Impressões sobre “Gritos e Sussurros” – Ingmar Bergman
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Impressões sobre “Gritos e Sussurros” – Ingmar Bergman
Impressões sobre “Gritos e Sussurros” – Ingmar Bergman Daisy Serena vermelho intenso que percorre todo o filme, mas principalmente nestes Bergman, em seu livro autobiográfico (2001), conta que o filme “Griplanos, significam a alma, como o próprio diretor explica em seu livro. tos e Sussurros” nasceu de uma imagem: quatro mulheres de branco em “No roteiro está mencionado que imagino a cor vermelum quarto vermelho. Ele não sabia quem eram aquelas mulheres e porque ha como sendo o interior da alma. Quando era criança estavam ali, mas a imagem ia e voltava persistente, tentando dizer algo. via a alma como se fosse a sombra de um dragão, de um Depois de um tempo ela voltou com um significado, uma das quatro escinzento-azulado, pairando sobre nós sob a forma de um tava morrendo, as outras três velavam a espera da morte. ser alado, meio ave meio peixe. Mas tudo dentro desse dragão era vermelho.” (Bergman in: Imagens. Pg.90) O filme se passa entorno das três irmãs (Agnes – que está falecendo, Maria – a irmã bonita, Karin – a irmã mais dura) e de Anna a fiel criada que cuidou de Agnes (e a amou) durante toda a doença que se arrastou por longos doze anos. Como a imagem de Bergman, as duas irmãs e Anna estão velando os últimos dias da terceira, os relógios da casa acompanham marcando cada segundo com um timbre agudo e contínuo. Como sempre acontece, assistir a um filme de Bergman exige de mim um dispêndio emocional imenso, pois, a identificação nunca vem de um modo leve. Carrego comigo a carga de cada uma delas, mas, guardo principalmente os olhos grandes, negros, melancólicos de Harriet Anderson (Agnes) que em seu sofrimento extremo, conseguiu transmitir tudo com paradoxal doçura. Para mim, os momentos cruciais são mostrados, principalmente, quando a câmera foca no rosto de Maria, Karin e Anna, uma por vez. Em um fundo vermelho, o rosto no centro, a iluminação barroca/dramática, primeiro, cobre um lado da face - nos levando ao passado (contando algo íntimo de cada uma delas), e depois o outro - nos trazendo ao presente. Nas duas vezes o plano é imerso em uma imensidão vermelha. Aqui se desvenda cada máscara, uma mais profunda que a outra, mostra-se a verdade por trás da frase de Ingrid Thulin (Karin) “Não passa de uma série de Bibliografia: mentiras” que são as personas que elas precisam vestir socialmente. O BERGMAN, Ingmar. Imagens. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
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