Resumo Não Técnico
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Resumo Não Técnico
COM ORIENTAÇÃO TÉCNICA DE MARK WOOD, COORDENADOR DA AIA, DA MARK WOOD CONSULTANTS AIA ELABORADA PELA GOLDER ASSOCIADOS MOÇAMBIQUE LDA Outubro de 2014 Sasol Petroleum Mozambique Limitada e Sasol Petroleum Temane Limitada PROJECTO DE DESENVOLVIMENTO NO ÂMBITO DO ACORDO DE PARTILHA DE PRODUÇÃO (APP) E PROJECTO DE PRODUÇÃO DE GÁS DE PETRÓLEO LIQUEFEITO (GPL) RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL Resumo Não Técnico Elaborado em nome de: Sasol Petroleum Mozambique Limitada e Sasol Petroleum Temane Limitada Av. 25 Setembro 420, 2” andar, Prédio, JAT I Maputo Moçambique Relatório Número : 1302793-12655-6 (Port) (FINAL) Índice 1.0 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 1 2.0 VISÃO GLOBAL DO PROJECTO ............................................................................................................................. 1 2.1 Planta de Produção de Líquidos no âmbito do APP e de Produção de GPL................................................ 3 2.2 O 5° Trem de Processamento de Gás .......................................................................................................... 3 2.3 As Linhas de Fluxo ....................................................................................................................................... 4 2.4 Os Poços ...................................................................................................................................................... 5 2.5 Alternativa ao Desenvolvimento no âmbito do APP – uma Planta Autónoma de Produção de GPL ............ 5 2.6 Aspectos relacionados à Construção ........................................................................................................... 5 3.0 QUADRO REGULAMENTAR .................................................................................................................................... 7 4.0 PARTICIPAÇÃO PÚBLICA ....................................................................................................................................... 7 5.0 PRINCIPAIS IMPACTOS E RECOMENDAÇÕES ..................................................................................................... 8 5.1 Qualidade do Ar ............................................................................................................................................ 8 5.2 Ruído ............................................................................................................................................................ 9 5.3 Poluição das Águas Superficiais e Subterrâneas ....................................................................................... 11 5.4 Uso de Água ............................................................................................................................................... 12 5.5 Área de Habitat Crítico ............................................................................................................................... 12 5.6 Outras Áreas de Sensibilidade Ecológica ................................................................................................... 14 5.7 Risco de um Grande Derrame de Petróleo................................................................................................. 15 5.8 Possível Conflito com o Potencial de Desenvolvimento do Turismo .......................................................... 16 5.9 Impactos Socioeconómicos e sobre a Saúde ............................................................................................. 18 5.10 Impactos no Património Cultural ................................................................................................................. 18 6.0 RESUMO DAS PRINCIPAIS RECOMENDAÇÕES ................................................................................................. 20 7.0 CONCLUSÕES ........................................................................................................................................................ 21 2 Este relatório constitui o resumo não técnico do Relatório Final sobre a Declaração de Avaliação de Impacto Ambiental, para submissão à autoridade ambiental, MICOA, na sequência de um amplo processo de AIA e de participação pública, que foi realizado entre Fevereiro e Setembro de 2014. 1.0 INTRODUÇÃO 2.0 A planta de processamento de gás da Sasol, designada por Unidade Central de Processamento (na sigla correspondente em Inglês – Central Processing Facility – CPF), está situada a 40 km noroeste de Vilanculos, na Província de Inhambane, Moçambique. Abastecida por poços localizados no campo de gás de Temane, a planta entrou em funcionamento em 2004. Toda a produção da planta é exportada como gás canalizado por gasoduto para a África do Sul, como condensado transportado por via rodoviária para a Beira, para posterior despacho por via marítima, ou é usada em Moçambique para fins industriais e de geração de energia eléctrica. Na Província de Inhambane, o gás é fornecido à Central Eléctrica da EDM, que funciona a gás, e que produz e fornece electricidade a Inhassoro, Vilanculos e áreas circunvizinhas. VISÃO GLOBAL DO PROJECTO O Projecto consiste de duas componentes principais, que podem ser implementadas em simultâneo, ou de uma forma sequencial (consultar Figura 2 e 3): ! A Fase 1 do Projecto de Produção de Gás no âmbito do APP, que envolve seis poços de produção no Campo de Temane e um quinto trem de processamento de gás, situado no enquadramento da delimitação da CPF, planeado para processar o gás e condensado adicionais dos poços. Prevê-se que a produção de gás venha a aumentar em cerca de 150 MMscfd1 até aproximadamente 600 MMscfd. ! A Fase 1 do Projecto de Produção de Líquidos no âmbito do APP, que envolve 12 poços de produção de petróleo e um poço de recolha de dados (não ligado à CPF) no campo de Inhassoro, e uma nova Planta de Processamento de Líquidos e Planta de Produção de Gás de Petróleo Liquefeito (GPL), situada adjacente à CPF. Prevê-se que esta planta venha a produzir 15.000 barris de crude por dia (na sigla equivalente em Inglês - stbopd2) e 20.000 toneladas de GPL por ano. Desde que o Projecto de Gás Natural (PGN) foi inicialmente estabelecido, a Sasol expandiu a CPF. Presentemente, a CPF é abastecida por 24 poços de produção em terra, 12 no campo de Temane e 12 no campo de Pande. O Projecto de Desenvolvimento no âmbito do Acordo de Partilha de Produção (APP) e Projecto de Produção de Gás de Petróleo Liquefeito (GPL) (doravante designado como “o projecto”) envolve a expansão da CPF, com vista a processar gás, condensado e petróleo “leve” adicionais, a partir da área definida no Acordo de Partilha de Produção (APP) com o Governo de Moçambique. O petróleo tem uma composição muito semelhante ao condensado existente, tratando-se de um líquido de cor amarelopalha, com uma consistência semelhante à parafina (consultar Figura 1). Figura 1: O condensado de Temane tem a cor de amarelo-palha pálido (ver o último exemplo à esquerda). O petróleo de Inhassoro, muito semelhante ao condensado, terá um tom mais escuro. O projecto proposto irá aumentar, consideravelmente, a capacidade da Sasol de processar gás e líquidos, e irá incluir instalações para produzir Gás de Petróleo Liquefeito (GPL), com vista a substituir grande parte do GPL, actualmente importado a um custo considerável para Moçambique. O capital inicial estimado para o projecto está na ordem de 1,3 biliões de Dólares Norte Americanos, incluindo os custos de perfuração de poços e das infra-estruturas de superfície. O proponente do projecto é a Sasol Petroleum Mozambique Limitada e Sasol Petroleum Temane Limitada, Av. 25 Setembro 420, 2º andar, Prédio JAT I, Maputo, Mozambique. Pessoa de Contacto: Sr. Ailton Rego, Especialista Ambiental ([email protected]) 1. MMscfd – Sigla em Inglês para ‘million standard cubic feet per day’, correspondente em Português a ‘Milhões de pés cúbicos padrão por dia’. 2. Um barril de crude refere-se a uma medida do volume ocupado de crude para vendas, medido em condições padrão, após a estabilização, a fim de aderir à especificação de vendas. É equivalente a 0,159 m3. 1 Figura 2: A localização e os elementos do proposto Projecto de Desenvolvimento no âmbito do Acordo de Partilha de Produção (APP) e Projecto de Produção de Gás de Petróleo Liquefeito (GPL) 2 Figura 3: O projecto proposto em relação às instalações já existentes. 