informativo caracol 6

Transcrição

informativo caracol 6
Informativo Achatinafulica.com News Nº 6 / Abril de 2011
DESINFORMAÇÃO INSTITUCIONALIZADA
O jornalista Fernando Salermo escreveu uma crítica sobre a imprensa que define, essencialmente, o que temos
visto quando o tema Caramujo Africano (Achatina fulica) é
abordado pelos meios de comunicação:
“A cada momento, deste final de milênio, estamos sendo bombardeados por uma série de informações jornalísticas que nos
levam a repensar qual seria, de fato, o papel da imprensa moderna e, até que ponto, ela conserva seu princípio ético de
divulgar temas de interesse público ou se, alternativamente, ela
vem explorando assuntos interessantes para o público. Muito
tem se falado na distinção existente entre a chamada grande
imprensa caracterizada como séria, formadora de opinião e a
pequena imprensa, que apela para aspectos popularescos,
manipulando os leitores, divulgando informações sensacionalistas. Se o aspecto crítico é característica da primeira, parece
correto afirmar que a função apelativa é atributo da segunda.
[...] A linha divisória entre o interesse público e o interessante
para o público é tênue e depende, em parte, do modo pelo qual
é explorado sob o ponto de vista jornalístico. [...] É urgente
publicar mensagens que, comprometidas com a verdade, apresentem soluções críticas e criativas para uma sociedade que,
sedenta de curiosidade, possa vir a se tornar sedenta de conhecimento e mais próximas do amor.” (SALERNO, 2011)
Um exemplo: há dias a imprensa catarinense vem divulgando, por exemplo, que Florianópolis está sendo invadida por um caramujo exótico que pode transmitir doenças
graves e potencialmente fatais ao toque, recomendando,
inclusive, o uso de luvas ao manuseá-los. É compreensível que a imprensa divulgue afirmações de técnicos desinformados que preferem criar pânico ao invés de se
atualizarem adequadamente sobre o tema, no entanto, o
que não tem explicação é que, esses mesmos veículos
de informação não divulguem o conteúdo dos informativos que tenho enviado, com informações corretas, para
transquilizar a população.
O pesquisador carioca, Rodney F. de Carvalho, autor do
artigo, “Pobre não pode comer Escargot”, publicado no
informativo nº4, disse que uma das suas preocupações é
“a maneira como a ‘Verdade Científica’ é construída e
chega ao povo em geral. Estou impressionado com o tratamento dado pelas autoridades sanitárias à ‘praga’ do
caramujo gigante africano, Achatina fulica.” De acordo
com Carvalho:
“o texto da Dra. Silvana Carvalho Thiengo, Pesquisadora Titular
do Departamento de Malacologia do Instituto Oswaldo Cruz, [...]
Achatinafulica.com NEWS Nº 6 / Abr. 2011
mostra, entre outras coisas, que: ‘Entre equívocos e exageros, a
divulgação de que os animais transmitiriam doenças capazes de
levar à morte fez com que o pânico, associado ao pouco conhecimento científico sobre a espécie, obscurecesse questões fundamentais, como a perda da biodiversidade nos nossos ecossistemas. [...] Angiostrongilose abdominal [...] é transmitida por
caramujos nativos, e não pelo [...] gigante africano. Não há,
inclusive, registro de exemplares de A. fulica naturalmente infectados no Brasil e, além disso, estudos em laboratório também
indicam que A. fulica não é uma boa transmissora dessa parasitose. A infecção humana acontece principalmente pela ingestão
de hortaliças contaminadas com as larvas do verme, presentes
no muco deixado pelo molusco ao se movimentar. A profilaxia é
simples: após serem lavadas em água corrente, as hortaliças
devem ser deixadas de molho em solução de água sanitária a
1,5% (mais ou menos uma colher de sobremesa de água sanitária diluída em 1L de água) durante 15 a 30 minutos.”
A verdade é que, desde a introdução do Caracol Africano
(Achatina fulica) no Brasil, sempre houve uma
preocupação
exagerada
pela
transmissão
do
Angiostrongylus cantonensis, causador da meningite
eosinofílica. Não há como negar essa remota
possibilidade, sob condições especiais, como quando o
Achatina fulica contaminado for ingerido cru ou mal
cozido.
Caldeira em 2007 diagnosticou, pela primeira vez no país,
um Achatina naturalmente infectados com Angiostrongylus cantonensis, na cidade de Vitória, capital capixaba,
responsável por “um caso [...] de meningoencefalite eosinofílica que resultou em óbito.” O segundo caso foi relatado em 2009, por Lima, na cidade de Recife, capital pernambucana. Ambas são cidades portuárias, por onde os
roedores contaminados com o A. cantonensis devem ter
chegados através de navios de áreas endêmicas.
Mas o risco que corremos em contrair uma das
parasitoses citadas através do Achatina fulica, 23 anos
depois de sua introdução no país, demonstrou-se ser
insignificante: um obto há cada 11.5 anos.
