os cultivadores do planalto e do litoral

Transcrição

os cultivadores do planalto e do litoral
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III Seminário Goiano de Arqueologia
24-29 de março de 1980.
Coordenador Científico: Pedro Ignácio Schmitz
Coordenador Técnico: Altair Sales Barbosa
Secretária: Maira Barberi Ribeiro
OS CULTIVADORES DO PLANALTO E DO LITORAL
Coordenador: Ondemar F. Dias
Participantes: Pedro Ignácio Schmitz
Tom O. Miller
André Prous
Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia
Universidade Católica de Goiás
Instituto Anchietano de Pesquisas
Universidade do Vale do Rio dos Sinos
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Apresentação
O III Seminário Goiano de Arqueologia, promovido pelo Programa
Arqueológico de Goiás, uma colaboração entre a Universidade Católica de Goiás,
o Instituto Anchietano de Pesquisas e a Universidade do Vale do Rio dos Sinos,
teve a felicidade de reunir um considerável numero de arqueólogos brasileiros
com o objetivo de somar as informações individuais numa síntese possível e
necessária.
O acúmulo de informações em extensos projetos por quase todo o
território nacional e a impossibilidade, por escassez de tempo, de publicar sequer
relatórios prévios sobre os mesmos, não podem ser tomados como justificativa
para uma delonga na divulgação desses dados e suas respectivas interpretações,
indispensáveis para a construção de uma correta pré-história brasileira e
americana.
Por essa razão optamos por um seminário oral, que permitiria o máximo
de flexibilidade na escolha e abordagem dos temas considerados relevantes para
a síntese pretendida e a explicação dos fenômenos. Os grandes temas haviam sido
estabelecidos antecipadamente, mas a escolha dos problemas concretos a serem
apresentados e debatidos foi feita na hora. Esta mecânica deu ao seminário uma
característica extremamente fluida e um tom coloquial inapagáve1.
Para garantir o registro dessa informação para os profissionais
presentes, os ausentes e os futuros, todas as mesas redondas foram gravadas por
Altair Sales Barbosa. A transcrição foi feita pela geóloga Maira Barberi Ribeiro.
O texto produzido foi estruturado por Pedro Ignácio Schmitz, que também
acrescentou a bibliografia e os mapas. Finalmente a versão foi revisada pelos
autores. Tudo isso foi feito sem transformar os depoimentos originais,
permanecendo o texto um relato oral, onde só foram omitidas as demonstrações
no quadro-negro e os comentários feitos por ocasião da projeção de diapositivos.
A impressão final esteve a cargo de Altair Sales Barbosa.
Os pesquisadores presentes tinham muitas outras preocupações, que
apareceram nos intervalos, ou dentro da própria discussão, especialmente
questões metodológicas, teóricas. Mas como se tinha pedido incialmente que se
restringissem a tentar uma soma e interpretação dos dados produzidos, sem
questionar excessivamente o modo como haviam sido conseguidos, esses
problemas foram evitados em benefício de uma primeira síntese, onde cada um
procurou falar a sua linguagem, buscando os demais entender a informaçao
veiculada e incorporá-la na síntese pretendida.
Dentro desse espírito dever ser lido o texto, feito com um objetivo
restrito, mas bem claro e improvisado na hora da reunião, sem haver nenhum
documento escrito, nem maiores retoques posteriores. As informações, mesmo de
dados absolutamente não confirmados e de ideias não testadas, surgiram com uma
enorme variedade e riqueza, que seria impossível se fossem comunicados apenas
os elementos comprovados ou ideias já amadurecidas. Qualquer um que ler o
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texto vai-se dar conta de que ele e um repertório imenso de novas informações e
de novas ideias. Neste sentido foi um verdadeiro seminário, um lugar onde se
semearam e desenvolveram ideias, não um congresso, onde se colhem ou
apresentam frutos maduros. Neste sentido o texto deve ser lido, sem exigir dele o
que ele não pretende dar.
Os próprios arqueólogos presentes ficaram surpresos com a quantidade
e qualidade de informações produzidas para grandes áreas do território nacional
e a diversídade de abordagens resultantes de treinamentos oferecidos por
pesquisadores estrangeiros ou amadurecidas localmente.
As mesas redondas versaram sobre os seguintes temas: Páleo-índio,
arcaico do interior e do litoral, arte rupestre, culturas ceramistas (menos
Amazônia), que estão reproduzidas nestes cadernos.
Para complementar as mesas redondas foram realizadas palestras sobre
os seguintes temas:
1. Programa Arqueológico de Goiás - Altair S. Barbosa,
2. Pesquisas Arqueológicas no Piauí - Niide Guidon,
3. Pesquisas Arqueológicas no Acre - Ondemar F.Dias Jr.,
4. Pesquisas Arqueológicas recentes na Amazônia - MarioF. Simões,
5. Projeto Rio Claro, São Paulo - Maria da Conceição M.C. Beltrão.
O seminário teve lugar no salão de atos da Universidade Católica de
Goiás de 24 a 29 de março de 1980.
A coordenação esteve a cargo de Pedro Ignácio Sctmitz (a parte
cientifica), Altair Sales Barbosa (a parte administrativa) e Maira Barberi Ribeiro
(a secretaria).
A publicação do núcleo central dos trabalhos, representado nas mesas
redondas, pode se transformar numa primeira base de reflexão da qual deverá
nascer uma síntese muito mais madura a ser produzida com a colaboração de
todos os arqueólogos brasileiros e dos estrangeiros que desenvolvem projetos no
Brasil. Esta síntese não constituirã apenas uma colaboração para o
desenvolvimento de uma Cultura Brasileira, mas também uma referencia
indispensável para o desenvolvimento de uma correta pré-história americana.
Pedro Ignácio Schmitz
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Os Cultivadores do Plantio e do Litoral
I – Introdução
Pedro Ignácio Schmitz:
Temos agora a mesa redonda sobre os grupos ceramistas, que e muito
importante em termos brasileiros, razão pela qual solicito as pessoas que tem
problemas com cerâmica para que cheguem mais perto para definirmos o que
vamos fazer.
Sei, com certeza, que Ondemar, Prous, Irmhild Wüst e eu temos
problemas com um conjunto cerâmico do planalto brasileiro Tom Miller deseja
apresentar algo sobre produçao de cerâmica.
Em principio teríamos tido um dia para esta mesa, mas, por causa da
reunião de fundação da Sociedade de Arquelogia Brasileira, ficamos reduzidos a
4 horas.
Ondemar F. Dias:
Creio que o meu problema principal e o dessas tradições ceramistas do
planalto, que também se podem extender ao litoral: a relação entre a tradição Una,
a tradição Sapucaí, a tradição Aratu e a fase Mossâmedes sobretudo este
horizonte, que abrange o Sudeste e parte do interior. Este e o foco principal,
embora tenha interesse também nas discussões sobre a tradição Tupiguarani.
Pedro Ignácio Schmitz:
O meu problema e o mesmo: quero conversar com Ondemar para ver
se cláreamos Mossâmedes, Sapucaí, Una, etc; vejo aí um problema da área do
Centro e Nordeste, agora ligado as perguntas sobre a formação das sociedades
plantadoras. No Arcaico do Interior falamos de evolução de agricultura e talvez
hoje possamos clárear algumas ideias em termos de sistemas de suporte
econômico, ligados a tradições ceramistas, onde aparece aquela ideia de que os
grupos Gê poderiam ter inventado um sistema próprio de agricultura ou cultivo.
Quero explicar rapidamente, dentro desse contexto, um achado novo que os
arqueologos devem conhecer, ligado à evolução da tradição Tupiguarani.
André Prous:
Eu vou muito mais aproveitar dos colegas do que trazer, primeiro
porque os meus interesses sempre foram voltados mais para o pré-cerâmico. Mas
encontrando me num estado, onde tenho que fazer tudo, tenho o dever de olhar
também a cerâmica. Um dos meus objetivos e conseguir de Ondemar Dias
esclarecimento sobre o que são de terminadas tradições como Aratu, Sapucaí, etc,
que vemos na publicação. Devem ser tradições diferentes, mas nem sempre
conseguimos identificar nosso material com essa ou aquela. Uma única coisa
talvez poderia mencionar como original, porque acho que a minha cerâmica de
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Minas Gerais vai coincidir com as de Ondemar, que ja estão mais definidas que
as da região vizinha da Bahia. Perto de Montalvânia o Instituto de Arqueologia
Brasileira achou cerâmica Tupiguarani, sendo a única descrita. Nos achamos uma
serie de sítios nitidamente não-Tupiguarani e com uma pasta e uma preparação
totalmente diferente; não sei a que poderia corresponder no Brasil. Infelizmente
essa cerâmica foi estudada em 1976, mas não foi publicada porque ainda estou
para publicar os sítios. Não trouxe a documentação, nem poderia descreve-la. Não
tenho formas, porque eram cacos bastante fragmentados. Tem uma pasta muito
clara. 0 que chamou mais minha aténção e um tipo de antiplástico de hematita
extremamente abundante. Provavelmente será uma nova tradição.
Tom O. Miller:
Inicialmente, so para criar um outro tipo de perspectiva, vou apresentar
um material que mostra as etapas de fabricação de cerâmica coletada entre os
índios Xokleng. Afora isso, parece que a nossa publicação sobre tecnologia
cerâmica dos índios Kaingang paulistas não tem circulado muito largamente.
Percebo que as únicas pessoas que receberam copias foram aquelas às quais pessoalmente mandei o Vou ser extremamente breve, salientando quais foram as
conclusões em termos de comparações em larga escala dentro da área do sul e
finalizar com mais um “procura-se”: estamos com uma cerâmica de tipo
especificamente desconhecido, embora genericamente caiba dentro da catégoria
de cerâmica parda alisada. Estou precisando saber urgentemente se existem, em
algum lugar, informações etnográficas ou históricas ou, melhor ainda, coleções
de cerâmica pataxó ou cariri.
2- As Tradições Cerâmicas do Centro e Nordeste do Brasil: Aratu, Sapucai,
Uma. Sistemas Agrícolas Correspondentes. (ver mapa I)
a) Una, Sapucaí, Aratu no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, Goiás e áreas
vizinhas.
Ondemar F. Dias:
Para a ocupação cerâmica de nossa região de trabalho, e Região
Sudeste, incluindo Espirito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais,
podemos dispor de milhares de elementos para elaborar qualquer sequencia lógica
de raciocínio e conclusões. Devo colocar preliminarmente que as informações do
Estado de São Paulo, no que diz respeito à cerâmica, até este momento, ainda são
muito fragmentárias: temos alguns trabalhos de Sílvia Maranca, de Luciana
Pallestrini e sobretudo de Igor Chmyz no sul do Estado. Mas para o resto da região
Sudeste existem muitas informações de pesquisadores conhecidos, de forma que
há um embasamento suficientemente tradicional que nos oferece numerosos
dados.
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Tradição Una:
A nosso ver há, em nossa área, uma ocupação cerâmica muito antiga,
que foi possível detectar em certos locais e que constitui o primeiro problema que
podemos discutir. As cerâmicas mais antigas, que temos até o momento, são
aquelas que estão sobre sítios já ocupados. Não tenho nenhuma cerâmica muito
antiga que tenha sido o primeiro horizonte ocupacional de um sítio. Tanto em
abrigos, quanto em campo aberto, sobre os sítios da fase “A” da tradição Itaipu,
de que falei hoje de manhaã, temos cerâmica nos níveis superficiais sendo das
mais antigas do Estado do Rio, Outro detalhe que destaco e que, na maioria das
vezes, em nossa região, não se ve uma dicotomia flagrante entre a ocupação
cerâmica e a pre-cerâmica: a impressão que se tem e de que a cerâmica não
representou um fator revolucionário. Aparentemente, fugindo um pouco daquelas
perspectivas europeias, a cerâmica não e um fator que altere profundamente os
padrões.Tenho exemplos de cerâmica Una sobre sítios do tipo “Corondo”(aqueles
que estão entre sambaquis e pescadores), em que os artefatos de concha ou osso
continuam os mesmos, embora mudem um pouco as proporções da ocorrência;
uma ponta ossea raríssimas vezes apresenta um feitio novo quando esta associada
a cerâmica. Nas grutas mineiras os artefatos líticos permanecem mais ou menos
semelhantes nos períodos que conhecemos como pré-cerâmicos e como
cerâmicos. No antigo Estado da Guanabara, em Guaratiba, temos inclusive
cerâmica Tupiguarani sobre sítios de pescadores e coletores do litoral, fenomeno
que foi identificado por uma coleta nossa como sítios de coleta Tupiguarani,
quando na verdade os Tupiguarani exerceram essas atividades sobre antigos sítios
ocupados pela chamada tradição Itaipu, permanecendo aquelas lascas
assimétricas típicas de quartzo dentro do horizonte de ocupação Tupiguarani; não
há uma alteração significativa. Não quero dizer com isso que a cerâmica e uma
invenção local, e que o estado do Rio seja o “umbigo do mundo”; sou inclusive
defensor da hipótese de que a cerâmica chegou nessa região, migrada do interior.