2.1 do Projecto de Melhoramentos das Instalações da CPF). Planta de Produção de Líquidos no âmbito do APP e de Produção de GPL Emprego: O processamento de petróleo e gás é uma actividade altamente especializada e mecanizada, pelo que só serão criados 20 postos de trabalho permanentes adicionais. A Sasol assinou um acordo de trabalho com o Governo de Moçambique, que assegura o respeito pela legislação nacional e o compromisso de, tanto quanto possível, contratar mão-de-obra local em combinação com acções de capacitação profissional. A Sasol também é signatária de um Acordo Colectivo de Trabalho do Projecto, celebrado com o sindicato de trabalhadores de cada projecto, para garantir que todos os empreiteiros, a serviço dos projectos da Sasol, cumpram com a legislação relevante. De entre os actuais 192 trabalhadores da Sasol em Moçambique, 140 são Moçambicanos. A Sasol pretende que, até 2015, 85% dos quadros de gestão da CPF sejam Moçambicanos. A localização e a disposição conceitual da planta proposta são ilustradas nas Figuras 2 e 4. Os principais detalhes técnicos são resumidos a seguir: Armazenamento e transporte do produto: O petróleo estabilizado, produzido pela Planta de Líquidos, será armazenado em quatro novos tanques de armazenamento, ligados a quatro novas áreas de carregamento de camiões-tanque. A produção inicial será transportada por estrada, em camiões-tanque. Uma AIA à parte irá investigar meios alternativos de transporte do produto. Água produzida: A água produzida (água que é removida da corrente dos líquidos, e que provem dos poços) será armazenada num novo tanque de armazenamento de água produzida, e será eliminada através de um novo poço de reinjecção de água produzida, cuja localização ainda está por se determinar. 2.2 O 5° Trem de Processamento de Gás As quantidades incrementadas de água produzida, resultantes do Projecto de Produção de Gás no âmbito do APP, serão tratadas e eliminadas nos poços de reinjecção já existentes na CPF. As quantidades de água, ar e nitrogénio, necessárias para a operação da CPF, serão aumentadas. Não serão necessários sistemas novos de geração de energia eléctrica. O sistema de combustão já existente continuará a ser utilizado. Efluente industrial: Será construída uma nova estação de tratamento de efluentes industriais, semelhante à estação de tratamento já existente na CPF, para tratar águas potencialmente contaminadas por petróleo, no interior e em redor da nova planta. Efluente doméstico e resíduos sólidos: Os volumes serão pequenos e serão tratados pelos sistemas de gestão de efluentes e resíduos já existentes na CPF. Dois dos antigos Compressores de Alta Pressão (APP) da CPF serão substituídos por novos compressores, equipados com queimadores com emissão de baixos teores de óxido de nitrogénio (NOx) (isto encontra-se detalhado na AIA aprovada O equipamento de separação gás/líquido e quatro trens de processamento de gás, já existentes na CPF, serão complementados por equipamento adicional. O 5° Trem de Processamento de Gás incluirá um separador gás/líquido adicional e terá a mesma 3 Figura 4: Localização e disposição conceitual da Planta de Produção de Líquidos no âmbito do APP e de Produção de GPL e do 5° Trem de Processamento de Gás capacidade dos trens existentes (150 MMscfd), com equipamento muito similar ao destes. fluxo dos poços de petróleo, situados a leste do Rio Govuro, serão combinadas, na Estação Colectora de Inhassoro (ocupando uma área de 1 ha), numa única conduta para a nova planta. De modo a atravessar o Rio Govuro, esta conduta será ligada às condutas existentes colocadas por baixo do leito do rio. O condensado estabilizado será encaminhado para os tanques de armazenamento já existentes na CPF. Assim, não serão necessários tanques adicionais de condensado. 2.3 Para o projecto de produção de gás, um poço (T19A, um poço existente a leste do Rio Govuro) será ligado a uma linha de fluxo de reserva, que já se encontra colocada por baixo do leito do rio. As Linhas de Fluxo Os poços de petróleo e gás serão ligados à CPF por condutas designadas por ‘linhas de fluxo’, enterradas a aproximadamente 1 m de profundidade, semelhantes às que actualmente fornecem a planta com gás (Fotografia 1). As novas linhas de fluxo irão seguir, tanto quanto possível, o alinhamento das estradas e linhas sísmicas existentes (aproximadamente 111 km de novas linhas de fluxo, dos quais apenas 22 km irão necessitar de novas estradas de acesso para fins de manutenção). Nos locais onde as novas linhas de fluxo não seguem o alinhamento das estradas existentes, serão construídas estradas permanentes de terra batida, resistentes a todas as condições climatéricas. Devido à previdência da Sasol, durante a campanha de construção em 2002, foram colocadas condutas de reserva por baixo do canal do Rio Govuro, as quais poderão ser utilizadas pelo projecto proposto. Para o projecto de produção de líquidos, as linhas de Fotografia 1: A reabilitação nas áreas da anterior construção das linhas de fluxo foi bem-sucedida. Esta fotografia mostra o local onde, há 10 anos atrás, foi enterrada uma linha de fluxo na área de Temane. 4 2.4 recomendações da AIA. A localização de três dos poços de petróleo de Inhassoro, e respectiva infraestrutura, ainda está por ser determinada pelos estudos de engenharia sobre a sub-superfície. Os Poços Os poços ficarão centrados numa área de poço desmatada e vedada, com dimensões aproximadas de 100 m x 100 m, e com um guarda permanente (Fotografia 2). Os poços são perfurados a profundidades de entre 1.800 m e 2.200 m abaixo da superfície, e serão rebocados para prevenir a contaminação das águas subterrâneas. Uma cabeça de poço (ou “árvore de Natal”), localizada no centro da área do poço (Fotografia 3), controla o fluxo dos fluidos do poço. Não será necessária iluminação durante o período nocturno. Todos os fluidos produzidos pelo poço são transportados pelas linhas de fluxo que se dirigem para a planta de processamento. 2.5 Alternativa ao Desenvolvimento no âmbito do APP – uma Planta Autónoma de Produção de GPL A viabilidade financeira do Projecto de Desenvolvimento de Líquidos no âmbito do APP ainda está a ser avaliada, através de estudos da Fase Conceitual do Projecto de Engenharia (na sigla em Inglês - Front-End Engineering Design - FEED). Uma alternativa ao projecto é a construção, dentro da área de delimitação da CPF, de apenas o 5° Trem de Processamento de Gás e poços de gás e linhas de fluxo associados, em conjunto com uma planta autónoma de GPL, produzindo aproximadamente 5.000 toneladas de GPL por ano. Neste caso, a Planta de Produção de Líquidos no âmbito do APP, os poços de petróleo e linhas de fluxo não serão construídos. Os reservatórios cilíndricos para armazenamento de GPL e as áreas de carregamento de GPL serão localizados tal como para a Planta de Produção de Líquidos no âmbito do APP e Planta de Produção de GPL. Um dos reservatórios cilíndricos irá armazenar GPL fora das especificações. Fotografia 2: Uma típica área de poço, com dimensões de 100 m x 100 m Uma porção do gás fora das especificações, resultante do processo, será utilizada como gás combustível de Baixa Pressão (BP); o remanescente será encaminhado para a CPF, para tratamento e transporte. Os pequenos volumes de água, separados no processo, serão devolvidos ao sistema de tratamento de água produzida na CPF. Os serviços serão fornecidos pelos sistemas já existentes na CPF. 2.6 Aspectos relacionados à Construção Emprego: Aproximadamente 1.800 postos de trabalho temporários (excluindo as actividades de perfuração) serão criados durante o período de pico da construção. Todos os postos de trabalho para mãode-obra não-qualificada serão preenchidos por Moçambicanos, e tanto quanto possível, por pessoas das comunidades afectadas pelo projecto. A Sasol irá encorajar fortemente que os seus empreiteiros atribuam os postos de trabalho, disponíveis para mão-de-obra semi-qualificada e qualificada, e os sub-contratos a pessoas e organizações Moçambicanas, que demonstrem capacidade adequada e comprovada. Fotografia 3: Uma cabeça de poço, ou “’Árvore de Natal”, de altura inferior a 4 m. O gás ou petróleo fluem no sentido ascendente da coluna do poço, através da cabeça do poço, para dentro das linhas de fluxo que correm em direcção à CPF. O fluxo é regulado por válvulas e estas podem ser operadas