O A. costaricensis, causador da angiostrongilose
abdominal é transmitido, preferencialmente, pelas lesmas
nativas da família Veronicellidae, principais hospedeiros
intermediários
dessa
enfermidade
no
Brasil.
(NEUHAUSS, 2007)
p.01
Informativo Achatinafulica.com News Nº 6 Março de 2011
Comparativamente, o percentual de óbitos humanos no
mesmo período de tempo (1980 a 2003), produzidos pela
esquistossomose, uma doença grave, transmitida pelo
caramujo do gênero Biomphalaria, nativo do Brasil e de
conhecimento geral a décadas, de acordo com Ferreira
(2010, pg. 69), foi responsável por “14.463 óbitos” ou 628
mortes por ano. Isso significa dizer que, para cada caso
de Meningite Eosinofílica transmitido pelo Achatina fulica
no Brasil, temos 7231 óbitos por “barriga d’água”.
O Caracol Africano é largamente consumido como alimento na França, África e Ásia, constituindo-se num importante recurso alimentar, no entanto, no Brasil, onde há
um enorme potencial para produzi-lo a um custo extremamente baixo, a imprensa, os principais formadores de opinião do país, difunde matérias onde recrimina o seu consumo, alegando ser danoso à saúde humana; que a sua
carne é imprópria ou que, ao simples toque, pode levar à
morte, induzindo a população a sacrificar, não apenas o
Caracol Africano mas, como consequência do pânico,
lesmas e caracóis nativos, alguns, ameaçados de extinção.
em:<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S00742762007000700018&script=sci_arttext&tlng=en> Acesso em: 20 de mar de 2011.
FERREIRA, Israel de Lucena Martins Ferreira e SILVA, Tiago Pessoa Tabosa.
Mortalidade por esquistossomose no Brasil: 1980-200. Revista de Patologia Tropical. Disponível em:
<http://www.revistas.ufg.br/index.php/iptsp/article/viewFile/1817/1736> Acesso em:
18/12/2010
LOBÃO, Vera Lúcia (Coord.). Comissão interinstitucional para o ordenamento e a
normatização da criação da espécie exótica Achatina fulica. São Paulo, SP: Instituto de Pesca, Volume 2, 46 p. Março de 2002.
NEUHAUSS, Erli; FITARELLI, Monaliza; ROMANZINI, Juliano; GRAEFFETEIXEIRA, Carlos. Low susceptibility of Achatina fulica from Brazil to infection with
Angiostrongylus costaricensis e A. Cantonensis. Pontificia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul (PUCRS) e Laboratório de Biologia Parasitária, Faculdade
de Biociências da PUCRS. Porto Alegre, RS, 2007.
SALERNO,Fernando Mauro M.. O papel da imprensa. Disponível em:
<http://www.hottopos.com/mirand3/opapelda.htm> Acesso em: 16/02/2011
Há pelo menos 20 anos a imprensa brasileira profetiza,
repetindo afirmações de técnicos desinformados que, o
caracol africano produziria epidemias com grandes mortalidades junto a população humana; que arrasaria plantações de interesse comercial trazendo a fome e grandes
prejuízos econômicos ao campo e seria responsável pela
extinção de espécies da flora e fauna nativas brasileiras.
Previsões pessimistas que não se concretizaram, mas
que, infelizmente, geraram muito estrago.
Vai dar trabalho reverter esta situação e a imprensa terá
que assumir sua parcela de responsabilidade e participar
nesse processo de reeducação hercúlea. Só que, agora,
os jornalistas terão que estudar mais e consultar pesquisadores capacitados.
Quero deixar claro que não sou partidário da introdução
de espécies exóticas no país, mas considero que a exploração do potencial zootécnico, nutricional e farmacológico
do A. fulica hoje, uma vez que ele já está presente em 26
dos 27 estados brasileiros, será a única forma de controlar a sua população, a exemplo da China. Tenho convicção que esta espécie poderá contribuir para minimizar a
fome e a desnutrição no Brasil pois detém, todas as qualidades necessárias, para esta empreitada, mas para isso
o IBAMA deverá reavaliar, corajosamente, a sua posição
e liberar a sua exploração racional, obedecendo as recomendações da comissão de alto nível, criada, em 2002,
que definiu sua criação como social e economicamente
viável desde que conduzida segundo as diretrizes
propostas de modo a não agredir o meio ambiente e
preservar a saúde pública.” (LOBÃO, p.42, 2002 ).☼
Referências:
CARVALHO, Rodney F. de. Pobre não pode comer escargot. Disponível em:
<http://smtpilimitado.com/kennel/caracol4.pdf > Acesso em: 17/02/2011
CALDEIRA, Roberta Lima et al. First Record of molluscs naturally infected with
Angiostrongylus cantonensis (Chen, 1035) (Nematoda:Metastrongylidae) in Brasil.
Mem Inst. Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Vol. 102(7): 887-889, 2007. Disponível
Achatinafulica.com NEWS Nº 6 / Abr. 2011
p.02
A HISTÓRIA DA INTRODUÇÃO DO
CARACOL AFRICANO NO BRASIL.
