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Spectrum Spectrum Revista do Comando-Geral do Ar Nº 01 - Janeiro 2000 Embraer Guerra Eletrônica: “Quo Vadis?” Banco de Dados Corporativos Base para GE Análise Operacional Missile Approach Warning Systems ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Spectrum Spectrum MAWS – Uma Nova Tendência em Sistemas de Autodefesa para Aeronaves E Cap.-Av. Davi Rogério da Silva Castro e Cap.-Av. Edson Fernando da Costa Guimarães CGEGAR m um teatro de guerra cada vez mais (MAWS - Missile Approach Warning Systems) e sensores de reconhecimento a tornam de- cisiva nos conflitos contemporâneos (na complexo e tecnologicamente sofisticado, somente sistemas de autodefesa aparecem como a resposta mais adequada para esta questão. pendente do espectro eletromagnético. Essa dependência é resultado da evo- Royal Air Force é a atividade que agrega o maior contingente de oficiais); e O Cenário lução que tem ocorrido no campo de batalha e, em particular, na Guerra Eletrôni- b) tem maior efetividade quando atua ao mesmo tempo nas áreas de recursos huma- qüentemente, a plena realização da missão. O conceito de Em maior ou menor grau uma aeronave de combate estará sujeita às seguintes amea- ca. Hoje verificamos que a Guerra Eletrônica tornou-se muito mais letal e ofensiva, nos (capacitação e treinamento), inteligência, técnica e operações (análise sistema de autodefesa eficiente é relativo e está estritamente ças: a) radares de vigilância quando associa- que passou a determinar o como fazer (arte) para explorar as tecnologias (ciência) exis- operacional). A capacitação de recursos huma- relacionado com o cenário de emprego da plataforma a ser dos a sistemas de defesa aérea. Trabalham geralmente na faixa de freqüência em torno de tentes num cenário operacional. O entendimento correto dessas mudan- nos em Guerra Eletrônica é fundamental, pois o homem é o compo- protegida. Considerando-se as principais ameaças presentes 3 GHz, alcance maior que 80 NM, varredura circular e se constituem no primeiro nível de ças é importante na definição dos processos de guerra, de capacitação do homem, dos nente mais importante num cenário operacional. Ele percebe, planeja, em um cenário moderno típico, contendo radares de vigilância, proteção de sistemas de defesa aérea. Para se opor a este tipo de ameaça a aeronave deve recursos materiais e de uma estrutura sistematizada da Guerra Eletrônica como ativida- julga, decide e age. Prepará-lo para atuar no teatro de guerra aumenta a aquisição e diretores de tiro, mísseis ar-ar, terra-ar, com sis- buscar a navegação rasante e seu RWR deve estar programado para indicar a iluminação. de, de modo a apresentar como resultado uma força aérea com conhecimento e recur- probabilidade de sucesso de uma força aérea. A importância que é temas de guiamento passivo, ativo, ou semi-ativo, qual seria A oposição ativa pode ser feita por interferência tipo barragem, de ponto ou varredura uti- sos para competir, com grande probabilidade de sucesso, nos campos de batalha con- dada à capacitação do homem nessa área pode ser notada pela quantidade de a definição de um sistema de autodefesa eficiente? lizando equipamentos de CME de alta potência, normalmente instalados em pods, empre- temporâneos. cursos existentes no mundo, principalmente no nível de pós-graduação (mestrado, Por muito tempo a escolha mais comum recaiu sobre siste- gados nos modos SOJ (Stand-Off Jamming), SSJ (Self Screen Jamming) e EJ (Escort Para Onde Vais (“Quo Vadis”)? doutorado e pós-doutorado). A capacitação dos recursos humanos da mas compostos por RWRs (Radar Warning Receiver) e Jamming); b) radares de aquisição e diretores de tiro Nas forças aéreas que mais se destacam no mundo a Guerra Eletrônica está siste- Força Aérea Brasileira para essa atividade deve ser realizada dentro de uma política lançadores de chaff/flare. Um