informativo caracol 6
Transcrição
informativo caracol 6
Informativo Achatinafulica.com News Nº 6 / Abril de 2011 DESINFORMAÇÃO INSTITUCIONALIZADA O jornalista Fernando Salermo escreveu uma crítica sobre a imprensa que define, essencialmente, o que temos visto quando o tema Caramujo Africano (Achatina fulica) é abordado pelos meios de comunicação: “A cada momento, deste final de milênio, estamos sendo bombardeados por uma série de informações jornalísticas que nos levam a repensar qual seria, de fato, o papel da imprensa moderna e, até que ponto, ela conserva seu princípio ético de divulgar temas de interesse público ou se, alternativamente, ela vem explorando assuntos interessantes para o público. Muito tem se falado na distinção existente entre a chamada grande imprensa caracterizada como séria, formadora de opinião e a pequena imprensa, que apela para aspectos popularescos, manipulando os leitores, divulgando informações sensacionalistas. Se o aspecto crítico é característica da primeira, parece correto afirmar que a função apelativa é atributo da segunda. [...] A linha divisória entre o interesse público e o interessante para o público é tênue e depende, em parte, do modo pelo qual é explorado sob o ponto de vista jornalístico. [...] É urgente publicar mensagens que, comprometidas com a verdade, apresentem soluções críticas e criativas para uma sociedade que, sedenta de curiosidade, possa vir a se tornar sedenta de conhecimento e mais próximas do amor.” (SALERNO, 2011) Um exemplo: há dias a imprensa catarinense vem divulgando, por exemplo, que Florianópolis está sendo invadida por um caramujo exótico que pode transmitir doenças graves e potencialmente fatais ao toque, recomendando, inclusive, o uso de luvas ao manuseá-los. É compreensível que a imprensa divulgue afirmações de técnicos desinformados que preferem criar pânico ao invés de se atualizarem adequadamente sobre o tema, no entanto, o que não tem explicação é que, esses mesmos veículos de informação não divulguem o conteúdo dos informativos que tenho enviado, com informações corretas, para transquilizar a população. O pesquisador carioca, Rodney F. de Carvalho, autor do artigo, “Pobre não pode comer Escargot”, publicado no informativo nº4, disse que uma das suas preocupações é “a maneira como a ‘Verdade Científica’ é construída e chega ao povo em geral. Estou impressionado com o tratamento dado pelas autoridades sanitárias à ‘praga’ do caramujo gigante africano, Achatina fulica.” De acordo com Carvalho: “o texto da Dra. Silvana Carvalho Thiengo, Pesquisadora Titular do Departamento de Malacologia do Instituto Oswaldo Cruz, [...] Achatinafulica.com NEWS Nº 6 / Abr. 2011 mostra, entre outras coisas, que: ‘Entre equívocos e exageros, a divulgação de que os animais transmitiriam doenças capazes de levar à morte fez com que o pânico, associado ao pouco conhecimento científico sobre a espécie, obscurecesse questões fundamentais, como a perda da biodiversidade nos nossos ecossistemas. [...] Angiostrongilose abdominal [...] é transmitida por caramujos nativos, e não pelo [...] gigante africano. Não há, inclusive, registro de exemplares de A. fulica naturalmente infectados no Brasil e, além disso, estudos em laboratório também indicam que A. fulica não é uma boa transmissora dessa parasitose. A infecção humana acontece principalmente pela ingestão de hortaliças contaminadas com as larvas do verme, presentes no muco deixado pelo molusco ao se movimentar. A profilaxia é simples: após serem lavadas em água corrente, as hortaliças devem ser deixadas de molho em solução de água sanitária a 1,5% (mais ou menos uma colher de sobremesa de água sanitária diluída em 1L de água) durante 15 a 30 minutos.” A verdade é que, desde a introdução do Caracol Africano (Achatina fulica) no Brasil, sempre houve uma preocupação exagerada pela transmissão do Angiostrongylus cantonensis, causador da meningite eosinofílica. Não há como negar essa remota possibilidade, sob condições especiais, como quando o Achatina fulica contaminado for ingerido cru ou mal cozido. Caldeira em 2007 diagnosticou, pela primeira vez no país, um Achatina naturalmente infectados com Angiostrongylus cantonensis, na cidade de Vitória, capital capixaba, responsável por “um caso [...] de meningoencefalite eosinofílica que resultou em óbito.” O segundo caso foi relatado em 2009, por Lima, na cidade de Recife, capital pernambucana. Ambas são cidades portuárias, por onde os roedores contaminados com o A. cantonensis devem ter chegados através de navios de áreas endêmicas. Mas o risco que corremos em contrair uma das parasitoses citadas através do Achatina fulica, 23 anos depois de sua introdução no país, demonstrou-se ser insignificante: um obto há cada 11.5 anos. O A. costaricensis, causador da angiostrongilose abdominal é transmitido, preferencialmente, pelas