Veículos Pesquisados
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Veículos Pesquisados
Edição número 2013 terça-feira, 27 de março de 2012 Fechamento: 09h00 Veículos Pesquisados: Clipping CUT é um trabalho diário de captação de notícias realizado pela equipe da Secretaria Nacional de Comunicação da CUT. Críticas e sugestões com Leonardo Severo ([email protected]) Isaías Dalle ([email protected]) Paula Brandão ([email protected]) Luiz Carvalho ([email protected]) William Pedreira ([email protected]) Secretária de Comunicação: Rosane Bertotti ([email protected]) Estadão.com __________________________________________________________________ Câmara prepara nova derrota ao governo Deputados devem aprovar liberação da venda de terras para empresas com capital estrangeiro Marta Salomon (Política) Um acordo selado na comissão especial da Câmara que trata da compra de terras por estrangeiros é a próxima derrota anunciada do governo. Pelo acordo, deputados vão aprovar o fim de restrições a empresas brasileiras com maioria de capital estrangeiro, impostas por parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) em agosto de 2010. A votação está marcada para esta quarta-feira, 28. O parecer foi editado depois de uma década de falta de controle sobre a compra de terras por empresas estrangeiras - e consequentemente sobre negócios com imóveis rurais fechados por estrangeiros. A avaliação da AGU fazia parte de um movimento maior deflagrado no final do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para impedir o avanço de estrangeiros sobre terras no País, motivado pela crise na produção de alimentos e a busca de lucros com a produção de etanol. Esse movimento foi contido, até aqui, por um forte lobby que une empresas do agronegócio e integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária. São os ruralistas, mais uma vez, que ameaçam derrotar o governo Dilma Rousseff na Câmara, como aconteceu no projeto aprovado na semana passada para a criação de territórios indígenas, áreas quilombolas ou unidades de conservação. Articulação. Nesta quarta-feira, segundo previsão do relator Beto Faro (PT-PA), não haverá como deter a aprovação de proposta que põe abaixo a interpretação dada por parecer assinado pelo ministro Luís Inácio Adams, da AGU. O presidente da comissão especial na Câmara que trata da compra de terras por estrangeiros, Homero Pereira (PR-MT), insiste em que o objetivo do acordo é garantir investimentos estrangeiros, principalmente na área de cultivo de florestas e no setor de energia limpa. “Vamos votar isso no âmbito da comissão e garantir que o assunto siga adiante”, disse Pereira. Ele estranha que o governo não tenha apresentado nenhuma proposta de negociação com os deputados, embora a votação tenha sido suspensa no fim do ano passado para debate com a Casa Civil. Procurada pelo Estado, a Casa Civil não confirmou o fechamento de uma proposta do Palácio do Planalto sobre limites para compra de terras por estrangeiros. Esse projeto de lei está em estudo no governo há mais de dois anos e sua versão mais recente previa limites ainda maiores aos negócios. Limites. Atualmente, a compra e o arrendamento de terras no País por estrangeiros estão limitados a 50 módulos de exploração indefinida, medida que varia de 5 a 100 hectares, dependendo da região. A partir de 3 módulos, as pessoas físicas ou empresas estrangeiras, assim como as empresas brasileiras com capital estrangeiro, precisam de autorização prévia do governo. Esses limites foram impostos por lei de 1971, mas deixaram de valer por uma década para as empresas brasileiras de capital estrangeiro. __________________________________________________________________ Liderança do MST é assassinado em Pernambuco Angela Lacerda (Política) Atuante há 10 anos no Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) em Pernambuco, Antonio Tiningo, 37 anos, foi assassinado com um tiro na cabeça na tarde da sexta-feira (23), no município de Jataúba, no agreste pernambucano. Ele foi alvo de uma emboscada quando dirigia uma moto. Sua mulher estava na garupa, mas não foi atingida. De acordo com a polícia, dois homens encapuzados dispararam contra o líder sem-terra. "Foi um crime de execução sumária", afirmou o delegado do município, Júlio César Porto. O MST aponta o proprietário da Fazenda Ramada, que foi ocupada pelos sem-terra há três anos, no mesmo município, como mandante do crime. De acordo com o coordenador do MST em Pernambuco Jaime Amorim, Tiningo já havia prestado queixa à polícia, denunciando ameaça de morte feita pelo proprietário da fazenda, conhecido como Brecha Maia. De acordo com o movimento, o empresário expulsou os sem-terra ao comprar a área, no ano passado, sem ordem judicial. As famílias reocuparam a fazenda em fevereiro deste ano e deste então vinham sofrendo intimidações e ameaças de serem retirados à força da propriedade. O delegado Porto afirmou que a polícia trabalha com duas hipóteses. Além de investigar a denúncia do MST, que aponta para o proprietário da terra, ele quer averiguar se o assassinato teve alguma ligação com a chacina ocorrida em fevereiro de 2009, quando trabalhadores sem-terra assassinaram quatro seguranças da Fazenda Jabuticaba, no município de São Joaquim do Monte. O confronto ocorreu quando os sem-terra tentaram ocupar pela segunda vez a propriedade que havia sido reintegrada dois dias antes. Antonio Tiningo saía do acampamento da Fazenda Açucena, onde vivia, em direção à Fazenda Ramada, ambas em Jataúba, quando foi emboscado, de acordo com o MST. Os agressores o teriam atingido com um primeiro tiro e mandaram sua mulher sair do local, antes de o executarem. Ele deixou dois filhos adolescentes. Jaime Amorim destacou o clima de violência agrária no Estado e pede um delegado especial para investigar o caso. "Queremos punição e desapropriação da fazenda Ramada", afirmou ele. O MST também quer a presença do ouvidor agrário Gercino Filho, visando a debater e buscar soluções para os conflitos envolvendo a terra na região. __________________________________________________________________ Celpa: administrador funcionários avalia como pagará atrasados a Reuters (Economia) O administrador da recuperação judicial da Celpa está avaliando alternativas jurídicas para que seja realizado o pagamento de uma remuneração atrasada aos funcionários da concessionária, e pretende