Boletim Cooperativista nº 215, outubro 1971

Transcrição

Boletim Cooperativista nº 215, outubro 1971
O
COOPERATIVISMO
É DE
INICIATIVA
POPULAR
EM T U D O . TODO E L E Ê E D I F I C A D O
PELA A C T I V I D A D E DOS C I D A D Ã O S
FUNDADO POR ANTÓNIO SÉRGIO
N." 215
•
OUTUBRO
DE 1971
O POVO DE A L H A N D R A
DE P A R A B É N S !
Com a colaboração da população
foi criada uma nova unidade
cooperativa de Consumo
deira romaria. Como se lia num letreiro com uma frase
de António Sérgio: « 0 cooperativismo é de iniciativa
popular em tudo!».
twp.
Um êxito clamoroso! Assim se pode dizer da inauguração do novo estabelecimento cooperativo DÓMUS
uma iniciativa da população da laboriosa localidade.
De facto só o entusiasmo da população operária de
Alhandra pôde galvanizar de tal modo tudo e todos
que em tão curto espaço de tempo foi possível criar
mais um instrumento de defesa popular contra a especulação e um meio de promoção humana naquela
povoação a par de outras de outro tipo que já estão
funcionando. Depois de conversações e realização de
debates com os interessados para decidir se deviam
fundar uma cooperativa independente ou integrada
constituiu-se uma Comissão Organizadora que actuou
como dínamo para levar os dirigentes e técnicos da
UNICOOPE a dar o passo decisivo: abrir um novo
DÓMUS. Não houve foguetes. Não houve bandas.
Mas não houve ninguém em Alhandra que não soubesse que abrira a Cooperativa. Por todos os lados
se lia: «Povo de Alhandra abriu a nossa Cooperativa».
E na data da abertura, 15 deste mês, foi uma verda-
de n o r t e as u l
AVEIRO
•
U m a Cooperativa em Gafanha*
Devido a u m a iniciativa de diversos
habitantes de Gafanhas e c u j a preoc u p a ç ã o estava centrada na p r o m o ç ã o
social dos habitantes da localidade —
v ã o r e c o m e ç a r em breve as obras de
c o n s t r u ç ã o para a i n s t a l a ç ã o de u m a
cooperativa.
Dizemos r e c o m e ç a r pois a ideia nasceu h á anos, f o i tomando f o r m a e chegou-se mesmo a iniciar a c o n s t r u ç ã o
do conjunto de edifícios da cooperativa.
No entanto por dificuldades v á r i a s as
obras f o r a m suspensas.
A cooperativa é de moldes de certo
modo inéditos pois pretende abranger
u m conjunto de actividades para corresponder à s necessidades mais prementes dos habitantes. Pretende pois
ter secções tais como: mercearia; f a r m á c i a ; a s s i s t ê n c i a m é d i c a g r a t u i t a que
compreende consultas externas e a t é
enfermaria para internamentos; j a r dim-escola, etc. Os geus dirigentes
pretendem ainda desenvolver actividades culturais e desportivas.
O empreendimento suscita u m a evidente expectativa pois a coperativa
pode comportar 3 m i l sócios.
RAMALDE
•
Tomou posse nova c o m i s s ã o cultural
E m 28 de Julho tomou posse oficial,
a nova comisgão cultural, em r e u n i ã o
de Direcção, com a p r e s e n ç a do Presidente da Assembleia Geral e membros
do Conselho Fiscal.
Foi, nessa r e u n i ã o , apresentado o
programa de actividades que a nova
c o m i s s ã o se p r o p õ e concretizar.
Foi ainda sugerido à C o m i s s ã o Cult u r a l o fomento do desporto amador,
como meio de chamar maig jovens à
Cooperativa e estreitar, entre eles, l a ços de amizade; realçou-se t a m b é m o
interesse, e a necessidade de i n t e r c â m bio c u l t u r a l com as outras cooperativas, mas viu-se que este i n t e r c â m b i o
só pode surgir a p a r t i r do desenvolvimento da actividade c u l t u r a l na p r ó pria cooperativa.
Finalmente a D i r e c ç ã o prometeu t o do o seu apoio e c o l a b o r a ç ã o à nova
comissão, desejando-lhe os melhores
êxitos no cumprimento das sua t a refas.
BRAGA
•
N o t i c i á r i o «Novos Pioneiros»
Por i n t e r m é d i o da secção de Fotog r a f i a e Cinema esteve patente aog
sócios, na sede social, durante 15 dias
do m ê s de Julho, u m a E x p o s i ç ã o de
Fotografia, de Tema livre, que reuniu
mais de 50 trabalhos.
Comemorando o 1." a n i v e r s á r i o de
abertura do seu Posto de Abastecimento, esta Cooperativa levou a cabo,
na sua sede social, u m modesto mas
2
boletim cooperativista
boletim
COOPERATIVISTA
Director e Editor:
Faustino Cordeiro
•
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Unicoope— União Cooperativa
Abastecedora, SCRL
•
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Arnaldo Teixeira
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Fernando Mateus
•
Delegação no Norte;
Gabinete Regional do Norte de
Formação Técnica Cooperativa
Rua do Paraíso, 271-1.°
PORTO
significativo programa, do qual constou no d i a 25-7 — uma Confraternização,
com baile e jogos, promovido pela
sua secção de Convívio; no d i a 26, —
U m a s e s s ã o de cinema, com exibição
de algumas curta-metragens, iniciativa
da s e c ç ã o de Cinema e F o t o g r a f i a ; no
dia 27, u m convívio c o n s t i t u í d o por u m
acto de variedades, com baladas, dec l a m a ç õ e s e outros divertimentos, organizado pela s e c ç ã o de convívio, que
foi precedido por palavras de apreciação à actividade desenvolvida e, bem
assim, de p r e s p e c t i v a ç ã o da A c ç ã o f u tura. Esta r e a l i z a ç ã o , que contou com
uma a p r e c i á v e l p r e s e n ç a de associados,
foi tida como u m primeiro passo para
outras de maior alcance.
PORTO
•
Cooperativa da Foz:
a consciência d u m problema
Nos ú l t i m o s 25 anos todas as d i recções da nossa cooperativa se t ê m
e s f o r ç a d o por fazer acompanhar a evol u ç ã o das nossas actividades comerciais, base de tudo o mais, de realizações de c a r á c t e r recreativo e c u l t u r a l
c o n s e n t â n e a s com o tipo de cooperativismo rochdaleano que i n f o r m a esta
Cooperativa.
Desde a velha casa do P a r a í s o , passando pelo Passeio Alegre, sempre, e
em todos os anos, f o i p r e o c u p a ç ã o das
Direcções e dos restantes corpos sociais, proporcionar aos associados, dentro da heterogeneidade que os caracteriza, actividades para a l é m da aridez
do deve e haver, de mais bacalhau
menos bacalhau, de melhores ou piores batatas...
Sempre nos quis parecer que tais
actividades eram do interesse geral,
devendo como t a l ser considerados pelos associados, e m u i t o particularmente
por aqueles que em anos anteriores
ocuparam lugares administrativos, tendo t a m b é m colaborado e organizado
e n t ú s i à s t i c a m e n t e na r e a l i z a ç ã o de
actos semelhantes.
Ora acontece, que temos vindo a
v e r i f i c a r que alguns sectores da massa
associativa se m a n t é m , de certo modo,
à margem de tais iniciativas, como
aqueles que por c á passaram se v ã o
entrincheirando n u m mutismo e n u m
alheamento, que parece desmentir a
sua d e d i c a ç ã o à Cooperativa, em que
continuamos a acreditar. Escusado s e r á
dizer que n ã o é f a l t a de c o n c o r d â n c i a
e apoio com o que vamos fazendo que
nos leva a dizer isto. De modo nenhum.
