EnfErmEiros “sEm altErnativa”

Transcrição

EnfErmEiros “sEm altErnativa”
Selvagens voltam a despertar
«apetite» espanhol 6
1,50 €
SEMANÁRIO | ANO 15 | Nº 776
sexta-feira | 26 de Setembro de 2014
DIRECTOR: EDGAR R. AGUIAR
tribunadamadeira.pt
Enfermeiros “sem
alternativa”
Mais desemprego em agosto
Os enfermeiros madeirenses juntaram-se à
jornada de luta que esta quarta e quinta-feira
fizeram paralisar os serviços de saúde do país.
A classe queixa-se de “exaustão” e reivindica
mais profissionais, uma harmonização salarial
entre enfermeiros e igualdade nos horários de
trabalho relativamente a outros funcionários
públicos. O secretário da tutela já prometeu as
desejadas 35 horas semanais e novas contratações. Entretanto, os enfermeiros continuam a
engrossar as fileiras da emigração. 4 a 5
22
‘Pestana’ eleita melhor cadeia
hoteleira de Portugal
22
Excesso de medicação
preocupa especialistas
(In)segurança
nos lares
8e9
18
Madeira abre museus no
«Dia Mundial do Turismo»
32
“Vale a pena
apostar no Surf”
Informação online em www.tribunadamadeira.pt
10 a 13
2 semeador
Mentiras ilusões desconfianças e afins
Em 21 de Julho deste ano
eu e milhares de portugueses,
enquanto indivíduos ou corporativos, recebemos uma gentil missiva do então sebastiânico Bento.
Rezava o seguinte:
“Mensagem do Presidente
da Comissão Executiva
Estimado Cliente,
Os Clientes são a razão de
ser do BES. A sua confiança
é a base de todo o valor que
geramos. Ao tomar posse como
presidente da Comissão Executiva sinto, com orgulho e responsabilidade, o peso da valorosa confiança que em nós está
depositada.
O BES é uma instituição
assente na economia real e
líder europeu na satisfação ao Cliente. É uma instituição com um passado
histórico, um pilar da nossa economia, das nossas
empresas e dos portugueses em geral – e irá continuar a sê-lo.
A equipa de gestão que
lidero desde 14 de julho
está já a trabalhar com
todo o empenho para
reconquistar a confiança
dos mercados, gerando benefícios sustentáveis e abrindo
caminho a um novo capítulo
no Banco. E para continuar a
fazer aquilo que melhor sabemos, a excelência no serviço
aos Clientes.
É por isso que o BES foi ainda recentemente reconhecido
como banco líder na satisfa-
Olha a bruxa!
Pronto! Já sei que a seguir
a este alguém me vai telefonar
a dizer que estou feito e que
devo ir a correr comprar uma
cruzinha de alecrim…ou uma
pata de coelho (não é esse, é o
outro).
- Tem cuidado! Tem cuidado qu’elas vão atrás de ti!
E eu com isso?
A verdade é que nunca acreditei em bruxas, ou pseudoadivinhadoras do futuro. Em
bolas de cristal embaciadas,
em búzios que são jogados para
cima de uma esteira, em cartas
que trazem escritas a vida e a
morte, em etnias que lêem os
filhos e as saúdes e os anos nas
palmas das mãos. Em ambientes escuros com velas a arder e
espelhos que escondem alminhas do outro mundo (qual?).
Sei, inclusive, que até já houve gente a cheirar cuecas usadas (as minhas?) a deitar pozinhos em cima dos meus soquetes brancos canelados com o
símbolo da Adidas (os meus?).
Inclusive a fazer bruxedos com
livros cujas capas convidam à
poesia, ao conto ou às histórias
infantis (os meus?). A meter
pelinhos púbicos em taças com
mistelas do diabo e do sagrado (tão bem que eles se combinam!). Os meus?
Pois é…as tais bruxas de trazer por casa que se alapam à
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
força.
Cordialmente,
Vítor Bento”
ção dos clientes de acordo com
o ECSI 2013 (European Customer Satisfaction Index).
Estou certo que, com a sua
fidelidade e a de todos os outros
Clientes – pela qual estamos
tão gratos – faremos com que o
Banco continue a ser a referência que sempre tem sido.
A sua confiança é a nossa
Há poucos dias o país
e o mundo são siderados
com a sua demissão, ou
exoneração, ou afastamento, ou cobardia, ou
algo do género que um
dia viremos a perceber.
Creio que, apesar dos
meus esforços em aguentar as poucas poupanças que
tenho no agora NOVO BANCO,
está na hora de mudar de ares e
confiar numa outra marca.
É porque ninguém sabe o
dia de amanhã do NOVO. E
quando acordarmos poderá
já ser demasiado VELHO ou
mesmo ter falecido e até já ter
sido enterrado à revelia dos
aNTÓNIO BARROSO CRUZ
[email protected]
depositantes.
E como o seguro morreu de
velho não vá o diabo tecê-las…
Desafios da treta
ignorância de quem as procura. Que sanguessugam as carteiras mais ou menos recheadas, que respiram à conta de
quem é inseguro e não sabe
para onde se virar, o que fazer,
como fazer, como conquistar,
como vencer na vida. Sobretudo agora…em tempos de grave
crise aguda.
Desde quando as bruxas de
pacotilha ou os Maradus de
ocasião conseguem intrometer-se na vida de quem seja? Se
tiver que haver divórcio, há! Se
tiver que haver morte, há! Se
tiver que haver despedimento, há! Se tiver que haver viagem (muito gostam elas das
viagens), há! Se tiver que haver
doença, há! Se tiver que haver
destituição, há!
É a vida. Tão natural e
espontaneamente servida pelo
imprevisto! Tão surpreendente
e gratificante como só ela. Tão
injusta e maldita para tantos.
Tão boa para muitos. Tão simples para os que sabem simplificá-la. Tão quase perfeita
para os que dela sabem tirar o
melhor partido.
Também não sou dos que ao
terminar este tipo de conversas
dizem: eu não acredito em bruxas…mas que as há, há!
Cá nada gente! Apenas pessoas normais e oportunistas
que se valem dos pobres de
espírito e dos desamparados
da vida. E fazem do seu triste
“ofício” de endrominar o próximo, uma forma de ganhar a
vida. Como eu. Como tu. Como
você.
O quê? Quer a minha foto?
Para quê? Ahhhhh…para um
bruxedozinho
doméstico?
Tome lá…tá aí em cima do lado
direito! Vai de retro!!!!
Parece que a água acabou por esse mundo fora. De
um momento para o outro os
palermas e palerminhas que
se encharcavam com maior ou
menor histeria à conta de baldes de água gelada desapareceram do mapa dos telejornais,
jornais e redes sociais. É certo que muitos defenderam a
extinção da brincadeira tal não
era o desperdício do mais precioso líquido do nosso planeta.
E eu concordo porque sempre
achei a “brincadeira” de algum
mau gosto. Se é certo que é
necessário, e humanamente legítimo e obrigatório chamar a atenção para os males
do mundo, há que não esquecer que milhões de pessoas por
esse mesmo mundo fora ainda
hoje morrem por falta de água
potável que lhes mate a sede.
Se é que em algum momento esses povos podem ter visto
tanta água desperdiçada numa
“corrente” que já raiava o ridículo, o patético e o mau gosto,
imagino o que não possam ter
pensado, e chorado, sobre os
protagonistas-palermas.
Por outro lado de vez em
quando recebo pelas mais
diversas vias de comunicação
os tão agora na moda…desafios
em forma de “corrente”. Desafio para escrever um poema,
desafio para eleger os 10 livros
mais importantes que até hoje
li, desafio para dar uma resposta no âmbito de uma qualquer
campanha chamando a atenção para o problema do cancro da mama. Enfim, o que não
falta hoje em dia são motivos
mais ou menos vazios, mais ou
menos estúpidos para envolver as pessoas em algo que
às vezes nem percebem muito bem o que é. Mas alinham
porque está na moda. Porque
parece socialmente bem. Porque, a alguns, até parece dar
um qualquer tipo de prestígio,
visibilidade intelectual, exposição culta.
Para mim desafio é ter que
manter uma vida familiar. Ter
que ganhar o meu salário diariamente e conseguir condições
para alimentar, vestir, educar
e salvaguardar o bem-estar da
minha filha.
Desafio para mim é ter que
trabalhar, por vezes, 12 ou
mais horas por dia em prol da
Empresa que me garante o trabalho, o emprego, o salário.
Desafio para mim é transmitir os melhores valores que conseguir à minha filha. É orientála da melhor forma e mostrarlhe o caminho.
Desafio para mim é ter a
capacidade de, sem a ajuda de
quem quer que seja, publicar
dois ou três livros por ano.
Desafio para mim é não ter
vergonha nem medo nem preconceitos em encarar políticos
corruptos, empresários merdosos, religiosos pedófilos, gente de baixo nível e dizer-lhes
na cara, ou nesta página, o que
acho deles.
Desafio para mim é viajar
por esse mundo fora e ir enriquecendo o meu planisfério
pessoal com a riqueza que os
outros povos, raças e culturas
me podem outorgar.
Desafio para mim é viver
todos os dias. Com o melhor
e o pior que cada dia tem para
me dar. E quando encostar a
cabeça na almofada conseguir
um último sorriso antes de
adormecer.
O resto é treta. É poalha
insignificante a que alguns se
agarram para de alguma forma se mostrarem envolvidos
e interessados. E enganarem o
pacóvio enquanto se divertem
no seu pequenino mundo de
faz de conta.
editorial
Atualização do salário
mínimo aprovada
O Conselho de Ministros aprovou,
nesta quinta-feira, a actualização
do salário mínimo para 505 euros
depois do acordo feito na quartafeira entre o Governo, os patrões e a
UGT, na concertação social.
No acordo ficou ainda estipulada
uma redução de 0,75 pontos percentuais da taxa contributiva a pagar
pelas entidades empregadoras. Uma
contrapartida que, segundo o comunicado do Conselho de Ministros é
“uma medida excepcional de apoio
ao emprego” e que vigorará apenas até Dezembro de 2015, data de
vigência do próprio acordo, que deixou de fora a CGTP.
O ministro da Presidência e dos
Assuntos Parlamentares, Luís Marques Guedes, garantiu que esta
redução da taxa contributiva “não é
um prémio para quem pratica salários baixos”, mas uma forma de permitir às empresas adaptaram-se a
este aumento.
O responsável frisou que a redução da taxa contributiva se aplica aos pagamentos de salário mínimo, mas “só aos trabalhadores que
já estejam na empresa, a ganhar o
salário mínimo pelo menos desde
Maio de 2014”. Além disso, esclareceu, “não se permite que o desconto
de 0,75 pontos percentuais de contribuição para a TSU se aplique a
contratos celebrados após a entrada
em vigor deste diploma”.
Questionado sobre o efeito de
arrastamento que este aumento
vai ter na massa salarial, Marques
Guedes sublinhou que no Estado
esse efeito não é significativo já que
existem muito pouco funcionários
públicos a ganhar actualmente 485
euros.
De acordo com um comunicado
emitido pela Fesap são “mais de 20
mil trabalhadores da Administração Pública que vão beneficiar deste aumento”.
O ministro da Presidência e dos
Assuntos Parlamentares fez ainda
uma crítica cerrada à CGTP por ser o
“único parceiro social” que se furtou
a celebrar acordos em 40 anos de
democracia. “Faz parte da concertação social, mas nunca celebra acordos”, lamentou o responsável
Marques Guedes, em resposta,
assinalou que a CGTP “andou meses
a fio a solicitar o aumento imediato
do salário mínimo e, quando se celebra um acordo, aparece a fazer críticas”. Críticas que classificavam este
aumento de “tardio e insuficiente”. Guedes relembrou que durante
o período que durou o programa de
assistência financeira “estava vedado a Portugal e ao Governo proceder a alterações ao salário mínimo”
e que o Executivo iniciou as negociações com os parceiros sociais assim
que o resgate terminou.
3
Inquérito online
Concorda com
a greve dos
enfermeiros, que
exigem melhores
condições de
trabalho no Serviço
Regional de Saúde?
Vote no site:
tribunadamadeira.pt
Pergunta anterior:
O Governo da República
tem falado em aparentes
sinais de retoma
económica. Sente a sua
vida a melhorar?
Sim -2% | Não - 98%
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TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
4
sociedade
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
Enfermeiros
“sem alternativa” para a greve
Profissionais de saúde reclamam harmonização salarial, novas contratações e redução
do horário de trabalho
Os enfermeiros madeirenses juntaram-se
à jornada de luta
que esta quarta e quinta-feira fizeram paralisar os serviços
de saúde do país.
A classe queixa-se de “exaustão” e reivindica mais profissionais, uma harmonização salarial
entre enfermeiros
e igualdade nos
horários de trabalho relativamente a outros funcionários públicos.
O secretário da
tutela já prometeu as desejadas
35 horas semanais
e novas contratações. Entretanto, os enfermeiros continuam a
engrossar as fileiras da emigração.
ricardo soares
[email protected]
O
s
enfermeiros concluíram
ontem, às 24h,
dois dias de greve
nacional Na base
do protesto esteve a “grave
carência” de profissionais nas
unidades públicas de saúde e
a dignificação da profissão e
da carreira de enfermagem.
Os primeiros dados na Madeira apontaram para uma paralisação a rondar os 80%, atingindo 26 dos 28 de serviços
hospitalares da Região Autónoma. A greve iniciou-se às
22h de terça-feira.
Ontem, no arranque do
segundo dia de greve, apenas uma unidade de interna-
mento do Serviço Regional de
Saúde da Madeira escapou à
paralisação dos enfermeiros.
O presidente do Sindicato dos
Enfermeiros da Região Autónoma da Madeira (SERAM),
Juan Carvalho, assinalou que
a adesão foi de praticamente a
100% no turno da noite. Apenas foram garantidos os serviços mínimos previstos na lei.
O segundo dia de greve
abrangeu serviços como as
consultas, o bloco operatório e os centros de saúde. O
SERAM previa uma adesão
sem precedentes. Já no primeiro dia de paralisação, no
turno da manhã, a greve teve
uma adesão de 85%, tendo no
da tarde baixado para os 77%.
Os números que espelham
o descontentamento destes
profissionais de saúde foram
avançados na segunda-feira
pelo presidente do SERAM,
que destacou a “grande mobilização de classe” contra a
“exaustão” e o “descontentamento” dos enfermeiros para
com o Governo Regional.
“Hoje o Serviço Regional de
Saúde é carente em tudo, em
meios humanos e em recursos
materiais. Esta é uma situação insustentável. Esta greve
até é um grito. Os enfermeiros
querem que o Serviço Regional de Saúde mude, mude
para melhor. É quase que um
grito de salvação do Serviço
Regional de Saúde”, apontou
Juan Carvalho, justificando a
reivindicação de mais profissionais, a harmonização salarial entre enfermeiros e as 35
horas de trabalho semanal.
“Hoje os ambientes de trabalho dos enfermeiros são péssimos, há sobrecarga de trabalho e exaustão que põe em
causa a qualidade e segurança
dos cuidados.”
Secretário promete 35
horas semanais
No que respeita à harmonização salarial, os enfermeiros madeirenses pretendem que o Governo Regional
e a Secretaria Regional dos
Assuntos Sociais paguem aos
profissionais que estão abaixo do 1º escalão da categoria
de enfermeiro o mesmo valor
que paga aos enfermeiros do
mesmo escalão.
“Estamos a falar dos mesmos profissionais a fazer as
mesmas coisas, enfermeiros
nos mesmo serviços, uns a
ganhar 180 a 200 euros a
menos do que outros”, desvendou o presidente do SERAM,
lembrando que os enfermeiros continuam a trabalhar
40 horas semanais enquanto
outros funcionários governamentais trabalham 35 horas
por semana. “Não é fácil os
enfermeiros fazerem greve.
Os enfermeiros quando chegam a um ponto de fazer greve é porque já não têm outra
alternativa.”
Ainda a greve não se tinha
iniciado quando o GR, através do secretário regional dos
Assuntos Sociais, prometeu
que as 35 horas semanais vão
ser uma realidade para todos
os funcionários públicos,
incluindo os enfermeiros.
“Há uma determinação
do Governo Regional para
que todos os profissionais da
administração pública regional passem a ter o regime das
35 horas e também vai ser
uma realidade para os enfermeiros que trabalham no Serviço Regional de Saúde”, afirmou Francisco Jardim Ramos
à margem cerimónia de vinculação à profissão de quase
50 recém-formados em enfermagem. Contudo, o secretário
regional não quis comprome-
sociedade
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
ter-se com datas. “O Conselho
de Administração do SESARAM já tem a credencial por
parte da Secretaria para junto
dos sindicatos encetar essas
negociações.”
Alternativa tem estado
na emigração
Juan Carvalho apontou
esta semana que, desde 2008,
o Serviço Regional de Saúde
carece de cerca de 500 enfermeiros. Em resposta Jardim Ramos recordou que o
rácio destes profissionais, na
Região Autónoma da Madeira, é superior ao do continente. O secretário da tutela assinalou também que este ano já
foram contratados 35 enfermeiros, e que outros tantos
estão a prestar serviço a recibos verdes.
O governante acredita que
a «precariedade» relativamente aos recibos é “transitória”, uma vez que é intenção do Governo Regional que
estes enfermeiros venham a
integrar os quadros no futuro.
Jardim Ramos espera igualmente que no próximo ano
haja autorização para contra-
tar mais três ou quatro dezenas de profissionais.
“Mesmo não contratando ao ritmo que nós queríamos, devido à situação económico-financeira a que o Programa de Ajustamento Económico e Financeiro [PAEF]
nos trouxe, temos feito um
grande esforço no sentido que
aqueles profissionais que trabalham no Serviço Regional
de Saúde possam vir gradualmente a ter um vínculo que
lhes dê segurança”, disse o
governante.
Para já, a emigração tem
sido a alternativa para muitos enfermeiros portugueses
que enfrentam a falta de trabalho no país. Os madeirenses também têm contribuído
fortemente para o avolumar
do êxodo. Em Maio de 2013,
por exemplo, a Secção Regional da Ordem dos Enfermeiros (OF) alertava que, desde o início de 2012, quase
duas centenas de enfermeiros tinham deixado o Serviço
Regional de Saúde da Madeira para emigrar. Hoje já serão
cerca de 380.
Segundo declarações feitas
então pelo presidente da secção regional, Ricardo Silva,
“há cada vez mais enfermei-
ros a emigrar em busca de
melhores condições de trabalho, em busca de um reconhecimento profissional que
não lhes é dado no arquipélago”, afiançou o representante da OE.
Secretário diz que
greve é «solidária»
O destino dos enfermeiros
madeirenses tem sido maioritariamente o Reino Unido,
para onde estes profissionais
de saúde têm sido aliciados
através de empresas de recrutamento. Alguns vão ganhar
“o dobro e em alguns lugares
o triplo”, contribuindo para
que o número de profissionais
a sair do serviço de saúde da
Madeira seja cada vez “mais
elevado”.
De acordo com Ricardo Silva, era “urgente um reforço
dos enfermeiros na Região”. O
presidente da secção regional
da OE lembrou que “as dotações estão a assumir níveis
perigosos” e não permitem
aos cidadãos “ter o sentimento de segurança a que já estavam habituados”.
Esta terça-feira, quan-
do questionado sobre a greve dos enfermeiros na Madeira, o secretário regional dos
Assuntos Sociais disse que a
paralisação era a nível nacional e não propriamente na
Região.
“O objeto da greve aqui na
Região não é o mesmo. Claro
que os enfermeiros da Região
solidarizam-se com os enfermeiros a nível nacional”, disse
Jardim Ramos. “Os enfermeiros e o sindicato querem mais
profissionais, consideram
sempre que o número é insuficiente, mas temos de pensar
globalmente. E a administração pública está com restrições, tem de ser compreendido por esses profissionais que
não pode ser a 100%, como
eles gostariam e desejariam.”