passo seguinte em sofisticação associados a sistemas superfície-ar (mísseis ou canhões). Atuam em freqüências superiores a matizada e estruturada com a finalidade de buscar a excelência na metodologia (estra- coerente com as necessidades dos cenários operacionais contemporâneos. Isso requer incluiria sistemas de contramedidas eletrônicas 6 GHz, alcance de até 50 NM e modos de varredura mais elaborados destinados ao tégica e tática) e na tecnologia (ciência) empregadas no campo de batalha. Esse mo- um programa de capacitação norteado pela busca da excelência, cuja proposta peda- (AECM - Active Electronic Countermeasures ou pods de acompanhamento do alvo. Radares de aquisição e diretores de tiro costumam possuir pro- delo organizacional resulta em diminuição do coeficiente de atrito, aumento da gógica atenda a todos os níveis da guerra, considere as características mutantes e inu- CME - Contramedidas Eletrônicas) que podem realizar Escort teção contra modos simples de interferência eletrônica, como os sugeridos contra radares letalidade, realização mais rápida do ciclo de comando e controle, melhor apro- sitadas do combate e prepare o homem para entender e explorar as interações que ocor- Jamming, Stand-off Jamming, Costa Guimarães é piloto de ou Self-Protection. Mas o que transporte, concluiu o CFOAv em fazer contra a crescente amea1990 e exerce atualmente a fun- ça de mísseis portáteis de de vigilância. Contra esse tipo de ameaça a aeronave deve atuar com táticas e técnicas veitamento dos meios disponíveis e, o que é mais importante, constante evolução da rem no teatro de guerra e, até mesmo, para gerar novas concepções e tecnologias vol- sofisticadas, devido ao perigo iminente. Entre as técnicas existentes estão os programas maneira de pensar e agir nos teatros de guerra. tadas para o emprego da força (knowwhy). guiamento infravermelho sui cursos de Guerra Eletrônica no (MANPADS - MANPortable Brasil e na França, pós-graduação Air-Defense Systems)? A soluem análise e projeto de sistemas ção comum descrita anterior- automáticos RGPO (Range Gate Pull Off), AGPO (Angle Gate Pull Off) e outros, exe- Várias são as maneiras que essas forças aéreas utilizam para sistematizar e A atuação da Guerra Eletrônica na área de inteligência deve ser realizada visando cutados por sistemas AECM, exclusivamente em modo SSJ devido ao tipo de varredura do estruturar a atividade de Guerra Eletrônica. Dois aspectos, entretanto, têm sido co- diminuir a incerteza da decisão e aumentar a velocidade do ciclo de comando e con- mente parece não responder a em Engenharia de Sistemas na esta ameaça. Sistemas de AlarNaval Postgraduate School (EUA). me de Aproximação de Misseis radar e geometria do feixe. Lançamento coordenado de chaff, preferencialmente integra- muns: a) é uma atividade considerada muito im- trole. Isso requer a utilização de todas as fontes possíveis nos processos de busca e do com a identificação da ameaça, se consti- portante, devido à sua função ímpar e de- coleta e a integração das informações pro- eficientes podem garantir a sobrevivência da aeronave de combate e, conse- O Capitão Davi Rogério da Silva Castro é piloto de ataque, concluiu o CFOAv em 1987 e exerce atualmente a função de chefe da Seção Técnica do CGEGAR. É Engenheiro Eletrônico pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica, possui o curso Básico de Guerra Eletrônica e está cursando mestrado em Engenharia Elétrica na Universidade de Brasília. O Capitão Edson Fernando da ção de adjunto ao CGEGAR. Pos- (GFI/UNB Brasília) e mestrado 28 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A capacitação de recursos humanos em Guerra Eletrônica é fundamental, pois o homem é o componente mais importante num cenário operacional ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 9 Spectrum Spectrum Guerra Eletrônica: “QUO VADIS”? Para Onde Vais Narcelio Ramos Ribeiro, Ten.