Do que se t r a t a , é que em todas as
iniciativas se nota a f a l t a da p r e s e n ç a
humana dos referidos sectores, mesmo
discordante, mesmo contestante, e sobretudo c r í t i c a .
No entanto g r a ç a s a u m n ú m e r o
cada vez maior de gente nova que se
vai interessando pela cooperativa a
p r e s e n ç a amiga por vezes dos convidados de ' outras cooperativas, as nossas
realizações v ã o encontrando u m r a zoável acolhimento.
(do Boletim
interno
da
Cooperativa)
•
PUBLICAÇÃO MENSAL
•
Composto e impresso por MIRANDELA
& C * (Irmão), Tr. do Ferragial, 3-Lisboa
Não nos obrigamos a devolver os artigos não solicitados.
Os artigos assinados são da
responsabilidade dos autores.
V I N H O S
L O U R I N H Ã
PUREZA
GARANTIDA
PELA
ADEGA COOPERATIVA
DA LOURINHÃ
PEÇA-OS NA SUA COOPERATIVA
I
,
Sinal de vitalidade, várias cooperativas, ultimamente, têm começado
a editar boletins internos quer de
carácter informativo quer cultural.
A «Zambujalense» é uma delas e do
n.° 3 do seu boletim retiramos o que
se segue:
i
A EXPANSÃO
DA COOPERATIVA
DO ZAMBUJAL
à esquerda
o edifício
da
Cooperativa
Durante os seus 50 anos de existência, a Cooperativa de Consumo do Zambujal tem funcionado quase exclusivamente como cooperativa panificadora,
produzindo e vendendo aos seus associados pão.
Apssar de a actividade comercial da
cooperativa se reduzir pràticamente a
este produto, tanto o povo do Zambujal
como o das terras vizinhas têm sentido os benefcios da existência da
cooperativa.
Não só a qualidade é superior (e o
peso exacto), como ainda a cooperativa faculta aos sócios enormes vantagens de carácter social e cultural (assistência médica gratuita, biblioteca, etc.).
Como é isso possível?
Ao contrário das empresas capitalistas, que visam obter o máximo de
lucros, à custa do povo consumidor,
as cooperativas que são propriedade dos
sócios não visam o lucro mas sim servir os consumidores.
Nem faria qualquer sentido que as
cooperativas enganassem, quer na qualidade quer no peso os compradores
pois, que, nesse caso seriam os próprios consumidores a enganar-se a si
próprios.
Por outro lado, lucros que os trabalhadora deixam nas mãos dos comerciantes onde vão abastecer-se, utilizam-nos
as cooperativas de forma diferente. Na
cooperativa, os lucros que iriam ser utilizados pelos comerciantes capitalistas
em s3U proveito individual, são orientados em proveito colectivo dos sóciosÉ assim que se explicam as vantagens sociais e culturais que as cooperativas de consumo podem (e devem)
oferecer aos seus associados.
Porém muitos associados não compreenderam ainda as vantagens oferecidas pela cooperativa e em vez de contribuírem para o seu fortalecimento, continuam a abastecer-se parcialmente nos
comerciantes privados. Em relação a
este elemento impõe-se paciente e persistente trabalho de esclarecimento mostrando-lhe os benefícios que o povo po-
de colher da sua organização em associações cooperativas, que no campo do
consumo defendam os seus interesses
e necessidades, constantemente agravadas psla subida de preços.
Ora bem, se a existência da nossa
cooperativa tão proveitosa se tem revelado, mesmo circunscrevendo-se a sua
acção a um único produto — o pão —
por que razão não havemos de alargar
o seu campo de actividade a outros
produtos?
A experiência da secção de têxteis
é um exemplo de que esse alargamento
é não só possível como proveitoso. A
venda de refrigerantes, e os preços praticados pela cooperativa em rslação aos
comerciantes são um outro exemplo
flagrante dessas vantagens.
É claro que a cooperativa não pode
de ânimo leve alargar a sua actividade
a outros ramos comerciais. É necessário que cada passo em frente seja maduramente pensado, é necessário que
do ponto de vista económico todos os
prós e os contras sejam devidamente
psnsados, para que não se criem actividades que a estrutura da cooperativa
possa não vir a aguentar.
Por outro lado a nossa cooperativa
não pode ser considerada isoladamente
— ela é membro de uma UNIÃO COOPERATIVA, a UNICOOPE que à escala nacional vai adquirindo já uma certa dimensão. Por isso, é possível, qus determinadas iniciativas comerciais que dada
a pequena dimensão da cooperativa viriam a revelar-se inviáveis, possam vir
a tornar-se realidade desde que desenvolvidas em colaboração com a UNIÃO
COOPERATIVA. Aliás, a própria secção
de têxteis na sua fase inicial arrancou
precisamente com o apoio da UNICOOPE.
EM Suma, e para não alargar mais
este artigo, quaisquer que sejam as decisões que venham a ser tomadas só
uma objectiva nos deve guiar — defender os interesses colectivos do povo
consumidor do Zambujal, só esses nos
interessam, e só esses devemos ter em
conta.
IMPRESSÕES DO COOPERATIVISMO ALEMÃO
O desenvolvimento do cooperativismo na Alemanha,
mesmo com a e x t r a o r d i n á r i a p u j a n ç a de suas cooperativas,
enfrenta, t a m b é m , a f o r t í s s i m a c o n c o r r ê n c i a do mercado
capitalista. A s Cooperativas pagam taxas e impostos e,
somente a t r a v é s da i n t e g r a ç ã o , como recentemente ocorreu
nas entidades Raiffeisen e Schutz-Delitzch, essa f o r ç a ext r a o r d i n á r i a que é o crédito cooperativo vem sobrevivendo
sem enfraquecer o seu p r e s t í g i o secular.
O Governo participa, ao nosso ver, relativamente pouco
no desenvolvimento do cooperativismo. A grande f o r ç a é
o poder económico das o r g a n i z a ç õ e s de r e p r e s e n t a ç ã o das
Cooperativas. O f a c t o r i n t e g r a ç ã o é uma realidade no
cooperativismo a l e m ã o . Citarei como exemplo, o problema
que os produtores de beterraba para a ç ú c a r e n f r e n t a r a m
pela c o n c o r r ê n c i a da i n d ú s t r i a especializada. Para preservar sua economia, os associados de cooperativas, c o n s t i t u í r a m f u n d o especial de p a r t i c i p a ç ã o e, a t r a v é s deste recurso — lhes f o i possível montar e colocar em funcionamento, a F á b r i c a de F r a n k e l i n Zeil, localizada na r e g i ã o
da F r a n c ô n i a . Visitei essa m o d e r n í s s i m a f á b r i c a , onde no
espaço de tempo de menos de 4 horas, a beterraba é recebida « i n - n a t u r a » dos produtores, transformada em a ç ú c a r
refinado ou sólido (tabletes), empacotada e pronta para
entrega imediata ao consumidor.
Poderia citar, a l é m desse exemplo, muitos outros, como
a f á b r i c a s de r a ç õ e s balanceadas da O r g a n i z a ç ã o R a i f f e i sen, f á b r i c a para i n d u s t r i a l i z a ç ã o de legumes e f r u t a s
« u n t e r l a n d » , f á b r i c a de queijos e, finalmente, o mercado
para tratamento e embalagem de f r u t a s de Ravensburg.