Essa cerâmica mais antiga, genericamente chamada tradição Una,
constitui algumas fases, todas com similaridades morfologicas e tecnológicas.
Até o momento e a mais antiga da nossa região, tanto nos sítios cobertos quanto
nos sítios abertos. O vasilhame e predominantemente pequeno, tecnologicamente
bem feito, as paredes são finas, compactas, a textura muito boa, a coloraçao
predominantemente castanho-escuro, negro ou chocolaté e nas sequencias finais,
nos horizontes mais superficiais, mostra decoração Tupiguarani em algumas
áreas das bordas, nunca cobrindo a peça totalmente. Isso só ocorre na fase Mucuri,
que e uma fase da tradição Una, talvez relacionada àquelas tribos que ocuparam
o interior fluminense. Pintura vermelha ocorre muito raramente, embora esta seja
mais comum na tradição Sapucaí.
Na tradição Una, na fase Piumhi, em Hinas Gerais, temos pintura
vermelha sobre polido, o que da um belo efeito.
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Pedro Ignácio Schmitz:
Acrescento os dados de Goias: neste Estado, os sítios da tradição Una,
fase Jataí, não mostram continuidade com a fase pré-cerâmica anterior
(Serranopolis) e há um corte total do lítico e do alimento. A fase Jataí aparece
entre AD 950 e 1000. Tem-se a impressão de que os grupos que trazem essa fase
vem migrando ou colonizando e que, depois de um intervalo grande, reocupam
os abrigos, onde muito antes esteve a fase Serranopolis. Não existe a continuidade
com as fases pré-cerâmicas que Ondemar esta ressaltando, o que é um dado muito
importante.
Outra observação que tenho que fazer é que todos os sítios se
encontram em abrigos e até agora não se localizou nenhum em campo aberto.
Ondemar F. Dias:
A nossa descontinuidade se faz mais entre o horizonte mais antigo e
aquele mediano. Aí se sente mais a descontinuidade do que nos níveis superiores.
É preciso ressaltar entretanto, que onde temos datações, esse hiato aparece
também nos níveis superiores, mas sem uma descontinuidade no material
cultural.
André Prous:
Na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais , temos pouquíssima dessa
cerâmica Una e tivemos possibilidade de comparar o material lítico. Queria
simplesmente lembrar que talvez, no seu caso, essa impressão de conti nuidade
do pré-cerâmico para o cerâmico venha da simplicidade do material lascado. As
pessoas, que aproveitam quartzo de mã qualidade, simplesmente o quebram úm
pouco sem a tendencia a formar padrões de lascamento definido; não sei se isso
poderia ser uma explicação.
Ondemar F. Dias:
Pode, quando se trata do lítico. Mas na tradição Una e na tradição Itaipu
voce tem a continuação inclusive de artefatos ósseos e conchiferos: pode ser
realmente mistura de material pelos próprios ocupantes 1 recentes dos sítios.
Detalhe interessante é que na fase Una litoranea, e raro o tempero de conchas.
Pedro Ignácio Schmitz:
Vou levantar um problema sem querer discuti-lo: e o problema da
continuidade de sítios , onde no final, temos cerâmica sem ter mudado o contexto
anterior. Quero recolocar isso mais tarde com relaçao aqueles problemas de
crescimento agrícola: eventualmente um grupo coletor poderia ter começado a
plantar e, num determinado momento ele assume uma cerâmica que vem filtrando
através do espado e então se encaixa no seu con texto artesanal. A cerâmica
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geralmente indica agricultura, mas falta de cerâmica não indica falta de agricultura e um grupo coletor com cultivos pode não ter cerâmica.
Ondemar F. Dias:
Também tenho alguns dados sobre essa questão da agricultura, da qual
posteriormente trataremos.
Então me parece que não há muita duvida quanto a es se horizonte
ceramista de ocupação mais antigo em nossa área, constituido por esses grupos
que gostavam muito de abrigos e que tinham por pratica enterrar neles os seus
mortos. Estou publicando com o Prof. Schmitz (Pesquisas, Antropologia no 31)
um trabalho sobre essa questão de a daptação. É bem verdade que não podemos
nos enganar com essa aparente uniformidade. A tradição Una apresenta as suas
realizações locais, os seus conjuntos de sítios, as suas fases, que mostram
variações de uma área para outra e essas variações não são apenas na ocorrência
do percen tual de decoração, mas muitas vezes mudanças na pasta, embora não
mudem nem a cor, nem a forma, nem certos padrões adaptativoso
Tradição Sapucaí/Aratu
Aí entramos num outro problema, que reputo mais importante: e o
daquele grupo algo mais recente que a fase Una e que foi denominado Sapucaí e
que não encontramos no Estado do Rio de Janeiro.
O Estado do Rio de Janeiro, antes da chegada do Tupiguarani tem
somente tradição Una e essa ocupação pré- Tupiguarani, exclusivamente Una, se
estende no Espírito Santo, até o Rio Doce, até onde Celso Perota só descobriu
sítios da tradição Una, se não me engano, fase Tingui. Mas eis que em Minas
Gerais tenho a tradição Una, expressa por exemplo, pela fase Piumhi, que e muito
rica depois aparecendo essa nova fase, a Sapucaí. Vocês estão sabendo que eu
não tinha ideia nenhuma desse material antes de penetrar em Minas Gerais, onde
então começamos a encontra-la nos vales dos rios Grande, Sapucaí, Verde, da
bacia do Paraná. São imensos sítios, alguns com 500m de extensão, localizados
na meia encosta de colinas suavemente onduladas. Por estarem próximas dos rios,
que foram represados, hoje muitos deles são atingidos pelas águas; quando a
represa baixa, pode-se ver aquelas praias argilosas totalmente cobertas de cacos
de cerâmica. Esse material se constitui de peças pequenas, mas também existem
vasilhames imensos e a maioria dos cacos são espessos. Se na tradição Una temos
uma grande variação de padrões de sepultamentos, abrangendo enterramentos
primarios com urucum em paredões ou sepultamentos secundários em urnas, na
tradição Sapucaí não ocorre essa mesma variação: os enterramentos nunca são
primários, mas sempre secundários em grandes urnas. Como a acidez do solo e
muito grande, so restam no fundo das urnas “meia duzia de ossinhos”. A urna e
socada com cacos e muitas vezes, tem uma pedra selando a boca. Dentro delas
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pode haver, junto com os restos de ossos, um ou dois machados; em volta pode
haver uma ou duas pequenas vasilhas de acompanhamento.
A cerâmica e praticamente sem decoração. Temos na região de Ibiraci
uma cerâmica toda temperada com arenito cozido. O arenito foi quebrado,
mantendo as arestas muito vivas e ficou uma cerâmica extremamente grosseira,
como lixa, sem nenhum alisamento. Há uns 5 ou 6 sítios com essa cerâmica na
região do rio Sapucaí, constituindo a fase Ibiraci. O tempero pode ser de hematita
rolada ou areia: é a imensa fase Sapucaí, píedominante em toda a mesopotamia
da represa de Furnas. Mais para o centro, na região de Sete Lagoas, uma cerâmica
temperada com hematita (fase Paraopeba). Agora encontramos em Sete Lagoas,
na região de Papagaios, um sítio de campo aberto, on de esta cerâmica se encontra
sobre uma cerâmica mais an tiga, possivelmente Mucuri ou Piumhi. Em julho
uma equipe nossa pretende fazer um corte alongado para verificar se há realmente
essa superposição ou se foi mero acaso determinado por um corte, estratigráfico.
Se for, pela primeira vez teremos a prova de superposição de duas tradições
cerâmicas em Minas Gerais. Essa cerâmica imensa termina em nossa área, na
região de Sete Lagoas.
A tradição Sapucaí engloba as seguintes fases: Ibiraci, Sapucaí,
Paraopeba. Ia esquecendo uma fase muito pequena relacionada a uma habitação
semi-subterranea, que e a Jaraguá, que André acaba de publicar (Arquivos do
Museu de História Natural, UFMG, Belo Horizonte, vol. III, 1979). A fase Itaci
foi juntada com a Sapucaí, da qual se distinguia por pequenas diferenças
percentuais.
Se tenho muitas datações? A unica que temos é a do sítio Raposo,
datado do século XI de nossa era.
Um parêntesis importante: eu tinha conseguido, durante a pesquisa do
PRONAPA, essas ocorrências regionais que não se interdigitam e que foram
reconhecidas como 3 fases. Não sabia exatamente a que relaciona-las. Levei,
então, os dados para a reunião final do PRONAPA, em Wa - shington» Para mim,
tanto importava que o nome a ser dado a essas fosse Sapucaí, Aratu ou qualquer
outro. Valentín Calderon, a esta altura, já tinha identificado a cerâmica do norte
paulista (descrita por Jose Antero Pereira Jr.) como tradição Aratu. Com isso ele
tinha passado por cima de todas as minhas fases mineiras e tinha pegado o
extremo norte paulista para a tradição Aratu. O expansionismo dele podia chegar
até o rio Doce, porque a tradição Aratu e reconhecida dentro do Espírito Santo
até aquele rio, onde as datações são muito recentes; (não tenho aqui as datações
para essa região, mas devem estar ao redor de 200 ou 300 anos de antiguidade).
Trata-se de uma expansão muito recente do sul da Bahia até o Espírito Santo,
embora haja datações antigas mais para o norte, Então no Espírito Santo o rio
Doce funciona como limite entre Aratu e Uma. Com isso eu tinha as minhas fases
isoladas na região do chamado planalto sul-mineiro até a região de Ibiraci,
Claraval no extremo sul e até a região de Bambui mais para o centro, donde não
passei, porque não entro na bacia do Paranaíba, achando o São Francisco
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suficiente para muitos anos de pesquisa. Continuando minha historia... Em
Washington resolvemos tabular os dados do que conhecíamos das fases da Aratu;
colocamos todas as fases em quatro gráficos, um quanto à localização generica
dessas fases, outro quanto a determinados traços culturais considerados
diagnósticos, outro quanto as decorações e outro quanto às formas que
consideramos mais importantes. Pudemos observar então, que a distribuição
desses elementos entre a tradição Una e a tradição Aratu era mais semelhantes do
que entre a Aratu e esse conjunto sul-mineiro; em outras palavras, a tradição Una
tem mais semelhanças com a Aratu do que com esse con junto aqui. Sobretudo o
gráfico de formas mostrou distribuições diferentes. O gráfico de traços culturais
mostrou distribuições diferentes. O gráfico de decoração é completamente
diferente. Então criou-se uma tradição Sapucaí, dando o nome da fase mais
antiga, cujas características em muitos casos são decorações muito mais restritas,
como o vermelho polido-estriado; além disso as formas são muito menos variadas
do que as formas da Aratu, a decoração e menor do que a decoração da Aratu e
certos elementos de uma não ocorrem na outra.
André Prous:
Você falou que naquela tradição Sapucaí ocorre o banho vermelho;
queria saber se esse banho vermelho não e reservado a potes muito finos.
Ondemar F. Dias:
Não. Geralmente Você o encontra em vasilhames imensos. Existe a
história de um rapaz, cujo cavalo afundou dentro de um buraco d'água, que
realmente era uma urna; a urna, que parece um imenso disco voador vermelho,
foi levada para a estação rodoviária de Belo Horizonte. Também num convento
de freiras em Carmo do Rio Claro, há uma urna com quase 150 cm de altura e
mais de 120cm de circunferência, banhada de vermelho. São urnas piriformes
gráfico grandes que você não sabe o que eles pode riam fazer com elas. A
cerâmica da tradição Una desaparece perto dela.
A criação da tradição Sapucaí, juntando essas fases, não correspondia
a um interesse meu em ter uma nova tradição, mas em formular exatamente as
relações desse material com o quadro conhecido. Interessante é que a fase
Cachoeira, que Igor Chmyz tinha pesquisado em Goiás entrou realmente na
tradição Aratu. O problema fica mais agudo quando fazemos as comparações com
o que se está encontrando em Goiás, que se está atribuido á tradição Aratu. Agora
Andre me está dando noticias do aparecimento de material parecido mais para o
norte de Minas Gerais: poderá ser Aratu ou Sapucaí. Se a tradição Sapucaí
realmente não tiver relações com a ocupação de Goiás, vou ficar com uma coisa
sui generis; uma ilha de tradição cera mista mineira, fazendo supor que as
fronteiras atuais entre Minas Gerais, Goiás e o estado do Rio tem razões históricas
muito mais profundas do que podíamos imaginar. Parece que essa tradição não
ultrapassou o que viria a ser o estado de Minas Gerais. Acho então, um assunto
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muito importante definir o que vocês têm em Goiás: se realmente Aratu ou
Sapucaí.