dar um posicionamento sobre o tema à juíza responsável pelo processo na terça-feira. "Eu sou muito sensível à questão trabalhista. Estamos avaliando alternativas jurídicas para que seja efetuado o pagamento", disse o administrador Mauro Santos, à Reuters. "Mas o primeiro ponto é saber se existe dinheiro, não adianta liberar se os bancos recorrerem", disse ao se referir aos credores da empresa do grupo Rede Energia, que tem uma dívida total de cerca de 2 bilhões de reais, segundo balanços da empresa. A empresa está impossibilitada de pagar as parcelas atrasadas do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) aos funcionários diante do processo de recuperação judicial e depende de uma decisão da juíza Maria Filomena Buarque. Na semana passada, o Sindicato dos Urbanitários do Pará, que representa os funcionários da Celpa, realizou uma paralisação de 72 horas em manifestação quanto ao atraso do pagamento das parcelas e também em protesto em relação à gestão da companhia. O sindicato tem expectativa de que uma decisão da Justiça ocorra nesta semana e não descarta nova paralisação caso isso não ocorra. Os trabalhadores realizam a próxima assembleia na próxima sexta-feira (30). Os valores devidos pela Celpa aos trabalhadores são estimados entre 7 milhões e 8 milhões de reais - considerando o PCCS e os valores de reajustes referentes ao Plano Bresser. CRÉDITOS As divergências entre os valores de dívida apresentados pela Celpa e aqueles declarados pelos credores serão avaliados nos próximos 45 dias para depois serem publicados, segundo o administrador judicial Mauro Santos. Os credores da Celpa tinham até a última sexta-feira (23) para apresentar as habilitações ou divergências quanto aos créditos apresentados pela empresa em edital publicado no Diário de Justiça do Pará, em 8 de março. O administrador irá agora avaliar os valores declarados e o tipo de classificação dos créditos. A Eletrobras é uma das principais credoras da empresa na qual detém cerca de 34 por cento de participação. __________________________________________________________________ Ano de 2011 registra 73,6 mi de vínculos empregatícios Número refere-se somente à quantidade de contratações feitas em 2011; estoque de empregados com carteira assinada deverá ser conhecido no final de maio Célia Froufe (Economia) O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) recebeu informações sobre o mercado de trabalho em 2011 de 8,3 milhões de empresas. Ao longo do ano, foram registrados 73,6 milhões de vínculos empregatícios, considerando o balanço mais recente, feito pela Pasta para a Agência Estado. Este não é, porém, o saldo total de trabalhadores do setor privado e de órgãos públicos do ano passado. Trata-se somente da quantidade de contratações feitas em 2011. Muitos trabalhadores passam por mais de uma empresa por ano e, por isso, o estoque de empregados com carteira assinada deverá ser conhecido apenas no final de maio, quando o MTE divulgará a Relação Anual de Informações Sociais (Rais). Esses dados sobre o mercado de trabalho divulgados agora pelo ministério são parte da Rais. Levando-se em conta o levantamento de 2010 mais o estoque de trabalhadores formais contabilizados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de 2011, do Ministério do Trabalho, esse total deve estar próximo de 37 milhões de pessoas. O volume de empresas que passaram informações ao governo até a última sextafeira, prazo final para isso, foi maior do que o observado no ano passado, em um total de 7,7 milhões de estabelecimentos. Com os dados em mãos, o MTE fará agora a análise das informações. A Rais é o único instrumento do governo para identificação, por exemplo, dos trabalhadores ao Abono Salarial. Todos os estabelecimentos devem declarar a Rais. A entrega é isenta de tarifas até o prazo final. A partir desta segunda-feira, ficam sujeitas a multas a partir de R$ 425,64, que podem subir mais R$ 106,40 por bimestre de atraso. Folha de S.Paulo __________________________________________________________________ Painel Vera Magalhães (Poder) Bem a calhar O PT vai usar os desdobramentos da Operação Monte Carlo, que prendeu o empresário de jogos Carlos Cachoeira, para desgastar o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Senadores e deputados petistasmudaram o tom e pasaram a cobrar explicações de Demóstenes Torres (DEM-GO) e de Gurgel -que teria ciência das ligações do senador com Cachoeira desde 2009. "O PT não perdoa as alegações finais do Gurgel no mensalão. Virou fixação", diz um parlamentar. A ideia é minar a credibilidade do procurador-geral para que ele chegue enfraquecido ao julgamento do principal escândalo do governo Lula, que pode ocorrer neste ano. Níqueis Carlos Cachoeira já havia tentado contratar Márcio Thomaz Bastos antes de chamar Ricardo Sayeg para defendê-lo. O acerto, na época, não ocorreu porque o empresário achou os honorários advocatícios do ex-ministro muito salgados. Férias frustradas O STF (Supremo Tribunal Federal) discute proposta levantada internamente para que seja suspenso o recesso de julho e haja uma convocação exclusiva para os ministros julgarem o processo do mensalão. Tarde demais Advogados de réus do mensalão dizem que é vencida a discussão sobre se o ministro Dias Toffoli vai alegar suspeição no julgamento. Ele já atuou no processo, em decisões monocráticas e colegiadas. Camarada Chamou a atenção o entusiasmo de Gilberto Carvalho (Secretaria Geral) nos 90 anos do PC do B, no Rio, sábado. Comunistas disseram que o ministro cantou a Internacional inteira, com o braço erguido. Social A representante do governo Obama para relações intergovernamentais, Reta Jo Lewis, estará no Brasil até 3 de abril para contatos com governos estaduais, às vésperas da ida de Dilma Rousseff aos EUA. Visitará Rio, São Paulo, Porto Alegre, Manaus e Belo Horizonte. Bússola 1 Em incursão ontem pelo Itaim Paulista, bairro da zona leste que confundiu com o Itaim Bibi em novembro, Fernando Haddad passou por nova saiajusta. Em visita ao Hospital Geral, o petista perguntou ao diretor o que a prefeitura estava fazendo pela unidade. Bússola 2 Surpreso, foi informado de que se tratava de serviço estadual, gerenciado pela Casa de Saúde Santa Marcelina. O hospital municipal gerido pela mesma organização fica na Cidade Tiradentes, a 15 km dali. Dama de ferro Um dos principais tópicos da reunião