Falta de profissionais
em todo o país
Num comunicado divulgado segunda-feira, véspera do
primeiro dia de greve, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) referiu que a
quase totalidade dos enfermeiros portugueses faz entre
48 a 56 horas por semana,
5
está impedida de gozar as folgas que a lei impõe e que
não há perspetivas de quando poderão gozar os dias em
dívida.
Para o SEP, “a grave carência de enfermeiros em todas
as instituições do Serviço Nacional de Saúde (SNS)
não se minimiza com a contratação de apenas mais 700
enfermeiros, em 2015, além
dos mil já anunciados a 18 de
Setembro”.
Numa reação a estas declarações, o Ministério da Saúde
veio lamentar o que considera
ser a “banalização da greve”,
sublinhando ainda ter-se já
comprometido com a “autorização de contratação de mais
de 1700 enfermeiros no período de Outubro de 2014 a
Outubro de 2015”.
Nas contas dos sindicalistas, seriam precisos mais 25
mil enfermeiros no Serviço
Nacional de Saúde, a juntar
aos cerca de 39 mil existentes
nos serviços públicos.
O SEP exige ainda uma
valorização da profissão, as
35 horas semanais de trabalho para todos, a progressão
na carreira e a reposição do
valor das horas suplementares e noturnas. l
6
sociedade
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
Selvagens voltam a despertar
«apetite» espanhol
Ilhas de soberania portuguesa foram palco para protesto de independentistas de Canárias
Há muito que as
ilhas Selvagens,
pertencentes ao
arquipélago da
Madeira, têm estado em destaque
devido a incidentes
relacionados com
a vizinha Espanha.
Depois de queixas junto da ONU
e voos rasantes
sobre as ilhas, foi
uma ação de protesto de independentistas canários
que deu às Selvagens nova projeção
mediática.
ricardo soares
O
[email protected]
mais
recente episódio a
«manchar» as
relações diplomáticas entre
Portugal e Espanha, mais
uma vez com as ilhas Selvagens como pano de fundo, aconteceu na última terça-feira, quando os vigilantes
da natureza do Parque Natural da Madeira depararam-se
com o hastear de uma bandeira independentista canária
nas ilhas de soberania portuguesa pertencentes ao arquipélago da Madeira.
A ação foi promovida por
um grupo de militantes da
Alternativa
Nacionalista Canária (ANC), que terão
desembarcado na Selvagem Pequena para um “protesto simbólico”. A intenção
seria contestar as prospeções
petrolíferas que estão previstas para aquela zona e reivindica-la para águas espanholas, uma vez que fica geograficamente mais próxima de
Canárias.
O desembarque dos independentistas espanhóis nas
Selvagens precisava de auto-
de Canárias estavam ontem
“sob custódia” da Marinha
na cidade do Funchal, disse
à Lusa o porta-voz da Alternativa Nacionalista Canária
(ANC). Os espanhóis deverão
ser alvo de um processo de
contraordenação.
“Estão no Funchal. Estão
sob custódia da Marinha,
que não os deixa, para já, ter
acesso à imprensa”, adiantou Pedro Gonzalez. “Penso que chegaram ao Funchal durante noite de ontem
[quarta-feira] ou hoje [quinta-feira] de madrugada. Pelo
menos um deles falou com a
mulher. Estão os dois bem,
foram muito bem tratados
pela Marinha e pelas autoridades portuguesas, sem qualquer problema.”
Apetite espanhol pela
zona marítima
rização do Parque Natural da
Madeira, concessão que teria
de ser atribuída com base
numa suposta visita às ilhas,
mas o grupo de cinco pessoas, de entre eles os dois
que formalizaram o protesto,
terão fugido ao controlo dos
vigilantes e permanecido na
Deserta Pequena, de segunda para terça-feira. A dúvida
era saber se teriam permanecido na ilha durante esse período ou regressado à embarcação e desembarcado apenas
na madrugada de terça-feira
para a ação de protesto.
Independentistas querem «lei do mar»
O incidente levou o comandante da Zona Marítima da
Madeira (ZMM), Félix Marques, a enviar ao local uma
“unidade naval” atribuída ao
comando da ZMM, no sentido de “verificar” o que se
estava a passar e “acautelar
alguma segurança”. A viagem
do navio-patrulha demorou
cerca de dez horas a chegar
às Selvagens.
Aos militares competia
“perceber o motivo do protesto” e “tomar as medidas
adequadas, embora, face
ao tempo da viagem, Félix
Marques admitisse a hipótese dos espanhóis já poderem
ter abandonado a Selvagem
Pequena.
Os receios do comandante
da ZMM não se confirmaram.
Os dois independentistas de
Canárias acabaram por ser
identificados e transportados
para o Funchal, uma vez que
não tinham meios próprios
de deslocação, anunciou na
quarta-feira a Autoridade
Marítima Nacional. A embarcação que os levara às Selvagens já tinha partido para o
arquipélago vizinho.
Pedro Gonzalez, o portavoz do ANC, explicou à agência Lusa que a ação dos independentistas canários não
pretendia “abrir qualquer
conflito com Portugal”, antes
“sensibilizar os portugueses
para o problema das prospeções petrolíferas”. A prospeção de petróleo
pela empresa Repsol não foi
o único motivo para o protesto. As Selvagens estão mais
próximas de Canárias que da
Madeira, razão pela qual a
ANC defende a aplicação da
lei do mar, uma linha mediana com a Madeira que colocaria as ilhas de soberania
portuguesa em águas territoriais espanholas.
Acesso só com autorização do GR
O episódio, comunicado
ao Chefe de Estado-Maior da
Armada, chegou ao Ministério da Defesa e ao Ministério dos Negócios de Portugal.
De acordo com a Marinha
Portuguesa, o navio patrulha
seguiu para as Selvagens com
dois agentes da Polícia Marítima, os quais procederam à
identificação de dois homens
de nacionalidade espanhola.
Segundo as autoridades
portuguesas, ambos incorrem em infração ao artigo
que regulamenta as visitas
a esta área protegida. Isto
porque é proibido o acesso
de pessoas à área da Reserva Natural das ilhas Selvagens, exceto “mediante autorização do Governo Regional
da Madeira, que a concederá
apenas para fins de estudo,
para resolução de problemas
técnicos, a visitantes acompanhados por pessoas devidamente credenciadas ou em
estado de necessidade”.
Os dois independentistas
Não foi a primeira vez que
as Selvagens ganharam projeção mediática devido a «incidentes» com espanhóis. Em
Setembro de 2013, apenas
duas semanas antes de uma
visita do Presidente da República àquelas ilhas, Espanha
formalizou junto da ONU um
pedido para que a área marítima afeta às Selvagens não
fosse motivo para a grande
ampliação da Zona Económica Exclusiva da Madeira e,
consequentemente, da zona
marítima de Portugal. A tentativa espanhola junto da ONU foi considerada
uma forma de pressão junto de organismos internacionais, isto depois de outros
pequenos incidentes envolvendo as Desertas, essencialmente por causa do interesse
espanhol sobre a zona marítima que lhe está associada.
Embora Espanha não conteste a soberania portuguesa
sobre as ilhas pertencentes
ao arquipélago da Madeira,
os episódios envolvendo as
Selvagens sucedem-se. Um
dos incidentes aconteceu em
Julho de 2007, quando um
avião militar espanhol fez um
voo rasante sobre as ilhas,
ameaçando as aves marinhas
que estavam em plena época
de nidificação. l
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
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sociedade
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
(In)segurança nos lares
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Os lares são, na maioria dos casos, a «segunda casa»
para muitos idosos
Uma das prioridades para o funcionamento é o
licenciamento de
residências para
pessoas idosas,
os designados
lares, que obedece a um conjunto
de requisitos.
As vistorias feitas pela Segurança Social são a
garantia de que
tudo está dentro
das exigências.
O lar «Quinta da
Avó» fechou portas por alegada insolvência e
os idosos foram
levados para
outro edifício.
SARA SILVINO
O
[email protected]
PUB
estabelecimento que funciona
de apoio a idosos denominado por «Quinta da Avó» continua de portas
fechadas. O recente encerramento deste edifício, localizado atrás da Quinta Magnólia,
terá sido por motivos de alegada insolvência. Uma situação que deixou tanto os utentes como familiares admirados. Segundo conseguimos
apurar, os utentes deste lar,
alguns acamados, terão sido
transportados em viaturas
particulares para um outro
edifício localizado na Rua do
Comboio que, alegadamente,
estará a funcionar como continuidade deste espaço.
O Tribuna tentou obter um
comentário por parte da direção da «Quinta da Avó», que
também gere a «Residência
Assistida Maria Aurora Carvalho Homem», sobre este
assunto. Pretendíamos quais
os motivos para o encerramento do lar, e para onde
foram levados os idosos que
lá se encontravam internados.
Questionámos ainda se ambos
os lares foram alvo de vistoria.
No entanto, não recebemos
resposta às questões enviadas
até ao fecho da edição.
O fecho do lar «Quinta da
Avó» e a mudança dos idosos foi também questionado
pelo Tribuna ao Instituto de
Segurança Social da Madeira,
IP-RAM. Ás questões: «Gostaria de saber se a Segurança
Social tem conhecimento desta situação? Se a referida habitação que está a dar continuidade como lar para os idosos
que frequentavam a «Quinta
da Avó» foi alvo de uma vistoria por parte da Segurança
Social? Se não, e como entidade responsável pelas vistorias
aos lares, se está prevista essa
acção?», a resposta da Presidente do Conselho Directivo
do ISSM, IP-RAM, Bernardete Vieira, foi a seguinte: “Esta
matéria está a ser acompanhada pelo Departamento de
Inspeção do ISSM, não estando ação inspetiva concluída.
de. O que num dos exemplos
apontados não aconteceu. O
idoso que estava debilitado e a
queixar-se de dores, transportado na carrinha, acabou por
falecer no dia seguinte.
O presidente do Sindicato dos Enfermeiros da Madeira (SERAM), numa entrevista recente ao Tribuna afirmou
que persistem falhas na segurança, na higiene e no conforto, não sendo possível assegurar em muitos lares a prestação de serviços nas 24 horas.
Apontou que os lares continuam sobrelotados sem se
respeitar a privacidade com
as condições previstos na
lei, as dificuldades económicas dificultam a aquisição de
material de uso corrente e
equipamentos. Quanto às residências para
pessoas idosas, denominadas
por lares destinados normalmente a pessoas com idade
superior aos 65 anos, Juan
Carvalho apontou que obedece a um conjunto de requisitos que devem garantir condições de bem-estar, qualidade
e eficiência, de forma a promover o envelhecimento ativo, a possibilidade de manter
e dinamizar a cooperação e
interação com os familiares e
o meio ambiente envolvente.
Nas questões de segurança,
o estabelecimento deve cum-
prir um conjunto de formalidades gerais e especificas,
tendo em consideração o tipo
de utentes a acolher, assim
deve ter bons acessos, uma
boa sinalética, dispositivos de
apoio á deslocação e mobilidade, condições para a realização de tarefas e a prestação de cuidados de higiene e conforto, assim como
um sistema de alarme e prevenção de incêndios, inundações e quedas, entre muitos
outros requisitos. O enfermeiro salientou ainda que «quem
faz o licenciamento e a verificação das condições exigidas para o início de atividade deste tipo de estabelecimentos, assim como a fiscalização e monitorização do
seu funcionamento é a segurança social». E acrescentou:
«Os lares a cargo da segurança social, ao longo dos últimos anos, têm vindo a sofrer
uma progressiva deterioração das condições de estadia vivenciadas pelos utentes
institucionalizados nos lares.
Não é com soluções pontuais
e de contexto que se resolvem
problemas crónicos, com tendência a se agravarem, numa
conjuntura em que o número
de idosos tende a aumentar,
assim como o grau de dependentes em cuidados de saúde,
higiene e segurança.» l
9
CARTÓRIO NOTARIAL DO FUNCHAL
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Por este motivo não é possível, nesta fase, fornecer outras
informações.”
Recorde-se que o estabelecimento de apoio a idosos
«Quinta da Avó» foi alvo de
uma execução de penhora em
dezembro de 2012, tendo sidos
retirados do local alguns equipamentos, nomeadamente eletrónicos e móveis. Para além
deste edifício, outro lar «Residência Assistida Maria Aurora Carvalho Homem» - edificado também em homenagem
a Maria Aurora - situado na
Travessa da Praia, no Funchal,
acolhe também idosos.
Porém, este lar continua em funcionamento com
alguns pontos positivos e
outros negativos a apontar,
segundo informações por nós
recolhidas junto de familiares de alguns idosos internados neste espaço. Fumar dentro dos quartos foi um dos
exemplos apontados. O transporte de um idoso para o hospital, que se encontrava muito debilitado, feito pela carrinha do respetivo lar também foi alvo de crítica. Tendo em conta que o transporte numa ambulância, eventualmente em casos de tratar-se
de um doente debilitado traz,
certamente, um maior conforto e correcto acompanhamento por profissionais de saú-
sociedade
A CARGO DE SUSANA LOPES TEIXEIRA, NOTÁRIA EM
SUBSTITUIÇÃO, POR DELIBERAÇÃO DA ORDEM DOS NOTÁRIOS,
SITO NAS RUA JOÃO TAVIRA E RUA DA QUEIMADA DE BAIXO,
NÚMERO 4, FREGUESIA DA SÉ, CONCELHO DO FUNCHAL
TELEF. 291 639 600 – FAX 291 639 607
E-mail: [email protected]
(publicado no Tribuna da Madeira a 06-11-2013)
Certifico, para fins de publicação que por escritura outorgada hoje, a
folhas 02 do Livro de notas para escrituras diversas número 13-A, deste
Cartório, se encontra exarada uma escritura de Justificação Notarial,
na qual Maria Guilhermina de França, NIF 150 352 662, solteira, maior,
natural da freguesia de Ponta Delgada, concelho de São Vicente, residente
na Rua Nova da Quinta Deão, número 61-2º.D, Funchal, se afirma dona
e legítima possuidora, com exclusão de outrem, de metade da fracção
autónoma, designada por “B2-CL”, integrada no prédio urbano, em
regime de propriedade horizontal, localizado na Rua Nova da Quinta Deão
e Rua Trinta e Um de Janeiro, freguesia do Imaculado Coração de Maria,
concelho do Funchal, inscrita na matriz sob o artigo 1567-CB2, e a que
corresponde a descrição predial subordinada número duzentos e catorze
– B2-CL – freguesia do Imaculado Coração de Maria, da Conservatória do
Registo Predial do Funchal, onde se acha registado o título constitutivo de
propriedade horizontal pela apresentação dois de mil novecentos setenta e
oito barra zero nove barra quinze; e a aquisição pela apresentação cinco de
mil novecentos setenta e nove barra zero três barra doze, na proporção de
metade já em nome da ora justificante, e metade ainda a favor de Maria
Sales Fernandes, solteira, maior, residente ao sítio da Terra Chã, freguesia
de Ponta Delgada, concelho de São Vicente.
Que, sendo dona de metade da fracção desde o ano de mil novecentos
setenta e nove, adquiriu a outra metade à então comproprietária, Maria
Sales Fernandes, através de compra verbal não titulada, no ano de mil
novecentos noventa e três, data na qual entrou na posse da totalidade
daquela fracção, a qual têm exercido de forma pública, pacifica, porque
sem violência, continua e ininterrupta, e de boa fé, por ignorar lesar direito
alheio, com o conhecimento de toda a gente e sem oposição de ninguém,
nomeadamente fazendo sua residência.
Adquiriu assim a metade da fracção a título originário, por usucapião.
Está conforme o original aqui narrado por extracto
Funchal, vinte e três de Setembro de dois mil e catorze.
P’la NOTÁRIA,
Zélia Fernandes Gomes – inscrita na Ordem dos Notários sob o n.º 301/08
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TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
10 grande tema
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
“Vale a pena apostar
no Surf, na Madeira”
É o mais praticado de todos os desportos radicais e tem milhares de
adeptos por todo o mundo. Desporto, ou uma filosofia de vida, o surf
exerce hoje uma grande influência
na moda, na música, no cinema...Os
negócios de surf atingem uma grande
fatia do mercado mundial e é um dos
desportos em que as grandes marcas apostam. Mais de 200 mil portugueses praticam a modalidade no país
que tem o melhor clima e condições
marítimas para a prática da modalidade na Europa, mas a Madeira não
lhe fica atrás. Depois de, há trinta
anos se ter dado a conhecer ao mundo as ondas perfeitas do Jardim do
Mar, o que ficou conhecido como o
“Hawai” da Europa, o Surf desenvolveu-se na Madeira, mesmo que, pelo
meio, tenha esbarrado com a polémica muralha na orla marítima do local
que é um ex-libris do surf madeirense. Do Jardim do Mar, o surf expandiu-se para outros locais da Madeira. Tornou-se uma modalidade desportiva rentável e acarinhada por clubes e empresas. O Surf tem na Madeira cerca de 60 atletas federados, inspira festivais de cinema como o mais
recente MadSwell - Festival de Surf da
Madeira, locais excelentes para a sua
prática porque as ondas, essas continuam a vir todos os anos pelo inverno, tal como os surfistas de cá e de lá,
entre estes, grandes nomes como Garret Macnamara e Gabriel O Pensador.
Para falar do Surf na Madeira, neste “Grande Tema”, pela voz de Orlando Pereira, o presidente da Associação de Surf da Madeira que é também
o primeira atleta madeirense federado no surf.
Dulcina Branco
T
ribuna
da
Madeira (T.M.)
- O Orlando
Pereira é um
dos nossos surfistas do Jardim do Mar
mais reconhecidos. Responsável pela formação
da Associação de Surf da
Madeira, é também o primeiro surfista madeiren-
se federado. Qual é a sua
história no surf?
Orlando Pereira (O.P.)
- Comecei no calhau, em miúdo, no Jardim do Mar. Nesse
tempo, antes de ali ser construída a Promenade e o Portinho, havia o calhau e uma
rampinha onde, com os meus
irmãos e amigos, começámos
a ir para o mar. Agarrávamos num bocado de madeira
e fazíamos as chamadas “carreirinhas” que consistia em
agarrar a espuma da onda e
surfar. Quando aparecem os
primeiros estrangeiros surfistas no Jardim do Mar, começámos a interagir, eles ensinaram-nos e foi assim que fomos
desenvolvendo. Eles traziam
pranchas de surf adequadas e
desenvolvidas - o material de
surf em Portugal quase não
existia, e foi assim que aprendi, eu e outros como o Belmiro Mendes e o Adriano Longueira, a surfar. Depois, vieram uns surfistas portugueses
e uma revista portuguesa liga-
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
da ao surf que nos deixaram,
a nós, ao grupinho de miúdos
do Jardim do Mar que gostava de surfar, uma prancha de
surf. Partilhávamos a prancha, desenvolvemos e nunca
mais parámos.
Tribuna da Madeira
(T.M.) - O Surf no Jardim
do Mar, que fica conhecido internacionalmente
como o “Hawai” da Europa e que mais tarde é uma
memória reavivada pela
negativa, dada a construção da muralha na frente
mar da freguesia e que um
grupo de surfistas contestou e denunciou ao mundo. Como é que tudo isto
aconteceu e qual o panorama do Surf na Madeira,
na atualidade?
Orlando Pereira (O.P.)O Surf na Madeira tem tido
uma evolução enorme ao longo dos últimos anos, desde
que o primeiro surfista internacional veio à Madeira, há
trinta e tal anos. Eu era ainda
bebé mas os meus pais contam
que esse surfista, um francês
que ficou hospedado numa
casa no Jardim do Mar, surfava as ondas do Jardim do Mar
e quando foi para a Europa,
revelou as ondas maravilhosas que descobrira na Madeira. Foi assim que se começou a falar do Surf na Madeira ao nível internacional. Uns
anos mais tarde, tinha eu por
denegriu a imagem do surf
no Jardim do Mar. O documentário denunciava a construção da muralha na orla do
Jardim do Mar, a qual ponha
em causa a onda perfeita que
ali se formava. O Jardim do
Mar sempre foi o palco de
grandes provas mundiais na
Madeira mas a construção da
muralha, afetou esta imagem.
