* Arquitetura Renascentista Quadro Retrospectivo e o Paladianismo

Transcrição

* Arquitetura Renascentista Quadro Retrospectivo e o Paladianismo
*RENASCIMENTO TARDIO
PALLADIANISMO
*O PERÍODO DE TRANSIÇÃO
MANEIRISMO
O PALLADIANISMO
O MANEIRISMO
O Renascimento tardio e o Período de Transição
ANDREA PALLADIO ( 1508 – 1581 )
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
A produção deste arquiteto do
Renascimento Pleno, mas alguns o
consideram como maneirista, teve
um profundo efeito no resultado de
projetos e edificações de países tão
distantes como Rússia, Estados
Unidos e Grã Bretanha, numa
dimensão de tempo que perpassa
séculos ( o neoclassicismo
oitocentista ). Ele também pode ser
considerado o primeiro arquiteto
moderno, treinado como pedreiro em
Pádua, foi enviado em seguida por
um protetor a Roma, onde fez
estudos aprofundados sobre
arquitetura romana e leu os tratados
daquele período. Era construtor,
artesão, estudioso e antiquário. A sua
paixão obsessiva foi a Arquitetura.
Os primeiros edifícios que projetou
foram sedes de fazendas e igrejas,
além de um teatro, o primeiro
permanente desde a Antiguidade.
Neste teatro Palladio foi capaz de
distorcer a perspectiva
renascentista criando uma
espetacular cena de rua como
pano de fundo do palco.
Teatro Olímpico - Vicenza ( 1580 - 1585 )
A VILA ROTONDA ( CAPRA ) DE PALLADIO 1556

A Vila Capra, também conhecida como Vila
Rotonda, é uma das mais belas e famosas
vilas do arquiteto italiano Andrea Palladio,
sendo também um dos mais celebrados
edifícios da história da arquitetura da
época moderna. Localiza-se perto da
cidade de Vicenza, na Itália. O nome Capra
deriva do apelido dos dois irmãos que
completaram a construção, a partir de
1591. O projeto do edifício ilustra
perfeitamente o significado do classicismo
renascentista. É definida por um bloco
quadrado, encimado por uma cúpula e
apresentando quatro fachadas idênticas,
sendo os quatro lados do edifício também
idênticos, agrupados em torno de um átrio
que lembra o panteão romano. A estrutura
do prédio é extremamente lógica,
obedecendo a uma racionalidade
geométrica e matemática. A cobertura
ajuda a segurar as paredes, sustentando a
cúpula e os pórticos. A casa projetada por
Palladio para o cônego e Conde Paolo
Almerico é um dos protótipos
arquitetônicos mais estudados e imitados
ao longo dos anos. O local escolhido para
a construção foi o alto de uma pequena
colina, logo após a saída dos muros de
Vicenza. Isolada no cimo da colina, a “Villa
Templo”, ficava privada da área usada ao
redor para o cultivo agrícola. Palladio
continua a tradição de Alberti, mas é
diferente deste porque articulava
rigidamente a teoria com a prática. Para
ele a arquitetura deveria reger-se pela
razão e por algumas regras universais,
demonstradas no classicismo.
ANDREA PALLADIO
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Vila Capra ( 1550-1559 ) e Igreja Il Redentore ( 1577- )
A VILLA BARBARO ( DEC. 1550 )
IGREJAS DE VENEZA: SAN GIORGIO
MAGGIORI E IL REDENTORE ( 1565 E 1577 )
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San Giorgio ergue-se em
uma pequena ilha só sua e é
o coração de um mosteiro
beneditino, combinando o
corpo de uma basílica e a
fachada composta de dois
frontões, com a cúpula
enquanto um leve aceno à
arquitetura bizantina da
Igreja de S. Marcos. A Igreja
do Redentor, por sua vez,
construída em ação de
graças ao fim de uma
epidemia de varíola, é de um
edifício carregado, com cinco
frontões romanos em sua
fachada dando-lhe
profundidade, ao lado de sua
cúpula e torres.
