Conflito étnico arrasa economia e imagem externa do Quênia

Transcrição

Conflito étnico arrasa economia e imagem externa do Quênia
ESCALAPB
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PB
ESCALACOR
100%
Produto: ESTADO - BR - 16 - 21/04/08
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COR
80%
85%
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Cyan Magenta Amarelo Preto
A16 -
%HermesFileInfo:A-16:20080421:
A16 INTERNACIONAL
SEGUNDA-FEIRA, 21 DE ABRIL DE 2008
O ESTADO DE S.PAULO
DEFESA
Porta-aviões
dos EUA
visita o Rio
USS GEORGE WASHINGTON
Máquina de
guerra
Outras aeronaves
Principais
aviões
SH-60 e HH-60H
Seahawk
A Marinha dos Estados Unidos
mantém uma frota de 9 super
porta-aviões nucleares. O décimo
navio será lançado ao mar em
2009. É o CVN-77 George Bush
CATAPULTA 2
USS George Washington participará
de manobras conjuntas na região
EA-6B Prowber
(ação eletrônica)
E-2C Hawkeye
(radar e alerta)
Tipo
Comando, vigilância
e controle do
espaço aéreo
Preço
US$ 80 milhões
Comprimento 17,5 m
Envergadura 28 m
5,6 m
Altura
CATAPULTA 1
CONTROLE DAS
CATAPULTAS
PONTE DE
COMANDO
S-3 Viking
(anti-submarino)
CONTROLE
PRIMÁRIO
DE VÔO
Caça: F-18 Super Hornet
Peso máximo 23.8 toneladas
552 km/h
Velocidade
máxima
2 pilotos; 3 técnicos
Tripulação
Tipo
Caça de múltiplo emprego
Preço
US$ 57 milhões
Comprimento 17,1 m
Envergadura 12,3 m
Altura
4,7 m
Peso máximo 16.8 toneladas
CATAPULTA 4
Roberto Godoy
Grandecomotrêscamposdefutebol, duas vezes mais alto que
a estátua do Cristo Redentor e
poderoso como nenhuma outra
máquinadeguerra,comsuafrota de 90 aviões, bombas inteligentes, mísseis diversos – e um
provável, mas nunca admitido,
arsenal de armas atômicas – o
porta-aviões USS George Washington, o CVN 73 da Marinha
dos Estados Unidos, é esperado
hoje no Rio de Janeiro. O gigante chega protegido pelo sigilo e
por medidas de segurança. A
hora da entrada em águas da
Baía da Guanabara, por exemplo, só será anunciada pela manhã. A chegada pode ocorrer
apenas amanhã.
O espaço aéreo em torno dos
navios é declarado área especial de defesa em tempo integral. O CVN73, que vem com
3.200 tripulantes, vai participar da 49ª Operação Unitas,
uma das mais antigas manobrasnavaisconjuntasdohemisfério. Dessa vez integram o ensaio navios e aeronaves do Brasil e da Argentina.
De acordo com o tenente-comandante Bill Urban, do navio,
o objetivo da missão é “desenvolver a capacidade de operação conjunta – essa relação é
uma forma de tornar a região
mais segura”. Urban destaca
que espera “um exercício também para nós; oportunidade de
aplicarconhecimentosepromover cooperação multilateral”.
O porta-aviões permanecerá
fundeado na Baía da Guanabara, mas não vai atracar – é grande demais e o pier da base não
tem profundidade nem pontos
de amarração com a capacidadenecessária.“Serápossívelvê-
lo a distância como uma
notávelestrutura”,acredita Urban. O oficial acredita
quehaverátempoparaquetodos os militares a bordo conheçam o Rio. “A tripulação está
excitada e ansiosa para conhecer a cidade”, afirmou. A epidemia de dengue preocupa. Além
de ouvir um briefing a respeito
dos cuidados a tomar, cada homem e mulher vai receber um
frasco de repelente antes de pisar em terra. O salão de beleza
interno prevê 1.500 atendimentos entre quinta-feira e manhã,
quando começam as licenças.
