o lince 01 - Jornal O Lince

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o lince 01 - Jornal O Lince
NOVA FASE - ANO 2 - Nº 1166 - 20 de abril de 200
20088 - APARECIDA-SP
Fundado em 20 de outubro de 1969
DIRETOR FUNDADOR: Benedicto Lourenço Barbosa
Tem o que le
lerr
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Escola Pires do Rio:
entre as melhores da região
QUANDO o
assunto é avaliação
de resultados através de instrumentos externos à escola - como é o caso
do SARESP -, a Escola Pires do Rio,
de Aparecida, sempre está acima da
média.
A condição de estar entre as de melhor desempenho de sua Diretoria já se
tornou tradição. Assim tem sido em todas as edições do SARESP, o que denota
uma escola que consegue, apesar dos
reveses de cada ano, manter uma regularidade de desempenho que a coloca
em níveis de proficiência sempre superiores às médias do Estado, das
Coordenadorias, da Diretoria e do Município.
Em 2007 não foi diferente. Lá está a
tradicional escola de Aparecida figurando como uma das CINCO MELHORES escolas da Diretoria de Ensino de
Guaratinguetá, dentre os 73 estabelecimentos de ensino que a compõem.
Outras instituições educativas que
se destacaram no SARESP 2007 foram
as escolas Rogério Lacaz, Ana Fausta
de Moraes e Conselheiro Rodrigues
Alves, de Guaratinguetá, e a escola Padre Juca, de Cachoeira Paulista.
"O Lince" parabeniza a direção, o
corpo docente, os funcionários, os alunos e os pais de alunos destes estabelecimentos de ensino pelos resultados
obtidos.
SARESP 2007:
Guaratinguetá abaixo
da média do Interior
RECENTEMENTE, foram divulgados os resultados do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de
São Paulo (SARESP) referentes ao desempenho escolar de quase dois milhões de
alunos (mais precisamente, 1 842 528) no
ano de 2007.
De acordo com o desempenho obtido,
os alunos de 4ª série à 3ª série do Ensino
Médio foram distribuídos em quatro níveis de proficiência assim denominados:
abaixo do básico, básico, adequado e
avançado.
Este critério de agrupamento poderia
ser reduzido a dois grupos básicos: aqueles que têm domínio dos conteúdos, competências e habilidades desejáveis ou acima do requerido para a série em que se
encontram e aqueles que conseguem domínio insuficiente ou, no máximo, desenvolvimento parcial dos conteúdos, competências e habilidades requeridos pela
série. Em suma, os que aprendem e os que
não aprendem.
Diante dos dados, é inegável a falência
do ensino no Estado mais rico da federação. À exceção da primeira série do Ensino Fundamental, cujas médias estão acima das demais, incluindo, em alguns casos, as médias municipais, dado que leva
a considerar que o ensino gerido na esfera
estadual não necessariamente está condenado a produzir os piores resultados (é a
queda do mito de que a municipalização
se faz acompanhar de melhoria na qualidade de ensino), as demais séries, em sua
maioria, não conseguiram superar as médias do interior do Estado apesar de estarem acima do desempenho geral da
COGSP (Coordenadoria de Ensino da
Grande São Paulo) e do Estado.
Os números denunciam a inoperância
de um sistema de altos custos que produz
resultados pífios, pois a grande maioria
dos alunos, quando o assunto é aprendizagem, concentra-se nos níveis de proficiência básico ou abaixo do básico. Nestes
degraus da escalada do aprender, estão
59,8% dos alunos de 4ª série, 63% do alunos de 6ª série, 69,2% dos alunos de 8ª
série e 78,8% dos alunos da 3ª série do EM
quando os conteúdos, competências e habilidades exigidos remetem para a Língua
Portuguesa. Quando o assunto é Matemática, os indicadores são ainda mais
preocupantes: 80,9% dos alunos de 4ª série, 78,1% dos alunos de 6ª série, 94,6%
dos alunos de 8ª série e 95,7% dos alunos
de Ensino Médio não dão conta de aprendizagens mínimas para a série em que se
encontram.
A situação não difere muito quando a
escala de análise nos direciona para os resultados da área circunscrita à Diretoria
de Ensino de Guaratinguetá.
Nesta região, que envolve 73 escolas
de 17 municípios, foram avaliados 13.106
alunos da 1ª série do Ensino Fundamental
à 3ª série do Ensino Médio, número que
representa 1,54% do total de avaliados na
Coordenadoria de Ensino do Interior
(848.074) e 0,71% do total de alunos avaliados no Estado de São Paulo.
Apesar dos percentuais numéricos serem pouco significativos, se comparados
ao somatório da população escolar avaliada em toda a rede, os dados médios de
desempenho das escolas da Diretoria de
Guaratinguetá as colocam em situação
pouco privilegiada quando o assunto é fazer o aluno aprender.
Os valores percentuais de alunos que
se encontram nos níveis abaixo do básico
e básico são elucidativos, embora
desconfortáveis.
Na disciplina Língua Portuguesa, por
exemplo, 58,3% dos alunos de 4ª série situam-se no hemisfério do despreparo es-
Educação na encruzilhada: para onde ir?
colar, todavia, os índices ampliam-se para
65% quando dizem de alunos de 6ª série,
73% para os de 8ª série, e 81,1% para os
estudantes de 3ª série do Ensino Médio
que passaram, ao menos, 12 anos de suas
vidas na escola.
Em Matemática, o quadro se agrava:
75,5% é o índice de baixo desempenho na
4ª série, 79,9% de aprendizagem deficiente são encontrados na 6ª série, 93,9% na 8ª
série, e 94,9% para os concluintes de Ensino Médio.
Vê-se um aumento exponencial dos
baixos resultados à medida que o aluno
atinge níveis de escolaridade mais elevados. Estes índices médios são agravados
pelo fato de algumas unidades escolares
encontrarem-se entre as de mais baixo
desempenho no Estado. Situação que só
não é pior em virtude do relativo bom desempenho de algumas tantas outras.
Isso denota que a progressão escolar
(no caso do Estado de São Paulo, "progressão continuada") não traz como con-
seqüência a progressão da aprendizagem,
pelo contrário, transforma a vida na escola, tão-somente, em um "ritual de passagem na busca pelo diploma", sem que o
mesmo tenha significativa correspondência com a ampliação das capacidades do
aluno de desenvolver interpretações arrazoadas para a compreensão do mundo e
encontrar soluções para os problemas diante dos quais estará em sua vida pessoal,
social e profissional. Enfim, estamos diante de uma escola que não responde aos
atuais anseios do indivíduo, da sociedade
e da economia.
Definitivamente, a escola pública
paulista não está cumprindo a sua função
social de "fazer aprender" as novas gerações. De pouco valeram as alternativas
adotadas até agora. É preciso mudar a trajetória, encontrar novos caminhos, e isto
não depende da atitude exclusiva de professores e escolas, mas da alteração do
paradigma educacional que hoje orienta o
desenvolvimento das políticas educacionais em nosso Estado e em nossa região.
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Aparecida, 20 de abril de 2008
1
E DITORIAL
F ATOS
Educação pública: passaporte
para a desigualdade?
Alexandre Marcos Lourenço Barbosa
CERTAS PESQUISAS e levantamentos "científicos" parecem servir apenas
para confirmar aquilo que já está presente
no senso comum como verdade indiscutível, ainda que no interior de certos segmentos da sociedade. A tais evidências, certos
resultados quase nada acrescentam além de
quantificações a um certo dado qualitativo
essencial.
Um desses inquestionáveis "lugares-comuns", sem negar o caráter parcialmente
clarificador das tentativas de mensuração, é
a incapacidade de os sistemas de educação
reverterem o atual quadro de ineficiência
de resultados das redes escolares brasileiras. Esse fato, aliás, há muito conhecido dos
profissionais da educação e insistentemente denunciado como fruto de modelo de
gestão que oculta, sob a capa de um discurso travestido de democrático e voltado para
um ensino de qualidade aos desfavorecidos,
um astuto esquema de solapamento das
principais estruturas educacionais que poderiam assegurar uma ordem social menos
perversa: infra-estrutura adequada nas escolas, profissionais da educação bem preparados e bem remunerados e condições
asseguradas para o desenvolvimento de propostas educacionais geradas no interior da
escola aproveitando a competência dos educadores como criadores de um saber pedagógico de alto valor pragmático.
Mas o que se vê nos resultados das avaliações do sistema escolar paulista são clamorosos exemplos de levantamentos que
servem apenas para mostrar aquilo que muitos já sabem, apesar de apenas alguns expressarem: a escola pública de São Paulo
está despreparada para enfrentar os desafios pungentes de uma sociedade que exige,
cada vez mais, pessoas preparadas por uma
educação com qualidade.
Todavia, quanto tempo ainda levarão os
gestores de sistemas para assumirem que
estamos no caminho errado? Quantas gerações ainda serão comprometidas? Quantas
crianças e jovens ainda serão encaminhados para o desterro da alienação material,
intelectual e moral de nossa sociedade? Por
quanto tempo ainda teremos os recursos da
educação básica tomando rumos alternativos e se dirigindo a manutenção de grupos
historicamente privilegiados? Quando a
universidade assumirá uma posição intelectualmente independente que desnude, atra-
vés de pesquisas teórico-experimentais
sérias, as lacunas e os crassos erros que
uma postura pedagógica de natureza político-metafísica gerou? De quantas evidências mais ainda precisam os órgãos centrais de educação para reconhecer que o
malfadado sistema falhou?
E pouco adianta dizer que a responsabilidade maior é a do professor, pois a qualidade do trabalho docente está diretamente atrelada às condições de sua ocupação. Se boas ou más, compete ao Estado assegurá-las e à sociedade em geral
requisitá-las.
Os resultados das provas do SARESP
2008 (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) na Diretoria de Ensino de Guaratinguetá reproduzem, no micro-universo regional, dados muito preocupantes acerca do rendimento escolar dos alunos da rede pública
paulista.
Mostram uma escola que não prepara
para vida e para nada mais. Ou melhor,
uma escola que prepara para uma vida
conforme os valores dos atores sociais
hegemônicos. "Ativista", prepara para o
consumo desenfreado e para um certo viver "non sense" baseado na
monetarização da vida pessoal e social.
Uma escola que não pensa, guiada por
ações desconexas e sem horizontes. Uma
escola ocupada em organizar a vitrine e
exibir, como se educação fosse, as mentes
e corpos docilizados de seus alunos e
mestres. Uma escola obediente, sem rebeldias. Uma escola fruto de discursos
abstratos e de ações levianas. Uma escola
historicamente aviltada em seu
insubstituível papel de ampliar as consciências encerradas em um voluntarismo
ingênuo. Enfim, uma escola que não oferece a dignidade permitida pelo espírito
cultivado.
Se as coisas mudarão em breve? Pouco provável. Há estruturas bem sólidas a
sustentar os privilégios daqueles não vêem
na desigualdade algo a superar. E a educação pública paulista, pelos baixos resultados educacionais que apresenta, bem tem
se prestado ao trabalho de assegurar o
poder às elites. Enquanto isso, colecionaremos resultados indesejáveis e estudantes despreparados.
Não é o maior
mas é o melhor
Aberto de Segunda a Sábado das 6 às 21h
Domingos e Feriados das 6 às 20h
ACEITAMOS ENCOMENDAS DE BOLOS EM 3 TAMANHOS
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PROJETO GRÁFICO: Marco Antônio Santos Reis
REVISÃO: Heloísa Helena Arneiro Lourenço Barbosa
JORNALISTA RESPONSÁVEL: Rita de Cássia Corrêa (MTB 26.190/SP)
IMPRESSÃO: Gráfica e Editora Santuário
TIRAGEM: 3000 exemplares - Distribuição Gratuita
Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade de seus autores.