PALLADIO NO NEOCLASSICISMO DESDE A
RÚSSIA À INGLATERRA DO SÉC. XVIII...

Palladio foi um mestre na fusão de valores
urbanos e rurais, da arquitetura da antiguidade
e do seu tempo e o fato de que sua
abordagem terminaria por influenciar regiões
tão diversas em momento posterior, indicando
o espírito universal de sua arquitetura.
Palácio de Tauride ( 1789 ).
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Projeto de William Kent ( 1725 ) de
estilo chamado neo-paladianismo, a a
Chiswick House teve clara inspiração na
arquitetura da antiguidade clássica
A UNIVERSIDADE DE VIRGÍNIA
... Aos Estados Unidos do séc. XIX ( neo-palladianismo )
T. Jefferson foi
entusiástico na
difusão da
arquitetura clássica
moderna nos
Estados Unidos. Ele
foi o projetista da
Universidade de
Virgínia em
Charlottesville (
1817 – 1826 ) e
queria que o projeto
fosse copiado e
tomado como
modelo. A biblioteca
foi projetada para
lembrar o Panteão
de Roma. Após um
pátio interno do
terreno estão casas
originalmente
construídas para os
escravos dos
estudantes. A
inspiração clássica
de Jefferson
marcou a
Arquitetura Oficial
americana
(estadunidense) por
um bom tempo.
A BIBLIOTECA DA UNIVERSIDADE DE VIRGÍNIA
O MANEIRISMO
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Após o Renascimento Pleno, decorreram
mais de setenta anos para que o estilo
barroco se impusesse e se disseminasse
por toda a Europa. Este “intervalo” ( 1525 –
1600 ) indica a inexistência de um estilo
próprio, foi mesmo um período de crise que
deu origem a diversas tendências
antagônicas, em uma época cheia de
contradições. Entre as várias tendências
surgidas, a do maneirismo é a mais
discutida, aplicada inicialmente à pintura,
também pode ser utilizada à escultura e à
arquitetura. Traz do Renascimento tardio a
preferência por linhas geométricas
simples, e o estilo maneirista, de visão
prática, simplifica as formas. É o triunfo da
prática sobre a teoria, cumprindo um
propósito mais estritamente funcional,
não permitindo muitas abstrações
estéticas. A predominância é de linhas
quadrangulares e retas. O Classicismo
predomina, mas com variações do
momento anterior. Estas eram expressões
arquitetônicas de poder e prestígio, com a
decodificação do uso das ordens,
domínio da teoria arquitetônica, mais
atenção ao planejamento urbano, com as
cidades repletas de majestosos prédios
cívicos e privados. Era o poder projetado
por meio da grandiosidade de novas
construções. Como é o caso de
Bartolomeo Amanatti.
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Pátio do Palácio Pitti ( 1558 – 1570 ) – O esquema
de três andares de ordens sobrepostas é
colocado de forma encoberta por um extravagante
paramento que aprisiona as colunas e as coloca
em um papel de passividade.
GIÁCOMO VIGNOLA ( 1507 – 1573 ) E
GIÁCOMO DELLA PORTA ( 1540 – 1602 )
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Ambos os arquitetos haviam
trabalhado com Michelângelo e
continuaram a usar o seu
vocabulário arquitetônico A planta
de Vignola para a igreja de Il Gesù
( Jesus ) constituiu o edifício cuja
importância para a arquitetura
religiosa posterior é preciso
salientar: ela foi a Igreja-mãe dos
jesuítas, e trouxe o espírito da
contrarreforma para a arquitetura.
Difere da S. Giorgio Maggiori de
Palladio porque suas naves
laterais foram substituídas por
capelas, que conduzem os fiéis
para um largo espaço, como um
salão na frente do altar. A fachada
foi projetada por Della Porta, com
pares de pilastras e arquitrave
quebrada, mas com largo frontão
que mantém as proporções
clássicas da arquitetura do
Renascimento.