É certo que o surf no Jardim
do Mar estagnou mas mais
recentemente, com a partilha
de imagens de surf no Jardim
do Mar e em outros locais da
Madeira, as imagens correram mundo e deu para perceber que afinal, o surf madeirense não morreu. Os surfistas internacionais continuam
a vir à Madeira. Atualmente,
são mais os europeus, como
franceses, espanhóis e alemães, que americanos e australianos de outros tempos.
Nos últimos anos, têm vindo muitos surfistas novamente à Madeira,o que nos leva a
acreditar que, nos próximos
cinco anos, o Surf irá crescer ainda mais, com repercussões mais notórias no sector
turístico, pelo que, esta atividade representará um potencial económico muito grande para a Região. Há muitos
jovens a aderirem à modalidade, assim como empresas
e pessoas que patrocinam e
apoiam este desporto. Tornou-se claro que, hoje, o Surf
O surf madeirense está a evoluir”
Orlando Pereira
volta de 12 anos, vieram uns
americanos que fizeram uma
reportagem para uma revista de surf das mais conceituadas do Surf mundial, e assim
se deu o boom boom no surf
madeirense. Vieram os surfistas americanos, depois australianos, e outras nacionalidades. Com os surfistas, o Jardim do Mar começou a desenvolver-se ao nível de negócios
locais. As pessoas começaram
a perceber que o Surf era uma
mais-valia porque os surfistas precisavam de comer e de
dormir nesses dias em que
ficavam no Jardim do Mar.
Assim começaram a surgir as
casas para alugar e os bares,
em suma, começou a gerarse uma atividade económica
à volta da modalidade e uma
parte comercial que começou a intensificar-se a partir
daí. Realizaram-se, no Jardim do Mar, dois provas do
campeonato mundial de surf
e outras provas nacionais,
antes da polémica surgir, em
2000, com o documentário
“Lost Jewel of the Atlantic”
feito por uns surfistas e que
é um mecanismo publicitário para grandes empresas de
várias áreas de negócios, que
utilizam este desporto como
meio de promoção de produtos e serviços.
T.M. - Não faz hoje sentido, portanto, a expressão “turismo de pé rapado” associado ao Surf.
O.P. - Completamente. É
uma falsa ideia. O Surf é desporto muito caro, e assim é
que empresas e as maiores
marcas mundiais lhe estão
associadas. Os fatos são caros,
as pranchas de surf têm o
seu valor, os equipamentos
nesta modalidade têm vindo
sempre a melhorar e a evoluir pelo que, não é um desporto barato. Para além deste aspeto, o Surf gera riqueza
nos locais onde se realiza, ou
seja, um surfista quando vem
à Madeira aluga um carro,
come e dorme, normalmente
num estabelecimento turístico. Em Portugal, as provas de
Surf do Mundial trazem imensos surfistas e outras pessoas ligadas à modalidade. Os
número falam por si: a recen-
te prova do Mundial registou os gastos pelos surfistas
na ordem de vários milhões
de euros, dinheiro esse que
ficou em Portugal e que gasto pelos surfistas e demais
pessoas envolvidas na modalidade. O Surf gera economia
e complementa diversas áreas de negócios, desde a restauração à hotelaria, rent-acars, empresas de animação
turística, etc. No Jardim do
Mar, por exemplo, alugavamse casas e criaram-se estabelecimentos hoteleiros e outros
especialmente direcionados
para a comunidade surfista nacional e estrangeira. Há
lojas especializadas em equipamentos e pranchas de surf,
e isto para a Madeira dá que
pensar porque o Turismo está
a maior parte dele concentrado no Funchal. O resto é de
passagem. Se se incentivassem provas desportivas nas
áreas do surf, essas zonas iam
ficar mais desenvolvidas concerteza. Nesta altura de inverno, que é quando começam as
ondas grandes e que atraiem
os surfistas, os hotéis da costa norte da Madeira não estão
assim tão bem, pelo que, o
surf pode ajudar porque os
surfistas vêm com as ondas
grandes no inverno. O surf
pode ser uma atividade complementar desse turismo em
falta. Esses turistas que vêm
no inverno para surfarem as
ondas grandes são um nicho
turístico que, a meu ver, podia
ser aproveitado pelo Governo e empresas porque representam um potencial económico muito grande. Temos
condições, na Madeira para
tal, então porquê não apostar neste desporto que traz
dinheiro? Acho que o mar é
um ambiente que, quanto a
mim, nunca foi bem aproveitado em Portugal, no entanto,
já se nota um desenvolvimento maior com o surgimento de
empresas marítimo-turísticas.
Temos tudo para ter sucesso
nesta actividade em Portugal,
e na Madeira em especial porque temos um clima fantástico, a temperatura da água do
mar é do melhor que há. O
que se nota é que, muitos dos
estrangeiros que cá vêm, procuram o surf como uma atividade de lazer durante o período de férias e, por isso, ultimamente, têm surgido empresas ligadas ao surf, nomeadamente empresas de animação turística com surf inserido. Com isto se colmata uma
falha que havia antigamente,
e que eram as escolas vocacionadas para o ensino do surf.
Hoje em dia, há clubes e escolas, há empresas a ganharem
dinheiro na atividade do surf,
o que mostra que o Surf na
Madeira tem condições para
grande tema
11
12 grande tema
crescer ainda mais. Há cerca de seis clubes no activo,
com o surf como modalidade inserida. Temos 60 atletas
federados na Madeira, nesta modalidade, o que significa que estes podem participar nas provas homologadas
pela Federação Portuguesa de
Surf. Há empresas cuja atividade está diretamente ligada ao Surf, como por exemplo, temos uma empresa em
São Vicente que faz pranchas
para surf. A empresa foi constituida por um jovem que veio
de Portugal trabalhar para a
Madeira, ele era professor e
lá no continente já se dedicava à produção de pranchas
para surf. Quando veio para a
Madeira dar aulas, continuou
com a atividade e criou, com
outro sócio, a empresa em São
Vicente que é especialista na
área das pranchas para surf.
T.M. O que é que têm as
ondas madeirenses e que
as tornam tão apreciadas
para a prática do Surf?
O.P. - A característica
principal das nossas ondas é
o tamanho. Tem outra particularidade que é não ter ninguém a assistir, ou seja, noutros locais há sempre muita gente a assistir, é aquilo a
que nós surfistas designamos
por “crowd” (ajuntamento de
pessoas), e na Madeira isso
não acontece. Aqui, estamos
à vontade. Temos as ondas
mas não temos as confusões
de pessoas como acontece em
outras zonas de Portugal, até
porque o nosso surf não tem
praias de areia, é de calhau,
e logo o grau de dificuldade para os surfistas é maior,
tanto que, só vêm os surfistas
que têm experiência ou que
estão à vontade com o tipo
de geografia da Madeira. Tem
a temperatura da água que,
nesta altura (setembro) ainda é boa ou quente, o que significa que não é preciso usar
o fato protetor. No inverno,
é necessário porque a água
está fria e também protegenos das pedras. Estamos em
setembro mas começaram já
as ondas grandes e a chegarem alguns surfistas internacionais. Temos neste momento, a visita de um grupo de
bascos que vão estar cá uns
dias de férias para fazerem
surf.
T.M. - Qual é a sua onda
preferida?
O.P. - Sou um surfista de
ondas grandes. Gostei sempre mais das ondas grandes.
Dediquei-me ao surf de ondas
grandes porque tem uma
outra exigência que me agrada mais, o respeito pelo mar é
maior. Em ondas grandes não
se pode falhar. A adrenalina é
maior. Quando olhamos para
paredes enormes de água, a
sensação é indescritível. Já
surfei ondas de 6, 7 metros,
que são paredes enormes de
água e que fazem os tubos...
É difícil transmitir às pessoas
quanto adrenalina transmite
e só fazendo é que se percebe
do que estou a falar. É viciante. O Surf é uma atividade
maravilhosa porque estamos
em conjugação com a natureza e neste caso, o ambiente
natural que é o mar.
T.M. Quais são melhores os locais na Madeira
para a prática do Surf?
O.P. - Temos os locais que
conhecemos e os locais que
só nós conhecemos, ou seja,
temos locais secretos que os
surfistas não gostam de divulgar porque gostam de ser os
únicos a usufruir da onda no
local, mas há sítios que deixaram de ser secretos. É o
caso, por exemplo, da Pon-
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
ta do Pargo, abaixo do Farol
da Ponta do Pargo, uma zona
que é espetacular para a prática do surf, as Achadas da
Cruz que é também uma zona
muito boa. Estes locais continuam a ser só para os surfistas madeirenses porque os
estrangeiros que cá vêm, vão
para outros locais mais acessíveis. Estes que referi atrás,
não são muito acessíveis. Só
quem conhece o sítio é que
lá vai, pelo que, os estrangeiros não vão. Temos o Jardim do Mar, o Paúl do Mar, a
Ponta Pequena na costa oeste
e, na costa norte, as Contreiras e a Ribeira da Janela, em
São Vicente. São estes sítios
os “ex-libris” da Madeira em
termos de surf porque tem as
ondas com qualidade. São as
chamadas ondas do “Hawai
da Europa”. Temos depois a
zona do Porto da Cruz com
a sua pequena praia de areia
que é uma zona favorável para
a iniciação.
T.M. O Orlando também dá aulas de iniciação
ao Surf. Há muitas pessoas interessadas, com que
idade se pode começar e o
que é preciso ter para ser
surfista?
O.P. - Dou aulas de iniciação ao surf em São Vicente (Fajã da Areia) e também
no Porto da Cruz, na praia de
areia, que são os dois sítios
na Madeira que têm melhores condições para a prática de iniciação ao Surf. Estou
ligado a uma empresa turística que, entre outras atividades, proporciona o ensinamento do surf aos turistas
que nos visitam e que gostam
de experiência de surf. Hoje
faço surf mas não em competição; é mais em jeito de convívio mas faço-o para incentivar os miúdos e fazer com
que estes tenham interesse
pela modalidade. Saber nadar
é o princípio do Surf. A partir daí, é ter o contacto com
o mar, devagar. Se for uma
criança, tenho filhos e o meu
mais velho, que tem seis anos,
já faz surf, o que requer um
trabalho mais rigoroso e cuidado. É ir para o mar e perder o medo das ondas. É bom
começar em criança para se
perder o medo mas nunca o
respeito ao mar. O Surf pode
começar-se em qualquer idade e pode praticar-se até qualquer idade. Há pessoas com
80 anos a fazer surf. Não há
idades nem limites mas desde que tenha vontade e goste
do mar, não há qualquer problema. O surf é um desporto muito sério e implica muito conhecimento. Não é chega e atirar-se às ondas. Exige
robustez física para entrar no
mar e ir contra a ondas. Exige
preparação física. O Surf tem
um grau de exigência diferente consoante as ondas, ou
seja, quanto mais se vai evoluindo na modalidade, mais o
equipamento vai se tornando
mais desenvolvido, nomeadamente as pranchas, que têm
vários formatos e tamanhos.
O Surf tem ondas pequenas
e ondas grandes, pelo que, a
cada onda corresponde uma
prancha. Para ondas pequenas, uma prancha pequena, para ondas grandes, uma
prancha grande, e depois tem
volumes e pesos etc.
Tribuna da Madeira
(T.M.) - Porquê a criação
da Associação de Surf da
Madeira, a qual o Orlando preside, e quais são os
objetivos da mesma?
O.P. - A Associação de Surf
da Madeira vem de encontro
a uma necessidade que não
havia antigamente, ou seja,
o Surf começou na Madeira
como uma atividade individual, o que significa que, na altura em que despoletou, não era
um desporto de competição, e
como tal, tinha pouca gente a
praticar. Por isto, não justificava que tivesse uma associação representativa para realizar as provas. Esta realidade
durou alguns anos na Madeira. Uns vinte anos mais ou
menos, surgiu um grupo com
um número considerável de
surfistas que realizava umas
provas e que era o que mais
se assemelhava a um campeonato regional. O Surf estava então inserido num projeto que era o “Desporto para
Todos”, onde estavam todos
os outros desportos. En virtude disto e porque achávamos
que o Surf era uma modalidade que era nossa, daí a ideia
de se criar, eu em conjunto com outras pessoas ligadas ao surf, como o Belmiro Mendes e o Adriano Longueiro, amigos surfistas do
Jardim do Mar, a Associação
de Surf da Madeira que tem
como objetivo principal a promoção do Surf, dentro e fora
da ilha. O objetivo não foi vincular a competição regional
dado que, o surf é um desporto diferente. O Surf tem mais
a ver com a pessoa e o meio
ambiente, mais do que outro
desporto, e também porque
a competição não tem muito a ver com o espírito surfista. A competição afasta, por
vezes, as pessoas da modalidade, daí a criação da Associação também nesta filosofia.
Fui o primeiro atleta federado da Madeira na modalidade
do Surf, o que aconteceu porque na altura em que me federei, em 1997, não havia um
clube. Houve que arranjarse um clube, que foi o Cen-
grande tema
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
tro Treino Mar para permitir
a entrada na Federação Portuguesa de Surf. A Associação de Surf da Madeira promove a competição - a Associação de Surf conta com o
Clube de São Vicente, o Clube do Seixal e o Clube Naval
da Calheta, entre outros, os
quais inserem a modalidade
de surf nas respetivas atividades. A nossa ideia é juntar
estes clubes que têm os atletas ligados ao surf e promover
encontros que não são mais
do que encontros de surfistas e de pessoas que amam
esta modalidade e não provas
ou competição propriamente ditas. O objetivo é confraternização entre quem gosta
e pratica surf, bem como promover o surf nas localidades
respetivas e inserir este desporto no meio dos jovens. O
surf não é uma modalidade
de competição mas sobretudo, de lazer e bem estar. Nas
nossas atividades, tentamos
incutir ainda a vertente ecológica de proteção do mar e da
natureza. Promovemos, neste
âmbito, iniciativas associadas
como as limpezas das praias
com miúdos das escolas porque achamos que é importante incutir nos miúdos a ideia
de que é preciso respeitar o
mar e o meio ambiente.O Surf
não é só a parte desportiva
mas tem esta parte ambiental e social e económica que
é também muito importante.
Por outro lado, temos vindo,
ao longo destes anos, a desenvolver diversas provas e projetos de promoção da modalidade, como o documentário
que realizámos e apresentámos no último, e Festival de
Surf da Madeira, o MadSwel,
e no qual fomos distinguidos com o prémio “Audience Award” pelo nosso documentário “Surf is Alive”. Com
este documentário pretendemos levar o Surf da Madeira
para fora da Madeira, em festivais internacionais ligados à
temática do surf.
T.M. - Fale-nos desse filme, “Surf Is Alive”,
qual a sua história?
O.P. - O filme vem de
encontro aquilo que eu já
referi, que é, promover internacionalmente o nosso Surf
e incentivar os jovens para a
prática da modalidade. Tem
também outra vertente que é
a defesa do mar, da natureza
e a necessidade de se respeitarem os recursos marinhos.
Queremos levar o Surf da
Madeira para fora da Madeira, em festivais internacionais
ligados à temática do surf.
O filme “Surf is Alive” quer
dizer isso mesmo: o Surf está
vivo na Madeira. Pretendemos mostrar que, apesar da
muralha no Jardim do Mar e
do filme que correu mundo
à volta dessa polémica muralha e que defendeu que o surf
tinha acabado no Jardim do
Mar, tal não se verificou e tornou-se uma modalidade desportiva em crescimento. O filme tem 25 minutos, surgiu
no âmbito do “Madeira Big
Waves Festival” e foi filmado
pelo Hugo Silva, da empresa Emotions Studios. Neste
filme, temos vários surfistas
que dão a sua opinião sobre
o Surf na Madeira e sobre
a ilha. Temos, por exemplo,
os netos do Champalimaud e
outros surfistas de renome ao
nível nacional e internacional,
que surfam na Madeira. Trata-se de, uma história inspirada na vida de três rapazes do
Jardim do Mar, que são eu, o
Belmiro Mendes e o Adriano
Longueira, que começaram
comigo no surf no Jardim do
Mar, que se juntaram e formaram a Associação de Surf
da Madeira para promover o
Surf e dizer que o surf não
morreu na Madeira. Sabendo
que havia um festival de surf
como o MadSwell, filmámos e
com isto, queremos mostrar,
fora da Madeira, em festivais
de surf que se realizam pelo
mundo, a qualidade do Surf
madeirense.
T.M. - Quais são os vossos apoios principais?
O.P. - Enquanto associação, não fomos pela parte desportiva, pelo que, voltámonos para as empresas privadas para apoiarem as provas. As empresas são os maiores investidores nos eventos
de surf. Estamos a falar da
Moche, da NOS mais recentemente, empresa esta que
apostou imenso neste desporto, marca esta que apostou
também em Garret Macnamara. Organizámos o “Madeira Big Waves Festival” com o
apoio das empresas e foi um
evento que trouxe muita gente de fora ao Jardim do Mar,
uma iniciativa para o qual
foi fundamental o apoio de
empresas como a NOS. Estas
iniciativas como os festivais
de surf, são muito importantes a vários niveis: fomentam o desporto e dinamizam
a economia local.
T.M. - Há que contar
também com a presença
de importantes individualidades mundiais ligadas ao Surf e que estiveram recentemente na
Madeira, casos de Garret
Macnamara - em 2011, o
livro The Guinness Book
of World Records reconheceu uma onda de
31 metros surfada por
Garret MacNamara no
Canhão da Nazaré, Por-
Madeira e queria experimentar. Acompanhei também o
Gabriel O Pensador, que além
da música, é surfista. Ele já
cá tinha estado há dez anos,
por ocasião de um concerto no Tecnopólo, tendo então
usufruido das nossas ondas,
como agora nesta última visita. Nessa altura, surfou na
Fajã da Areia; este ano, foi no
Jardim do Mar, zona a qual
já tinha ouvido muito bem
e tinha vontade em experimentar. Teve sorte agora porque houve uma vaga de ondas
grandes, o que não é habitual acontecer no verão. O
Gabriel é uma pessoa maravilhosa também, tendo acompanhado as suas saídas ao
mar, o que fazíamos habitualmente ao fim do dia porque
ele descansa durante o dia
“o Surf é um mecanismo
publicitário para grandes
empresas de várias áreas de
negócios, que utilizam este
desporto como meio de promoção
de produtos e serviços”
Orlando Pereira
tugal, como a maior onda
alguma vez surfada - e do
rapper brasileiro Gabriel
O Pensador, entre outros.
Como é que vê a presença
destas pessoas na promoção da modalidade?
O.P. - É muito bom que
venham cá e experimentem o
que de melhor temos. As personalidades mundiais são fundamentais para a divulgação,
como o Macnamara que veio
a Portugal a convite do Turismo de Portugal, e neste roteiro de locais de surf, incluiu o
Jardim do Mar e ficou encantado. Acompanhei no terreno
esta visita e foi soberbo porque
além de ser um grande surfista, é um ser humano espetacular. Ficou impressionado
com a beleza da Madeira e a
qualidade das nossas ondas,
tanto que prometeu cá voltar
no próximo ano. Foi pena não
ter apanhado as ondas grandes dado que a visita aconteceu em abril mas ele já tinha
ouvido falar das ondas da
por causa da música. Adorou
e prometeu voltar para o ano.
