxito do gerenciamento de resíduos sólidos só pode ser alcançado mediante um trabalho conjunto e ordenado, resultando cada vez mais na a melhoria da qualidade ambiental do município. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANVISA – resolução nº 306, de 7 de dezembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. BERTUSSI FILHO, L. A. - Curso de Resíduos de Serviços de Saúde: Gerenciamento, Tratamento e Destino Final. Apostila do Curso de Lixo Hospitalar da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária. Curitiba PR.60p. 1994. FERREIRA, A. (Coord.) A questão dos resíduos sólidos urbanos: um projeto institucional da UNESP. São Paulo: FUNDUNESP, 1994. 74p. PAES, R. F. C. Caracterização dos Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde (Hospitais, Postos de Saúde e Clínicas Médicas) do Município de João Pessoa – PB. Relatório Parcial do PIBIC/CNPq/Universidade Federal da Paraíba. 2000. 29p. RESOLUÇÃO CONAMA, Nº 358, DE 29 DE ABRIL DE 2005. Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências. 26 Prova Material MODERNIZAÇÃO DO IIPM – MAIOR SEGURANÇA PARA A IDENTIFICAÇÃO NA BAHIA IRACILDA MARIA DE OLIVEIRA SANTOS CONCEIÇÃO Perita Criminal e Diretora do Instituto de Identificação Pedro Mello SOCORRO DE MARIA DE ARAÚJO ALVES FERREIRA Perita Criminal e Coordenadora Técnica Instituto de Identificação Pedro Mello Comunicação APRESENTAÇÃO No dia 11 de agosto de 1910 foi criado no Estado da Bahia o Gabinete de Identificação, constituído por uma equipe de cinco pessoas, incluindo o diretor, o Dr. Pedro Augusto de Mello. Neste ano, ao completar 95 anos, a identificação civil é executada através de 561 Postos de Identificação distribuídos em todo o estado, sendo necessário uma intervenção substancial no IIPM, tanto nas instalações físicas quanto nos procedimentos, o que irá reescrever a história da identificação na Bahia. INTRODUÇÃO A Modernização do Instituto de Identificação Pedro Mello (IIPM) tem como meta promover a qualidade no serviço de identificação prestado à comunidade, através da otimização dos procedimentos de identificação já existentes. A Modernização prevê, dentre outras ações, a reforma das instalações, incluindo ampliação do prédio existente, construção de novo prédio, aquisição de equipamentos, hardware e software para a implantação de um novo sistema de identificação civil, o Sistema de Identificação por Impressões Digitais Automatizado (SIIDA-BA), o qual está sendo adquirido pelo Governo do Estado da Bahia. Quando da implantação do SIIDA-BA, a Bahia passará a emitir carteiras de identidade com a imagem da pessoa, impressão digital e assinatura digitalizadas, utilizando o processo datiloscópico para a identificação civil, ou seja, com a comparação das impressões digitais acessando o cadastro criminal do AFIS Nacional do Instituto Nacional de Identificação (INI) do Departamento de Polícia Federal (DPF). ETAPAS A primeira etapa do projeto contempla o início da reforma da área dos arquivos civil e criminal, bem como a aquisição de arquivos eletro-eletrônicos para acondicionar 16,4 milhões de fichas, através de recurso obtido junto a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) do Ministério da Justiça. Esta etapa já está em execução, sendo prevista a conclusão para outubro de 2005. Desde o mês de julho deste ano, o IIPM está tendo acesso ao Sistema Nacional de Informações Criminais (SINIC) do DPF, possibilitando a pesquisa no banco de dados alfanuméricos dos identificados criminalmente em todo o país. Com a aquisição de hardwares especializados em coleta de impressões digitais latentes obtidas em suportes oriundos de locais de crimes, equipamentos para perícias necropapilóscópicas e do SIIDA-BA, o IIPM passará a fornecer informações precisas e com maior agilidade às solicitações para respaldar as conclusões de laudos do Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto (ICAP), Departamento de Polícia Técnica do Interior (DPTI), Instituto Médico Legal Nina Rodriguez (IMLNR), investigações policiais, processos judiciais, outros órgãos oficiais do estado e nacionais. Prova Material 27 MODERNIZAÇÃO DO IIPM – MAIOR SEGURANÇA PARA A IDENTIFICAÇÃO NA BAHIA Através do SIIDA-BA será possível a realização de 4.000 pesquisas por dia no AFIS Nacional e SINIC do DPF, em exames voltados para a identificação civil. através do projeto da Gratuidade na Primeira Identificação, concebido pelo IIPM e em tramitação para a Assembléia Legislativa através da Secretaria da Fazenda (SEFAZ). IMPLANTAÇÃO O início do desenvolvimento do SIIDA-BA está previsto para setembro de 2005, sendo reservada uma área no DPT, especialmente destinada para construção do “site” central onde serão hospedados os servidores do novo sistema, cujo projeto e execução da obra estão sob responsabilidade técnica do Departamento de Polícia Técnica (DPT)/IIPM e Superintendência de Obras Administrativas da Bahia (SUCAB) e de realização da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Como