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HÁBITOS ALIMENTARES
E O PRECONCEITO POPULAR
Mauricio Aquino, Médico Veterinário, Pós-graduado em Docência para Nível Superior, Mestrando em Ciências da Saúde,
Ex-presidente da primeira associação de criadores de escargots do Brasil, a Associação de Helicicultores do Rio de Janeiro (AHRJ).
Creio que ninguém tem dúvidas que os sistemas agrícolas estarão seriamente ameaçados pelo
aquecimento global nas próximas décadas. Até 2030 se medidas mais eficientes não forem adotadas para reverter
essa tendência, o aumento das temperaturas e a diminuição das chuvas em muitas regiões do planeta, contribuirão para a insegurança alimentar devido a queda
da produção de alimentos cultivados de primeira necessidade, diminuindo, ainda mais, a disponibilidade
de comida. Isto não é profecia, é fato científico.
Segundo estudo norte-americano publicado na Science, uma das mais conceituadas revistas científicas do
planeta, [...] “os impactos das mudanças climáticas
sobre os cultivos mais importantes nas 12 principais
regiões do mundo que abrigam grande quantidade de
pessoas com fome”, revelou “algumas projeções negativas [...] com estimativa de pelo menos 95% de chance de que as mudanças climáticas prejudicarão a produção agrícola na falta de medidas de adaptação”.
O site ECODEBATES (2011) comenta que “o trigo, o
arroz, o milho e a mandioca estão entre os sistemas
agrícolas que sofrerão impactos negativos no Brasil
devido ao aquecimento do clima e à diminuição das
chuvas”.
É claro que existe incertezas associadas aos cultivos e
modelos climáticos usados, mas em linhas gerais, a
análise aponta para muitos casos em que a segurança
alimentar é claramente ameaçada e isso, em um prazo, relativamente curto.
Sem dúvida existem opções contra o caos, como o
desenvolvimento de cultivares mais resistentes às secas, às pragas, o aperfeiçoamento do manejo mais
específico para cada cultura e, até mesmo, a diversificação das práticas agrícolas. Mas em minha opinião,
um aproveitamento sustentado dos recursos naturais,
seja animal ou vegetal, além da conservação e recuperação de muitas áreas, é emergencial. E não há, para
isso, necessidade de novas pesquisas; precisamos,
apenas, colocar em prática conhecimentos já disponíveis.
O SESC, por exemplo, vem fazendo um trabalho meritório contra o desperdício, ofertando, gratuitamente,
cursos para o aproveitamento integral dos alimentos.
De acordo com o programa MESA BRASIL, “a promoção da alimentação integral começa diante das dificuldades econômicas pelas quais passa o país. [...] Devemos aproveitar tudo que o alimento pode nos oferecer
como fonte de nutrientes”.
O SESC disponibiliza através do MESA BRASIL receitas salgadas, doces e sucos produzidos a partir de talos e cascas de verduras e legumes, que vão, tradicionalmente, para o lixo, apesar de seu enorme potencial
nutritivo. No site do SESC, o MESA BRASIL disponibiliza para download, gratuitamente, os seus livros de
receitas, além das datas de seus cursos gratuitos.
Este informativo, o Achatinafulica.com News nº 4 é
dedicado, integralmente, aos hábitos alimentares, considerados bizarros pela maioria da população e como
eles podem minimizar, ou mesmo, erradicar a forme no
mundo.
Sugestões: [email protected].
Referências:
FERNANDES, Thaís. Mudanças climáticas podem reduzir disponibilidade de alimentos do mundo até 2030. Disponível em: <http://
www.ecodebate.com.br/2009/02/04/mudancas-climaticas-podemreduzir-disponibilidade-de-alimentos-do-mundo-ate-2030/> Acesso em:
26/01/2011
MESA BRASIL. Livro de receitas: boas formas para evitar o desperdício. Disponível em: <http://www.sescsp.org.br/sesc/mesabrasilsp/
receitas/index.cfm> Acesso em: 26/01/2011
Hábitos alimentares e o Preconceito Popular
Você não come Escargot por quê?
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Cientista propõe o consumo de insetos como fonte
alternativa de proteínas
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O segredo do café mais caro do mundo
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Outro animal, o Jacu do Brasil, imita o Kopi Luwak da
Indonésia
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Helix Aspersa no Rio Grande do Sul
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Pobre não pode comer Escargots
Como abater o Caracol Africano para o consumo
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VOCÊ NÃO COME ESCARGOT POR QUÊ?
Mauricio Aquino, Médico Veterinário e mestrando em Ciências da Saúde da UFAL.
A questão alimentar é cultural. Por exemplo, não
devemos oferecer carne bovina a um indiano; “além
de não fazer parte do cardápio, podemos ofendê-lo,
já que a vaca, para os hinduístas, é sagrada. Em
compensação, ele não tem nenhum problema em
comer ratos, que consideramos nojentos e bem distante de nossa mesa. Se consideramos arroz e feijão indispensáveis, fora daqui, lá bem distante, comer um ou vários tipos de insetos pode fazer a diferença. Alguns alimentos tradicionalmente apreciados
em algumas partes do mundo, para nós, brasileiros
e ocidentais, são considerados repugnantes”.