Tudo isto é fenomenal porque os comentários às fotos
que eles publicaram nos seus
sites e redes sociais tiveram
imensos comentários favoráveis em todo o mundo. Neste trabalho de divulgação e
promoção, podemos salientar
que, na Madeira, temos sites
e duas webcams com vídeo
full hd, uma na praia do Jardim do Mar e outra na Fajã da
Areia, que foram cá colocadas
por uma empresa americana e
que filmam em permanência
on line. Isto significa que, a
Madeira está acessível on line
em qualquer parte do mundo.
Permite que, qualquer pessoa
entre no site, aceda ao video
e fique a saber o que se está a
passar no local em termos de
mar e de tempo. O endereço é
o “surfline” que é um site de
previsão de ondas e de tempo. Essa empresa tem webcams espalhadas pelo mundo inteiro, havendo estas duas
13
na Madeira mas há a possibilidade de instalação de novas
câmaras no Porto da Cruz e
no Porto Moniz.
T.M. - Que eventos, ou
novas iniciativas, estão
previstas?
O.P. - Vão acontecer algumas coisas. Teremos em outubro, a última prova do Campeonato Regional de Surf ,
prova que vai acontecer no
Jardim do Mar nos dias 4 e
5 de outubro. Esta prova vai
coincidir com o arraial que
se realiza no Jardim do Mar
por esses dias. Vamos realizar a prova se as condições
do mar o permitirem porque
quem manda nisto é o tempo
mas pensamos que irá correr
tudo bem. A prova irá contar
com cerca de trinta surfistas,
entre madeirenses e de fora
da Região, nomeadamente
russos, franceses e continentais. No âmbito deste arraial
que decorre no centro do Jardim do Mar, vamos apresentar à população o filme “Surf
Is Alive”. O filme irá ser projetado numa tela gigante que
estará colocada na praça do
Jardim do Mar e que possibilitará que todos os que queiram assistir, terão a oportunidade para tal. O filme está
muito bem feito e valerá a
pena assistir.
T.M. - Com tudo isto, a
Madeira está hoje na rota
mundial do Surf?
O.P. - A Madeira está no
mapa mundial do Surf mas
esta imagem não está ainda totalmente demonstrada,
ou seja, durante muito tempo, a Madeira foi vista entre
a comunidade surfista como
um local de ondas grandes.
Queremos dar a volta a ideia e
demonstrar que temos ondas
grandes, como ondas médias
e pequenas, ou seja, toda a
gente pode surfar na Madeira. A ideia é mostrar que o
Surf madeirense é acessível
a todos. As ondas na Madeira podem ser acessíveis a
qualquer surfista. Esta ideia
foi, durante anos, escondida
para não haver uma exposição mediática, à semelhança
do que existe noutros locais
mundiais de surf, como o
Hawai. Não queremos estragar o que há mas precisamos
mostrar que vale a pena apostar no Surf na Madeira. l
14 opinião
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
ROSAS E ESPINHOS DA NOVA AUTONOMIA
DIVAGANDO...
GREGÓRIO GOUVEIA
VIRGÍLIO PEREIRA
gregoriogouveia.blogspot.pt
De Distrito do Funchal a Região
Autónoma (7)
Na sequência das suas deliberações, a Junta Regional
criou grupos de trabalho para
estudarem a reestruturação do
setor dos Bordados; elaborarem o regulamento do Parque
Natural da Madeira; instalarem um restaurante no Pico
do Areeiro; estudarem os problemas no setor do Comércio
e sobre o regime de franquia
aduaneira; regularem a gestão financeira do Serviço de
Educação da Madeira; estudarem a reestruturação dos
Serviços Regionais da Administração Local; reintegração dos Serviços da Segurança Social; criação de canais
próprios de abastecimento à
hotelaria; sobre a regionalização da Empresa de Electricidade da Madeira.
Procedeu à instalação da
Circunscrição de Urbanização
da Madeira e ao reconhecimento de que a Delegação da
Junta Nacional de Produtos
Pecuários passou a depender
da Junta Regional.
Pôs à discussão pública o
projeto de estatutos da Sociedade Financeira e de Desenvolvimento da Madeira; procedeu à equiparação dos
ordenados dos educadores de
infância de diversas instituições, bem como dos enfermeiros da Inspecção de Saúde da
Junta Geral, que não tinham
ordenados equiparados aos
da Direcção-Geral de Saúde;
deliberou a necessidade da
criação urgente da Comissão
Instaladora do Instituto Universitário da Madeira.
Considerou “dia feriado a
Sexta-Feira Santa e tolerância de ponto na Quinta-Feira
Santa” e deliberou que, face
ao Decreto-Lei nº 309/76, de
27 de abril, a hora da Madeira
fosse coincidente com a hora
oficial de Lisboa.
Tomou medidas com vista
ao fomento do setor agrícola,
relativamente à colocação de
banana no mercado do continente, ao fomento da flori-
cultura, ao Plano de Fomento
Vitícola; à construção da Adega de São Vicente; adjudicou
a primeira fase do Mercado
Abastecedor; tratou do problema de abastecimento de
água de rega.
Aprovou o Programa de
Desenvolvimento Pecuário;
decidiu criar um Entreposto
de Pesca Internacional; deliberou adquirir os terrenos
para a construção dos silos
para cereais.
Debruçou-se sobre a crise
de diversas empresas do setor
da indústria e do artesanato
tradicional, baseado nos bordados e vimes.
Resolveu vários problemas
relativos à recusa dos chamados “Médicos à Periferia” em
se deslocarem para os concelhos rurais, bem como na adequação das estruturas baseadas na Administração Distrital de Saúde, criada em 4
de setembro de 1975, e nas
Comissões Integradoras dos
Serviços de Saúde Locais, instituídas em fevereiro daquele ano.
Decidiu mandar elaborar
um estudo sobre os transportes rodoviários, “face à grande
deficiência especialmente dos
transportes colectivos de passageiros”, assim como outro
estudo sobre as «Praças de
Taxis».
Interveio no diferendo
acerca das “remunerações do
Pessoal do Sindicato dos Carregadores”, na sequência de
um relatório da Junta Autónoma dos Portos do Arquipélago da Madeira; congratulouse com a decisão do I Governo
Constitucional para ampliar o
Aeroporto da Madeira e pela
abertura de concurso para a
construção do Porto de Abrigo do Porto Santo.
Tomou posição favorável
sobre o despacho do Secretário de Estado do Tesouro, que
criou o Secretariado Regional
da Banca na Madeira e concedeu subsídios a empresas e
cooperativas, no montante de
11.731 contos, empréstimos,
11.150 e avales, 87.000.
Constituiu uma comissão
instaladora da Assembleia
Regional, saída das eleições
realizadas no dia 27 de junho
de 1976, tendo encarregado
a Junta Geral de “contratar
a título precário e por tempo limitado” trabalhadores de
apoio administrativo à assembleia eleita, cuja sessão solene
teve lugar no dia 19 de julho.
Cumprido o mandato, a
Junta Regional passou testemunho ao I Governo Regional, que tomou posse no dia 1
de outubro do mesmo ano.
Mas existiu ainda uma
curiosidade legislativa: apenas três anos e dois meses e
meio após estarem em plenas
funções os órgãos de governo próprio da Região Autónoma, foi extinta a Secretaria do
istrito Autónomo do Funchal,
pelo Decreto-Lei nº 485/79,
de 15 de Dezembro. O seu
artigo primeiro determina: “É
extinta a secretaria do governo do antigo distrito autónomo do Funchal, transitando
o respectivo pessoal para os
serviços da Região Autónoma
da Madeira, nos termos deste diploma”. O artigo quinto refere que “O Pessoal da
extinta secretaria continuará
a ser pago por conta do Orçamento Geral do Estado até
final do corrente ano (1979)
e as verbas atribuídas serão
transferidas, por duodécimos,
para o Governo Regional”.
Ou seja, se é verdade que
os serviços do extinto Distrito Autónomo já tinham transitado em grande parte para a
Junta Regional e, depois, para
o Governo Regional, também
é certo que coexistiu um serviço, com pessoal a si afeto, que pertence a um órgão
administrativo sem funções.
Melhor dizendo, nos três anos
de dilação, a Secretaria do
extinto Distrito mais não teve
senão as funções de comissão
liquidatária do Distrito Autónomo do Funchal.
gregoriogouveia.blogspot.pt
Memória curta
Se considerarmos o que se
está a passar nos processos
eleitorais internos do PS e do
PSD/Madeira ficamos com a
sensação de que muitos políticos da ribalta esqueceram
já que as eleições europeias
mostraram indubitavelmente
que os eleitores e a população
estão fartos da conduta dos
partidos e dos seus respectivos políticos.
Esse descontentamento
manifesta-se essencialmente em relação aos partidos e
políticos da coligação nacional
(PSD/CDS) e regional (PSD/
Madeira). Revelam mesmo
desesperança e incredulidade
nas suas propostas para o presente e para o futuro.
Muita gente está convicta de
que os candidatos a governantes de cada partido são escolhidos pelos seus “aparelhos” e
pelas suas direcções que actuam em função dos interesses
de certos lobbies a que pertencem e que na prática pouco se
interessam com a resolução
dos problemas reais do país,
mas apenas com a satisfação
dos interesses desses grupos.
Têm ainda a convicção que os
eleitores ficam arredados de
participar nesse processo.
Dizem eles que mesmo
quanto às primárias que estão
a decorrer no PS, querem fazer
crer que se iniciou um novo
modelo de eleições internas
no partido, respeitador integral da Democracia, mas no
fundo o que se está a passar
é a inscrição para o acto de
votação de simpatizantes que,
na sua maior parte, constitui
uma elite intelectual que quer
que António Costa seja o futuro Primeiro-Ministro de Portugal, obviamente SecretárioGeral do PS para conseguir
deter o poder.
A maioria esmagadora do
eleitorado que normalmente
vota no PS não vai participar nestas primárias porque
não lhe chegou a informação
adequada ou porque não são
mobilizados por este tipo de
despique agressivo entre dois
“camaradas” socialistas que
torna praticamente impossível um entendimento futuro entre vencedores e perdedores, porque se ultrapassou
a agressividade aconselhável
que consente e incentiva a disputa interna e permite debater de forma saudável o futuro
desse partido e do país.
Até agora o comportamento dos candidatos à liderança do PSD/Madeira tem sido
semelhante ao desses candidatos socialistas, salvo honrosas excepções. Algumas dessas candidaturas são elitistas
no sentido pejorativo da palavra. As elites são imprescindíveis para o sucesso do partido, da Região e do País, mas
têm de trabalhar para o bem
comum, para o Povo e não
só para os círculos herméticos
que constituem.
Lembrem-se esses candidatos de que podem vir a ganhar
as eleições internas e não
ganharem as eleições legislativas regionais de 2015.
Para vencê-las, o candidato
ganhador das internas terá de
mobilizar o eleitorado regional
com propostas que lhe pareçam credíveis e não se esquecer que, tal qual o nacional, a
grande maioria desse eleitorado vive na desesperança de
que os partidos lhe venham a
devolver o mínimo de qualidade de vida. Partidos e políticos têm de mudar quase radicalmente de atitude.
O candidato vencedor das
eleições internas do PSD/
Madeira tem efectivamente de
dar provas, antes das eleições
gerais de 2015, de que está
sinceramente interessado em
reorganizar o partido, de forma a servir melhor a população, para o que trabalhará com
toda a humildade, empenho e
determinação, como também
tem der se comprometer em
acabar com certas injustiças
que a população denunciou
e venha a denunciar, devidamente fundamentadas.
Impõem-se modificações
efectivas num futuro próximo
e não há Democracia sem partidos políticos.
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
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16 cultura
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
“Cabe aos criadores a
responsabilidade de as gavetas
não estarem vazias de projetos
e trabalho”
Afirma Gonçalo Gouveia
O artista apresenta, nesta sextafeira, a exposição
«Peixe» no Ateneu do Funchal.
A mostra ocorre na sequência
do Ciclo de exposições designado
por “Insulana”
SARA SILVINO
[email protected]
T
ribuna da Madeira (TM) - O que
apresenta
a
exposição da sua
autoria denominada por «Peixe»?
Gonçalo Gouveia (GG)
- Esta mostra ocorre na
sequência do Ciclo de exposições designado por “Insulana”, constituído por quatro
exposições de pintura, realizadas em sequência entre
maio e agosto de 2014, que
incluiu um conjunto de trabalhos realizados nos últimos três anos, distribuídos
por quatro espaços da Região:
no Concelho de Machico (na
Junta de Freguesia de Machico, no Núcleo Museológico
do Solar do Ribeirinho, e no
Museu da Baleia); no Funchal
(na Junta de Freguesia de São
Martinho).
Estes espaços foram amavelmente cedidos para o efeito pela Autarquias e permitiram mostrar mais de uma
centena de trabalhos dedicados a diversas temáticas da
vivência insular. A presente exposição propõe o que
se pode designar um “postscript”ao ciclo anterior, mostrando-se agora um conjunto
adicional de trabalhos, dedicados a um tema cuja ausência foi repetidamente notada
no ciclo anterior: o “bestiário
marinho”- que protagonizou
apenas algumas tímidas aparições nas exposições anteriores. Tirando partido do oportuno desafio do Funchal Ateneu Café, para trazer um conjunto de trabalhos a este espaço central da cidade, aproveitou-se para trazer ao palco
um conjunto de telas em que
o peixe, e os auxiliares da sua
degustação, são exclusivamente os modestos, mas muito dignos, atores principais.
TM - Qual foi o motivo
que o levou a expor?
GG - As motivações para
esta exposição prendem-se,
por um lado, com a vontade
de complementar, e de certo modo rematar, o ciclo de
exposições anterior, respondendo diretamente à reação
do público, que constitui uma
parte essencial da dinâmica destes eventos. Por outro
lado, responder positivamente ao desafio lançado pelo
Ateneu, que é um dos espaços
emblemáticos da cidade do
Funchal, e que, pela sua vocação e centralidade congrega um público sempre variado. Refira-se ainda, conforme
sugere do texto do catálogo,
que esta exposição não deixa de ser também um modestíssima manifestação de teimosa vitalidade num momento em que se impõe – ou nos
é imposto – o mais insidioso
dos desânimos.
TM - É a primeira
vez que apresenta uma
exposição?
GG - Tendo iniciado a participação em mostras coletivas ainda enquanto estudante da Escola de Belas-Artes
de Lisboa, no início dos anos
noventa, nomeadamente na
Galeria do Diário de Notícias
de Lisboa, em 1990, e na Boole Library - University College em Cork, República da
Irlanda, em 1991, destacaria
as exposições: “O Negro ao
Norte”, em 1994, com Eduardo Welsh, na Galeria da
Secretaria Regional do Turismo e Cultural, no Funchal; “O
Domínio da Paixão”, em 1996,
juntamente com um coleti-
cultura
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
vo de Docentes do Instituto de
Arte e Design, na Galeria da
Secretaria Regional do Turismo e Cultural, no Funchal;
“Vinte Anos de Artes Plásticas
na Madeira, no Museu de Arte
Contemporânea da Madeira,
no Funchal; e, mais recentemente o Ciclo Insulana, em
2014, realizado individualmente. Destacaria ainda, no
que se refere a publicações, a
edição do “Poema Circular”volume de poesia e imagem
digital, com Idalina Sardinha,
em 1998; e “Sensos, na Esteira
Luminosa do Haiku – cd-rom
de poesia e animação digital,
também em colaboração com
Idalina Sardinha e o coletivo
de Design “theoneline design”,
em 2004. As razões para os
significativos hiatos entre as
exposições prendem-se essencialmente com o cumprimento dos restantes deveres da
carreira Académica, sempre
muito exigentes em termos
de investimento de energia e
tempo.
TM - Como surgiu o gosto pela pintura?
GG - O gosto pela criação artística, particularmente no campo das artes visuais,
começou cedo e teve a sorte
de ter sido sempre incentivado por todos aqueles que me
rodeavam, nomeadamente os
que detinham uma educação
artística formal. Estes estímulos, e o investimento de atenção e lições que os acompanhou foram essenciais à construção da necessária persistência e disciplina para transformar o impulso criativo
num ato produtivo, e sintome naturalmente privilegiado nesse aspeto. Curiosamente, pese embora as vertentes
específicas de formação académica terem sido a Escultura e a Gravura, ao nível da
Licenciatura em Artes Visuais, essencialmente feita na
Escola de Belas-Artes de Lisboa, mas igualmente no Instituto de Arte e Design, no Funchal, a prática da pintura não
só acompanhou sempre esse
percurso, tanto pela via das
obrigações curriculares como
por via do interesse pela experimentação em campos complementares, e essa prática
acabou por se impor enquanto campo de maior liberdade,
considerando o menor peso
da mediação tecnológica – o
que não significa que esta seja
negligenciável, naturalmente. Com o passar do tempo, e
também por vicissitudes de
índole muito prática, acabou
por se tornar o principal meio
de expressão, sobrevivendo,
inclusivamente, ao posterior
apelo sedutor das tecnologias
digitais.
TM - Acha que o trabalho dos artistas madeirenses tem tido a devida atenção por parte das
entidades relacionadas
com a cultura, e da própria população? Os jovens
aderem mais às exposições, ao meio cultural?
GG - Primeiro, há que referir que se verificou, particularmente na última década,
uma transferência global do
prestígio da esfera cultural
para outras esferas, antes subsidiárias, e que se manifesta na transferência do investimento político para áreas com
maior visibilidade mediática,
garantindo retorno imediato
de setores sociais mais vastos. Não se pode afirmar que
ao nível regional esse processo
tenha determinado uma significativa alteração do paradigma vigente, talvez porque
este sempre se orientou nesse
sentido, numa curiosa antecipação histórica. No entanto,
em abono da verdade, o cenário sempre foi híbrido, com
grandes variações no grau de
investimento, não permitindo
o maniqueísmo de uma qualquer sentença liminar.
Mais recentemente, a evolução qualitativa do apoio dado
por estruturas locais, que em
grande medida avançam para
o espaço deixado vago pelas
superestruturas do Estado
que perdem sucessivamente
a capacidade de intervenção,
por múltiplas razões, começa
a desenhar-se como um fenómeno a observar. Note-se por
exemplo, no caso desta exposição - e de um conjunto já
significativo de mostras - que
a proposta nasce de um entidade privada, à partida não
vocacionada para este tipo de
patrocínio. No entanto colocou-se no terreno e criou um
conjunto de oportunidades
assumindo o risco. Por outro
lado, os públicos evoluíram
de um modo significativo, traduzindo-se essa transformação, pelo menos de momento,
numa distribuição do interesse por manifestações culturais
com múltiplos perfis, numa
saudável e corajosa disponibilidade, ainda tímida, mas a
merecer todo o incentivo. De
modo particularmente significativo, nesta instância, são os
mais jovens que demonstram
um inquietante cristalização
dos seus interesses em torno de uma tipologia de eventos que se reveste do aparato de evento cultural mas não
ultrapassa, com demasiada
frequência, a mera exploração comercial de fórmulas de
entretenimento cujos méritos
se revelam no mínimo duvidosos. Mas dito isto, o impor-
17
tante é as gavetas não estarem
vazias de projetos e trabalho,
e essa responsabilidade cabe
dos criadores.
TM - Quais são as expetativas para o dia da inauguração da exposição
«Peixe»?
GG - Deve assumir-se com
naturalidade que neste tipo
de eventos ansiamos sempre
por uma boa adesão, tanto
no que respeita à afluência de
visitantes como, e principalmente, em termos da empatia que os trabalhos possam
gerar. Espera-se também que
estes momentos constituam uma oportunidade valiosa para estar com as pessoas, observar reações, comunicar e obter assim o indispensável feedback, reunindo-se
diferentes gerações, incluindo os elementos ligados às
Artes Visuais. Há ainda uma
componente de tertúlia que
se impõe, porque cultura não
é necessariamente sinónimo
de solenidade sorumbática,
passa da mesma forma pela
arte do convívio, e aí esperamos sempre proporcionar um
momento memorável.