Quando assinalei a pequena parcela de p a r t i c i p a ç ã o do
Estado no desenvolvimento do coperativismo da Alemanha,
desejei somente com isto melhor caracterizar que o m o v i mento cooperativista no referido P a í s cumpre sua t a r e f a
essencial qual seja a, de eliminar, com seus p r ó p r i o s meios
e recursos, os i n t e r m e d i á r i o s d e s n e c e s s á r i o s entre o produtor e o consumidor. O governo a l e m ã o coloca nas m ã o s
das p r ó p r i a s cooperativas a solução dos seus problemas
económicos. Deste modo as cooperativas contribuem como
verdadeiro instrumento de desenvolvimento económico e de
c o n s e r v a ç ã o — dos recursos humanos.
Na Alemanha (R. F . A . ) compete exclusivamente à s
Associações de Cooperativas prestar toda a s s i s t ê n c i a t é c n i c a
à s suas filiadas.
A inspecção, a contabilidade e a o r i e n t a ç ã o s ã o dadas
pelos assistentes especialmente treinados nas respectivas org a n i z a ç õ e s . N ã o existe, como no Brasil, o poder de inter(Continua
na pág. 10)
boletim cooperativista
3
(Continuação
da pág.
IS)
<NAO> AO
CONSUMIDOR
PASSIVO!
das taxas governamentais. N a G r ã - B r e t a n h a f o i l a n ç a d a uma campanha com o
seguinte «slogan»: Queremos saber o que compramos.
Esta notícia significa que a mulher, como dona de casa e administradora dos
bens do casal, é a mais indicada para levantar a voz contra o abuso dos p r e ç o s
e a deficiente qualidade de certos produtos de consumo.
N ã o sabemos ainda como a experiência d e c o r r e r á em Espanha mas, a exemplo
do que h á anos se vem verificando noutros países, acreditamos que algo de
proveitoso resulte. O primeiro encontro nacional de consumidores r e a l i z a r - s e - á em
Barcelona, de 19 a 21 de Janeiro de 1972, com a c o l a b o r a ç ã o de diversos minist é r i o s e associações de donas de casa e a assistência, de d e l e g a ç õ e s de diversos
p a í s e s europeus.
N ã o seria t a m b é m altura de ser l a n ç a d o entre n ó s um movimento semelhante,
em defesa do consumidor, que se vê obrigado a pagar o que lhe exige e receber
produtos de baixa qualidade, sem ter qualquer possibilidade de i n t e r f e r i r e fazer
valer os seus direitos ? 15 por demais sabido que enquanto as pessoas permanecerem
divididas, lamentando-se ou protestando cada uma para seu lado porque o p ã o
n ã o presta, o leite n ã o tem gosto, a carne atinge p r e ç o s proibitivos, a f r u t a n ã o
e s t á ao alcance da maioria, etc., etc., nada se c o n s e g u i r á . É preciso pois que as
f o r ç a s se unam, os protestos se fundamentem e os consumidores possam defender
os seus l e g í t i m o s interesses, participando na g e s t ã o pública. Espanha j á nos deu
o exemplo, acertando o passo com o resto da Europa.
FAZER UM SEGURO É TER O AMANHÃ NAS MÃOS. FAZER UM SEGURO É TER
O AMANHÃ NAS MÃOS. FAZER UM SEGURO É TER O AMANHÃ NAS MÃOS
FAZER UM SEGURO É TER O AMANHÃ NAS MÃOS. FAZER UM SEGURO É TER O
AMANHÃ NAS MÃOS. FAZER UM SEGURO É TER O AMANHÃ NAS MÃOS. FAZER
UM S E G U R O É TER O AMANHÃ NAS MÃOS. FAZER UM S E G U R O É TER O
FAZER UM SEGURO
É TER O AMANHÃ NAS MÃOS
MUTUAL
E F A Ç A - O ATRAVÉS
DA S U A C O O P E R A TIVA OU PELOS
TELEFONES
97 02 01/2-LISBOA
611 55/6-PORTO
4
boletim cooperativista
U N I
DOMUS
SUPERMERCADOS
1 ANO AO SERVIÇO D O S C O N S U M I D O R E S
U m ano se passou e o Supermercado DOMUS na A v . da Boavista do Porto
é uma e x t r a o r d i n á r i a realidade do cooperativismo P o r t u g u ê s , que soube assim
vencer as peias do passado histórico, mas muito pouco realista face à evolução
actual da vida.
A Unicoope, U n i ã o de Cooperativas de Consumo Portuguesas, n ã o quis
deixar de comemorar a e f e m é r i d e convidando todo o seu pessoal, o das Cooperativas associadas, bem como alguns dos seus Dirigentes.
O representante
da Unicoope A. Regional
do Sul no uso da palavra
Por parte da Unicoope, estiveram presentes além da Direcção Regional do
Norte, o Sr. Eng." Toscano em r e p r e s e n t a ç ã o do Sul e os membros da Mesa da
Assembleia Geral, tendo a r e u n i ã o sido presidida pelo Sr. Eng." Aureliano Capelo
Veloso, Presidente da Assembleia Geral da Unicoope. De r e a l ç a r a p r e s e n ç a de
empregados e Directores de Cooperativas de Braga «Novos Pioneiros», Coimbra
« F u n c i o n á r i o s Civis de Coimbra», P ó v o a de Varzim «A F i l a n t r ó p i c a » , P e v i d é m
«Pessoal Coelima», G u i m a r ã e s , S. J o ã o da Madeira «Pessoal da Oliva», além
de algumas do Porto onde i m p o r t a salientar a de Aldoar, Ramalde — Povo
Portuense e Moreira da Maia com uma larga r e p r e s e n t a ç ã o .
E r a m cerca de 110 pessoas.
Depois do repasto o Sr. Eng." Paulino, Presidente da Direcção do A r m a z é m
Regional do Norte da Unicoope, proferiu algumas palavras, justificativas do
acto, enaltecendo o trabalho desenvolvido pelos profissionais do Movimento
Cooperativo em geral e do Supermercado DOMUS em especial visto ser a
eles que a festa era dedicada. Referiu que o êxito do Supermercado DOMUS
deve-se sem d ú v i d a ao carinho e c o m p t ê n c i a profissional que a sua equipa
t é c n i c a . d e u provas.
O Presidente
da Unicoope
do Norte no uso da
A.
Regional
palavra
Aproveitou t a m b é m a festa para premiar dois profissionais que se mant ê m ao serviço da Unicoope desde 1964 ano em que a Unicoope se estendeu ao
Norte, eles Abílio da Silva Couto Salgueirinho e Eduardo Pacheco Gomes, dois
homens a quem o movimento Cooperativo do Norte muito deve, pois f o i com
a sua c o m p e t ê n c i a espírito de sacrifício e a b n e g a ç ã o que eles conseguiram
ultrapassar as dificuldades que no início se depararam ao A r m a z é m Regional
do Norte da Unicoope. O Sr. Presidente entregou a cada um deles uma oferta
da Unicoope, simbolizando o reconhecimento devido.