lesmas nativas da família Veronicellidae, principais hospedeiros intermediários dessa enfermidade no Brasil. (NEUHAUSS, 2007) p.01 Informativo Achatinafulica.com News Nº 6 Março de 2011 Comparativamente, o percentual de óbitos humanos no mesmo período de tempo (1980 a 2003), produzidos pela esquistossomose, uma doença grave, transmitida pelo caramujo do gênero Biomphalaria, nativo do Brasil e de conhecimento geral a décadas, de acordo com Ferreira (2010, pg. 69), foi responsável por “14.463 óbitos” ou 628 mortes por ano. Isso significa dizer que, para cada caso de Meningite Eosinofílica transmitido pelo Achatina fulica no Brasil, temos 7231 óbitos por “barriga d’água”. O Caracol Africano é largamente consumido como alimento na França, África e Ásia, constituindo-se num importante recurso alimentar, no entanto, no Brasil, onde há um enorme potencial para produzi-lo a um custo extremamente baixo, a imprensa, os principais formadores de opinião do país, difunde matérias onde recrimina o seu consumo, alegando ser danoso à saúde humana; que a sua carne é imprópria ou que, ao simples toque, pode levar à morte, induzindo a população a sacrificar, não apenas o Caracol Africano mas, como consequência do pânico, lesmas e caracóis nativos, alguns, ameaçados de extinção. em:<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S00742762007000700018&script=sci_arttext&tlng=en> Acesso em: 20 de mar de 2011. FERREIRA, Israel de Lucena Martins Ferreira e SILVA, Tiago Pessoa Tabosa. Mortalidade por esquistossomose no Brasil: 1980-200. Revista de Patologia Tropical. Disponível em: <http://www.revistas.ufg.br/index.php/iptsp/article/viewFile/1817/1736> Acesso em: 18/12/2010 LOBÃO, Vera Lúcia (Coord.). Comissão interinstitucional para o ordenamento e a normatização da criação da espécie exótica Achatina fulica. São Paulo, SP: Instituto de Pesca, Volume 2, 46 p. Março de 2002. NEUHAUSS, Erli; FITARELLI, Monaliza; ROMANZINI, Juliano; GRAEFFETEIXEIRA, Carlos. Low susceptibility of Achatina fulica from Brazil to infection with Angiostrongylus costaricensis e A. Cantonensis. Pontificia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e Laboratório de Biologia Parasitária, Faculdade de Biociências da PUCRS. Porto Alegre, RS, 2007. SALERNO,Fernando Mauro M.. O papel da imprensa. Disponível em: <http://www.hottopos.com/mirand3/opapelda.htm> Acesso em: 16/02/2011 Há pelo menos 20 anos a imprensa brasileira profetiza, repetindo afirmações de técnicos desinformados que, o caracol africano produziria epidemias com grandes mortalidades junto a população humana; que arrasaria plantações de interesse comercial trazendo a fome e grandes prejuízos econômicos ao campo e seria responsável pela extinção de espécies da flora e fauna nativas brasileiras. Previsões pessimistas que não se concretizaram, mas que, infelizmente, geraram muito estrago. Vai dar trabalho reverter esta situação e a imprensa terá que assumir sua parcela de responsabilidade e participar nesse processo de reeducação hercúlea. Só que, agora, os jornalistas terão que estudar mais e consultar pesquisadores capacitados. Quero deixar claro que não sou partidário da introdução de espécies exóticas no país, mas considero que a exploração do potencial zootécnico, nutricional e farmacológico do A. fulica hoje, uma vez que ele já está presente em 26 dos 27 estados brasileiros, será a única forma de controlar a sua população, a exemplo da China. Tenho convicção que esta espécie poderá contribuir para minimizar a fome e a desnutrição no Brasil pois detém, todas as qualidades necessárias, para esta empreitada, mas para isso o IBAMA deverá reavaliar, corajosamente, a sua posição e liberar a sua exploração racional, obedecendo as recomendações da comissão de alto nível, criada, em 2002, que definiu sua criação como social e economicamente viável desde que conduzida segundo as diretrizes propostas de modo a não agredir o meio ambiente e preservar a saúde pública.” (LOBÃO, p.42, 2002 ).☼ Referências: CARVALHO, Rodney F. de. Pobre não pode comer escargot. Disponível em: <http://smtpilimitado.com/kennel/caracol4.pdf > Acesso em: 17/02/2011 CALDEIRA, Roberta Lima et al. First Record of molluscs naturally infected with Angiostrongylus cantonensis (Chen, 1035) (Nematoda:Metastrongylidae) in Brasil. Mem Inst. Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Vol. 102(7): 887-889, 2007. Disponível Achatinafulica.com NEWS Nº 6 / Abr. 2011 p.02 A HISTÓRIA DA INTRODUÇÃO DO CARACOL AFRICANO NO BRASIL. As informações contidas nos dois comunicados abaixo, que narram o histórico do Caracol Africano no Brasil, estão publicados no site NOTÍCIAS-MALACOLOGICAS (http://noticias-malacologicasam.webnode.pt/achatina-fulica/) e foram encaminhadas para publicação pelo pesquisador, geógrafo e conceituado malacologista, Ignácio Agudo. “ARQUIVO DO FÓRUM PDPM/ AM Transmissão datada 22/01/2011 Re: Achatina fulica - respondendo (... fragmentos da transmissão !) Autoria: Pedro Pacheco, Engenheiro Florestal M.S. Dr. [email protected] O denominado Caracol Gigante Africano, "Achatina (Lissachatina) fulica (Bowdich, 1822)", conforme os documentários/ anais referenciais disponíveis, foi introducido - num primeiro momento - "de contrabando" no Brasil (... vía "Mala Diplomática" !!!) através da cidade de Curitiba, Estado do Paraná - PR, no ano de 1988, recepcionada por importante "criador de escargots" local, fatos estes refletidos na literatura técnica (Teles & Fontes 2000) e, com luxo de "nomes" e detalhes na agropecuáriodivulgativa (Globo 1994, p. 29), constando ainda o seguinte: "... foi a partir de 2 matrizes, introduzidas clandestinamente no ano de 1988 pela cidade de Curitiba, Estado de Paraná, procedentes da "Indonesia", que 2 anos depois, no mês de Outubro de 1990, se iniciou a disseminação do caracol/escargot gigante africano pelo território nacional com a comercialização, na mesma cidade capital Paranaense, das primeiras 100 matrizes descendentes diretas de aquelas primeiras 2 introduzidas de contrabando no país, virando as últimas responsáveis pela produção das matrizes comercializadas posteriormente pelos criadores (Globo 1992; Globo 1994, pp. 2930)." Num segundo momento, mais uma outra introdução" da espécie no território do Brasil ficou verificada, acontecendo esta através do "Porto de Santos/ Praia Grande", Estado de São Paulo - SP, no início da década de 90, encontrando-se este último fato igualAchatinafulica.com NEWS Nº 6 / Abr. 2011 mente documentado, com luxo de "nomes" e detalhes, na literatura monográfica específica malacocultora (Armellini & Santana s/d). “ARQUIVO DO FÓRUM PDPM/ AM Transmissão datada 02/03/2004 Re: Achatina fulica - respondendo (... fragmentos da transmissão !) Prezados Senhores ! Pesquiso Achatina fulica há muitos anos, desde 93 ... Quando foi introduzida no Brasil: Achatina fulica foi introduzido no Brasil ao término da década de 70 ou inicio de 80. Quem introduziu foi um funcionário da Secretaria de Agricultura do Paraná, quando da sua ida a Indonésia, ele os trouxe no bolso.Posteriormente ele cedeu os animais ao Sr. Ferenc Polena, Presidente da Associação de Criadores de Escargot do Paraná, que então iniciou a divulgação da espécie. Isto pode ser verificado em exemplares do Globo Rural da época. Posteriormente, já em meados da década de 90, houve uma reintrodução através do Heliciário Kapiatã de Praia Grande - Santos. O proprietário deste estabelecimento possuía animais muito diferentes fenotipicamente, daqueles do Sr. F. Polena, eram maiores, carne negra, colocavam o dobro de ovos e indivíduos adultos podiam pesar até 500 gramas. Perguntamos qual era a origem deste material, ele nos afirmou que os obtinha de navios africanos, pois os tripulantes os levavam como fonte de alimento. Eles trocavam os animais por caixas de chicletes, afirmou ainda que isto era possível por ele trabalhar no porto. Esta pessoa fez uma divulgação intensa da criação destes animais no litoral, tendo inclusive publicado um livro intitulado "Fique rico criando scargots". A imprensa também contribuiu pois ele fez parte de inúmeras reportagens. Será que estes scargots, que hoje infestam o litoral de SP são a espécie citada, segundo alguns autores confiáveis podem existir até 300 tipos entre espécies, variações e raças regionais de Achatina ; só o A.fulica possui 5 subespécies. Pedro Pacheco, Engenheiro Florestal M.S. Dr. [email protected] “ ☼ p.03 Opinião dos Internautas Mensagens recebidas através do blog caramujoafricano.com Mercedes Gostei do seu blog. Sou brasileiro e vivo há 20 anos em Portugal. Existe muita gente aqui com nojo dos caracóis, mas mesmo assim o consumo durante o verão, nas explanadas andam em torno das 600 toneladas. É o petisco de verão preferido para ser acompanhado com uma cervejinha (IMPERIAL, CHOP). A procedência dos caracóis e caracoletas na sua maioria são de Marrocos, Espanha e há muito comércio paralelo que é a apanha por grupos étnicos que vendem sem factura para os cafés e restaurantes locais. Em Portugal existem duas empresas com um certo peso, mas não conseguem produzir o suficiente para o mercado nacional e algumas delas preferem a exportação. Pus um link seu no meu blog. Espero que não se importe. [...] A helicicultura em Portugal é recente, começou artesanal, mas os estudos na área foram adquiridos através dos franceses que são os maiores consumidores europeus. Os espanhóis também desenvolveram muitas técnicas, pois o maior controle sanitário passa por eles. Quanto a Marrocos, não temos muitas informações e nem sabemos se os caracóis não estão sobre a influência de algum fertilizante. Por causa disso, para se controlar o que se come, os criadores pretendem fundarem associações