O CVN73 passou por Recife
no dia 15. Um pequeno grupo de
convidados almoçou a bordo. O
mesmo esquema será seguido
amanhã,noRio.Dessavezhaverá demonstração de operações.
O George Washington, é comandado por Dave Dykhoff, capitão que lidera um Grupo de
Batalha composto por duas embarcações lançadoras de mísseis, a fragata USS Kauffman e
o destróier USS Farragaut. O
comandante do conjunto é o
contra-almirante Phill Cullom.
O Comando da Marinha leva
à Unitas 2008 entre 7 e 11 navios
– cinco unidades de escolta, um
submarino e um navio-patrulha.AForça Aéreatambémparticipa, com uma esquadrilha de
vigilânciamarítimae,talvez,aeronaves de ataque de precisão.
O porta-aviões A12 São Paulo
não vai tomar parte do adestramento. Em reforma e modernização desde 2005, quando foi
atingidoporumincêndio limitado, a embarcação capitânia da
esquadra deveria voltar ao mar
nestemês.Nãovoltará. Aprevisão é de que isso ocorra ainda
esse ano “após os testes necessáriosdepoisdeum longoperío-
CATAPULTA 3
ESCUDOS
PISTA DE POUSO
Motores
Velocidade
máxima
2 turbinas GE F-404
1.915 km/h
Autonomia
Armamento
especial
2.346 km (com 2 mísseis)
Bombas inteligentes de até
900 kg, mísseis de
cruzeiro e anti-submarino
Harpoon
6.200 kg, 1 canhão
20mm
Armamento
comum
Frota total
Até
90 aviões
Tripulação
TOTAL
5.900
3.200
nessa viagem
US NAVY/REUTERS
60
km/h é
a velocidade
máxima
20%
mulheres
260 mil shp de
propulsão (2 reatores
nucleares PWR)
3
toneladas
é quanto consome
de alimento por dia
Em combate, lança um avião a
cada 25 segundos, dia e noite
Tamanhos e comparações
Largura e peso máximos
70 m
Altura a partir do nível
da água
Comprimento total
Convés da
galeria
74 m
78 m
PESO:
Porta-aviões: 97 mil a
101 mil toneladas
Âncora: 30 toneladas
equivalente a 25 sedãs
Corsa
333 m
ÁGUA
3 campos oficiais de futebol
ÁGUA
Equivalente
a um
prédio de
24 andares
1
2
Convés 2, 3 e 4
Casa de
máquinas
3
300 m
INFOGRÁFICO: GLAUCO LARA/AE
do de manutenção”. Os caças
A-1 Skyhawk embarcados no
A12 – dos 23 adquiridos usados
no Kuwait no final dos anos 90,
apenas dois estão em condições
deuso –nãovão operarnoGeorgeWashington.Ontem,emBuenos Aires, a ministra da Defesa
da Argentina, Nilda Garré, informouquecaçasdaaviaçãonaval vão realizar testes de pouso
e decolagem no CVN73.
O destino final do grupo americano é o Porto de Yokosuka,
no Japão, onde só deve atracar
em agosto. Na base, vai substi-
tuir outra força de ataque, a do
porta-aviões Kitty Hawk.
O George Washington integraumaclassededezsuperporta-aviões de propulsão nuclear
iniciada em 1975 com o recebimento do USS Nimitz. O último
será entregue pelo fabricante, o
Newport News Shipbuilding,
em meados de 2009. Depois dele virá a série CVN21, um modelo discretamente menor, pouco
mais leve, mais veloz e de maior
poderdefogo.Aprimeiraunidade será entregue em 2014. ●
COLABOROU ALEXANDRE RODRIGUES
DIPLOMACIA
ÁSIA
Após os chineses, agora é a vez
dos indianos invadirem a África
Internet vira arma
do governo da China
Mais discreta, Nova Délhi disputa recursos do continente com Pequim
Mariana Della Barba
Ao perceber que precisava expandir seu mercado para sustentar um crescimento econômico anual de mais de 10%, a
Chinaaportou naÁfrica.Empeso. E, sob a lente de aumento
dos Jogos Olímpicos, esses negócios não são mais segredo.