de sábado do conselho político de Haddad será a entrada de Marta Suplicy na campanha. A avaliação é que, sem Lula à disposição, a presença da senadora se tornou mais importante nessa fase. Mapa astral Cotado tanto para integrar a coordenação da campanha de José Serra quanto para concorrer a vereador, o secretário Andrea Matarazzo (Cultura) pediu audiência com Geraldo Alckmin para definir seu futuro. Para sair à Câmara, tem de deixar a pasta até abril. Azarão No rescaldo das prévias, os tucanos diziam ontem que a surpresa foi a boa votação de Ricardo Trípoli. Aliados de Serra esperavam que, com a deserção de parte do grupo do deputado, ele não chegasse a 10%. Grid O deputado estadual Carlos Giannazi venceu as prévias paulistanas do PSOL e fez 62 delegados para a Conferência Eleitoral do dia 31. Ivan Valente, presidente nacional da sigla, fez 58 delegados, e Odilon Guedes, 7. __________________________________________________________________ Planalto avalia votar Código Florestal, mas ameaça veto Acordo prevê que Dilma barre pontos que seriam danosos ao meio ambiente Intenção era adiar tema para depois da Rio +20, em junho, mas bancada ruralista faz pressão para votação imediata Claudio Angelo e Maria Clara Cabral (Poder) Sem força para adiar a votação da reforma do Código Florestal para depois da conferência Rio +20, em junho, o governo aceita tratar já o tema na Câmara, mas para isso costura um acordo. A ideia é liberar a votação do texto do relator, Paulo Piau (PMDB-MG), deixando à presidente Dilma Rousseff a tarefa de vetar os pontos considerados mais danosos ao meio ambiente. Os ruralistas ameaçam não votar a Lei Geral da Copa enquanto o código não for analisado, o que tem gerado paralisia na Câmara, evidenciando a crise com a base aliada. O objetivo inicial do governo era protelar a votação para tentar reunir maioria em favor do texto aprovado no Senado. O Planalto argumenta que o relatório dos senadores é o mais próximo que se chegou de um consenso entre ruralistas e ambientalistas. A bancada do agronegócio, porém, diz que o texto do Senado prejudica os pequenos agricultores. Quer, por exemplo, ser desobrigada de cumprir percentuais de recuperação de florestas em margens de rio e é contra formulações gerais do texto que, segundo eles, dão caráter excessivamente ambiental ao código. Das cerca de 30 alterações ao texto do Senado, o governo aceita quatro, segundo a Folha apurou, entre elas retirar essas formulações. Outra mudança seria suprimir a necessidade de manter ao menos 20 m² de área verde, por pessoa, no avanço da urbanização sobre as áreas. A votação pode ocorrer no dia 10. No dia seguinte, vence o decreto que suspende as multas a desmatadores. A ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) negou que haja acordo, mas disse que o governo não vê dificuldade em prorrogar a suspensão de multas. __________________________________________________________________ Lula ironiza vitória de tucano e diz que Serra não dará 'passeio' Ex-presidente fez piada para aliados com 'empolgação' do PSDB devido à prévia vencida pelo ex-governador Petista acredita que a eleição vai privilegiar o 'novo', mas manifesta preocupação com Haddad, que só tem 3% Catia Seabra e Natuza Nery (Poder) O ex-presidente Lula afirmou a interlocutores que eles estão enganados se pensam que a campanha de José Serra (PSDB) à Prefeitura de São Paulo será um "passeio". O Datafolha aponta o tucano como favorito, com 30%, enquanto Fernando Haddad ainda não rompeu a marca dos 3% de intenções de voto. Lula ironizou a "empolgação" do PSDB com um candidato escolhido na prévia da sigla com "só" 52% dos votos. Em conversas reservadas, Lula diz que Serra, apesar de líder das sondagens, tem imagem desgastada e alta rejeição. Para ele, a disputa deste ano privilegia o "novo". Sua avaliação não exclui preocupação com a performance de Haddad. O PT desconhece o estilo e o potencial de seu candidato. O baixo desempenho do petista nas pesquisas também não ajuda a atrair adesões de partidos para ampliar o tempo de TV. Esse é o caso do PSB. Ligada ao PSDB em São Paulo e ao PT no plano federal, a legenda é cortejada pelos dois lados, mas não quer correr o risco de se envolver prematuramente numa campanha que pode não decolar. No domingo, Lula se reuniu com o presidente do PSB, o governador Eduardo Campos, e ouviu dele dois compromissos: não vai aderir à chapa do tucano e voltará a conversar sobre uma possível dobradinha a partir de maio. Em entrevista à Folha, Serra disse, porém, que há possibilidade de aproximação com PSB e PC do B, outro parceiro tradicional dos petistas. Lula, em fase final de um tratamento contra um câncer na laringe, está retomando aos poucos as costuras eleitorais pró-Haddad. Mas só entrará para valer na campanha após os 20 dias de férias programados para abril, quando pretende descansar em uma praia. Ele tem dito acreditar em um segundo turno entre Serra e Haddad. Nesse caso, Lula ambiciona o apoio ao petista de Gabriel Chalita (PMDB). Em diálogos com o partido, Lula diz que, se bem explorado, o abandono da prefeitura em 2006 fará com que Serra perca tempo para convencer o eleitor de sua disposição de cumprir o mandato. __________________________________________________________________ DEM já estuda possibilidade Demóstenes (Poder) de expulsar o senador O futuro do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) depende da abertura de ação da Procuradoria-Geral da República sobre sua ligação com Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso na Operação Monte Carlo, que desmontou quadrilha que explorava caça-níqueis. O senador aparece em 300 conversas telefônicas com o empresário. Se o procurador-geral Roberto Gurgel pedir abertura de inquérito, a cúpula do DEM analisará o que fazer. Reservadamente, integrantes da sigla já cogitam sua expulsão. O DEM cobrou uma posição de Gurgel: "Se o procurador pedir a abertura de inquérito é ruim", disse o presidente do DEM, senador José Agripino (RN): "Mas é preciso dar direito de defesa ao Demóstenes". "O caso é grave", disse o senador Pedro Taques (PDT-MT), que antes defendera o colega. __________________________________________________________________ Governo lança desânimo novos estímulos à indústria para conter Fazenda prorroga redução de impostos para linha branca e estende benefício a móveis, pisos laminados e