para o controle dos caracois que entram em Portugal, pois só assim poderá fazer pressão sobre a legislação no que diz respeito as leis. No Ribatejo, Santarém, dizem que os caracóis são mais saborosos devido ao clima e a proximidade das oliveiras. Isso eu não garanto, mas que são bons, ahhh, isso é verdade! http://negociosdecaracois.blogspot.com/2011/01/ festival-nacional-do-caracol-em-lerida.html [...] Aqui em Portugal o Caracol Africano só é conhecido através das feiras agrícolas, quando os Espanhóis expõem as suas culturas. É muito raro acontecer. A notícia que encontramos é que o Caramujo Africano é transmissor de "Esquistossomose", doença que têm envolvimento, normalmente em águas paradas [...] uma vez apanhei em Sergipe, há 30 anos atrás quando cai num rio de água parada, fora isso, não tenho outros conhecimentos a não ser através da pesquisa. Participe do facebook: Caramujo Africano Você tem uma opinião útil para compartilhar sobre o Caracol Africano? Escreva para [email protected]. “Abra a boca e solte o verbo.” Inscreva-se no facebook através do Blog www.CaramujoAfricano.com Em Portugal, acredito que alguém tenha o Caramujo Africano, mas desconheço. JANUARY 28, 2011 9:11 AM Geovanehellgrenn Com toda certeza sei que o caramujo africano é comestível e que também nossas espécies podem vir a ser vetores!!! Creio que o incentivo consciente de seu consumo é a solução para a super população no Brasil e outros países. JANUARY 17, 2011 11:21 AM QUER DAR O SEU DEPOIMENTO EM FAVOR DO CARACOL AFRICANO? Escreva para [email protected] Achatinafulica.com NEWS Nº 6 / Abr. 2011 p.04 Achatinafulica.com NEWS Nº 6 / Abr. 2011 p.05 Anemia infantil ainda é uma ameaça no Brasil, junto com o preconceito alimentar e a ignorância dos técnicos em geral dos. De acordo Ahel (2010, p.1), Ukpong Udofia, nutricionista da Universidade de Uyo, que analisou o valor nutricional da carne de caracol, “ela tem um alto teor de ferro e proteínas [...] além de conter muitos nutrientes essenciais, como cálcio, magnésio e vitamina A. [...] Udofia testou o sabor e aceitação dos caracóis solicitando a opinião de um grupo de mães e crianças em idade escolar, que tiveram que escolher entre uma torta feita de caracóis e outra, de carne. A maioria preferiu a aparência, a textura e o sabor “Criança morta” de Portinari Dados recentes divulgados pela Secretaria da Saúde no Brasil “alertam sobre a incidência de casos de anemia em crianças de todo o Brasil, principalmente na região nordeste do país. Os números ainda revelam que 82,7% das crianças com idade entre onze e treze meses de idade, que moram nessas cidades, apresentam quadro de anemia, um dos problemas nutricionais mais presentes em todo o munDuas dúzias vendidas por $4.89 do. [...] A disparidade de casos no exterior. de anemia infantil em algumas localidades se deve a não adesão do governo e da população às medidas indicadas por médicos e autoridades. “Entre os principais fatores que contribuem para a diminuição da doença estão o aleitamento materno, exclusivo até os seis meses de vida, implantação de programas de saneamento básico, erradicação de doenças infecciosas e parasitárias e maior ingestão de alimentos enriquecidos com ferro como farinhas de trigo, leite e demais alimentos infantis’, conta a especialista.” (NORDESTETUDOTEM.COM, p.1, 2011) Mas no Brasil, enquanto a imprensa e os órgãos de saúde pública tratam o Caracol Africano (Achatina fulica) como uma espécie potencialmente perigosa, em todos os senti- Torta ofertada por Udofia da torta de caracóis.” No Brasil, como na “África e nos países em desenvolvimento em geral, a anemia ferropriva, causada pela carência de Ferro na alimentação, é comum em crianças e mulheres. Esta anemia, agravada por doenças como a malária, contribui para um quinto das mortes maternas, segundo a Organização Mundial de Saúde. [...] Pa Tamba Ngom, um pesquisador do programa de nutrição médica da Gâmbia Research Council, disse que a carne de caracol tem figurado na dieta dos países asiáticos e do povo africano que vive em regiões florestais há milhares de anos. ‘Aqui no oeste africano, no Senegal e Gambia, o caracol é muito popular e é o principal ingrediente do Benachin, um prato típico, uma espécie de risoto’.“ (AHEL, 2010, p.1) Enquanto isso, aqui no Brasil, ele é responsável por uma histeria coletiva. ☼ Referência: NORDESTETUDOTEM.COM. Anemia infantil ainda é uma ameaça no Brasil. Disponível em: <http://www.nordestetudotem.com/classificados/artigos/127/Anemiainfantil-ainda-%C3%A9-uma-amea%C3%A7a-no-Brasil.