André Prous:
Fiz a pergunta a respeito do banho vermelho porque temos na região do rio das
Velhas e um pouco além, uma cerâmica que pensava coincidiria bastante com a
Sapucaí, mas junto com os cacos de panelas muito grossas e com urnas enormes
temos também uma porcentagem bastante grande de cacos extremamente finos,
mais bem queimados: são eles que têm o banho vermelho.
Ondemar F. Dias:
Isso também ocorre na tradição Sapucaí; mas o banho vermelho não é so dos
vasilhames pequenos. Voce encontra dos grandes aos pequenos.
André Prous:
Tenho a impressão de que a unica diferença que tenho na minha zona com relação
à sua é essa especialização, de uma cerâmica muito fina, de alguns milímetros de
espessura, extremamente polida e bem queimada e sistematicamente com banho
vermelho.
Ondemar F, Dias:
Uma coisa interessante: não encontrei nunca a tradição Sapucaí associada a sítio
coberto. Tenho a tradição Una em sítios cobertos e em sítios abertos, vendo-se
que a tradição Una habitou tanto campo aberto quanto caverna, ao passo que a
tradição Sapucaí, embora encontremos sítios perto de cavernas nunca entra na
mesma. Eles deveriam ter um certo respeito por cavernas.
André, ocorrem artefatos líticos lascados associados a seu material?
André Prous:
Pouquíssimos.
Ondemar F. Dias:
Nessa área existe o machado semi-lunar. Nunca o encontrei nos sítios que escavo,
mas quando viro as costas, os colecionadores vão lá e acham.
Tom O. Miller:
No Museu Câmara Cascudo há coisas com as quais não tenho mexido, mas que
Nassaro Nasser coletou. São cacos grandes e extremamente grossos. Tem alguma
semelhança com a tradição Sapucaí?
Ondemar F. Dias:
Não me lembro se Nasser levou esses da dos a Washington. Parece-me
que ele os tinha associado à Aratu, porque a Sapucaí nunca foi mencionada a não
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ser em Minas Gerais. O primeiro que a mencionou fora de Minas Gerais foi o
Padre Schmitz, com a equipe do Instituto de Pré-História. Nasser associava essa
cerâmica com a Aratu, como também uma cerâmica do Ceara. A Aratu parece
uma tradição imensa. Acho que há muita semelhança entre as duas (Aratu e
Sapucaí) e que elas podiam ser duas sub-tradições. Minha opinião em
Washington, foi essa. Na ocasião os companheiros argumentaram que a criação
das duas tradições não seria nada definitivo e que nos poderiamos juntá-las
quando tivéssemos dados. Proponho que reconheçamos possivelmente uma
tradição antiga donde essas duas se derivaram.
Tom O. Miller:
Nasser tinha dados sobre a Sapucaí?
Ondemar F. Dias:
Não. Porque a tradição Sapucaí foi estabelecida no ultimo ano do
PR0NAPA(1970).
Tom O. Miller:
Então seria interessante ver esse material para determinar a tradição.
Ondemar F. Dias:
Na tradição Una não ocorrem cachimbos tubulares; na Sapucaí há
bastantes.
André Prous:
Nos temos muitos cachimbos angulares em sítios que provavelmente
sejam da Sapucaí, inclusive cachimbos que se repetem até períodos
provavelmente histéricos; particularmente em quilombos, mudando só a temática
da decoração. Tubulares conheço um, em coleção; nos nunca encontramos.
Ondemar F. Dias:
Angular sé conheço um do sul de Minas, que e simplesmente um
tubular torto.
Marcos Albuquerque:
Gostaria de saber se vocês tem alguma correlação entre a variedade de
sepultamentos da Una com, por exemplo, tamanho de sítio, densidade
demográfica, talvez organizaçao social...
Ondemar F. Dias:
Há uma tentativa, que está sendo publicada pelo professor Schmitz
(Pesquisas, Antropologia no 31), numa das fases, onde essa variação foi mais
notada.
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Pedro Ignácio Schmitz:
Vou informar rapidamente sobre o Estado de Goiás. Peço a Irmhild
Wüst que complemente al guma coisa que eu possa esquecer. Quando Ondemar
falou que tinha dificuldades em separar a tradição Aratu e a Sapucaí, imaginem
como fico eu que tenho ainda outros problemas. Dentro do Estado de Goiás temos
uma tradição agricultora, de ceramistas, com imensas aldeias, como essas que
Ondemar mencionou para a tradição Sapucaí. A disposição das casas no terreno
e mais ou menos circular ou elíptica, o tamanho da aldeia 5 bem grande e as
formas dos vasilhames que nelas se encontram são as formas comuns a Aratu e
Sapucaí. Por isso tivemos muita dificuldade para separar o material. Chamou
minha atenção, no resumo feito ao final do PRONAPA, na Smithsonian
Institution (1972), que Ondemar coloca para a tradição Sapucaí, caco moído
como antiplastico e banho laranja avermelhado como acabamento de superfície.
Ondemar F. Dias:
Isso varia de acordo com a área. A própria composição do terreno
muitas vezes impregna de tal maneira o caco que se fica em duvida se e banho ou
mera aderencia de sedimentos. Ao quebrar o caco e examina- lo com a lupa ãs
vezes se ve que e mera sujeira, a vezes um banho bem nítido.
Pedro Ignácio Schmitz:
Diante dessa evidencia atribuí os dois únicos sítios da fase Itaberaí, que
tem antiplástico de caco moído, banhe laranja e tamanho diferente das casas à
tradição Sapucaí, tomando em consideração também a proximidade com Minas
Gerais; um dos sítios está quase na fronteira com Minas Gerais, o outro um pouco
mais para o interior, no divisor de águas entre a bacia do Paranaiba e a do
Tocantins. Os dois sítios apresentam características suficientemente diferentes
dos sítios da fase Mossamedes, que se assemelham ao que Calderon descreve para
a tradição Aratu da Bahia, para pensar que poderiam ser da tradição Sapucaí de
Minas Gerais. Dessa maneira a tribui os numerosos sítios da fase Mossamedes à
tradição Aratu. O único sítio da fase Cachoeira, criada por Igor Chmyz e afiliada
à tradição Aratu, pode ser absorvido sem problema pela fase Mossamedes, de
publicação anterior.
Com isso chegamos ao ponto: Ondemar falou por mim quando disse
que poderíamos criar um horizonte ou uma tradição nessa área, englobando
Sapucaí mais Aratu.
Vejo isso ainda em outros termos. Quando, anteontem, falamos a
respeito da criação de tradições agrícolas Ge, foi levantada a possibilidade de os
Ge terem criado e desenvolvido um sistema de agricultura. Ele desemboca, em
toda essa área, num tipo de aldeamentos imensos os maiores que conheço, com
determinadas formas de cerâmica, com determinados tipos de antiplásticos e com
determinados outros atributos, o que caracterizaria não apenas uma tradição
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ceramista, mas talvez uma tradição cultural agrigultora. Em vista disso penso que
as tradições Aratu e Sapucaí poderiam ser unificadas, sem prejuízo da clareza e
com aumento da compreensão. Ela preenche um espaço contínuo, cujo limite
espacial esta começando a se delinear com bastante clareza no sul e no oeste. No
centro de Goiás a fronteira com os grupos horticultores amazônicos se encontra
sobre o rio Uru-Almas, formador do Tocantins, ao passo que para o sudoeste de
Goiás aparentemente o limite recua até o Araguaia e talves o atravesse, chegando
ao Mato Grosso.
Ondemar F. Dias:
Reforçando o que o Senhor disse, nessa' reunião de Washington, na
base da brincadeira, nos a es tãvamos denominando tradição Aratuna, porque não
se pensava realmente que Sapucaí fosse uma tradição em sentido pleno.
b) A tradição agrícola dos grupos Ge do Planalto: os grupos Aratu/Sapucaí,
Una, Itarare/Casa de Pedra, Taquara. Origem e formação.
Pedro Ignácio Schmitz:
Penso que há realmente um horizonte agrícola muito marcado por essas
grandes aldeias e por essas grandes cerâmicas e que as pequenas diferenças
tecnológica na cerâmica são acidentais. Elas poderiam e ventualmente dar origem
aquilo que os franceses e os argentinos chamam “fácies”, quer dizer, aspectos
locais de determinadas tradições culturais. A situação atual parece ser a seguinte:
a tradição Sapucaí esta restrita a Minas Gerais e dois sítios no leste de Goiás; a
tradição Aratu ocupa ao menos a Bahia, parte do Espírito Santo, Piauí, o centro
de Goiás e o norte de São Paulo.
Ondemar F. Dias:
O norte de São Paulo foi feito por correspondência, não por manuseio
de material.
Pedro Ignácio Schmitz:
Mas esta dentro da grande tradição agrícola, que se estende por toda a
área do cerrado e caatinga ao menos desde a Bahia.
Ondemar F. Dias:
Neste sentido podem ser usados também os dados encontrados sobre o
rio Paraíba, no lado paulista, por Silvia Maranca.
Nos trabalhos feitos na região do Triângulo Mineiro pelo Padre Vicente
Cezar os dados são muito insuficientes para explicar as ligações eventuais da
Sapucai com Goiás e São Paulo.
14
Pedro Ignácio Schmitz:
No Estado de Goiás, na fronteira entre a tradição Aratu e a Uru, o
antiplástico mineral da primeira e substituido progressivamente pelo cariape, que
parecia mais amazônico, sem modificações marcadas nas formas e aparentemente
no resto da cultura. Nem por isso queremos separar esses sítios em nova tradição,
nem mesmo em nova fase: essa modificação e característica da fase Mossamedes,
que tem 100% de antiplástico mineral na base da seriação e praticamente 100%
de antiplastico cariape no topo da mesma. Quando falo em fronteira entre
Centro/Nordeste e Amazônia não pretendo fazer uma genera lizaçaopara um todo,
mas destacar um fato particular. O Araguaia poderia servir como um corredor de
penetração, mantendo em ambos os lados, nas terras altas, culturas agrícolas nãoamazônicas.
Percebe-se que o grupo agricultor desse horizonte amplo pode
apresentar diferenças de antiplástico, usando caco moldo, cariape ou antiplástico
mineral, que pode ser quartzo, feldspato, arenito, eventualmente até grafite. Essas
variações não afetam basicamente nem o tipo de implantação dos sítios, nem o
tipo de cerâmica, nem a tecnologia básica.
Aprofundando um pouco o nosso estudo e deixando de lado uma
analise mecânica dos vasilhames cerâmicos, para incorporar outros elementos
recém descobertos, como a noção de que o grupo do cerrado e da caatinga poderia
ter criado um sistema agrícola como suporte para a sua vida, que se refletiria
nessas grandes aldeias com cerâmicas muito parecidas, teríamos razões
suficientes para buscar um nome comum para toda essa tradição.
Ondemar F. Dias:
Na região de Unaí, a fase do mesmo nome tem antiplástico de cariape.
É a mais antiga que tenho, começando ao redor de 3.500 AP. Ainda está em
estudo.
Pedro Ignácio Schmitz:
Quer dizer que está chegando até ali uma influência geralmente
considerada amazônica, uma vez que o cariapé é conhecido como antiplástico de
cerâmicas amazônicas.
Posso ajudar a complicar a sua tese. Em 1978 fizemos uma pesquisa
muito pequena no médio Tocantins, em Monte do Carmo, onde temos três sítios
superficiais e dois pequenos abrigos. O abrigo maior é com certeza de
enterramento, havendo grande quantidade de sepultamentos. Quando observamos
o estado de conservação dos ossos, notamos que em cima, havia ossos totalmente
conservados como se fossem de um camponês assassinado, ao passo que na parte
de baixo os ossos estavam completamente decompostos. Diante disso calculamos
que o começo da ocupação deveria ter-se dado ao redor de 4.000 AP. Fizemos 5
cortes de 4 m2 cada um em disposições diferentes, para ver o que aconteceria no
abrigo. Praticamente todos os níveis tem cerâmica, desde a superfície até
15
aproximadamente um metro de profundidade onde se encontra a rocha da base.
A cerâmica existe em grande quantidade na parte superior e diminui em
profundidade. As formas são predominantemente globulares, semi-globulares,
pequenas; o tempero mais abundante é mineral, havendo uns 10% que é tem
perado com grafite, mas junto com esta, costuma aparecer cerâmica temperada
com cariapé em todos os níveis em todos os 5 cortes. Faz 15 dias que recebi as
datações: a data perto da superfície da AD 950; o terceiro nível da 450 a.C.; a
seguinte data está no nível II e da 1.850 a.C. (3.800 AP); a ultima data que esta
ainda um pouco mais para baixo da uma data com algumas dezenas de anos mais.
A pequena diferença entre as duas datas se deve provávelmente ao fato de que a
ultima se encontra numa sepultura ou sua proximidade. Com estas datas estamos
diante de um novo problema, muito bonito, que Ondemar levantou. Pessoalmente
tinha muita duvida a respeito dessas datas e des se material.
Ondemar F.Dias:
Era o nosso caso também.