(RESENDE, p.1, 2011)
A China, o 3º maior país do mundo, tem a maior população do planeta. Em 2009, eram 1.331.460.000
de habitantes, de 56 diferentes etnias. Tantas diferenças étnicas e geoclimáticas, como era de se esperar, originou uma cozinha muito diversificada e
regionalizada. Ao longo de 4 mil anos de história, a
cozinha chinesa vem mantendo as suas características originais, influenciando, devido a sua grande
variedade de pratos e ingredientes, as cozinhas do
Japão, da Tailândia e do Vietnã, entre outros países
asiáticos.
“Os cozinheiros chineses souberam tirar proveito da
inventividade e da versatilidade. Desenvolveram técnicas tão sutis de preparo e cozimento dos alimentos que transformaram sua cozinha em uma das
mais refinadas do mundo”. (CRJONLINE, p.1, 2011)
A culinária chinesa é uma arte aperfeiçoada que
combina a satisfação do apetite, com as propriedades curativas dos alimentos equilibrando o organismo como um todo. Apesar disso, dificilmente encontraremos um país com hábitos alimentares mais curiosos que a China; que tem o costume de ingerir
insetos, por exemplo. Lá “come-se de tudo. De ninho
de andorinha, à barbatana de tubarão e, desta, ao
testículo de boi – que, aliás, é muito apreciado em
certas regiões do Brasil”. (RESENDE, p.1, 2011)
Mas a ciência ocidental começa a redescobrir o que
a sabedoria oriental já sabe há milênios, que os insetos são alimentos saudáveis. O Departamento de
Entomologia da Universidade de Iowa, nos Estados
Unidos, garante o potencial nutricional dos insetos,
justificando a existência, inclusive, de componentes
saudáveis que não encontramos nem em um bife,
por exemplo. Pesquisadores de Iowa, classificaram
uma série de insetos quanto ao seu valor nutricional,
ofertando algumas receitas “deliciosas” para o seu
melhor aproveitamento. Segundo a universidade, as
receitas à base de insetos são muito simples e saborosas. Se você procurar na internet, comer insetos é
bem mais comum do que imaginamos. Isso soa estranho? Então “[...] lembre-se que tudo é cultura e,
no final, este tipo de comida pode fazer bem à saúde. (RESENTE, p.1, 2011) É interessante citar o coAchatinafulica.com NEWS Nº 4 / Fev. 2011
Na cidade de Skun, no Camboja, as aranhas fritas são consideradas
deliciosos petiscos e até convivem amigavelmente com os habitantes.
mentário de Resende (p.1, 2011), que fala de um
amigo que comeu escargot e adorou, mas que depois de saber o que era, simplesmente, mudou de
opinião e disse que tinha detestado.
Depois de ver as fotos a seguir, comer escargot não
irá parecer para você, que nunca comeu, uma idéia
tão estranha. Tudo é questão de hábito e hábito, se
adquire com a prática. Os comentários exagerados
difundidos pela imprensa sobre o Caracol Africano
vem amedrontando a população em geral e muitos
pesquisadores não fogem a essa regra. Mas eu posso garantir que esse invasor tem muito mais a oferecer do que a imprensa vem divulgando. O consumo
de caracóis é tradição da cozinha mais sofisticada
do planeta, a francesa e se quiser saber mais, visite
www.achatinafulica.com e leia os 3 informativos
anteriores. ☼
Referências:
CRJONLINE. Hábitos alimentares dos chineses. Disponível em:
<http://portuguese.cri.cn/215/2007/09/21/[email protected]> Acesso
em: 14-01-2011
RESENDE, Lino. Insetos, comida e boa saúde. Disponível em:
<http://linoresende.jor.br/e-pode-fazer-bem-a-saude> Acesso em: 14-
01-2011
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Comendo grilos
Larvas da madeira, petisco na Tailândia
Ovos podres e embrionados, uma iguaria.
Espetinhos de escorpiões, bicho da sêda, etc.
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Destrinchando um cão
Vendendo ratos na feira
Insetos variados
Essa é a minha preferida: aranhas fritas no Camboja
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CIENTISTA PROPÕE O CONSUMO DE INSETOS
COMO FONTE ALTERNATIVA DE PROTEÍNAS
Arnold van Huis [email protected]
Professor de Entomologia Tropical
PhD 1981, Universidade de Wageningen
“Um insetólogo holandês vem fazendo uma campanha para convencer o mundo ocidental a adotar
um costume que, segundo ele, é bastante comum
nos trópicos: comer insetos (prática conhecida
como entomofagia) como fonte alternativa e sustentável de proteína.
A proposta de Arnold van Huis, detalhada em artigo publicado na revista “The Scientist”, não é nova.
Em 1885, o insetólogo britânico Vincent M. Holt
escreveu um pequeno livro intitulado “Why not eat
insects?” (em tradução livre, por que não comer
insetos?).
Os argumentos dos dois especialistas, no entanto,
ganham força num momento em que o mundo
procura soluções para a crise dos alimentos.
Na Grã-Bretanha, um estudo sobre alimentos e o
futuro da agricultura encomendado pelo governo e
divulgado nesta semana pede ação urgente para
evitar a fome global.
Segundo o relatório, dentro de 20 anos, serão necessários 40% mais alimentos, 30% mais água e
50% mais energia para suprir as necessidades da
população do planeta.