Registro no Oficial de Registro de Imóveis, Títulos e Documentos e Civil de Pessoa Jurídica - Comarca de Guaratinguetá - SP, sob nº 26, fls. 17 do livro B-1.
2
O prefeito e a dengue
Getúlio Martins
NA CIDADE DO RIO de Janeiro, a
quantidade de pacientes com dengue, só neste
ano, já é quase o dobro da população de Aparecida.
Já morreram mais de 60 pessoas e quando você
estiver lendo este texto, infelizmente, a quantidade de óbitos será ainda maior.
Lá, no ano passado, já tinha ocorrido pouco
mais de 25 mil casos de dengue, verdadeiro absurdo para um tipo de doença conhecida e que pode
ser controlada. É uma tragédia que, no entanto,
não ocorre por acaso. Vários fatores contribuem
para essa situação, o principal é a sujeira.
Há uns dez anos, estive lá no Rio, para
correr uma maratona. Nos 42 km do percurso,
vi muito lixo pelas ruas. Fiquei hospedado no
centro, perto da Praça Tiradentes. Era sábado e
me impressionou a sujeira da região. "Se no
centro da cidade estava daquele jeito, imagine
a periferia!", comentava com a Sueli. Se a larva
do mosquito da dengue, na água parada, precisa só de uma semana para sair voando, então
aquilo lá era o paraíso para ele.
Desde 1808, quando os portos brasileiros foram abertos para o comércio internacional, houve
períodos em que os navios não atracavam no porto do Rio, por causa das doenças da cidade: febre
amarela, peste bubônica e varíola.
Cem anos depois, a situação era a mesma.
Rodrigues Alves, pouco antes de assumir a presidência, disse que "iria se dedicar quase que exclusivamente ao saneamento e melhoramentos do
porto do Rio de Janeiro". Convenhamos, muito
pouco para um Presidente da República, mas, enfim, iria resolver um problema econômico grave,
uma vez que muitos comandantes de navios ainda se negavam a parar lá que era o porto mais
importante do país.
Naquela época, começo do século XX, a cidade passou por uma reforma urbana que incluiu
aterro de mangues para abertura de avenidas, derrubada de casarões e cortiços, e remoção de indigentes para os morros.
O saneamento ficou por conta de Oswaldo
Cruz, que atacou em três frentes: recolhimento do
lixo para acabar com ratos e pulgas que propagavam a peste; eliminação de focos de mosquitos
transmissores da febre amarela e vacinação em
massa contra a varíola.
Lidar com ratos, pulgas e mosquitos não foi
fácil, porém mais difícil ainda foi vacinar as pessoas. O povo, descontente com a reforma urbana,
inflação alta, desemprego e medo da vacina, se
revoltou. O quebra-quebra durou três dias, entrou
para a história como a "Revolta da Vacina" e fez o
Presidente revogar a lei da vacinação obrigatória.
Quatro anos depois, em 1908, a varíola voltou e
matou muita gente que não tinha sido vacinada.
Agora, depois de dois séculos, acontece outra
epidemia. Desta vez, bombeiros, exército e voluntários visitam as casas para identificar focos do
mosquito transmissor da dengue. Até avião é utilizado para localizar piscinas abandonadas, depósitos de pneus e caixas d'água descobertas. Tendas
para atendimento de pacientes são armadas em
diversas regiões da cidade. É uma verdadeira operação de guerra que poderia ter sido deflagrada antes, uma vez que o inimigo já era conhecido.
O centenário da "Revolta da Vacina" bem
que merece uma comemoração das boas, tipo
uma revolta mesmo dos cariocas, como naquele
tempo, para ver se o Prefeito deles aprende, porque a história, infelizmente, só serviu para ilustrar esta crônica.
Sinceramente, acho que o Prefeito é que é o
responsável pelo combate aos focos de mosquitos, porque é uma atividade que tem que ser constante, não pode parar nunca. Aliás, dá uma olhada
para ver se o seu Prefeito está fazendo isso, enquanto não tem epidemia, porque depois que ela
vier, meu caro, aí o leite já derramou.
Getúlio Martins é doutor em Saúde Pública
pela USP
"Entre nuvens e borboletas":
Sítio do Juca lança 3ª antologia poética
Alexandre Marcos Lourenço Barbosa
QUANDO O ASSUNTO é cultura como instrumento de formação de crianças e
jovens, a principal, quase única, referência em
Guaratinguetá está no casal Sila e Diógenes
Antunes que, a cada dia, demonstra não apenas
abnegação, mas uma acurada consciência social
e forte senso de responsabilidade pública.
Apoiadas por um grupo de voluntários, restrito, mas competente, as ações coordenadas pelo
casal transformaram-se no pulso da vida cultural guaratinguetaense. Sem elas, o fado seria o
quase completo obscurantismo.
Recentemente, foi lançada "Entre nuvens e
borboletas", a terceira antologia a reunir poesias, crônicas e desenhos premiados no concurso
anualmente promovido pelo Centro Social e
Ambiental Sítio do Juca. Nesta edição, constam
os 67 classificados e vencedores dos anos de
2006 e 2007.
Diógenes e Sila, ao contrário de muitas autoridades públicas de Guaratinguetá, são exemplos de simplicidade e dedicação à cultura posta
a serviço da educação de crianças e jovens.
Todavia, quando iniciativas como estas, geradas e conduzidas no seio da sociedade civil,
passam a se constituir nas principais ações culturais de uma localidade é porque "algo cheira
mal no Reino da Dinamarca".
Hoje, a terra das garças brancas, berço de
Brito Broca e de Francisco de Assis Barbosa,
ressente a dinâmica de um governo municipal
"populista", que se isenta do dever de aumentar
a lucidez de cada cidadão através do apoio
inconteste e incontinenti à produção e democratização da cultura, mesmo que popular.
Isso também leva a pôr em dúvida a seriedade de propósitos quanto à educação. Afinal, se a
educação é o conjunto de procedimentos
adotados por uma sociedade com o intento deliberado de disseminação e renovação de seus saberes, é possível acreditar que um governo que
deixa de investir em cultura - não apenas financeiramente -, é digno de receber nossa credulidade quando o assunto é educação? Ou,
astuciosamente, os reincidentes e demagógicos
discursos "pró-educação" são adequações às determinações constitucionais que exigem a aplicação de recursos percentuais mínimos ( 25%
do orçamento municipal ) que fazem do setor
educacional um grande filão de exploração eleitoral? E o legislativo municipal, como poder independente e autônomo da ordem republicana
em nosso país, como se porta diante de tal quadro?
De qualquer maneira, não se trata de questionar intenções, mas medidas concretas; não se
trata de questionar pessoas, mas políticas públicas de cultura, e estas são inócuas quando partem da administração local.
Certo é que o esclarecimento das massas
exige o abandono de fórmulas populistas gastas, ainda que eficazes, e a adoção de medidas
educativas que tenham como recheio a boa produção cultural que Guaratinguetá foi e é capaz
de produzir. É preciso substituir a bola pelo bom
livro; o "templo do consumo", representado pelo
shopping, pelos espaços de criatividade e de exercício de uma outra humanidade (museus, exposições, teatro, cinema, festivais musicais, cursos e "workshops", palestras e debates etc.); a
oração pelo pensamento. Senão substituir, ao
menos equilibrar. Afinal, a máxima "todo poder
emana do povo e em seu nome será exercido"
pode se tornar prática de conservadorismo quando o poder repousa em mãos e espíritos que se
comprazem num humanitarismo que agrilhoa
corpos e mentes, não necessariamente nesta ordem. Ao humanitarismo assistencialista, doador, burguês e, por isso mesmo retrógrado, que
se suceda uma humanização libertadora e capaz
de devolver a dignidade subtraída àqueles que
se afundam, cada vez mais, no "mar de lama" da
ignorância e da irreflexão.
Há, em Guaratinguetá, muita "gente
boa" ligada às artes, às ciências e à literatura,
esquecida e insatisfeita com a indiferença da
atual administração com as questões de cultura da cidade. Reclamam de um pedantismo
que reveste de ouropel uma flagrante incompetência da divisão de cultura e da administração em geral. Definitivamente, a arrogância e a presunção não combinam com a democratização da cultura. É preciso descer do
trono e buscar a identidade perdida, se é que,
algum dia, possuída.
Há exemplos a seguir. Se, para a administração municipal, humildade é o que falta,
falta tudo o mais. Méritos ampliados para o
Sítio do Juca.
Aparecida, 20 de abril de 2008
A RTE
Gilberto Gomes
Gastão Formenti
A Composição e a Poesia de sua Obra
FALAR DA ARTE
de Gastão
Formenti exige, antes de tudo, possuir a sensibilidade para compreender a obra de um
dos mais talentosos artistas de sua época.
Aquele tempo que não volta mais, mas que
ainda deixa, em nossa memória, um sentimento nobre que só é peculiar aos homens
de um grande coração - o coração do poeta,
que consegue atingir o ápice das coisas belas.
Assim o foi Gastão, numa época em cujas
ruas da "Cidade Maravilhosa", chamada Rio
de Janeiro, circulavam pelas calçadas as figuras de Pixinguinha, João do Rio, Raul
Perdeneiras, Olavo Bilac, Manoel Santiago,
Antonio Parreiras e tantos outros mestres. Uns
poetas, outros pintores. Uns pintavam com a
Alma, outros, com tintas e pincéis. Pena que
o tempo não volta mais e, mais pena ainda,
que tudo já não é como o fora antes - fica
tudo arquivado nas gavetas da memória!
Vale também lembrar que a Escola Nacional de Belas Artes era o núcleo de
efervescência cultural e artística do Rio de
Janeiro. Por lá passaram artistas como Eliseu
Visconti, Gustavo Dall'ara, Antonio Parreiras,
Manoel Santiago, Paulo do Vale Júnior,
Rodolfo Amoedo, Henrique Bernardelli, dentre outros que, soberbamente enriqueceram,
e muito, a nossa história da arte.
Gastão Formenti é mais um dos grandes
artistas do nosso imenso Vale do Paraíba que
freqüentou esse núcleo e conquistou essa história. Paisagista e possuidor de extrema sensibilidade no trato com as cores, as luzes e a
harmonia da natureza. Ao longo de sua carreira, retratou belas paisagens do Rio de Janeiro, São Paulo, mas sem esquecer jamais
de suas raízes.
Nasceu no dia 24 de junho de 1894,
na cidade de Guaratinguetá, Estado de
São Paulo.
Sua carreira artística teve início no ano
de 1910, com o mestre Pedro Strina, em São
Paulo. Por volta de 1918, ainda jovem, segue
para o Rio de Janeiro, onde passa a residir
com seu pai, Alexandre César Formenti. Nessa época, passa a dedicar-se na execução de
vitrais. Área que Gastão soube extravasar seu
sentimento poético e religioso, resultando em
obras de elevado valor artístico. A família
Formenti era rica culturalmente. Gastão tinha também uma irmã, Sara Formenti, escultora privilegiada de grande talento.
Segundo Theodoro Braga, (que era pintor, ilustrador e historiador), que publicou o
livro "Artistas Pintores no Brasil", de 1942,
Gastão recebeu as medalhas de Bronze e de
Prata nos salões de arte da ENBA (Escola
Nacional de Belas Artes). Sua participação,
nesses salões, deu-se até o ano de 1961.
Em São Paulo, no Salão Paulista de Belas
Artes de 1940, conquistou a Medalha de Prata. O artista participou também do Primeiro
Salão da Primavera, 1923, além de realizar
exposições individuais no Rio de Janeiro, na
década de 1940.