Pedro Ignácio Schmitz:
A estratigrafia esta boa; não há duvida porque a cerâmica, embora não
seja muito abundante, aparece em todos os 5 cortes até em baixo. Aparecem 2
cacos ou 3 cacos em cada nível, com exceção dos níveis mais superficiais, mas
aparece em 5 cortes espalhados. As camadas são razoavelmente conservadas e
controláveis e não posso supor que, por acaso, os ratos tenham levado 2 cacos
para cada um dos níveis até lá embaixo. O aparecimento do cariape gráfico cedo
no planalto brasileiro nos o briga a revisar nossos indicadores de tradição e
cronologia.
Na fronteira entre as grandes tradições ceramistas por um lado a
Centro/Nordeste (Aratu/Sapucaí), não mandioqueira e, por outro lado, a
Amazônica (Uru), mandioqueira, o antiplástico de cariapé de tradição amazônica
parecia um excelente indicador cronológico na medida em que substitui
paulatinamente o antiplástico mineral da primeira tradição. Diante desses novos
dados há necessidade de usar esse indicador com muito cuidado e há necessidade
de revisar a noção de que o cariape seja amazônico; as plantas de que e fabricado
parecem abundantes no cerrado e o seu uso ali aparentemente muito antigo ao
lado de antiplástico mineral, como indicam as datas de Ondemar e as nossas.
Ondemar F. Dias:
Para sua tranquilidade devo dizer que esse material temperado com
cariape e coisa muito rara e que ele esta associado a sepultamento, que pode ter
sido revolvido. O cariape de que nos temos certeza, está data do bem mais tarde,
no século XII.
16
Pedro Ignácío Schmitz:
Penso que chegamos ao fim. Tentamos ressaltar que no Centro e
Nordeste existe uma área bem ampla de cerrado e caatinga, caracterizada por uma
tradição agrícola, marcada pela cerâmica de grandes proporções, conhecida até
aqui sob os nomes de Aratu e Sapucai e que se distingue de todas as outras
tradições cerâmicas do pais: a cerâmica se caracteriza por seu antiplástico e seu
acabamento de superfície, que podem apresentar diferenças locais: ao lado de
antiplástico mineral pode aparecer caco moído ou cariape; a superfície,
predominantemente simples, pode apresentar banho vermelho ou laranja e
eventualmente algumas tiras de corrugado na borda. As aldeias são grandes e o
assentamento em campo aberto e marcado. Também e típico da tradição o se
pultamento em urnas. A ideia de que talvez se entenda melhor o todo acentuando
os elementos comuns e não os diferentes, parece justificar a unificação do nome.
Ondemar F.Dias:
Com essa discussão estamos começando a sentir melhor esses grupos
agricultores do leste brasileiro e podemos pensar num nome abrangente que
represente essa tradição.
Altair Sales Barbosa:
Há dois elementos que gostaria que Ondemar explicasse: se há
ocorrência de coadores e de formas conjugadas no material estudado por sua
equipe.
Ondemar F.Dias:
Nos temos aqueles fundos perfurados, mas nenhum esta inteiro, de
modo que de uma ideia do vasilha me completo. São peças planas totalmente
perfuradas. For mas conjugadas ou duplas não temos; normalmente as formas dos
nossos vasilhames são simples, elípticas ou hiperbólicas. Na fase Unaí estão
aparecendo um pouco aquelas formas em ampulheta, um bojo menor sobre um
maior. Tambem na fase Piumhi as formas são bem redondas, a boca bem constrita
e a borda extrovertida; às vezes a borda e inclinada para o interior. O normal da
Piumhi seriam formas piriformes com a borda extrovertida como se fosse vaso de
transportar água.
Irmhild Wüst:
Em Goiás existe uma área bastante grande com esse tipo de bases
perfuradas; em geral essas bases perfuradas estão ligadas às aldeias maiores.
Acho importante verificar se esses coadores têm alguma conotação econômica
dentro desta grande tradição porque a gente deve saber se esta grande tradição
corresponde a uma determinada atividade econômica. Talvez seria interessante
saber até que ponto voces acham esses coadores em sítios antigos da tradição
Una, se não na tradição Aratu.
17
Ondemar F. Dias:
Na Una não temos registro, só na tradição Sapucai.
Irmhild Wüst:
Então lanço um “procura-se” para os etnólogos, em busca de uma
correlação desses coadores com alguma transformação de alimento.
Andre Prous:
Não vou responder a este “procura-se”; simplesmente oferecer uma
informação ao Padre Schmitz, que está levantando este problema: este tipo de
coador ainda está sendo fabricado no litoral de Iguape e Cananeia, por índios
muito aculturados, em geral Guarani, o compram mas não sei para que uso. Eles
o vendem para São Paulo; chamam-nos de “cuscuzeiros”. A parte perfurada não
e uma base, mas uma chapa intermediária (ver figura).
Tom O. Miller:
Encontrei fragmentos num sítio neo-brasileiro em Corumbataí, no
Estado de São Paulo, mas presumi que era para macarrão; desconhecia a
existência de exemplares pré-históricos.
André Prous:
Eu também. Tiburtius fala na fabricação desse tipo de vasilhame no
Paraná.
Ondemar F. Dias:
Na tradição neo-brasileira também aparece bastante.
Pedro Ignácio Schmitz:
Se não há mais informações para “coadores” e formas conjugadas
gostaria de estender a conversa para a tradição Una. A tradição Aratu e Sapucaí
tem vasilhames grandes e aldeias grandes; a tradição Una tem aldeias pequenas
nos sítios de campo aberto, mas geralmente ela aparece em abrigos.
Ondemar F. Dias:
Quando ela ocorre em campo aberto são aldeias bem menores que as
da Sapucaí.
Pedro Ignácio Schmitz:
Em Goiás temos esta cerâmica somente em abrigos, nunca em campo
aberto.
Gostaria de ampliar novamente a problemática. Anteontem estivemos
conversando a respeito da formação da agricultura no planalto brasileiro. Não sei
18
quem levantou a ideia, que já vem vindo de outros tempos, de que os Ge, quer
dizer os grupos do cerrado e caatinga do planalto, teriam formado um tipo de
agricultura ou um sistema agrícola próprio, diferente do desenvolvido na
Amazônia. Se refletirmos um pouco mais e nos locomovermos para o passado,
talvez possamos perceber que ao menos um desses sistemas desenvolvidos por
grupos planaltinos em áreas de cerrado e caatinga, utilizando a diversidade dos
ambientes, desembocou numa determinada área, numa tradição agrícola cuja
correspondente cerâmica recente foi denominada Aratu, Sapucaí, etc. A data mais
antiga que conheço para Aratu e Sapucaí é 400 d.C., que Calderón me comunicou
faz pouco tempo, dizendo corresponder ao litoral da Bahia. As outras datas da
Aratu e Sapucaí sempre estavam próximas de AD 800, o que indicaria uma
formação relativamente recente.
Ondemar E. Dias:
As datações Aratu mais antigas da Bahia situam-se ao redor de AD 870.
As mais antigas que tenho da Sapucaí são AD 870, as mais recentes AD 1.750.
No Estado do Espírito Santo a mais antiga é AD 870.
Pedro Ignácio Schmitz:
Então a data de AD 810, sobre o rio Araguaia, em Goiás, para essa
tradíção confirma a impressão de que se trata de uma tradição que aparece
formada e pronta recentemente.
Na borda meridional da tradição Aratu/Sapucaí temos a tradição Una.
Ainda mais para o sul estão as tradições Itararé e Taquara, também grupos com
uma agricultura pouco desenvolvida, mas com datas mais antigas. A tradição Una
e a tradição Taquara são contemporâneas e mais antigas que a Aratu, a Itararé é
um pouco mais nova e talvez contemporânea da Aratu. Teríamos então duas éreas
de grupos Ge com dois sistemas agrícolas que aparecem nos diversos locais de
Centro e Nordeste como fases diferentes: um sistema agrícola na caatinga e no
cerrado com imensas aldeias e outro sistema agrícola mais para o sul em região
mais fria, com aldeias pequenas, ocupação de abrigos ou casas subterrâneas. Fora
do grupo Ge existe ainda a Tupiguarani, de colonização muito extensa, um grupo
amazônico transmigrado, do qual falaremos mais tarde.
Se aplicássemos um esquema simplificado daqueles velhos
evolucionistas, poderíamos imaginar o modo de vida dos grupos Ge (mais)
meridionais como representante grosseiro de um sistema agrícola mais antigo e
que poderia dar algumas perspectivas sobre como esse sistema se formou; e o
grupo Aratu/Sapucaí seria um agricultor que representaria um estágio mais
desenvolvido. Penso que é util especular no sentido de orientar a pesquisa a
respeito de como esses grupos se teriam formado. O milho do qual Ondemar e
André falaram anteontem, se entendi bem, aparece em contextos de coletores do
planalto, em áreas de cerrado. Se isso corresponde a realidade, é possível que
devamos imaginar esses primeiros agricultores do planalto como coletores bem
19
estabelecidos com alguma caça, onde lentamente se vão introduzindo algumas
plantas, como aconteceu em outras áreas de cultivo. E em termos bem crassos
poderiam ter sido semelhantes aos grupos da tradição Una, Itararé e Taquara,
onde parece predominar a coleta e haver uma pequena suplementação agrícola.
Este esquema de um coletor que suplementa sua coleta e a sua caça com um pouco
de agricultura com certeza não existe mais na tradição Aratu, um grupo agricultor
que faz da planta cultivada o seu sustento básico.
Se a gente for procurar os sítios mais antigos dessa tradição
Aratu/Sapucaí talvez não os encontre nas áreas de mata fechada, mas nas áreas
de cerrado ou caatinga, onde o grupo ainda seria coletor, mas onde existiriam
pequenas áreas aptas para fazer algum tipo de cultivo. À medida em que ele
dominasse mais a sua técnica agricola, poderia estabelecer-se no mato, sem
maiores prejuízos, porque já estaria dominando um sistema agrícola suficiente
para alimentá-lo todo o ano.
Ondemar F. Dias:
Os dados etno-histéricos de diversos autores, que pude levantar para a
região do São Francisco Mineiro, referentes à invasão pelos bandeirantes e
desbravadores do interior, dizem que esses grupos subiam o São Francisco e
expulsavam antigos moradores das cavernas locais e que esse grupo era portador
de milho: seria o que eles chamavam locamente de Catagua, que foram o dia dos
e aprisionados pelos bandeirantes. Evidentemente são dados muito recentes mas
que podem, na verdade, refletir uma situação tradicional.
Pedro Ignácio Schmitz:
As nossas datas mais antigas, para a tradição Aratu, estão situadas em
vales estreitos, onde o cerrado predomina sobre o mato, e provavelmente os sítios
de áreas de mata mais densa devem ter datas mais recentes, alem de aldeias
maiores. É mera especulação a respeito de como se teria desenvolvido o sistema
agrícola, que nos não podemos captar plenamente só com a cerâmica. Quando a
cerâmica aparece, esse sistema já teria talvez 2.000 anos de cultivos, sendo a
cerâmica suficiente para captarmos apenas o que já está definitivo e pronto, que
seriam grupos agrícolas efetivos. Se temos milho a 4.000 ou mais anos atrás,
temos que pensar como foi que, aos poucos, nesses contextos pré-cerâmicos a
agricultura se torna lentamente efetiva até desembocar em duas grandes tradições
ceramistas, uma mais para o sul (Una, Itararé, Taquara) e outra no Centro e
Nordeste (Aratu, Sapucaí).
Tom O. Miller:
O enfoque tem sido colocado até agora no interior de território.
Devemos lembrar, como Ondemar estava citando para o Rio de Janeiro, que essas
mesmas tradições eram encontradas também no litoral. Depois da Chegada dos
grupos Tupi no litoral, os habitantes antigos se refugiaram na serra, onde foram
20
encontrados pelos portugueses, sendo esses vários pequenos grupos e ilhotas
linguisticas conhecidos como Tapuia. Observando a distribuição e retirando as
incursões Tupiguarani, estamos vendo a distribuição do tronco linguistico Ge, no
qual temos de incluir os Bororo. Nessa parte sulina, a agricultura foi dada como
pouco desenvolvida: gostaria de fazer uma pequena ressalva: a agricultura é mais
difícil em áreas de mato do que em regiões abertas; não e questão de menos
desenvolvida, mas simplesmente de ter de lutar contra uma dificuldade ambiental
que os outros não tinham.
Donde vera essa agricultura? Evidentemente ela foi mais desenvolvida
numa região mais propicia. Onde esse complexo de agricultura semeada foi
encontrado primeiro foi no litoral-peruano. Como e que nos vamos chegar do
Peru até aqui? Evidentemente através dos contrafortes dos Andes. Não podemos
fiar-nos na cerâmica porque a cerâmica é uma coisa mais recente que a
agricultura. A cerâmica parda, que se encontra na região de que estamos falando
e que temos também no Rio Grande do Norte, parece pertencer a um mesmo
contexto. Se vai pensar numa continuidade de tipos de meio ambiente, como meio
dispersor, temos que olhar para os contrafortes dos Andes, na Bolívia, e pensar
no Chaco como possível rota. Acontece que essa cerâmica, mais ao sul, em vez
de parda alisada, pode ser preta polida, como é a fabricada pelos Kaingáng e os
Bororo, se consultamos as fontes históricas, vão nos levar até o Chaco. Pensei
que deveria entrar com essa ressalva de que temos realmente duas tradições
basicas, que acredito, tem divisa justamente entre Ge setentrional e Ge
meridional.