O sistema atual de produção, além de não ser
sustentável, não será capaz de suprir a demanda,
argumentam os autores do estudo, realizado pelo
centro de estudos Foresight.
Relatórios como esse tendem a ser usados como
base para argumentos a favor do uso de técnicas
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de engenharia genética para produzir alimentos.
A saída oferecida por van Huis, da Wageningen
University, na Holanda, é mais direta e evita a
questão polêmica dos transgênicos.
Nutritivos – Em entrevista por e-mail à BBC Brasil,
o insetólogo não quis recomendar um inseto em
especial, dizendo que tudo depende da forma como são preparados.
Ele disse que algumas espécies têm sabor semelhante ao das oleaginosas (como o gergelim, por
exemplo) e ressaltou que nem todas as espécies
são comestíveis, já que algumas são venenosas.
“Insetos venenosos são consumidos nos trópicos,
mas a população local sabe como lidar com isso,
removendo o veneno”, explicou.
Quanto ao seu valor nutritivo, a carne do inseto é
comparável às tradicionais, como a de porco, vaca, carneiro e peixe.
Segundo van Huis, o conteúdo proteico de um inseto varia entre 30 e 70%, dependendo da espécie.
Eles também são ricos em ácidos graxos essenciais e vitaminas, especialmente as do complexo B.
Em seu artigo, o insectólogo diz que mais de mil
espécies de insetos são comidas nos países tropicais, entre elas, larvas de borboleta, gafanhotos,
besouros, formigas, abelhas, cupins e vespas.
E as baratas? Elas também são comestíveis?
Van Huis disse à BBC Brasil que, em suas viagens, nunca viu ou ouviu relatos de pessoas coPág. 4
mendo baratas. Mas acrescentou:
“Um colega, que está fazendo um inventário de
insetos comestíveis, encontrou baratas comestíveis.”
Em seu artigo na revista “The Scientist”, Van Huis
escreve, no entanto, que os ocidentais se enganam quando pensam que os povos dos trópicos
comem insetos porque estão passando fome.
“Pelo contrário”, ele diz. “Um petisco de inseto é
com frequência considerado uma iguaria.”
Este seria o caso, no Brasil, da formiga tanajura.
Segundo especialistas brasileiros, essa formiga,
fêmea ovada das saúvas,
é considerada uma verdadeira guloseima no
Brasil.
Crise da Carne – Segundo
o insectólogo, o consumo
mundial de carne quase triplicou desde 1970 e deve
dobrar até 2050.
Ele diz que 70% da terra cultivada já é usada para alimentar rebanhos. Van Huis diz que uma
intensificação ainda maior
na pecuária em escala
industrial poderia aumentar os custos para o
meio ambiente e para
a saúde.
Criações de rebanhos de grande
densidade favorecem
o surgimento de doenças.
Rebanhos consomem
grandes quantidades de
água e emitem grandes quantidades de
gases responsáveis
pelo efeito estufa –
como o gás metano, por exemplo.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação
(FAO), as criações de rebanhos respondem
por 18% das emissões desses gases.
Cupins, baratas e certas espécies de besouro
também produzem metano, mas a maioria dos
insetos comestíveis, não.
E a carne de insetos ainda apresenta uma outra
vantagem em relação à carne tradicional, explica
van Huis.
Eles convertem o alimento em massa corporal de
maneira mais eficiente’, diz o especialista. ‘Para
produzir 1 kg de carne, grilos precisam de 1,7 kg
de alimento. Muito menos do que o frango (2,2
kg), o porco (3,6 kg), o carneiro (6,3 kg) e a vaca
(7,7 kg).
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Portanto, por que não comer insetos?, ele pergunta.
E conclui seu artigo sugerindo que governos e
empresas deveriam explorar o incrível potencial
dos insetos como fonte de carne, promovendo essa indústria. “No sul da África”, ele diz, “este já é
um negócio de US$ 85 milhões.”
Brasil – Em declaração à BBC Brasil, o biólogo
Eraldo Medeiros Costa Neto, da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), na Bahia, disse concordar positivamente com a proposta de
van Huis.
“No entanto, muitas espécies de insetos apresentam compostos farmacologicamente ativos e,
assim, os efeitos tóxicos
potenciais dos insetos comestíveis precisam ser investigados com mais atenção”, acrescentou.
Costa Neto explica que a FAO está realizando um inventário
das
atividades relacionadas
ao
consumo de insetos pelo
homem.
“A FAO acredita que o
papel específico dos
insetos comestíveis
e seu potencial na
segurança
alimentar,
qualidade dietética e alívio da pobreza está severamente subestimado”, diz o biólogo.
“Com esse inventário,
será formulada uma
estratégia para promover o consumo
de insetos em nível
mundial.”
Pesquisas feitas por Costa Neto no Brasil revelaram que insetos fazem parte da
dieta de vários grupos indígenas, comunidades urbanas, populações ribeirinhas do
Amazonas, grupos de pastores e de pescadores e comunidades afro-brasileiras.
O cardápio desses grupos inclui pelo menos 135
tipos de insetos”.
AMBIENTEBRASIL. Cientista propõe comer insetos
como fonte alternativa de proteína. Disponível em:
<http://noticias.ambientebrasil.com.br/
clipping/2011/01/26/65647-cientista-propoe-comerinsetos-como-fonte-alternativa-de-proteina.html > Acesso em: 26/01/2011
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O SEGREDO DO CAFÉ MAIS CARO DO MUNDO
Considerado o café mais caro do mundo (US$ 600.00 por
meio kilo), o Kopi Luwak (ou Civet Coffee) é com
certeza também o mais
exótico.