-Cel.-Av. CGEGAR A 8 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ evolução rápida de uma cultura de ças oponentes, sistemas, plataformas, arma- tui uma alternativa para a sobrevivência da essas ameaças devem ser rápidas e eficien- Guerra Eletrônica na Aeronáutica ao mesmo tempo que tem trazido resul- mentos e equipamentos existentes num teatro de guerra ou área de conflito. aeronave e deve fazer parte da tática de invasão/evasão; tes, em qualquer atitude de vôo, face à grande velocidade do míssil e suas característi- tados positivos, desperta dúvidas sobre qual o real conceito e dimensão dessa atividade O que acontece de fato é que o em- c) radares embarcados em aeronaves associados a armamento ar-ar (mísseis ou ca- cas all-aspect; e) sistemas de mísseis de guiamento passivo dentro da Força Aérea Brasileira e, o que é muito importante, sobre os rumos dessa ati- prego eficiente e eficaz de uma Força nhões). Nessa situação as mesmas técnicas apresentadas no item anterior são aplicáveis, (IR e ARM). A identificação eletrônica de mísseis com guiamento passivo pode ser reali- vidade. Por isso o título quo vadis (do latim, para onde vais). Aérea num teatro de guerra depende de havendo diferenças consideráveis para as táticas de engajamento e/ou evasão; zada por meio de MAWS. Entretanto, a resposta a este tipo de ameaça dependerá das O entendimento do conceito de Guerra Eletrônica no sentido lato é determinante algumas atividades consideradas essen- d) sistemas de mísseis de guiamento ativo. Também se aplicam as técnicas apresen- características do tipo de guiamento, ou seja, chaff/flare e/ou IRCM (Infrared para que a Aeronáutica estabeleça a real dimensão dessa atividade. ciais como: a) Logística - que tadas no item b, acrescidas da possibilidade de utilização de MAWS, especialmente Countermeasures) para mísseis IR e decoys para mísseis anti-radiação ou monopulso. O Conceito tem a finalidade de fornecer os meios; para os casos em que as características de transmissão do radar ameaça estão fora da Na Tabela 1 é resumida a aplicação de todos os equipamentos de alarme e recursos Dois conceitos podem ser aplicados à Guerra Eletrônica: b) Inteligência - que trata das informa- capacidade de alarme do RWR. Respostas a de contramedidas discutidos: a) um que diz respeito à missão aérea; e ções referentes ao a m b i e n t e b) outro, mais abrangente, que a considera operacional e da capacidade do inimi- O Tenente Coronel Narcelio Ramos Ribeiro é piloto de patrulha, concluiu o CFOAv em 1980 e exerce atualmente a função de chefe do Centro de Guerra Eletrônica do COMGAR. Possui curso de Guerra Eletrônica na Inglaterra (Electronic Warfare Directors) e pós-graduação em uma atividade. go; e c) Guerra Eletrônica - A Guerra Eletrônica quando tratada como missão aérea é limitada ao nível táti- que trata de como fazer (método) e que co da guerra, depende de equipamentos especiais para ser realizada e induz o racio- tecnologia utilizar para levar vantagem cínio a associá-la a um fenômeno esporádico que ocorre num tempo e espaço defi- sobre o inimigo. nidos. Esse conceito foi o primeiro a ser trazi- A Logística e a Inteligência são atividades que estão estruturadas em praticamen- do para a Aeronáutica. Isso explica porque, por algum tempo, confundiu-se a Guerra te todas as forças aéreas. No entanto a Guerra Eletrônica, entendida e utilizada com Eletrônica com equipamento ou com uma missão que exigia equipagens e platafor- conceito semelhante ao citado no parágrafo anterior, existe apenas em algumas for- mas especialmente preparadas, restringindo, dessa forma, o entendimento e a ex- ças aéreas, coincidentemente naquelas que têm obtido êxito nos conflitos dos últimos ploração doutrinária mais abrangente dessa atividade em proveito da Força Aérea cinqüenta anos. O que tem ficado claro é que a veloci- Brasileira. A outra abordagem é a que trata a Guer- dade de ocorrência dos eventos e a dependência que uma força aérea possui de sis- ra Eletrônica como atividade que estuda e explora as concepções e tecnologias utili- temas de comando e controle rápidos e seguros, equipamentos de vigilância e alar- zadas nas interações que ocorrem entre for- me, armamentos, dispositivos de guiamento ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Planejamento Estratégico e Qualidade Total pela AEUDF (Brasília). O Ten.