André Prous:
Vou sair um pouco da cerâmica, porque tenho um problema que não
sei como resolver. No esquema proposto por Schmitz, teríamos uma
domesticação paulatina de plantas locais. Acontece que, se realmente os achados
de Ondemar e os meus se confirmarem, estamos diante de uma planta importada,
porque acho que ninguém esta imaginando que o milho tenha origem brasileira.
Ignácio Schmitz:
Não estava tratando da domesticação de plantas locais, mas falando de
desenvolvimento agrícola local com plantas que podem ser importadas.
André Prous:
Se elas são importadas é porque são muito importantes. Imagino muito
mal uma agricultura incipiente importando plantas gráfico básicas como o milho
e de gráfico longe. Realmente não acredito que haja uma agricultura desenvolvida
a 4.000 anos, porque os vestígios não dão margem para isso. Mas não entendo o
processo como o milho veio gráfico cedo para agriculturas muito incipientes
gráfico afastadas da zona de cultivo. É um problema para o qual procuro uma
explicação.
21
Tom O. Miller:
Botanicamente não há nenhuma indicação de origem do milho na
América do sul, mas o que se devia levar em conta é que um complexo agrícola
normalmente não se importa num pacote fechado, de uma só vez. Normalmente
se observam constantes trocas de idéias, de informações e de conjuges de grupo
para grupo, atingindo em poucas gerações grandes distâncias geográficas. Esse é
um processo contínuo. Se uma idéia entra numa área onde não é compatível com
o que aí pré-existe, não vai pegar, mas se é compatível com o que já existe, pode
ser adotada. Queria chamar atenção ao fato de que esta ficando cada vez mais
claro, em âmbito mundial, de que houve um longo período, durante o arcaico, de
experimentação com o transporte de sementes e de raízes de um local para outro
mais proximo de um local mais propício. Temos exemplos de grupos indígenas
na América do Norte, que não praticavam a agricultura, mas transportavam
produtos silvestres de um ambiente onde os encontravam para outro local do
mesmo ambiente, onde estavam faltando; semeavam ou plantavam raízes para
deixar multiplicar e depois terem em outro lugar para a coleta. Em todos esses
casos podemos ver muito claramente que a experimentação é com plantas locais:
o resultado é toda uma série de pequenos complexos agrícolas de pequeno alcance
e de pequena eficiência que posteriormente são substituidos ou simplesmente
enriquecidos por plantas de maior eficiência. Bem podemos estar diante de um
tema semelhante, sendo que para essa área nunca foi feito um levantamento de
informações etnográficas e históricas referentes às plantas utilizadas por esses
povos e que foram desprezadas pelos europeus por serem ineficientes
economicamente ou por terem um sabor esquisito.
André Prous:
Estamos tentando uma coisa dessas particularmente com a raiz que é
chamada “batata de bugre”, que muita gente ainda come no interior. Estou de
acordo com o tipo de processo do qual falou Tom, mas me parece que aqui
estamos com uma inversão. Se admitimos que essas plantas mais eficientes, como
é o caso do milho, normalmente são adotadas tarde e que a agricultura se fixa
mais nelas porque são mais produtivas, mais ricas em proteinas, etc., temos que
admitir que, antes de chegar o milho, teria havido uma série de experimentações
muito anteriores a isso. Se tivermos milho há 4.000 anos, tenho que supor que as
tentativas de domesticação de plantas são muito mais antigas, o que alias é a idéia
de Lathrap no seu livro sobre o Alto-Amazonas.
Tom O. Miller:
Muitos autores têm salientado isso nos últimos 10 anos e muitas áreas
que foram consideradas pré-agricolas, agora são consideradas como tendo
complexos próprios de agricultura. Foram consideradas pré-agrícolas porque não
encontravam milho ou plantas semelhantes porque essas populações utilizavam
22
material botânico local. Mas eu queria salientar outra vez que duvido que um
grupo indígena ia aceitar, de uma só vez, um complexo a grícola como um pacote.
Ja teriam que estar acostumados à idéia de trabalhar com plantas antes de serem
receptivos a uma nova planta para cultivar.
André Prous:
Isso mesmo queria salientar: não posso acreditar que o milho tenha sido
introduzido sem um suporte anterior e isso significa provavelmente milhares de
anos de preparação antes dessa data.
Tom O. Miller:
No caso de entrar o pacote de uma só vez, podemos supor a introdução
de uma nova população. Aí entramos no caso do Tupiguarani: há um pacote
completo totalmente distinto dos outros, não somente outras plantas mas outros
métodos de cultivar as plantas.
André Prous:
E outras características culturais também.
Pedro Ignácio Schmitz:
Acho que crescemos um pouquinho nesse assunto do arcaico,
exatamente por causa das comunicações sobre milho, que foram feitas esses dias
e os contextos em que esse milho é encontrado, que são contextos de coleta.
Sempre se colocava o milho como introdução de uma planta mexicana, que teria
sido transportada para cá. Num recente Congresso Nacional de Arqueologia
Argentina, houve uma comunicação de achados novos de milho, se não me
engano no norte do Chile, onde se esta pleiteando uma domesticação de milho:
quer dizer, não seria um milho importado pronto, mas talvez alguns elementos de
milho que foram domesticados ou continuados a domesticar numa área chilena,
num período razoavelmente mais antigo do que até ali se sabia.
Tom O. Miller:
Não conheço as últimas datas para o milho mas em formas primitivas
ele e muito antigo no México e lá tem formas ancestrais e ainda a presença de
polen em datas extremamente recuadas, nas quais seria difícil encontrar
agricultura, porque ainda estamos praticamente na época paleo-indígena.
Ondemar F. Dias:
Embora ainda não tenhamos os dados completos, há duas coisas
interessantes: uma, devido ao fato de nos termos muito material bem conservado
nessas grutas, existe a possibilidade de encontrarmos determina dos elementos
que não conhecemos; é o que Miller estava falando, de plantas locais e que
poderão, pela repetição demonstrar que eram realmente consumidas e talvez até
23
domesticada em função de necessidades locais. Outro e que as formas de milho
de que nos dispomos, são formas arcaicas, não plenamente desenvolvidas. É
muito cedo para especular a respeito; depois que tivermos toda a analise, é
provável até que essas formas pudessem ser importadas ou adquiridas
incompletamente desenvolvidas e houvesse também um processo local, não de
domesticação, mas de aperfeiçoamento, um aperfeiçoamento contínuo pela
experiência e seleção de espécies, das formas mais aproveitáveis. Não quer dizer
que se vai ter em Minas Gerais um foco de domesticação, mas poderá ser um foco
de especialização, de melhoria da qualidade.
André Prous:
Há uma coisa que não sei como interpretar, talvez seja por falta de
conhecimento dos hábitos dos caboclos de um século atrás: uma observação que
fazemos sempre que chegamos perto de um sítio arqueológico em abrigo-sobrocha, é que a entrada do abrigo está cheia de pequenos tomates e de fumo. Como
os caboclos atuais não cultivam nem fumo nem tomate, pelo menos nesses locais
(em geral eles nem chegam perto), estamos nos perguntando se não seriam as
relíquias de plantações muito mais antigas. Não sei se outras pessoas fizeram a
mesma experiência.
Tom O. Miller:
Não há nenhuma evidência etnográfica da presença de tomate nas terras
baixas da America do Sul, mas sempre da surpresas.
Ainda uma observação ao comentário de Ondemar sobre formas
primitivas de milho, precedendo formas mais desenvolvidas; e sempre tentador
pensar, em termos de modelo difusionista, que a forma mais arcaica encontra-se
na periferia, porque chegou lá antes da forma desenvolvida.
Ondemar F.Dias:
Nos temos as diversas formas, não somente as formas arcaicas. Há um
conjunto de formas arcaicas e formas plenamente desenvolvidas, inclusive de
linhas e modelos absolutamente proprios. Fazendo estas comunicações, estou
adiantando as publicações. Esse tomatinho nativo, de que fala Andre, e
comuníssimo no litoral do Estado do Rio; ele acompanha a floresta. Inclusive
numa área como a nossa sede, o Capão do Bispo, depois de muitas capinas, ele
nasce naturalmente. Em todo o interior do Estado do Rio este tomate rasteiro e
miudo é absolutamente comum em regiões em que nunca houve cultivo europeu,
em plena região de floresta.
Tom O. Miller:
Existe algum estudo botânico desse tomatinho?
24
Ondemar F. Dias:
Não sei nem sequer se encontramos semente desse tomatinho. So estou
complementando o que André falou: seria interessante uma pesquisa.
Tom O. Miller:
Acho que esse seria o momento de apontar os dados do Rio Grande do
Norte, não por causa de plantas domesticadas, para as quais ainda não procuramos
in formações em grutas secas, mas porque está ficando bastante aparente nos
trabalhos do baixo-Açu que temos uma situação de plena continuidade, onde a
tecnologia lítica não muda, e só a cerâmica é acrescentada. Nos podemos ter um
corte de 60 cm de profundidade e nos 40cm superiores ter cacos de cerâmica. Aos
60 cm de profundidade mos essa cascalheira que deve representar o limite do
Pleistoceno de Ab'Sáber. Não estou vendo como isso se possa explicar: ou todo
o solo intermediário deveria ter sido removido pelas enxurradas ou a cerâmica e
muito antiga, o que não parece provável.
Aqui vou lançar o meu “procura-se”. A informação etnográfica é que
essa região foi habitada por índios Pataxó e Cariri, mas não encontro informações
utilizáveis sobre a tecnologia cerâmica dos Pataxó e Cariri. Os nossos cacos ainda
não foram analisados; temos um caco vermelho, todo o resto e esse pardo, liso,
mal cozido, a ponto de termos de embrulha-los com papel higiênico para não
quebrarem excessivamente. Se alguém tiver alguma informação sobre um museu
ou instituto de pesquisa que tenha peças atribuíveis a Cariri ou Pataxó, gostaria
de saber. Na volta da reunião da Associação Brasileira de Antropologia (julho de
1980) examinei o material cerâmico coletado por Celso Perota (Fase...?), no
Espírito Santo que ele atribui aos Pataxó, achando alguma semelhança à
encontrada no Baixo Açu. Mas na saída de Vitoria encontramos, nos canteiros de
flores do Aeroporto, uma cerâmica idêntica à do Baixo Açu, que Perota
prontamente identificou como Pataxó. Na região do Açu, há um povoado de nome
“Pataxó”.
Pedro Ignácio Schmitz:
Penso que com isso as idéias principais dessa mesa estão começando a
criar feição. Queria fechar esse assunto que levantei simplesmente chamando a
atenção para o fato de que essa faixa incomoda e que dá tão pouco prestígio, que
são os grupos pré-cerâmicos recentes, que não tem nem cerâmica, nem datas
antigas, talvez apresente problemas muito mais interessantes de que estamos
imaginando, como pode ser a formação agrícola localizada dentro de um
movimento agrícola americano.
25
3 - As tradições cerâmicas do Sul do Brasil. As tradições cerâmicas do
Planalto: Itarare/Casa de Pedra, Taquara. A tradição cerâmica dos
campos baixos: Vieira. A tradição cerâmica Tupiguarani.
a) As tradições cerâmicas Itararé/Casa de Pedra, Taquara. A tradição
Vieira.
Tom O. Miller:
Em 1971 e 1972 fiz uma pesquisa etno-arqueológica para resolver um
problema. Eu tinha encontrado cacos de cerâmica de um tipo que esta fora do que
costumam chamar de tradição Tupiguarani e em termos de etnografia só
poderiamos lançar mão, no Estado de São Paulo, como produtores, de três grupos,
que seriam os Guaianás, os Kaingáng e os Oti. É notorio que os Oti foram
caçadores vivendo em movimento constante e habitavam os campos abertos. Aí
esta um problema que gostaria de colocar para o Estado de São Paulo: talvez vão
lembrar que em 1970 apontei a região do rio Ribeira como sendo área que devia
ser prioritária na pesquisa, uma área muito sensível que parece ter agora um
programa bastante ativo. 0 outro problema que quero propor é que, no Estado de
São Paulo, ate agora, não foram pesquisadas as moradias dos Oti para ver se há
possibilidade de definir o que sejam. Há necessidade de procurar os lugares que
Nimuendaju e outros, como a Comissão de Estrada de Ferro Noroeste do Brasil,
indicaram como pontos, onde encontraram Oti. Eles eram caçadores vivendo em
pequenos abrigos e uma das razoes da limitação da agricultura Kaingáng e que os
Kaingang não podiam sair do mato por causa dos Oti. Os Kaingáng podem
defender-se no mato, porque os Oti não entravam, mas não podiam sair do mato,
porque aí os Oti cairiam em cima deles. No nosso estudo descartamos os Oti. Os
Guaianás são uma coisa muito pouco conhecida: um povo que morava no litoral
donde foram expulsos pelos Tupiniquim, sendo empurrados para o interior, onde
se foram diluindo entre os Kaingáng. Há evidencia de que falavam a mesma
língua ou ao menos uma língua muito parecida. Há alguns sítios em São Paulo,
que seria interessante investigar, onde historicamente sabemos que houve
aldeamentos de refugiados Guaianás, aí encontrados pelos portugueses. Esses
lugares também devem ser investigados para ver se realmente existe ou não uma
tradição de Guaianás, distinta da Kaingáng. Lanço como hipótese de trabalho,
testável no campo, que a resposta seria “não”.