resultado da otimização dos procedimentos para a instalação do SIIDABA, o IIPM apresentou um salto na qualidade e quantidade no atendimento ao cidadão, agilidade das respostas às solicitações de informações sobre dados cadastrais de pessoas identificadas pelo IIMP às unidades competentes, flagrantes em tentativas de falsificações nos Postos de Identificação, alcançando um número de aproximadamente 20 casos por mês, os quais são encaminhados às delegacias especializadas, incluindo comunicações em casos de constatação de mandados de prisão em aberto. A adaptação da área física do IIPM para o projeto contempla a ampliação parcial do primeiro pavimento do edifício sede e adequação de áreas onde serão desenvolvidos os novos procedimentos, voltados à autorização e autenticação das pesquisas realizadas pelo novo sistema, controle de qualidade das carteiras de identidade emitidas, logística para distribuição aos postos de identificação, atendimento às diversas unidades da capital e do interior através do “Help Desk”, onde técnicos do Instituto estarão de plantão para dirimir dúvidas relativas ao funcionamento do novo sistema e consulta aos dados já existentes, recebimento e despacho de malotes com processos de identificação e otimização das informações solicitadas pelos clientes das esferas pericial, policial, da justiça, entidades congêneres e órgãos oficiais. CONCLUSÃO Com a realização destas ações, o IIPM será o primeiro Instituto de Identificação do país a utilizar a tecnologia AFIS para a emissão da carteira de identidade com a comparação dactiloscópica, método de pesquisa exigida Pela Lei Federal 7.116 de 29 de agosto de 1983, com o acesso ao cadastro nacional criminal do DPF. O cumprimento do dever do Estado em identificar com segurança será assegurado 28 Prova Material O objetivo da Modernização do IIPM é a segurança no processo de identificação civil, criminal, necropapiloscópica e funcional, a eficácia e eficiência nas informações prestadas à perícia, polícia e justiça. R ESENHA LITERÁRIA BASTA! Autor: Joaquim de Carvalho, 1ª Edição, A Girafa Editora Ltda, 232 páginas. O livro apresenta relatos de erros e fraudes na cobertura que a imprensa fez do caso policial de maior repercussão no Brasil envolvendo Paulo César Farias e sua namorada, Suzana Marcolino . Também conta os bastidores de outras coberturas famosas, como a do caso Proconsult, do dossiê Cayman e do assassinato do diretor de um grande estatal de São Paulo, a Dersa. O autor coloca o dedo numa ferida aberta: a imprensa se acostumou a expor as mazelas da sociedade e de todos os poderes da República, ma s os próprios jornalistas se calam diante dos desacertos. CRIMINALÍSTICA, Coleção Curso de Direito, Autores: Ismar Estulano Garcia e Paulo César de Menezes Póvoa, 2ª Edição, AB Editora. Trata-se de uma publicação indispensável para alunos de direito e peritos. Com capítulos sobre a Criminalística, Locais de Crime, Locais de Acidentes de Trânsito, Documentoscopia e Balística Forense a obra é de fácil assimilação das anotações necessárias ao questionamento de casos e situações do dia a dia da Criminalística. GUERRA CIVIL – ESTADO E TRAUMA, Autor: Luiz Mir, Geração Editorial, 956 páginas. O autor é estudioso do atendimento médico ao trauma, pesquisador e historiador. Assina também “A Revolução Impossível”, citação obrigatória em qualquer livro de História contemporânea. O trabalho apresentado é um minucioso estudo sobre a guerra civil brasileira e suas vítimas. NOVA CRIMINOLOGIA, Autor: Quintiliano Saldaña, tradução de Alfredo Ulson de Alcântara Carreira, adaptação e notas de Ricardo Rodrigues, Russel Editora, 240 páginas, 1ª Edição. O livro saiu originalmente em francês e resume com precisão todo o vasto problema da criminologia, a que se juntam as vistas originais do autor, que também assina “La Nueva Penalogia”, previsto para breve ser traduzido para o Português. As obras de Saldaña mostram-se clássicas já no tempo em que foram escritos, dados os amadurecimentos no trato com os assuntos, somando aos novos traços imprimidos em matéria de tamanho interesse para o Direito penal. O autor não se limita a trazer uma definição de criminologia, como sendo a ciência que estuda o homem criminoso, a vítima, a criminalidade e os meios de prevenções, mas apresenta as principais teorias sobre assuntos mais expressivos de sua época. O QUE DISSE O LEGISTA?, Autor Fernando A. Verdú Pascual, tradução de José Geraldo de Freitas Drumond, Editora Unimontes, 268 páginas (Edição em Português). Uma interessante sinopse de certas curiosidades, peculiaridades e técnicas da Medicina Legal. ERRATA Referente a publicação da matéria: “RETRATO FALADO COM RETOQUES SUBJETIVOS DE PERSONAGENS HISTÓRICOS”, Revista “Prova Material”– ANO 2- N°004 – ABRIL 2005 Da autora: Filomena Maria Marques Modesto Orge 1. LEIA-SE, MARIA FELIPA. – PÁG. 17 - Onde se lê, em legenda sobre retrato MARIA FILIPA. 2. LEIA-SE |...| revolucionário |...| - Onde se lê, |...