Você
tomaria
uma bebida feita
com fezes de
animal? Antes
de
responder,
saiba que é esse o ingrediente especial do
café mais raro,
saboroso e caro
do mundo, o
Kopi
Luwak,
originário da Indonésia. Essa, digamos, excentricidade do
café sempre foi considerada uma lenda urbana, até que um
estudo realizado pelo pesquisador italiano Massimo Marcone, em 2004, confirmou o que deve ter feito o estômago de
muitos apreciadores da iguaria revirar.
Os preciosos grãos são mesmo processados pelo sistema
gastrointestinal e depois retirados dos excrementos da civeta, um mamífero parecido com um gato, que não existe no
Brasil (na Indonésia, as palavras Kopi e Luwak significam,
respectivamente, café e civeta). O animal come somente os
frutos mais doces, maduros e avermelhados do café, que
são digeridos pelo seu organismo, com exceção dos grãos,
que são excretados junto com suas fezes. E é justamente
essa produção limitada dos grãos (menos de 230 quilos por
ano) o motivo de sua raridade, preço alto (cerca de mil dólares o quilo) e sabor inigualável, garantem os apreciadores. "Uma mistura de chocolate e suco de uva. Menos ácido e amargo do que os cafés comuns", descreve Marcone.
Pesquisa valiosa
O pesquisador explica que à medida que o grão passa pelo
sistema digestório do animal, ele sofre um processo de modificação parecido com o utilizado pela indústria cafeeira
para remover a polpa do grão de café, mas que envolve
bactérias diferentes
das
usadas pela
indústria, além
das
enzimas
digestivas
do
animal. É isso
que dá ao Kopi
Luwak seu sabor
característico inigualável. Mas esse
processo um tanto
quanto esquisito de
produzir café não representa riscos à saúde? "Os resultados
dos testes que fiz em meus trabalhos
mostraram que a bebida é perfeitamente segura", garante
Marcone.
Não existem registros precisos sobre a história do Kopi Luwak, mas acredita-se que sua origem data de cerca de 200
anos atrás, quando os colonizadores holandeses iniciaram
plantações de café nas ilhas de Java, Sumatra e Sulawesi,
onde hoje é a Indonésia.
É nessas ilhas que vivem as civetas, que começaram a se
alimentar da planta. Para evitar o desperdício, os plantado-
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res de café começaram a coletar os grãos que saíam intactos das fezes dos animais. Em algum momento alguém
resolveu experimentar essa variedade aparentemente pouco apetitosa e descobriu o que hoje é considerado o café
mais saboroso do mundo. E você, ficou com vontade de
encarar?
Receitas para perder a fome
O Kopi Luwak não é o único alimento excretado por animais que consumimos. Veja outros exemplos :
Vômito de abelha: O mel nada mais é do que isso. O néctar
é transportado para o sistema digestório das abelhas, onde
é misturado a enzimas que convertem seu açúcar em glicose e frutose. Ele se transforma em mel e é regurgitado pelas abelhas. É esse o produto final que consumimos.
Saliva de pássaro: É o ingrediente de uma sopa considerada uma iguaria na China (também conhecida como "caviar
do oriente"). O pequeno pássaro constrói ninhos com sua
própria saliva. Esse ninho (que literalmente vale ouro) é
usado para o preparo da sopa. O prato é consumido em
várias partes do mundo, inclusive nos EUA, que são o maior importador.
Fezes de cabra: É essa a origem de um tipo de óleo usado
no Marrocos. O animal se alimenta de um tipo de fruta similar à oliva, que origina o óleo, depois seu caroço é coletado
de suas fezes e se transforma em um óleo usado para cozinhar, como cosmético e na medicina local.
Cerveja de cuspe: A chicha é um tipo de cerveja produzido
no Equador. Os grãos de milho são mastigados e cuspidos
em um recipiente, onde as enzimas da saliva quebram o
amido que depois será fermentado e misturado ao
álcool”.☼
REVISTACAFEICULTURA. Descubra qual o segredo do café mais
exótico do mundo. Disponível em:<http://
www.revistacafeicultura.com.br/index.php?tipo=ler&mat=11449> Acesso em: 24 jan 2011
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OUTRO ANIMAL, O JACU DO BRASIL,
IMITA O KOPI LUWAK DA INDONÉSIA
“Você conhece o Jacu? Pois então, saiba que este pássaro é elemento fundamental no processo de fabricação de um dos cafés mais caros do mundo. A ave, que habita a região
do Espírito Santo, virou a galinha
dos ovos (ou melhor, dos
grãos) de ouro para alguns produtores rurais.
O caso é o seguinte:
O tal do jacu tem
como hábito alimentar o consumo de
frutos de árvores de café.
Depois de
‘procesasdo’
pelo
organismo, o grão chega à cloaca do bicho e é
suavemente depositado na natureza. Depois de
coletadas, as bolinhas são moídas e se transformam no café mais caro do Brasil (uma xícara chega a custar R$ 14,00).