As informações contidas nos dois
comunicados abaixo, que narram o
histórico do Caracol Africano no Brasil, estão publicados no site NOTÍCIAS-MALACOLOGICAS
(http://noticias-malacologicasam.webnode.pt/achatina-fulica/) e
foram encaminhadas para publicação pelo pesquisador, geógrafo e
conceituado malacologista, Ignácio
Agudo.
“ARQUIVO DO FÓRUM PDPM/ AM
Transmissão datada 22/01/2011
Re: Achatina fulica - respondendo
(... fragmentos da transmissão !) Autoria:
Pedro Pacheco, Engenheiro Florestal M.S.
Dr. [email protected]
O denominado Caracol Gigante Africano,
"Achatina (Lissachatina) fulica (Bowdich,
1822)", conforme os documentários/ anais
referenciais disponíveis, foi introducido
- num primeiro momento - "de contrabando"
no Brasil (... vía "Mala Diplomática" !!!)
através da cidade de Curitiba, Estado do
Paraná - PR, no ano de 1988, recepcionada
por importante "criador de escargots" local, fatos estes refletidos na literatura
técnica (Teles & Fontes 2000) e, com luxo
de "nomes" e detalhes na agropecuáriodivulgativa (Globo 1994, p. 29), constando
ainda o seguinte: "... foi a partir de 2
matrizes, introduzidas clandestinamente no
ano de 1988 pela cidade de Curitiba, Estado de Paraná, procedentes da "Indonesia",
que 2 anos depois, no mês de Outubro de
1990, se iniciou a disseminação do caracol/escargot gigante africano pelo território nacional com a comercialização, na
mesma cidade capital Paranaense, das primeiras 100 matrizes descendentes diretas
de aquelas primeiras 2 introduzidas de
contrabando no país, virando as últimas
responsáveis pela produção das matrizes
comercializadas posteriormente pelos criadores (Globo 1992; Globo 1994, pp. 2930)."
Num segundo momento, mais uma outra introdução" da espécie no território do Brasil
ficou verificada, acontecendo esta através
do "Porto de Santos/ Praia Grande", Estado
de São Paulo - SP, no início da década de
90, encontrando-se este último fato igualAchatinafulica.com NEWS Nº 6 / Abr. 2011
mente documentado, com luxo de "nomes" e
detalhes, na literatura monográfica específica malacocultora (Armellini & Santana
s/d).
“ARQUIVO DO FÓRUM PDPM/ AM
Transmissão datada 02/03/2004
Re: Achatina fulica - respondendo
(... fragmentos da transmissão !)
Prezados Senhores !
Pesquiso Achatina fulica há muitos anos,
desde 93 ... Quando foi introduzida no
Brasil:
Achatina fulica foi introduzido no Brasil
ao término da
década de 70 ou inicio de
80. Quem introduziu foi um funcionário da
Secretaria de Agricultura do Paraná, quando da sua ida a Indonésia, ele os trouxe
no bolso.Posteriormente ele cedeu os animais ao Sr. Ferenc Polena, Presidente da
Associação de Criadores de Escargot do Paraná, que então iniciou a divulgação da
espécie. Isto pode ser verificado em exemplares do Globo Rural da época. Posteriormente, já em meados da década de 90, houve
uma reintrodução através do Heliciário Kapiatã
de Praia Grande - Santos.
O proprietário deste estabelecimento possuía
animais muito diferentes fenotipicamente,
daqueles do Sr. F. Polena, eram maiores,
carne negra, colocavam o dobro de ovos e
indivíduos adultos podiam pesar até 500
gramas. Perguntamos qual era a origem deste material, ele nos afirmou que os obtinha de navios africanos, pois os tripulantes os levavam como fonte de alimento. Eles trocavam os animais por caixas de chicletes, afirmou ainda que isto era possível por ele trabalhar no porto. Esta pessoa fez uma divulgação intensa da criação
destes animais no litoral, tendo inclusive
publicado um livro intitulado "Fique rico
criando scargots". A imprensa também contribuiu pois ele fez parte de inúmeras reportagens.
Será que estes scargots, que hoje infestam
o litoral de SP são a espécie citada, segundo alguns autores confiáveis podem
existir até 300 tipos entre espécies, variações e raças regionais de
Achatina ;
só o A.fulica possui 5 subespécies.
Pedro Pacheco, Engenheiro Florestal M.S.
Dr. [email protected] “
☼
p.03
Opinião dos Internautas
Mensagens recebidas através do blog caramujoafricano.com
Mercedes
Gostei do seu blog. Sou brasileiro e vivo há
20 anos em Portugal. Existe muita gente aqui
com nojo dos caracóis, mas mesmo assim o
consumo durante o verão, nas explanadas
andam em torno das 600 toneladas. É o petisco de verão
preferido para ser acompanhado com uma cervejinha
(IMPERIAL, CHOP). A procedência dos caracóis e caracoletas na sua maioria são de Marrocos, Espanha e há muito comércio paralelo que é a apanha por grupos étnicos que vendem sem factura para os cafés e restaurantes locais. Em Portugal existem duas empresas com um certo peso, mas não
conseguem produzir o suficiente para o mercado nacional e
algumas delas preferem a exportação.