Falaram seguidamente diversas pessoas donde se destaca o Sr. Eng." M á r i o
Toscano da Direcção Regional do Sul que disse trazer de Lisboa o a b r a ç o amigo
dos colegas que representava, enaltecendo o espírito de camaradagem que encontrava, frisando que os profissionais das Cooperativas devem sentir o movimento
como nós dirigentes ou cooperadores visto naquele n ã o haver p a t r õ e s . Quanto
à c o m p e t ê n c i a profissional dos presentes ela salta à vista t ã o eloquentes são os
n ú m e r o s que o Cooperativismo tem tido nestes ú l t i m o s anos no Norte do P a í s ,
fazendo deslocar para o Porto o núcleo cooperativo mais importante. Supomos
que com o desenvolvimento dos grandes Supermercados que t ê m por t r á s poderosas o r g a n i z a ç õ e s financeiras do sector bancário, resta ao consumidor para se
defender o movimento cooperativo, quer a t r a v é s das cooperativas existentes
quer a t r a v é s das secções locais da Unicoope.
Aspecto
da mesa onde se vêem os 5lf
empregados
da Unicoope Armazém
Regional do Norte
Torna-se cada vez mais necessário que o consumidor esteja atento, pois
logo que as mercearias tradicionais vão desaparecendo e com elas a concorrência, essas grandes cadeias f i c a m - a dispor da distribuição dos bens de consumo
corrente quase em s i t u a ç ã o de monopólio, só um grande movimento cooperativo onde todos os consumidores podem recorrer p o d e r á ser um regulador na
subida do custo de vida, no que se refere aos produtos básicos.
Para conseguir t a l f i m necessita-se, no entanto que nas Secções locais da
Unicoope e nas cooperativas tradicionais se reunam milhares de Portugueses.
A porta e s t á franqueada e todos não seremos demais, tenhamos a consciência
da hora em que vivemos e saibamos construir uma sociedade mais justa, mais
fraterna. O Movimento Cooperativo p o d e r á ajudar a essa c o n s t r u ç ã o .
Falaram seguidamente o Sr. António Tavares, gerente da Cooperativa do
G á s e Electricidade, o Sr. Rodrigues da Cooperativa do Pessoal da Coelima,
o representante da Cooperativa do Povo Portuense, o Sr. Arnaldo Teixeira
colaborador do Boletim Cooperativista, o Sr. Fernando Cunha da Direcção do
A r m a z é m Regional do Norte, os profissionais do A r m a z é m e do Supermercado
DOMUS Sr. Bento Gonçalves, Abílio S. C. Salgueirinho, A n t ó n i o da Silva Soares
e o Sr. Jaime Teixeira Oliveira que em nome do Pessoal da Unicoope ofertou
à Direcção uma placa comemorativa do 1." A n i v e r s á r i o do Domus.
Aspecto da mesa onde se vêem
profissionais das Cooperativas
— Novos
Pioneiros— Braga, Aldoar, Povo Portuense,
etc.
A encerrar a
que r e a f i r m o u os
se fizesse mais e
ponhamos ao seu
sessão usou da palavra o Sr. Presidente da Assembleia Geral,
agradecimentos da Unicoope todos exortando a que unidos
melhor, pois a causa para que trabalhamos merece bem que
serviço toda a nossa capacidade.
boletim cooperativista
5
PARA UMA DISCUSSÃO TEÓRICA DO COOPERATIVISMO
•4 O «B. C.» vem no último número
• suscitar a discussão teórica das formas de acção que mais convirão ao
ÍWovimento Cooperativo, na presente década de 70. Os artigos de Arnaldo Teixeira e Fernando Mateus estão na base
desta proposta de polémica.
t% A verdade é que no seu conjunto
™ O Cooperativismo de Consumo Português naufragou já nas formas tradicionais por que o conhecemos. A prova,
numerosas cooperativas dependem totalmente, para subsistir, do apoio do Movimento.
3
A. Teixeira pergunta se há motivos
para opção. Eu acho que não, só
há motivo, se não for tarde de mais,
para se acorrer a salvar os restos do
naufrágio.
4
Há bons 15 anos as Cooperativas
do Sul faziam figura de grandes
e ricas ao lado das do Norte: muito
mais prósperas, muito mais dinâmicas.
Foram elas aliás que tiveram a iniciativa
de fundar a UNICOOPE.
Dizia-se então no Norte que a gente
do Sul tinha mais espírito cooperativista,
mais mentalidade, que os do Norte eram
mais individualistas, enfim, uma série
de tretas para desculpar a inércia e o
atraso.
A maioria das pessoas, por comodismo, recusava-se a raciocinar que,
muito simplesmente, tinha havido no
Sul do Tejo condições favoráveis ao
desenvolvimento cooperativo (concentração de classes trabalhadoras), e que
o que tinha sido possível no Sul era
igualmente possível, embora em escala
mais moderada, no Norte. Bastava querer.
C
Hoje, que se situam no Norte a
maioria das cooperativas de consumo dotadas de dinamismo e força económica, e as grandes cooperativas do Sul
entraram em crise, voltam a surgir as
mesmas explicações de ordem «metafísica», aplicadas ao contrário. Agora são
os do Sul que invocam a desculpa de
que no Norte há mais espírito cooperativista, mais mentalidade, etc., etc. As
mesmas tretas viradas do avesso.
Aparecem até argumentações de tipo
rácico para explicar porque andam os
do Norte prá frente e os do Sul para
trásDe novo, as pessoas fogem à verdade, bem mais plausível: o comércio
privado tem evoluído mais depressa no
Sul do que no Norte, e tem exercido
maior pressão concorrencial no sector
cooperativo. Houve, porém, um factor
decisivo: nos anos fartos o Sul não soube aproveitar a maré favorável para criar
reservas, para profissionalizar decentemente os seus serviços, e para realizar
uma integração cooperativa suficientemente profunda. Hoje os factos mostram
que o «Plano Ames» veio tarde demais.
Não se criaram reservas, nem se profissionalizou, nem se fez integração que
se visse.
Çt Mas não haja ilusões perigosas: as
"
pequenas vantagens adquiridas por
um reduzido núcleo de cooperativas nortenhas, em parte baseadas no arranque
6
boletim cooperativista
mais oportuno do seu Armazém Regional, não serão só por si suficientes para
aguentar o embate cada vez mais vigoroso do mercado, a não ser que essas
cooperativas completem rapidamente a
sua integração de serviços, em todos
os planos: compras, transportes, contabilidade, estatutos, acção associativa.
Se assim não for, a crise que já explodiu no Sul poderá levar mais tempo
mas acabará por lá chegar também.
• » No Sul a opção é muito mais clara:
• ou se consegue imediatamente uma
integração total (fusão), ou vão desaparecer em prazo muito curto algumas
das cooperativas mais prestigiosas do
nosso movimento.
É precisamente no momento em que
a UNICOOPE assume exteriormente responsabilidades de milhares de contos
para poder singrar e sobreviver, que lhe
estoiram nos braços crises violentas de
cooperativas filiadas das mais importantes: depois da Civicope e da Almadense,
a Piedense suspende as compras e os
pagamentos, a Seixalense entra em dificuldades, e o mesmo se vai passando
com a Popular Barreirense, a Banheirense, e outras, para não falar dos casos
já antigos e conhecidos.
E a crise vai alastrando porque as
cooperativas não têm dentro de si a
força necessária para se regenerarem,
porque defrontam problemas novos e
dificuldades cuja origem lhes escapa.
Em face dum problema desta magnitude, que podem fazer os poucos dirigentes e militantes cônscios do mal
que não seja concentrar os seus esforços no sentido duma solução colectiva
e global? É totalmente inviáyel que se
dispersem petos meandros sem fim que
perderam as cooperativas.
Se, todos juntos os poucos que somos,
não o fizermos, corre o risco de desaparecer um valioso património cooperativo,
construído pelo Povo e propriedade desse mesmo Povo para seu serviço.