Técnica abrasileirada
O tal café do jacu
Você já pensou em tomar uma xícara de café cujos grãos, antes de serem
torrados e moídos, foram defecados
por
um animal? Se
v o c ê
aprecia
a bebida, mas
nunca
pensou
nessa hipótese,
comece a considerá-la. O restaurante do Centro
de Arte Contemporânea Inhotim, em Brumadinho,
servirá em breve o jacu bird coffee, ou seja, expresso feito com grãos de café que passaram pelo
sistema digestivo do jacu, ave típica da fauna brasileira.
Os grãos vêm da fazenda Camocim, no Espírito
Santo e esse curioso processo foi inspirado num
dos cafés mais raros do mundo, o indonésio kopi
luwak, cuja produção limitada joga o preço do quilo lá nas alturas: US$ 1750! No país asiático, os
grãos são recolhidos no chão, depois de passarem pelo sistema digestivo da civeta, mamífero
semelhante ao gato e que come apenas os frutos
Achatinafulica.com NEWS Nº 4 / Fev. 2011
mais doces e maduros.
O dono da fazenda capixaba, o carioca Henrique
Sloper, teve a idéia enquanto esperava autorização para exterminar os jacus que haviam invadido
seu cafezal e estavam devorando os grãos. Nesse
intervalo, ouviu falar do kopi luwak e decidiu poupar os bichos, transformando-os em parceiros de
um negócio lucrativo. A primeira safra foi em 2006
e só agora as embalagens do jacu bird coffee começam a ser vendidas no Brasil. Antes, só era
encontrado no exterior.
O que torna esses dois cafés tão especiais é justamente a ação das bactérias e enzimas do estômago animal sobre os grãos, processo que lhes
confere sabor teoricamente inigualável. O Benzadeus, café inaugurado ano passado no Centro,
havia manifestado intenção de trazer um pacote
do kopi luwak. Tinha até lista de espera com interessados, mas até hoje, nada. Pelo jeito, vamos
conhecer primeiro o produto nacional.
Matéria do mestre José Hamilton Ribeiro para o
Globo Rural destrincha o assunto para os interessados no café do jacu”. ☼
FOLHAONLINE. Outro animal, o jacu do Brasil, imita o Kopi Luwak
da Indonésia. Disponível em: <http://cafekopiluwak.blogspot.com/>
Acesso em: 25 jan 2011.
Pág. 7
Helix aspersa no Rio Grande do Sul
Em 15 de janeiro de 2011 recebi um e-mail do pesquisador, geógrafo e conceituado
malacologista, Ignácio Agudo, tratando da ocorrência do caramujo europeu Helix
aspersa asselvajado, no estado do Rio Grande do Sul. Este mesmo e-mail comenta sobre outras espécies de moluscos exóticos, consumidos por grupos de baixa
renda na capital gaúcha. Como os hábitos alimentares exóticos é o tema principal
deste informativo, reproduzi partes de seu e-mail com a prévia permissão do autor
para o conhecimento de todos os interessados.
“[...] Aqui no extremo Sul do Brasil, especificamente, na região da
"Grande Porto Alegre - Grande POA" do Estado do Rio Grande do Sul - RS, encontram-se
[...] sem maior dificuldade - em plena e "abundante" vida livre silvestre asselvajada - todas essas "variações de tamanho" na espécie "Helix (Cornu) aspersa Müller,
1774" [...]
A seguir, duas (2) modestas [...] publicações da nossa autoria cujos
conteúdos refletem "nitidamente" o anteriormente comentado:
•
AGUDO-PADRÓN, A.I. 2007. Malacofauna “urbana” do Bairro Vila Regina, Cachoeirinha,
região metropolitana de Porto Alegre, RS, Brasil, com especial ênfase no Helix
(Cornu) aspersa Müller, 1774. Informativo SBMa, Rio de Janeiro, 38(162): 6-8.
•
AGUDO-PADRÓN, A.I. 2009. Malacofauna “urbana” do Bairro Vila Regina, Cachoeirinha,
região metropolitana de Porto Alegre, RS, Brasil, com especial ênfase no Helix
(Cornu) aspersa Müller, 1774. II. Novos registros. Informativo SBMa, Rio de Janeiro, 40(168): 3-5.
Infelizmente, (*)por falta de costume, tradição e cultura alimentar, estes não são de jeito nenhum - aproveitados pela população local para consumo, sendo que, e na mesma proporção que o também exótico "Achatina fulica (Bowdich, 1822)", o nosso "escargot
europeu" é combatido, desprezado e destruído localmente ( porém sem "alarmes" desnecessários), entretanto, bem ao lado encontramos [...] povo "passando fome, necessidade" nas favelas das periferias, com crianças perceptivelmente desnutridas (ou mal nutridas !) em alguns casos !!!
Na contramão e contraditoriamente, esta mesma espécie européia (cultivada em recintos
particulares, ou simplesmente "importados enlatados" da França) é servida ao estilo que manda a boa cozinha (nas suas conchas e acompanhados por um bom vinho branco),
com grande pompa, refinamento de "gourmet" e alto preço, em refinados (e até populares!) restaurantes que se encontram nas terras altas do próprio estado do RS, bastando
subir a denominada "Serra Gaúcha", especificamente, por exemplo, nas cidades turísticas de "Gramado" e "Canela" (dá para você entender a mentalidade deste povo ???).