| reacionário |...| sobre o poeta Luís José Junqueira Freire. Prova Material 29 N ORMAS PARA PUBLICAÇÃO Destinada a divulgar trabalhos científicos e pesquisas produzidas pelos profissionais que atuam no Departamento de Polícia Técnica da Bahia (IMLNR, ICAP, IIPM, DIPT e LCPT), nas mais diversas áreas de conhecimento, conforme resolução do diretor Geral, Eduardo Dorea. Os trabalhos devem seguir as seguintes normas: 1º - A Revista Prova Material será aberta, preferencialmente, a profissionais da Polícia Científica, e destinada à publicação de matérias que, pelo seu conteúdo, possam contribuir para a formação e o desenvolvimento científico, além da atualização do conhecimento nas diferentes áreas do saber. 2º - A revista científica do DPT terá periodicidade quadrimestral com tiragem inicial de mil exemplares e distribuição interna, em congressos, simpósios e eventos onde o Departamento de Polícia Técnica da Bahia estiver representado. 3º -A responsabilidade de recebimento, seleção e edição do material será do Editor(a) e do Secretário(a).O Conselho Editorial, formado por profissionais lotados no DPT, ICAP, IMLNR, IIPM, DIPT e LCPT, analisará o material recebido e emitirá pareceres.O calendário de publicação da revista Científica, bem como as datas de fechamento de cada edição, serão definidas pelo editor (a) da revista, em consonância com o conselho editorial e as disponibilidades orçamentárias. 4º - O Departamento de Polícia Técnica publicará em sua revista científica os seguintes trabalhos: I – Artigos originais, que envolvam abordagens teóricas ou práticas referentes à pesquisa e trabalhos que atinjam resultados conclusivos e significativos, não devendo ultrapassar 200 linhas de 70 toques cada; II – Comunicações, envolvendo textos mais curtos, nos quais são apresentados resultados preliminares de pesquisa em curso, ou recém concluídas, devendo ter, no máximo, 40 linhas de 70 toques cada; III – Notas, entendidas como complementos de trabalho já publicados, dissertações ou comentários de autoria própria ou de outro, devendo ter, no máximo, 40 linhas de 70 toques cada; IV – Artigos de revisão ou atualização, que correspondam a textos preparados por especialistas, a partir de uma análise crítica da literatura sobre determinado assunto de interesse da comunidade de peritos, não devendo ultrapassar 100 linhas de 70 toques cada; 5º - A entrega dos originais para a revista obedecerá aos seguintes requisitos: I – O artigo original e o de revisão ou atualização deverão ser acompanhados, obrigatoriamente, de resumo em português, que não exceda 70 linhas e resumo em inglês fiel ao resumo 30 Prova Material em português. O autor deve fornecer o(s) nome(s) do(s) autor(es) e da instituição em que o elaborou. No rodapé, serão mencionados auxílios ou dados relativos à produção do artigo e seus autores. II – Os trabalhos relativos à pesquisa experimental devem ter todas as informações necessárias que permitam ao leitor avaliar conclusões do autor. III - Os artigos originais deverão conter obrigatoriamente titulo, nome(s) do(s)autor(es), introdução, material e métodos, resultado, discussão e conclusão (os três últimos itens podem ser agrupados em um só) e bibliografia citada. IV – Todos os trabalhos devem ser elaborados preferencialmente em português e encaminhados em três vias, com texto corrigido e revisado, além de gravado em disquete. V – As ilustrações e tabelas com respectivas legendas devem ser confeccionadas eletronicamente, indicando o programa utilizado para sua produção. VI – A bibliografia e as citações bibliográficas, quando exigidas, deverão ser elaboradas de acordo com as normas de documentação da ABNT – 6023. VII – Os limites estabelecidos para os diversos trabalhos podem ser excedidos, em casos excepcionais, a critério do Conselho Editorial. VIII – O papel utilizado é o A4 (210x297), impresso de um só lado, espaço 1,5 cm de entrelinhas, margem 2cm de cada um dos lados. O corpo do texto deverá estar em caixa alta e baixa, tamanho/fonte 12. O título e subtítulo deverão estar em caixa alta tamanho/fonte 14, tipo Times New Roman. IX – O suporte utilizado será o disquete 3¹/² , composto no editor de textos word for windows, em fonte Times New Roman, tamanho 12. 6º - O Conselho Editorial poderá propor ao(a) editor(a) adequação dos procedimentos de apresentação dos trabalhos às especificidades da área. 7º- Ao autor serão oferecidos dois exemplares da edição em que o seu trabalho for publicado. 8º - O original será entregue mediante comprovante de recebimento aos representantes do Conselho Editorial. 9º - Casos não previstos nesta norma serão analisados pelo Conselho Editorial. Art. 10º - Os originais devem ser encaminhados ao Conselho Editorial, na Coordenação de Comunicação, Cerimonial e Marketing, 2º andar do DPT, e contatos mantidos também pelo telefone (71) 3116-8792, Fax símile (71) 3116-8792. E-mail: [email protected].
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