remotamente a partir da CPF, de modo a que o fluxo possa ser interrompido em caso de uma emergência. A localização dos poços foi determinada com base em estudos preliminares de engenharia sobre a subsuperfície, e pode ser ligeiramente alterada durante a fase de desenho detalhado, ou em resultado das Aquisições: Em termos dos requisitos de conteúdo local de Moçambique (Lei de Petróleos, Lei n° 21/ 2014 de 18 de Agosto), a Sasol desenvolveu a sua 5 própria Política de Conteúdo Local, que já está sendo implementada. Assim, bens e serviços locais serão adquiridos sempre que possível, e sempre que estes satisfaçam os requisitos estabelecidos. no local de eliminação de resíduos perigosos, já existente na CPF. A estação de tratamento de águas residuais na CPF irá necessitar de capacidade adicional para tratar as águas residuais adicionais produzidas pelo pessoal adicional da construção. Nos locais dos poços, utilizar-se-ão fossas sépticas, drenos franceses e /ou latrinas melhoradas ventiladas. Alojamento do pessoal de construção: O pessoal de construção será alojado no acampamento de construção existente na CPF, que reúne todas as condições e serviços necessários. Alguns membros do pessoal sénior da perfuração serão alojados nas áreas de poços, uma vez que a actividade de perfuração é uma operação realizada 24 horas por dia. A proporção de força de trabalho será de aproximadamente 2 trabalhadores locais: 1 trabalhador não-local (ou seja, não proveniente da área afectada pelo projecto), o que significa que será necessário alojamento para cerca de 600 pessoas. O acampamento existente em Temane-3 será usado para fins de logística e serviços. Estão a ser avaliadas alternativas de alojamento, que incluem o alojamento na vila de Inhassoro ou o estabelecimento de um acampamento separado em Inhassoro para o pessoal. Perfuração: Os poços de petróleo e gás são perfurados por equipas especializadas de perfuração. Os poços terão entre 1.800 m e 2.200 m de profundidade. Alguns poços serão verticais, mas a maioria será horizontal (consultar Figura 5). A perfuração de um poço tem a duração de entre um a dois meses. A perfuração envolve o uso de substâncias químicas e lamas potencialmente perigosas, que devem ser geridas e eliminadas com segurança, logo que a perfuração tenha sido concluída. O factor de segurança é uma das considerações mais importantes num local de perfuração. No caso de os resultados de um poço não serem bem-sucedidos, a Sasol segue as directrizes aceites internacionalmente para suspensão e abandono de poços. Transporte de Equipamento e Áreas de Estaleiro: Os materiais e equipamento serão transportados por estrada, na sua maioria a partir de Maputo ou da Beira, através da EN-1. Para as obras de construção no Campo de Petróleo de Inhassoro, a leste do Rio Govuro, será utilizada a estrada alcatroada que liga a EN-1 e Inhassoro e, igualmente, a estrada de terra batida entre Inhassoro e Vilanculos. Poderão ser necessárias vias de acesso temporárias para algumas áreas de construção. Os estaleiros do equipamento, para a Planta de Produção de Líquidos no âmbito do APP e Planta de Produção de GPL, serão estabelecidos nas áreas dos estaleiros anteriormente destinadas para a construção da CPF e, possivelmente, no novo local da planta. As obras de construção irão necessitar de equipamento para trabalhos de construção civil, trabalhos eléctricos, e assentamento de condutas, soldadura e testagem. Figure 5: Diagrama ilustrando a perfuração horizontal Abastecimento de Água: Os furos de água existentes, que fornecem água à CPF, têm capacidade para fornecer água em volumes suficientes para a nova planta. A água para as operações de perfuração será fornecida por dois furos de água, perfurados em cada área de poço. Após a construção, estes poços serão utilizados para monitorizar a qualidade das águas subterrâneas. Prazos para o Projecto ! Estudos da Fase Conceitual do Projecto de Engenharia – em curso Resíduos de construção: Os resíduos produzidos durante a construção das plantas de Produção de Líquidos no âmbito do APP e de Produção de GPL serão separados, reciclados (sempre que possível) e eliminados em conformidade com os mesmos procedimentos em vigor na CPF. Os resíduos que não possam ser reciclados, mas que sejam adequados para incineração, serão encaminhados para o incinerador na CPF. A cinza do incinerador será eliminada 6 ! Desenho final e adjudicação de contratos: 2015 ! No caso de se obter a aprovação da AIA, é provável que a construção arranque no início de 2016 e que tenha uma duração aproximada de dois anos ! Produção esperada para o fim de 2018. 3.0 Mais de 200 participantes (indivíduos ou organizações dos níveis nacional, provincial, distrital e local) constam da lista de partes interessadas. QUADRO REGULAMENTAR A AIA iniciou em Janeiro de 2014, e prolongar-se-á até finais de 2014. A AIA irá cumprir os requisitos da seguinte legislação principal: ! Regulamento Ambiental para as Operações Petrolíferas (Decreto nº 56/2010, de 22 de Novembro); ! Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental, Decreto nº 45/2004 de 29 de Setembro, alterado pelo Decreto nº 42/2008 de 4 de Novembro; ! Directiva Geral para Estudos de Impacto Ambiental, aprovada pelo Diploma Ministerial nº 129/2006, de 19 de Julho; ! Directiva Geral para o Processo de Participação Pública, aprovada pelo Diploma Ministerial nº 130/2006, datado de 19 de Julho; e ! Regulamento sobre o Processo de Reassentamento Resultante de Actividades Económicas (Decreto nº 31/2012, de 8 de Agosto) Oportunidades para participar no processo de AIA, e comentar os relatórios, foram anunciadas em Março de 2014 para a fase de definição de âmbito, em Julho aquando da mudança do âmbito da AIA, e em Agosto para a fase de Avaliação de Impactos. Estas comunicações foram realizadas por meio de anúncios nos jornais Notícias e Savana, na Rádio Comunitária de Vilanculos e na Rádio Save de Vila Mambone, através de cartas-convite e chamadas telefónicas às partes interessadas identificadas, e anúncios nos 10 povoados da área do projecto. O rascunho do EIA foi também publicado na página Moz Info do Facebook. Os relatórios disponibilizados para comentário consistiram do Rascunho e do Relatório Final do Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito, do Rascunho e do Relatório Final do EIA, dos resumos não técnicos, e dos Relatórios Especializados. Todos os relatórios estiveram disponíveis em Português e em Inglês, e foram amplamente distribuídos. Durante as reuniões foram utilizados doze cartazes, de tamanho grande, ilustrativos do projecto proposto, potenciais impactos e resultados da AIA. Durante o processo foram realizadas cerca de 30 reuniões em Inhassoro, Inhambane, Maputo, Mapanzene, Mangugumete e em outros povoados da área do projecto. Outra legislação importante, que foi tomada em consideração, está detalhada no Relatório Principal do EIA. 4.0 PARTICIPAÇÃO PÚBLICA O Relatório de Participação Pública e o Relatório de Perguntas e Respostas, anexados ao relatório principal, contêm os detalhes completos do processo. Os comentários de todos as partes interessadas foram capturados e respondidos no Relatório de Fotografia 4a-e: Reuniões públicas, ao nível dos povoados e com grupos focais conduzidas durante o processo. Relatórios para comentário, bem como as leis e os regulamentos aplicáveis, foram exibidos durante as reuniões. Cartazes de tamanho grande foram utilizados como material de apresentação durante as reuniões. 7 Perguntas e Respostas. As principais questões, levantadas pelas partes interessadas, incluíram: Planos de Gestão Ambiental (PGAs) da Sasol existentes e a forma como são feitas as referências aos mesmos ao longo do texto ! Emprego para a população local; ! Aquisições a nível local e outras oportunidades económicas no Distrito de Inhassoro; ! Preocupação sobre a possibilidade das perdas de culturas agrícolas poderem ter sido causadas por emissões atmosféricas; ! PGA-c (CPF): Plano Geral de Gestão Ambiental para a Construção, aplicável a todas as actividades novas, ou a trabalhos de melhoramentos realizados na CPF. A versão mais recente deste plano é designada por 'Plano de Gestão dos Melhoramentos das Instalações da CPF' (2013). ! Qualidade da água (perfuração por através de aquíferos, explosões dos poços contaminando fontes de água, possibilidade de cheias poderem deslocar e danificar as linhas de fluxo); ! PGA-c (Infra-estruturas): Plano Geral de Gestão Ambiental para a Construção, intitulado ‘Construção das infra-estruturas associadas com a Extracção de Gás Natural, incluindo os locais dos Poços, Linhas de Fluxo, Linhas-Tronco e Estradas de Acesso (excluindo a Perfuração de Poços)’. ! Preocupação sobre a possibilidade da pesca vir a ser afectada pela perfuração dos poços; ! Potencial conflito, em termos de uso da terra, com acções de conservação e empreendimentos de turismo planificados. ! PGA-p: Plano de Gestão Ambiental para as Perfurações, intitulado 'Plano de Gestão Ambiental para Perfurações em Terra'. 