Aocontrário: acordoscomoSudão são um dos alvos preferidos
de ativistas, que acusam Pequim de fomentar o massacre
emDarfur,vendendoarmas para o governo.
Mas, sem alarde, uma outra
invasão vem tomando conta do
continente africano. Agora, são
os indianos que estão redescobrindo a África. O interesse indiano pelos países africanos
tem duas raízes. A primeira é
econômica, já que, assim como
a China, a Índia precisa importar petróleo, gás e outros recursos naturais para acompanhar
seu crescimento de 9% ao ano.
O segundo interesse dos indianos os coloca do lado oposto
dos chineses. Nova Délhi quer
barrar o expansionismo de Pequim e recuperar pelo menos
parte do terreno que perdeu.
Nos anos 90, os negócios da Índia na África superavam os da
China. Hoje, o comércio indoafricano é de cerca de US$ 18
bilhões, enquanto o sino-africano bate os US$ 60 bilhões.
“Se comparada com a China,
a Índia está se posicionando na
África como um poder mais
brando. Nova Délhi argumenta
quepodetrazermaisvaloragre-
gadoqueseusconcorrentes chineses”, disse ao Estado o britânico Alex Vines, diretor do programa de África do centro de
estudos Chatham House, com
sede em Londres. “A verdade é
queosindianos estãocompetindo com quem tem muito mais
bala na agulha. Essa é uma corrida que em curto prazo a Índia
não pode nem precisa vencer.”
Angola é um bom exemplo de
como a balança ainda pesa para
o lado chinês. A companhia indiana de petróleo e gás ONGC
Videsh acreditava que venceria a concorrência para explorar um campo petrolífero no
país oferecendo US$ 200 milhões. No último minuto, foram
surpreendidos pelos chineses,
que venceram a disputa com
uma oferta de US$ 2 bilhões.
Mas nessa nova partilha da
África,algumaspolíticas dosindianos vêm lhes dando vantagem. “Um das maiores críticas
a Pequim é que eles importam
trabalhadores chineses e não
transferem muita tecnologia
aosafricanos”,explicaasul-africanaNeumaGrobbelaar,analista do South African Institute of
International Affairs, que pesquisa investimentos no continente. “Já os negócios indianos
envolvem trabalhadores locais
e há passagem de conhecimento, até porque eles enfrentam
desafiossemelhantes.”Apobreza é um deles: cerca de 800 milhões de indianos e 500 milhões
de africanos vivem com menos
de US$ 2 por dia.
O avanço indiano vem cha-
ONDE A ÍNDIA INVESTE
● Sudão: US$ 200 milhões para
construção de um oleoduto
● Zimbábue: US$ 40 milhões em
comércio bilateral
● Madagáscar: US$ 2,5 milhões
na construção de um posto de vigilância do Oceano Índico
● Ilhas Maurício: US$ 1,9 bilhão
em comércio bilateral
● Gabão e Nigéria: Atuação da
petrolífera indiana ONGC
● Moçambique e Ilhas Seychelles:
Acordos na área de Defesa
● Angola e República Democráti-
ca Congo: Empréstimos
mando a atenção dos países europeus e já recebeu elogios de
líderes como o britânico Gordon Brown. No entanto, achar
que os indianos são os mocinhos e os chineses, os bandidos
é simplificar demais o cenário.
“Diante da atuação agressiva da China, o Ocidente acaba
aplaudindo a indiana. Mas faz
isso também como um modo de
reconhecerocrescimentodaÍndia”, explica Vines. Para o quenianoFirozeManji,cientistapolíticodoinstitutoFahamu,“aÍndia vem usando as mesmas táticas que a China, só que sem tanta publicidade. À medida que a
competição pelo petróleo da
África se acirra, o Ocidente vai
perceber que a Índia também pode ser uma ameaça”.