- Cel. Narcelio tem trabalhos publicados nas revistas da UNIFA e O Patrulheiro. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ AN-AAR-44V AN-AAR-47 AN-AAR-54V ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 29 Spectrum Spectrum Em recentes conflitos, como a Guerra do bilidade de interceptação, como a redução dando utilidade aos conhecimentos teóri- a importância destas missões, razão por Golfo em 1991, mísseis superfície-ar com guiamento infravermelho foram os responsá- da potência efetiva irradiada (ERP Effective Radiated Power) e operação em freqüências cos recém adquiridos. A esse tempo, iniciam os cursos das aeronaves que equipam que suas chances de fracasso devem ser minimizadas. É o surgimento do Piloto de veis pela maioria das aeronaves abatidas ou danificadas [4]. A tendência de se utilizar sis- não cobertas pelos RWRs. Tais equipamentos, segundo os fabricantes, possuem as van- suas Unidades Aéreas. Superado esse período inicial de pre- Transporte desempenhando a função de Navegador. temas com guiamento infravermelho deve avançar para o próximo século, face à dispo- tagens de apresentar taxas de falso alarme extremamente baixas e de operar em qualquer paração profissional e já no desempenho de suas atividades como No currículo do Piloto de Transporte ainda consta a formação nibilidade de sensores mais sofisticados. Por outro lado, o barateamento no custo de siste- tempo. A maioria dos fabricantes de MWS muda- piloto de transporte, alguns retornam à V FAE para fazer o operacional de Busca e Salvamento e de Reabastecimento mas simples vem contribuindo para a proliferação desse tipo de ameaça entre países do ram de direção, abandonando as soluções ativas e buscando soluções passivas, entre as curso específico de Navega- em Vôo, conforme a missão aplicável da Terceiro Mundo. Para se ter uma idéia, no período de 1967 a 1991, por volta de 90.000 quais sensores Ultra-Violeta (UV) e Infravermelhos (IR). ção Tática (CNAVTAT). mísseis supefície-ar foram entregues a Forças Armadas de países em desenvolvimento [3]. Dos princípios básicos de Eletro-Ótica, vale lembrar que, segundo Wien, o pico de A realização do CNAVTAT é Para complicar ainda mais o quadro, existem os grupos guerrilheiros que se comparam radiação térmica oriunda de uma fonte é dado pela seguinte equação: fundamental para o piloto de transporte, visto que real- em tamanho e força a verdadeiros Exércitos. Por exemplo, a renda anual das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) cresceu de US$ 65 milhões em 1992 para US$ onde T é a temperatura absoluta da fonte (Kelvin) e λpico é o comprimento de onda que as missões de lançamento aéreo são, geralmente, cumpridas em proveito de Opera- rea Brasileira, conduzindo em suas aeronaves a esperança de quem aguarda e (mm) em que o pico de radiação ocorre. Duas ções Táticas realizadas por Forças de um Teatro de Operações, ou de Áreas de Opera- a certeza de quem confia. Simbiose perfeita entre o homem que tripula, a aero- fontes básicas de radiação tér- ções na Segurança Interna, de cujo êxito suas ações tornam-se dependentes. Daí nave que transporta e a missão que se cumpre. mica devem ser consideradas: o Sol vários tipos [5]. Sistemas do tipo IGLA-1, míssil e (~6000 K) e a Terra (~300 K). Isso causa picos de ra- lançador, são vendidos ao pre- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ diação em torno de 0,6µm e 