luminárias Projeções do BC indicam que economia continuou devagar no início do ano e frustram equipe econômica Lorenna Rodrigues, Sheila D’Amorim e Valdo Cruz (Poder) A equipe econômica da presidente Dilma anunciou ontem novas medidas de estímulo à indústria, numa tentativa de reverter sinais de que a economia continuou com o pé no freio em 2012. Projeções divulgadas ontem pelo Banco Central indicam que a atividade econômica sofreu recuo de 0,13% em janeiro, depois de ficar praticamente estagnada no segundo semestre de 2011. Horas depois de o BC divulgar o número, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou novas reduções de impostos para a indústria, setor que mais tem sofrido com o esfriamento da economia. O governo prorrogou por mais três meses o corte do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos eletrodomésticos da chamada linha branca (geladeira, fogão, máquina de lavar e de secar), em vigor desde o fim do ano. O governo também reduziu até junho o IPI para fabricantes de móveis, pisos laminados e revestimentos, e lustres e luminárias, três setores que se queixam de dificuldades para competir com produtos importados. Móveis e laminados tiveram a alíquota de IPI zerada. A alíquota cobrada do papel de parede foi reduzida de 20% para 10%, e o imposto de luminárias e lustres cairá de 15% para 5%. O anúncio foi feito momentos antes de um encontro do ministro com representantes da indústria na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Mantega diz ter cobrado da indústria garantias de que os empregos nos setores beneficiados serão mantidos. "A contrapartida é que não pode haver demissão", disse. O governo informou que as medidas de estímulo anunciadas ontem representam uma renúncia de R$ 489 milhões para os cofres públicos. Os setores escolhidos pelo governo representam uma fatia pequena da produção industrial brasileira, equivalente a menos de 3% do total, de acordo com dados do IBGE. Na semana passada, Dilma participou de uma reunião com 28 banqueiros e empresários e prometeu empenho do governo para defender a indústria nacional. O ministro também anunciou a inclusão das indústrias exportadoras, de autopeças, aviação e naval no rol de setores beneficiados com medidas de desoneração da folha de pagamento. As novas projeções do BC frustraram as expectativas da equipe econômica, que acreditava que a redução das taxas de juros e outras medidas adotadas desde o ano passado para reanimar a economia seriam suficientes para fazer a atividade recuperar o ritmo no início deste ano. A avaliação foi que a queda de 0,13% em janeiro em comparação com dezembro poderia aumentar o desânimo dos agentes econômicos e que, por isso, era necessário reagir. Daí a decisão de anunciar ontem as novas medidas, que já estavam em estudo. Para analistas, a força da demanda doméstica, impulsionada pelo aumento do salário mínimo em janeiro, impediu um recuo mais acentuado. "Enquanto a produção industrial caiu forte em janeiro, outras coisas compensaram, como as vendas no varejo e o mercado de trabalho", disse Rafael Bacciotti, da consultoria Tendências. Segundo sondagem divulgada pelo BC ontem, analistas do mercado financeiro reduziram suas projeções para o crescimento da economia neste ano de 3,3% para 3,23%. __________________________________________________________________ Greve em Jirau e Santo Antônio é mantida Operários que trabalham na construção das duas hidrelétricas reivindicam reajuste de 30%; empresas propõem 5% Justiça do Trabalho já declarou ilegais as duas paralisações; Polícia Civil vai investigar supostos crimes Felipe Luchete (Mercado) Os trabalhadores das usinas de Jirau e de Santo Antônio, em construção no rio Madeira (RO), decidiram ontem continuar em greve. Eles reivindicam reajuste salarial de 30%, diminuição da jornada de trabalho (de 44 para 40 horas), aumento da cesta básica e plano de saúde extensivo para toda a família, além de outros pontos. Os operários recebem entre R$ 800 e R$ 1.400, diz o sindicato da categoria -os valores são iguais ou pouco acima do piso estadual. Segundo o Sticcero (sindicato da construção civil), as empresas apresentaram até agora proposta para reajustar em 5% os salários e pagar os dias parados, mas os funcionários não aceitaram. As obras, de empresas diferentes, fazem parte do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Em Jirau, a Camargo Corrêa tem a maior parte dos funcionários. Em Santo Antônio, o movimento atinge operários da Odebrecht. Juntas, as usinas abrigam em torno de 35 mil operários. A Justiça do Trabalho já declarou as duas greves ilegais, estabelecendo multa ao sindicato. O vice-presidente do Sticcero, Altair Donizete de Oliveira, disse que a decisão da greve é dos trabalhadores. A Folha visitou o canteiro de Jirau na sexta-feira, com representantes da Camargo Corrêa. A maioria dos trabalhadores ouvidos pela reportagem reclamou dos salários e disse que as horas extras não são pagas corretamente. A Camargo Corrêa afirmou que paga salários acima do piso estadual e que remunera as horas extras de acordo com o controle de frequência de cada trabalhador. A paralisação não é consensual. Alguns disseram que só voltarão caso a empresa negocie. Outros afirmaram que preferiam trabalhar. Funcionários disseram que a greve iniciada há cerca de 20 dias foi "decretada" por um grupo armado com paus. A Polícia Civil passou a investigar supostos crimes ocorridos durante as greves, como dano ao patrimônio, ameaças e cárcere privado. O delegado Jeremias Mendes de Souza disse que identificou em Jirau líderes grevistas que ameaçaram operários que queriam trabalhar. Depois do quebra-quebra que ocorreu no ano passado em Jirau, a polícia montou um "serviço de inteligência" nos dois canteiros de obras. LAZER Em Jirau, os funcionários passam o dia em frente aos alojamentos ou em áreas de lazer. Ficam na lanchonete, jogam futebol e assistem à TV. Na sexta-feira, as salas audiovisuais mais concorridas eram as que transmitiam o filme "Duro de Matar" e a novela das 18h, da Globo. Ônibus da Camargo Corrêa permitem a entrada e a saída do canteiro de obras. Jirau fica a 120 km do centro de Porto Velho. As obras estão paralisadas. Só funcionam serviços essenciais, como alimentação e segurança. Valor Econômico __________________________________________________________________ Presidente da CUT lança plebiscito contra