5.0 ! PGA-o: ‘Plano de Gestão Ambiental para as Operações para os locais dos Poços, Linhas de Fluxo, Estradas de Acesso e Unidade Central de Processamento em Temane’. PRINCIPAIS IMPACTOS E RECOMENDAÇÕES Em todos os casos, a mitigação dos impactos e a monitorização incluem que a Sasol e o empreiteiro da construção devem cumprir com os requisitos dos PGAs existentes. Isto não será repetido nas medidas de mitigação listadas neste relatório. Há dez anos que a Sasol tem estado envolvida na operação da CPF e dos campos de produção associados, incluindo poços de exploração na área de Inhassoro, onde se propõe o estabelecimento de novos poços de petróleo. Em resultado disto, encontra-se disponível uma vasta quantidade de informação, que providenciou lições para a AIA. Sempre que necessário, os impactos dos projectos, existente e proposto, foram combinados, uma vez que estes serão cumulativos. CPF e as populações circunvizinhas, sendo que poucos agregados familiares se encontram a menos de um quilómetro das áreas de trabalho, e a maioria se encontra a mais de 2,5 km de distância, na periferia de Mangugumete. Não se espera que os impactos de poeiras, resultantes da construção da planta, venham a ser significantes. A AIA classifica a significância ambiental dos impactos de significância baixa, moderada ou alta, sendo que alguns impactos são negativos e outros positivos. Os impactos de significância baixa requerem pouca consideração adicional. Os impactos de significância moderada requerem mitigação para reduzi-los para níveis aceitáveis. Os impactos de significância alta requerem, tipicamente, ampla mitigação para reduzi-los para níveis aceitáveis. Sempre que possível, a AIA recomenda a mitigação baseada na prevenção ao invés da minimização. Os piores impactos das poeiras dever-se-ão à operação de veículos pesados da construção, ao alongo da estrada de terra batida entre Inhassoro e Vilanculos, que é densamente povoada nas proximidades da estrada alcatroada de Inhassoro. A poeira irá provavelmente causar incómodos consideráveis. A mitigação através do uso de camiões-cisternas, para aspersão das estradas, é viável e será eficaz se implementada de forma consistente (Fotografia 5). A AIA recomenda o uso de camiões-cisternas, bem como a monitorização contínua de poeiras da construção, em conjunto com a ligação regular com a população local. A Sasol já possui uma série de Planos de Gestão Ambiental em vigor, para gerir os impactos dos projectos combinados (consultar a caixa na página seguinte). Para o actual projecto, a AIA recomenda modificações e adições a estes PGAs. 5.1 Durante a fase de operação, quando tanto a planta existente como a nova planta estiverem em funcionamento, o poluente de principal preocupação é o dióxido de nitrogénio (NO2), que resulta da combustão de combustível nas turbinas que alimentam os processos na CPF. As concentrações de NO2 irão aumentar ligeiramente, devido à nova planta, mas, uma vez que a Sasol irá substituir os compressores com queimadores de alta pressão, na CPF, por com- Qualidade do Ar Durante a construção, os impactos na qualidade do ar serão causados essencialmente por poeiras, produzidas pelos veículos e equipamento de construção. Existe uma zona tampão razoável entre a 8 redor da planta combinada, com uma extensão considerável da actual rede de monitorização. A operação dos poços e das linhas de fluxo não suscitará quaisquer questões significantes em termos da qualidade do ar. Monitorização dos impactos da poeira O Oficial Ambiental no Local e a Equipa de Ligação com as Comunidades, da fase de construção, devem registar as reclamações sobre as poeiras, apresentadas pelos residentes locais, no Registo de Reclamações, e investigar as reclamações em consulta com estes. Fotografia 5: Aspersão das estradas com água, usando camiões-cisternas para reduzir os níveis de poeira 5.2 Ruido Durante a fase de construção, os principais impactos de ruído serão resultantes da perfuração dos poços, que é uma operação que terá lugar 24 horas por dia, embora apenas um ou dois poços venham a ser perfurados em simultâneo. A perfuração de cada poço terá uma duração de entre um a dois meses. A perfuração é uma actividade muito ruidosa e espera-se que no período nocturno venha a causar um impacto significante no seio dos agregados familiares que residem próximos aos poços. A AIA estima que cerca de 420 agregados familiares podem ser afectados por níveis de ruído que excedem os limites estabelecidos na directriz do Banco Mundial para áreas residenciais, caso não seja posta em prática nenhuma mitigação. A mitigação para reduzir o ruído é viável. A AIA recomenda medidas para reduzir o ruído produzido pelo gerador que abastece a plataforma de perfuração, que é a principal fonte de ruído da perfuração. O gerador deve ser instalado num recinto fechado e os seus mecanismos de admissão de diesel e de escape devem ser equipados com silenciadores. Estas medidas devem ser combinadas com o uso barreiras sonoras móveis. Recomenda-se uma monitorização cuidadosa, de modo a verificar que os agregados familiares mais próximos não sejam afectados de forma significante. No caso de algum agregado familiar continuar a ser claramente afectado pelo ruído, a Sasol deve considerar a deslocação temporária da família, durante o período da perfuração. Figura 6: Emissões anuais combinadas de NO2, a partir da CPF e das Plantas de Produção de Líquidos no âmbito do APP e de Produção de GPL. A linha vermelha mostra que as concentrações serão inferiores a metade do padrão autorizado. pressores equipados com queimadores com emissão de baixo teor de NOx, as concentrações globais de NO2, no limite da Zona de Protecção Parcial (a zona tampão de 500 m em redor da planta existente, dentro da qual são proibidos assentamentos populacionais) irão reduzir (consultar Figura 6). As obras de construção da nova planta irão aumentar o ruído em redor das áreas de trabalho, mas isto não irá causar incómodo às comunidades circunvizinhas, nem ao orfanato que se encontra nas proximidades. À noite, o orfanato será exposto ao ruído da existente Central Eléctrica da EDM, e não do local da construção. Durante a operação, o orfanato continuará exposto ao ruído da EDM, que já excede os padrões permitidos. A AIA recomenda que a Sasol e a EDM trabalhem em conjunto, no sentido de transferir o orfanato para uma área mais silenciosa. Todas as outras emissões e qualidade do ar estarão dentro dos padrões de qualidade do ar e de emissões de Moçambique e do Banco Mundial, indicados no PGA-o. A AIA recomenda a monitorização contínua das emissões atmosféricas, bem como a monitorização da qualidade do ar ao nível do solo, em 9 Figura 7: Impacto do ruído causado pela perfuração dos poços (esta figura mostra os níveis de ruído em redor dos locais de perfuração, durante o período nocturno. Os pontos cor de laranja representam os agregados familiares. Todos os agregados familiares dentro da linha azul serão expostos a níveis de ruído que excedem o limite de 45 dBA, estabelecido na directriz da Organização Mundial de Saúde - OMS - para ruído nocturno em zonas residenciais. A AIA recomenda medidas para reduzir o ruído para os agregados familiares que residem nas proximidades. O ruído gerado pela construção da nova planta não irá resultar em impactos para nenhum agregado familiar ou para o orfanato que se encontra nas proximidades. O orfanato só será exposto ao ruído produzido pela central eléctrica da EDM). Impacto do ruído na pesca Durante a revisão da AIA, os pescadores na comunidade do Inhassoro levantaram uma questão sobre a redução das capturas de peixe no mar e perguntaram se poderia dever-se ao ruído gerado pela perfuração de poços de exploração da Sasol, tanto em terra como no mar (causado pelos dois poços Njika de águas profundas). A equipa da AIA considera que o ruído de perfuração em terra não terá tido qualquer impacto sobre as capturas de peixe no mar, e que é altamente improvável que a perfuração dos poços Njika no mar tenha causado qualquer impacto de ruído significativo. 