Pus um link seu no meu blog. Espero que não se importe. [...]
A helicicultura em Portugal é recente, começou artesanal,
mas os estudos na área foram adquiridos através dos franceses que são os maiores consumidores europeus. Os espanhóis também desenvolveram muitas técnicas, pois o maior
controle sanitário passa por eles.
Quanto a Marrocos, não temos muitas informações e nem
sabemos se os caracóis não estão sobre a influência de
algum fertilizante.
Por causa disso, para se controlar o que se come, os criadores pretendem fundarem associações para o controle
dos caracois que entram em Portugal, pois só assim poderá fazer pressão sobre a legislação no que diz respeito as
leis.
No Ribatejo, Santarém, dizem que os caracóis são mais
saborosos devido ao clima e a proximidade das oliveiras.
Isso eu não garanto, mas que são bons, ahhh, isso é verdade! http://negociosdecaracois.blogspot.com/2011/01/
festival-nacional-do-caracol-em-lerida.html
[...] Aqui em Portugal o Caracol Africano só é conhecido
através das feiras agrícolas, quando os Espanhóis expõem as suas culturas. É muito raro acontecer. A notícia
que encontramos é que o Caramujo Africano é transmissor de "Esquistossomose", doença que têm envolvimento,
normalmente em águas paradas [...] uma vez apanhei
em Sergipe, há 30 anos atrás quando cai num rio de água
parada, fora isso, não tenho outros conhecimentos a não
ser através da pesquisa.
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Caramujo
Africano
Você tem uma opinião útil para compartilhar
sobre o Caracol Africano? Escreva para
[email protected].
“Abra a boca e solte o verbo.”
Inscreva-se no facebook através do Blog
www.CaramujoAfricano.com
Em Portugal, acredito que alguém tenha o Caramujo Africano, mas desconheço.
JANUARY 28, 2011 9:11 AM
Geovanehellgrenn
Com toda certeza sei que o caramujo africano é comestível e que também nossas espécies podem vir a ser
vetores!!!
Creio que o incentivo consciente de seu consumo é
a solução para a super população no Brasil e outros
países.
JANUARY 17, 2011 11:21 AM
QUER DAR O SEU DEPOIMENTO EM FAVOR DO CARACOL AFRICANO?
Escreva para [email protected]
Achatinafulica.com NEWS Nº 6 / Abr. 2011
p.04
Achatinafulica.com NEWS Nº 6 / Abr. 2011
p.05
Anemia infantil ainda é uma ameaça no Brasil,
junto com o preconceito alimentar e a
ignorância dos técnicos em geral
dos. De acordo Ahel (2010, p.1), Ukpong Udofia, nutricionista da Universidade de Uyo, que analisou o valor nutricional da carne de caracol, “ela tem um alto teor de ferro e
proteínas [...] além de conter muitos nutrientes essenciais,
como cálcio, magnésio e vitamina A. [...] Udofia testou o
sabor e aceitação dos caracóis solicitando a opinião de um
grupo de mães e crianças em idade escolar, que tiveram
que escolher entre uma torta feita de caracóis e outra, de
carne. A maioria preferiu a aparência, a textura e o sabor
“Criança morta” de Portinari
Dados recentes divulgados pela
Secretaria da Saúde no Brasil
“alertam sobre a incidência de
casos de anemia em crianças
de todo o Brasil, principalmente
na região nordeste do país. Os
números ainda revelam que
82,7% das crianças com idade
entre onze e treze meses de
idade, que moram nessas cidades, apresentam quadro de anemia, um dos problemas nutricionais
mais presentes em todo o munDuas dúzias vendidas por $4.89
do. [...] A disparidade de casos
no exterior.
de anemia infantil em algumas
localidades se deve a não adesão do governo e da população às medidas indicadas por médicos e autoridades.
“Entre os principais fatores que contribuem para a diminuição da doença estão o aleitamento materno, exclusivo até
os seis meses de vida, implantação de programas de saneamento básico, erradicação de doenças infecciosas e
parasitárias e maior ingestão de alimentos enriquecidos
com ferro como farinhas de trigo, leite e demais alimentos
infantis’,
conta
a
especialista.” (NORDESTETUDOTEM.COM, p.1, 2011)
Mas no Brasil, enquanto a imprensa e os órgãos de saúde
pública tratam o Caracol Africano (Achatina fulica) como
uma espécie potencialmente perigosa, em todos os senti-
Torta ofertada por Udofia
da torta de caracóis.”