Isso nos deixa como unico grupo, de que podemos lançar mão para a
explicação, os Kaingáng.
Então me dirigi aos dois postos indígenas habitados por Kaingáng e fui
perguntar se lá não tinha alguém que sabia fabricar cerâmica Kaingáng.
Realmente havia: encontrei 3 informantes, 2 dos quais concordaram em fazer
cerâmica para mim. Aí fui comparando essa cerâmica contemporânea ao mesmo
tempo em que coletava cacos de lugares onde os Kaingáng podiam me informar
quem havia sido o chefe do posto (na epoca chamada “cerâmica histórica”). Estou
26
citando esses dados somente para mostrar que estava procurando toda especie de
controle histórico. A cerâmica contemporânea, feita na minha frente e na posse
dos índios, a cerâmica no museu índio Vanuire, em Tupã, que foi catalogada
como sendo feita por ceramistas especificas (quase sempre a Kañrire, que foi a
minha principal informante); e mais a cerâmica histórica, portanto, foi comparada
com a cerâmica pré-histórica. Eu podia estabelecer um continuo entre a cerâmica
pré-histórica, lisa polida, com antiplástico rocha molda, histórica com caco
moldo, e a cerâmica produzida por Kañrire, agora com telha moída. Há
continuidade de formas, há continuidade de tecnologia, há continuidade de
tratamento de superfície, só que a Kañrire não pole mais as suas superfícies até o
ponto de brunidura. Brunidura eu defini como aquele tratamento de superfície
que dá brilho metálico. Ela me disse que foi feita pelo polimento constante com
seixo super-liso, varias vezes por dia enquanto a peça está no estagio de dureza
de couro, molhando a superficie com os dedos e passando o seixinho. Ela disse
também que hoje em dia não tem tempo porque precisa trabalhar muito.
Realmente para sustentar-se no novo sistema, onde tem que comprar panelas de
alumínio, sal, macarrão, realmente tem que trabalhar muito mais; Kañrire, por
exemplo que é uma pessoa de 90 anos de idade, ainda estava roçando na epoca
em que lá estive.
Para testar a brunidura no laboratório, fiz umapeça de cerâmica
utilizando as técnicas que ela me ensinou, só que eu fiz de uma forma que jamais
foi feita por índios das terras baixas de America do sul, isso para ninguém dizer
que estou falsificando peças e também fiz a brunidura não só por polimento, mas
colocando a peça em material orgânico, quando estava fulgurando, quando o
processo de cocção chega a aproximadamente 600o C e começa uma fase de
oxidação. A índia pega a peça com a pinça de madeira e a insere em material
orgânico; no caso de Kañrire foi palha de milho, o que produz uma nuvem de
carvão molecular que penetra o pouco que resta de porosidade na superfície da
peça e depois de frio dá aquele brilho como de espelho. Esse brilho especular eu
o tinha visto em cacos pré-históricos, históricos e Kaingáng; vi nalguns cacos
presumivelmente de Xoklen, que eu e professor Ebble coletamos em Ibirama. Os
cacos trazidos da reserva podem ser comparados com as peças bororo e xoklén
do Museu de Antropologia da Universidade Federal de Santa Catarina. Essa
cerâmica também e característica dos Bororo, que, linguisticamente também são
do tronco Macro Ge. Então temos a brunidura como elemento de decoração.
Insisto que dentro do glossário de decoração de cerâmica, brunidura e
um processo extremamente penoso de conseguir; nos a encontramos desde o
interior do Rio Grande do Sul, através de Santa Catarina, do Paraná, de São Paulo,
até os Bororo do Mato Grosso. Gostaria de saber onde mais essa técnica de
decoração se encontra.
27
Ondemar F. Dias:
Na Terminologia Brasileira para a Cerâmica chamamos a brunidura de
polido. Foi o termo que achamos. Na época da confecção do manual predominou
a tendencia do pessoal do norte, especialmente de Mario F. Simões. Na Amazônia
esse polimento bem feito não é normalmente considerado decoração, mas técnica
de tratamento da superfície. Por isso consideramos que brunidura podia ser ou
não decoração. Em nossa área, onde ela aparece intencionalmente aplicada em
numero não muito grande de cacos, nossa equipe sempre a considerou como uma
técnica decorativa; inclusive o polido-estriado, que alguns poucos consideram
polimento, nós consideramos decoração, porque com a aplicação do seixo na peça
seca, ela deixa aquelas estrias bem amplas e abertas e com um brilho, que não
chega a ser exatamente aquele brilho, produzido quando essas superfícies são
totalmente alisadas com seixo ou com uma coisa parecida. Realmente essa
questão de coloração negra que encontramos também em toda a tradição Una,
aparentemente é um produto intencional.
Outra questão, que já levantei há muitos anos a trás numa publicação,
é se essa coloraçao negra seria sempre proveniente da imersão em elemento
orgânico ou se seria uma queima redutora proposital. Em 1963 fiz um estágio no
Instituto Nacional de Tecnologia e tentamos todas as formas possíveis de
introduzir o carbono na pasta. Esta decoração é uma forma de introduzir o
carbono na peça. Mas quando se retira a peça para mergulhar nos restos
orgânicos, há uma queda violenta na temperatura; se ainda estiver acima de 400oC
não mantém carbono; o carbono, fisicamente, desaparece nessa temperatura. É o
problema que tínhamos e que muita gente não aceitou. É bom voce refazer e
retomar esse tema: para ter carbono na peça tem que ser uma queima intencional,
para que a peça fique escura. Às pessoas pensam geralmente que e o contrario. É
muito mais fácil produzir uma peça clara pelo contato com o oxigênio, do que
fazer uma peça negra. Comumente se fala que poucos índios usavam o forno
fechado; a não utilização do forno fechado pressupõe que a peça escura queimou
e secou protegida contra o contato com o oxigênio, coberta, seja lá com terra, com
estrume ou com qualquer coisa. Nos sempre acreditamos que era viavel dentro da
tecnologia americana considerar o preto como uma técnica intencional e não um
sinonimo de queima não controlada, como meus companheiros do PRONAPA
pensavam. Sempre achei que é um sinonimo de queima controlada e sempre
procuro defender essa opinião, embora não seja a opinião prevalescente entre os
nossos colegas do Brasil.
Tom O. Miller:
É bom saber que essa técnica de brunidura preta existe em Minas
Gerais. É brunidura preta, porque me parece que voce falou vermelha. Seria
realmente polimento, a não ser que tenha um processo químico que daria
vermelho em vez de preto. Esse e um ponto a ser pesquisado. O polido estriado
também é técnica decorativa, na minha opinião.
28
Agora, aparentemente, descobri a origem do assim chamado escovado:
dá-se quando estão sendo adelgaçadas as paredes perto do começo do processo;
enquanto estão adelgaçando, eles raspam com sabugo de milho, que vai deixando
as paredes cada vez mais finas. Se o polimento está incompletamente feito, o que
resta são as marcas do sabugo.
Agora, o problema que foi proposto. Coletando material do campo e
comparando com material de Igor Chmyz, da Universidade Federal do Paraná, eu
podia ver que esse material Kaingáng se encaixa facilmente. Os Kaingáng
paulistas se encaixam facilmente dentro da tradição Casa de Pedra, da qual ele
me deu uma coleção (amostra) de cacos representativos que reproduzem
claramente o mesmo tipo de tecnologia. Quero ressalvar que os Kaingáng
paulistas não fazem a brunidura em todas as peças, só em algumas. Alguns fazem
o polimento quase até o nível especular, mas não inserem no material orgânico,
resultando uma coloração mais clara.
No município de Parapuã há um sítio que deveria ser investigado. Um
grupo de jovens amadores, dirigidos por um professor secundário, fez uma coleta
superficial de um grande sítio cerâmico, cuja cerâmica é na maioria claramente
de tradição Tupiguarani, mas uma certa quantidade é dessa que defini como
Kaingáng. Não sei se isso representa uma convivência pacífica ou mulheres
cativas levadas a essa aldeia. Nessa coleção de material Tupiguarani não vi
decoração texturizada (plástica), aparecendo só a decoração pintada. Pode ser o
indicador de uma época na qual havia relações amistosas ou inamistosas, de
intercambio de material cultural entre Tupiguarani e Kaingáng.
Há outra tradição que Igor define como tradição Itararé. Há um caco
representando a metade de uma tigela de tamanho medio para pequeno, que no
interior é tradição Casa de Pedra e no exterior tradição Itararé. Isso' me fez voltar
a fazer uma revisão do que Igor dá como definiçao dessas fases, que a meu ver
não e uma definição, mas um resumo. Discuti isso com ele; ele concordou
comigo. É um resumo extremamente fragmentário e as diferenças entre as duas
tradições são basicamente de antiplástico, de tratamento da superfície e de cor da
superfície. Particularmente ele me falou que há uma forma de boca que e
tipicamente Itararé e essa tigela realmente tinha esse tipo de boca, naturalmente
na parte exterior. A parte exterior, avermelhada, vermelho tijolo, muito aspera; a
parte interior, preto brunido. A questão do antiplástico está baseada numa
diferente utilização e proporção de areia. A areia eu não chamaria de antiplástico.
Antiplástico é uma substância de granulaçao irregular que faz com que a estrutura
escamosa da argila lubrifica da pela água, deixe de escorregar sobre si mesma,
fazendo com que, pela ação “antiplástica”, a peça não desmorone pelo seu proprio
peso, enquanto está sendo feita. Por outro lado, a areia na pasta serve a uma outra
finalidade que e perfeitamente útil: faz com que o processo de encolhimento
durante a secagem seja retardado, fazendo com que não ocorra uma rede de
fissuras na superfície, enquanto interior ainda está molhado e inchado pela água.
Uma diferença na proporção de areia e o fato de que num caso a rocha moída e
29
quartzo hialino e na outra e quartzo leitoso não deve ser usada sem mais nada
para separar duas tradições. Pode ser meramente uma questão de selecionar o tipo
de quartzo; pode ser, mas se o material vai ser moído de qualquer jeito, então não
parece ter muito sentido e eu respeito muito os índios, com os quais muito tenho
trabalhado, pelo seu bom senso. Areia como antiplástico nos conduz à segunda
parte: tratamento da superfície.
O tratamento da superfície na tradição Casa de Pedra e um alisado,
polido, ao passo que a superfície na tradição Itararé é áspera. Se há uma proporção
maior de areia na pasta, nenhuma quantidade de polimento vai dar uma superfície
bem alisada, nem brunida, e não me parece que essas sejam variáveis
independentes: uma coisa depende da outra. Na tradição Casa de Pedra também
há bastantes peças ásperas com areia.
E a terceira, a questão das cores: a gama de cores é igual nas duas
tradições, tendendo mais para vermelho no caso de Itararé e mais para escuro,
marron pardo ou preto, no caso da tradição Casa de Pedra. Partindo desse dado
que pertence às duas tradições cerâmicas, lancei hipoteses de que não se devia
fazer tamanha distinção e que as diferenças não são gráfico grandes. Seria
interessante fazer um levantamento da distribuição de cacos das duas tradições
em espaço e em tempo através da área na qual ela se encontra. Antes de publicar
fui conversar pessoalmente com professor Igor, porque é um assunto que ele
estava trabalhando e ele me disse que também tinha pensado muito no assunto e
que não se estava sentindo muito seguro nesse momento se devia ou não manter
separadas as duas tradições. Então vamos considerar como uma hipótese ainda
não derrotada, de que existe uma única tradição cerâmica no planalto do Sul,
desde o Rio Grande do Sul até o centro de São Paulo, em áreas não adequadas
para cultivos de mandioca. Isso já tinha sido publicado, mas eu resumí porque
parece que a disseminação da publicação não tem sido muito larga. (Ver: Tom O.
Miller: Tecnologia cerâmica dos Kaingáng paulistas, 1978).