o imposto sindical Carlos Giffoni O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, participa às 12h desta segunda-feira de uma assembleia de trabalhadores em que será lançado o "Plebiscito Nacional contra o Imposto Sindical", em Campinas, no interior de São Paulo. Cerca de mil trabalhadores da empresa Elektro, onde será a assembleia, poderão votar a favor ou contra o tributo. O imposto sindical é descontado compulsoriamente do holerite uma vez por ano em março - de todos os trabalhadores com carteira assinada, independentemente do empregado ser sócio do sindicato. A CUT, que organiza a Campanha Nacional por Liberdade e Autonomia Sindicais, alega que esse imposto acaba sustentando sindicatos não atuantes ou fantasmas. A central sindical propõe a substituição do imposto sindical pela contribuição negocial, que seria aprovada pelos trabalhadores de uma categoria conforme a negociação coletiva conduzida pelo sindicato que a representa. __________________________________________________________________ Lula planeja retomar atividades públicas esta semana Cristiane Agostine O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva planeja retomar as atividades públicas nesta semana, se receber autorização de seus médicos. Na quarta-feira o expresidente deverá fazer exames para saber se houve remissão completa do câncer na laringe. Na sexta-feira, Lula poderá participar de um seminário organizado por seu instituto, em São Paulo, com a presença de três ministros, além de lideranças petistas. O ex-presidente já recuperou quase dois quilos dos 18 que perdeu desde o início do tratamento contra o câncer, em outubro do ano passado. Segundo relato de amigos de Lula, que foram a seu apartamento no fim de semana, o ex-presidente estava bem de saúde e conseguiu se comunicar sem queixar-se de problemas na garganta. Em encontro com políticos na noite de domingo, subiu lances de escadas três vezes e serviu whisky e pão de alho aos convidados. O petista, no entanto, está se alimentando somente com comidas leves. O ex-presidente espera apenas o aval médico para ir ao evento “Governança metropolitana – Desafios, tendências e perspectivas”, do Instituto Lula e da Fundação Perseu Abramo, do PT. Na programação estão previstas as presenças dos ministros Ideli Salvatti (Relações Institucionais), Alexandre Padilha (Saúde), Miriam Belchior (Planejamento); do presidente nacional da CUT, Artur Henrique; do governador de Sergipe, Marcelo Deda, entre outros. __________________________________________________________________ 'Grito de Alerta' desindustrialização e Gerdau protestam no RS contra Sérgio Ruck Bueno Enquanto cerca de 4 mil pessoas participavam em Porto Alegre da primeira manifestação do movimento “Grito de Alerta” contra a desindustrialização do país, organizado por entidades empresariais e de trabalhadores, o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, presidente da Câmara de Gestão do governo federal, reforçou nesta segunda-feira o coro dos descontentes com a falta de competitividade da economia brasileira. “A competitividade intramuros das empresas brasileiras é boa, mas no quadro geral (da economia) três ou quatro temas são prioritários”, disse o empresário, no fim de uma reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do Estado (CDES-RS) no Palácio Piratini, sede do governo gaúcho. Ao mesmo tempo, do lado de fora, os participantes do “Grito de Alerta” protestavam contra os estragos provocados pelos juros altos, pelo real valorizado, pela alta carga tributária no país e pela “invasão” de produtos importados, sobretudo da China. Para Johannpeter, o país precisa de maiores investimentos em educação para aumentar a produtividade dos trabalhadores, de uma reforma tributária para eliminar os impostos em cascata, da redução dos juros e dos custos de logística. Ele defendeu ainda o fim dos incentivos fiscais às importações concedidos por alguns Estados. “Não posso aceitar que os importados paguem menos impostos do que os produtos fabricados no Brasil”, afirmou o empresário, que classificou a chamada “guerra dos portos” de “artifício ilegal”. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), Luiz Aubert Neto, a manifestação desta segunda-feira em Porto Alegre é a primeira das seis já agendadas pelo movimento “Grito de Alerta”. O protesto vai se repetir na quarta-feira em Itajaí (SC); dia 3 de abril em Curitiba; dia 4 em São Paulo; dia 13 em Manaus; e dia 10 de maio em Brasília. Também será realizado em Belo Horizonte, Salvador e Recife, ainda sem datas definidas. “Cansei de fazer estudos e entregar para o governo”, disse Aubert Neto, para quem medidas temporárias como a redução de impostos sobre alguns produtos e o aumento da tributação sobre entrada de capital externo são “puxadinhos” que geram “insegurança” no setor. Segundo ele, a pressão promovida pelas entidades empresariais e de trabalhadores tem como objetivo “ajudar” o governo a promover as reformas necessárias e a estabelecer uma política permanente de apoio à indústria nacional. Sob chuva fraca, o presidente da Abimaq participou da manifestação sobre um caminhão de som, ao lado de sindicalistas como Paulo Pereira da Silva, deputado federal pelo PDT de São Paulo e presidente da Força Sindical, e Quintino Severo, secretário geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Também participaram dirigentes da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST). Pelo lado dos empresários, o ato em Porto Alegre reuniu representantes de entidades como o Sindicato das Indústrias de Máquinas Agrícolas do Estado e da seção local da Abimaq, mas o “Grito de Alerta” também é referendado por instituições como as federações das indústrias de São Paulo (Fiesp) e Minas Gerais (Fiemg) e as associações das indústrias eletroeletrônicas (Abinee) e químicas (Abiquim). A manifestação incluiu uma passeata de cerca de um quilômetro desde o largo Glênio Peres e o Palácio Piratini, reforçada por funcionários de empresas como General Motors, Stara (fabricante de implementos agrícolas), Masal (guindastes) e AGS (cilindros hidráulicos). No encerramento, após os discursos em frente ao Palácio Piratini, representantes do movimento entregaram uma pauta de reivindicações do setor ao governador Tarso Genro (PT), incluindo desde a redução dos juros, a desoneração dos investimentos, medidas de defesa comercial e o fim