10 Durante a fase de operação, os poços e linhas de fluxo não irão causar ruído significante, sendo que o tráfego, de e para os locais dos poços, será reduzido. 5.3 Lamas e fluidos de perfuração: O principal risco para as águas superficiais e subterrâneas, durante a construção do projecto, será o manuseamento e eliminação de lamas e fluidos de perfuração, cuja base pode ser de hidrocarbonetos ou aquosa. As lamas de perfuração são bombeadas no sentido descendente da coluna de perfuração, para lubrificar a broca. Normalmente, as lamas contêm quantidades consideráveis de sais. Dependendo do tipo de lamas utilizadas, algumas podem ser mais perigosas do que outras. Durante a perfuração do poço, as lamas são armazenadas na área de perfuração, numa grande vala revestida com plástico, em quantidades de cerca de 118 m3 de lama para cada poço. Poluição das Águas Superficiais e Subterrâneas Tratamento de águas residuais: Durante a construção, com um grande aumento no número de pessoas na CPF, que é o local onde algumas equipas de construção serão alojadas, será necessária uma capacidade adicional para tratamento de águas residuais, em conjunto com medidas para assegurar a gestão adequada dos materiais e resíduos de construção, particularmente resíduos perigosos. No passado, a Sasol aplicou a norma internacionalmente reconhecida da Alberta Energy and Utility Board (Alberta EUB) para orientar a eliminação destas lamas e fluidos. Os fluidos são filtrados por meio de um sifão e são eliminados através de camiões-cisternas, que fazem a aspersão de água nas estradas de terra para controlar a produção de poeira. Gestão de resíduos: Os empreiteiros da construção irão utilizar os sistemas de gestão de resíduos já existentes na CPF, que são sofisticados e eficientes, e anteriormente elogiados pelo MICOA e auditores independentes. Os requisitos específicos do PGA-c asseguram que os empreiteiros façam a gestão de materiais e resíduos perigosos em conformidade com os requisitos legais e as melhores práticas, e que providenciem capacidade suficiente de armazenamento temporário para reciclagem ou eliminação de resíduos. Sujeita à gestão necessária, a significância dos impactos nas águas superficiais e subterrâneas, em resultado da construção da nova planta, será baixa. As lamas podem ser eliminadas por um de dois métodos. O primeiro método, conhecido por misturar-enterrar-tapar, mantém as lamas na plataforma de perfuração, contidas dentro do revestimento de plástico, mas procede à sua secagem, através da sua mistura com a terra que foi escavada da vala. Seguidamente, as lamas são tapadas e compactadas com solo local. A Sasol já usou este método no passado, e testes recentes, conduzidos no âmbito da AIA, não detectaram nenhum efeito na qualidade das águas subterrâneas. Fotografia 6: Irrigação dos relvados e jardins da CPF com efluente tratado Fotografia 8: Revestimento de material plástico a ser colocado nas valas de contenção de lamas de perfuração O segundo método, conhecido por espalhamento sobre o solo, envolve a lavra das lamas numa área de terra, tendo em consideração a capacidade do ambiente local para conter concentrações de sais e outros contaminantes, presentes nas lamas, sem riscos ecológicos ou agrícolas significantes. Embora seja útil uma avaliação mais detalhada do sucesso da eliminação efectuada pela Sasol na área de Fotografia 7: Zona de triagem de resíduos. A zona de triagem está arrumada e é bem gerida 11 Pande, este método é considerado como sendo uma técnica adequada, com um impacto de baixa significância, mediante a utilização da directriz da Alberta EUB para determinar a abordagem detalhada de eliminação. fauna e flora aquáticas, com impactos de alta significância. No caso de virem a ser adicionados inibidores de corrosão e biocidas à água, a AIA recomenda que a água seja testada primeiro, através de bio-ensaios (um método para determinar a toxicidade da água). A partir daí, pode ser feita uma recomendação sobre os locais para onde a água dos hidrotestes pode ser descarregada, de modo a minimizar o risco ecológico. Todas as campanhas de perfuração, levadas a cabo pela Sasol no passado, envolveram o uso de lamas de base aquosa. Assim que seleccionar o sistema de lamas a utilizar (lamas de base aquosa ou de base oleosa), a Sasol deve desenvolver uma declaração detalhada de método, descrevendo a forma como as lamas e as aparas de perfuração serão eliminadas. Este método dependerá do tipo específico de lamas. A declaração de método deve definir as propriedades das lamas, a sua classificação em termos de perigo e as opções de eliminação. Será necessária a aprovação da declaração de método pelo MICOA. Em qualquer dos casos, a AIA proíbe a descarga de água dos hidrotestes em lagoas e riachos costeiros. A AIA também proíbe qualquer transferência de água dos hidrotestes, proveniente do Rio Govuro, em outros sistemas aquáticos, de modo a evitar a introdução de espécies que actualmente não existem em tais sistemas. Fotografia 11: Reabilitação natural eficaz, um ano após o espalhamento das lamas de perfuração no local do poço P-9, em Pande Fotografia 9: Local do espalhamento após a aplicação das lamas de perfuração no local de poço P24, em Pande 5.4 Uso de Água A construção da nova planta vai exigir água adicional, que está disponível a partir dos furos de água actualmente usados pela CPF, três no local da CPF, e o furo principal que extrai água do aquífero arenoso do Rio Govuro. Estes furos de água podem fornecer água, em volumes mais do que suficientes, tanto para a construção como para a operação da nova planta. 5.5 Área de Habitat Crítico Um desafio importante, para todos os grupos de interesse, é a conservação e protecção de um Habitat Crítico, identificado pela AIA nos termos dos critérios do Padrão de Desempenho 6 da Internacional Finance Corporation. Esta área encontra-se centrada em torno do quase intocado riacho costeiro Nhangonzo, a nordeste de Mangaralane (Fotografia 12), e é caracterizada por extensas turfas em meio aquoso (activamente formando Turfeiras), terras húmidas, florestas dunares e costeiras, que sustentam uma população selvagem, espécies de plantas endémicas a Moçambique recém-descobertas, plantas e animais que constam na Lista Red Data, as mais extensas e melhor conservadas florestas de mangal, ao longo de 90 km da linha de Fotografia 10: Aplicação do método MisturarEnterrar-Tapar em Inhassoro 11 (I 11), antes de se tapar com solo local. O revestimento em material plástico continua no seu lugar Água dos hidrotestes: Os hidrotestes envolvem o bombeamento de água nas linhas de fluxo, a uma pressão duas vezes superior à pressão operacional, de modo a confirmar que não ocorrem vazamentos nas zonas de soldagem. Nesta fase, a Sasol não planeia adicionar inibidores de corrosão ou biocidas à água, mas no caso de isto vir a ser realizado, e se o efluente não tratado for libertado nos lagos e riachos costeiros, os resultados seriam letais para a 12 costa, em direcção a pântanos e tapetes de ervas marinhas, que fornecem habitat para milhares de aves pernaltas e à única população de Dugongos viável em Moçambique. A identificação deste recurso ecológico sensível e incomum sublinha a importância dos levantamentos ecológicos detalhados como base para tomada de decisão no âmbito de uma planificação sólida. A forma como esta área poderia ser protegida no futuro, tendo em conta os vários interesses da indústria do petróleo, da indústria do turismo e dos habitantes locais, não foi determinada pela AIA. O efeito físico da infra-estrutura petrolífera na área será reduzido, mas a preocupação maior relaciona-se com o aumento do acesso aos recursos naturais desta área, que até ao momento estavam, em grande parte, inacessíveis, devido à presença de vegetação impenetrável e não transformada, e à Fotografia 12: A área superior do riacho costeiro Nhangonzo, que atende aos requisitos de um Habitat Crítico da IFC Figura 8: Localização do riacho costeiro Nhangonzo e respectiva bacia hidrográfica, que consistem na área de Habitat Critico 13 falta de infra-estrutura rodoviária. Esta é uma preocupação particular, pois as estratégias de sobrevivência das comunidades locais dependem directamente dos recursos naturais. seja providenciado apoio à comunidade de Mangarelane, no sentido de diminuir a sua dependência dos recursos naturais. 