10µm respectivamente, o que ço de US$ 80.000, valor extremamente acessível a guerrilheiros e traficantes. torna essas regiões do espectro electromagnético críticas para detecção. So- As Soluções bram então duas alternativas: a região do ultravioleta (de 0.2 a 0.5µm) e do As primeiras tentativas de construir sistemas capazes de detectar a aproximação de infravermelho médio (entre 3 e 5µm). Como a camada de ozônio filtra grande parte dos mísseis com guiamento passivo incluíam radares de alta precisão a bordo das aeronaves raios ultravioletas do sol, não há muitas fontes de radiação nesta faixa, o que reduziria o a serem protegidas. Esta solução, inicialmente, não atendia às necessidades visto que ex- número de falsos alarmes. Por outro lado, muitas fontes artificiais podem ser encontra- punha ainda mais a plataforma. Os MWS ativos de última geração empregam métodos que das: fornos, fogueiras, lâmpadas halógenas, etc, tornando complicado o processamento garantem ao equipamento uma baixa proba- necessário para manter um baixo nível de fal- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ qual pertença o piloto. Em resumo, esta é a formaç ã o d o P i l o t o d e Tr a n s p o r t e , insubstituível no contexto da Força Aé- sadas, como por exemplo mísseis superfície-ar portáteis de ○ combate da Unidade Aérea à ça a necessidade da figura do navegador a bordo nas missões Aeroterrestres. Isso por- 230 milhões em 1997, permitindo àquela organização de guerrilha adquirir armas pe- 30 Ta r e f a d e apoio ao ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 7 Spectrum Spectrum O Piloto de Transporte na FAB Antônio Carlos de Barros, Cel.-Av. V FAE O intuito deste artigo é mostrar um Transporte da Força Aérea Brasileira possui so alarme. Um último fator a ser considerado derável de clutter, especialmente durante o pouco da parte especializada que os pilotos de transporte têm que o perfil operacional que a função requer. O profissionalismo dos Pilotos de Trans- é que a radiação ultravioleta oriunda da queima do motor do míssil é alta durante a fase dia. Além do mais, a atenuação da radiação pela atmosfera é alta, o que prejudica detecção cumprir, tendo em vista as peculiaridades que as missões da Aviação de Transporte, enqua- porte não é conquista casual, ao contrário, é conseqüência da sua formação e do con- de lançamento e tende a diminuir nas fases finais de aproximação. a grandes distâncias. A vantagem, porém, advém do fato de que míssil representa uma dradas na Tarefa de Apoio ao Combate, exigem. O Transporte Aeroterrestre, o Transpor- tínuo e sistemático preparo ao longo de sua carreira. Outra alternativa é a utilização de sensores infra-vermelhos. Radiações do sol e da terra, boa fonte de radiação na faixa do infravermelho em todas as fases do vôo, faci- te Aéreo Logístico, a Busca e Salvamento, o Reabasteci- Os jovens pilotos, ao se apresentarem às Unidades Aéreas de Transporte, são ma- apesar de menores na região do infravermelho médio, ainda representam uma fonte consi- litando o processamento das informações necessárias ao acompanhamento da ameaça. mento em Vôo e a Evacuação Aeromédica são, em síntese, triculados no Curso de Transporte Aéreo Logístico e Transporte Aeroterrestre as missões aplicáveis à atividade do piloto de Transporte. (CTALTAET), ministrado na V FAE, que ocorre anualmente. Hoje, com muito mais clarividência acerca da impor- No CTALTAET o piloto se familiariza com a Doutrina do Transporte na FAB; as tância de se obter uma velocidade de concentração dos Táticas, Métodos e Processos de Lançamento Aéreo de Pessoal e Material; o Vôo de meios que permita um mínimo de chances numa condi- Formação; a Navegação e Operação em Zonas de Lançamento, de Extração e de Pou- ção de conflito bélico, a Aviação de Transporte assume so; Princípios Básicos da Guerra Eletrônica; e com o Ponto de Lançamento Compu- papel de