Já numa outra situação, (*)já tivemos a oportunidade de observar, em plena cidade de
Porto Alegre - POA, grupos de "andarilhos" fazendo refeições noturnas de bivalves exóticos, Mexilhões-dourados "Limnoperna fortunei (Dunker, 1857)" e Berbigões-de-águadoce "Corbicula fluminea (Müller, 1774)" , assados diretamente no fogo, especificamente no setor da "Usina do Gasômetro" , a beira do controversialmente denominado "Lago
Guaíba", à luz de improvisadas
fogueiras.
Os
"concheiros"
chamuscados,
produto da "bizarra refeição noturna" ficam logo
ali na areia, junto ao lixo e às águas
poluídas da beira do
Guaíba,
para
quem ainda quiser conferir. É o reflexo da fome do povo, apertando e superando
preconceitos
às margens da
consciência e da segurança
sanitária
e alimentar!” ☼
Ignácio Agudo
[email protected]
Achatinafulica.com NEWS Nº 4 / Fev. 2011
(*) Grifo nosso
Pág. 8
POBRE NÃO PODE COMER ESCARGOT
Rodney F. de Carvalho, 56 anos, carioca, divorciado, uma filha, é Engenheiro Eletricista (Sistemas), Mestre em Informática e
Mestre em Administração de Empresas pela PUC/RJ. Pesquisador do NECSO – Núcleo de Estudos de Ciência & Tecnologia e
Sociedade (www.necso.ufrj.br). Membro da 4S – Society for Social Studies of Science (4sonline.org).
Uma das minhas preocupações é a maneira
como a “Verdade
Científica” é construída e chega ao povo
em geral. Estou impressionado com o
tratamento dado pelas
autoridades sanitárias
à “praga” do caramujo
gigante
africano, Achatina fulica.
Importado nos anos
1980 por produtores,
pelo que se diz do
Paraná, visando a
fabricação de Escargots, o projeto não
logrou sucesso pela
falta de hábito dos
consumidores e nenhum outro motivo. Os produtores abandonaram as criações e os moluscos se espalharam no ambiente por falta de
inimigos naturais. Isto ocorreu também em outros lugares,
como na Austrália, índia, América Central e do Norte.
A página http://www2.uerj.br/~sbma/acathinafulica.htm, da
UERJ, trazia diversos textos sobre as discussões científicas
das autoridades sobre o assunto. Em particular, o texto da
Dra. Silvana Carvalho Thiengo, Pesquisadora Titular do
Departamento de Malacologia do Instituto Oswaldo Cruz,
que mostra, entre outras coisas, que:
Art. publicado originalmente na net em outubro de 2009
‘Entre equívocos e exageros, a divulgação de que os
animais transmitiriam doenças capazes de levar à
morte fez com que o pânico, associado ao pouco
conhecimento científico sobre a espécie, obscurecesse questões fundamentais, como a perda da biodiversidade nos nossos ecossistemas.
O caramujo africano pode de fato transmitir ao homem os vermes que causam peritonite e meningite.
Potencialmente, esse molusco pode hospedar dois
parasitos: 1- Angiostrongylus cantonensis Chen,1935
responsável por um tipo de meningite principalmente
na Ásia, havendo alguns casos descritos em Cuba,
Porto Rico e Estados Unidos. Embora no Brasil não
haja registro dessa parasitose, sua introdução é possível, principalmente em regiões costeiras, próximas
às áreas portuárias, através de ratos de navios que
chegam de países asiáticos; 2- Angiostrongylus costaricensis Morera & Céspedes, 1971 presente desde
o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina,
capaz de levar a um quadro infeccioso grave conhecido como abdome agudo, que pode levar à morte.
Raramente a doença evolui de forma tão severa, permanecendo na maior parte das vezes assintomática
ou comportando-se como uma parasitose comum.
Conhecida como angiostrongilose abdominal,
essa doença é transmitida por caramujos nativos,
e não pelo gigante africano. Não há, inclusive,
registro de exemplares de A. fulica naturalmente
infectados no Brasil e, além disso, estudos em
laboratório também indicam que A. fulica não é
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uma boa transmissora dessa parasitose. A infecção humana acontece principalmente pela ingestão de hortaliças contaminadas com as larvas do
verme, presentes no muco deixado pelo molusco
ao se movimentar. A profilaxia é simples: após
serem lavadas em água corrente, as hortaliças
devem ser deixadas de molho em solução de água sanitária a 1,5% (mais ou menos uma colher
de sobremesa de água sanitária diluída em 1L de
água) durante 15 a 30 minutos. Na região sul do
país encontra-se a maioria dos casos de angiostrongilose abdominal.
Devido à toxidade dos moluscicidas existentes atualmente, sua utilização não é recomendada. A melhor
forma de controle e erradicação é a catação manual
dos indivíduos e dos ovos, seguida da destruição dos
mesmos, seja por incineração ou por água fervente...’
Infelizmente, este site da UERJ não está mais no ar.
Por outro lado, os estadunidenses, que não são bobos, publicam na página da USDA (Departamento de Agricultura) http://www.nal.usda.gov/afsic/AFSIC_pubs/srb9605.htm#Escargot as instruções para os agricultores alternativos “Turning Snails into Escargot:
“Prepare o caramujo gigante africano quebrando fora a casca, depois cortando fora o
pé do resto do corpo....” (Tradução nossa)
É importante ressalvar que o USDA também proíbe a criação e a importação dessa espécie problemática.