A respeito do artista, temos ainda referência de exposição coletiva no SNBA (Salão
Nacional de Belas Artes), de 1916, Menção
Honrosa também no SNBA, em 1921 e Medalha de Prata no salão da ENBA, de 1933.
Gastão Formenti também foi cantor popular, tendo gravado várias músicas que fize-
Aparecida, 20 de abril de 2008
ram grande sucesso; no entanto, a carreira de
pintor falava mais alto no coração do artista.
Existem também referências a respeito
do pintor Gastão Formenti, no livro de Francisco Acquarone, (que também era um grande pintor) "Primores da Pintura no Brasil",
1941, inclusive com reprodução de sua famosa tela, "Igreja de Santa Luzia".
Gastão também foi citado por José Maria dos Reis Júnior no livro "A Pintura no
Brasil", publicado também no Rio, no
ano de 1944.
No acervo do MNBA (Museu Nacional de Belas Artes), encontra-se sua tela
"Luz e Sombra". Gastão Formenti é mais um
exemplo de que arte e artista não pertencem a
nenhuma localização geográfica - pertencem
ao mundo.
Cabe, porém, no mínimo, que as autoridades de sua terra natal dêem o devido valor,
"em vida", àqueles que engrandecem, com
dignidade e talento, a terra em que nasceram. Sem essa de dizer que a história de um
"personagem ilustre" pertence a fulano ou
cicrano, nada disso! A história pertence a todos que possuam sensibilidade para
compreendê-la.
Aliás, esse pensamento mesquinho é coisa de cidade de interior que ainda não alcan-
çou um nível elevado de entendimento para
compreender que a evolução cultural deve
ser encarada em primeiro plano!
Afinal... a Arte, a Cultura e a História são
uma trilogia que deve ser acatada com o
máximo de sensibilidade e respeito!
Viva Gastão Formenti que, assim como
outros grandes artistas que nasceram nos "interiores do nosso Brasil", teve "luz própria"
para conduzir sua bela obra ao mais alto
galardão da Arte!
Gilberto Gomes
Artista Plástico, Professor e Crítico de Arte
www.bahiahoje.com.br/gilbertogomes
[email protected]
3
H ISTÓRIA
Associação Comercial e Industrial de Aparecida
Alexandre Marcos Lourenço Barbosa
AOS 21 DIAS do mês de fevereiro de 1965, reuniu-se em
Aparecida, segundo a ata redigida pelo senhor Munir Antonio Jehá,
51 pessoas ligadas a todos os segmentos da cidade com o intuito de
fundar a ACIA.
O senhor Guilherme Bittencourt Ferraz foi o responsável pela
convocação. Os senhores.Guilherme Bitencourt Ferraz, Pedro Paulo (Fábrica de Papel Nossa Senhora Aparecida), Munir Antonio Jehá
e Roberto Reis de Castro compuseram a mesa para os trabalhos de
fundação da Associação Comercial e Industrial de Aparecida. Ao
final daquela reunião, ficou definida a primeira diretoria da ACIA,
assim composta: Presidente: Guilherme Bittencourt Ferraz, VicePresidente: Munir Antonio Jehá, 1º Secretário: Wadih Ferreira, 2º
Secretário: Azib Chad, 1º Tesoureiro: Vidal Rennó Coelho e 2º
Tesoureiro: Roberto Reis de Castro. Começa naquela data a história da ACIA.
Em 1968, após eleição tumultuada, ficou assim constituída a
nova diretoria: Presidente: Munir Antonio Jehá e vice: Milton Alves
da Fonseca.
Após nove anos de paralisação das atividades, em 1978, foram
eleitos como Presidente: Paulo José de Siqueira e, vice, Pedro
Gustavo Córdoba. Novamente as atividades da ACIA ficaram paralisadas voltando a se fazer Assembléia Geral Extraordinária no dia
17/02/1984, quando foram eleitos o senhor Eduardo Elache como
Presidente e, vice, o senhor.José Ary Marcondes da Silva.
Este foi um dos períodos mais profícuos da Entidade, pois foi
no dia 19 de setembro de 1984 que, oficialmente, o SPC (Serviço de
Proteção ao Credito) foi instalado e começou a funcionar, consolidando assim a ACIA como órgão de serviços ao comércio. Este ato
teve como responsáveis diretos os senhores Eduardo Elache, José
Ary Marcondes da Silva e Renato Phillipini, grande defensor desta
causa.
Nesse período, o Lyons Club de Aparecida cedeu gratuitamente
suas instalações para serem usadas como sede da ACIA, o que foi
feito até a inauguração da sede própria da ACIA, em 1997.
Em 1986, houve eleição, e a chapa única foi reeleita: como Presidente, Eduardo Elache, e, vice, José Ary Marcondes da Silva.
Em 1989, foi eleita e tomou posse a nova diretoria. Como presidente, José Ary Marcondes da Silva, e, vice, Américo José Camilo.
Nesta gestão, foi criada a campanha de natal "Natal Milionário",
que funcionou por vários anos e trouxe condições financeiras para
a construção da sede própria da ACIA.
No ano de 1991, foi eleita a seguinte chapa para o biênio 19911992: Presidente: Ângelo Reginaldo Leite, vice: Danilo Antunes Proença, 1º Secretário: José Mauricio Carvalho de Oliveira e 1º Tesoureiro: Antonio Celso Gonçalves.
Nesse período foi criado o "Jantar do Comerciante", que homenageava os comerciantes e empresas que se destacavam no ano do
jantar. Esse evento também teve uma vida longa e a entidade homenageou muitas pessoas e empresas de nossa cidade por vários anos.
No ano de 1992, a entidade conseguiu, junto à Prefeitura Municipal, a doação de um terreno na Avenida Monumental João Paulo
II (este terreno foi permutado por outro na Rua Laurindo de Castro), para a construção da futura sede.
A partir dessa diretoria, as eleições seguintes aconteceram de
maneira legal, com editais publicados e comparecimento de filiados
aptos a votar.
A partir do biênio 1991-1992, a diretoria da ACIA se manteve
praticamente a mesma com poucas mudanças e Ângelo Reginaldo
Leite se mantém como presidente por oito mandatos, conforme
permite o estatuto da entidade (Capítulo VI, artigo 13º, parágrafo
1º, p. 3).
Nos anos que se sucederam, as diretorias ficaram assim constituídas:
1993/1998 - Presidente: Ângelo Reginaldo Leite
Vice: Wanderlei Soares de Souza
1999/2005 - Presidente: Ângelo Reginaldo Leite
Vice: José Mauricio Carvalho de Oliveira
2007/2009 - Presidente: Ângelo Reginaldo Leite
Vice: Rodrigo Benedictus Lourenço Barbosa
43
43 anos
anos trabalhando
trabalhando
pelo
pelo comércio
comércio
e
e desenvolvimento
desenvolvimento da
da cidade
cidade
de
de Aparecida
Aparecida (1965-2008)
(1965-2008)
De 1991 até os dias de hoje, a entidade, já com sede própria na
Rua Laurindo de Castro, nº 17, procura representar a categoria de
comerciantes e indústrias da cidade, participando ativamente do
seu desenvolvimento econômico e social. A ACIA hoje é um
patrimônio da cidade de Aparecida graças a pessoas abnegadas que,
ao longo dos anos, desde 1965, lutaram e lutam para manter a entidade em atividade.
Ângelo Reginaldo Leite é Presidente da ACIA
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Aparecida, 20 de abril de 2008
R ETRATO
D ROPS
VERD
ADES CLANDESTIN
AS
VERDADES
CLANDESTINAS
Negócio
"A guerra contra o terrorismo será
longa", anunciou o presidente do planeta. Má notícia para os civis que estão morrendo e morrerão, excelente
notícia para os fabricantes de armas.
Não importa que as guerras sejam
eficazes. O que importa é que sejam
lucrativas. Desde o 11 de setembro, as
ação da General Dynamics, Lockheed,
Northrop Grumman, Raytheon e outras
empresas da indústria bélica subiram
verticalmente em Wall Street. A Bolsa
as ama.
Como já ocorreu nos bombardeios
do Iraque e da Iugoslávia, a televisão
raramente mostra as vítimas no
Afeganistão: está ocupada na exibição
da passarela de novos modelos de armas. Na era do mercado, a guerra não
é uma tragédia, mas uma feira internacional. Os fabricantes de armas precisam de guerras como os fabricantes
de blusas precisam de invernos.
Eduardo Galeano
O Teatro do Bem e do Mal
Sentimentos
e sua origem nos juízos
"Confia em teu sentimento!" - Mas
sentimentos não são nada de último,
nada de original; por trás dos sentimentos, há juízos e estimativas de valor que
nos foram legados sob a forma de sentimentos (predileções, aversões). A inspiração que provém do sentimento é
neta de um juízo - e muitas vezes de
um juízo falso! - e, em todo caso, não
de teu próprio juízo! Confiar em seu
sentimento - isto significa obedecer
mais ao seu avô e à sua avó e aos avós
deles do que aos deuses que estão em
nós: nossa razão e nossa experiência.
Nietzsche
Aurora (§ 35.)
Essa miserável questão da paternidade... que significa ela, afinal? Que
importa, quando se reflete bem nisso,
que uma criança seja do seu sangue
ou não seja? Todos os pequeninos entes do nosso tempo são coletivamente
os nossos filhos -- de nós, adultos da
mesma época -- e são confiados ao
nosso cuidado comum. Essa excessiva afeição dos pais pelos seus filhos e
a indiferença em relação aos filhos dos
outros não é, no fundo, tal como o sentimento de classes, o patriotismo, a preocupação de salvar a própria alma e
outras virtudes, senão uma pequenez
de alma exclusiva e egoísta.
Thomas Hardy
Judas, O Obscuro
Como pode o homem extremar-se
do grande sonho do cosmo?
Como se conhece ele? Através da
sua vontade.
Quero - é agir. A vontade é o instinto. É a própria força da vida. É a vontade quem governa. O espírito é apenas
o seu servo.
Não queremos uma coisa porque
raciocinamos: encontramos razões
para uma coisa porque a queremos. O
espírito está sempre a inventar uma lógica para os caprichos da vontade. O
espírito e os corpos são, portanto, os
instrumentos da vontade. É a vontade
quem forma os entalhes do embrião
humano e constrói os vasos para a circulação do sangue. É a vontade quem
modela o cérebro. É a vontade de crescer quem atrai a planta para o sol.
A luta do homem pela comida, pela
companheira, pelos filhos, pode ser
obra da razão? Absolutamente. É obra
da vontade.
A vida é a vontade instintiva de
viver.
Schopenhaeur
O Mundo como Vontade e Representação
Aparecida, 20 de abril de 2008
Cônego Henriques
Da redação
ANTONIO MARQUES Henriques
nasceu em Portugal, em 1850. Em 1877, foi
ordenado sacerdote. Aos 34 anos tornou-se
cônego em Luanda, capital de Angola, onde
permaneceu por breves oito meses antes de
retornar a Portugal. Quatro anos mais tarde, em 1888, embarcou para o Brasil, residiu por pouco tempo no Rio de Janeiro e,
no mesmo ano, radicou-se definitivamente
em Aparecida, onde viria a se tornar uma
figura de acentuada importância para a história local.
Pouco tempo após a sua chegada em
Aparecida, o Cônego Henriques criou o jornal "Estrela d'Apparecida", posteriormente
denominado "Luz d'Apparecida", periódico que se tornaria o "semanario catholico
de maior circulação no Brazil". Com oficinas gráficas próprias, a tiragem do jornal
chegou a ultrapassar 6.000 exemplares no
início do século 20.