No Brasil, como na “África e nos países em desenvolvimento em geral, a anemia ferropriva, causada pela carência de Ferro na alimentação, é comum em crianças e mulheres. Esta anemia, agravada por doenças como a malária, contribui para um quinto das mortes maternas, segundo a Organização Mundial de Saúde. [...] Pa Tamba Ngom,
um pesquisador do programa de nutrição médica da Gâmbia Research Council, disse que a carne de caracol
tem figurado na dieta dos países asiáticos e do povo
africano que vive em regiões florestais há milhares de anos. ‘Aqui no oeste africano, no Senegal e Gambia, o caracol é muito popular e é o principal ingrediente do Benachin, um prato típico, uma espécie de risoto’.“ (AHEL,
2010, p.1) Enquanto isso, aqui no Brasil, ele é responsável
por uma histeria coletiva. ☼
Referência:
NORDESTETUDOTEM.COM. Anemia infantil ainda é uma ameaça no Brasil. Disponível em: <http://www.nordestetudotem.com/classificados/artigos/127/Anemiainfantil-ainda-%C3%A9-uma-amea%C3%A7a-no-Brasil.> Acesso em: 08/03/2011
AHEL, Wagdy Saw. Snails provide a tasty source of iron, study finds. Disponível
em:
<http://www.scidev.net/en/health/the-challenge-of-im provingnutrition/news/snails-provide-a-tasty-source-of-iron-study-finds.html > Acesso em:
21/12/2010
Escrito por Mauricio Aquino, MV. Aluno do curso de mestrado em Ciências da Saúde, UFAL.
NOVO MANEJO INTENSIVO PARA
CRIAÇÃO DE CARACÓIS
Mauricio Carneiro Aquino, MV.
Pós-graduação em Docência para o Nível Superior.
Aluno do Curso de Mestrado em Ciências da Saúde da UFAL
www.caramujoafricano.com / [email protected]
Os moluscos terrestres sempre representaram uma
opção alimentar fundamental na história do homem.
Os caracóis são consumidos como alimento desde a
era Paleolítica em quase todos os continentes. Grandes quantidades de conchas encontradas pelos arqueólogos próximas as cavernas ou em sambaquis
no norte da África, que datam da pré-história, confirmam o seu largo consumo, especialmente, nos períodos de pouca caça, pois eram fáceis de encontrar e
armazenar por longos períodos, graças a sua fisiologia.
Bertran (2010, pg. 8) assim descreve a existência dos grupos humanos na pré-história na
região centro-oeste brasileira: “As condições climáticas influíam poderosamente
na dieta alimentar dos grupos indígenas.
Para se ter uma idéia dessas influências
não mais do que num curto intervalo de
300 anos, de 7.500 a 7.200 anos AP –
a região do abrigo de Serranópolis
aparece estando submetida a um período muito seco, sendo que a caça
deixou de influir significativamente
na alimentação e apenas a coleta
de moluscos, principalmente, e de
pequenos répteis manteve importância. Mais do que nunca, entre
7.000 e 6.600 anos AP a alimentação de origem animal, restringiuse aos moluscos, pois até os répteis
pouco aparecem, comenta o professor Moreira.
Eis o homem pré-histórico brasileiro como cultor
do ‘francesíssimo’ escargot, o delicioso caramujo.
De fato, pesquisas atuais indicam que em 200 gramas de molusco há 50 de proteínas, o que leva
Luiz Moreira a conjeturar que “a obtenção de alimentos nunca se constituiu em grandes problemas
para aquelas comunidades e que o homem préhistórico da região teria um regime alimentar conveniente”.
Enquanto diretor de Espeleomergulho do Centro Espeleológico de Alagoas (CEA) encontrei, em 1999,
durante uma excursão do grupo, ao interior de caverAchatinafulica.com NEWS Nº 6 / Abr. 2011
nas na cidade de
ga, na Bahia, próxicom Sergipe, blocos
quis, contendo aconchas de Megaprocesso de fossimonstrando
o
por antigos onesta região,
de anos.
Os
Paripiranmo à divisa
de sambamontoados de
lobulimus em
lização, deseu consumo
cupantes
há milhares
médicos da
Antigüidade
(séculos V a
X d. C.), em
geral, conheciam os efeitos
preventivos
e
terapêuticos
da
alimentação. Textos
de Hipócrates, célebre médico da Grécia
antiga, revelam alguns
produtos alimentícios consumidos pelos gregos e também a associação entrealimentos
e o combate a doenças. São citados
[...] moluscos. [...] A alimentação na Roma
antiga era bastante parecida com a alimentação na Grécia. (NUT/FS/UnBATAN/DAB/SPS,
2010)
A criação propriamente de caracóis não é uma atividade recente; gregos e romanos tornaram-se, grandes apreciadores desses moluscos e levantamentos
arqueológicos do acampamento de uma legião romana acantonada na antiga Gália, hoje França, demonstraram que os escargots eram alimento exclusivo dos
oficiais romanos. Já Ribas (p.17,1984) comenta que
“há referências a várias criações organizadas em cativeiro na Roma antiga”.