EXEMPLO DE ELEMENTOS MANEIRISTAS
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Sé da Guarda – Portugal ( séc. XVI )
Estilo manuelino
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Mosteiro de Santa Maria de Belém
O PROTO BARROCO E O REALISMO
Outras tendências do “período de transição” entre o
Renascimento e o Barroco, além do Maneirismo.
As intrínsecas relações entre a Arte e a Arquitetura
CONTEXTUALIZAÇÕES E POSICIONAMENTOS
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A Idade Média, tida como período de
obscurantismo e estagnação, foi, na
verdade, uma época de elevada
espiritualidade e conhecimentos que
viria a ter seu pleno florescimento no
Renascimento, no século XV.
Predominou na era medieval o estilo
gótico que, com suas altíssimas e
pontiagudas torres, traduziam a
espiritualidade das aspirações
artísticas da época. A Renascença
representou o renascimento dos
anseios do povo, com o
desenvolvimento da arte sob as mais
variadas formas. Ao mundo objetivo,
naturalista, contido, retratado em
maravilhosas cores pelos artistas do
Renascimento, seguiu-se um
período tido por muitos estudiosos
como a decadência da pureza desse
estilo. Assim, na arte maneirista
surgiram elementos formais
exacerbados, acrescentados à
sobriedade das representações
artísticas, feições próprias de encarar
os objetos, certas alegorias e
maneiras de organizar os espaços
artificialmente que levam a denominar
este período evolutivo de Maneirismo.
Ou ainda, à maneira dos
renascentistas, mas diferente.
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Maneirismo: gosto pelos contrastes marcantes, a luz assumia
então, uma grande importância anunciando o barroco. O
maneirismo caiu mais no gosto da elite intelectual enquanto o
barroco seguiu como uma forma de expressão mais espiritual,
emocional e popular. Por fim este sobressaiu àquele pelo seu
caráter espiritual e se tornou símbolo da contrarreforma católica
no século XVII. Abaixo: "Venus e o cupido" de Bronzino ( 1545 )
obra repleta de sensualidade, mistério e inquietação, bem ao
gosto da arquitetura e da pintura Maneirista.
REFORMA, CONTRARREFORMA E BURGUESIA
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Para compreender o “período de
transição”, hoje entende-se o Maneirismo
como derivado duma série de fatores que
marcaram o contexto econômico, religioso
e social do século XVI europeu: a partir de
1525 passa-se a viver um clima de
instabilidade (ao contrário da “época feliz”
do Renascimento) provocado por
inquietações económicas e religiosas; de
fato a prata e o ouro espanhóis levam à
subida dos preços e por outro lado existe a
Reforma Protestante. Consequentemente,
o nível de encomendas eclesiásticas desce
neste momento em especial, uma vez que
a Igreja se encontra dividida devido às
próprias discussões da Contrarreforma:
será legitimo o luxo e as imagens nas
igrejas? Ao mesmo tempo, é nesta época
que o artista toma consciência do seu valor
tendo orgulho na sua profissão e querendo
diferenciar-se dos demais. Importa referir
que é neste período que aparecem as
primeiras Academias de Belas Artes onde
a formação do artista era teórica
colocando-o ao nível do poeta, do filósofo
e libertando-o da condição de artífice. É
também nesta altura que uma burguesia
cada vez mais rica entra na cultura
aumentando o nível das encomendas; as
obras maneiristas perdem o caráter
utilitário das obras da Idade Média (eram a
Bíblia dos pobres) para passarem a ser
objetos de luxo.
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Morte na fogueira de Savonarola, 1498.
A matança de São Bartolomeu em Paris, François
Dubois, 1572.
