Examinamos a produção de alguns álbuns de sucesso recentes

Transcrição

Examinamos a produção de alguns álbuns de sucesso recentes
D E S TA Q U E
PRODUÇÕES COMERCIAIS ANALISADAS
Examinamos a produção de alguns álbuns de
sucesso recentes para lhe ajudar a aperfeiçoar
as suas habilidades de audição.
DEV FEATURING THE CATARACS
BASS DOWN LOW
Recentemente, Vena Obukowo, leitor da
SOS, perguntou como emular os tipos de
efeitos vocais presentes em tracks como este
single da Dev, então eu achei que talvez fosse
útil fazer algumas sugestões aqui, embora
sem nenhum conhecimento privilegiado
sobre quais técnicas ou equipamentos
realmente foram usados.
A música é repleta de edições de stutter
(repetições rápidas), o que é muito fácil
de fazer usando ferramentas de cortar e
colar em uma DAW, contanto que você use
fades muito curtos nos pontos de edição.
Aproximadamente um milissegundo deve ser
suficiente para evitar cliques indesejados, mas
ainda manter a qualidade rítmica vibrante.
Mas o timing exato das edições relativo ao da
própria parte será crucial. Nesta música, todos
os vocais estão sincronizados com a batida,
então edições baseadas no grid soam bem,
mas, em outras produções com vocais mais
soltos (ou que são um pouco deslocados com
relação à batida), talvez isto não aconteça.
Para o refrão principal “bass down low”, eu
experimentaria um simulador de amplificador
com ressonância em torno de 270Hz, e com
certeza o rodaria em paralelo ao canal de voz
não distorcido para dar mais controle sobre os
níveis de distorção e inteligibilidade da letra. Se
o canal de simulação de amplificador paralelo
causar uma anulação de fase quando mixado,
coloque um delay de menos de
um milissegundo ou algum tipo de
dispositivo de combinação de fase
no retorno de distorção.
Eu multiplicaria o vocal
principal da Dev nos versos (0:260:44 e 1:26-1:44) para um track
separado, para dar a ele a sua
própria compressão pesada (deixe
130
alguns milissegundos de tempo de attack,
para alguns destes transientes desagradáveis
passarem), com de-esser e alguns decibéis
de aumento de ‘ar’ em aproximadamente
15kHz. O efeito de ampliação estéreo soa
como um phaser, com as formas de ondas
da modulação nos seus canais esquerdo e
direito fora de fase entre si. A julgar pelo
comb-filtering nos sons sibilantes (como em
‘sip’ em 1:32), provavelmente eu começaria
com algo como uma taxa de modulação de
5Hz, uma profundidade de modulação grave
e só um pouco de volume de feedback.
Provavelmente, este track também serviria
para “it’s The Cataracs” em 0:08 (com um
controle de automação de volume do phaser)
e o track duplicado em ‘down low’ em 0:24.
Falando em tracks duplicados, com
certeza você precisa de pelo menos um par
de canais bastante equalizados na segunda
seção de cada verso e também para a seção
“drop it to the floor”, que começa em 1:08.
Se um fade bem próximo ao vocal principal
nos versos não proporcionasse suavidade
estéreo suficiente, eu experimentaria um
chorus estéreo e/ou tratamento curto de
reflexos precoces e pré-delay baixo. Duplicar
o track também faria parte da receita para o
rap do The Cataracs em 0:43 e 1:43, embora
também pareça existir um pouco de flanger
leve incluído e, em 0:51, você precisaria
combinar muito bem o track duplicado
com o principal em termos de volume,
timing e afinação para deixar o verso “bom
boom pow” com um som tão
sincronizado.
Existe bastante uso de
correção de afinação, e eu
dedicaria pelo menos um
track a uma correção bem
rápida para gerar os vocais de
apoio “one, two, three” em
0:27, “thistay” em 1:33 e as
Setembro 2011 / w w w . s o u n d o n s o u n d . c o m . b r
referências ao Black Eyed
Peas
no rap do The Cataracs.
Supondo
que estivesse trabalhando
com o
Antares Auto-Tune, eu usaria o modo de
correção automática com o modo ‘Target
Notes Via MIDI’ ativado, o Keyboard Mode
em Momentary, Tracking em 100 (‘Relaxed’)
e Retune Speed em 0 (‘Fast’). Depois
disto, eu brincaria com um teclado MIDI
durante a reprodução até encontrar algo
que parecesse dar certo, já que não existe
nenhum substituto para experimentações
com efeitos instáveis como este. Uma firme
correção de pitch também seria importante
para dar aquele brilho aos vocais “drop it to
the floor”, embora com configurações mais
moderadas para evitar falhas óbvias. Para
os efeitos tipo sintetizador de ‘bass down
low’ em 0:16 e ‘I’ll make you shout’ em 0:46,
eu usaria um vocoder. Para a primeira frase,
eu empregaria o vocoder em um acorde de
sintetizador e, para a segunda, em uma única
nota em uníssono com o vocal principal de
‘robô’ afinado à força. Nos dois casos, formas
de ondas de pulso ou dente de serra seriam
a minha primeira opção para a entrada de
sintetizador do vocoder, e mesmo aí talvez
eu enfatizasse as frequências altas do sinal
passando pela entrada de voz do vocoder
para tirar o máximo de chiado do banco do
filtro. Como a simulação do amplificador, o
vocoder pode ser mais controlável e inteligível
quando mixado junto com o track limpo.
Esta produção está cheia de delays.
Alguns são ‘giros’ ocasionais como em
“going home” em 0:35 (um patch de 1/4
com feedback médio e filtragem pesada) e
nos finais de frases do rap do The Cataracs
(uma batida única, de ¼ e mais clara,
panoramizada à direita). Outros formam meio
que um background geral, como no caso da
semínima reduzida em “question for you...”
(2:42) e a semínima reverberante de feedback
mais alto no track duplicado “la la la...” (2:51).