Ondemar F. Dias:
Se voce conversou com Igor e, em princípio, ele concorda,
evidentemente não tenho nada a objetar. Eu tinha a impressão de que Igor tinha
estabelecido essas duas tradições a partir da analise de alguns milhares de
fragmentos e peças inteiras, Embora concorde inteiramente com suas exposições
no aspecto teorico, creio que refutar uma análise de milhares de fragmentos a
partir da analise de um caco, e uma posição bastante arriscada. Estou só pensando
a questão do método.
Tom O. Miller:
Não era questão de um caco. Quando falei em cerâmica Kaingáng,
tinha cerâmica de tradição Casa de Pedra, de tradição Itararé, de tradição
Tupiguarani e al guns cacos pardo-avermelhados, que seria extremamente difícil
de classificar. Talvez não tenha sido bastante explícito.
30
Ondemar F.Dias:
Vamos imaginar essa ceramista fazendo cerâmica: ela fez cerâmica
numa aldeia, morre e desaparece. Se o arqueólogo encontra essa aldeia, não
encontrará um grupo de cerâmica persistente no tempo de uma unica forma, mas
uma porção de formas e tipos diferentes. Ele caracteriza esse sítio por essa soma
de características. O que se encontra quando se determina a fase (e o caso de Igor)
são sítios em que se encontra uma predominância de determinados tipos. Se se
encontram todas as variáveis num unico sítio, como voce encontrou, feitas pelo
índio vivo, evidentemente essa multiplicidade de aplicações e de técnicas
ceramistas seria registrada como uma peculiaridade desse sítio. Isso acontece se
voce tem a sorte de encontrar, a meu ver, uma coisa atípica. Acho mais prático
raciocinar às avessas: quando se determina a fase, tem-se uma quantidade grande
de sítios, onde você tem de terminadas variáveis assim, porque existem os traços
diagnósticos; em outro grupo ou outro conjunto, às vezes deslocado no tempo ou
no espaço, voce tem outra soma de características. Parece-me que, embora
entendendo o seu esforço e aceitando como perfeitamente válido o que voce
encontrou, é a exceção, não a regra.
Tom O. Miller:
Eu disse que foi um caco que me fez pen sar, porque senão teria
proposto a convivência de três tradições cerâmicas num só sítio. Isso apenas me
fez pensar um pouco e pensando e revendo a literatura me pareceu que não era o
único caso de coincidência de cacos de duas tradições que são contemporâneas e
parece que as vezes intercaladas. Ao lançar a hipótese, estava tentando suscitar o
reexame do problema de preferência pelo próprio Igor, mas ele não quis mexer.
Para mostrar que estou ciente do problema, no último parágrafo citei que não
devia ser eu, que trabalho na periferia da distribuição, a propor uma mudança no
interior. (Miller, 1978:33).
Era isso o que queria apresentar sobre Kaingáng.
Pedro Ignácio Schmitz:
Quero complementar a apresentação de Tom Miller, oferecendo um
esboço das tradições ceramistas do Sul do Brasil, através de dois mapas, um
referente a colonização dos grupos ceramistas Tupiguarani (mapa 3), o outro com
a distribuição das tradições ceramistas Itararê/Casa de Pedra, Taquara e Vieira
(mapa 2).
Começo com as tradições Itararê/Casa de Pedra e Taquara do planalto
sul-brasileiro. Quando sobrepomos a área de expansão dessas tradições a um
mapa da distribuição da vegetação, observamos que corresponde à mata mista
com pinheiros, entremeada de campos. Alguns elementos são comuns nas
tradições do planalto sul-brasileiro: habitações subterrâneas, cerâmica pequena
temperada com restos minerais, geralmente bem finos, de formas semelhantes e
31
decorada com técnicas semelhantes. Percebe- se uma diminuição da decoração
plástica do sul a norte, da tradição Taquara para a tradição Itararê/Casa de Pedra.
Os grupos parecem ter forte apoio em coleta, onde sobres saem os pinhões e os
moluscos marinhos, e na caça. Seu domínio de plantas cultivadas parece ter sido
pequeno e concentrado na utilização de grãos semeados, sem possibilidade de
cultivar mandioca por causa do frio das alturas. Os solos pobres não lhes
permitiriam expandir os cultivos, com o que se viam obrigados a explorar cuidada
samente a apropriaçao de produtos naturais da mata, do campo e do litoral, para
cobrir o ano inteiro.
As datas mais antigas da tradição Taquara estão no nordeste do Rio
Grande do Sul, onde são conhecidos desde AD 140. As datas mais antigas da
tradição Itararé/ Casa de Pedra estão sobre o rio Iguaçu e remontam a AD 420.
Seus descendentes genéricos devem ser considerados os Kaingáng,
cuja área de expansão parece coincidir com essas tradições pré-históricas, o que
recoloca o problema do que representariam de fato, em termos de grandes
sistemas culturais, as pequenas diferenças encontradas na cerâmica, registradas
entre as tradições Taquara, Itararé e Casa de Pedra. Tudo indica tratar-se de
“fácies” cerâmicas de uma única tradição cultural, abastecida por um sistema
econômico no qual se reuniam cuidadosamente elementos de coleta e caça com
os cultivos possíveis na área.
A sua adaptação ecológica parece bastante fixada, encontrando limites
nas matas subtropicais, das quais se apropriam os horticultores Tupiguarani, e nos
campos mais limpos do sul, dominados pelos caçadores da tradição Vieira.
Estes caçadores já não parecem brasileiros, mas platinos. A cerâmica,
simples no começo, depois também digitada e no fim também com impressão de
cestaria, sempre com antiplástico mineral, aponta para o baixo Uruguay, ou o
baixo Paraná, onde se encontra um centro antigo de produção cerâmica (Paio
Blanco, na Argentina). A tradição Vieira é pequena, ocupando o sul do Rio
Grande do Sul e a metade da R.O. do Uruguay. Especialmente a fase mais antiga,
denominada Torotama, cuja antiguidade calculamos que remonte aos tempos de
Cristo, tem elementos platinos muito marcados.
A tradição ceramista Vieira é uma evolução direta de sítios précerâmicos, aparentemente sem maiores modificações e caracteriza uma
população caçadora e coletora dos campos, que explora intensamente a pesca nas
grandes lagoas costeiras ou no oceano, durante o fim da primavera e começo do
verão. Os restos de seus acampamentos cos tumam apresentar-se como aterros,
que se encontram tanto nos banhados ou regiões úmidas, como sobre as colinas.
Tomando como indicador a cerâmica, pensamos que seus
continuadores sejam os Minuanos, que ocupavam exatamente a mesma área ao
tempo do Descobrimento e foram exterminados ao redor de 1830. Aparentemente
nem os Minuanos, nem os seus antepassados da tradição Vieira utilizavam plantas
cultivadas para reforçar o seu abastecimento.
32
A cerâmica de que eram portadores, desde tempos muito antigos,
deveria então estar ligada a outras necessidades que cozinhar grãos, como
preparar o peixe, sendo encontrada em maior abundância nos sítios lacustrês.
É curioso como pequenos grupos de caçadores se te nham mantido,
mesmo quando os cultivos se generalizaram? Parece que a ecologia e muito
importante para explicar esta situaçãos a intensidade dos cultivos parece muito
marcada pela diferença de ecologias que os diversos grupos encontraram ou
possuiam tradicionalmente.
b) A tradição cerâmica Tupiguarani: as subtradições e sua origem.
Pedro Ignâcio Schmitz:
Para o Tupiguarani existem algumas informações novas, que exigem
divulgação. Voces todos sabem que a tradição Tupiguarani e dividida, para fins
de melhor compreensão das suas diferenças, em três subtradições, duas das quais
importantes, antigas e de larga difusão e a terceira pouco importante, recente e de
distribuição pequena e irregular. Os nomes também são conhecidos: subtradição
Pintada, subtradição Corrugada e subtradição Escovada. O critério básico para
as separar e a predominância da decoração. A subtradição Pintada se caracteriza
pelo fato de a maior parte dos cacos decorados, numa amostra sistemática dada,
serem pintados; a subtradição Corrugada por serem corrugados; a subtradição
Escovada por apresentar uma alta porcentagem de cacos escovados. Apesar de
esses serem os critérios basicos para separar as subtradições, elas se diferenciam.
por muitas outras coisas, como popularidade de antiplásticos, formas, cultivos e
provavelmente tradições culturais .
No mapa 3 tentei colocar as subtradições Tupiguarani e suas
respectivas fases. O que se percebe com rapidez é que a subtradição Pintada está
distribuida maciçamente do rio Paranapanema para o norte, encontrando-se os
sítios mais antigos no seu limite meridional. O sítio datado mais antigo é de AD
470, perto da confluência do rio Itararé no Paranapanema. Outro sítio antigo está
sobre o rio Ivaí, datado AD 570. Por outro lado, a subtradição Corrugada está
distribuída do rio Paranapanema para o sul, encontrando-se os seus sítios mais
antigos sobre o rio Jacuí, onde existe uma data de AD 475, e sobre o rio Uruguai
e Ijui, onde há sítios consideravelmente mais antigos se confiarmos nas seriações
organizadas com este material. Cada uma dessas subtradições tem alguns sítios
perdidos n meio do território da outra. Finalmente a subtradição Escovada é
provavelmente do tempo da Colonização branca e tem poucas fases distribuídas
irregularmente dentro do que parece ser o território da subtradição Corrugada.
No primeiro esquema elaborado pelo PRONAPA, tentando explicar a
evolução da tradição Tupiguarani, supõe se que primeiro existiu a subtradição
Pintada, que poderia ter chegado do limite da Amazônia e ter-se fixado nas
33
proximidades do Paranapanema; dela teria surgido a subtradição Corrugada em
período relativamente posterior. As novas datas, que temos sobre o rio Jacuí,
estão pedindo um reexame dessas primeiras suposições, porque a data de AD 475
parece estar colocada no clímax do desenvolvimento da subtradição Corrugada,
mostrando que nesse momento ela esta plenamente desenvolvida. Existem duas
outras datas um pouco posteriores que validam a primeira.
Pesquisas posteriores, realizadas por Jussara Louzada Ferrari, no
noroeste do Estado, mostraram toda uma evolução anterior ao clímax da
subtradição Corrugada, chegando a um momento no qual praticamente ainda não
existe corrugado. As seriações, que cobrem desde o tempo imediatamente
anterior às reduções jesuíticas, considerado já de decadência desse povo
horticultor, até os sítios onde aparecem os primeiros cacos corrugados, passando
por um período de clímax marcado como máximo desenvolvimento do povo, são
absolutamente coerentes e combinam com outras seriações testadas com muito
cuidado. Os primeiros sítios da seriação, pela mera estatística dos cacos são
tipicamente da subtradição Pintada e podem remontar ao começo de nossa era,
talvez um pouco mais. As formas desse material são da subtradição Corrugada,
não havendo nada que as distinga das formas do momento de clímax ou do
momento final da subtradição Corrugada; com isso se afastam muito das formas
características da subtradição Pintada ja desenvolvida, como se pode encontrar
no centro e norte do país. Mas não se afastam muito das formas antigas da
subtradição Pintada, como aparecem por exemplo na parte baixa da fase
Cambará, uma das fases antigas da área do Paranapanema. Parece-nos então que
a parte da subtradição Pintada inicial, da qual teriam surgido a subtradição
Corrugada, como uma especialização nas áreas frias do Sul, e a subtradição
Pintada clássica como uma especialização nas áreas mais quentes do Norte, seria
uma tradição ainda não especializada. Ela assumiria no ramo norte a tradição da
mandioca, que se deveria estar desenvolvendo na área Amazônica e desenvolveria
no ramo sul uma alimentação mais variada, provavelmente com fortes
ingredientes de grãos, como a das tradições Aratu/Sapucaí. Ainda e um pouco
cedo para explorarmos até as suas ultimas consequencias essas novas
perspectivas porque há necessidade de confirmar e esclarecer os dados e as datas,
mas uma coisa parece tornar-se cada vez mais clara: o grupo Tupiguarani,
migrado dos limites da Amazônia, num período que estamos recuando para
alguns séculos antes de nossa era, vai criando duas formas adaptativas diferentes,
manifestadas nas duas subtradições. Essas subtradições parecem ter-se
especializado num período bastante anterior ao que se imaginava atá agora.
As pesquisas de Jussara nos estão dando uma parte da evolução que
estava faltando, ao ligarem efetivamente a subtradição Corrugada a uma
subtradição Pintada não especializada e recuando esta evolução para ao menos
500 anos antes do que até agora se conhecia. Com isso a observação de Igor
Chmyz de que na parte superior de suas fases da subtradição Pintada aumentam
34
os cacos corrugados, talvez tenha que ser tomada como uma aculturação e não
como “a” evolução da subtradição Corrugada.
O limite ecológico das duas subtradições mais importantes situa-se
exatamente no que, em tempos históricos, é a fronteira entre os Tupi e os Guarani.