destaque, por ter sob suas asas a responsabilidade da Logística. tado no Ar (CARP), que é um sistema básico de cálculos balísticos, usado para lan- Ao mesmo tempo que chamamos a atenção para a importância incontestável da çamento a baixa altitude. Ao término do curso, os pilotos retornam Logística, constatamos que o Piloto de às suas UAe para iniciar a parte prática, O Coronel Antônio Carlos de Barros é piloto de transporte, de reabastecimento em vôo, de busca e salvamento (SAR) e realizou missões na Antártida. Concluiu o CFOAv em 1975 e exerce atualmente a função de chefe do Estado-Maior da Quinta Força Aérea. Possui curso Operacional em Transporte de Tropa e cursou o Air War College da USAF. Tabela 2: Exemplos de MAWS em uso ou em desenvolvimento. Sistema Fabricante Tipo de Plataformas Sensor AAR-47 Loral UV EUA: Alguns helicópteros do Exército, Marinha e Fuzileiros Navais. AAR-44 Cincinnati IR EUA: MC-130 e AC-130 do Comando de Operações Electronics Especiais AAR-57 Sanders UV Será usado por mais de 3000 aeronaves americanas, de (Lockheed helicópteros leves, até os F-15 e C-17. Martin) IR Grandes plataformas como os C-130. AAR-58 Cincinnati Electronics & Raytheon AAR-54 Northrop UV EUA: C-130 (Comando de Operações Especiais). Grumman Reino Unido: 15 diferentes plataformas (helicópteros e aeronaves de transporte). Austrália: S-70B. Portugal: C-130. Possibilidade de ser instalado em pilones nos F-16A/B's da Bélgica, Holanda, Dinamarca e Noruega. AAR-60 Daimler-Benz & UV Japão: SH-60J. Litton Grécia: F-16. Noruega: Candidato para o JAS-39 Gripen. AAR-56 Lockheed IR EUA: F-22. Martin Guitar Rafael UV 300: helicópteros e aeronaves de transporte. 300/350 350: aeronaves de ataque. MWS-20 Dassault Ativo Helicópteros, aeronaves de transporte e VIP. Eletronique SAMIR Matra BAe IR França: Rafale. Dynamics O Futuro Não existe uma solução unânime para o problema. Sensores UV são pequenos, O uso de MAWS em todas as plataformas aéreas de combate se apresenta como uma baratos e menos suscetíveis a falsos alarmes, mas não são tão efetivos em gran- tendência irreversível. Por outro lado, a tecnologia que predominará ainda está inde- des altitudes (absorção pelo ozônio). Sensores infravermelhos podem ser mais finida. O fato é que cresce o número de mísseis ínfravermelhos portáteis e os RWRs ins- efetivos, porém são mais caros e difíceis de instalar (são maiores e requerem re- talados na maioria das aeronaves de combate não respondem a essas ameaças. É importan- frigeração). A tabela 2 mostra os sistemas em uso e algumas de suas princi- te ressaltar, que MAWS e RWR não competem pela mesma tarefa. Cada qual opera em pais características [4]. uma faixa diferente do espectro e responde a 6 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 31 Spectrum Spectrum Editorial diferentes ameaças. A integração dos dois em N Referências um sistema de autodefesa composto também por contramedidas eficientes (chaff, flare, [1] Steven J. Zaloga, Air Defense Missiles: Recent Trends in the Threat, Journal of Electronic Defense - Nov 1998, page 37. [2] Steven J. Zaloga, Future Trends in Air Defense Missiles, Journal of Electronic Defense - Oct 1997, page 41. [3] Janes Intelligence Review, A Lesson for Colombia, Oct 1997. [4] Bill Sweetman, A New Approach to Missile Warning, Journal of Electronic Defense - Oct 1998, page 41. [5] Estado-Maior das Forças Armadas, FA-E01 Estratégia Militar Brasileira, 1998. [6] Ministério da Aeronáutica, MMA 500-2 Fundamentos de Guerra Eletrônica, 03 abr 1997. AECM, e pods CME) somados a uma biblioteca de ameaças atualizada constitui a solução mais adequada para manter uma alta probabilidade de sobrevivência de todas as aeronaves de combate nos cenários de guerra atuais. MWS-20 Crédito das Fotos: Jedonline, Internet Definições e Acrônimos AECM Active Electronic Countermeasures: equipamento utilizado para autodefesa, que realiza