Na Idade Média foi largamente consumido nos mosteiros, como alimento durante as vigílias e durante a
sexta-feira da Paixão quando é desaconselhada, a
ingestão de carne.
p.06
Contemporaneamente é servido, informalmente, co- criações comerciais de caracóis no exterior é a extenmo petisco em bares da Espanha e de Portugal, frito siva.
ou empanado, acompanhado de cerveja; ou sofisticaMas no Brasil, a criação intensiva em caixas foi a fordamente, como iguaria nos restaurantes franceses.
ma mais difundida nas décadas de 70 a 90, no entanNo dia-a-dia o seu consumo faz parte da cultura tradi- to, esta prática apresenta grandes desvantagens: primeiramente, a necessidade de mão-de-obra intensiva
cional dos camponeses franceses.
porque caixas com componentes fixos, com muitos
Em alguns países da África, a exemplo de Gana, o cantos de difícil acesso, dão trabalho para higienizacaracol não é apenas uma das fontes protéicas mais ção, consumindo muito tempo e mão-de-obra.
consumidas, mas também está associado à tradição
Em segundo lugar, o manuseio excessivo dos anie a rituais religiosos.
mais para a realização de uma higienização minimaNo Brasil, o consumo de caracóis está quase restrita mente satisfatória, gera muito estresse, especialmena duas parcelas da sociedade, antagônicas a maioria te porque os caracóis são manipulados durante o seu
dos demais hábitos. Ou é uma minoria de alta renda, período de repouso fisiológico, entre as 08:00 e 18:00
gourmets e europeus, que moram no país ou, por ou- horas, que coincide com o horário comercial de trabatro lado, são os rurícolas de baixa renda, em especial lho.
no Norte e no Nordeste, que se atiram à coleta de
caracóis nativos como uma das poucas alternativas Finalmente, a dificuldade de higienização gerada peem períodos de carência alimentar ou para ser utiliza- las caixas de madeira e tela, engendrava condições
ideais para a proliferação de microorganismos: bactédo na zooterapia tradicional.
rias, vermes e protozoários, contribuindo para uma
De acordo com Brandão (2010) o gênero nativo mais mortalidade significativa e até epidemias.
consumido no país é o Pomacea.
No entanto, a criação intensiva, se realizada corretaAtualmente a forma de criação mais adotada nas
COMPORTAMENTO DO ACHATINA EM BACIAS PLÁSTICAS PARA CRIAÇÃO INTENSIVA
60
10; 49
50
12; 49
14; 49
16; 49
18; 48
8; 45
20; 45
8; 44
24; 41
4; 39
Nº DE CARACÓIS
40
22; 37
6; 40
2; 36
Animais na cx sup
Animais na cx inf
30
20
2; 13
22; 12
4; 10
10
24; 8
8; 4
0
8
6; 9
8; 5
20; 4
10; 0
12; 0
14; 0
16; 0
10
12
14
16
18; 1
18
20
22
24
2
4
6
8
HORAS DO DIA
Achatinafulica.com NEWS Nº 6 / Abr. 2011
p.07
mente, apresenta grandes vantagens, entre elas o
menor tempo entre o crescimento e o abate dos caracóis; menores perdas devido às intempéries e os predadores; menor espaço necessário para uma alta
produção. No entanto, para que a criação intensiva
possa ser adotada com sucesso ela tem que ser reformulada, drasticamente.
Como pesquisador e criador, pude observar o comportamento dos animais e de seus principais parasitos e com o tempo, aperfeiçoar o manejo para minimizar as desvantagens deste tipo de criação. Primeiramente, analisamos a fisiologia comportamental básica do Achatina fulica.
Bacias plásticas sobrepostas
Bacia inferior, grade de sustentação, comedouro e bebedouro
Colocamos 49 animais da espécie Achatina fulica asselvajados entre duas bacias plásticas, emborcadas
uma sobre a outra e separadas, parcialmente, por
uma tela de sustentação para o comedouro e o bebedouro. Os caracóis foram observados a cada 2 horas,
durante um dia inteiro. Registramos uma maior atividade dos componentes do grupo entre as 08:00 e as
18:00 horas e a atividade máxima foi registrada durante a noite, em torno das 02:00 horas, em plena
madrugada, onde 27% dos caracóis estavam em
franca atividade, se alimentando ou se locomovendo
ativamente. Entre as 10:00 e as 16:00 horas, período
em que os caracóis estavam num estado letárgico, no
teto da caixa superior, não foi registrada nenhuma
atividade. Essa simples observação nos permitiu sugerir uma nova metodologia de criação muito mais
eficiente.
A priori, a adoção das caixas plásticas, dispostas
uma sobre a outra, nos permite separar os animais
da maioria de seus dejetos. Durante o dia, entre as
10 e as 16 horas, os caracóis descansam no teto da
bacia superior. Já a bacia inferior, repleta de urina e
fezes depositadas pela gravidade durante a noite, fica
disponível para ser retirada para higienização junto
com a tela de sustentação, o comedouro e o bebedouro.
Na prática, a melhor hora para a retirada da bacia
inferior para limpeza é entre as 17 e 18 horas. A bacia superior, contendo a maioria dos animais é então
invertida, sendo posicionada do lugar da bacia inferior
que acabou de ser retirada. Sobre ela são colocada a
grade de sustentação, o comedouro com ração nova
e o bebedouro limpos e se quiser, legumes e vegetais. O ideal no momento do tratamento dos animais
é dispor de uma bacia, de uma tela, de um comedouro e de um bebedouro limpos, para a imediata substituição, produzindo, consequentemente, um estresse
mínimo sobre os animais.