5.6 Do ponto de vista ambiental, a preferência seria que os poços de petróleo fossem transferidos para fora do Habitat Crítico. No entanto, reconhece-se que, no contexto económico e social de Moçambique, a proposta de proteger o Habitat Crítico exige a resolução de muitas questões complexas. Qualquer solução sustentável terá que levar em consideração os interesses de petróleo e gás da Sasol e do GdM, os interesses da indústria do turismo e os interesses das comunidades locais. Outras Áreas de Sensibilidade Ecológica Ocorrem na área do projecto oito tipos de vegetação / habitats terrestres e terras húmidas. Apesar de se verificar o cultivo bastante intensivo em muitas zonas, ainda há áreas de alta biodiversidade e alto valor de conservação, com pelo menos 389 espécies de plantas indígenas identificadas, correspondendo a quase 10% das plantas indígenas conhecidas em Moçambique. De um modo geral, a infra-estrutura do projecto proposto encontra-se bem posicionada, seguindo, tanto quanto possível, a infra-estrutura já existente, o que ajuda a evitar a maioria das áreas de alta sensibilidade ecológica. Para os 111 km de linhas de fluxo só serão necessários cerca de 22 km de estradas de acesso novas - os restantes serão alinhados ao longo das estradas de acesso já existentes. A AIA recomenda um processo de articulação conjunta entre uma série de partes interessadas relevantes, para deliberar sobre estratégias para a conservação e protecção desta área, incluindo a possibilidade de incorporar o Habitat Crítico na Zona de Interesse Turístico entre Vilanculos e Inhassoro. A Sasol concordou em não finalizar a posição dos poços dentro do Habitat Crítico, até que haja uma análise mais aprofundada das opções por todas as partes relevantes. Assim, a AIA recomenda que estas investigações tenham lugar o mais rápido possível. No caso de restrições, associadas às instalações de perfuração e à infra-estrutura de superfície, virem a limitar a capacidade de transferir os poços e respectivas linhas de fluxo, a Sasol comprometeu-se a garantir que medidas de mitigação adequadas serão postas em prática. A AIA recomenda também que Conforme já mencionado, em 2002 foram colocadas condutas de reserva no leito do Rio Govuro, e estas serão utilizadas por este projecto (Figura 9). Assim, a construção de condutas irá afectar apenas algumas secções curtas da planície de inundação, o que pode ser realizado durante a estação seca. A Fotografia 13 ilustra como a planície de inundação se recuperou das actividades de construção anteriores. Figura 9: Localização da travessia das condutas existentes no Rio Govuro. Condutas de reserva assentadas ao longo do canal significam que a construção, na travessia do rio, não terá que ser repetida. 14 probabilidade de uma ‘explosão’, isto é, uma libertação descontrolada de petróleo sob pressão durante a perfuração de poços, é muito baixa. A AIA prevê que, em tal caso, a maior parte do fluido, ou a sua totalidade, iria evaporar-se, e que não haveria situações de ‘chuva de fluidos no chão” (retorno à terra). No caso de os fluidos se incendiarem, haverá uma grande probabilidade de letalidade para as pessoas que se encontram na área do poço, bem como de ocorrência de queimadas descontroladas. Se os fluidos pudessem ser desviados de volta para o solo, iria ocorrer uma corrente de líquidos. No pior dos casos, esta corrente poderia fluir até distâncias consideráveis da área do poço. Devido às graves consequências dos derrames de petróleo, o desenho específico e detalhado e a planificação de emergência são obrigatórios. A AIA recomenda que Sasol desenvolva um Plano de Contingência de Controlo dos Poços, que considere todos os factores de risco que podem influenciar um derrame, incluindo o suporte de recursos nacionais ou internacionais para auxiliar no controlo, limpeza e protecção de áreas vulneráveis. A AIA também recomenda uma distância física entre os poços e os recursos aquáticos e marinhos, especialmente nas proximidades de riachos costeiros, pois o petróleo poderia fluir para jusante, em direcção aos mangais no litoral, aos tapetes de ervas marinhas no mar, que é o habitat de alimentação dos dugongos, e em direcção ao ambiente marinho do Parque Nacional do Arquipélago de Bazaruto. Os poços de petróleo não devem ser posicionados a menos de 250 m dos recursos aquáticos (rios, terras húmidas, planícies de inundação, lagos-barreira), a menos que Sasol possa demonstrar que, para casos específicos, não há nenhuma alternativa razoável e que os riscos globais são muito baixos. Fotografia 13: Não há evidências das condutas enterradas, há 10 anos, no leito do Rio Govuro Os levantamentos ecológicos no terreno identificaram também outras pequenas áreas de alta biodiversidade terrestre, tais como manchas de floresta, tipicamente em redor de termiteiras, com uma série de árvores de grande porte e outras plantas. Estas providenciam refúgio para uma variedade, maior do que o normal, de espécies animais. Estas não se limitam ao habitat não transformado e podem ser ainda mais valiosas em áreas agrícolas, devido ao refúgio que oferecem. Caso qualquer um destes locais críticos de biodiversidade possa vir a ser afectado por estradas, linhas de fluxo ou poços do projecto, a AIA recomenda a deslocação da infra-estrutura do projeto. Falha nas condutas durante a operação: Num cenário de pior caso, um derrame, durante a fase de operação do projecto, ocorreria no caso de uma falha numa das linhas de fluxo ou condutas que se dirigem para a Planta de Produção de Líquidos no âmbito do APP e Planta de Produção de GPL. Embora um derrame terrestre possa ser significante, normalmente há oportunidade para sua contenção e para a gestão dos fluidos, antes de estes causarem danos ecológicos ou sociais consideráveis. No entanto, quando os derrames se inserem rapidamente num corpo de água, eles são muito mais difíceis de gerir, apresentando um maior risco para as pessoas e os ecossistemas. Fotografia 14: Uma mancha de floresta à esquerda de uma estrada de acesso 5.7 Risco de um Grande Derrame de Petróleo Um grande derrame de petróleo nos ecossistemas aquáticos e marinhos na área de estudo teria consequências graves. A AIA avaliou dois cenários de pior caso, um para a fase de construção e outro para a fase de operação. A AIA avaliou o pior cenário para derrames, caracterizado por uma grande libertação de petróleo no Rio Govuro, em resultado de um furo ou fenda nas condutas. Embora os riscos de um acidente dessa natureza sejam baixos, as consequências previstas Explosão de um poço durante a construção: A 15 Figura 10: Potencial contaminação da planície de inundação do Rio Govuro, na sequência de um grande vazamento nas condutas e em condições de vento Norte. ! Consciencialização do público e das autoridades: Assegurar a consciencialização incrementada sobre os riscos de um oleoduto, desde o nível do Governo central até ao nível da comunidade local, estabelecendo a comunicação regular com todas as partes. seriam graves, com efeitos letais para animais e plantas até 350 m a jusante. Isto exige medidas específicas, em termos de desenho e funcionamento, para reduzir o risco de falhas nas condutas, reduzir a magnitude do vazamento, em caso de ocorrerem falhas, e para limpar o derrame de forma rápida e eficaz, se este ocorrer. A AIA recomenda o seguinte: ! Gestão de Emergência e Medidas de Resposta: Desenvolver um plano abrangente de Resposta a Emergências, para garantir que a Sasol possa responder rápida e eficazmente a um derrame. Deve-se incluir no plano uma provisão para assistência imediata por uma empresa internacional de controlo de derrames (capacidade de resposta de ‘Nível 3’/’Tier 3’). ! Detecção antecipada de vazamento: A monitorização regular da travessia do rio, em busca de sinais de um vazamento de petróleo, com amostragem semanal de água para testar a presença de petróleo. ! Prevenção de vazamento: Inspecção periódica (possível aumento acima do normal) da integridade física das condutas, usando “intelligent pigs” e mantendo o sistema de gestão de corrosão (protecção catódica) ao nível dos mais altos padrões internacionais. 