Quando chegaram os redentoristas, inicialmente manteve amistoso trato com os
novos padres, mas logo rompeu relações ao
perceber que a congregação redentorista
chegava, a mando de Roma, com o firme propósito de assumir plenamente a
condução do Santuário, o que desagradou o Cônego.
A resistência do Cônego Henriques ao
processo de romanização que ora se instaurava criou fortes indisposições com a Igreja
Católica. Dom Joaquim Arcoverde, em
1893, enquanto Bispo Auxiliar de São Paulo, referiu-se ao cônego como um símbolo
do mal, como "uma onça que poderia fazer
mal às ovelhas".
O Cônego, porém, não se curvou. Sua
recusa em ser subserviente levou-o, em
1900, à suspensão de ordens, afastando-o
do púlpito, altar e confessionário em toda a
diocese. Tentou a reconciliação, em 1907,
mas fracassou.
Mas a vida do polêmico religioso não se
resumiu às suas contendas com a Igreja.
Henriques era um visionário de espírito
empreendedor que fazia constantes reivindicações por melhorias para o povoado da
Capela de Aparecida, explorada pela oligarquia guaratinguetaense, segundo ele. Em
1897, por exemplo, resolveu empreender,
ele próprio, a instalação de luz elétrica no
largo da Capela d'Apparecida. Promoveu
uma campanha de arrecadação através de
seu jornal, reuniu os recursos e, como prometido, cuidou da instalação da luz elétrica. Como procedeu sem autorização do bispado de São Paulo, o cônego Manoel Vicente
da Silva, governador do bispado, logo providenciou, sob o argumento de precariedade, a remoção das instalações. Mais um dissabor com a Igreja.
Do cônego é a iniciativa de, após ler e
traduzir um artigo do jornal inglês The
Liverpool, levar para a Ilha de Trindade um
grupo de pessoas de Aparecida e
Guaratinguetá interessadas na busca de um
possível tesouro lá deixado em virtude do
naufrágio de um navio. Sabe-se que o cônego levou na expedição um pequeno rebanho de cabras que deixou na ilha.O rebanho lá se adaptou e se reproduziu.
No Luz d'Apparecida, de 9 de junho de
1906, lê-se que o Cônego Henriques também tratou de, através do jornal, receber
esmolas para a construção de um Calvário
(hoje, Morro do Cruzeiro) que deveria se
tornar, no futuro, uma obra suntuosa e importantíssima. Em princípio, cruzes de madeira de lei para resistirem ao tempo. Depois, a substituição das cruzes por capelas
das estações da Via Sacra.
Na luta pela emancipação política de
Aparecida, o cônego Antonio Marques
Henriques teve destacada atuação. Ardoroso defensor da emancipação, a liderança
do cônego teve papel decisivo na definição
estratégica dos rumos da campanha, nas
articulações políticas com lideranças nãolocais e na cessão das oficinas gráficas de
seu jornal para a impressão do jornal A
Liberdade.
Coincidência ou não, o decreto de 1928
outorgando a emancipação político-administrativa para Aparecida foi assinado, pelo
Governador do Estado, no dia 17 de dezembro, data de nascimento do Cônego
Henriques.
Pouco depois, em 1929, o aguerrido lusitano faleceu, antes de completar 79 anos
de idade.
Da Redação
M EMÓRIA
Escravos de Nossa Senhora
da Conceição Aparecida
Hélio Damante
ANTES QUE POSSA ser considera-
da um fato econômico, a escravidão é essencialmente um fato cultural. Não fosse isso e
os sábios gregos não teriam tido escravos,
nem Platão, por exemplo, lhes consagraria
um lugar na República. Deve ser vista, isto
sim, como instituição aceite, ou pelo menos
tolerada nas sociedades ocidentais e orientais do passado. Não só os primitivos os possuíam como presas de guerra, mas também
as civilizações antigas, notadamente os romanos. A ponto de Max Weber considerálos o proletariado - espécie hoje em extinção
- do Império romano.
Como instituição aceite é que devemos
entender a escravidão em nosso contexto
cultural, não constituindo necessariamente
um crime, naquele tempo, possuir escravos.
Foi o cristianismo que iniciou o lento processo de sua liquidação, como se comprova
da famosa carta de Paulo a Filemon, devolvendo-lhe um escravo fugido: "Recebe este
escravo (Onésino) não mais como escravo,
mas como irmão". Enfim, o próprio Cristo
se intitulou "o servo de Javé", obediente até a
morte.
HIPOCRISIA
Nada disso inibe o caráter brutal, a tragédia, o opróbio e o labéu da escravidão.
Notadamente quando praticada em escala
macroeconômica, como aconteceu no Brasil com os africanos, cuja doce vingança foi
colorir a nossa pele e transmitir-nos os seus
valores, numa aculturação pelo avesso, como
o mostram o sincretismo religioso afro-brasileiro e os nossos santos negros.
Nessas condições é hipócrita a atitude
(também de eclesiásticos), que se pretende
exacerbar em torno dos festejos do Centená-
rio da Abolição, no próximo ano, dos que
tentam reduzir o problema da escravidão
negra do Brasil à dialética da luta de classes,
esquecidos que a misericórdia divina nada e
a ninguém exclui. Eles nos deram, como leigos, padres e bispos, alguns dos melhores católicos deste país.
Mais hipócrita é semelhante análise - no
fundo racista e, portanto, cominada pela lei
brasileira - quando pretende execrar ordens
e instituições religiosas que tiveram escravos. Fato comum nos conventos, masculinos
e femininos, como o mosteiro da Luz, de São
Paulo, que sobreviveram ao regalismo
pombalino ainda no século passado. É um
escândalo falso este; uma atitude de fingida
compunção, uma completa ignorância do
meio em que se verificou o fenômeno
escravista, ao qual não se podem aplicar valores atuais, mesmo deixando de lado os
campos de concentração ou "reeducação"
ainda existentes sob certos regimes, e os esforços e sacrifícios dos abolicionistas de todos os países. Lincoln, por exemplo.
Até Nossa Senhora Aparecida, lato sensu,
teve escravos. Os historiadores da Basílica
Nacional não omitem esse fato.
O primeiro documento que
fala dos escravos da Capela de
Aparecida - conta o padre Júlio Brustoloni, C.Ss.R. - é de
1805. Um inventário desse
ano menciona os escravos
Boaventura e Isabel, com seus
três filhos menores; um outro
chamado Luiz, carpinteiro de
profissão e um terceiro, chamado João Mulato, deixado
em testamento a Nossa Senhora por Dona Ana Ribeiro
Escobar, da vila de São Sebastião, litoral
paulista. Muitos deles trabalharam na igreja da Padroeira. O citado Boaventura foi
organista. Depois deles, continua o autor,
o célebre Betim revelou-se músico exímio,
distinguindo-se pelo seu gênio musical. Sua
irmã Rita era passadeira e engomadeira das
alfaias. Seus filhos foram alfabetizados, e
os velhos e doentes, alforriados em 1870,
mas não deixados ao abandono: recebiam
uma pequena pensão da Capela.
Ora, entre os milagres de Nossa Senhora
Aparecida, pintados no teto da velha
basílica, está o daquele escravo que, fugindo a seus perseguidores, refugiou-se na
igreja e, como Pedro na prisão de Sinédrio,
teve suas algemas partidas. O milagre é
relatado por Zaluar, viajante português do
século passado e registrado, mediante testemunhas juramentadas, no Livro de Tombo de Aparecida, fl. 36. Como se explica
então que tenha havido escravos na antiga
Capela?
O historiador redentorista nos dá uma
resposta lapidar: "Muitas famílias ofereceram ainda ao Santuário seus próprios escravos. Estranhamos hoje esse fato, mas,
na concepção daquele tempo, o doar escravos à Rainha foi também um gesto de
devoção e amor".
Publicado em "O Estado de São Paulo".
São Paulo, 10 de outubro de 1987, p. 15.
5
G RAFIAS
O melhor lugar do mundo
Sofia Helena Arneiro Lourenço Barbosa
Marçal S. Macedo
Em uma manhã cinzenta de sexta-feira (daquelas que não temos vontade nenhuma
de tirar o pijama), o garoto Lucas, (que tinha acabado de brigar com seu irmão mais
novo, Gabriel) pensava, em seu quarto, qual lugar seria melhor do que sua casa.
Qual seria o melhor lugar do mundo para se estar naquele momento?
Será que a grande Muralha da China o acolheria?
Ou melhor seria estar em um barquinho no meio do Oceano?
Em um castelo de gigante?
Ou na torre em que Rapunzel ficou presa?
Seria em seu esconderijo secreto?
Ou num lugar onde todos poderiam vê-lo?
O Alaska seria o lugar ideal?
Ou seria o Egito?
Será que é melhor se instalar na Casa Branca?
Ou seria melhor ir para o famoso Rio de Janeiro?
Em alguns lugares, Lucas, com certeza, não gostaria de estar:
Numa praia deserta,
No depósito de lixo,
No engarrafamento de trânsito,
No meio de uma guerra,
Ou até mesmo numa fila enorme de banco.
Se não eram todos esses lugares...
Qual seria o melhor lugar do mundo?
Seria... Ummmmm... Seria...
O melhor lugar do mundo seria...
Um cantinho no coração de cada um de sua família...
Inclusive no coração de Gabriel!
Naquele momento, Lucas tirou o pijama e resolveu terminar aquela
partida de futebol de botão que ele tinha interrompido.
Sofia Helena tem 9 anos
e gosta de escrever histórias
[email protected]
O Anjo
o menino
mais novo no caixote de madeira à beira
do poço enquanto o outro corria ao redor
pisando as cascas secas de eucalipto, no pé
de caqui, os sanhaços cantavam saboreando a doçura da fruta. Ela jogou no poço a
velha lata presa a uma corda que deslizava
pela carretilha, apoiou-se na borda de tijolos, o peso da barriga tirava-lhe o equilíbrio, quase oito meses, o sétimo rebento
estava a caminho. Agora puxava a corda
com força fazendo a lata subir dançando e
derrubando a água barrenta. O poço estava
quase seco, mas logo viria a chuva, ela sempre vinha.
Tirou mais algumas latas d'água do poço
e lavou a roupa. O pequeno chorava, era
fome e logo todos chegariam para o almoço. Pela chaminé, a fumaça anunciava que
o feijão devia estar quase cozido. A mãe
secou as mãos na velha blusa desbotada,
pegou os meninos e entrou. As meninas, já
grandinhas: sete, oito e nove anos, limpavam a casa, varrendo o chão de tijolos e
tirando o pó dos velhos móveis.
A mãe, com sua habitual agilidade, preparou o almoço e botou os meninos para
comer, enquanto o pai chegava carregando
a enxada e um ramo de mastruz (bom pra
dor nas costas - dizia). Ela olhou para o
marido, o filho mais novo no colo "Esse
minino num tá bem. Preciso levá pra cidade" Lavou o menino. Lavou-se também,
vestiu a saia azul, a blusa estampada, chinelo nos pés e saiu para ver se arrumava
carona. O pai ficou em casa com os outros
meninos.
À tardinha, já quase escuro, chega a mãe
com o filho no colo "O Osvardinho disse
que é infecção de garganta, deu injeção e
vai melhorá" Os meninos olhando para a
mãe com admiração "Ela resolve tudo, não
tem medo de nada" De fato sua força era
quando se deparou com um triste rapaz
sentado à beira da estrada. Aproximou-se e
perguntou :
Meu amigo, por que estás tão triste?
Respondeu o rapaz:
Tenho muitos sonhos que não se realizam... E o senhor o que tem a ver com isso?
- completou.