Animais estivando no teto da bacia superior
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contaminação dos animais, sem o uso de desinfetanDurante o dia o funcionário responsável pela manutes ou medicamentos.
tenção da criação deve se dedicar a limpeza do ambiente do criatório e dos utensílios: as bacias, das gra- • Outro ponto positivo é que, as caixas plásticas,
des, dos comedouros que, se possível, devem secar
muito mais baratas que as de madeira e com maior
ao sol, para obter-se uma melhor higienização.
durabilidade, além de recicláveis, portanto, ecologicamente corretas, nos permite usar escovas, sabão e
As vantagens desse novo manejo são:
até desinfetantes, quando necessário, sem deixar ne• Uma perfeita higienização, diária, da área mais nhum resíduo no material, devido a sua impermeabilidade, evitando a contaminação dos animais quando
contaminada do conjunto, a caixa do fundo;
for reutilizada.
E finalmente, uma boa higienização nos permite
aumentar a concentração de animais por metro quadrado, aumentando a produção, sem aumentar, necessariamente, a mão-de-obra ou o tamanho da área
utilizada para a sua produção.
•
A adoção desse novo manejo na prática da criação
de caracóis pode resultar, com pouco muito investimento e esforço, numa fonte saudável e abundante
de nutrientes de alta qualidade para a população em
geral.
Bebedouro
Para o Achatina fulica deixar de ser um problema e
virar uma solução para o Brasil, o IBAMA deve suspender a proibição de sua criação, imediatamente e
difundir os conceitos básicos para que o animal possa ser aproveitado racionalmente.
Mas enquanto isso não acontece, o governo deve
incentivar o uso deste novo manejo para a criação dos caracóis do gênero Helix pp., gênero cuja
criação é permitida pelo IBAMA no Brasil. No entanto, seu desempenho zootécnico não se compara a do Achatina fulica que, além de muito mais
prolífero, também é altamente resistente a doenças. Outra espécie com enorme potencial nutricional
e já aproveitado no Nordeste, é o Pomacia ssp.. que
tem na inesquecível pesquisadora Dra Vera Lobão
uma referência mundial. ☼
Referências:
BERTRAN, Paulo. História da Terra e do Homem no Planalto Central: eco
-história do Distrito Federal do indígena ao colonizador. Disponível em:
<http://www.pirenopolis.tur.br/arquivo/historia_da_terra.pdf> Acesso em:
20 mar 2010.
Achatinas alimentando-se de ração de cães e codornas
Como os principais agentes etiológicos eliminados nas fezes, principalmente vermes e protozoários,
necessitam de um tempo para se tornarem infectantes, a limpeza diária da caixa do fundo, associados a
outras formas de profilaxia, como a pulverização dos
animais 1 X ao dia, com água misturada com sumo
de hortelã, nos permite, praticamente, eliminar a
•
Achatinafulica.com NEWS Nº 6 / Abr. 2011
NUT/FS/UnB – ATAN/DAB/SPS. Alimentação e Cultura. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/alimentacao_cultura.pdf>
Acesso em: 11 abr 2010
RIBAS, Jaceguay. Criação de Caracóis. Nova opção econômica brasileira. Editora Nobel, São Paulo, 1894.
Agradecimento a
Raimundo Carneiro de Oliveira
que me auxiliou na contagem dos animais durante toda a madrugada.
p.09
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disponíveis sobre o caramujo gigante africano na internet foi realizado um novo estudo em 2010. Este trabalho teve por objetivo verificar
se as informações disponíveis estavam corretas e se o direcionamento dos dados para o público alvo (a sociedade) era adequado para orientar planos de manejo, controle e erradicação do caramujo invasor.
O trabalho realizado por Colley & Fischer (2009) evidenciou que as ações de controle e manejo de A. fulica não têm contribuído
para a diminuição de suas populações. No caso do caramujo africano a primeira etapa do manejo é diagnosticar o perfil de sua população
que na maioria dos casos está associado a ocupação humana. A próxima etapa é escolher a melhor medida de controle e adaptá-la a realidade local. Colley (2010) relacionou as principais formas de combate ao caramujo africano utilizadas em todo mundo, destacando-se a
coleta manual como o método mais recomendado para solucionar o problema do caramujo africano. Tendo em vista que se for executada
corretamente, apresenta resultados satisfatórios e não coloca em risco a biodiversidade e a saúde humana. Um exemplo de sucesso no
controle e erradicação de A. fulica ocorreu em Miami, nos Estados Unidos, em que a invasão do caramujo foi erradicada após seis anos de
trabalho (Colley, 2010). No entanto a dificuldade em se avaliar os reais impactos da A. fulica impossibilita a comparação do danos significativos na agricultura, saúde e ambiente o que dificulta as ações de manejo (Colley & Fischer, 2009).
Em campo além dos estudos de diagnóstico e monitoramento ambiental foram realizadas avaliações complementares para os
estudos laboratoriais. Desta forma, estudos de taxa de re-colonização, determinação de fauna associada, de animais que estão utilização o
caramujo como recurso alimentar e de comportamento gregário e de homing foram desenvolvidos (Fischer & Costa, 2010).