Sob este aspecto devem ser tomadas com muito cuidado as observações de que
os Tupi se teriam tornado o que eram porque foram colonizados pelos portugueses
e os Guarani teriam reforçado a sua diferença por estarem em contato com os
espanhóis. Se a subtradição Corrugada, correspondente aos Guarani, está no seu
clímax no século V de nossa era e se afasta da subtradição Pintada por uma
adaptação ecológica muito diferente, esta fronteira se estabeleceu muito mais
cedo, mantendo-se praticamente intocada, como mostra a pouca intrusão de
aldeias de uma subtradição na área da outra subtradição .
35
Mapa I: Tradições Cerâmicas Locais do Leste do Brasil
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Tradição Vieira (Schmitz)
Tradição Taquara (E.Miller)
Tradição Itarare/Casa de Pedra (Chmyz)
Tradição Una (Dias)
Tradição Aratu (Calderon), Sapucaí (Dias)
Tradição Uru (Schmitz)
36
37
Tradições Cerâmicas Regionais Fases Definidas e Sítios Importantes
Tradição Vieira
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
Fase Cerritos, RS Herval, RS Fase Piratini, RS - posterior à Conquista.
Fase Torotama, RS - A.D. a A.D. 400.
Fase Vieira, RS - A.D. 595 ± 45 (SI - 1007) a A.D. 1750 - 80 (SI - 1191).
Camaqua, RS Fase Ibirapuita, RS -
Tradições Taquara, Itararé, Casa de Pedra
1. Fase Taquara, RS - A.D. 435 ± 105 (SI -805) a 1320 ± 205 (SI-1201).
2. Fase Caxias, RS - A.D. 430 ± 90 (SI-607) a A.D. 1330 ± 90 (SI-608).
3. Fase Guatambu, RS (Fase+Vacaria, RS) - A.D. 140 ± 85 (SI-813) a A.D.1250 ±
60 (SI-2343).
4. Fase Erveiras, RS 5. Alto Uruguai, RS 6. Fase Giruá, RS - A.D. 1550 ± 100 (SI-600).
7. Fase Taquaruçu, RS - A.D, 1120 ± 60 (SI-598) a A.D. 1790 ± 70 (SI-599).
8. Fase Xaxim, RS (fase Itapiranga, SC) - A.D. 975 ± 95 (SI-825) a 1620 ± 90 (SI600).
9. Jaguaruna, SC 10. Fase Ibirama, SC - A.D. 1000 -1500.
11.Tapera, SC e Fase Rio Lessa, SC - A.D. 1150 ± 70(SI- 243) a 810 ± 180 (SI-245).
12. Fase Enseada, SC - A.D. 1000 (Forte Mal. Luz).
13. Fase Araquari, SC – A.D. 1070 ± 100 (M-1202).
14. Sambaquis do PR 15.Fase Açungui, PR - A.D. 820 ±150(SI-422) - intrus. na Cambará.
16. Fase Candoi, PR - A.D. 470 ± 65(SI-2197).
17. Barracão, PR 18.Fase Cantu, PR - A.D. 1095 ± 95(SI-2193) a 1480 ± 95(SI-2192).
19. Fase sem nome, PR 20.Fase Itararé, PR - A.D. 820 ± (SI-422) a A.D. 1190 ± 150(SI-140) fase
Cambará.
21.Fase Casa de Pedra, PR - A.D. 1150 ± 50(SI-141).
38
Tradição Una
1. Fase Mucuri, RJ - A.D. 520 ± 65 (SI-705) a A.D. 1230 ± 95 (SI-704).
2. Fase Piumhi, MG - A.D. 110 ± 90 (SI-2369).
+
3. Fase Jatai, GO -A.D. 950 ± 75 (N-2349) a A.D.1035± 75 (N-2346).
Tradição Sapucaí
1.
2.
3.
4.
5.
Fase Jaragua, MG- A.D. 1095 ± 70 (SI-824).
Fasg Sapucai, MG- A.D. 1065 ± 90 (SI-822) a A.D.1095 ± 70 (SI-824).
Fase Itaci, MG Fase Ibiraci, MG Itaberai, GO -
Tradição Aratu
1. Fase Mossâmedes, GO (Fase Cachoeira, GO) A.D. 810 ± 90(SI-2770) a
1055 ± 90 (SI-2195).
39
40
Tradição Cerâmica Tuíguarani
Fases Definidas e Sítios Importantes
Subtradição Corrugada
1. Rio Grande, RS - A.D. 1060 ± 40 (SI-1190).
2. Fase Canguçu, RS 3. Fase Camaquã, RS 4. Fase Maquiné, RS - A.D. 880 ± 100 (SI-413) a A.B. 1430 ± 200 (SI-410).
5. Fase Maratá, RS - A.D. 1205 ± 115 (SI-1198) a A.D. 1760 ± 85 (SI-1197).
6. Rio Taquari, RS 7. Redução de Jesus Maria, RS 8. Fase Trombudo, RS 9. Fase Botucaraí, RS 10.Fase Guaratã, RS - A.D. 475 ± 80 (SI-2213) a 1605 ± 120 (SI-816).
11.Fase Vacacaí, RS - A.D. 1150 ± 40(SI-1003) a 1345 ± 40 (SI-1002).
12.Fase Toropi, RS - A.D. 1420 ± 120(SI-816) a A.D.1840 ±100(SI-817).
13. Redução de São Miguel, RS 14. Uruguaiana, RS 15. Fase Icamaquã, RS - A.D. 1400 - 1500.
16. Fase Ijui - RS 17. Redução de Candelária do Caaçapamini, RS 18. Fase Induá, RS 19. Fase Comandaí, RS - A.D. 1725 ± 55 (SI-701).
20.Fase Mondaí, SC - A.D. 880 ± 100 (SI-549) a A.D.1460 ± 70(SI-548).
21. Fase Itá, RS/SC - A.D. 1360 ± 100 (SI-826).
22. Fase Jaguaruna, SC 23. Tapera, SC - A.D. 1400 ± 70 (SI-244).
24. Fase Itapocu, SC - A.D. 1300 - 1600.
25. Poço Grande, SC - Século XIV a XVII.
26. Adutora, PR - A.D. 1350 ± 45 (SI-1015).
27. Fase Imbituva, PR - A.D. 1450- 45 (SI-1015).
28. Fase Ibirajé, PR. 29. Quatro sítios em Guaíra, PR 30. Fase Tamboara, PR - A.D. 1390 ± 60 (SI-700).
31.Fase Ivinheima, MS - A.D. 1475 ± 45 (SI-1017) a A.D. 1804 ± 60 (SI-1019).
32. Fase Guaraci, PR 33. Rio Portinho, RJ 34. Fase Sernambitiba, RJ - A.D. 1380 ± 100 (SI-438).
35. Fase Itaocara, RJ - A.D. 1400 - 1500.
36. Fase Ipuca, RJ - A.D. 1200 - 1400,
41
37. Fase Itabapoana, RJ - A.D. 1600.
Subtradição Pintada
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
Fase Irapuã, RS - A.D. 730 ±120 (SI-708).
Fase Itacirá, PR Fase Guajuvira, PR - A.D. 1500 - 1600.
Fase Condor, PR - A.D. 885 ± 95 (SI-695) a A.D. 1410 ± 60 (SI-697).
Fase Umuarama, PR - A.D. 570 ± 150 (Gsy-81) a A.D. 1650 ± 115 (SI-693).
Fase Pirapó, PR Fase Cambará, PR - A.D. 755 ± 80 (SI-1009) a A.D.1190 ± 50 (SI-140).
Fase Ibiti, SP Itapeva, SP - A.D. 760 ± 10-20% (USP- term.) a A.D. 980 ± 10-20% (USP term.).
10.Angatuba, SP - A.D. 410 ± 10-20%(USP - term.) a A.D. 970 ± 10-20%(USPterm.)
11. Rio Claro, SP 12.Fase Guaratiba, RJ (ou fase Jequié, RJ) - A.D. 980 ±100 (SI-433) a A.D. 1150 ±
100 (SI-434).
13. Fase Governador, RJ 14. Praia Grande, RJ 15. Fase Belvedere, MG - Século XI.
16. Ilha Solteira, SP 17.Fase Iporá, GO - A.D. 1330 ± 55 (N-2351) a A.D. 1440 ± 75(N-2352).
Subtradição Escovada
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
Fase Paranhana, RS Fase Ipira, RS/SC - A.D. 1400 - 1500.
Fase Sarandi, PR Ciudad Real, PR Fase Caloré, PR Fase Tibagi, PR Fase S. Inácio Fase Loreto-
42
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Emílio Goeldi 6, Belém, 1967; n°2, idem 10, 1969; n° 3, idem 13, 1969; n°4, idem 15, 1971; n° 5, idem 26, 1974.
I I I S e mi n á r i o Go i a n o d e Ar q u e o l o g i a
Relação dos Presentes
Aziz Nacib Ab'Saber, Dr - Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.
Nanci Vieira de Oliveira Aguiar - Museu Nacional, UFRJ, Rio de Janeiro,
RJ.
Wilson Aguiar Filho - Museu Nacional, UFRJ, Rio de Janeiro, RJ.
Marcos A.G. de Mattos de Albuquerque - Universidade Federal de
Pernambuco, Recife, PE.
Ruth Trindade de Almeida- Universidade Federal da Paraíba Campina
Grande, Pb.
Fernando Altenfelder Silva, Dr. - Universidade de São Paulo, Rio Claro,
SP.
Fernanda de Araujo Costa - Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, PA.
Altair Sales Barbosa - Universidade Católica de Goiás, Goiânia, Go.
Ítala Irene Basile Decker - Instituto Anchietano de Pesquisas, São
Leopoldo, RS.
Maria da Conceição de M.C. Beltrão - Museu Nacional, UFRJ Rio de
Janeiro, RJ.
Solange Bezerra Caldarelli - Instituto de Pré-História, USP, São Paulo, SP.
Eliana Teixeira de Carvalho - Instituto de Arqueologia, Rio de Janeiro, RJ.
Walter Castilho da Rocha - Rio de Janeiro, RJ.
Alice Aguiar Cavalcante - Universidade Federal de Pernambuco, Recife,
PE.
52
Ondemar Ferreira Dias Junior, Dr. - Instituto de Arqueologia Brasileira,
Rio de Janeiro, RJ.
Alroino B. Eble - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianopolis,
SC.
Jussara Louzada Ferrari - Instituto Anchietano de Pesquisas, São Leopoldo,
RS.
Vicente Giancotti Tassone, Dr.-Museu "Camara Cascudo", ' UFRN, Natal,
RN.
Antônio F.M. Gomes - Centro de Arqueologia Brasileira, Rio de Janeiro,
RJ.
Niède Guidon, Dr. - Musee de 1'Homme, Paris, France.
Osvaldo Raimundo Herédia, Dr. - Museu Nacional, UFRJ, Rio de Janeiro,
RJ.
Afonso Imhof - Museu Arqueológico do Sambaqui, Joinville, SC.
Rosana Scherer Keller - Instituto Anchietano de Pesquisas São Leopoldo,
RS.
Eliseth Tavares de Lacerda - Rio de Janeiro, RJ.
A.F.G. Laroche - Museu "Câmara Cascudo", UFRN, Natal, RN.
Lourival J. Leite - Instituto Paulista de Arqueologia, São Paulo, SP.
Jeannette Maria Dias de Lima - Recife, PE.
Alfredo A.C. Mendonça de Souza - Faculdades Integradas Estácio de Sa,
Rio de Janeiro, RJ.
Maria Arminda Castro Mendonça de Souza - Rio de Janeiro, RJ.
Tom O. Miller Junior, Dr. - Museu "Câmara Cascudo", UFRN, Natal, RN.
Avelino Fernandes de Miranda - Universidade Católica de Goiás, Goiânia,
GO.
Sílvia Moehlecke - Instituto Anchietano de Pesquisas, São Leopoldo, RS.
Rosita de Paula Xavier Moro - Rio de Janeiro, RJ.
Acary de Passos Oliveira - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO.
Eutália Raposo Pons - Rio de Janeiro, RJ.
André Prous, Dr. - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte,
MG.
Rosilda Loyo Rego - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE.
Maira Barberi Ribeiro - Universidade Católica de Goiás, Goiânia, GO.
Lígia Maria Miranda Santiago - Instituto Anchietano de Pesquisas, São
Leopoldo, RS.
Pedro Ignácio Schmitz,Dr. - Instituto Anchietano de Pesquisas, São
Leopoldo, RS.
Paulo Roberto Seda - Instituto de Arqueologia Brasileira, Rio de Janeiro,
RJ.
Maura Imázio da Silveira - Rio de Janeiro, RJ.
Mário Ferreira Simões - Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, PA.
Iluska Simonsen - Rio de Janeiro, RJ.
53
Gabriela Martins Souto Maior, Dr, - Universidade Federal de
Pernambuco,Recife, PE.
Dorath Pinto Uchôa, Dr. - Instituto de Pre-História; USP, São Paulo, SP.
Doroxides Inácia Vicente - Goiânia, GO.
Irmhild Wüst - Universidade Católica de Goiás, Goiânia,GO
54

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