O velho homem sentou-se ao lado dele
e disse-lhe:
É que eu sou mascate, engraçado... eu
tinha aqui no meu embornal umas sobras
de sonhos realizados, mas acho que vendi
todos ... você não quer comprar um pouco
de otimismo? Ainda tenho alguns, ou então um pouco de perseverança? Força de
vontade eu só tenho um restinho, vai querer? Força de vontade é o que eu mais vendo, não vai querer comprar nada? - insistiu
o velho homem.
Não, eu só queria muito era realizar
meus sonhos, senhor! - respondeu o rapaz
com ar de desânimo e desinteresse.
Olhe aqui, meu filho - insistiu com
dureza o mercador de talentos - eu já estou
nesta estrada há muito tempo e não gosto
de perder nenhum freguês, portanto vou
fazer-lhe uma última proposta. Você compra um pouco de otimismo, um pouco de
perseverança, e tudo o que eu tiver no embornal de força de vontade, e eu te dou de
brinde este pote cheio de fé. O que você acha?
E o rapaz, ainda meio confuso, perguntou:
E o que eu farei com tudo isso, senhor?
É muito fácil! - explicou contente o
mercador. Pegue em sua casa uma vasilha
bem grande de paciência, coloque um pouco de otimismo e perseverança, coloque também toda a força de vontade que você tiver,
misture tudo muito bem e, por fim, coloque
todo o pote de fé que eu te dei, para que tudo
dê muito certo.
E o rapaz, ainda desconfiado, perguntou:
Senhor, e os meus sonhos se realizarão?
E o velho mercador de talentos, sorridente e já indo embora, respondeu-lhe:
Filho, com otimismo, perseverança, força de vontade e muita fé em Deus, todos os
sonhos se realizarão.
E o rapaz, feliz, ainda teve tempo de perguntar-lhe:
Meu bom senhor, como te pagarei por
tudo isso?
Passe a receita à frente, filho!!! Passe à
frente ...
Marçal Macedo é cronista
Tonho França
impressionante: faltou comida em casa,
caminhava quilômetros e pedia ajuda; se
os meninos ficavam doentes, lá ia onde fosse
preciso, da maneira que fosse possível;
comprar roupa nova e chinelo de dedos
pros meninos; levar ao posto de saúde para
vacinação; e na Semana Santa ela é quem ia
puxando a família para as celebrações em
Aparecida, o que para ela tinha um sabor
todo especial, um misto de dor e prazer
das recordações da infância.
Às vezes queixava-se de algumas coisas
- a vida fora dura com ela: sentia falta da
mãe que mal conhecera, vivera poucas e
boas com sua madrasta, arrependia-se de
ter se casado aos vinte e um, "Queria ter
aproveitado melhor a vida", dizia. Mas, os
seus filhos! Ah, cultivava por eles um amor
tão grande que transcendia todas as misérias humanas.
Os anos passaram, já não vinham mais
os filhos; parara no nono. Agora eram os
netos que abençoavam seus dias com doces preocupações. E enquanto seus braços
perdiam a força com que outrora puxava a
lata para tirar água do poço e seus pés já
não caminhavam tão ágeis naquelas estradas de pedras ladeadas de flores, sua força
e sabedoria cresciam enchendo o mundo
de encanto. Não era nem preciso falar, ela
pressentia, adivinhava e suas breves e doces palavras tinham o mágico poder de
mais uma vez ser o braço forte que freia e
impulsiona, soluciona e acalenta.
E assim foi por muitos e muitos anos:
os braços cada vez mais fracos, os pés cada
vez mais lentos, e a voz cada vez mais suave, mas a força de sua alma e a luz que dela
brotava cresciam tão rápida e intensamente que todos vinham de longe só para sentila por um breve instante que fosse. E era
tão intensa que pairava não
somente sobre a pequena
Vila, agora alcançava as cidades vizinhas, o Vale, o
Continente, quiçá, o Planeta por completo.
Até que um dia atingiu a plenitude. E tendo
cumprido a missão, o anjo
voltou para o céu daquele
pedacinho de chão.
Matilde Helena Espíndola
é mestranda em lingüistica
aplicada
6
IA UM SENHOR por um caminho
Mãos que nos levam...
Matilde Helena Espíndola
A MÃE COLOCOU
Receita de sonhos
Junto as últimas réstias da tarde,
Das pequenas flores, lívidas nuances
Esvaiam-se aromas indecifráveis
Como se emanadas de paraísos
E nuas, floresceram entre o silêncio, remidas
Bordando seus olores no lençol branco-eterno
Com que se veste a morte nas noites entristecidas
Em que passeia colhendo-nos enquanto sonhamos
Nos campos vastos da vida.
Tonho França
é autor dos livros Sinos de Outono e Blues à tarde
[email protected]
Confecção
Dora Vilela
Com palavras teci a colcha
Que à noite me aconchega
Minha face deita o veludo de carinho
Com as mãos afago retalhos de sossego
Os pés acariciam acessos de paixão
Letra por letra inda bordei versos
Que, por vezes, me arranham a pele
E há meu dileto fragmento
Onde, em decúbito ventral,
Me aperto os braços e o coração.
Dora Vilela
é autora do livro Descaminhos
..........................................................................................................................................
.......................................................................................................................................
Aparecida,
Aparecida,
20 de 20
novembro
de abril de 2007
2008
G RAFIAS
O Show
Marco Antônio Santos Reis
Acho que foi ouvindo o coO ruído das armas, tão neração, com seu compasso bicessárias para a sobrevivênnário, que lembrei-me de
cia, tão desnecessárias para
música.
a guerra.
Sons. Os de alegria da vitóNão uma música suave, cheia
ria sobre os de dor dos derde tons e valseios. Uma músirotados. Uivos e gemidos.
ca árida, vida, não-vida.
A música que nasce da dor.
No princípio era a música e
Ouvindo o coração, viajei
os homens não a conheciam.
para o amanhã.
Os sons se espalhavam, caótiCom outros nomes e concos, por todos os poros, por
todos os ares e lugares, numa POUR LE DEMAIN ceitos, a milenar e desordenada confusão perdura. A
encantada confusão.
música da dor persiste,
Não havia, sequer, a noção de
que era preciso pôr ordem naqueles ombreada pela música da miséria e
tons, umas vezes altos, outras, baixos, da exploração.
quase murmúrios, langores banzeiros, Nalgum livro antigo, o desalento do
kismet, o alento da esperança, contrasaudosos.
Ouvindo o coração mergulhei no ontem. pontos de uma contradança nobre e
Não no ontem do dia anterior. No ontem lenta, emotiva e quaternária.
Seres, como notas, presos em pautas
milenar, cavernal.
Lá já estavam os corações e o compasso e linhas, sem domínio do próprio
binário, não-morte, morte. Vida, não- rumo, esperando os próximos sons.
Dancemos, pois, uma pavana para o
vida.
Depois, uma pedra sobre outra pedra. amanhã.
Antes, talvez, uma madeira sobre outra.
[email protected]
PaVaNa
Contos imediatos
Wilson Gorj
O pensador
ENCONTRARAM-NO morto em
frente a uma pequena fábrica de ladrilhos,
cuja fachada é conhecida pela estátua de cimento que marca presença ao lado do portão
de ferro. A escultura em questão é uma réplica aproximada d'O Pensador, famosa obraprima do escultor Auguste Rodin.
Tão conhecida quanto a estátua da referida fábrica, a vítima, encontrada na calçada,
era um desses bêbados metidos a valentões
cujos porres costumam terminar em bravatas estúpidas e brigas gratuitas.
Este, por exemplo, tinha a louca mania
de implicar com o dito Pensador.
Embriagado, às vezes, detinha-se peran-
Sábado de Aleluia
DIANTE DA PORTA de aço, a criançada não parava de gritar:
— Queremos ba-la! Queremos ba-la!
Às costas de um dos garotos, o boneco de
Judas aguardava a hora de ser devidamente
linchado, enforcado e queimado.
"Queremos bala", berravam a plenos pulmões.
De repente, a porta de aço sobe com for-
Fora de jogo
CHEGAVA EM CASA de manhãzinha. Às vezes exibindo um maço de
dinheiro; outras, escondendo o pulso
onde deveria estar o relógio, reincidente presente.
Tinha sempre a mesma desculpa. Que
ela tivesse um pouquinho de paciência
com ele, pois largaria de vez a jogatina
e arranjaria logo um emprego decente.
Mas a mulher se cansou dessas falsas
promessas e lhe fez um ultimato. Que
Aparecida, 20 de abril de 2008
te a estátua e, aos berros, endereçava-lhe os
mais escabrosos insultos, os quais, por vezes,
de tão inflamados, resultavam em sonoras e
desvairadas bofetadas.
Sonoras, desvairadas e, óbvio, inofensivas, pois sequer provocavam um mínimo
arranhão na face rígida, sempre meditativa.
Uma morte feia, a do bêbado. Ninguém
sabe como se deu a desgraça. O que se sabe é
que o lado esquerdo do rosto do bebum estava todo fraturado. Quem quer que o tenha
agredido, deve tê-lo feito com extraordinária força e munido de algo muito duro e pesado.
Além da violência deste caso, o que mais
intriga é aquela mão direita ensangüentada.
Não falo a do bêbado. Mas a da estátua.
ça e rapidez. Surge, então, a figura do proprietário do bar. O rosto vermelho de raiva.
Sua ira, porém, era anterior à algazarra
dos moleques. Havia descoberto, há pouco, a
traição da esposa e vingou-se dela dando-lhe
um tiro certeiro e fatal.
O sangue ainda fervia-lhe nas veias.
— Cambada de arruaceiros! Não é bala
que vocês querem?! Então, tomem!!
Tomem bala!!!
escolhesse entre ela e o baralho. Ele não
deu importância. Achou que ela estava
blefando, e por isso não pôs fim à sua
jogatina noturna.
Estava errado, não era um blefe.
De fato, ela o largou e foi viver com
outro homem.
Pela primeira vez na vida, ele soube
o que era sentir-se uma carta descartada
do baralho.
Wilson Gorj
é autor do livro "Sem contos longos"
[email protected]
Nuno Marques
HONÓRIO não queria ir com a mulher.
Não era fã do cantor, e a conjuntivite apertara.
Os olhos mal se abriam. Parecia que tinham
jogado um caminhão de areia neles.
— De mais a mais, eu nem comprei ingresso...
— Tudo bem, tudo certo — assentiu a esposa que, desde o começo, percebera sua má
vontade —, mas você vai ter de nos acompanhar até a entrada. Disso não abro mão.
Colocou sua melhor roupa. Afinal, não era
todo o dia que Fábio Júnior vinha até sua cidade. Caprichou no pisante. Calça preta, camisa
preta e chapéu preto. Parecia querer relembrar
seus bons tempos. Chegou perto e perguntou
como estava.
— Tá parecendo um urubu, pai!
— E pra que esses óculos escuros, homemde-deus? Como é que você vai dirigir?
— Eu tiro na hora que tiver dirigindo. A luz
arde os olhos.
— Vá bem, vai. Já estamos atrasados. Vamos! Vamos!
Realmente, parecia que a cidade toda tinha
ido para o espetáculo. Quase não tinha lugar
pra estacionar na frente do clube. Se não fosse a
gentileza do porteiro em deixá-lo entrar no estacionamento, teria deixado todos à entrada da
portaria.
— Ali, pai! Uma vaga.
Estacionou, desceu do carro como prometido e já tascou os óculos escuros na lata.
— Cê tá parecendo o Valdick Soriano...
—Vai rindo, mulher. Vai rindo, que quem
ri por último...
— Perde o tempo da piada, seu bobo!!!