dos incentivos às importações. Em Brasília, eles tentarão entregar o mesmo documento para a presidente Dilma Rousseff. __________________________________________________________________ Gol suspende licença e inicia demissões Alberto Komatsu Depois de implementar um programa de licença não remunerada para pilotos e comissários (aeronautas) e abrir um processo de demissão voluntária, a Gol vai reduzir de quatro para três o número de comissários a bordo. Sindicalistas do setor aéreo têm duas avaliações sobre as recentes movimentações da empresa. O diretor de segurança de voo do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Carlos Camacho, diz que a Gol estaria preparando uma transferência de tripulantes para a Webjet, que, em média, paga salários até 20% inferiores do que os da Gol. A compra da Webjet pela Gol, sob análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), foi anunciada em outubro. "Aparentemente, esse parece ser um movimento para que a Webjet absorva tripulantes da Gol, pagando salários menores. A lei dá prazo de seis meses para que isso aconteça entre empresas de um mesmo grupo econômico", diz Camacho. Graziella Baggio, da direção do sindicato, diz que a Gol contratou mais do que poderia. Em janeiro, quando a demanda por voos domésticos cresceu 7,7% na comparação anual, o fluxo de passageiros da Gol recuou 1,7% e sua oferta aumentou 6,9%. "A Gol errou a mão na contratação. Eles superdimensionaram o quadro de trabalhadores quando tiveram problemas com a escala de tripulantes", diz Graziella. Ela se referiu a um problema com a escala de pilotos, em agosto de 2010, que acarretou em atrasos e cancelamento de voos em todo o país. A Gol confirmou ontem planos de reduzir o número de comissários a bordo. Por meio de nota, informa que recebeu homologação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para operar com três comissários no 737-700, para cerca de 140 passageiros. Em torno de 30% da frota combinada da Gol com a Webjet, ou 42 aviões, é composta por aeronaves desse tipo. A Gol não divulgou a data em que pretende fazer a redução de comissários. Segundo uma comissária da companhia, que pediu anonimato, a meta é fazer o corte em maio. Segundo essa fonte, adotar tripulações menores é uma das explicações para o processo de demissões que a Gol abriu na sexta-feira. Os funcionários que querem se desligar da Gol têm até o dia 29 para se manifestar. Camacho diz que a Gol mantém, em média, seis grupos de tripulantes para cada avião de sua frota. Como a empresa tem 42 aviões 737-700, a redução de quatro para três comissários indica que o corte somaria 252 comissários. A ideia da empresa, para ele, é demitir esses funcionários e recontratá-los na Webjet. Esse tipo de redução foi regulamentada pela Anac em meados de março de 2010. A agência informa que já aprovou redução na Webjet, para o avião 737-300, TAM (A319), e na Avianca (Fokker 100). A Gol abriu na sexta-feira um processo de demissão voluntária, depois de não ter alcançado a adesão que gostaria em um programa de licença não remunerada para pilotos e comissários. Segundo o SNA, a companhia pretendia obter a adesão de 220 tripulantes, sendo 120 pilotos e 100 comissários. O presidente do SNA, Gelson Fochesato, diz que os funcionários que aderiram a esse plano serão colocados em licença por um ano, sem garantia de estabilidade no retorno. O Ministério Público do Trabalho do Distrito Federal (MPT) viu irregularidades no programa de licenças e avalia o processo de demissões da companhia. A Gol não informa a quantidade de demissões que pretende alcançar nem o nível de adesão obtido com o programa de licença não remunerada. "Esse é o problema da Gol, ela não é transparente", afirma Fochesato. Desde o início do ano, a Gol acumula a demissão de 100 aeronautas. Segundo a companhia, trata-se de um "turnover natural", diante do quadro de 6 mil tripulantes. __________________________________________________________________ Singer, 80 anos, recomenda ao Brasil imitar a Argentina Fernando Exman O economista Paul Singer chegou, sábado, aos 80 anos de idade com um patrimônio pessoal raro: nas últimas décadas, o atual secretário de Economia Solidária do Ministério do Trabalho conviveu, trabalhou ou compartilhou sua vida acadêmica com alguns dos principais nomes da história brasileira contemporânea. Tal ativo lhe dá a segurança necessária para defender posições polêmicas. Ele demonstra entusiasmo com o atual momento do país e não faz reparo nenhum à condução da economia pelo governo Dilma Rousseff. Sustenta, por outro lado, que a política econômica argentina deveria servir de modelo ao Brasil. No âmbito político, não deixa por menos: constata que o PT, partido que ajudou a fundar, vive num impasse devido ao fato de hoje contar nos seus quadros com "políticos profissionais". Singer foi aluno do ex-ministro Delfim Netto na Universidade de São Paulo (USP). Após o golpe militar, teve de deixar a instituição e ajudou a fundar o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) com outros professores universitários, entre eles o sociólogo Fernando Henrique Cardoso. Anos depois, participou da fundação do PT e integrou a equipe que elaborou os sucessivos programas econômicos do partido. Militou ao lado do então líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva e outros personagens que mais tarde escalaram alguns dos postos mais importantes na cena política e econômica do país. Lula tornou-se presidente da República. Fernando Haddad, a quem orientou num mestrado, virou ministro da Educação e é o candidato petista à Prefeitura de São Paulo. Na Secretaria de Planejamento da prefeitura paulistana, Guido Mantega foi seu chefe de gabinete durante o governo de Luiza Erundina. Mas os dois perderam o contato. Durante o governo Lula, Singer até conseguiu marcar uma reunião com o ministro da Fazenda. Logo no início do encontro, Mantega foi interrompido por um assessor. Era um chamado do presidente e os dois nunca mais despacharam. "Ele não tem tempo. Acho que continuo amigo dele, apesar de não estarmos juntos", disse Singer em entrevista ao Valor. Mesmo assim, o professor identificado ao socialismo não economiza elogios aos integrantes da equipe econômica. Ele avalia ser este o melhor momento da história brasileira que presenciou desde sua chegada ao país, aos oito anos, após sair da Áustria com sua família