> Acesso em: 08/03/2011 AHEL, Wagdy Saw. Snails provide a tasty source of iron, study finds. Disponível em: <http://www.scidev.net/en/health/the-challenge-of-im provingnutrition/news/snails-provide-a-tasty-source-of-iron-study-finds.html > Acesso em: 21/12/2010 Escrito por Mauricio Aquino, MV. Aluno do curso de mestrado em Ciências da Saúde, UFAL. NOVO MANEJO INTENSIVO PARA CRIAÇÃO DE CARACÓIS Mauricio Carneiro Aquino, MV. Pós-graduação em Docência para o Nível Superior. Aluno do Curso de Mestrado em Ciências da Saúde da UFAL www.caramujoafricano.com / [email protected] Os moluscos terrestres sempre representaram uma opção alimentar fundamental na história do homem. Os caracóis são consumidos como alimento desde a era Paleolítica em quase todos os continentes. Grandes quantidades de conchas encontradas pelos arqueólogos próximas as cavernas ou em sambaquis no norte da África, que datam da pré-história, confirmam o seu largo consumo, especialmente, nos períodos de pouca caça, pois eram fáceis de encontrar e armazenar por longos períodos, graças a sua fisiologia. Bertran (2010, pg. 8) assim descreve a existência dos grupos humanos na pré-história na região centro-oeste brasileira: “As condições climáticas influíam poderosamente na dieta alimentar dos grupos indígenas. Para se ter uma idéia dessas influências não mais do que num curto intervalo de 300 anos, de 7.500 a 7.200 anos AP – a região do abrigo de Serranópolis aparece estando submetida a um período muito seco, sendo que a caça deixou de influir significativamente na alimentação e apenas a coleta de moluscos, principalmente, e de pequenos répteis manteve importância. Mais do que nunca, entre 7.000 e 6.600 anos AP a alimentação de origem animal, restringiuse aos moluscos, pois até os répteis pouco aparecem, comenta o professor Moreira. Eis o homem pré-histórico brasileiro como cultor do ‘francesíssimo’ escargot, o delicioso caramujo. De fato, pesquisas atuais indicam que em 200 gramas de molusco há 50 de proteínas, o que leva Luiz Moreira a conjeturar que “a obtenção de alimentos nunca se constituiu em grandes problemas para aquelas comunidades e que o homem préhistórico da região teria um regime alimentar conveniente”. Enquanto diretor de Espeleomergulho do Centro Espeleológico de Alagoas (CEA) encontrei, em 1999, durante uma excursão do grupo, ao interior de caverAchatinafulica.com NEWS Nº 6 / Abr. 2011 nas na cidade de ga, na Bahia, próxicom Sergipe, blocos quis, contendo aconchas de Megaprocesso de fossimonstrando o por antigos onesta região, de anos. Os Paripiranmo à divisa de sambamontoados de lobulimus em lização, deseu consumo cupantes há milhares médicos da Antigüidade (séculos V a X d. C.), em geral, conheciam os efeitos preventivos e terapêuticos da alimentação. Textos de Hipócrates, célebre médico da Grécia antiga, revelam alguns produtos alimentícios consumidos pelos gregos e também a associação entrealimentos e o combate a doenças. São citados [...] moluscos. [...] A alimentação na Roma antiga era bastante parecida com a alimentação na Grécia. (NUT/FS/UnBATAN/DAB/SPS, 2010) A criação propriamente de caracóis não é uma atividade recente; gregos e romanos tornaram-se, grandes apreciadores desses moluscos e levantamentos arqueológicos do acampamento de uma legião romana acantonada na antiga Gália, hoje França, demonstraram que os escargots eram alimento exclusivo dos oficiais romanos. Já Ribas (p.17,1984) comenta que “há referências a várias criações organizadas em cativeiro na Roma antiga”. Na Idade Média foi largamente consumido nos mosteiros, como alimento durante as vigílias e durante a sexta-feira da Paixão quando é desaconselhada, a ingestão de carne. p.06 Contemporaneamente é servido, informalmente, co- criações comerciais de caracóis no exterior é a extenmo petisco em bares da Espanha e de Portugal, frito siva. ou empanado, acompanhado de cerveja; ou sofisticaMas no Brasil, a criação intensiva em caixas foi a fordamente, como iguaria nos restaurantes franceses. ma mais difundida nas décadas de 70 a 90, no entanNo dia-a-dia o seu consumo faz parte da cultura tradi- to, esta prática apresenta grandes desvantagens: primeiramente, a necessidade de mão-de-obra intensiva cional dos camponeses franceses. porque caixas com componentes fixos, com muitos Em alguns países da África, a exemplo de Gana, o cantos de difícil acesso, dão trabalho para higienizacaracol não é apenas uma das fontes protéicas mais ção, consumindo muito tempo e mão-de-obra. consumidas, mas também está associado à tradição Em segundo lugar, o manuseio excessivo dos anie a rituais religiosos. mais para a realização de uma higienização minimaNo Brasil, o consumo de caracóis está quase restrita mente satisfatória, gera muito estresse, especialmena duas parcelas da sociedade, antagônicas a maioria te porque os caracóis são manipulados durante o seu dos demais hábitos. Ou é uma minoria de alta renda, período de repouso fisiológico, entre as 08:00 e 18:00 gourmets e europeus, que moram no país ou, por ou- horas, que coincide com o horário comercial de trabatro lado, são os rurícolas de baixa renda, em especial lho. no Norte e