Ainda acenou uma última vez antes de vêla sumir. Ela parecia exultante. Pulava ao lado
da filha, enquanto entrava no ginásio. Virou-se
já para sair, mas foi abordado por um homem.
— Aqui, ó, comigo! - e dando um tapinha
nas suas costas - Tão precisando de alguém no
camarim do Fábio...
— Mas... Eu...
— Não tem mais nem menos, cara. Cê tá
ganhando muito bem pra fazer isso. Vamos,
corre! - e já foi empurrando Honório, que, atônito, não esboçou nenhum gesto.
Foi na direção do corredor oposto de sua
mulher, hesitava ainda.
- Rápido, cara! Que moleza!
Apertou o passo e entrou resmungando. E
essa agora. Teria de achar a saída pra voltar pro
carro. Abriu uma porta e deu de cara com uma
mulher seminua. Ela nem se abalou.
— Você pode me ajudar com o zíper?
— Cla... claro...
— Você veio me acompanhar até o palco?
Que gentileza...
Honório ajeitou a roupa dela, ofereceu-lhe
o braço. Seguiram para o salão nobre do Clube.
O concurso de Miss Comerciária da cidade era
uma festa engalanada que acontecia
concomitantemente ao show. Todos os anos,
jovens funcionárias, indicadas pelos comerciantes concorriam ao título de mulher mais
bonita do comércio. Quando entraram pela
coxia e atingiram o palco, o público aplaudiuos. Com andar firme, Honório conduziu-a até
o centro do palco, deixando-a em seguida para
ser ovacionada pelos presentes. Com certeza, ali estava a vencedora do concurso. Saiu
de cena e, já que estava bem à vontade, resolveu andar pelo clube em que nunca entrara
antes. Passeou pelas piscinas. A lua refletia
nas águas e envolvia com seus braços a imaginação daquele homem. Sentia o sangue
correr quente em suas veias. O coração acelerou e suas pupilas dilataram-se. Voltou correndo em direção ao show.
Como estava dentro do clube, teve que pegar um caminho diferente do da esposa. Entrou por corredores, deu de cara com homens
de preto e óculos escuros, que o cumprimentaram com um aceno de cabeça, e, quando se
localizou, estava na área vip do espetáculo. Ninguém o barrou. Muitos até, saíram de sua frente, como se ele fosse uma autoridade. Passou
por um portãozinho e acessou o salão que dava
de frente para o palco todo arrumado. Sobrava
espaço naquele lugar. Olhou a sua volta e viu as
arquibancadas tomadas por pessoas que pareciam espremidas umas às outras. Várias mesas
e cadeiras revestidas por um tecido fino estavam geometricamente espalhadas pelo local.
Antes que fizesse algum movimento, um garçom puxou-lhe uma cadeira.
— Sente-se aqui, doutor! Dá pra ter uma
boa visão do palco daqui. O que o senhor vai
beber?
Honório parecia não acreditar em sua
sorte.
— Quanto custa uma cerveja?
— O senhor está brincando, né? O preço
está incluso no ingresso...
— Claro! Claro! - ajeitou-se à mesa, esticou as pernas e encostou-se relaxadamente na
cadeira. - Pode ser uma geladinha?
- O senhor manda, doutor.
- Ah! Traz uma porção de fritas também.
Lembrou-se da mulher. Levantou-se e olhou
para a arquibancada do ginásio lotado. Acenou
sem ver ninguém. Parecia em êxtase. Esquecera completamente da conjuntivite que tanto o
atazanara aqueles últimos dias.
- Mãe, olha, não é o pai balançando a mão
lá na quadra?
- Aquele que tá sendo servido por um garçom?
- É, mãe! Ele tá até brindando com o copo...
- Bem capaz, menina! A essa hora seu pai já
tá de pijama na cama. E olha a elegância do
homem! Parece que é um fazendeiro, um deus
negro...
Honório virou-se para o palco e, na hora
em que o Fábio Júnior entrou cantando, não se
conteve. Pulou da cadeira, ergueu os braços e
gritou o mais que pôde:
- Brigaduuuuuuuuuuu!!!
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7
R EPUBLICANDO
O sítio de conurbação
Guaratinguetá Aparecida (2)
CONFORME FOI EXPOSTO,
essas pontes destinam-se a facilitar as comunicações entre Guaratinguetá, as áreas urbanas localizadas à margem esquerda do Motas,
e Aparecida. O estrangulamento que as pontes provocam durante as cheias do Motas é
resultado da construção mal planejada das
mesmas. Com efeito, a altura do vão de cada
uma delas foi calculada somente em função
da cota local do fundo, sem levar em conta as
irregularidades do leito, o curso estreito e
tortuoso do ribeirão, ou as vazões máximas
previsíveis ao longo do trecho urbano e suburbano, que abrange, aproximadamente,
2,11 km do curso inferior (Hidroservice,
1961).
Durante as enchentes de 23 de fevereiro
de 1961, as pontes das ruas Paissandu e São
Francisco ficaram submersas, enquanto que
a maioria das restantes represaram as águas.
Não foram transbordadas, mas provocaram,
mesmo assim, a inundação das áreas marginais localizadas à montante delas. O total de
terras inundadas no perímetro urbano alcançou a 23.920 m2.
O ribeirão São Gonçalo não tem representado para Guaratinguetá uma ameaça tão
séria quanto o Motas. Seu curso apresenta-se
menos complexo e, embora forme dois cotovelos semelhantes aos do Motas, a maior
largura do leito assegura um escoamento
menos torrencial, mesmo durante as águas
altas. O trecho percorrido pelo São Gonçalo
entre a área suburbana e a foz alcança, aproximadamente, a 1,83 km, existindo apenas
três pontes entre ambas as margens (fig. 1).
Durante as enchentes, a área crítica é a localizada sobre a margem esquerda, no trecho
côncavo entre a ponte da rua Santa Clara e a
da Marechal Deodoro. Sobre essa margem
está construída a rua Gama Rodrigues, que
teve de ser protegida contra a erosão lateral
mediante a construção de um muro.
No setor localizado entre a ponte da rua
Marechal Deodoro e a da E.F.C.B. o leito apresenta-se mais largo, sendo as margens relativamente mais baixas e, portanto, inundáveis.
O escoamento vê-se entravado pela segunda
das pontes citadas, assim como por algumas
construções que, mais afastadas do eixo do
leito, interferem na passagem das águas, tendo sido afetadas durante a enchente de 27 de
fevereiro de 1961.
À parte esta enchente, o remanso das
águas do São Gonçalo por aumentou do nível do Paraíba provocou enchentes nos dias
4 e 20 de janeiro, e 1 de março. Estas enchentes de fevereiro e março, ocorridas após um
período de chuvas excepcionais nas altas
bacias dos ribeirões estudados, tiveram efeitos desastrosos na área de influência do São
Gonçalo, que, de maneira semelhante ao
Motas, encontrou-se represado pela presença de obras inadequadas. Ao ser modificada
a geometria do leito, foi prejudicado o escoamento do ribeirão; estrangulado pela ponte
da E.F.C.B, construída em uma cota muito
baixa, o São Gonçalo inundou 10.200m2 de
área urbana no dia 27 de fevereiro. O muro
de proteção da rua Gama Rodrigues foi seriamente danificado como resultado do aumento da correnteza sobre a margem esquerda, enquanto à margem oposta, a rua paralela era completamente destruída.
8
Estes eventos catastróficos, repetidos com
bastante freqüência ao longo da história recente da cidade (1931, 1952, 1961) levaram
o antigo S.V.P. a solicitar à Hidroservice a elaboração de estudos globais das bacias de
ambos os afluentes. Dos relatórios finais apresentados por essa companhia foram extraídos os dados hidrológicos fundamentais usados nesta parte do trabalho.
Juntamente com os resultados dos estudos geológicos, climatológicos e
hidrológicos, a Hidroservice apresentou ao
S.V.P. um anteprojeto de soluções para o controle das enchentes em Guaratinguetá. Dentre as obras sugeridas, a solução escolhida
para a Bacia do Motas, tanto de sua relativa
simplicidade de sua execução como pela
baixo custo e os efeitos mais duradouros foi
a construção da barragem Aduaslinhas, a
montante da Fazenda Santa Justa, a aproximadamente 10 km a SW da cidade, em um
ponto onde é possível controlar 75% da área
da bacia (fig. 2).
Além desta barragem, com capacidade
para controlar as enchentes provocadas na
alta bacia do Motas por chuvas excepcionais,
o anteprojeto aconselhava a respeito de uma
série de outras medidas a serem tomadas
dentro da própria área urbana, tais como
limpeza periódica de ambos os leitos, retificação parcial do curso do Motas e eliminação do estrangulamento provocado pela
ponte do E.F.C.B. no São Gonçalo, entre as
mais urgentes.
A construção de uma barragem no São
Gonçalo foi também sugerida. Entretanto,
deve de ser lembrado que, enquanto a organização da rede de tributários do Motas permitiu a construção da represa em área afastada da cidade, em local onde as condições
topográficas facilitavam a execução da obra,
o São Gonçalo reúne seus dois formadores
principais a apenas 1 km a montante da cidade, no bairro da Pedreira (fig. 2). Uma
barragem nessa confluência significaria despesas muito grandes, já que far-se-ia necessário, por exemplo, mudar a localização da
estrada Guaratinguetá-Cunha que, nas condições atuais, resultaria parcialmente inundada. Outra solução viável seria a construção de duas barragens, uma sobre cada um
dos tributários, obras que no momento só
existem nos planos da Divisão do Vale do
Paraíba (antigo S.V.P.).
Entretanto, deve de ser levado em conta
que nas condições atuais de povoamento das
margens do São Gonçalo, obras do tipo mencionado não aparecem como sendo imprescindíveis. Isto, contando com que venham a
ser executadas no curso inferior as obras
recomendadas no anteprojeto da
Hidroservice, especialmente as modificações nas pontes da E.F.C.B.
Estes trabalhos são necessários na medida em que venham a contribuir à diminuição dos riscos de enchentes, criando ao mesmo tempo condições propícias para a utilização dos afluentes e suas zonas ribeirinhas.
Estas poderiam ser transformadas, mediante
tratamento paisagístico adequado, em áreas
de lazer, prévio aterro dos setores mais baixos das várzeas nas proximidades da foz do
Motas e do São Gonçalo no Paraíba.
Profª Dra. Lylian Coltrinari
AS POSSIBILIDADES
DE EXPANSÃO
FUTURA
Conforme a análise que acaba de ser apresentada, o crescimento urbano de
Guaratinguetá parece estar orientado em direção oposta à Via Dutra. Esta orientação, já
apontada pelos urbanistas (CODIVAP, 1972)
resulta, por uma parte, da carência de áreas
adequadas à urbanização em torno do sítio
original, para cujo desenvolvimento parece
não existir outra saída que a intensificação
do projeto crescimento vertical. Portanto será
praticamente inevitável o paulatino desaparecimento das antigas construções que ainda
hoje testemunham o esplendor alcançado
pela cidade na época do café.
Por outro lado, as terras localizadas à
margem esquerda apresentam condições topográficas favoráveis à urbanização. Contudo, deve de ser lembrado que a maior extensão plana - o terraço antrópico de Nova Guará
- encontra-se já totalmente ocupado por um
bairro residencial, e que as baixas colinas de
Vila Paraíba acham-se densamente povoadas, inclusive nos seus topos. Em direção a Pedregulho, o crescimento detevese - ao menos assim o parece - no sopé das
colinas terciárias e nas vizinhanças do
campo de pouso da Escola de Especialistas em Aeronáutica.