por causa da ascensão nazista. Singer é um entusiasta do Brasil Sem Miséria, "resultado de um acúmulo de experiências" que tem promovido distribuição de renda e dado aos mais pobres a economia solidária como uma opção para sair da miséria. Está também animado com a possibilidade de cooperativas também passarem a ser beneficiadas pelo Super Simples. O economista classifica de exagerados os alertas de que há em curso um processo de desindustrialização no Brasil. De um lado, aponta um risco inflacionário devido à situação de "pleno emprego". Do outro, diz que a pressão sobre os salários não é muito forte. Para ele, a taxa de juros real deveria ser de 2% a 3% ao ano e a taxa de câmbio, entre R$ 2,00 e R$ 2,50. Singer já criticou a política econômica dos governos petistas, assim como também se dá a liberdade para criticar o amigo FHC. Diz, por exemplo, que a sorte do país foi FHC não ter privatizado todos os bancos públicos. Hoje, pondera, os bancos estatais são instrumentos essenciais para a redução dos juros e a elevação da oferta de crédito. Assume, porém, que "felizmente" estava enganado ao prever o fracasso do Plano Real. "A grande mudança [na política econômica] é o controle dos fluxos de capital especulativo, que são muito destrutivos. Enquanto o Antonio Palocci era o nosso ministro da Fazenda, isso não se pensava, embora o PT tenha proposto isso em campanha após campanha em que fomos derrotados", destacou. "Isso começou já no governo Lula, quando o Guido Mantega substituiu o Palocci. Com esse controle, temos condições de manter a taxa de câmbio que o governo considera necessária. Acho um absurdo o país não poder controlar o valor da própria moeda." Singer argumenta que o modelo da Argentina poderia servir de receituário para o Brasil: proteção da indústria, total controle do câmbio e um maior crescimento. "Eles fazem políticas que o PT sempre defendeu. Eu não estou sendo original. Eles têm mais força para isso, ela [Cristina Kirchner, presidente da Argentina] está afrontando o latifúndio lá, coisa que o Lula optou por não fazer aqui. A Dilma também não quis, mas agora ela tem que enfrentar por causa da questão do Código Florestal, que é muito importante", sublinhou, evitando polêmica sobre as suspeitas de maquiagem dos índices de inflação oficiais da Argentina. Singer espera que o PT se regenere. "O partido está num impasse, porque uma parte dele transformou-se em políticos profissionais, o que no inicio do PT seria visto com horror. Muita gente dentro do PT é obrigada a ganhar eleições ou está na rua da amargura", diz. O economista vê como saída a criação de limites para a reeleição de parlamentares e uma maior presença de jovens e mulheres na direção da sigla. "Isso é o normal na política brasileira: a pessoa acaba se profissionalizando na política e a partir daí o seu interesse individual o leva a fazer concessões. Os grandes ideais passam a ser secundários. É por isso que o PT acabou fazendo alianças sem nenhum critério." Secretário de Economia Solidária do Ministério do Trabalho desde 2003, Singer discorda da análise segundo a qual o PT só conseguiu chegar ao poder depois de "acalmar" o mercado financeiro com a Carta aos Brasileiros. O documento foi redigido por seu filho André, conta, jornalista assessor de Lula que depois foi nomeado porta-voz. Diz que não deu importância quando viu o texto antes de sua divulgação e acabou surpreendido com seu impacto. "Se ele (Lula) não tivesse feito isso, também ganharia a eleição." Gazeta do Povo __________________________________________________________________ Reajuste de 10% para servidores de Curitiba é aprovado Nesta terça-feira ocorre a segunda e última votação do projeto. O aumento deverá será pago no salário de abril Chico Marés A Câmara de Curitiba colocou nesta segunda-feira (26) em votação um pacote de sete projetos de lei instituindo benefícios na remuneração dos servidores da prefeitura. O reajuste salarial de 10% a todos os funcionários do município foi aprovado em primeira votação. Na terça-feira (27) ocorre a segunda e última votação do projeto. O aumento deverá será pago no salário de abril. Dentre os principais projetos, também foram aprovados pelos vereadores a incorporação de R$ 100 de gratificação no salário de todo o funcionalismo e reajustes salariais específicos para guardas municipais, médicos e dentistas. O pacote de medidas foi enviado à Câmara pelo prefeito Luciano Ducci (PSB). A prefeitura tinha pressa em aprovar os projetos porque, pela Lei Eleitoral, reajustes de servidores só podem ser concedidos até o dia 10 de abril. Insuficiente O Sindicato dos Servidores Públicos de Curitiba (Sismuc) considerou que o aumento de 10% é insuficiente. O Sismuc alega que o porcentual aprovado não vai repor as perdas salariais históricas do funcionalismo, que chegam a 19,24%. A bancada de oposição apresentou uma emenda propondo um aumento de 16%, que não havia sido votada até as 22h50. A tendência é de que fosse rejeitada. Para o líder da prefeitura na Casa, Roberto Hinça (PSD), o aumento proposto pelo município é adequado. “Nunca na história da cidade de Curitiba houve um reajuste como foi dado agora. Para se chegar a 10%, valor bem acima da inflação [de 6,5%], foi feito um grande esforço pelo chefe do Poder Executivo”, afirmou. Na avaliação de Hinça, é natural que os sindicatos peçam mais, mas a maioria dos servidores está satisfeita. Além disso, ele disse que um aumento maior poderia comprometer as contas da prefeitura. Já a vereadora Professora Josete (PT) afirmou que a prefeitura poderia superar o índice de 10%, já que gasta apenas 36% de seu orçamento com a folha de pagamento – o limite máximo, segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal, é 54%. De acordo com ela, o custo para a prefeitura da emenda apresentada pela oposição seria de R$ 180 milhões anuais, quantia que considera insuficiente para causar um impacto muito grande na administração da cidade. Protestos Parte dos servidores municipais paralisaram ontem suas atividades como protesto pela proposta de 10% de reajuste. Cerca de 100 servidores estiveram presentes na Câmara. Além de pedirem 19,24% de reajuste, eles queriam a incorporação de outras gratificações ao salário dos servidores - o que não ocorreu. Apesar de não terem todas as reivindicações atendidas, os funcionários municipais não devem entrar em greve. Diário