no Nordeste, que se atiram à coleta de caracóis nativos como uma das poucas alternativas Finalmente, a dificuldade de higienização gerada peem períodos de carência alimentar ou para ser utiliza- las caixas de madeira e tela, engendrava condições ideais para a proliferação de microorganismos: bactédo na zooterapia tradicional. rias, vermes e protozoários, contribuindo para uma De acordo com Brandão (2010) o gênero nativo mais mortalidade significativa e até epidemias. consumido no país é o Pomacea. No entanto, a criação intensiva, se realizada corretaAtualmente a forma de criação mais adotada nas COMPORTAMENTO DO ACHATINA EM BACIAS PLÁSTICAS PARA CRIAÇÃO INTENSIVA 60 10; 49 50 12; 49 14; 49 16; 49 18; 48 8; 45 20; 45 8; 44 24; 41 4; 39 Nº DE CARACÓIS 40 22; 37 6; 40 2; 36 Animais na cx sup Animais na cx inf 30 20 2; 13 22; 12 4; 10 10 24; 8 8; 4 0 8 6; 9 8; 5 20; 4 10; 0 12; 0 14; 0 16; 0 10 12 14 16 18; 1 18 20 22 24 2 4 6 8 HORAS DO DIA Achatinafulica.com NEWS Nº 6 / Abr. 2011 p.07 mente, apresenta grandes vantagens, entre elas o menor tempo entre o crescimento e o abate dos caracóis; menores perdas devido às intempéries e os predadores; menor espaço necessário para uma alta produção. No entanto, para que a criação intensiva possa ser adotada com sucesso ela tem que ser reformulada, drasticamente. Como pesquisador e criador, pude observar o comportamento dos animais e de seus principais parasitos e com o tempo, aperfeiçoar o manejo para minimizar as desvantagens deste tipo de criação. Primeiramente, analisamos a fisiologia comportamental básica do Achatina fulica. Bacias plásticas sobrepostas Bacia inferior, grade de sustentação, comedouro e bebedouro Colocamos 49 animais da espécie Achatina fulica asselvajados entre duas bacias plásticas, emborcadas uma sobre a outra e separadas, parcialmente, por uma tela de sustentação para o comedouro e o bebedouro. Os caracóis foram observados a cada 2 horas, durante um dia inteiro. Registramos uma maior atividade dos componentes do grupo entre as 08:00 e as 18:00 horas e a atividade máxima foi registrada durante a noite, em torno das 02:00 horas, em plena madrugada, onde 27% dos caracóis estavam em franca atividade, se alimentando ou se locomovendo ativamente. Entre as 10:00 e as 16:00 horas, período em que os caracóis estavam num estado letárgico, no teto da caixa superior, não foi registrada nenhuma atividade. Essa simples observação nos permitiu sugerir uma nova metodologia de criação muito mais eficiente. A priori, a adoção das caixas plásticas, dispostas uma sobre a outra, nos permite separar os animais da maioria de seus dejetos. Durante o dia, entre as 10 e as 16 horas, os caracóis descansam no teto da bacia superior. Já a bacia inferior, repleta de urina e fezes depositadas pela gravidade durante a noite, fica disponível para ser retirada para higienização junto com a tela de sustentação, o comedouro e o bebedouro. Na prática, a melhor hora para a retirada da bacia inferior para limpeza é entre as 17 e 18 horas. A bacia superior, contendo a maioria dos animais é então invertida, sendo posicionada do lugar da bacia inferior que acabou de ser retirada. Sobre ela são colocada a grade de sustentação, o comedouro com ração nova e o bebedouro limpos e se quiser, legumes e vegetais. O ideal no momento do tratamento dos animais é dispor de uma bacia, de uma tela, de um comedouro e de um bebedouro limpos, para a imediata substituição, produzindo, consequentemente, um estresse mínimo sobre os animais. Animais estivando no teto da bacia superior Achatinafulica.com NEWS Nº 6 / Abr. 2011 p.08 contaminação dos animais, sem o uso de desinfetanDurante o dia o funcionário responsável pela manutes ou medicamentos. tenção da criação deve se dedicar a limpeza do ambiente do criatório e dos utensílios: as bacias, das gra- • Outro ponto positivo é que, as caixas plásticas, des, dos comedouros que, se possível, devem secar muito mais baratas que as de madeira e com maior ao sol, para obter-se uma melhor higienização. durabilidade, além de recicláveis, portanto, ecologicamente corretas, nos permite usar escovas, sabão e As vantagens desse novo manejo são: até desinfetantes, quando necessário, sem deixar ne• Uma perfeita higienização, diária, da área mais nhum resíduo no material, devido a sua impermeabilidade, evitando a contaminação dos animais quando contaminada do conjunto, a caixa do fundo; for reutilizada. E finalmente, uma boa higienização nos permite aumentar a concentração de animais por metro quadrado, aumentando a produção, sem aumentar, necessariamente, a mão-de-obra ou o tamanho da área utilizada para a sua produção. • A adoção desse novo manejo na prática da criação de caracóis pode resultar, com pouco muito investimento e esforço, numa fonte saudável e abundante de nutrientes de alta qualidade para a população em