Q
®
Tem razão, por isso, Arnaldo Teixeira quando pede que se intensifique a integração das cooperativas
do Norte, focalizando no Armazém Regional a sua central de serviços. Embora
possa parecer apenas uma medida vantajosa, trata-se de facto duma condição
de sobrevivência.
Mas o atraso dessa política será devido à abertura do Supermercado «Domus»? Não o creio. Ainda que o «Domus» exija especial atenção aos dirigentes, a integração dos transportes e
da contabilidade das cooperativas (e
por que não o planeamento total das
compras?) só não se fez ainda porque
as cooperativas realmente ainda o não
quiseram. Façamos propaganda nesse
sentido mas não invertamos as causas
e os efeitos.
; \ Não tem razão Arnaldo Teixeira
quando cria uma «hipotética» oposição de interesses entre as cooperativas existentes e as secções locais
previstas no novo Estatuto. Não tem
razão igualmente quando chama «hipotéticas» às secções locais e aos núcleos
de cooperadores.
Infelizmente para nós, as secções locais são já hoje, aqui no Sul, a realidade
mais positiva do movimento, apesar de
mal terem começado a surgir. Os 6 postos integralmente abastecidos pelo Armazém Regional representam já cerca
de 40 % do seu movimento, e a venda
faz-se a pronto pagamento, processando-se o abastecimento e o movimento
financeiro com regularidade e solidez.
Em França seguiu-se o caminho das
grandes cooperativas regionais, algumas
com áreas quase iguais à do nosso país.
Vão abrir-se as secções de Alhandra
e de Vila Franca de Xira. Vamos fazer
tudo para que levem muito a sério as
designações de «Cooperativa de Alhandra» e «Cooperativa de Vila Franca» qua
lhes são atribuídas, pois de autênticas
cooperativas se trata. Se têm uma A s sembleia local, uma Comissão Directiva
local, e delegados ao Conselho Regional
e Assembleia Geral da UNICOOPE, que
diferença fazem em relação às cooperativas clássicas? Só em dois aspectos
fundamentais: a condenação total do
amadorismo na administração, e a impossibilidade de traírem o Movimento,
abandonando-o.
Pois que segurança tem tido o Movimento Cooperativo em Portugal, quando
os seus dirigentes vêm arriscando, com
lúcida insensatez, quase loucura na lógica normal dos negócios, responsabilidades de milhares de contos, numa actividade em que as cooperativas empenharam apenas escassas dezenas? Que
segurança existe quando as cooperativas
têm a liberdade de negarem hoje compromissos que assumiram ontem, e
«quem ficar que se lixe»? Que pôde
fazer o movimento quando a Cooperativa de Lordelo de Ouro o traiu sem
hesitar, escrevendo uma página trists
que manchou um passado de prestígio
e de mérito? Que teria acontecido se
outras a tivessem seguido?
Que pudemos fazer nós aqui no Sul,
quando as Cooperativas que assumiram
compromissos de consumir mais da
25 % e de pagar nos prazos estabelecidos, pura e simplesmente ignoraram
essas responsabilidades?
Seria possível administrar o País que
é Portugal, se os vários distritos que
o constituem pudessem sair e entrar
quando lhe apetecesse, conforme lhes
conviesse ou não?
HO
Porque assim é, e porque assim
sempre foi, em Portugal como
no resto do mundo, é que todos os Movimentos Cooperativos com a'gum valor
tiveram de assentar a sua actividade em
unidades de maior dimensão e segurança.
Foi assim qu3 já na década de 1910/19
se criaram por essa Europa fora grandes
cooperativas urbanas e regionais, pela
aglutinação das numerosas sociedades
de bairro e de povoação.
A dúzia de cooperativas da área metropolitana da Suécia, as 17 cooperativas da região d3 Estugarda (Alemanha) transformaram-se na Cooperativa de Estocolmo, e Estugarda, respectivamente. 0 mesmo se passou em Hamburgo, Londres, Zurique, Gotemburgo,
Copenhaga, etc., etc.
Quer dizer: há mais de 50 anos estava
consumado o que hoje ainda é impossível de encarar, por exemplo, no Porto.
É evidente que este caminho
teve inconvenientes, visto que
tornou mais difícil e afastado o contacto e a participação entre os sócios
cooperadores e os centros de decisão,
tornando mais complexa a democracia
cooperativa. Mas o facto de esta evolução ser comum a todos os países além-Pirinéus não será suficientemente esclarecedor de que não houve outra via?
Os imperativos económicos são inevitáveis, e não há opção possível entre
um movimento ideologicamente perfeito
constituído por cadáveres económicos,
e um movimento economicamente forte
e útil à comunidade, ainda que necessite
de correctivos que o mantenham fiel a
si mesmo.
Felizmente, a experiência
mais
recente provou que os Armazéns Regionais, ou Centros Regionais de Serviços,
constituem um órgão flexível, dinâmico,
adaptado aos tempos modernos, o qual
permite muito maior descentralização e
autonomia regional do que nas centrais
cooperativas clássicas, de nível nacional.
Mas para isso é necessária a integração
total de serviços, nomeadamente as compras, os transportes, a contabilidade, o
empacotamento, etc., etc.
Objectivo
fundamental:
acreditamos que a presente década é
a nossa última hora, talvez a nossa 25."
hora?
Vamos ficar à espera que surjam espontaneamente pequenas cooperativas
em todas as partes do país? Com que
possibilidade de êxito?
Civicope, Linha de Sintra, Via Norte,
Telefones (Lisboa) e muitas mais, são
exemplos do esforço de tantas boas
vontades, perdido no mar encapelado
das condições actuais de mercado. Poderão surgir algumas excepções, e oxalá
que sim, sobretudo em meios mais pequenos e remotos. É nosso dever acarinhá-las e apoiá-las. Mas também não
será nosso dever prevenir dos riscos
e perigos, e das lições da experiência,
como fizemos em Alhandra e Vila
Franca?
•jQ
Poderá esperar-se a cooperatizalO
ção do país à base de cooperativas de empresa? Seria caso único no
Mundo. Não, devido às limitações que
caracterizam este tipo de sociedades,
elas não podem servir da base a uma
cobertura cooperativa adequada. São
bem-vindas sempre que norteadas pelo
ideário cooperativo, e nelas têm surgido tantos bons cooperadores. Mas
não podem realizar, na sua totalidade,
evitar que o cooperativismo
monte de
destroços
Todos nos regozijamos com a
prosperidade e boa gestão das
Cooperativas da Foz do Douro, de Aldoar, de Ramalde, e algumas mais do
Norte. Constituem a base mais sólida
do nosso movimento e sem elas já não
existiria UNICOOPE nem Cooperativismo
de Consumo em Portugal. Todos esperamos que saibam, a tempo e horas,
realizar no Armazém Regional a integração que ainda lhes falta, a fim de
assegurarem o seu futuro e a sua continuidade.
Mas não esqueçamos que as cooperativas filiadas na UNICOOPE (incluindo
aquelas que quase não funcionam) representam pouco mais de 1 % da população portuguesa! É com asta base associativa que se pensa construir um movimento realmente forte e influente? Ou
pensamos que temos séculos à nossa
frente para realizar esta obra? Ou não
em
Portugal
sej-i
um
o programa de que carecem os consumidores portugueses.
-| ã
Restam portanto as secções
" •
locais, cooperativas locais integradas, ao fim e ao cabo, como via
principal de expansão (embora não a
única).
Ou escolhemos deliberadamente esta
política, em grande escala (na medida
de todas as nossas forças) ou tudo o
que fizemos até aqui terá sido inútil.