Me parece óbvio, da discussão supra, que os vermes nematóides potencialmente transmissíveis pelos malsinados caramujos seriam facilmente eliminados pelo cozimento e alguns
outros cuidados domésticos, e que o principal contágio se
daria não pela ingestão do molusco cozido, mas pelo consumo de verduras cruas infectadas de nematóides
(minhoquinhas microscópicas) pelo dito cujo.
Entretanto, consultei minha assistente executiva para assuntos domésticos, residente na aprazível Duque de Caxias,
e lá a população está apavorada pelos “caramujos venenosos”. A página da defesa civil do Estado do Rio de Janeiro
diz: (em http://www.rio.rj.gov.br/defesacivil/caramujo.htm)
“O caramujo africano pode transmitir uma
série de doenças para o homem, sendo que
as pessoas não devem manipulá-lo sem luvas, pois o simples contato pode causar o
contágio...”
“O molusco foi introduzido no Brasil como
uma versão do escargot, mas depois descobriu-se que a espécie não é comestível e
transmite doenças...”
Este “depois descobriu-se” é dose!
Evidentemente se os pobres descobrissem os valores nutritivos dos saborosos bichinhos, e o sabor que eles ganham
acrescidos de Sauce Bourguignone, não haveria a menor
sombra da praga. Os valores nutritivos, como diz o USDA
(tradução nossa):
Pág. 9
“A composição nutritiva dos caramujos (por 100
gramas de porção comestível),de acordo com
informação do Banco de Dados de Nutrientes da
França, é:
Energia (kcal):
80.5
Gorduras
(g):
1
Água (g):
79
Magnésio
(mg):
250
Proteínas (g):
16
Cálcio
(mg):
170
Carbohidratos (g):
2
Ferro
(mg):
3.5
O melhor de tudo é o parecer técnico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através da sua Secretaria de Defesa Agropecuária, Departamento de Defesa e
Inspeção Vegetal, Coordenação de Proteção de Plantas,
Divisão de Vigilância e Controle de Pragas – Parecer
Técnico DPC/CPP/ DDIV – nº: 003/03, de janeiro de 2003.
Já no começo ele manda lá “ofereço Parecer Técnico sobre
o Processo: nº 21000.001595/2002-61, que trata do controle e erradicação da praga Achatina fulica no Brasil”. Quer
dizer, já virou praga. Mas notem que quem se pronuncia é
a turma dos vegetais, que não cuida da criação de moluscos.
Nas suas Considerações finais, o Parecer diz:
1-
2-
O molusco, A. fulica, foi introduzido no Brasil em
desrespeito à diversas legislações, notadamente a
Portaria IBAMA nº. 102/98, de 15 de julho de 1998;
Não existem estudos que tratem dos impactos
econômicos, sociais e ambientais da introdução da
atividade econômica da criação e comércio da A.
fulica;
3-
A atividade não é fiscalizada;
4-
O produto resultante não tem o SIF;
5-
A introdução do citado molusco é um sério problema para a malacofauna brasileira, principalmente por esta não ser totalmente estudada e conhecida;
6-
Os moluscos soltos ou fugidios podem vir a ser
um sério problema à agricultura brasileira, assim
como ao meio ambiente;
7-
Existe um grande risco à saúde humana pela
quantidade de animais soltos e pela possibilidade
de transmissão de enfermidades;
8-
Devido a ser uma atividade ilegal, não existe uma legislação que regule a importação, comércio,
transporte, etc;
9-
Não é uma atividade geradora de grande número
de empregos; (...)
É evidente que a atividade, por não ser regulamentada, não
gera “grande número de empregos”. Não havendo estudos
sobre a malacofauna nativa, como dizer que “é um sério
problema”? Qual a fauna selvagem que é “totalmente estudada e conhecida”? Não havendo legislação, passa a ser
ilegal. Observe-se ainda que decretos e portarias não têm
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força de Lei, sendo instrumentos regulatórios e normativos
infra-legais.
Finalmente o Oficio IBAMA nº 006/03 – CGFAU, de janeiro
de 2003...
“Reportando-nos
ao
processo
no
02001.001772/02-19 sobre o Ordenamento e Normatização da Criação da Espécie Exótica Achatina fulica...”
“...considerando os problemas ambientais que a
espécie causou em outros paises e pode causar no
Brasil; a falta de dados sócio econômicos e mercadológicos da Achatinicultura; as implicações para a
agricultura e a saúde publica e considerando que o
escargot verdadeiro (gênero Helix) e legalizado para
a criação comercial no Brasil, concluímos que a criação em cativeiro da espécie. A. fulica não deve ser
estimulada, através de cursos ou quaisquer outras
formas, e que as populações livres e em cativeiro
desta espécie devam ser controladas e erradicadas.”
Resumindo, os cientistas se reúnem e dizem que, embora
haja poucos estudos, o negócio é potencialmente perigoso.
As autoridades federais alegam basicamente que não existe regulamentação nem procedimentos recomendados de
manejo e acham melhor não lidar com isso, por ser potencialmente perigoso, e no final da cadeia as autoridades estaduais (Defesa Civil) e a imprensa divulgam que o caracol “é
venenoso”, assustando (por uma boa causa) a população.