5.8 Possível Conflito com o Potencial de Desenvolvimento do Turismo O potencial turístico da região é amplamente reconhecido. Actualmente, não se espera que os poços propostos venham a ter qualquer impacto sobre os Figura 11: A Ilha de Bazaruto relativamente à localização dos poços em Inhassoro 16 Figura 12: Sobreposição entre o Local Ancora de Turismo do INATUR e o Habitat Critico, e restrições recomendadas pela AIA ao desenvolvimento de petróleo e gás até 1 km da costa alojamentos turísticos, ou casas de férias, existentes entre Inhassoro e Vilanculos, ou nas ilhas do Arquipélago de Bazaruto. As matas a leste do Rio Govuro exercem um efeito de barreira visual relativamente a estas áreas de poços. Embora algumas das áreas de poços propostas se situem dentro da linha teórica de vista a partir de Bazaruto, a distância média é de entre 17 e 20 km, e a tais distâncias todo o detalhe visual será perdido. estatuto de ZIT (Zona de Interesse Turístico). Dois dos poços de exploração já existentes, os poços IG6PX-1 e I-G6PX-6, situam-se neste local. O novo poço proposto I-G6PX-4 também situar-se-á no mesmo local, mas no limite interior da zona turística e abrangendo uma área agrícola. A AIA não considerou necessário transferir este poço. A AIA recomenda a discussão com as partes interessadas relevantes, antes de ser tomada uma decisão final, de modo a conciliar os interesses de petróleo e gás, do turismo e de conservação, incluindo a possibilidade de haver uma oportunidade para se expandir o local classificado para turismo, de modo a incorporar a área de Habitat Critico, com vista a conferir, a este último, protecção legal. Estas discussões também podem afectar as decisões finais sobre a localização dos poços. No tocante ao turismo futuro, há a referir que algumas das linhas de fluxo e infra-estrutura do projecto partilham a mesma área recentemente proposta para o Programa Ancora de Investimento no Turismo em Moçambique, uma iniciativa conjunta do Governo de Moçambique e da IFC, que integra um plano para uma estância turística de grande escala. O Decreto nº 75/2010 (de 31 de Dezembro) conferiu ao local o 17 Em outros locais, o potencial de conflito entre o projecto e o sector do turismo limita-se ao corredor litoral. A AIA recomenda que as actividades da Sasol sejam afastadas da costa, que nenhum poço ou linha de fluxo sejam posicionados a menos de 500 m da costa, e restrições severas para os poços situados entre 500 m e 1.000 m da costa, que se só serão permitidos quando for comprovado que não existem alternativas razoáveis e que o potencial turístico não será afectado. A Sasol tem uma política de aquisições locais, que integra o compromisso de realizar aquisições, tanto quanto possível, ao nível das comunidades, do Distrito e da Província. Isto inclui a possibilidade de alojar algum pessoal da construção em estabelecimentos de turismo em Inhassoro. Um dos principais impactos negativos é o influxo de população para as vilas e povoados do Distrito de Inhassoro, em resultado de pessoas, à procura de trabalho e de oportunidades, serem atraídas pelas operações da Sasol, o que já demonstra ser 6 a 10 vezes maior do que o aumento médio da população. Isto causa pressão sobre as já escassas amenidades, e comporta o risco de aumento de doenças sexualmente transmissíveis e de outras doenças, e também a perturbação social. Apesar de não poder ser evitado, reduzir o influxo de população dependerá da ampla divulgação de informações, como por exemplo, sobre a política de recrutamento local, e a comunicação com as comunidades locais e seus líderes, com o governo local e do Distrito e outras partes interessadas. A comunicação e coordenação, para evitar futuros conflitos entre os empreendimentos de petróleo e gás, as actividades de turismo e de conservação, são extremamente importantes. A curto prazo, seria melhor realizar-se a coordenação no âmbito dos quadros institucionais e de planificação do governo já existentes. A Sasol deve proceder ao envolvimento regular com as autoridades governamentais fora da ZIT, de modo a garantir que os interesses do petróleo e do turismo permanecem alinhados com os futuros planos distritais e de alocações em termos de uso da terra. A Sasol deve participar activamente em todas as avaliações de impacto ambiental para empreendimentos turísticos de grande escala, na zona costeira, onde se localiza o campo de petróleo de Inhassoro. 5.9 Aproximadamente 185 ha de terras agrícolas serão perdidos, dependendo da localização final da infraestrutura. Esta é uma percentagem pequena, tendo em conta a vasta área do projecto e a disponibilidade de terra adicional. Recentemente, a Sasol actualizou a componente de compensação de seu Programa de Planeamento e Implementação do Reassentamento, de acordo com o novo regulamento, nos termos do qual é necessário um processo de envolvimento das pessoas afectadas. Impactos Socioeconómicos e sobre a Saúde Na sua maioria, os impactos socioeconómicos e sobre a saúde são positivos. O projecto proposto será, ao longo de muitos anos, o maior investimento na Província de Inhambane. Desde 2003, a Sasol implementou mais de 200 projectos de Responsabilidade Social Corporativa (RSC), com mais de 10,6 milhões de Dólares Norte Americanos gastos na Província de Inhambane. As iniciativas de RSC têm contribuído para melhorar as estatísticas de saúde no Distrito de Inhassoro. As escolas e o abastecimento de água têm feito a diferença na vida de milhares de pessoas. A AIA recomenda que Sasol desenvolva um programa de RSC, num processo transparente, através da consulta às comunidades locais, governo distrital, ONGs e outras partes interessadas, no qual serão desenvolvidos critérios para projectos e beneficiários, e as prioridades serão acordadas num processo aberto. A maioria das recomendações de mitigação da AIA, para reduzir os impactos negativos e aumentar os positivos, depende de interacção contínua com as comunidades locais, governo e outras partes interessadas. Assim, a AIA recomenda que a Sasol aumente o número de pessoal de comunicação na CPF, com vista ao envolvimento contínuo das comunidades locais e de outras partes interessadas, durante a construção e operação, para desenvolver o processo de recrutamento e programa de RSC recomendado pela AIA, e para continuar a implementar projectos de RSC. 5.10 Impactos no Património Cultural Todos os postos de trabalhos de construção para mão-de-obra não qualificada são destinados a pessoas dos 10 povoados potencialmente afectados. A AIA recomenda que a Sasol (não o empreiteiro de construção) estabeleça um processo de recrutamento local, em consulta com as autoridades Locais e Distritais, e com os líderes e pessoas influentes das 10 comunidades afectadas, para evitar competição e conflito, e garantir que apenas pessoas locais são empregadas, incluindo mulheres e pessoas mais velhas. A AIA identificou locais arqueológicos e outros locais de património cultural, tais como áreas sagradas, florestas sagradas, locais de sepulturas e cemitérios, cursos de água sagrados, locais religiosos, etc, ao longo da área do projecto. Muitos destes são definidos pelo Decreto n°27/94, Regulamento de Protecção do Património Arqueológico, como recursos arqueológicos não-renováveis. O Distrito de Inhassoro possui um elevado potencial arqueológico, devido à sua posição estratégica ao 18 Figura 13: Locais de património cultural e arqueológico que podem ser danificados ou destruídos pela construção de estradas, linhas de fluxo e poços. longo das rotas comerciais costeiras (tanto no interior como ao longo da linha de costa) e do Rio Govuro. A Fotografia 15 mostra alguns dos artefactos encontrados durante uma pesquisa recente. apresentado à autoridade local para aprovação. O Plano deve incluir um Procedimento de Descobertas Fortuitas. Três locais arqueológicos e um cemitério poderão vir a ser danificados ou destruídos pelas actividades de construção do projecto. Estes locais estão indicados na Figura 13. Os possíveis impactos foram considerados como de significância moderada, e serão necessárias medidas de mitigação que cumpram o estabelecido no Regulamento de Moçambique para a Protecção do Património Arqueológico (Decreto n° 27/94). No global, a AIA recomenda o desenvolvimento de um plano de gestão do Património Cultural, em consulta com as comunidades, que deverá ser Fotografia 15: Fragmentos de cerâmica decorada e conchas do Local AR-3 19 podem estar localizados a menos de 250 m de recursos aquáticos (rios, terras húmidas, planícies de inundação, lagos-barreira), a não ser que a Sasol possa demonstrar, em casos específicos, que não há alternativa razoável e que os riscos, no global, são muito baixos. O poço de petróleo proposto I-G6PX-1 localiza-se a menos de 250 m do riacho costeiro Nhangonzo e deve ser afastado, ao longo do alinhamento proposto da linha de fluxo, para uma distância suficiente, de modo a mitigar as improváveis, mas severas consequências de poluição, que podem resultar na degradação das terras húmidas. 