Por minha iniciativa pessoal, já procurei
diversas vezes entusiasmar os nossos
dirigentes na efectivação duma campanha enérgica para a angariação mínima
de 3000 sócios individuais da UNICOOPE
( a 1000 escudos de capital médio seriam 3000 contos, ou seja bastante mais
(Continua
na pág.
seguinte)
PARA UMA DISCUSSÃO TEÓRICA DO COOPERATIVISMO
boletim cooperativista
7
PARA UMA DISCUSSÃO TEÓRICA DO COOPERATIVISMO
movimento que pretende ser, para além
da actividade puramente comercial. Onde
está a lógica de tudo isto? Onde está a
defesa geral do consumidor português
em tudo isto?
1fi
Continuação
da
pág.
anterior
DISCUTIR
OU
AGIR?
do que as 80 cooperativas filiadas puseram de numerário na sua União).
Infelizmente, ainda nada se fez de
palpável, nem no Norte nem no Sul.
Como sou suficientemente reli.sta, estou
convicto de que, se este assunto não
for encarado a sério até ao fim do corrente ano, os sacrifícios pessoais e familiares que nos vimos impondo deixarão
de ter qualquer significado e razão
de ser.
•jC
Um dos principais objectivos do
*^
Supermercado «Domus» da Fonte de Moura foi o recrutamento de
novos cooperadores e novos capitais
para o movimento, No documento que
serviu de base à obtenção do empréstimo, a UNICOOPE comprometeu-se à
realização dum esforço de capitalização
através de novos sócios. Pois, infelizmente, devido ao egoísmo e individualismo, esse esforço ainda não se pôde
iniciar, até à data em que escrevo.
Apesar de as cooperativas terem reconhecido que a instalação naquele local
dum concorrente privado teria sido nociva para todas elas, e que pelo contrário o Supermercado Cooperativo lhes
deu apoio, ensinamentos e não prejudicou o seu movimento, antes pelo contrário, apesar disso o «Domus» ainda
não pôde começar a ser verdadeiramente
cooperativo, funcionando até agora como
qualquer estabelecimento capitalista. O
Movimento tem estado a perder uma
arma importante de propaganda, e uma
fonte considerável de capitais, e continua a asfixiar-se a si mesmo como
8
boletim cooperativista
Voltando ao princípio, não há
portanto motivo para opção. Há
que salvar o que ainda for possível
salvar, com coragem e decisão, e há
que extrair o máximo de resultados,
económicos e cooperativos, dos nossos
esforços e investimentos.
Felizmente a UNICOOPE dispõe hoje
dum estatuto suficientemente flexível
para permitir várias formas de actuação.
Aqueles que, como eu, acreditam nas
secções locais (cooperativas locais integradas) como forma principal de expansão, não têm mais do que unir os
seus esforços para dar impulso decisivo a esta modalidade (sobretudo na
periferia dos grandes centros, onde não
houver cooperativas já constituídas). O
que não quer dizer que não devemos
apoiar outros tipos de iniciativas locais
(e isso fizemos no Sul nos casos da
Musgal, Arbocoope, etc.) e os esforços
das Cooperativas existentes, se elas quiserem realmente integrar os seus serviçosAqueles que, como Arnaldo Teixeira,
acreditam que é prioritária e viável
imediatamente tal integração, pois devem convencer, antes de mais nada, as
próprias Cooperativas. A mim, a experiência passada leva a crer que para
isso serão necessários exemplos práticos, e nada melhor do que a demonstração dos custos relativos a dois ou
três «Domus» integrados, comparativamente aos das cooperativas isoladas,
Supermercado
Dómus:
novos
para convencer estas (o que se verifica
de desperdício em matéria de transportes, por exemplo, é escandaloso e bastante nocivo aos interesses reais dos
cooperadores).
Aqueles que, como a Direcção da
Cooperativa «Novos Pioneiros», acreditam que a política das secções locais
é errada e que a integração das cooperativas existentes (ou a criar) é a única
que interessa ao movimento, têm amplo campo para demonstração prática
do seu pensamento: existe na sua região uma série de cooperativas, antigas
e recentes, muito à imagem e semelhança do que se passa no resto do
país e no campo associativo da UNICOOPE. Se conseguirem realizar integração autêntica de serviços (baseada
no Armazém Regional, e para isso muito
estimularão as outras Cooperativas do
Norte) e integração regional autêntica
de actividades associativas, terão dado
um formidável contributo ao Cooperativismo português. E então poderemos
fazer confronto de políticas e vias de
actuação, depois de obtidas realizações
concretas (e os consequentes ensinamentos) e não através de simples enunciados teóricos apriorísticos.
Não se esqueça que os princípios defendidos por «Novos Pioneiros» são
exactamente aqueles que todos nós defendíamos, no ano recente de 1964. Não
nos espanta, pois, que lhes pareçam lógicos e consequentes, com 7 anos de
atraso, que não passaram por cima dos
dirigentes bracarenses. O que nos chocou, sim, foi a falta de modéstia com
que foram defendidos na última assembleia, e a falta de respeito evidenciada
pela inteligência de quem tem dirigido
e militado no Movimento nestes últimos
anos. Como se quisessem forçar todos
estes homens a esquecer a experiência,
dura umas vezes, exaltante outras, que
têm vivido, muitos desde a década de
50, todos juntos de 1964 para cá.
•I"»
Como se vê, não há que recear
• •
desvios, choques, cisões. Temos
de aprender, todos, os caminhos não
totalitários das várias experiências e das
várias soluções. Todas as que forem válidas cabem no nosso Movimento, e
o que é aconselhável em Lisboa ou Almada pode não ser desejável ou viável
em Braga ou Freixeda do Torrão.
Não há dúvida, já o dissemos várias
vezes, que o Norte e o Sul cooperativos
estão a viver momentos bastante diferentes. O estádio é diferente, embora
cooperadores,
novos
capitais
o sentido da evolução seja idêntico, não
haja ilusões.
Nada se fará que não seja aprovado
pelas Assembleias Gerais, locais, regionais ou de nível nacional.
Quanto ao Sul, demasiado sei que o
mais urgente é esquematizar a integração total das cooperativas que dela
necessitam e que por ela decidam
(algumas já decidiram). Essa é a nossa
grande responsabilidade.
Os cooperadores do Norte têm de
admitir que os caminhos podfm ser diferentes, em situações diferentes. É essa
também a sua responsabilidade.
Afinal enganei-me. Há uma opção,
uma única, a tomar: agir, quanto antes.
E.
M.
E S P E C I A L
PARA
G E R E N T E S
ORGANIZADO PELO DEPARTAMENTO DE
FORMAÇÃO TÉCNICA E COOPERATIVA
Nesta folha, que è dirigida aos gerentes, encarregados de secção e consumidores em geral, sSo dadcs certos conselhos e feitas algumas
sugesiftes úteis para promover as vendas
ESTABELECIMENTOS
C O U T O
UM
COOPERATIVOS
CRIAR
AMBIENTE
AGRADÁVEL
Ambiente: «Aquilo que rodeia alguém ou alguma
coisa; aquilo que constitui o meio material, intelectual ou moral.»
Charles Saunier: «Uma obra, para ser completamente admirada, exige um «décor» uma ambiência que, activando a compreensão do espectador,
o prepara para a emoção estética.»
A ambiência, para o comércio moderno, deve
ser a procura dum meio para onde a clientela moderna seja atraída pelo imprevisto, novidade, pelo
agradável. Um meio, enfim, onde todos os dias são
dias de festa e para onde o consumidor, passando
em frente, tenha desejo de entrar.