programas de contra-medidas ativas (RGPO, AGPO e outras) contra alguns tipos de radares diretores de tiro. AGPO Angle Gate Pull Off. Técnica de despistamento em ângulo. ○ ○ ○ ○ ○ tes previsíveis, deram e homens prepara- lugar à hipóteses mais difusas que consideram dos. O preparo requer motivação, co- um enorme espectro de uso do estamento mili- nhecimento das tecnologias e concepções tar. As denominadas Hipóteses de Empre- empregadas nas interações que ocorrem go variam desde a participação de meios li- entre forças oponentes, plataformas, sistemas, ar- mitados em missão de paz ou na solução de mamentos e equipamentos presentes nos cenários crises até o engajamento total na defesa de guerra, conflito ou crise. do patrimônio e da integridade do território nacional. Paralelamente, os sistemas Dentro do enfoque ampliar o conhecimento, o Comando-Geral do Ar resol- militares evoluíram na proporção da tecnologia e as concepções de emprego veu abrir um espaço para funcionar como fórum de idéias e opiniões pessoais. Este tornaram-se mais dinâmicas e adaptáveis, visando atender às características inusi- veículo de comunicações denominado Spectrum certamente descortinará novos horizontes para a apresentação de temas voltados exclusivamente para o Contra Medidas Eletrônicas. EJ Escort Jamming. Técnica de CME em que a plataforma interferidora acompanha a esquadrilha atacante. Na corrida pela busca de respostas adequadas aos desafios atuais, o fator de preparo e emprego da Força, somandose às já consagradas revistas que abor- IR Infrared. Faixa do espectro eletromagnético compreendida entre 0,7 desequilíbrio e o agente mais ativo de dam assuntos operacionais, tais como: e 100 mm. todos esses processos tem sido o HOMEM. Ele é o responsável por detectar Zoom, O Patrulheiro, O Poti, e outras. Na realidade, pretende-se incen- necessidades, definir ameaças, desenvolver e aprimorar estratégias, táticas e téc- tivar a apresentação de temas que venham a despertar debates, motivar o iní- nicas, planejar o emprego dos nossos meios. No caso da Força Aérea Brasileira, o cio de estudos que possam ser aproveitados, hoje ou no futuro, com o objetivo resultado almejado pode ser traduzido por três palavras mágicas que, em caso de de conferir o devido realce ao aguerrido espírito operacional da Força Aérea Bra- conflito, representam a síntese de um ideal: voar, combater e vencer. sileira. Infrared Counter-Measures, Contramedidas de Infra-Vermelho. RWR Radar Warning Receiver, Receptor de alerta radar. SOJ Stand-off Jamming. Técnica de CME em que a aeronave interferidora Self Screen Jamming. Técnica de CME em que somente a aeronave que conduz o interferidor é protegida. Também conhecida como SelfProtection. ○ ta-resposta, adaptabilidade, mobilidade CME SSJ ○ guerra e condução das forças. As ameaças, an- tadas da amplitude de atuação e superar o oponente em todas as instâncias. fica fora do alcance do armamento inimigo. ○ duração...)1, exigem da Força Aérea Brasileira capacidade de pron- Chaff and Flare Dispenser, Lançadores de Chaff e Flare. RGPO Range Gate Pull Off. Técnica de despistamento em distância. ○ do por várias mudanças, com implicações diretas na concepção da CFD ção de míssil. ○ flitos atuais (...limitados, não-declarados, convencionais e de curta Anti-radiation missile, míssil anti-radiação. MAWS Missile Approach Warning System. Sistema de alerta de aproxima- ○ o campo militar, o final do século XX vem se caracterizan- ARM IRCM 32 Ten.-Brig.-do-Ar Henrique Marini e Souza Comandante-Geral do Ar ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 1 As características da maioria dos con○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Brasil. Estado-Maior das Forças Armadas. FA-E-01 Estratégia Militar Brasileira. Brasília: 1998 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 5
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