MAIS ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O MANEIRISMO
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Para que possamos compreender o
estilo barroco corretamente, é preciso
situá-lo no contexto da evolução das
manifestações de arte no mundo
ocidental. Principalmente no que diz
respeito ao período de transição, o
período desde 1525 a 1600, entre o
Renascimento Pleno e o Barroco,
que é visto como um tempo de crise
generalizada por toda a Europa, que
originou várias tendências
antagônicas, mais do que um ideal
predominante. Entre elas, destaca-se
o Maneirismo, o Proto-Barroco ( ou
Arquitetura jesuítica ), e o Realismo ,
sendo o primeiro, sem dúvida, o estilo
mais discutido. O próprio título é algo
ambíguo e no sentido original possuía
uma carga pejorativa, advindo do facto
dos homens do Barroco acusarem os
maneiristas de trabalharem " à maneira
" dos grandes mestres da geração
anterior, já referidos. Na verdade,
muitos artistas fizeram-no, tomando por
base originais ou livros de gravuras dos
artistas já consagrados. Mas o que é
fato é que se houve quem fosse por
essa via, a maior parte não foi.
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Especificidades regionais: A tradição clássica
misturou-se a raízes locais, derivadas do Gótico
e do Românico, dando origem em Portugal, por
exemplo, ao “estilo manuelino”, com seu
exemplo máximo no monumental Mosteiro dos
Jerónimos, considerado arquitetura maneirista.
COLÉGIO DE SANTO ANTÃO ( JESUÍTAS ) LISBOA 1589
A ARQUITETURA PROTO BARROCA JESUÍTICA
O DIFERENCIAL DO PROTO-BARROCO JESUÍTICO
NO PERÍODO DE TRANSIÇÃO
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Acredita- se hoje que o Maneirismo foi um período de libertação do esquema rígido da
Renascença, para que, logo antes do Barroco, se afirmasse com o desenvolvimento das
construções feitas pela Companhia de Jesus, onde se implantariam a glória e a exaltação de
Deus no conceito da Contrarreforma. O papel representado pelo trabalho dos jesuítas,
dando ensejo aos artistas de desenvolverem seus impulsos criadores, cristalizou- se no que
se considera hoje “estilo jesuítico”, também chamado de proto-barroco antes de 1600. O
Barroco, por sua vez, tem sido o termo usado pelos historiadores da arte durante quase um
século para designar o estilo dominante no período 1600 – 1750.
O REALISMO FLAMENGO – SÉC. XVII
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Cultura visual fundamentada em
tradições que privilegiam a
observação atenta do mundo natural
e valorizam a superfície material da
imagem. Assim, o “realismo
flamengo”: enquadra os episódios das
Sagradas Escrituras em cenários
descritos em detalhe, que também
fornecem uma documentação quase
fotográfica acerca da decoração e dos
usos e funções dos objetos nas
residências flamengas do século XV. À
visão sintética e unitária da perspectiva
linear contrapõe-se na pintura
flamenga, uma análise meticulosa da
realidade integrada numa concepção
mais empírica do espaço. O elemento
unificador é a luz que envolve todas as
partes da representação, valorizando os
mínimos pormenores. O resultado é
uma descrição extremamente precisa
da riqueza do universo visível, onde o
espaço atribuído ao homem não é
central nem exclusivo, pois cada
elemento, quer seja um objeto do
cotidiano ou uma parte da paisagem,
merece ser representado e adquire um
significado simbólico
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Peter Bruegel ( 1564 – 1638 )
COMPOSIÇÃO NA ARTE REALISTA FLAMENGA – INFLUÊNCIAS DIRETAS NA
ARTE E NA ARQUITETURA BARROCAS
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Composição em profundidade: vários planos, simultaneamente em foco, estavam
densamente povoados por diferentes ações.
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Composição planimétrica: personagens no mesmo plano ou muito perto do primeiro
plano num espaço decorativo que se estende por detrás delas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
TEXTO E IMAGENS
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KING, Ross, O Domo de Bruneleschi. Rio de Janeiro:
Editora Record, 2013.
KOCH, Wilfried. Dicionário dos Estilos Arquitetônicos.
São Paulo, Martins Fontes, 2009.
JANSON, H. W., História Geral da Arte – Renascimento
e Barroco. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
GLANCEY, Jonathan, Arquitetura – Guia Ilustrado
Zahar. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.
________________, A História da Arquitetura. São
Paulo: Edições Loyola, 2001.
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