Se na loja tradicional esta procura dum «meio»
adequado era antes de tudo uma questão de relações e contactos humanos — logo uma questão de
vendedor — o mesmo não acontece hoje em dia,
particularmente nos auto-serviços e supermercados.
É pois necessário criar novos modos e ambiências e a partir de outros meios.
Ei-los:
A APARÊNCIA EXTERIOR
Ou a limpeza total, a taboleta e os cartazes exteriores criteriosamente concebidos e afixados, a
exposição de produtos nas montras.
Por outro lado a visão do interior do estabelecimento (produtos bem apresentados e decoração
interior) que se oferece ao espectador exterior é
fundamental.
A AFLUÊNCIA DE CLIENTES
A multidão atrai a multidão. Para fazer entrar
clientes é preciso ter clientes no estabelecimento.
Deve-se evitar pois mostrar ao espectador que
passa os espaços demasiado vazios; mas devem-se
criar centros de atracção visíveis do exterior (como
agrupar produtos geralmente bastantes comprados; conjuntos de cartazes indicativos, etc.) Tudo
isto, no entanto, sem que esses pontos de atracção
impessam a circulação da clientela durante as horas de ponta.
A ORDEM E A ARRUMAÇÃO
Se a desordem e a falta de sequência das prateleiras de arrumação pode ser fatal a um estabelecimento, também uma ordem impecável e um alinhamento perfeito podem ser prejudiciais.
Um estabelecimento não é um museu e se se
conseguir o encontro duma certa «desordem organizada» com um certo bom-gosto estético, o resultado pode ser o mais aceitável possível, tanto para
o nível de vendas como para a harmonia interior
do estabelecimento.
A ARRUMAÇÃO DOS PRODUTOS
Concebida e feita de modo a que se consiga uma
alternativa dos produtos de grande procura e venda
com os artigos de venda normal ou com os de
promoção.
boletim cooperativista 9
C
O
M
CRÊ
O
A R
um ambiente agradável
-
m
:
Os vazios, as falhas na ocupação dos espaços
são negligências que custam sempre caro.
Mas de modo nenhum esta ocupação permanente do espaço total exclui a limpeza necessária
em todos os pontos e sobretudo no material de frio:
A APRESENTAÇÃO DO PESSOAL
Em fato tipo uniforme, sempre limpo. O facto
de diferenciar pelo colorido, por exemplo da blusa
ou casaco, o pessoal conforme a zona de produtos
que ocupam ou o escalão hierárquico, pode ter
efeitos bastante felizes no sentido dum ambiente
mais apropriado.
A afixação do nome do empregado num sítio
visível do seu fato é um bom elemento da relação
humana entre o estabelecimento e o comprador.
A ILUMINAÇÃO
Deve-se evitar a existência de sectores mal iluminados e sobretudo negligências como lâmpadas
fundidas, etc., que revelem falta de cuidado.
A iluminação a cores, de preferência móvel, é
altamente eficaz para apresentação de artigos de
«choque» ou para promoções — cria-se uma sensação de vida, chama-se a atenção dos compradores e cria um ambiente interior mais refinado.
O FUNDO SONORO
Uma música suave ajuda também a criar ambiente. A sua intensidade deve ser estudada para
evitar ou cobrir ruídos desagradáveis. Mas nunca
se deve tornar inoportuna.
E a publicidade-que nesse fundo sonoro se faça
deve ser feita num tempo curto que nunca ultra-
IMPRESSÕES
DO COOP. ALEMÃO
da pág. S)
vençâo do Estado, através de órgão normativo. No caso,
por exemplo, de comprovada desonestidade de dirigentes,
o assunto é simplesmente entregue à Justiça Comum.
10
boletim cooperativista
A DECORAÇÃO
Esta joga um papel primordial entre os factores de criação dum ambiente, com a condição de
se ser de bom-gosto. É constituído por um conjunto
de meios, em renovação permanente, cujos fins são
— criando um ambiente festivo— aumentar as
vendas ou provocá-las em relação a um produto
novo; conseguir um ar de conforto e plenitude interior; uma personalização do estabelecimento.
A decoração, para além de estética e funcional,
deve ser uma fonte de informação.
O conjunto decorativo deve respeitar uma unidade de estilo e ser renovada frequentemente.
-
(Continuação
passe os 20 segundos e a intervalos mínimos de
3 a 4 minutos.
No momento do anúncio o fundo musical deve
desaparecer ou ficar a um nível mínimo.
OS TEMAS da decoração devem ser inspirados
nos acontecimentos de calendário que podem resultar em promoção de vendas, como: abertura de
aulas, férias, festas anuais como Natal, Páscoa,
etc., festas locais, aniversário do estabelecimento,
etc. A decoração deve ser retirada logo após estes
acontecimentos e substituída por outra.
Os MEIOS decorativos a utilizar serão:
— os cartazes no exterior do estabelecimento;
— os cartazes no interior, e servindo para indicar um produto ou um conjunto deles;
— desdobráveis e folhetos;
— indicativos que permitam chamar a atenção
para um ponto preciso das prateleiras.
AS DEMONSTRAÇÕES E PROMOÇÕES
Fazem parte da decoração viva e são de grande
interesse desde que a sua realização seja perfeita.
Não admitem a mediocridade nem de preparação, nem de apresentação nem mesmo de qualidade
do produto.
CONCLUSÃO
Não é só este ou aquele elemento que forma
uma decoração eficaz — esta resulta dum conjunto
de elementos onde a imaginação, a fantasia e o
espírito criador tem papel fundamental.
Não esquecer que a ambiência tem de ser realista isto é procurar um ponto de encontro entre o
produto e o comprador. E este compra não só de
acordo com as suas necessidades imediatas mas
também de acordo com motivações profundas e
solicitações de imagens concretas.
P a r a registo das Coperativas em Stuttgart existe — somente um funcionário do governe para esse fim de vez
que todas as tarefas referentes à vida técnico-administrativa das mesmas são, como j á frisámos, da exclusiva alçada da auditoria da associação representativa.
A Organização Raiffeisen é muitíssimo respeitada e
poderosa. A t r a v é s de seus recursos próprios m a n t é m excelentes— escolas de cooperativismo, promove intercâmbio
com diversos países, a l é m de uma série enorme de prestação de serviços à s Cooperativas filiadas.
H E L L Y SYLVIA. R. D E SOUSA
7500 OBRAS, MAIS DE 300 TÍTULOS DE REVISTAS
E VALIOSOS MANUSCRITOS
E s t á j á feito o registo total das obras e das revistas
da Biblioteca que f o i de A n t ó n i o S é r g i o : 7500 obras e 321
t í t u l o s de revistas. Iniciou-se agora o arrolamento dos
numerosos documentos e manuscritos, bem como da correspondência dirigida ao grande pensador p o r t u g u ê s por
numerosas individualidades marcantes na vida intelectual
portuguesa no presente e no passado. O valor principal da
biblioteca de Sérgio assinala-se principalmente pelo facto de
a maioria das suas obras estar anotada pelo autor e ser,
por essa r a z ã o , u m instrumento indispensável para uma
definição do seu pensamento filosófico, histórico, político
e sociológico.
JD preciso p ô r à disposição dos estudiosos e principalmente da juventude este manacial rico de s u g e s t õ e s e h i p ó teses contido nas obras que o trabalhador intelectual A n t ó n i o
Sérgio escreveu pelo seu p r ó p r i o punho.