Pela sua fraca declividade, os terraços
localizados à margem direita do curso inferior do ribeirão Guaratinguetá aparecem
como áreas adequadas à ocupação urbana, e,
em especial, à localização de indústrias. Entretanto, deve ser lembrado que a área pertence à Escola de Aeronáutica, ficando fora
de cogitação qualquer hipótese a respeito de
crescimento da cidade, ao menos, em futuro
próximo, naquela zona.
Com relação ao desenvolvimento em direção a Aparecida, pode-se dizer que, prati-
camente as duas cidade já estão reunidas. É
de se prever, portanto, o reforço dessa tendência na medida em que as limitações impostas pelo relevo assim o permitam. Perante essa realidade, far-se-á necessária a
compatibilização dos planos de obras municipais, com a finalidade de atenuar os problemas já existentes (caso do aumento da
densidade da circulação, tanto dentro de cada
uma das cidades, quanto entre ambas) e outros que possam surgir no futuro. Um desses
problemas poderia estar relacionado com
desenvolvimento da indústria de papel e celulose instalada em Aparecida , que pode
aumentar o índice de poluição ambiental,
tanto na cidade quanto em Guaratinguetá,
conforme a direção dos ventos (CPEU-FAU/
USP, 1969; CODIVAP, 1972).
Finalmente, deve ser lembrado que o incremento da circulação regional e extra-regional ao longo da Via Dutra está já exigindo
um aumento no número de pistas em ambas
as direções do tráfego. Obras desse tipo aparecem como impraticáveis à altura da
conurbação Guaratinguetá-Aparecida, por
causa da configuração dos relevos à margem
direita do Paraíba. Seria chegada a hora, talvez, de se pensar no deslocamento ao menos
de uma das mãos do fluxo São Paulo-Rio de
Janeiro, para a margem esquerda do rio, aproveitando as características locais dos relevos.
Eventualmente, poderiam vir a ser utilizados com essa finalidade, trechos de estradas já existentes (caso da GuaratinguetáAparecida, por exemplo), que servem ao tráfego intermunicipal. Em Guaratinguetá, a ligação com a margem oposta poderia ser feita através da ponte nova, cuja capacidade não
está sendo totalmente aproveitada na atualidade. Sua utilização como via de passagem
para o trânsito regional e extra-regional exigiria, possivelmente, seu alargamento, assim
como o remanejamento das áreas urbanas
localizadas em torno do extremo SW da ponte, com a finalidade de facilitar a comunicação com a Via Dutra a jusante de
Guaratinguetá.
Aparecida, 20 de abril de 2008
Foto aérea de Aparecida, em 2007
À maneira de conclusão, poderia ser dito,
inicialmente, que tanto Guaratinguetá quanto Aparecida podem ser citadas como exemplos de cidades implantadas em sítios favoráveis sob o ponto de vista estratégico e defensivo. Esta vantagem inicial decorreria da
localização sobre colinas cristalinas
terraceadas como a que, no caso de
Guaratinguetá, dominava, no século XVIII, a
travessia do Paraíba no local onde seu leito
se estrangula, tendo assim condições de controlar a circulação entre o vale, o território
mineiro e o litoral.
O crescimento posterior da cidade obrigou à ocupação de locais adequados para a
instalação de novos bairros. Numa primeira
fase, foram ocupados setores situados em
torno do núcleo original; o desdobramento
da cidade operou-se com a instalação, à margem esquerda, do bairro de Pedregulho (fins
do século XIX).
Aparecida, por sua vez, ocupou sucessivamente as colinas cristalinas localizadas em
torno do sítio original, originando uma aglo-
meração urbana em acrópole. Posteriormente, seu desenvolvimento orientou-se em direção às margens do Paraíba, que não oferecem condições favoráveis ao povoamento por
serem setores de fácil inundação; no futuro,
talvez devam ser adotadas soluções drásticas, tais como o aterro de algumas das colinas situadas a SW da cidade, tal como foi
feito para a instalação da nova Basílica.
Em segundo lugar, deve ser dito que, à
parte a ausência de áreas relativamente planas, o crescimento de Guaratinguetá vê-se
entravado pelas ameaças de enchente, tanto
do Paraíba quanto dos ribeirões dos Motas e
do São Gonçalo. Estes riscos subsistem, principalmente, nas proximidades das desembocaduras de ambos os ribeirões.
Finalmente, é de se destacar a singularidade do sítio da conurbação GuaratinguetáAparecida, quando comparado com o das
outras aglomerações urbanas localizadas nas
proximidades do rio Paraíba ao longo do seu
médio vale superior. Em geral, estas cidades
ocupam terraços (quaternários, como em
Jacareí, ou terciários, nos casos de Lorena,
Roseira, Pindamonhangaba e Taubaté) ou,
ainda, colinas terciárias (São José dos Cam-
pos), onde a ocorrência de setores planos relativamente amplos facilitaram a expansão
dos diversos núcleos.
CITAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
CODIVAP. Caracterização e avaliação dos conhecimentos existentes sobre a região do vale do Paraíba
e diagnósticos resultantes. Companhia Editora Ypiranga. São Paulo, 1972.
CPEU/FAU - USP. Plano Diretor de Aparecida. Secretaria dos Serviços e Obras Públicas. Departamento de Obras Públicas. São Paulo, 1969.
HIDROSERVICE. Estudos e ante-projeto de regularização dos ribeirões dos Motas e São Gonçalo:
hidrologia e ante-projeto de soluções. Relatório HS6 - R4 - 61. In: Estudos de regularização do ribeirão dos
Motas, vol. 1 (inédito). São Paulo, 1961
MILLIET, Sérgio. Roteiro do café e outros ensaios. BIPA Editora. São Paulo, 1946.
MÜLLER, Nice Lecocq. Correlações entre a História e a Geografia: o exemplo do vale do Paraíba no
estado de São Paulo. Geografia Urbana. IGEOG-USP 3. São Paulo, 1969.
MÜLLER, Nice Lecocq. Industrialização no vale do Paraíba. Geografia das Indústrias. IGEOG-USP
1. São Paulo, 1969a.
MÜLLER, Nice Lecocq. O fato urbano na bacia do rio Paraíba (Estado de São Paulo). Biblioteca
Geográfica Brasileira, série A, n. 23, IBGE-CNG, Rio de Janeiro, 1969b.
SPIX e MARTIUS. Reise in Brasilien. Vol. 1. 1823. Tradução do alemão, revista e anotada. Editora
Melhoramentos, São Paulo.
Lylian Coltrinari é Livre Docente e professora do Programa de Pós-Graduação
em Geografia da Universidade de São Paulo-USP.
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E DUCAÇÃO
Ensino m
unicipal de Apar
ecida:
municipal
parecida:
destaque na Pr
ova Br
asil
Pro
Brasil
ANO PASSADO, a Diretoria Execu-
dias das escolas estaduais do Brasil foram
de 173,0 para a 4ª série e 226,6 para a 8ª
série, na rede municipal de Aparecida, as
mesmas médias foram de 200,45 e 243,95,
ou seja, 15,87% e 7,66% acima da média.
Em Matemática, as diferenças permanecem. Para os índices de 181,8 (4ª série)
e 232,9 (8ª série) das escolas estaduais do
Brasil, Aparecida apresenta significativos
200,02 (4ª série) e 266,23 (8ª série). Nada
menos que 10,02% e 14,31% de proficiência média superior ao desempenho das escolas estaduais brasileiras.
Se comparados aos resultados das escolas estaduais de São Paulo, as médias municipais continuam superiores. 12,62% (4ª
série) e 6,81% (8ª série) para Língua Portuguesa e 9,36% (4ª série) e 15,65% (8ª série) quando o assunto é matemática.
Buscando conhecer e compreender as
razões que levaram a tal resultado, o
preposto do Banco Mundial averiguou, in
loco, o que a educação municipal de
Aparecida realizava para que seus alunos
apresentassem níveis de proficiência elevados, especialmente em Matemática. Visitou escolas, entrevistou a Diretora Municipal de Educação, conversou com professores e diretores, aplicou questionário, viu
alunos em atividade e coletou as mais variadas informações que permitissem estabelecer o diferencial que fazia das escolas da
cidade um exemplo a ser seguido..
Seu diagnóstico foi contundente: o segredo da educação municipal de Aparecida
está na "consistência de ações bem articuladas orientadas por propostas coerentes".
tiva de Educação de Aparecida recebeu a
visita do pesquisador sênior Maurício
Fronzaglia, representante oficial do BIRD
(Banco Internacional para Reconstrução e
Desenvolvimento), órgão oficial do Banco
Mundial, sediado em Brasília.
O que motivou a presença do técnico
na cidade foi o alto desempenho apresentado pela rede de ensino municipal de
Aparecida na última prova do Sistema de
Avaliação da Educação Básica (SAEB
2005), conhecido como Prova Brasil. Os
resultados, bem acima da média, chamaram a atenção do órgão internacional responsável pela averiguação da qualidade do
ensino nas escolas brasileiras.
Para se ter uma idéia do quadro geral
da educação na rede municipal de ensino,
alguns dados contribuem.
A rede de escolas municipais de
Aparecida se faz presente no centro da cidade e em mais quinze bairros. É composta por onze escolas de ensino fundamental, sete creches, quatro escolas de educação infantil e uma de ensino
profissionalizante. Atende a 3.952 alunos
do Ensino Fundamental (distribuídos em
oito séries), 1209 alunos de Educação Infantil (creche e pré-escola), 131 estudantes nos cursos para jovens e adultos e 247
cursistas de ensino profissionalizante.
Respondendo a esta demanda está um
grupo total de 275 professores, sendo 49
monitores de Educação Infantil, 206 docentes de Ensino Fundamental e 20 professores para os cursos profissionalizantes.
O transporte escolar atende a 1.013 crianças e jovens (181 da rede municipal e
832 da rede estadual). A merenda escolar
teve substancial melhoria de qualidade nos
últimos anos e 1.277 famílias são beneficiadas pelo programa Bolsa Família, alcançando 2.272 estudantes de escolas municipais e estaduais
Em 2005, foram avaliadas as crianças
de 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental
em todo o país. Em Aparecida, participaram da Prova Brasil daquele ano: 65,2%
dos alunos de quarta série (266 de um total de 408) e 83,2% dos alunos de oitava
série (203 estudantes de um total de 244).
Os escores obtidos, se comparados aos dos
demais estabelecimentos de ensino do
país, colocaram as escolas municipais de
Aparecida em uma situação privilegiada.
Vejamos os resumos estatísticos.
Em Língua Portuguesa, enquanto as mé-
O relatório com as observações finais
dos técnicos do Banco Mundial ainda não
chegou, mas nem é preciso, pois a Prova
Brasil fez notória e pública a qualidade da
educação no município.
Aparecida é um exemplo de que uma
administração municipal dedicada e responsável pode conduzir políticas públicas
(em educação e em qualquer área) que produzam resultados sociais efetivamente favoráveis, assegurando direitos a todos os
cidadãos. Evidentemente, isso não avaliza
a idéia de que a municipalização é essencialmente boa. Assim fosse, outros municípios, incluindo aqueles que têm orçamento e renda per capita bem maiores, estariam no rol das cidades de bom desempenho educacional. Não é o caso. A diferença
se assenta em outros pilares. A qualidade
da gestão é um deles.
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Aparecida, 20 de abril de 2008
E NTREVISTA
Terezinha Amaral
Da Redação
O Lince - Professora Terezinha, a senhora está à frente da Diretoria Executiva de
Educação de Aparecida desde 2001, mas a
sua ligação com o ensino escolar é bem
anterior a essa experiência. Conte-nos um
pouco de sua trajetória profissional.