Deixando de lado o mérito
das estratégias de Pequim e
Nova Délhi, essa competição
é uma ótima oportunidade
paraa Áfricacrescer. “Jogar
umcontra ooutrodáaosafricanosachancedeobternegócios mais vantajosos”, afirma Manji, acrescentando
queofundamentalétransformaressecomércioembenefício social e não em aumento
delucro paracompanhias estrangeiras.“Senão, oinvestimento, seja chinês ou indiano, transforma-se em apenas uma palavra bonita para
exploração.”
Mas Manji acredita que
poucos líderes africanos estão fazendo isso: “O problemaéquemuitaselitesdocontinente têm interesses em
ter investimentos fora do
país.” Neuma, porém, lembra que muitos acordaram
para o fato de que o boom de
commodities é uma chance
imperdível e estão revisando
seus contratos com empresas e governos estrangeiros,
principalmente os de petróleo e mineração.
“O importante é não tornar essa competição entre
China e Índia em uma corrida de 100 metros”, diz Neuma.“O queosafricanos esperam é que a necessidade de
recursos de duas das maiores economias emergentes
do mundo traga benefícios
também a longo prazo.” ●
Crise no Tibete mostra como rede
pode ser usada para propaganda
Cláudia Trevisan
CORRESPONDENTE
PEQUIM
Vista por muitos acadêmicos e
políticos ocidentais como a ferramenta que iria conduzir os
chineses na direção da democracia, a internet mostrou uma
outra face no recente confronto
entre Pequim e o Ocidente em
torno da situação no Tibete: a
de um poderoso instrumento
de propaganda a serviço do governo, que usa a censura e a disseminação de informações na
rede para despertar sentimentos de patriotismo e conduzir a
opinião pública na direção que
lhe interessa.
A China vive o paradoxo de
ser um país autoritário que
abraçou com fervor a internet.
O governo investiu bilhões de
dólares na criação da infra-estrutura necessária para funcionamento da rede e promove ativamenteasuaexpansão.Segundo estimativa da empresa de
consultoria BDA, a China acabade ultrapassar os EUA,assumindo a liderança mundial no
rankingdenúmerodeinternautas, com 220 milhões de pessoas conectadas. A BDA estima
que serão 490 milhões em 2012.
Ao mesmo tempo, o governo
construiuomaissofisticadomecanismo do mundo para o controle da informação que circula
online. O sistema bloqueia o
acesso a milhares de sites por
meio do uso de palavras-chave
relacionadas a temas proibidos
– um enorme universo que in-
clui “eleições livres”, “independênciadoTibete”,“independência de Taiwan” e “Falun Gong”,
a seita que foi banida no país
nos anos 90 depois que 10 mil
seguidores fizeram uma demonstração pacífica em torno
do quartel-general dos governantes chineses. Mas não são
apenas sites que são bloqueados. A censura também funciona em chats, blogs e até em
e-mails.Pequimutiliza umexército de cerca de 30 mil a 40 mil
censores, que monitoraram as
discussões online. Além disso, o
controle do governo é facilitado
pela autocensura praticada por
sites de busca e provedores de
serviços online. A China tem
cerca de 60 milhões de blogs.
“As autoridades chinesas se
adaptaram à nova mídia e sabem utilizá-la a seu favor”, afirma Eric Sautede, um acadêmico que há anos estuda a expansão da internet no país. “O governo não apenas censura conteúdo, mas coloca na rede uma
enormequantidade deinformações que influenciam a opinião
dos internautas.”
Duncan Clark, presidente da
BDA, discorda da avaliação de
que a rede de computadores levará a reformas democratizantes na China. “A internet é uma
tecnologianeutra,semumsistema de valores, e cada um a utiliza como quer. Se existisse na
Alemanhadosanos30,ositenúmero 1 seria www.nazi.gov.”●
† Leia mais sobre a China no
Caderno de Esportes

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