geral. Bebedouro Para o Achatina fulica deixar de ser um problema e virar uma solução para o Brasil, o IBAMA deve suspender a proibição de sua criação, imediatamente e difundir os conceitos básicos para que o animal possa ser aproveitado racionalmente. Mas enquanto isso não acontece, o governo deve incentivar o uso deste novo manejo para a criação dos caracóis do gênero Helix pp., gênero cuja criação é permitida pelo IBAMA no Brasil. No entanto, seu desempenho zootécnico não se compara a do Achatina fulica que, além de muito mais prolífero, também é altamente resistente a doenças. Outra espécie com enorme potencial nutricional e já aproveitado no Nordeste, é o Pomacia ssp.. que tem na inesquecível pesquisadora Dra Vera Lobão uma referência mundial. ☼ Referências: BERTRAN, Paulo. História da Terra e do Homem no Planalto Central: eco -história do Distrito Federal do indígena ao colonizador. Disponível em: <http://www.pirenopolis.tur.br/arquivo/historia_da_terra.pdf> Acesso em: 20 mar 2010. Achatinas alimentando-se de ração de cães e codornas Como os principais agentes etiológicos eliminados nas fezes, principalmente vermes e protozoários, necessitam de um tempo para se tornarem infectantes, a limpeza diária da caixa do fundo, associados a outras formas de profilaxia, como a pulverização dos animais 1 X ao dia, com água misturada com sumo de hortelã, nos permite, praticamente, eliminar a • Achatinafulica.com NEWS Nº 6 / Abr. 2011 NUT/FS/UnB – ATAN/DAB/SPS. Alimentação e Cultura. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/alimentacao_cultura.pdf> Acesso em: 11 abr 2010 RIBAS, Jaceguay. Criação de Caracóis. Nova opção econômica brasileira. Editora Nobel, São Paulo, 1894. Agradecimento a Raimundo Carneiro de Oliveira que me auxiliou na contagem dos animais durante toda a madrugada. p.09 Pass this information for your contacts. disponíveis sobre o caramujo gigante africano na internet foi realizado um novo estudo em 2010. Este trabalho teve por objetivo verificar se as informações disponíveis estavam corretas e se o direcionamento dos dados para o público alvo (a sociedade) era adequado para orientar planos de manejo, controle e erradicação do caramujo invasor. O trabalho realizado por Colley & Fischer (2009) evidenciou que as ações de controle e manejo de A. fulica não têm contribuído para a diminuição de suas populações. No caso do caramujo africano a primeira etapa do manejo é diagnosticar o perfil de sua população que na maioria dos casos está associado a ocupação humana. A próxima etapa é escolher a melhor medida de controle e adaptá-la a realidade local. Colley (2010) relacionou as principais formas de combate ao caramujo africano utilizadas em todo mundo, destacando-se a coleta manual como o método mais recomendado para solucionar o problema do caramujo africano. Tendo em vista que se for executada corretamente, apresenta resultados satisfatórios e não coloca em risco a biodiversidade e a saúde humana. Um exemplo de sucesso no controle e erradicação de A. fulica ocorreu em Miami, nos Estados Unidos, em que a invasão do caramujo foi erradicada após seis anos de trabalho (Colley, 2010). No entanto a dificuldade em se avaliar os reais impactos da A. fulica impossibilita a comparação do danos significativos na agricultura, saúde e ambiente o que dificulta as ações de manejo (Colley & Fischer, 2009). Em campo além dos estudos de diagnóstico e monitoramento ambiental foram realizadas avaliações complementares para os estudos laboratoriais. Desta forma, estudos de taxa de re-colonização, determinação de fauna associada, de animais que estão utilização o caramujo como recurso alimentar e de comportamento gregário e de homing foram desenvolvidos (Fischer & Costa, 2010). Em laboratório foram conduzidos monitoramento de fertilidade e sobrevivência dos filhotes (Fischer, 2009), de uso de recursos alimentares (Fischer et al., 2008) e de mecanismos de defesa (Fischer, 2009), sendo a capacidade adaptativa da A. fulica evidenciada também em analises etológicas. Para complementar o protocolo de diagnóstico e monitoramento também foram conduzidos estudos de correção da maturidade das gônadas com o tamanho dos animais e da avaliação das propriedades anti-microbiana do muco e resistência dos animais a molucicidas tradicionais. Todos esses estudos visaram o conhecimento da espécie e subsidiar a elaboração de métodos de controle e manejo. A última parte de nossos estudos que está em andamento visa a compreensão da ecologia química da espécie, desta forma estudos sobre influência da população na mortalidade, dispersão e fertilidade, bem como na competição e territorialidade foram conduzidos. O comportamento gregário e do homing foram estudados tanto em campo quanto em laboratório evidenciando que esses mecanismos são extremamente flexíveis e utilizados como estratégias de