Em laboratório foram conduzidos monitoramento de fertilidade e sobrevivência dos filhotes (Fischer, 2009), de uso de recursos
alimentares (Fischer et al., 2008) e de mecanismos de defesa (Fischer, 2009), sendo a capacidade adaptativa da A. fulica evidenciada também em analises etológicas. Para complementar o protocolo de diagnóstico e monitoramento também foram conduzidos estudos de correção da maturidade das gônadas com o tamanho dos animais e da avaliação das propriedades anti-microbiana do muco e resistência dos
animais a molucicidas tradicionais. Todos esses estudos visaram o conhecimento da espécie e subsidiar a elaboração de métodos de controle e manejo.
A última parte de nossos estudos que está em andamento visa a compreensão da ecologia química da espécie, desta forma estudos sobre influência da população na mortalidade, dispersão e fertilidade, bem como na competição e territorialidade foram conduzidos.
O comportamento gregário e do homing foram estudados tanto em campo quanto em laboratório evidenciando que esses mecanismos
são extremamente flexíveis e utilizados como estratégias de sobrevivência em diferentes contextos e mediados por múltiplos fatores. A
comunicação química foi explorada ao estudar a influência do muco na navegação e orientação pelo ambiente, e conforme já havia sido
constatado nas propriedades microbiológicas do mesmo, há uma variação individual e temporal que determinam a composição do mesmo, sendo utilizado para comunicação, tanto das condições do animal como do ambiente, possivelmente indicando estágio reprodutivo,
parentesco, tamanho da população, recursos alimentares, condições estressantes. Semioquimicos liberados por matrizes orgânicas animal
e vegetal também são utilizadas para navegação e determinação tanto do sítio de alimentação quanto de repouso e podem ser a chave para
elaboração de armadilhas eficazes e específicas. Todos esses estudos estão em fase de análise.
Paralelamente ao estudo da A. fulica, também desenvolvemos estudos com o caramujo nativo Megalobulimus paranaguensis Pilsbry
& Ihering, 1900 endêmico do litoral paranaense e de ocorrência freqüente nos mesmos ambientes ocupados pelo caramujo invasor. Alguns pesquisadores relataram a possibilidade do impacto do caramujo invasor nas espécies nativas, principalmente os grandes Pulmonata,
diante disso passamos a monitorar a fertilidade, alimentação e comportamento desses animais em laboratório e conduzir alguns estudos
de reconhecimento químico e competição entre as espécies. Esses estudos também estão em fase de análise.
Os dados acumulados em quase uma década de estudos ininterruptos com o caramujo A. fulica nos permite caracterizar suas
estratégias adaptativas que faz com que tenha sucesso de colonização em diferentes ambientes. É justamente essa flexibilidade na utilização de mecanismos biológicos básicos como fecundidade, hábito alimentar generalista, estivação, enterramento, agregação e homing em
diferentes contextos que faz com que a ação de controle e manejo deva ter um caráter local. Por isso o diagnóstico da população com
base em dados biológicos e ecológicos é fundamental.
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O caramujo A. fulica possui vários predadores e parasitas que podem prejudicar o desenvolvimento do indivíduo e até levá-lo a
morte. Colley (2010) apresenta uma lista completa dos inimigos do caramujo africano registrados em todo o mundo. No litoral paranaense foram observados alguns animais utilizando o caramujo invasor como alimento (Fischer & Colley, 2004; 2005), entretanto, aparentente
o principal inimigo do caramujo africano observado em diferentes países é a bactéria Aeromonas hydrophila que gera uma doença nos tecidos da pele e de órgãos internos do molusco (Fischer et al, 2010). A ação desta bactéria enfraquece a população de A. fulica reduzindo o
tamanho dos caramujos e tornando as conchas fracas e deformadas. Esta doença é considerada a principal razão para explicar a redução
espontânea da população do caramujo invasor após uma fase de expansivo crescimento populacional. Este fenômeno denominado
“declínio espontâneo” é explicado em detalhes por Fisher et al. (2010), o qual torna a população do molusco mais suscetível a outros parasitas como nematóides, fungos, ácaros e dípteros. Fischer & Colley (2004) salientam a importância de considerar o declínio espontâneo
durante a fase de diagnóstico.Os moradores das cidades litorâneas atingidas pela invasão do molusco foram entrevistados para saber o
grau de conhecimento da sociedade sobre aspectos da biologia e ecologia relacionadas ao caramujo (Fischer & Colley, 2004; 2005). A maioria das pessoas demonstrou conhecimento sobre a espécie invasora e também sobre os moluscos nativos. Entretanto ficou evidente que
a sociedade em geral desconhece os verdadeiros agravos de saúde causados pelo caramujo e relataram realizar métodos de controle inadequados. Outro problema relatado é que muitas pessoas não fazem nenhuma distinção com as espécies nativas quando realizam o controle
da população do caramujo invasor, colocando em risco toda biodiversidade local.

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