Para além de se assegurar
o merecido retorno à entidade patrocinadora em termos
de visibilidade, potenciando
assim a relação estabelecida,
em ambos os sentidos. l
18 saúde
Este espaço
pode ser seu
E-mail: [email protected]
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Telef: 291911300
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MÉDICOS
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CLÍNICAS
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
Excesso de medicação para o
colesterol elevado e hipertensão
preocupa especialistas
Na semana em que se celebra o Dia Mundial do Coração, os especialistas em
medicina oriental alertam
para o excesso de medicação
que é administrada em Portugal para tratar a hipertensão e a colesterolemia (colesterol elevado). Trata-se de
uma situação preocupante, na medida em que este
tipo de patologias, apesar de
serem crónicas, podem ser
reversíveis através da prática
de uma dieta equilibrada e do
exercício físico regular.
Os últimos estudos indicam que mais de metade da
população portuguesa tem
colesterol elevado (56%)
e cerca de metade sofre de
hipertensão (42%).
No caso dos hipertensos, e
segundo dados da Sociedade
Portuguesa de Hipertensão,
74,9% dos doentes são medicados. Para além dos efeitos
secundários que estes tratamentos acarretam, os custos que os mesmos representam para a Sociedade são
elevadíssimos.
“Esta é uma situação alarmante para o nosso país, que
tem de ser revertida o quanto antes. A simples alteração
do estilo de vida é suficien-
te para reduzir a prevalência de ambas as patologias, a
médio prazo. Para além desta mudança e caso o doente esteja predisposto a experimentar tratamentos alternativos à medicina convencional, a medicina tradicional chinesa oferece métodos imediatos e sem recurso a fármacos para eliminar
a hipertensão e o colesterol”
afirma Wengian Chen, Diretora do Centro de Terapias
Chinesas, em Lisboa.
A acupuntura tem uma
ação rápida e eficaz no tratamento da hipertensão, ao
equilibrar os valores da pressão arterial. Logo nas primeiras sessões, o doente sente-se
melhor e verifica uma diminuição da hipertensão, através da medição destes valores antes e após a sessão de
acupuntura. A duração do
tratamento depende de cada
pessoa e do historial clínico,
podendo ir de quatro semanas a vários meses. Mesmo
nestes últimos casos, o doente sente uma diminuição instantânea da sua pressão sanguínea, que deverá ser mantida nos dias seguintes.
No caso da colesterolemia
e associado a um novo estilo
de vida que deverá ser adotado pelo doente, a acupuntura ajuda a melhorar o equilíbrio do sistema endócrino e
aumenta a circulação sanguínea. Através da estimulação
periférica, este método ajuda o organismo a diminuir o
colesterol mau e a produzir o
colesterol bom.
Para além da acupuntura,
podem ser associados chás
à base de ervas comprovadas na redução dos valores
de colesterol e hipertensão;
assim a fórmula Jiang Ping
Pian, uma fórmula clássica
para controlar a tensão arterial, e que inclui uma série
de plantas, as principais das
quais são a escutelária (scutellaria baicalensis, uma
planta da família da hortelã)
e a erva-férrea (prunella vulgaris), entre outras - ou no
caso do tratamento ao colesterol, por exemplo, um chá
à base do fruto do espinheiro branco. Existem inclusive
protocolos de tratamento que
permitem baixar rapidamente a tensão arterial em caso
de crise aguda, com acupunctura e massagem (tratamento que pode incluir tirar algumas gotas de sangue nalguns
pontos específicos). l
opinião
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
19
breves
Humberto Pinho da Silva
Celso Neto
Porque abandonam
a Igreja?
O castigo
do ladrão
a prática da doutrina de Jesus, viver
o cristianismo é muito difícil, principalmente para jovens, que se julgam
imortais.
Algumas vezes, também, escuto –
que os nossos templos são “frios”.
Muitos gostariam de encontrar,
na Igreja, refugio para a solidão. os velhos para conviverem; os novos
para conhecerem outros jovens.
As comunidades são grandes. Ao
sacerdote é humanamente impossível
ser omnipresente. A maioria dos fiéis
permanece na Igreja, como solitário
em ilha deserta, em pleno Pacifico.
Por último: há os que frequentam
o templo para aproveitarem oportunidades… e o mau exemplo só serve
para desacreditar a Igreja.
Há, também, os que pensam: se
a Igreja fosse mais “ maleável”; se
plasmasse à vida moderna; se desse acesso ao sacerdócio à mulher; ou
pelo menos, os padres fossem casados, tudo seria diferente.
Que seria diferente, acredito, mas
se seria melhor, duvido: porque cristianismos não são: palavras, eventos, congressos, nem cerimónias, mas
conduta para pautarem a vida.
Conduta difícil….até quase impossível, para muitos….mas modo de estar
na vida, para se poder entrar na outra
Vida
Qual é a sua profissão?
Senhor DJ, eu sou ladrão
Roubei um tostão!
Vai ter que ir para a prisão…
E se eu tivesse roubado um milhão?
Bem, isso é outra questão!
Roubar um tostão
É o mesmo que invocar o nome de
Deus em vão…
Não é solução
Não tem perdão!
Estão abertas as candidaturas
para “Retomar” os estudos na Universidade da Madeira até 30 de
setembro. Os antigos estudantes do
Ah justiça de um cão…
ensino superior, com idade inferior
Devia então
a 30 anos, que abandonaram o ciclo
Ter roubado um milhão?
de estudos antes da sua conclusão e
Como lhe disse isso é outra questão!
que pretendem prosseguir a sua formação na Universidade da MadeiQue Deus nos valha, isto é demais
ra podem candidatar-se ao PrograNão era assim no tempo dos nossos
ma Retomar até 30 de setembro e
pais!
usufruir de uma bolsa no valor de
1.200 euros.
Pois, por isso é que aqui vieste parar…
O Programa Retomar insere-se
Quem te deu ordem para roubar?
no Plano Nacional de ImplementaNão tinha para mastigar
ção de uma Garantia Jovem e desE caí na tentação de roubar!
tina-se aos jovens entre os 15 e os
29 anos, inclusive, que não estejam
Porque querem os passaritos ser livres integrados em qualquer modalidade
e voar alto
de ensino ou formação ou no mercaSe, quase, não conseguem dar um
do de trabalho. Tem como objetivos
salto?
permitir o regresso à educação e forOnde é que foste buscar essa ideia
mação, em contexto de ensino supeperegrina
rior, de estudantes que pretendam
De roubar às aves de rapina?
completar formações anteriormenTrês meses de prisão com pena
te iniciadas ou realizar uma formasuspensa…
ção diferente; combater o abandono
Quando quiseres roubar, tira licença!
escolar no ensino superior e promoAdquire imunidade “pralamentar”
ver a qualificação superior de jovens
E não te ponhas a inventar…
que não estão nem a trabalhar, nem
Um tostão
inseridos em percursos de educação
Faz muita falta à Nação!
ou formação.
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Eis a pergunta que crentes e sacerdotes interrogam, e não encontram
resposta.
Será porque os cultos não são atrativos? Ou será que os ministros de Deus
pregam com palavras, que saem da
boca, mas não as sentem no coração?
Estando em Roma, a conversar com
franciscano, que veraneava em Itália, este declarou-me: “O padre católico, alicerça as homilias com vocábulos
vernáculos, recheadas de erudição”.
Podem ser belas, agradáveis ao
ouvido dos cultos, mas incompreensíveis para o homem comum. Será, por
isso, que o povo se afastou do templo
e da doutrina de Cristo?
Ouço dizer, e com razão, que o
melhor evangelista é o que pratica, o
que diz acreditar.
Quem assim assevera, pensa que o
abandono da prática religiosa deve-se
ao facto de alguns pastores seguirem
o conselho do famoso Frei Tomás, que
escreveu na porta do gabinete:
“ Faz o que ele diz e não o que ele
faz”.
Outros, queixam-se que os pais deixarem de rezar com os filhos, e as
famílias já não são, como eram antigamente: cumpridoras dos seus deveres morais, o que esmorece a fé, mormente das crianças.
Sabemos – crentes ou não, – que
A Olho.te - Associação Artística
de Solidariedade Social, na sequência do grande sucesso que foi a 1ª
edição do cortejo de Fitness ao ar
livre, «PERCORRA O MUNDO EM
FITNESS COMUNIDADES», está a
preparar uma 2ª Edição, que decorrerá no dia 28 de Setembro (domingo), com concentração às 15:30H,
nos Campos Nazaré, em frente à
Mata e início às 16 horas.
O Cortejo terá início na Praceta
da Venezuela(ao pé do Tourigalo) e
percorrerá as ruas da Venezuela, do
Brasil, da África de Sul e dos Estados Unidos da América, em direcção ao campo do Clube Naval, onde
acontecerá uma DANCE PARTY.
Serão distribuídas águas, aos participantes, durante o percurso, e no
fim será distribuída fruta
A organização apela aos participantes que trouxessem um adereço de Carnaval (narizes, colares, perucas ...). “Aqui as palavras
de ordem são: diversão, inclusão,
festa, felicidade, partilha, união,
solidariedade,carinho...”.
A primeira edição contou com a
participação de mais de uma centena de moradores e comunidade de
interesse.
www.tribunadamadeira.pt
20 opinião
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
Eduardo Luís
Helena Rebelo
Reflexologo e presidente Ordem
Mundial de Reflexologia
[email protected]
Docente da Universidade da Madeira
[email protected]
Reflexologia Infantil
O que é uma
“contracapa”? Porquê?
Depois de alguns artigos
onde abordei a importância
da reflexologia e suas técnicas e estudos científicos hoje
resolvi escrever sobre reflexologia infantil que existe pouca gnose em relação a terapia e técnica. O toque no ser
humano é de extrema importância. Nós como seres humanos necessitamos que nos
toquem, especialmente pelas
pessoas que mais gostamos,
para que nos sintamos acarinhados e amados. Tal como
quando estamos tristes e gostamos que nos dêem um abraço reconfortante, também o
seu bebé precisa do mesmo
de si. As massagens a reflexologia ao bebé, o colo, o
toque, contribuem para criar
laços de afecto impossíveis
de criar de outra maneira.
Estes laços de afecto fazem
com que o bebé tenha uma
saúde melhor, aumentando
as suas defesas naturais, bem
como o seu comportamento
social e afectivo e vai aumentar a empatia entre os pais e
o bebe.
A Reflexologia é um dos
instrumentos para restabelecer, de forma natural, o equilíbrio do ser humano. Fazendo pressões com as mãos em
determinados pontos dos pés
é possível provocar mudanças fisiológicas no corpo uma
vez que o próprio potencial de cura do organismo é
estimulado.
A Reflexologia pode ser
usada como terapia tanto nos adultos, como crianças e bebés por profissionais
qualificados.
Nos bebés e crianças pequenas, a prática da Reflexologia podal requer uma atenção especial e as manipulações devem ser subtis e mais
suaves do que num adulto
Situações como cólicas,
diarreia, obstipação, dentição, otites, amigdalites, distúrbios do sono, irritabilidade, ansiedades, romper da
dentição, constipações, são
apenas uma pequena quantidade da lista de possibilidades de actuação da Reflexologia Podal Infantil.
Porquê os Pais como
Terapeutas?
Segundo a nossa filosofia
de trabalho, são os pais quem
intervêm inicialmente como
terapeutas dos seus próprios
filhos, já que os bebés e crianças reagem melhor em receber a massagem por parte de
quem os ama, ou seja os seus
pais, avós ou irmãos.
Os benefícios não se fazem
apenas ver nos filhos os pais
acabam por sofrer efeitos
secundários muito positivos,
tais como, auto-confiança,
conhecimento mais concreto
do organismo dos seus filhos,
e uma melhoria no estado da
saúde de todos os elementos.
Deixo alerta para todos
aqueles pais que queiram fazer
reflexologia infantil pedir formação ao terapeuta, ou pedir
ajuda ao centro de reflexologia da madeira para saber os
terapeutas qualificados.
Até para a semana, mexam
nos vossos pés com carinho
que estes vão sorrir...
“A Reflexologia como apoio
aos cuidados médicos convencionais, não só auxilia a
criança como também aproxima-a os pais, contribuindo para uma vinculação mais
segura.
Barbara e Kevin Kunz
Publicamente, o Ministro
da Educação e da Ciência,
Nuno Crato, veio pedir desculpa porque um concurso
de professores correu muito
mal, sendo necessário repetilo. Já houve uma demissão
no ministério e surgiu a anedota: um matemático falha
nas contas elementares. O
ano escolar 2014-2015 não
começou da melhor forma.
Para quem trata destes processos, deveria ser uma rotina, mas, claramente, não o é.
A inovação, as experiências
e as mudanças são anuais.
Por todo o país, algumas escolas vão fechar porque não
têm um número suficiente de
crianças. Houve tempos em
que deveriam ser no mínimo
10. Agora, segundo consta,
devem ser 20. Existem estabelecimentos com muitas
crianças, mas a equipa do
Ministro quer encerrá-los,
manifestando-se pais e autarcas contra a medida. Além
disso, mais de mil professores estarão por colocar e
vários estudantes começam
o ano sem docentes e sem
aulas. Fico por aqui neste
rol que a comunicação social
vai desenrolando. Se olharmos apenas para o que está a
correr mal, tenderemos a esquecer o que vai acontecendo dentro da normalidade e,
por isso, bem. Ter a noção da
realidade é ver os dois lados.
Portanto, no geral, começámos mais um ano escolar de
trabalho. Os pais foram comprando os materiais e a maioria das pastas ficou pronta a
tempo. Numa destas tarefas
preparatórias, uma amiga telefonou-me com uma dúvida.
O que é uma “contracapa”?
Numa escola de ensino básico, recomendaram que os cadernos fossem identificados
na contracapa e houve quem
ficasse com dúvidas. Uns pais
diziam que era a parte interior da capa e outros que era a
parte detrás do caderno, a do
lado oposto à capa. Eu nunca pensei no termo para um
caderno, mas tenho-o usado
para os livros. Na resposta
que dei, optei, então, pela
segunda possibilidade. Contudo, fiquei com uma “pulga
atrás da orelha” e pensei dedicar esta crónica ao assunto.
Reflectir sobre tudo, incluindo detalhes linguísticos como
este, é um exercício que aprecio bastante porque coloca
problemas que continuarei,
aqui, a propor. Isto não significa que saiba tudo ou que
o assunto fique, na íntegra,
resolvido.
Resumidamente,
esta
questão será do domínio da
Lexicologia, da Lexicografia
e da Semântica, sendo, também, um problema relacionado com a linguagem técnica. Neste caso, é provável
que tenhamos de distinguir
um sentido específico e técnico, da área das Artes Gráficas
e da Encadernação, do que
se usa comummente. Todos
sabemos que uma capa, enquanto peça de roupa, serve
para recobrir. O vocábulo
aplicado ao livro terá o mesmo sentido, isto é, o de “cobertura”. Portanto, no geral,
a capa de um livro ou de um
caderno será o material que
serve para recobrir o miolo,
ou seja, as páginas em si. Porém, passou a especificar-se,
designando a capa “a parte dianteira”. Logicamente,
a contracapa identificou-se
com “a parte traseira”. Se tivermos um livro fechado, em
cima de uma mesa, vendo o
título e o nome do autor, estaremos a olhar para a capa.
Se o virarmos, veremos a contracapa. A lombada separa as
duas. Usaremos todos “capa”
e “contracapa” com estes
sentidos? Que revelarão os
dicionários do tira-dúvidas a
propósito?
As respostas são tão variadas que compreendo bem a
confusão dos pais na simples
tarefa de identificar os cadernos dos filhos. Do conjunto
de dicionários consultados
(cf. tira-dúvidas), o FIGUEIREDO não apresenta os verbetes. O MACHADO ignora o
sentido de “capa” ligado a livro ou similar e a definição de
“contracapa” é pouco esclarecedora. As referências brasileiras, o HOUAISS e o AURÉLIO, fazem a distinção entre exterior (capa) e interior
(contracapa).
Concordam
com a ideia de a “capa” ser o
que envolve, externamente, o
miolo do livro, caderno, etc.,
identificando a “contracapa”
o interior da capa. O dicionário da ACADEMIA considera
dois sentidos para “capa”:
1) a totalidade exterior e 2)
a parte da frente. Segundo
este dicionário, a “contracapa” corresponde à parte interior da “capa” (enquanto
elemento exterior) e tem um
uso familiar: a acepção de
parte posterior, oposta à da
frente do livro. O dicionário
da PORTO EDITORA veicula exclusivamente este último sentido de “contracapa”,
mantendo, porém, os dois de
“capa” (1- totalidade exterior
e 2- parte da frente). Na obra
da PRIBERAM, registam-se
os dois sentidos de “capa” e
os de “contracapa”.
Já sabemos que é fácil o
que se entende e complexo,
ou discutível, o contrário.
Portanto, para um provável
tira-teimas, nada melhor
que um breve tira-dúvidas
porque as dúvidas são o primeiro passo, mas não podem
ser o último. Por que razão
o termo “contracapa” pode
suscitar dúvidas? Porquê?
É porque tem, pelo menos
no Português Europeu, dois
sentidos: a) face interior da
capa e b) parte posterior do
livro, da encadernação, etc.
Isso acontece porque “capa”
também tem dois sentidos:
a) a cobertura integral do
livro, da encadernação, etc.
e b) parte anterior dessa cobertura. Logo, para evitar
confusões e equívocos, quando falamos em “capa” ou
“contracapa”, temos de especificar o que pretendemos dizer. Eu vou manter os sentidos que sempre usei: “capa”
é, apenas, a parte da frente
da encadernação e “contra-
Os Porquês do Português
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
capa” a de trás. O interior de
uma e de outra designo-os
como tal ou, então, “verso”,
tendo a capa e a contracapa
frente e verso. Não sei como
terminou este caso, mas estou convencida que alguns
pais terão identificado os ca-
dernos dos filhos no verso da
capa e outros na contracapa,
havendo alguns outros que o
terão feito na face interior da
contracapa (o verso). Quando
não clarificamos o que queremos dizer, tudo se complica
e surgem os mal-entendidos.
21
Os pais sofrem e os professores também, mas as maiores
vítimas são os alunos.
TIRA-DÚVIDAS
Dicionários
“capa”
Priberam “em linha”
(2008-2013), última consulta
feita dia 22-09-2014
ca·pa
(latim tardio cappa, tipo de toucado, parte
do vestuário que tapa a cabeça)
substantivo feminino
(...) 8. Parte exterior de um livro, caderno,
revista, ou de outra obra ou publicação,
geralmente em papel ou material mais
resistente. 9. Parte da frente de um livro,
caderno, revista, ou de outra obra ou
publicação, por oposi­ção à contracapa. (...).
Houaiss
(2001)
substantivo feminino
(...) 6 Rubrica: encadernação. parte exterior
de qualquer publicação, ger. de papel
encorpado, papelão ou outro material mais
rijo que o miolo, que protege e mantém
juntas as páginas (...).
Academia
(2001)
(...) s. f. (Do lat. cappa ‘toucado’). (...) 3.
Cobertura de papel ou de outro material,
mais ou menos rígida, que envolve e
protege um livro, uma revista, um folheto...
O manual de código está tão usado que já
não tem capa. +de livro, de revista; + dura,
mole. 4. Parte da frente dessa cobertura,
onde estão inscritos normalmente o título
do livro, da revista, o nome do(s) autor(es),
da editora...; o conjunto dos elementos
impressos nessa parte. A editora tem um
enorme cuidado na composição das capas.
A atriz apareceu na capa do último número
da revista. (...).
Porto Editora
(1998)
s. f. (...) face anterior de livro ou revista;
peça que forma a lombada e as faces
anterior e posterior de uma publicação (...).