sobrevivência em diferentes contextos e mediados por múltiplos fatores. A comunicação química foi explorada ao estudar a influência do muco na navegação e orientação pelo ambiente, e conforme já havia sido constatado nas propriedades microbiológicas do mesmo, há uma variação individual e temporal que determinam a composição do mesmo, sendo utilizado para comunicação, tanto das condições do animal como do ambiente, possivelmente indicando estágio reprodutivo, parentesco, tamanho da população, recursos alimentares, condições estressantes. Semioquimicos liberados por matrizes orgânicas animal e vegetal também são utilizadas para navegação e determinação tanto do sítio de alimentação quanto de repouso e podem ser a chave para elaboração de armadilhas eficazes e específicas. Todos esses estudos estão em fase de análise. Paralelamente ao estudo da A. fulica, também desenvolvemos estudos com o caramujo nativo Megalobulimus paranaguensis Pilsbry & Ihering, 1900 endêmico do litoral paranaense e de ocorrência freqüente nos mesmos ambientes ocupados pelo caramujo invasor. Alguns pesquisadores relataram a possibilidade do impacto do caramujo invasor nas espécies nativas, principalmente os grandes Pulmonata, diante disso passamos a monitorar a fertilidade, alimentação e comportamento desses animais em laboratório e conduzir alguns estudos de reconhecimento químico e competição entre as espécies. Esses estudos também estão em fase de análise. Os dados acumulados em quase uma década de estudos ininterruptos com o caramujo A. fulica nos permite caracterizar suas estratégias adaptativas que faz com que tenha sucesso de colonização em diferentes ambientes. É justamente essa flexibilidade na utilização de mecanismos biológicos básicos como fecundidade, hábito alimentar generalista, estivação, enterramento, agregação e homing em diferentes contextos que faz com que a ação de controle e manejo deva ter um caráter local. Por isso o diagnóstico da população com base em dados biológicos e ecológicos é fundamental. Achatinafulica.com NEWS Nº 6 / Abr. 2011 p.10 Print out this poster and publish in your university or department. Thanks. O caramujo A. fulica possui vários predadores e parasitas que podem prejudicar o desenvolvimento do indivíduo e até levá-lo a morte. Colley (2010) apresenta uma lista completa dos inimigos do caramujo africano registrados em todo o mundo. No litoral paranaense foram observados alguns animais utilizando o caramujo invasor como alimento (Fischer & Colley, 2004; 2005), entretanto, aparentente o principal inimigo do caramujo africano observado em diferentes países é a bactéria Aeromonas hydrophila que gera uma doença nos tecidos da pele e de órgãos internos do molusco (Fischer et al, 2010). A ação desta bactéria enfraquece a população de A. fulica reduzindo o tamanho dos caramujos e tornando as conchas fracas e deformadas. Esta doença é considerada a principal razão para explicar a redução espontânea da população do caramujo invasor após uma fase de expansivo crescimento populacional. Este fenômeno denominado “declínio espontâneo” é explicado em detalhes por Fisher et al. (2010), o qual torna a população do molusco mais suscetível a outros parasitas como nematóides, fungos, ácaros e dípteros. Fischer & Colley (2004) salientam a importância de considerar o declínio espontâneo durante a fase de diagnóstico.Os moradores das cidades litorâneas atingidas pela invasão do molusco foram entrevistados para saber o grau de conhecimento da sociedade sobre aspectos da biologia e ecologia relacionadas ao caramujo (Fischer & Colley, 2004; 2005). A maioria das pessoas demonstrou conhecimento sobre a espécie invasora e também sobre os moluscos nativos. Entretanto ficou evidente que a sociedade em geral desconhece os verdadeiros agravos de saúde causados pelo caramujo e relataram realizar métodos de controle inadequados. Outro problema relatado é que muitas pessoas não fazem nenhuma distinção com as espécies nativas quando realizam o controle da população do caramujo invasor, colocando em risco toda biodiversidade local.
Documentos relacionados
QUEM TEM MEDO DO CARACOL?
estado do Rio de Janeiro. Exames parasitológicos e histopatológicos foram realizados e uma grande incidência de nematódeos, não identificados por mim na época, foi encontrada em caracóis do gênero ...
Leia maisnunca antes na história desse país
nhas", por exem2010). plo... mas não por Há ainda uma citação feiisso têm que ir à ta por Caldeira(2007, loucura coletiva do p.887) de um óbito 10 diextermínio! :-( as após a ingestão do Africano, ...
Leia maisentrevista sobre o africano: verdades e mentiras
Esquistossomose, uma gravíssima doença transmitida por outros moluscos nativos, tem que parar, caso queiramos contribuir para a formação, política e ecologicamente correta, de pesquisadores respons...
Leia mais