Por isso se espera a c o n t r i b u i ç ã o de todos os cooperadores j á que a eles f o i confiada t a l tarefa honrosa pelos
familiares do grande p o r t u g u ê s , que t ã o generosamente
souberam corresponder ao grande amor que Sérgio dedicava
ao Cooperativismo.
I n i c i a r - s e - á em breve a c a t a l o g a ç ã o , mesmo antes da
i n s t a l a ç ã o definitiva, e tais tarefas implicam despesas
avultadas. Precisa-se da c o n t r i b u i ç ã o de todos.
Eis os ú l t i m o s donativos:
-TAL
E A COMPOSIÇÃO DA
BIBLIOTECA ANTÓNIO SÉRGIO
QUADRO DE HONRA
das cooperativas que já contribuíram para a
BIBLIOTECA ANTÔNIO SÉRGIO
Associação dos Inquilinos do Norte
Povo Portuense
Beato e Poço do Bispo *
Progresso Banheirense *
Trabalhadores de Portugal *
Mealheiro dos Conferentes Marítimos
Linha do Estoril *
Foz do Douro
Lar do Servidor da A. P. D. L.
Húmus
Sacavenense
Alhos Vedros
Operária Portalegrense
Progresso de Estarreja
A Compensadora
Novos Pioneiros *
Para a instalação
Transporte
Cooperativa « N O V O S P I O N E I R O S »
Cooperativa «A S A C A V E N E N S E »
J o s é de Morais Teixeira
Daniel J o s é dos Santos
19 541$50
995Ç00
2 000$00
20?00
135?00
Total
* Fizeram campanha entre os sócios
22 691?50
quente o u frio
beba
com
N
CHOCOLATE
ri
r
Ú o
O O O O O O O O O O O O O O O O O Q O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O
o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o O o o o o o o o o o o o o c o o
Vi?
e m p r o d u t o s cie q u a l i d a d e
é
garantia
boletim cooperativista
11
I flT Hl
Onde se transcrevem artigos aparecidos na imprensa — embora não envolvendo necessariamente a concordância do «B. C.» com o seu conteúdo.
A publicidade com que quotidianamente somos « m a t r a q u e a d o s » , quer por
i n t e r m é d i o da r á d i o , da T V , do cinema, do cartazes nas paredes, das revistas,
dos jornais, de todos os meios, em suma, ao alcance para a t i n g i r e m o possível
consumidor, acaba, muitas vezes, por fazer-nos perder u m pouco a noção das
realidades.
De tanto lermos, vermos e ouvirmos dizer que «todos» devem ver isto, ler
aquilo, usar aqueloutro, acabamos por, inconscientemente, nos convencermos que
isso é imprescindível à nossa vida, que sem tais coisas somos inferiores à s outras
pessoas e que aquilo que p o s s u í m o s e que a t é agora parecia bastar-nns n ã o é, de
f o r m a alguma, suficiente para podermos sentir-nos felizes.
E o pior é que, muitas vezes, sem atentarmos no nosso equilíbrio o r ç a m e n t a l ,
acabamos mesmo por comprar o que n ã o p o d í a m o s nem d e v í a m o s , para logo nos
encontrarmos a b r a ç o s com despesas que n ã o sabemos como pagar
e muitas
vezes com artigos que descobrimos que nem t ê m as vantagens que nos apregoavam, nem sequer nos eram assim t ã o n e c e s s á r i o s como c h e g á m o s a convencer-nos.
Outras vezes, quando nem sequer nos chegamos a l a n ç a r na aventura da
sonhada compra, quer por u m m í n i m o de bom-senso, quer por absoluta impossibilidade de a efectuarmos, n ã o somos capazes de f u g i r a u m sentimento de
f r u s t r a ç ã o e quase nos envergonhamos de confessar aos outros (e a t é a n ó s
p r ó p r i o s ) que ainda (a e s p e r a n ç a m a n t é m - s e ! . . . ) n ã o temos o a u t o m ó v e l , a m á q u i n a
tie lavar ou o ú l t i m o detergente l a n ç a d o no mercado.
Ora é preciso que saibamos encarar as coisas como elas s ã o . Porque se a
publicidade é uma « p r a g a » impossível de evitar na sociedade de consumo (ou
de venda?) em que vivemos, cabe-nos a n ó s e n c a r á - l a com lucidez, compreender
que os «slogans» t ê m , muitas vezes, apenas u m m í n i m o (muito mínimo...) de
verdade e que a vida é bem outra coisa e a felicidade n ã o depende, apenas,
de meia d ú z i a de coisas que possamos adquirir. Conhecer os benefícios que a
t é c n i c a p õ e ao nosso dispor e saber u s u f r u í - l o s quando e como deles necessitamos,
muito bem. Tornarmo-nos escravos daqueles que pretendem, apenas vender os
produtos para seu p r ó p r i o lucro, usando todos os meios ao seu alcance para
convencerem os possíveis compradores, é u m perigo a que precisamos f u g i r ,
quanto antes... ou u m dia s e r á tarde demais e j á n ã o seremos senhores da nossa
vontade, dos nossos desejos, da nossa vida!
«NÃO AO
CONSUMIDOR
PASSIVO!
(Continua
na pág. l f )
Gostar ou não gostar — eis o que não
é, de modo nenhum, a questão. Uma revista, antes de admitir um juízo, uma atitude destas, é um fenómeno sociológico.
Tem um público receptor e comprador, s u põe um grupo de pressão editor o u / e director e afirma-se necessàriamente como s i s tema de valores, de ideias. Antes de gostar ou não gostar — o fenómeno sociológico, pois.
Isto a propósito de dois artigos aparecidos na revista «Crónica Feminina», lúcidos, certíssimos, que dispensam comentários. Editoriais dos números 769 e 771.
De Maria do Carmo Abreu.
SERÁ ASSIM
VIVER?
1
TV = alienação
pela
publicidade
A s e m e l h a n ç a do que j á se verifica noutros p a í s e s europeus, como a Bélgica,
Alemanha, Dinamarca, F r a n ç a , G r ã - B r e t a n h a , etc., o governo espanhol aprovou,
recentemente, a c r i a ç ã o do Conselho Nacional de Comércio I n t e r i o r e dos Consumidores, com a m i s s ã o f u n d a m e n t a l de servir de meio de e x p r e s s ã o e encontro
dos sectores interessados e assumir a tutela e a defesa dos consumidores.
No incício da revolução industrial s u r g i r a m as cooperativas de consumidores,
ao lado das associações sindicais o p e r á r i a s . N a maior parte dos p a í s e s da Europa,
existem, actualmente, cinco tipos diferentes de associações de consumidores:
cooperativas de consumo, o r g a n i z a ç õ e s de consumidores gerais ou especializadas,
associações femininas e o r g a n i z a ç õ e s sindicais.
As duas primeiras, t í p i c a s associações para defesa do consumidor, consagram-se à d i f u s ã o de i n f o r m a ç õ e s : analisam os produtos l a n ç a d o s no mercado e publicam
sobre eles os resultados apurados, sem recearem usar os termos exactos. A u n i ã o
das mulheres francesas organiza periodicamente campanhas contra a carestia de
vida e em 1963 reuniu 210 000 assinaturas numa p e t i ç ã o de d i m i n u i ç ã o de 30 %
BOLETIM COOPERATIVISTA
Rua Cidade de Benguela, lote 300-A - Olivais-Sul - Lisboa
V I N H O
V E R D E
DA UNIÃO OAS ADEGAS COOPERATIVAS
AVENÇA