Machado
(1991)
acepção inexistente
Cândido de Figueiredo
(1986)
acepção inexistente
Aurélio
(1986)
s. f. (...) 6. Encad. Cobertura de papel
ou de outro material, flexível ou rígida,
que enfeixa ou protege mais ou menos
solidamente um livro, um folheto, etc.,
segundo constitua brochura, cartonagem
ou encardenação [sic] (...). 7. Bibliogr. O
conjunto dos dizeres e imagens impressos
na cobertura de um livro, de um folheto, etc.
(...)
“contracapa”
con·tra·ca·pa
(contra- + capa)
substantivo feminino
1. Parte de trás de um livro, caderno, revista, ou de outra obra ou publicação, por
oposição à capa.
2. Parte interna da capa de uma obra ou publicação; verso da capa ou verso da
contracapa.
substantivo feminino
Rubrica: artes gráficas.
cada uma das duas faces internas da capa
(...) s. f. (De contra- + capa). Encad. Lado interno da capa. 2. [sic] Fam. Lado posterior
da capa. Um texto de contracapa.
s. f. face posterior de livro ou revista (De contra-+capa)
s. f. Em encadernação, aba lateral da capa de brochura.
verbete inexistente
[De contra- +capa1.] s. f. Encad. Cada um dos lados internos (segunda capa e terceira
capa) de um livro, revista, folheto, etc.
22 economia
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
Mais desemprego em agosto
No final de agosto existiam 21826 desempregados registados no centro de emprego regional.
Juan Andrade
[email protected]
A Madeira registou uma
subida ao nível do desemprego. No final do passado mês estavam inscritas nos Centros de Emprego 21826 pessoas, ou seja,
uma subida de 1,8% em
relação ao mês anterior,
onde existiam 21437 (-389)
desempregados.
Porém, se compararmos
com o mês homólogo do ano
transato verificamos que o
número de desempregados diminuiu 2,8 %, sendo
que em agosto de 2013 as
estatísticas davam conta de
22450 (+624) pessoas sem
emprego.
Tendo em conta o todo
nacional, verificamos que
no final do passado mês
estavam inscritos como
desempregados, nos Centros de Emprego do Continente e Regiões Autónomas,
624 230 indivíduos, número que representa 72,8% de
um total de 857442 pedidos
de emprego.
Os dados do IEFP indicam, ainda, que o total de
desempregados registados
no País diminuiu (-10,2%;
-70 835), em comparação
com o mês homólogo de
2013. Em relação ao mês
anterior observou-se um
aumento (+2,0%; +12534).
A nível regional, e comparando com o mês homólogo
de 2013, o desemprego diminuiu em todas as regiões
do Continente e nas Regiões Autónomas. No Algarve,
registou-se a descida mais
acentuada (-19,5%).
Por sua vez, a análise por
género mostra uma quebra anual do desemprego,
tanto nos homens (-11,5%)
como nas mulheres (-9,0%).
Quanto ao grupo etário,
ambos os segmentos de análise (jovens e adultos) apresentavam uma descida anual, respetivamente -12,9% e
-9,8%.
Ao longo do mês de agosto, inscreveram-se nos Centros de Emprego do Con-
tinente e Regiões Autónomas, 54 394 desempregados, número que representa um decréscimo (-6,3%; -3
666) face ao mesmo mês do
ano transato. A quebra do
fluxo de desempregados fezse sentir em todas as
regiões do País, à exceção da Região Autónoma da
Madeira.
Comparando com o mês
anterior, o volume de desempregados inscritos evidencia uma quebra (-5,5%; -3
148). l
‘Pestana’ eleita
Comercialização de banana cresceu
melhor cadeira
22,5% em termos homólogos
hoteleira em Portugal
Segundo dados fornecidos pela Direção Regional de
Agricultura e Desenvolvimento Rural (DRADR), nos primeiros oito meses de 2014
foram comercializadas na primeira venda 11 652,6 toneladas de banana, mais 2 140, 1
toneladas que em igual período de 2013. Daquele total,
85,1% teve como destino a
exportação.
O Grupo Pestana foi eleito “Melhor Cadeia Hoteleira”
no Publituris Portugal Travel Awards. Um prémio que
pretende distinguir o que de
melhor se faz no Turismo em
Portugal. A gala de entrega de
prémios realizou-se, no Mosteiro de Alcobaça, e contou
com a presença do Secretário
de Estado do Turismo, Adolfo
Mesquita Nunes.
A escolha dos nomeados é
da responsabilidade da redação do Publituris, que tem em
conta o trabalho desenvolvido
ao longo do ano, capacidade de
inovação, visibilidade mediática ou distinções internacionais, entre outros. A votação é
depois feita online pelos leitores do maior jornal do Turismo
em Portugal e de um júri com-
posto por várias personalidades do sector, como empresários, profissionais, consultores
ou jornalistas.
“É com uma enorme satisfação e orgulho que recebemos este prémio. Não só porque é o reconhecimento do
trabalho que temos vindo a
fazer ao longo destes mais de
40 anos, mas também porque
é atribuído pelos profissionais
do sector do Turismo, cada
vez mais exigentes, e com uma
cada vez maior escolha de elevados padrões de qualidade.
Este é um prémio para todos
os colaboradores do Grupo,
a quem dou já os meus Parabéns. A todos, muito obrigado”, afirma Dionísio Pestana,
presidente do Grupo Pestana. l
Para este crescimento relativo de 22,5% contribuíram
todas as categorias, principalmente a banana extra
(+31,6%). Por sua vez, a banana de 1ª registou um incremento homólogo de 14,3%
e a de 2ª categoria aumentou 5,2%. Saliente-se que do
total de banana comercializada 63,2% pertenceu à categoria extra.
No segundo quadrimestre,
o crescimento homólogo relativo (+22,9%) foi ligeiramente
mais acentuado que o observado nos quatro meses anteriores (+21,8%).
Junho foi o mês no qual se
observou o maior aumento
homólogo (+62,8%), já o mês
de agosto foi o único até agora a registar um decréscimo
(-7,3%). l
Formação ACIF no mês de outubro
O Departamento de Formação e Projetos da ACIF-CCIM agendou várias ações de formação para o próximo mês.
As Principais Alterações ao Código do Trabalho
Data: 1 a 3 de outubro
Formador: Dr.ª Urânia Guimarães
Horário: 9h30 - 13h00 e 14h00 - 17h30 (21 horas)
Valor de inscrição: associado - € 150,00 / não associado - € 195,00
Finanças para não Financeiros
Data: 6 a 8 de outubro
Formador: Dr. Paulo Gonçalves
Horário: 9h00 - 13h00 e 14h00 - 18h00 (24 horas)
Valor de inscrição: associado - € 175,00 / não associado - € 230,00
Qualidade no Atendimento ao Público (**)
Data: 6, 7, 8, 9 e 13 de outubro
Formador: Eng. João Arménio Augusto
Horário: 9h00 - 13h00 (20 horas)
Valor de inscrição: associado - € 90,00 / não associado - € 120,00
2.º Ciclo de Seminários de Fiscalidade 2014 – Seminário I (*)
Temática: IRC – Regime Fiscal das Depreciações e Amortizações / Benefícios
Fiscais para Pessoas Coletivas
Data: 10 de outubro
Formador: Dr. Abílio Sousa
Horário: 9h30 - 12h30 e 14h00 - 17h30 (6,5 horas)
Valor de inscrição: associado - € 65,00 / não associado - € 85,00
Destinatários:
Diretores Financeiros, contabilistas e TOC’s.
Interessa igualmente aos técnicos de contabilidade que têm por missão manter
a legislação fiscal atualizada.
Objetivos:
IRC - regime fiscal das depreciações e amortizações: condições gerais do regime e regras de valorimetria, as alterações da reforma do IRC, com destaque
para o valor residual e o novo artigo 45.º-A do CIRC;
Benefícios Fiscais para Pessoas Coletivas - alterações ao Código Fiscal do
Investimento (Proposta de Lei n.º 229/XII, de 23-05-2014), inclui alterações ao
RFAI, SIFIDE e os novos benefícios DLRR e Remuneração Convencional do
Capital Social.
Relações Interpessoais no Trabalho
Data: 14 de outubro
Formador: Eng. João Arménio Augusto
Horário: 09h30 - 13h00 e 14h00 - 17h30 (7 horas)
Valor de inscrição: associado - € 40,00 / não associado - € 55,00
Finanças para o Comércio
Data: 20 e 21 de outubro
Formador: Dr. Paulo Gonçalves
Horário: 9h30 - 13h00 e 14h00 - 17h30 (14 horas)
Valor de inscrição: associado - € 125,00 / não associado - € 165,00
Gestão do Tempo e do Stress
Data: 20 a 23 de outubro
Formador: Eng. João Arménio Augusto
Horário: 14h30 - 18h00 (14 horas)
Valor de inscrição: associado - € 75,00 / não associado - € 100,00
(*) Ações validadas ou em processo de validação pela OTOC para efeitos de
atribuição de créditos.
(**) Ações de formação cujo conteúdo é considerado relevante pelo INCI para
efeitos de comprovação de formação contínua para o exercício da atividade das
empresas de Mediação Imobiliária
Mais informações: [email protected] | www.acif-ccim.pt
24 opinião
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
DIVAGANDO...
RICARDO FREITAS
João Henrique Gonçalves
Dirigente sindical
Advogado
Querido mudei a casa
A nova formatação
da Europa
na. Como é sabido toda e qualquer Lei
dessa natureza carece de um apoio
parlamentar de 2/3 para ser viável,
pelo que na verdade Seguro propõe
um ponto que necessita da anuência
do PSD, coisa que em fim de legislatura não é próprio nem credível.
Para tal proposta ou, outra, como
a revisão constitucional, só deveria
ser concretizada após as eleições para
uma nova Assembleia da República e
nunca antes.
Finalmente, este novo Seguro, dá
a ideia de após o dia 28 a unidade no
PS será precedida de uma “limpeza de
balneário”, o que torna complicado
todo e qualquer processo de unidade
pré-eleitoral.
Não será pois por qualquer acaso
que no PSD, se deseja que o rosto do
seu adversário principal, seja António José Seguro. De resto a orientação que diz irá proceder quanto a uma
política de alianças, em caso do PS
não obter a maioria confortável para
governar, é no minimo estranha e,
em ultimo caso, objecto de referendo
interno... .
Já Costa tem procurado dizer pouco
e evitado entrar em ataques pessoais.
Os portugueses já o conhecem como
um bom governante e bom autarca,
reservando-se para em tempo oportuno apresentar os seus argumentos
junto daquele que é para ele o verdadeiro adversário, Passos Coelho.
A sua campanha é portanto mais
serena, mais fria e, para mim, mais
inteligente.
Os efeitos que este modelo de participação (eleição directa de militantes e simpatizantes, para um lugar de
putativo candidato a primeiro ministro) vai trazer para o sistema democrático, ainda estão por analisar e aferir. Estejamos atentos.
Até lá, sinto que nestas coisas da
política, a ideia do Querido Mudei a
Casa, está a fazer escola... .
Antes da sua nomeação como Presidente da Comissão Europeia, JeanClaude Juncker foi apontado como
sendo um federalista da velha escola e que assim sendo faria pouco para
alterar o status quo vigente na UE.
Porém a nova estrutura que ele impôs
à Comissão implica, a ser implementada, (e sobretudo se deixada implementar pela máquina burocrática de
Bruxelas !) mas implica uma revisão radical de como as coisas são feitas em Bruxelas, o que é muito importante depois de dez anos de asneira de
Barroso.
Até agora toda a observação tem
estado, em particular, sobre a nomeação da inexperiente Federica Mogherini para o cargo de Alta Representante da União Europeia para Política
Externa e de Segurança, o que colocou
uma hábil nuvem, quiçá intencional e
para desviar atenções, sobre a Comissão e que permitiu a Juncker fazer
uma transformação estrutural como
desejava fazer.
Mas individualmente os comissários são menos importantes do que
os cargos que ocupam. As prioridades parecem incidir sobre a energia, o alargamento, o mercado interno e a união monetária (tão maltratadas pela crise actual económica). São
estas as prioridades e parecem bem.
Agora também é necessário tomar
rédeas e dar muita atenção sobre o
que se passa em determinados países membro da União. Na Roménia o
estado de direito parece estar a oscilar e é uma questão muito importante; na Bulgária a corrupção está na
ordem do dia e na Hungria o governo do sr. Orbán tem posto em causa regras básicas duma democracia.
Todos estes países foram admitidos
e escrutinados durante a vigência da
Comissão de Barroso, apressada em
mostrar serviço, que não foi rigorosa
(mais uma vez) em questões importantes e condição sine qua non para
uma admissão na União.
Terá agora Juncker de corrigir estes
desvios.
Por outro lado há muitos países
candidatos com problemas. Os critérios de adesão estão definidos nos critérios de Copenhaga e no Tratado de
Maastricht.
Esses países são a Turquia, país
candidato à entrada no seio comunitário (há quase meio século) também,
e que em seu desfavor, parece oscilar agora para um regime autoritário,
o que a afasta cada vez mais da desejada adesão. Além da Turquia outros
países estão “ em lista de espera” tendo já formalizado pedidos de adesão à
União Europeia e que são a Albânia, a
Antiga República jugoslava da Macedónia, a Islândia, o Montenegro, e a
Sérvia. E existem outros candidatos
(definidos como potenciais) e que são
a Bósnia e Herzegovina, o Kosovo que
assim assinaram acordos de Estabilização e Associação, o que geralmente precede a apresentação do pedido de adesão. Ainda na mesma situação estão a Ucrania, a Bielorrússia e a
Moldávia.
A situação que referi em relação à
Bulgária, Roménia e Hungria deve-se
à anterior comissão do sr. Barroso não
ter mantido os critérios de convergência definidos e ter feito as coisas à sua
maneira, isto é mal.
Tendo colocado algumas reticências inicialmente em relação ao sr.
Juncker, agora, que está a acertar,
entendo que se lhe deve dar pelo
menos, o benefício da dúvida.
PUB
Tudo indica que no próximo dia
28 deste mês, as coisas no PS vão
mudar.
Sem que nos apercebamos, alguém,
terá recorrido aos desafios de uma
equipa de mestres e “designers” que
terão introduzido novos adereços,
novos desenhos, alguma plasticidade
pós-moderna, aos discursos e ao papel
dos candidatos a candidatos.
Afinaram discursos e atitudes e tentaram encontrar o público alvo que
desejam sensibilizar.
Neste novo visual encontramos o
Seguro mais seguro de si mesmo, mais
afirmativo, mais populista.
Nessa sua nova plástica, tenta deixar cair aquele Seguro que ao longo
de três anos agia de uma forma o mais
parecida ao “robocop” onde dizia as
coisas sem alma, sem sentimento e,
mesmo quando propunha coisas acertadas, dava sempre o ar do pequeno
“Calimero”, onde toda a vida era uma
profunda “injusticia”.
O desafio de Costa deu-lhe uma
nova oportunidade, a que ele se agarrou de “unhas e dentes” promovendo
uma acção de sucessão através de uma
campanha muito longa por forma a
apresentar um “lifting” político que
fizesse esquecer o anterior Seguro.
No meio de tudo isto, inventou um
PS bom e um PS mau. O bom que
segundo ele é o dele, não está corrompido pelo mundo dos negócios. Diz e
faz tudo o que promete. Chega a demitir-se se encontrar dificuldades tais
que lhe force a aumentar a carga fiscal. Que pretende reduzir o número
de deputados, mesmo sabendo que tal
reduziria a representação dos pequenos partidos e mesmo que as assimetrias entre o litoral e o interior se
acentuassem.
Seguro procura o apoio populista e não se importa de utilizar esse
eventual sentimento anti-parlamentar para tentar ganhar a disputa inter-
desporto
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
25
Desde 1952 perto do mar
e dos madeirenses
Atualidade
Saúde e beleza é no AquaGym
Foi o Ginásio AquaGym que revolucionou
o fitness na Madeira e,
passados 16 anos desde o seu nascimento,
mantém-se na vanguarda na oferta de serviços
que proporcionem saúde, bem-estar e boa aparência. Tudo aquilo que
procuramos num ginásio como deve ser. Foi
neste contexto que surgiu o Centro de Estética Clube Naval, onde
os utentes poderão ter
acesso a todo o tipo de
tratamentos, estando a
decorrer uma campanha de oferta de diagnóstico de rosto e de
corpo. Aos tratamentos
como hidratação profunda, reafirmante, drenante, anti-age, limpeza
de pele, etc., juntam-se
também as massagens
de relaxamento, terapêutica e outros, numa variedade que certamente continuará a crescer. Sair do AquaGym com aspeto muito diferente nunca foi tão verdadeiro
como agora.
Não por acaso, o fim de semana no Ginásio AquaGym denominar-se-á “Fitness é outro estilo de vida”. Oportunidade para
conhecer as novas coreografias
das diversas aulas, que
se adivinham intensas
e divertidas, feitas à
medida das capacidades de cada um. Sábado amanhecerá com
RPM e Boxe, depois
haverá Grit Plyo,
Power Jump, Localizada e HidroBike. À
tarde, a partir das 15
horas, as propostas
são Grit Cardio, Body
Pump, Body Combat, Spinning e, já às
18 horas, Body Jam e
SGA. Domingo, às 9
horas, há Grit Força,
segue-se o Spinning e
o Body Balance para,
às 17 horas, haver a
Dance Party, numa
aula associada ao Projecto Olho-Te, no polidesportivo do complexo. Consulte o horário
completo no site ou no
facebook do AquaGym
e venha sentir-se diferente.
Bom fim de semana
Mafalda Freitas
Presidente
Crónica
Idade para iniciar a prática do Karate
A maioria dos clubes ao
publicitar o Karate refere apenas uma idade mínima para
iniciar a prática e dividem os
horários de treino por escalões etários e treinos de competição. Desde logo existe uma
baliza para a idade mínima e
outra baliza para a idade máxima quando se fala em competição. Obviamente que para uma
prática desportiva existe um
período de formação do praticante de modo a que numa
fase adulta esteja a competir ao
mais alto nível, pelo que deverá iniciar antes da fase adulta.
Mas o Karate não se foca ape-
nas na competição ou no treino de técnicas de defesa e ataque. O Karate colabora na formação integral do ser humano e não existem balizas etárias
para nos tornarmos Homens
que controlam os seus instintos
primários, como por exemplo a
agressividade. Na generalidade
dos centros de prática de Karate, os praticantes dedicados à
competição são uma minoria. A
maior parte dos praticantes iniciou a prática do Karate motivados pela necessidade de atividade física ou de defesa pessoal,
encontrando depois um caminho para serem melhores seres
humanos, o caminho da mão
vazia (traduzindo o KARATEDO). No Karate, como em quase
todas as modalidades, a grande
massa de praticantes é de tenra
idade e poucos são os que perseguem o caminho perpétuo da
perfeição. Não existe uma idade
para começar esse caminho no
Karate, os adultos que começam a prática do Karate encontram motivações que levam a
que se mantenham por mais
tempo na modalidade.
Ricardo Gomes
Clube Naval do Funchal
Coordenador do Karate
GANHE UM VOUCHER NAVAL
Em que ano se realizou a 1ª edição
da regata Canárias – Madeira em barcos
de vela de cruzeiro, e quem venceu?
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26 desporto
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
Regata Bart’s Bash entra no Livro dos Recordes do Guiness
Naval na história da vela mundial
Mais de 40 velejadores aceitaram o desafio do Clube Naval
do Funchal e participaram,
domingo transato, na Regata Bart’s Bash, iniciativa leva-
da a efeito em co-organização
com a Andrew Simpson Sailing Foundation e em parceria com a ARVM. Às 11 horas,
num campo de regatas na baía
do Funchal, os madeirenses
juntaram-se a outros milhares
de velejadores que, um pouco
por todo o Mundo, fizeram-se
à água simultaneamente para
homenagear Andrew “Bart”
Simpson, velejador britânico
duas vezes medalhado olímpico, falecido no ano passado,
vítima de uma acidente durante os treinos para a America’s
Cup. O evento teve por intuito (e conseguiu) bater o recorde mundial de maior regata
jamais realizada e sensibilizar
os jovens para a prática da vela,
missão que “Bart” desempenhava com invulgar altruísmo,
generosidade e ajuda incansável aos velejadores, miúdos e
graúdos.