Terezinha Amaral - Minha trajetória profissional começa, em 1950,
quando, ainda normalista, durante dois
anos, lecionei no Chagas Pereira no Curso de Adultos como voluntária. De 1952
em diante, fui substituta efetiva na mesma escola.
Em 1955, tornei-me professora efetiva
do ensino primário. Lecionei no ensino primário. No secundário, ensinei matemática e desenho geométrico. Na faculdade,
didática, legislação, metodologia, sociologia e orientação vocacional.
Fui orientadora educacional,
orientadora de Educação Moral e Cívica e
Coordenadora pedagógica. Fui também
Diretora de Escola e Supervisora de Ensino concursada.
E, desde 2001, estou na Diretoria Executiva de Educação e Cultura de Aparecida.
Trabalhei todos esses anos sem parar um
dia sequer.
O Lince - Quando a senhora assumiu a
Diretoria Municipal de Educação, quais
eram os seus maiores propósitos? Conseguiu alcançá-los?
Terezinha Amaral - Quando assumi a Diretoria Executiva de Educação e
Cultura, meu propósito era dar o melhor
de mim para que as nossas crianças tivessem um ensino de qualidade e no futuro
pudessem concorrer, em igualdade de condições, com pessoas que estudassem nos
melhores colégios
O Lince - A senhora acha que a adoção
de um sistema didático apoiado em apostilas contribuiu para a melhoria dos resultados educacionais do município? Por
quê?
Terezinha Amaral - Adotamos a
apostila como mais um recurso para
direcionar o ensino e tornar todas as
escolas do município mais ou menos
padronizadas.
Quanto à melhoria dos resultados
Educar
pela
música
Anna Beatriz Klinkerfuss
seus objetivos e que resultados já puderam
ser apurados?
Terezinha Amaral - As escolas com
horário integral são duas no município,
uma com dois anos e outra com um ano de
funcionamento. O objetivo principal é dar
tranqüilidade aos pais que precisam trabalhar e, ao mesmo tempo, dar às crianças
um ambiente saudável para seu desenvolvimento. Acho que deveríamos ter uma
escola de horário integral em cada bairro.
O Lince - Hoje, com uma rede ampliada,
o município enfrenta novos desafios. Quais
seriam eles e o que fazer para superá-los?
educacionais do município, atribuo ao
compromisso de toda a equipe da educação e ao acompanhamento que temos feito.
O Lince - Pode-se notar a amplitude de
sua proposta para a educação na preocupação em garantir outros espaços de formação, especialmente através das artes, aí
incluídos o teatro e a música. Que razões a
levaram a fazer essa opção pela arte como
ferramenta pedagógica para a formação dos
alunos da rede municipal?
Terezinha Amaral - As nossas razões para fazermos opções por projetos relacionados com as artes, prendem-se as
nossas vivências, pois temos certeza de que
artes plásticas, cênicas e musicais, tanto
como o esporte, disciplinam, tornam as
crianças obedientes e responsáveis e, em
sendo administradas fora do horário regular de aulas, tiram a criança da
vulnerabilidade a que na rua estariam sujeitas.
O Lince - Os resultados educacionais na
Prova Brasil colocam a educação municipal de Aparecida em posição de relevo no
cenário nacional. A que e a quem a senhora atribui isto?
Terezinha Amaral - O resultado
da Prova Brasil vem provar que estamos
percorrendo o caminho certo e isto devemos a todos que acreditam no trabalho da
educação.
O Lince - E as escolas integrais? Quantas
são? Há quanto tempo funcionam? Quais
Terezinha Amaral - Não encaro
como desafio a ampliação da rede, encaro,
sim, como uma missão, isto é, estender ao
maior número de crianças do município o
nosso estilo de ensinar e educar.
O Lince - E o espaço educacional,
poliesportivo e cultural de Vila Mariana,
recentemente inaugurado? A senhora poderia dizer como ele atende aos propósitos educacionais da rede municipal de ensino?
Terezinha Amaral - O EPEC atende aos propósitos educacionais no que tange
à educação física e a formação de atletas
para o futuro.
O Lince - Uma curiosidade. Onde a senhora encontra, nesta altura da vida, tanta
energia e disposição para o trabalho? Qual
é o segredo?
Terezinha Amaral - O meu segredo é amar o que faço.
O Lince - Há algo mais que queira
acrescentar? Por favor, faça as suas considerações de encerramento desta entrevista.
A música, além da sua beleza que fala
por si só, é uma grande aliada no desenvolvimento escolar das crianças, pois, além
de despertar a sensibilidade, auxilia muito
o processo de alfabetização, pois aguça o
raciocínio lógico-matemático, a concentração, a coordenação motora, o ritmo, a
sociabilização, entre outras coisas.
A educação musical deveria fazer parte
da "agenda" de todas as crianças, pois é tão
importante quanto o esporte, o idioma, a
informática, e cabe aos pais despertar, em
seus filhos, o gosto e o interesse, ouvindo
junto com eles ritmos e estilos musicais
variados, assistindo a concertos e shows,
ao vivo ou mesmo pela TV, conversando
sobre compositores antigos e atuais.
Se a criança se mostrar curiosa ou interessada em aprender a tocar um instrumento musical, caberá também aos pais procurar cursos e profissionais especializados,
dando a seu filho a oportunidade de ser
um futuro músico, ou, simplesmente, um
ser humano sensível e melhor.
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Amaral - Quero dizer, para finalizar, que
tudo o que fazemos só
é possível porque temos como prefeito o
Excelentíssimo Senhor José Luiz Rodrigues, que nos acolhe.
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NOS ÚLTIMOS dias 15 e 16 de abril,
os alunos da Rede Estadual de Ensino passaram por mais uma avaliação de desempenho organizada pela Secretaria da Educação. Desta vez, trata-se de averiguar se a
proposta de condução de um currículo
voltado para a aquisição de competências
básicas de leitura e escrita, desenvolvido
nos primeiros quarenta e dois dias de aulas, alcançou os resultados pretendidos e
em que medida.
As provas de testes e a redação ainda
serão corrigidas, e os dados apurados servirão para verificar se medidas de curto
prazo, como as adotadas, trazem resultados positivos sobre os problemas crônicos
gerados ao longo de uma escolaridade deficitária, ou se os efeitos são irrelevantes e
desconsideráveis por não trazerem mudanças substanciais.
De qualquer maneira, há uma coerência a ressaltar: após muitos anos, pela primeira vez, se avalia, com seriedade, os resultados de uma proposta de concretização
curricular. Assim fosse com todos os "projetos" que acontecem na educação paulista.
Menos recursos públicos seriam
despendidos desnecessariamente se cada
projeto sobrevivesse em função dos resultados que produzisse.
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ENCONTR
O DON
A ET
A 2008
ENCONTRO
DONA
ETA
(5 A 30 DE MAIO)
R ecentemente, lançou o CD
'Prá não dizer adeus',
uma homenagem a sua
avó falecida, também
cantora. O
lançamento
foi em dezembro de 2007, e teve a participação do cantor e compositor Silvio Brito,
do jornalista Márcio Campos, da TV Bandeirantes, de Adriano Giffoni, músico de
Gal Costa, e da Orquestra Eternos Românticos, do Maestro Odair Kobel.
Letícia Giffoni nasceu em uma família
tradicional da música. Com seis anos de
idade, fez sua estréia nos palcos e nunca
mais quis abandonar a carreira de cantora.
A banda de shows é formada pela família de Letícia (pai e irmãos) e também por
outros músicos e dançarinos.
No dia 20 de abril, Letícia Giffoni estará em Varginha-MG, participando das gravações do DVD de Sílvio Brito em homenagem aos 35 anos de carreira do cantor.
Estarão também nesta noite os cantores: Silvinha e Eduardo Araújo, Jair
Rodrigues e a apresentadora da Rede TV,
Fá Morena.
Esperamos ver Letícia Giffoni por todo
o Vale do Paraíba e, para quem desejar
contratá-la ou adquirir o CD, é só entrar
em contato pelos telefones: (12)-31053436 ou (35) 3344-384.
LETÍCIA
GIFFONI
A programação da 14ª edição do mais
importante evento anual de cultura de
Guaratinguetá está recheada de imperdíveis
atrações. Confira a agenda e não perca a
oportunidade!
05 de maio (segunda-feira), no Museu
Rodrigues Alves, às 20 horas, exposição de
fotos "Guaratinguetá... vários olhares", organizada pelo Guará Foto Clube.
12 de maio (segunda-feira), no Cemitério dos Passos, às 16 horas, serenata com
seresteiros e a participação do Coral da
UNATI-UNESP, regido pela Maestrina
Sandra Sampaio.
14 de maio (quarta-feira), na Catedral
de Santo Antônio, às 20h30min, "Orquestra Cameramusica da Funac - Unitau.
16 de maio (sexta-feira), no Museu
Frei Galvão, às 20 horas, concerto da Banda Musical do 5º Batalhão de Infantaria de
Lorena, sob a regência do Mestre de Música Subtenente Gedeão Mathias de Souza e
participação do Madrigal Unicanto, acompanhado pela Camerata do Projeto PEMSA,
regidos pela Maestrina e Soprano Cecília Simas.
24 de maio (sábado), na Praça Conselheiro Rodrigues Alves, às 11 horas,
apresentação dos Grupos Abadá-Capoeira, orientado pelo Graduado "Ferrugem" e de Taekwondo dirigido pelo Prof.
Anderson Lopes, ambos do Sítio do Juca,
no programa "Tenda do Samba", da Rádio Piratininga, apresentado por Beto
Couto.
30 de maio (sexta-feira), no Espaço
VIVARTE, às 20h30min, Noite de Dança, com os alunos da Academia
Corpo&Cia (Giselda Carvalho), Estação de Dança (Rosana Rangel) e Espaço
Expressão (Layla Mulinari), de Lorena.
Dias 2, 9, 16, 23, 30 de maio (sextas-feiras), das 22 às 23 horas, na Rádio
Clube - "Dona Eta , Música e Poesia",
com a participação de seresteiros e poetas de Guaratinguetá e de outras cidades
no Programa Memória do Som, de
Valdemir Barbosa.
MAIS UM PRÊMIO P
ARA JOR
GE AZEREDO
PARA
JORGE
O artista plástico Jorge Azeredo, que não cansa de colecionar prêmios, obteve mais
uma importante deferência em sua carreira: a medalha de prata no renomado Salão Oficial
Fluminense de Belas Artes, em sua vigésima quinta edição acontecida em Niterói-RJ.
Dono de uma precoce originalidade artística, Jorge rapidamente buscou explorar a
geometrização e as cores básicas para compor uma obra neocubista com os tons cromáticos e temáticos do Brasil. Os recentes quadros de Jorge Azeredo exploram um Brasil ricamente ilustrado por uma cultura musical mestiça. O caráter abertamente político de seus
primeiros quadros ganha agora a eminente leveza de um artista ocupado em mostrar as
outras facetas de sua obra.
OS LONGOS" NO RO
TAR
Y
"SEM
CONTOS
ROT
ARY
SEM CONT
Dia 07 de abril, no Rotary Clube de Aparecida, ocorreu mais uma reunião semanal dos
rotarianos sob a presidência de José Gilmar Diniz. Entre os assuntos que formaram a pauta
da noite, estava a apresentação do escritor Wilson Gorj e de seu livro "Sem Contos Longos".
Também presente na ocasião, o Prof. Alexandre Marcos Lourenço Barbosa fez uso da
tribuna para discorrer sobre o autor aparecidense e sua obra, na qual destacam-se as
micronarrativas.
Após breves agradecimentos, o escritor concedeu autógrafos e dedicatórias aos novos
leitores. A sessão foi encerrada com jantar.
Aparecida, 20 de abril de 2008