De uma página da Sociedade Malacológica de Londres
(http://www.malacsoc.org.uk/Malacological%20Bulletin/
BULL37/AFRICANSNAIL.htm), traduzimos livremente:
“Nas áreas da África Ocidental onde caramujos gigantes são comidos, a fonte de suprimento é ainda
o extrativismo, e a quantidade sempre decrescente
e a redução do tamanho coletado pelos caçadores
de caramujos levantou preocupações. Muitos caçadores e coletores de caramujos estão preocupados
com o futuro da sua atividade e expressaram o desejo de gerenciar a caça ao caramujo de forma sustentável”.
Será que se
das, ao inpreparo e os prodos para desinfecção
não só se tornariam
te de nutrientes, forte
baixa caloria, para a
zonas
periféricas
onde os bichinhos
e essa mesma potransformaria no
natural da espétribuindo muito
cazmente
para
cação?
Minha
intenção
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apenas quesque ela em
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☼
fossem
divulgavés, as receitas de
cedimentos adequados caramujos eles
uma excelente fonem proteína e de
população das
das cidades,
já proliferam,
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cie, conmais efisua erradinão é recolinha,
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Pág. 10
A matéria-prima da receita ao lado é o Helix aspersa,
mas nada impede que você utilize o Caracol Africano, assim como eu e os franceses. Primeiramente, é
claro, nunca colete animais próximo a bueiros, esgotos à céu aberto, lixões, do meio da rua, enfim, qualquer local de possa comprometer a sua integridade
com contaminantes de qualquer natureza. O ideal é
capturá-los em casa ou em sítio de amigos, ou seja,
de procedência conhecida.
Depois de reunir uma boa quantidade, costumo alimentá-los apenas com hortelã miúda e água por uma
semana; excelente para eliminar vermes e protozoários e só depois faço a purga, um período de jejum alimentar que dura, aproximadamente, uma semana,
quando os caracóis ficam
sem comida e são submetidos a lavagens diárias com
água ao longo de todo o
período.
Esse jejum é fundamental
para que ele elimine o seu
conteúdo intestinal. O
ideal é utilizar baldes ou
latões tampados e sem
fundo, para escoar a água
das lavagens.
Toda manhã mudo o latão
de lugar e aproveito para
descartar os caracóis que
estão no chão ou muito
próximo dele, pois demonstram menos vigor e correm o risco de estarem
enfermos ou mortos.
Depois da primeira semana comendo hortelã, seguida
da semana da purga, os achatinas estão prontos para o
abate, realizado numa panela com água aquecida lentamente. A cada 5 ou 10 minutos tento retirá-los da concha com a ajuda de um pequeno garfo. Quando começam a se soltar, desligo o fogo, mantenho os caracóis
na água e aos poucos, vou realizando esta tarefa colocando os animais sem concha, um a um, num escorredor. Depois, lavo os animais em água corrente, com suco de limão ou vinagre para ajudar a tirar o muco e em
seguida coloco os caracóis numa panela de pressão,
com água e temperos à gosto (folhas de
louro, cebola, alecrim, cebolinha, etc) onde serão cozidos por 20 minutos, após
iniciada a fervura.
Este procedimento é necessário
para qualquer espécie de caracol, pois é fundamental
p a r a
eliminar qualquer eventual parasita e a grande
maioria
dos
microorganismos. ☼
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ESCARGOT À FRANCESA
“Prato requintado, o
escargot é apreciado
no mundo todo. O Globo Rural mostra que
todo mundo pode fazer
essa receita.
receita
Ingredientes
1 kg de escargot
1 colher de sobremesa de sal grosso batido
3 folhas de louro
1 cálice de vinho branco seco
50 g de bacon
2 dentes de alho picados
1 cebola cortada
1 cenoura
Modo de Preparo
Antes de preparar qualquer receita, é preciso
ferver os escargots durante uma hora e meia
numa panela com água,
água o sal grosso batido e
as 3 folhas de louro. A fervura levanta uma
espuma que deve ir sendo retirada da água.
No fim, escorrer a água e separar os
escargots. Em outra panela, misturar os ingredientes do molho com três copos de água e
deixar ferver. Colocar aí os escargots e cozinhar por mais uma hora e meia.
Abate do Escargot
O escargot, que vai ser abatido, deve ficar
sem comer durante 4 dias. Nesse período, só
se alimenta com água. Na hora do abate, lavar os escargots 4 vezes em água corrente.
Molhá-los com vinagre. O vinagre faz com que
os escargots soltem uma espuma, que é uma
defesa natural. Por isso, eles devem passar
por mais três lavadas em água corrente. Em
seguida, eles devem ficar 4 minutos numa
panela de água fervendo, com sal grosso triturado e folhas de louro. Em seguida, devem
ser lavados até esfriarem e retirados das conchas. Para isso, uma agulha de crochê pode
ajudar”.
Referência:
GLOBO RURAL. Escargot à francesa. Disponível em:
<http://globoruraltv.globo.com/GRural/0,27062,LTC0-4373137121,00.html> Acesso em: 26/01/2011
Pág. 11
Dê preferência ao uso de caracóis pequenos e médios para a receita. Os grandes, não tão saborosos, poderão ser usados para alimentar animais domésticos após o cozimento.
COMO ABATER O
CARACOL AFRICANO
PARA O CONSUMO
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Pág. 12