Na Madeira, a frota foi composta por embarcações de
diversas classes, desde os cruzeiros Cash a Lot, Ayé e Greenstorm, até à vela ligeira, com
os laser, optimist e windsurf.
Mais do que uma competição, tratou-se de uma iniciativa solidária e que proporcionou uma manhã muito bem
passada a estes apaixonados
pela vela. A nível internacional, a Bart’s Bash terá reunido no passado dia 21 de setem-
bro, mais de 18 mil velejadores,
de todas as idades e credos, em
68 países.
Quando escrevíamos estas
linhas, no fecho de edição, a
organização continuava a atualizar resultados no seu site
(http://www.bartsbash.
co.uk/) e revelava números
impressionantes. «O evento
revelou-se um enorme sucesso
e estamos muito satisfeitos em
anunciar que, sujeita a ratificação, temos um novo recorde do
Guinness. E alcançámos isso
em grande estilo, pois temos de
processar ainda 87% dos resultados», revelou Richard Percy,
presidente da Andrew Simpson
Sailing Foundation. «A adesão
superou as nossas expetativas,
proporcionou-se uma oportunidade verdadeiramente global para que as pessoas se reunissem e desfrutassem da vela.
Esperamos que este evento se
torne uma característica regular no calendário mundial de
vela.»
Cirilo Borges
Judo — Taça Internacional KK
Escola de Futebol
Pedro Simões foi o melhor do quarteto do
Naval presente na Taça Internacional Kiyoshi
Kobayashi, disputada em Coimbra, no fim de
semana transato. Na categoria de -60 kg, o
navalista venceu João Serrasqueiro (EJAH) e
Pedro Teixeira (ULHT ) e, já nas meias-finais
da sua poule, perdeu com Nuno Carvalho
(JCPD), que viria a sagrar-se vencedor. Na luta
pela medalha de bronze, Simões perdeu com
Miguel Castro (ULHT) e quedou-se pelo 5.º
lugar entre os 13 participantes. Nesta mesma
categoria de peso, Rodrigo Lopes perdeu logo
no primeiro combate com Gonçalo Mansinho
(JCAI), finalista vencido.
Mariana Gonçalves (-52 kg) venceu um dos
três combates da sua poule e não passou à
fase seguinte, enquanto Débora Gouveia (-63
kg) também ganhou apenas um dos 4 combates da sua poule e não foi classificada.
Entretanto, no Campeonato do Mundo de
Katas, disputado em Málaga (Espanha), César
Nicola classificou-se no 8.º lugar no seu grupo
de apuramento. O atleta do Naval participou
na variante Kime-No-Kata e somou 459 pontos, ficando a 67 dos lugares de apuramento, reservado aos três primeiros. Nicola permanece naquela cidade espanhola para participar, no próximo fim de semana, no Campeonato do Mundo de Veteranos, na categoria M2 -73 kg.
Os Tubarões do Naval apresentaram-se oficialmente no passado sábado e nem a chuva do início da tarde
estragou a festa preparada no polidesportivo do Complexo Desportivo da Nazaré. O anúncio da abertura da
Escola de Futebol do CNF atraiu muitos graúdos e miúdos, interessados em conhecer o novo projeto do clube.
Por entre elogios e muitos pedidos de informação, os
Tubarões do Naval receberam uma dezena de inscrições
logo nas primeiras horas. Um início auspicioso e que
traduz a confiança na qualidade da formação do Naval,
patente nas outras modalidades que dinamiza. De resto,
todos os pormenores sobre o projeto estão disponíveis
no site do clube ou com um contacto com a secretaria.
Pedro Simõesperto do bronze
Tubarões do Naval
já mostram dentes
opinião
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
27
breves
Cancro - Alimentar o
corpo, preservar a vida
“Depois de tudo o que aprendi ao longo destes anos de
investigação, se me pedissem
hoje para elaborar uma dieta
que promovesse ao máximo o
desenvolvimento do cancro, eu
não teria nada a acrescentar à
nossa alimentação atual!”
Dr. Richard Beliveau,
A alimentação, ou melhor
a “má alimentação” é um dos
fatores de riscos cruciais, que
tem contribuído não só para
o desenvolvimento do cancro,
como também, de outras doenças crónicas (hipertensão, diabetes…). Embora os estudos já
realizados, sugiram algum grau
de relação entre alimentação
e cancro, outros afirmam que
não têm evidências suficientes
para comprovarem essa correlação. Por outro lado, a qualidade e quantidade do que se
come assim como os horários
das refeições, têm sido apontados pelos especialistas como
as falhas mais comuns e danosas para a saúde. Já outras evidências de acordo com um estudo da Universidade Federal de
São Paulo, a Índios da Amazônia, concluiu, “que as doenças
que mais cresceram nos últimos anos neste grupo, foram
as crônicas não transmissíveis,
como a hipertensão, a intolerância à glicose e a dislipidemia…
”segundo os pesquisadores, o
problema pode ser explicado,
pelo maior acesso dos índios a
bens de consumo como alimentos industrializados… têm acesso aos mercados das cidades…
alimentos industrializados na
dieta de uma etnia que durante
séculos viveu da agricultura, da
caça e da pesca.”
O certo é que o desenvolvimento Industrial, que surgiu
logo após a 2ª Guerra Mundial,
não passou ao lado da Indústria alimentar. Esta sofreu uma
ampla transformação, quer no
processamento, refinação e dos
alimentos, através da utilização
de aditivos como os açúcares,
corantes, conservantes e emulsionantes. Todas elas, substancias sintetizadas artificialmente e que vieram alterar circunstancialmente as propriedades
nutritivas essenciais dos alimentos. Como por exemplo, os adoçantes artificiais, os snacks fritos, as carnes processadas (salsichas, bacon, chouriço, enchidos), refrigerantes, farinhas e
açúcares refinados (são pobres
em nutrientes essenciais), gordura animal (óleos, margarinas), carnes vermelhas, álcool,
e a própria água, quer a da torneira (contém aditivos: fluoretos, cloro e outros em quantidades muitas vezes desequilibradas) quer a engarrafada (contém conservantes).
Todas estas substancias,
estão diariamente a invadir a
qualidade da alimentação. Elas
foram sintetizadas para que,
uma vez adicionadas aos alimentos, conservem e melhorem o aspeto. Mas a realidade é
que os alimentos sofrem transformações que alteram as suas
propriedades nutritivas benéficas. Introduz-se substancias em
quantidades excessivas como
açúcares, gorduras e outras, que
não são normais nos alimentos
no seu estado natural – quando consumidos diretamente da
natureza. Durante o processo
de transformação dos alimentos, muitas substâncias nutritivas essenciais, são destruídas.
Os alimentos chegam á nossa
mesa, alterados, saciam o apetite, mas não nutrem o nosso corpo. Este comportamento permanente, a longo prazo, causa
danos celulares, que desregulam o bom funcionamento do
organismo.
Tanto a Organização Mundial de Saúde, como outras instituições internacionais, assim
como a Direção Geral de Saúde,
têm unido esforços na implementação de um conjunto de
programas de saúde prioritários, que incluem a promoção
da alimentação saudável.
Também o Instituto Português de Oncologia (IPO), defende algumas orientações importantes, para a prática de uma
alimentação preventiva do
cancro:
“- Alimentação rica em vegetais, com consumo de pelo
menos 400gr. de hortaliças e
frutas. Comer sopa, salada e
fruta ao almoço e ao jantar torna fácil este objetivo.
- Preferir cereais com teor de
fibras mais elevado.
- Preferir leguminosas (feijão, grão, favas, ervilhas, lentilhas) diariamente, por exemplo
na sopa;
- Preferir as carnes brancas
(perú, frango e coelho) às carnes vermelhas (vaca, cordeiro e
cabra), removendo as gorduras
e peles antes de as cozinhar;
- Dar prioridade ao vinho tinto em vez de vinho branco mas
com consumo só de um copo
por dia no caso das mulheres e
dois copos por dia no máximo
no caso dos homens;
- Preferir ervas aromáticas e
especiarias nos temperos;
- Usar azeite para cozinhar e
temperar a quente, em vez dos
restantes óleos, que devem ser
para temperar a frio;
- Evitar formar áreas carbonizadas na comida; - Não expor
os alimentos diretamente ao
fogo nem deixar ganhar crosta. Remover partes queimadas
e tostadas.”
- Manter o peso do corpo
dentro dos limites normais;
com isto evita-se o cancro mas
também a hipertensão arterial,
diabetes, dislipidemias e doenças cardiovasculares.
-Caminhar todos os dias pelo
menos 30 minutos;
-Ler o rótulo dos alimentos
para fazer melhores escolhas;
- Evitar bebidas açucaradas, refeições pré-cozinhadas,
fast food - tudo isto promove o
excesso de peso;
- Evitar abuso de carnes processadas (fumadas, semi-fumadas, curadas e salgadas);
- Evitar alimentos refinados, pão branco e bolachas sem
fibras);
- Dar preferência a alimentos frescos e não os armazenar
durante muito tempo porque
podem promover o cancro. Evitar alimentos em conserva, salmoura, curados e fumados.
-Evitar consumo de alimentos ricos em sal ou com temperos comerciais.”
Uma das funções principais
da alimentação, é assegurar a
nossa sobrevivência, através do
fornecimento de nutrientes e
energia, necessários à manutenção do nosso corpo saudável.
A alimentação não pode ser
realizada de qualquer forma.
Quando eu como, eu tenho que
ter a consciência de que estou
a cuidar de mim, que estou a
garantir a minha sobrevivência.
“O meu corpo não é uma
lixeira, onde se descarrega tudo.
Os alimentos são o combustível
para o nosso corpo.” Cada refeição, é um importante ritual diário, que requer qualidade na
escolha dos alimentos, conforto no local onde se come e também prazer e satisfação.
Quando pensamos na alimentação, devemos pensar num
ato de cuidado e amor por nós
mesmos. Por exemplo, se um
automóvel funciona a gasóleo,
e se eu colocar gasolina, ele vai
funcionar? Assim é o nosso corpo. Ele tem o seu próprio mecanismo de funcionamento. Acredito que se pudéssemos visualizar o processamento e o efeito
de cada alimento no nosso corpo, após o ato da sua ingestão,
teríamos possivelmente outra
consciência sobre o efeito da
alimentação em cada célula do
nosso corpo.
“Conversas
com Mamãs
e Bebés”
As Barrigas de Esperança (Associação sem fins
lucativos) estão a organizar
um evento “Conversas com
Mamãs e Bebés” no sábado, dia 27 de Setembro das
10 às 19 horas, no Pestana Casino Park Hotel, dirigido às grávidas, mamãs
e família, com o seguinte
programa:
10h - “O choro e as cólicas no bebé” Enf. Cármen
Faria.
11h - “Dicas práticas
para o sucesso na amamentação” Enf. Iolanda
Reis.
12h - “Quero a minha
barriga de volta! Método
revolucionário!” Enf Cristina Valentim.
12h30 - Baby Ioga - nível
1 (desde 1º mês até gatinhar) Dra Maria Faria
Intervalo.
14h30 - Baby Ioga - nível
2 (desde gatinhar até aos 5
anos) Dra Maria Faria.
15h - “Primeiros socorros no lactente” Enf. David
Sousa.
16h - “Compreendendo
o sono do bebé” Enf. Nisa
Souto.
17h - “Cordão umbilical:
uma alternativa terapeutica” Dra Sofia Borralho.
18h - “E se o meu parto
tiver de ser induzido?” Dra
Filipa Reis.
18h30 - Documentário
“Microbirth”.
Este evento é de entrada gratuita. De referir que haverá actividades para os mais pequenos, palestras, expositores
e ainda um sorteio, assim
como várias outras surpresas. Será feito o lançamento mundial do documentário “Microbirth”, esta
estreia é organizada na
região pelo projecto “Gosto de Ser Mãe” em parceria
com a Associação Barrigas
de Esperança.
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Katia Borges
28 opinião
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
Jerónimo Pina
Associado do Sindicato Nacional
de Oficiais de Polícia (SNOP) no
Comando Regional da Madeira.
A Importância da aptidão
física no contexto policial
A atividade policial é uma
das profissões mais perigosas e
stressantes com impacto na saúde dos polícias, alguns estudos
referem que os agentes de polícia têm uma maior probabilidade de Doenças Cardiovasculares
(DCV) quando comparados com
a população em geral, existindo
uma incidência mais elevada de
doenças do coração resultando
em mortalidade.
O conceito de Aptidão Física (ApF), está intrinsecamente
relacionado ou com a capacidade de desempenho desportivo
ou com a saúde. Sendo cada vez
mais o estilo de vida sedentário o
predominante na nossa sociedade o mesmo acontece no contexto policial. A ApF do ser humano
ganha contornos muito importantes para a saúde e bem-estar de cada um de nós. A ApF e
Atividade Física (AF) associamse à saúde, ao bem-estar e qualidade de vida das pessoas nas
diversas faixas etárias, considerando ser a própria aptidão para
a vida resultando numa menor
probabilidade do aparecimento
de doenças hipocinéticas perspectivando uma vida mais saudável, longa e autónoma.
Relacionado o conceito de
ApF com a saúde, podemos compreender o quão importante se
torna na actividade policial.
A atividade policial prendese com vários aspetos, desde a
investigação criminal, a prevenção dos crimes, a detenção dos
criminosos, a gestão do trânsito, a manutenção e reposição
da ordem pública ou a simples
mediação de conflitos interpessoais. Para isso é necessária uma boa “forma” física e psíquica dos agentes tendo muitas vezes que suportar ofensas
e pressões que lhe são dirigidas
através dos cidadãos. Num simples patrulhamento, a qualquer
altura pode surgir um imprevisto, uma ocorrência, tendo o
agente que resolver com coerência, implicando tomadas de decisão rápidas para a sua sobrevivência e/ou de terceiros (vítima, agressor). A eficiência e eficácia das suas acções dependem
muito da rapidez, clareza e preci-
são física e psíquica de cada um
no momento de maior tensão.
De entre as aptidões básicas que
o elemento policial tem de possuir estes têm que ser detentores
de aptidões psicomotoras variadas, que permitam a execução
correta de uma série de atividades (e.g., conduzir automóvel em
situação de perigo, disparar com
precisão a arma de fogo, apresentar boa robustez física e agilidade) para desempenhar adequadamente as funções que lhe
são confiadas.
Os agentes policiais são, normalmente, de fácil identificação,
pela farda, equipamento, armamento ou pela viatura utilizada, enfrentam qualquer missão
em nome da profissão almejando um eficaz cumprimento do
dever numa sociedade justa e
cada vez mais exigente.
A atividade policial é uma das
profissões mais pressionadas
tanto internamente como externamente (pela sociedade) devido ao valor social que lhe está
associado. A polícia atua sempre debaixo do olhar fiscalizador da Autoridade Judiciária,
da imprensa e da população em
geral, e dos “críticos em particular”. Desta forma, a atividade policial torna-se desgastante,
complexa e frustrante.
A forma de locomoção mais
utilizada pelos agentes é patrulha apeada ou motorizada (carro patrulha). Ao longo do serviço os agentes podem ser colocados à prova de várias maneiras,
i.e.: (1) caminhar/circular por
caminhos acidentados; (2) ser
expostos a temperaturas adversas (causando desconforto térmico); (3) ter que trabalhar com
iluminação deficiente (causando
desconforto visual e dificuldade
de atuação); e (4) atuar em zonas
ruidosas (causando distúrbios).
Todas estas condições (adversas), a que os elementos policiais são expostos, podem causar distúrbios cognitivos além de
fisiologicamente aumentar o risco de causar taquicardia, insónias, desconforto, stress, indisposição, ansiedade e depressão.
De facto, alguns estudos realizados em instituições policiais
referem que o stress e ansiedade
no trabalho são fatores de risco
para o desenvolvimento de DCV
e Diabetes.
A atividade policial coloca
muitas vezes em risco a integridade física dos agentes, que
ao lidarem diretamente com a
população, num momento de
maior tensão (e.g., numa detenção) podem ser atingidos por
uma reação mais violenta ou até
mesmo por armas brancas ou
armas de fogo, o que faz com
que os movimentos físicos ágeis,
rápidos e vigorosos sejam de
extrema importância. A coordenação motora dos agentes pode
ser reveladora da sua ApF que
deveria permitir vários movimentos musculares eficazes para
a execução de uma tarefa (e.g.:
correr, agarrar, puxar).
Muitas vezes, o trabalho
desenvolvido na actividade policial, pode ser equiparado a outro
tipo de atividades que obrigam a
um elevado esforço físico exigindo uma ApF diferenciada.
Para além das características
da actividade policial já evidenciadas, pode ainda fazer-se referencia a fatores mais burocráticos/administrativos que também influenciam negativamente a saúde de um agente policial,
tais como, as exigências que esta
profissão acarreta, adaptação de
diferentes domínios do trabalho,
expectativas diferentes da realidade, a falta de recursos (materiais e tecnológicos) as más condições de trabalho, a falta de efetivos (que leva à sobrecarga de
trabalho), o facto de às vezes
serem desviados para o desempenho de outras funções (factor de frustração), as alterações
na carreira, promoções, estatuto profissional e avaliações de
desempenho, responsáveis pela
evolução na carreira policial,
bem como o trabalho por turnos
são uma fonte de stress.
Sendo a atividade policial
considerada uma profissão de
alto risco, pode ser associada a
um estado emocional de medo
em desempenhar as tarefas do
dia-a-dia, o facto de colocar a
sua vida em risco é um fator
de stress causado por um dese-
quilíbrio biológico (constituído por componentes físicas e
psicológicas).
Uma “má” ApF dos agentes
relacionada ou não pelo seu trabalho, influencia a sua saúde,
limitando a sua performance,
prejudicando-o mas também à
Instituíção, colocando em causa
não só a sua própria segurança,
mas também a segurança das
pessoas e bens. As atividades
que solicitam maiores niveis de
AF, são pouco frequentes sendo
que quando ocorrem traduzem
situações críticas colocando em
risco, muitas vezes, a segurança do cidadão e a do próprio
polícia.
Elevados níveis de ApF, de
saúde e de auto controle, são
fatores determinantes para o
sucesso no exercício da função
policial i.e., requisitos essenciais
que impulsionam a eficiencia
no cumprimento da lei e protecção do cidadão.
Também estamos convictos de que, os benefícios relacionados com o aumento dos
níveis de AF podem ter reflexo na melhoria da auto estima,
gestão do stress, melhor desempenho na função, diminuição de
doenças relacionadas ao sedentarismo, entre outros. Em suma,
que irão reflectir-se na própria
dinâmica, imagem e resultados
da Instituição, podendo proporcionar um melhor serviço à
população.
Numa outra abordagem,
pode destacar-se que uma boa
ApF influencia a capacidade de
resposta dos polícias face as exigências/ pressão colocadas pela
população e no sentido inverso
uma má ApF pode levar a um
aumento da insegurança e desconfiança da população.
Assim, o facto dos polícias
apenas efectuarem testes físicos no ingresso da profissão,
tornando-os aptos fisicamente
para o desempenho da função
nesse momento, não pode ser
entendido que estão aptos fisicamente para os próximos 35
anos de carreira.
Neste contexto, assumimos
que existe a necessidade da PSP
formar um grupo de trabalho,
no sentido de padronizar testes físicos anuais (adequados
às diversas faixas etárias), tornando-os obrigatórios, sendo
que a não aprovação nos testes
poderia significar por exemplo
o impedimento de promoção/
progressão na carreira.