6.0 RESUMO DAS PRINCIPAIS RECOMENDAÇÕES ! Todas as medidas de mitigação e monitorização incluídas nos quatro Planos de Gestão Ambiental da Sasol, já existentes, deverão ser cumpridas, em conjunto com as medidas adicionais incluídas durante a AIA. ! Cumprir com os Padrões da Indústria do Petróleo, para garantir operações seguras e minimizar os riscos de poluição. ! Qualidade do Ar: Reduzir as poeiras resultantes da construção, através do uso de camiões-cisternas para aspersão das estradas. Implementar a monitorização contínua de poeiras, em conjunto com a ligação regular com a população local. Monitorização, de emissões atmosféricas das plantas, expandida e contínua durante a operação. ! Risco de um derrame de petróleo – vazamento na conduta: Monitorização regular da travessia do Rio Govuro, em busca de sinais de vazamentos de petróleo. Amostragem semanal da água para testar a presença de petróleo. Inspecção incrementada da integridade física da conduta e manutenção do sistema de gestão de corrosão (protecção catódica) ao nível dos mais altos padrões internacionais. Comunicação incrementada sobre os riscos associados a um oleoduto, desde o nível do Governo central até ao nível da comunidade local. ! Ruído: Reduzir o ruído resultante da perfuração de poços, através do posicionamento do gerador, que alimenta a plataforma de perfuração, num recinto fechado, e instalar silenciadores no mecanismo de admissão de diesel e de escape do gerador. Onde necessário, utilizar barreiras sonoras móveis. Monitorizar cuidadosamente os locais onde residem os agregados familiares mais próximos, e estabelecer a ligação com estes. Se qualquer agregado familiar continuar a ser claramente afectado pelo ruído, proceder à deslocação temporária da família. Embora o orfanato não venha a ser afectado pelo ruído da construção e operação da Sasol, mas sim pelo ruído da central eléctrica da EDM, a Sasol e a EDM devem trabalhar em conjunto, no sentido de transferirem o orfanato para uma área mais silenciosa. ! Habitat Crítico: A Sasol deve facilitar um processo de articulação conjunta entre uma série de partes interessadas relevantes, para deliberar sobre estratégias para a conservação e protecção desta área, incluindo a possibilidade de incorporar o Habitat Crítico na Zona de Interesse Turístico, de modo a que este possa beneficiar de protecção legal. Tomar em consideração os interesses de petróleo e gás da Sasol e do GdM, os interesses da indústria do turismo e os interesses das comunidades locais. Até que estas discussões sejam realizadas, não poderá ser finalizado o posicionamento dos poços dentro do Habitat Crítico. Apoiar a comunidade de Mangarelane a reduzir a sua dependência nos recursos naturais. ! Águas superficiais e subterrâneas: Providenciar capacidade adicional para o tratamento de águas residuais durante a construção, para os trabalhadores adicionais da construção. Fornecer meios para o armazenamento temporário de resíduos adicionais. Desenvolver uma declaração de método para a eliminação das lamas de perfuração, e submete-la ao MICOA. Não deve ser feita a descarga de água de hidrotestes nos lagos ou riachos costeiros, ou a transferência da água de hidrotestes, proveniente do Rio Govuro, para outros sistemas de água, independentemente de serem usados inibidores de corrosão ou biocidas. ! Sensibilidade Ecológica: Transferir a infraestrutura do projecto, que tem um impacto na sensibilidade ecológica, conforme detalhado na AIA, por exemplo, transferir o poço T-G8PX-5 para um local que não contenha espécies ameaçadas. Realizar as actividades de construção na planície de inundação do Rio Govuro durante a época seca. ! Património cultural: desenvolver um Plano de Gestão do Património Cultural e um procedimento de Descobertas Fortuitas. ! Turismo: Nenhum poço ou linhas de fluxo podem ser localizados dentro da faixa de 500 m da costa, e o posicionamento destas infra-estruturas na zona de 500 m a 1.000 m da costa só deve ser considerado nos casos onde não há qualquer alternativa razoável, e onde pode ser demonstrado que não haverá impactos sobre o potencial turístico. O poço I-G6PX6, localizado entre 500 m e 1.00 m da costa, deve ser ! Risco de um derrame de petróleo – poços: A Sasol deve desenvolver um Plano de Contingência para Controlo de Poços, que considere todos os factores de risco que podem influenciar um derrame, incluindo o suporte de recursos nacionais e internacionais para auxiliar no controlo, limpeza e protecção de áreas vulneráveis. Os poços de petróleo não 20 transferido para a área de poço em I-6. A comunicação e coordenação no âmbito do quadro institucional e de planificação do governo são de importância crítica, para prevenir futuros conflitos entre empreendimentos de petróleo e gás, actividades turísticas e acções de conservação. 7.0 tância suficiente entre as plantas e os assentamentos populacionais mais próximos e áreas de sensibilidade ecológica. Os poços e linhas de fluxo propostos estão, em grande medida, alinhados ao longo da infra-estrutura já existente, o que minimiza a pegada do projecto e a perturbação de outros usos de terra e habitats. Embora a maioria dos locais dos poços estejam em novas localizações, todos estes estão situados dentro da área geral de actividades da Sasol ao longo dos últimos 10 anos. CONCLUSÕES A AIA conclui que os benefícios do proposto Projecto de Desenvolvimento no âmbito do Acordo de Partilha de Produção (APP) e Projecto de Produção de Gás de Petróleo Liquefeito (GPL) irão superar os custos, desde que as medidas de mitigação e de monitorização recomendadas na AIA, e conforme documentadas no PGAs revistos e acima resumidas, sejam aderidas. Os benefícios do projecto proposto são substanciais e incluem uma grande contribuição económica para o País, uma força de trabalho Moçambicana considerável, o compromisso com o emprego a nível local durante a construção, uma política firme de aquisições locais, e iniciativas de RSC substanciais, que continuarão a contribuir para a melhoria das estatísticas de saúde no Distrito de Inhassoro. O apoio contínuo da Sasol na educação e abastecimento de água irá beneficiar milhares de pessoas na Província de Inhambane. Não foram identificadas falhas que inviabilizem o projecto, nem durante a construção e nem durante a operação. Embora o empreendimento inclua a produção de petróleo, este é muito semelhante ao condensado que a Sasol tem vindo a produzir no decurso dos últimos 10 anos. A experiência de gestão de condensado fornece uma boa base para o novo projecto de produção de líquidos. Por fim, a crescente presença da Sasol na área e o desenvolvimento de uma instalação de produção de petróleo requerem um aumento considerável na qualidade das actividades de monitorização dos impactos ambientais. A AIA estabelece recomendações para o incremento substancial do nível de monitorização, incluindo a monitorização mais abrangente da qualidade do ar, do ruído, dos solos, das águas superficiais e subterrâneas, em locais definidos dentro da área de estudo. Isto irá garantir que os impactos negativos sejam cuidadosamente controlados, dentro dos limites aceitáveis, enquanto os impactos positivos serão incrementados. Todas as alternativas razoáveis ao projecto proposto foram consideradas. O 5° Trem de Processamento de Gás no âmbito do APP e a Planta de Produção de Líquidos no âmbito do APP e Planta de Produção de GPL constituem extensões da CPF e parte de um empreendimento já existente, cujos impactos são bem conhecidos, bem geridos e amplamente monitorizados. A nova planta proposta situa-se, idealmente, adjacente à CPF, evitando a duplicação desnecessária de instalações, e fornecendo uma dis- Sujeito às condições estabelecidas na AIA, a equipa de consultoria recomenda que o projecto seja autorizado. 21 Golder Associados Moçambique Limitada C.P 1507 Avenida Patrice Lumumba Nº 557 Maputo Moçambique T: [+258] (21) 301 292