Em complemento, seria
necessário criar uma equipa
de acompanhamento de polícias identificados como em risco (e.g., DCV, SM, etc.) e reabilitá-los para o desempenho da
função policial.
Seria importante estar contemplado no horário de trabalho (à semelhança do que acon-
tece em outras polícias estrangeiras) uma carga horária semanal para a prática de AF.
A população espera que uma
Força de Segurança como a PSP,
tenha polícias capazes fisicamente (com uma boa ApF) para
poder-lhes prestar um bom serviço, sendo que uma má ApF
poderá levar a uma quebra de
confiança e consequentemente
aumentar o sentimento de insegurança da população.
Referências
Bibliográficas
Batista, Catarina. (2014) A
actividade física, o stress e o
estilo de vida na PSP. Dissertação de Mestrado em Ciências Políciais. Lisboa: Instituto
Superior de Ciências Políciais e
Segurança Interna.
Franke, W. D., Kohut, M.
L., Russell, D. W., Yoo, H. L.,
Ekkekakis, P., & Ramey, S. P.
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the Link Between Cardiovascular Disease and the Law Enforcement Profession? Journal of
Occupational & Environmental
Medicine, 52, 561-565.
Hartley, T., Knox, S., Fekedulegn, D., Barbosa-Leiker,
C., Violanti, J., Andrew, M., et
al. (2012). Association between Depressive Symptoms and
Metabolic Syndrome in Police Officers: Results from Two
Cross-Sectional Studies. Journal of Environmental and Public
Health.
Klinzing, E. (1980). The physical fitness of police officers.
Journal Sports Medicine, 291296
Massuça, L. (2011). Lição de
Sapiência 2011/2012: O efeito
da actividade física do desempenho da função policial. Politeia, 209-228.
Monteiro, L., & Barata, A.
(2005). A Importancia da Actividade Física na Formação do
Ofícial de Polícia. In Volume
comemorativo dos 20 anos.
Almedina.
Monteiro, Luís (1997). Aptidão Física, Aptidão Metabólica e
composição corporal dos agentes da PSP: Estudo comparativo
entre patrulhas a pé e patrulhas
de carro. Tese de mestrado inédita. Lisboa: Universidade Tecnica de Lisboa - FMH.
Pina, Jerónimo. (2012)
Impacto da Actividade Física na
Prevenção Primária de Doenças Cardiovasculares em Polícias. Dissertação de Mestrado
em Ciências Políciais. Lisboa:
Instituto Superior de Ciências
Políciais e Segurança Interna.
Seabra, A. P. (2008). Síndrome de Burnout e a Depressão
no Contexto da Saúde Ocupacional. Dissertação em Doutoramento em Ciências de Saúde
Mental. Porto: Universidade do
Porto: Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar
opinião
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
29
Miguel Santos
Filiado do Pan-Madeira
Orfeu Versus Prometeu
- A humanidade entre dois polos evolutivos
cial e violenta; e ao nutrirse de morte e Sofrimento,
o Homem tornou-se dependente e escravo de desejos
extrínsecos à sua natureza
mais profunda.
Foi motivado pela dependência da violência, de sangue e do consumo de carne,
que Prometeu teria decidido
subtrair o segredo do fogo
divino aos deuses. Teria sido
esse acto prometeico que
afastou o Homem da mesa
comum fraterna dos deuses e dos animais; iniciando, assim, a «claustrofobia
do humano» e a perversão
antropocêntrica; foi por essa
razão, não por ter favorecido os humanos, mas, precisamente, por os teus pervertido, que Prometeu foi,
legitimamente, punido por
Zeus.
De acordo com a velha
mitologia grega, Prometeu
foi o titã que estabeleceu
o primeiríssimo sacrifício
sangrento de um ser animal.
Desse modo, ele teria sido o
pervertor original da Humanidade. Esse primeiríssimo
sacrifício teria sido antes de
mais um acto de cálculo e
manha visando enganar os
deuses; e teria sido também o acto original que teria
consagrado uma completa
e intransponível segregação
de estatutos entre os humanos e o divino.
O sacrifício sangrento de
um animal teria sido insultuoso, não apenas para os
deuses, mas para os humanos também. Ao comerem
a carne proveniente de tal
acto sacrílego, os humanos assinaram também uma
sentença de morte; ficaram totalmente dominados
pela «lei do ventre»; pensando serem os dominadores passaram realmente a
ser os dominados… Obtendo ‘prazer’ em devorar a carne sofrida dos seus correlativos animais, que a vida
abandonou de forma artifi-
Empresa proprietária:
O. L. C. - Audiovisuais,
TV, Multimédia, Jornais e Revistas, Lda.
Contr. n.º 509865720
Matriculada na Conservatória do Registo
Comercial da Ponta Delgada, com o n.º 04795/92
Sociedade por quotas com o capital social de € 100.000,00
Sócio-gerente com mais de 10% do capital – H.S.S.A. - Unipessoal
Redacção e Paginação:
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Sede:
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E-mail: [email protected]
Parque Empresarial Zona Oeste – PEZO, Lote n.º 6
9300 Câmara de Lobos – Madeira – Portugal
Pelo contrário, Orfeu tentou, oferecendo-nos todas as
«ferramentas» éticas e filosóficas, romper através de
tal «claustrofobia do humano» precisamente e primeiramente rejeitando os sacrifícios sangrentos de animais
e o consumo da sua carne,
os primordialíssimos actos
que, em si mesmos, inauguraram tal «claustrofobia» e
perversão.
Orfeu ensinou-nos os
‘exercícios’ (a ascese) exactos que nos permitiriam
ascender à fonte originária,
de onde caímos pela perver-
Director:
Edgar R. de Aguiar
Redacção:
Fabíola Sousa, Juan Andrade
Ricardo Soares e Sara Silvino
Fotografia:
Fábio Marques (Madeira),
Diana Sousa Aguiar (Lisboa)
Economia:
Juan Andrade
são prometeica, nos reconectando com os deuses e
os animais. O vegetarianismo órfico é a exacta rejeição do cálculo e da manha
prometeica, e uma via precisa de pacificamente podermos retornar ao convívio
com os deuses (com o divino em nós e no Universo);
à comunhão da sua ampla e
ilimitada Vivência, que é a
porta aberta à realização do
eterno e original estado de
fluente e completa unidade de almas, que configura o
retorno a uma familiaridade
sem esforço e biocêntrica de
almas vivas singulares numa
eterna Idade de Ouro.
O Orfismo nunca foi um
frio rito oficial, como tantos outros o eram na Grécia
antiga, nem, muito menos,
um irracional culto orgíaco. Era uma doutrina místico-filosófica, talvez mesmo o próprio início fertilizador da Filosofia Pré-Socrática, quando alguns pensadores começaram a sua
busca de conhecimento para
ale da mitologia e dos rituais vazios (cf. Ferécides de
Siros, o mestre de Pitágoras
de Samos).
E, estranhamente, de
acordo com as mais avançadas correntes da pesquisa
cosmológica, o Orfismo ensinou-nos que o Tempo não
se move linearmente, que
outros universos existem
para além do nosso actual, e
Secretariado de Redacção:
Dulce Sá
Colunistas: António Cruz,
Celso Neto, Constantino Palma,
Ferreira Neto, Francisco Oliveira
Gregório Gouveia,
Helena Rebelo, Humberto Silva,
Idalina Perestrelo,
Joana Homem Costa,
José Carvalho,
José Mascarenhas, Luísa Antunes,
Pinto Baptista, Raquel Coelho,
Ricardo Freitas, Teresa Brazão
e Rui Almeida
Paginação
e tratamento de imagem:
Miguel Mão Cheia, Miguel Reis
Departamento Comercial:
Hernani Valente
Departamento Financeiro:
Clara Vieira
Redacção, montagem, impressão
e distribuição: O. L. C., Limitada
que na raiz da Manifestação
um primordial Ovo de Luz
omniversal foi o início e é a
destinação de todos os caminhos experienciais, de todas
as evoluções rítmico-temporais do Ser.
Escolhamos ser uma
humanidade órfica, em vez
de continuarmos a resfolegar como baixa humanidade prometeica. Escolhamos
evoluir para uma humanidade criativa, artística, ética e esteticamente sofisticada. Só assim poderemos
alcançar os próximos estádios evolutivos e cumprir
a nossa missão natural e
cósmica.
Características do pólo
‘órfico’: pacifismo activo, biofília, Biocentrismo,
irmandade com os seres não
humanos, vegetarianismo,
tecnopoiesis (Grande Poesia) como método de ligação
aditiva às esferas que envolvem a Organosfera: Bioteurgia: espalhar aditivamente
e semear mais Vida, expandir e aprofundar a Evolução
da Vida.
Características do pólo
‘prometeico’: culto da Acção
pela acção, culto da violência e virilismo, culto da hierarquia, desejo de Poder
pelo Poder, biofobia, seres
vivos e forças naturais vistos como instrumentos de
Poder, tecnologia de Forçara-ser.
Morada: Parque Empresarial Zona Oeste PEZO, Lote n.º 6
9300 Câmara de Lobos
Madeira - Portugal
Telef.: 291 911300 e 291 911301 Fax: 291 911309
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Tiragem: 11.000 exemplares
30 frases
“
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
“
“Não há nenhum
Deus. Sou ateu”
Stephen Hawking,
cientista – El Mundo
Seja como for, o nosso
propósito tem que ser
só um, fazê-lo de acordo
com a realidade do
país, para não acontecer em
Portugal o que aconteceu em
2009, quando em vésperas
de eleições um Governo
entendeu que devia baixar os
impostos, subir os ordenados
na função pública e passado
dois anos estávamos a pedir
ajuda externa”
“
“Fico contente por
perceber que ele lê
Alexandre Dumas, ao
contrário de mim, que
com a vida que tenho, e por
estar há muito tempo fora
de Portugal, limito-me a
ler a gramática portuguesa
para não me acusarem de
lhe dar pontapés”
José Mourinho, treinador do Chelsea
– TVI
“
Vejo os partidos
como uma família,
ou um clube,
nunca quero que o
meu perca. Seja com o
líder a, b ou c...”
Pedro Passos Coelho, Primeiro-ministro
– Expresso
“
Não há paragem,
nem qualquer caos.
Houve transtorno
e problemas, e por
eles peço desculpa”
Paula Teixeira da Cruz, Ministra da
Justiça – Jornal i
“
Se não tiver
maioria, não
farei birra, não
irei embora, nem
contribuirei para a ingov
ernabilidade”ingovernab
ilidade”
Marcelo Rebelo de Sousa,
comentador - TVI
“
A goleada ajuda a
encarar de forma
mais positiva os
próximos jogos, mas
sabemos a qualidade
que temos e sabemos
que podemos disputar
qualquer jogo e vencer. O
próximo encontro é muito
complicado mas vamos
trabalhar para vencer, tal
como fazemos sempre”Rui
Patrício, jogador do Sporting –
Sporting TV
“
António Costa, presidente da
Câmara de Lisboa e candidato
às primárias do PS – Jornal de
Notícias
“
Curiosamente, as
notícias de jornal não
têm qualquer ligação
com qualquer tipo
de iniciativa formal de
autoridades judiciais ou de
investigação criminal em
relação à minha pessoa”
Luís Filipe Menezes, ex-presidente da
câmara de Gaia - Revista Visão
“CR7 está bem
e não precisa
de descansar”
Carlo Ancelotti,
treinado do Real Madrid –
Correio da Manhã
“
A Alemanha mostra
que é possível
consolidar as finanças
públicas e criar
crescimento”
Angela Merkel, chanceler alemã –
Jornal de Negócios
opinião
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
31
Sociedade de Advogados, RL
A “Nova Lei” do Alojamento Local
- Obras de alteração –como
sendo “as obras de que resulte
a modificação das características físicas de uma edificação
existente, ou sua fração, designadamente a respetiva estrutura resistente, o número de
fogos ou divisões interiores, ou
a natureza e cor dos materiais
de revestimento exterior, sem
aumento da área total de construção, da área de implantação
ou da altura da fachada”; e por
fim as – Obras de ampliação
– como sendo “as obras de
que resulte o aumento da área
de implantação, da área total
de construção, da altura da
fachada ou do volume de uma
edificação existente”.
Esta alteração virá simplificar o controlo de operações
urbanísticas efetuado pelas
autoridades competentes, leiase Câmaras Municipais e Entidades Externas que devam
ser consultadas previamente,
mediante o procedimento de
comunicação prévia com prazo, a qual, quando corretamente instruída, dispensa a
prática de atos permissivos,
ou seja, em situações em que
a salvaguarda dos interesses
públicos a elas correspondentes se alcança pela via de um
controlo prévio de natureza
meramente formal.
Assim, quando as condições de realização da operação
urbanística se encontrem suficientemente definidas, nomeadamente por atos de licenciamento de loteamento ou de
informação prévia a apresentação de comunicação permite ao interessado proceder à
realização de determinadas
operações urbanísticas imediatamente após o pagamento
das taxas devidas.
A tentativa de simplificação
dos procedimentos constantes
neste diploma, está associada ao correspondente reforço da responsabilização dos
intervenientes nas operações
urbanísticas, nomeadamente
no que respeita aos autores de
projectos e restantes intervenientes nas operações urbanísticas.
Exemplo disto é sem dúvida a inclusão do artigo 100º
A, que prevê directamenta a
responsabilização solidária de
promotores e donos da obra,
dos empreiteiros, dos diretores da obra, dos autores e
coordenadores de projectos,
dos responsáveis pela fiscalização.
Outro aspecto inovador destas alterações ora publicadas,
é a possibilidade da participação do próprio interessado nas
conferências decisórias quando existam pareceres negativos das entidades consultadas,
ajudando assim a clarificar
todo o procedimento.
Mais haveria para dizer
sobre as alterações a este
diploma, mas a ideia principal
que fica é a tentativa que o
legislador demonstra de clarificar uma matéria que tanta
polémica traz à opinião pública, nomeadamente no que se
refere a supostas irregularidades cometidas no âmbito dos
licenciamentos de operações
urbanísticos.
PUB
Dr. Gonçalo Rhodes Sérgio
Advogado, áreas de actuação:
Urbanismo e Imobiliário,
e-mail: [email protected]
No passado dia 9 de Setembro foi publicada em Diário da
República a 13ª alteração ao
famoso Decreto- Lei 555/99,
de 16 de Dezembro, que estabelece o Regime Jurídico da
Urbanização e Edificação
(RJEU), e entrará em vigor no
início de 2015.
Numa primeira análise às
alterações ora consagradas,
será importante mencionar
as alterações introduzidas
em três definições relacionadas com diferentes tipos de
“obras” que fará sentido chamar a atenção não só a quem
utiliza este regime jurídico
como ferramenta de trabalho,
como ainda aos leitores que
estejam interessados em fazer
obras.
Deste modo o legislador
veio clarificar o que entende por - Obras de reconstrução - como sendo “as obras
de construção subsequentes à
demolição, total ou parcial, de
uma edificação existente, das
quais resulte a reconstituição
da estrutura das fachadas”;
PUB
Previsão
para hoje
TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014
Raquel Coelho
Deputada do PTP
Os doutores
Orlando Fernandes, ex-presidente da JS-Madeira, num
dos seus artigos de opinião deunos a conhecer a sua ideia sobre
os requisitos necessários para
ser-se um bom político. Na sua
opinião, ter habilitações literárias é imprescindível para se
exercer qualquer cargo político.
Com certeza herdou esta ideia
tacanha do ex- Primeiro-ministro José Sócrates que tratou de
comprar um curso, com exames feitos ao Domingo, para
fugir à vergonha de não ser
doutor.
Deus nos livre de virmos a
ter um Presidente da República, um Primeiro-ministro ou
um Secretário de Estado que
não seja doutor. Realmente,
esse é o mal do nosso país!
Deste modo, não se compreende por que motivo Portugal, um país governado por
doutores, está na bancarrota e
com a economia completamente aniquilada!?
Esta ideia elitista e preconceituosa é inconcebível para um
rapaz tão jovem e especialmente expressa por uma pessoa que
se diz de socialista. O facto de
alguém não se ter licenciado
não a torna menos habilitada,
capaz de atingir e exercer seja
o que for.
Achar que a capacidade intelectual, a integridade e a competência são características
exclusivas daqueles que possuem um curso superior é o
espelho da mentalidade tacanha e poucachinha que predomina em Portugal.
Espero que esta ideia e desdém por aqueles que não têm
curso provenha apenas do desejo de Orlando Fernandes descredibilizar Vítor Freitas, Presidente do PS – Madeira, perante a opinião pública, já que este
último não é doutor, e não do
fundo do seu âmago. Embora o saber académico seja uma
mais-valia, não é isso que define um bom político. De qualquer modo, sendo ou não a sua
verdadeira opinião, fica muito mal esta atitude a um jovem
socialista. l
Períodos de céu muito nublado
com abertas.
Vento em geral fraco.
Madeira assinala
«Dia Mundial do Turismo»
A Madeira junta-se amanhã às celebrações do Dia Mundial do Turismo, uma
efeméride que será marcada por iniciativas que pretendem atrair madeirenses
e turistas. Há entrada livre em museus.
O
Dia Mundial
do
Turismo
será assinalado
na Região neste sábado, com
várias iniciativas que irão
cativar os madeirenses e os
turistas.
A Cerimónia de Entrega de
Medalhas de Mérito Turístico realiza-se nesta sexta-feira, dia 26, pelas 16:30 horas,
no Salão Nobre do Governo
Regional, e marca o arranque destas comemorações,
que terão maior evidência ao
longo do dia 27, através da
entrega de flores e give-aways
na baixa do Funchal e no
Aeroporto da Madeira, assim
como das atuações a cargo de
grupos folclóricos, na baixa
da cidade, no Aeroporto e na
Gare Marítima da Madeira.
A data será também assinalada no Espaço Infoart,
onde decorrerão algumas
ações que em baixo se transcrevem, destacando-se, entre
estas, a entrega de certificados aos turistas.
De referir que as facilidades nas entradas dos Museus
e Jardins da Madeira estarão, também, garantidas neste dia.
Entrada
livre
nos
Museus da Região
Museu Quinta das Cruzes
Museu Henrique e Francisco Franco
Museu
de
Arte
Contemporânea
Museu Etnográfico da
Madeira (Ribeira Brava)
Casa Museu Frederico de
Freitas
Casa Colombo (Porto
Santo)
Universo de Memórias
Museu de Arte Sacra
Museu do Bordado
Museu “Casa da Luz”
Museu da Baleia (Caniçal)
Centro de Ciência Viva
(Porto Moniz)
Madeira Story Centre –
concede 50% de desconto na
entrada
Parque Temático – concede 20 % de desconto na
entrada
Entrada
livre
nos
Jardins
Botânico, Quinta da Boa
Vista, Jardins do Palheiro e
Orquídea.
Baixa do Funchal –
Posto de Turismo e Espaço Info Art da Secretaria Regional da Cultura,
Turismo e Transportes,
Avenida Arriaga
Distribuição de flores e
give-aways. Atuação de grupos
folclóricos 10H00 – 13H00.
Entrega de certificados aos
turistas, Foto spot
Pequena mostra de artesanato regional, Projeção de
vídeos sobre o destino, Carving de Legumes e Fruta
Showcooking de produtos regionais e respetiva
degustação.
15H00 – 18H00: Entrega de certificados aos turistas.
Foto spot.Pequena mostra de
artesanato regional. Projeção
de vídeos sobre o destino
Prova de bebidas: poncha regional, cocktail com
vinho Madeira, decoração de
cocktails, prova de biscoitos
de maracujá e broas de mel.
Aeroporto da Madeira
16H00 – 19H00: Atuação de grupo folclórico, distribuição de flores e give-aways.
Gare
Marítima
do
Funchal
08H00 – 09H30: Atuação de grupo folclórico. l

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