Catarinense __________________________________________________________________ Greve dos servidores de São José, na Grande Florianópolis, completa uma semana Escolas municipais e creches estão fechadas e postos de saúde permanecem com atendimento comprometido Nesta terça-feira, a greve dos servidores de São José, na Grande Florianópolis, completa uma semana. Na cidade, desde o início da paralisação, não há aula nas escolas municipais, as creches seguem fechadas e os postos de saúde estão com atendimento comprometido. Até o momento, ainda não há previsão de acordo. A pauta dos Sindicato dos Servidores Municipais de São José tem 32 cláusulas, destas a classe, formada por quase 5 mil trabalhadores, considera 10 primordiais para as rodadas de negociações com o governo municipal. De acordo com a presidente do sindicato, Jumeri Zanett, entre os pedidos que eles não abrem mão está um ganho real e reajuste salarial de 5%, aumento no auxílio alimentação de R$8,50 para R$12, reajuste de 22% nos salários dos auxiliares de sala e a redução de carga horária de 40 horas semanais para 30 dos assistentes sociais e psicólogos. Jumeri garante que a educação é a mais atingida pelo movimento, com 90% dos servidores paralisados e na saúde a greve teria sido aderida por 70% dos trabalhadores. Neste último fim de semana uma nova proposta chegou às mãos do secretário de Administração, Erico Koenig. Segundo ele, o documento está em análise e uma contraproposta poderá ser anunciada até quarta-feira. — Um acordo tem que ser bom para as duas partes e é isso que estamos buscando— diz o secretário que preferiu não adiantar o conteúdo da contraproposta. Jornal do Commércio __________________________________________________________________ CUT lança campanha contra cobrança obrigatória do imposto sindical Da Agência Brasil São Paulo - A Central Única dos Trabalhadores (CUT) lançou ontem (26), em Campinas (SP), uma campanha nacional contra o imposto sindical. Segundo o presidente da CUT, Artur Henrique, a base da campanha é a proposta de um plebiscito nacional para saber a opinião dos trabalhadores sobre a cobrança obrigatória do imposto que, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, recolheu R$ 2,5 bilhões no ano passado. “Historicamente, a CUT é contra o imposto sindical. Quando fundamos nossa central sindical, já nos colocávamos contra esse imposto e essa estrutura sindical que mantém sindicatos sem representatividade e sindicatos de gaveta”, disse Artur Henrique à Agência Brasil. Para marcar o lançamento da campanha, a CUT fez uma assembleia, em Campinas, onde conseguiu coletar cerca de 300 assinaturas contra a cobrança do imposto, que é descontado uma vez por ano de todos os trabalhadores com carteira assinada do país. O desconto é feito sempre no mês de março, independentemente de o trabalhador ser sócio ou não do sindicato da categoria. “Depois ainda tem uma taxa, que é a taxa confederativa, e a contribuição assistencial. Está cheio de taxas a serem cobradas dos trabalhadores e nem sempre os sindicatos dão retorno no sentido de atuar ou representar bem o interesse dos trabalhadores”, ressaltou o presidente da CUT. A campanha é pela aprovação uma lei que deixe por conta dos próprios trabalhadores a decisão de contribuir com o sindicato representativo de sua categoria. “Ou seja, além da mensalidade sindical, só teria mais uma taxa que seria estabelecida em negociação coletiva, sem interferências dos estados ou dos governos”, ressaltou. “Queremos falar com o máximo possível de trabalhadores e trabalhadoras em todo o Brasil. Vamos fazer [a campanha] em praças públicas, shoppings, locais de grande concentração e nas bases dos trabalhadores, em seus locais de trabalho”, disse Artur Henrique. Agência Brasil __________________________________________________________________ CUT lança campanha contra cobrança obrigatória do imposto sindical Elaine Patricia Cruz São Paulo - A Central Única dos Trabalhadores (CUT) lançou ontem (26), em Campinas (SP), uma campanha nacional contra o imposto sindical. Segundo o presidente da CUT, Artur Henrique, a base da campanha é a proposta de um plebiscito nacional para saber a opinião dos trabalhadores sobre a cobrança obrigatória do imposto que, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, recolheu R$ 2,5 bilhões no ano passado. “Historicamente, a CUT é contra o imposto sindical. Quando fundamos nossa central sindical, já nos colocávamos contra esse imposto e essa estrutura sindical que mantém sindicatos sem representatividade e sindicatos de gaveta”, disse Artur Henrique à Agência Brasil. Para marcar o lançamento da campanha, a CUT fez uma assembleia, em Campinas, onde conseguiu coletar cerca de 300 assinaturas contra a cobrança do imposto, que é descontado uma vez por ano de todos os trabalhadores com carteira assinada do país. O desconto é feito sempre no mês de março, independentemente de o trabalhador ser sócio ou não do sindicato da categoria. “Depois ainda tem uma taxa, que é a taxa confederativa, e a contribuição assistencial. Está cheio de taxas a serem cobradas dos trabalhadores e nem sempre os sindicatos dão retorno no sentido de atuar ou representar bem o interesse dos trabalhadores”, ressaltou o presidente da CUT. A campanha é pela aprovação uma lei que deixe por conta dos próprios trabalhadores a decisão de contribuir com o sindicato representativo de sua categoria. “Ou seja, além da mensalidade sindical, só teria mais uma taxa que seria estabelecida em negociação coletiva, sem interferências dos estados ou dos governos”, ressaltou. “Queremos falar com o máximo possível de trabalhadores e trabalhadoras em todo o Brasil. Vamos fazer [a campanha] em praças públicas, shoppings, locais de grande concentração e nas bases dos trabalhadores, em seus locais de trabalho”, disse Artur Henrique. __________________________________________________________________ Pela segunda vez, Dilma veta uso de FGTS em obras da Copa Christina Machado Brasília - O Diário Oficial da União publicou ontem (26) mensagem da presidenta Dilma Rousseff enviada ao Congresso Nacional em que veta, pela segunda vez, o uso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) nas obras da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. O texto apresenta o mesmo argumento do veto anterior, segundo o qual, os empreendimentos relacionados à Copa já dispõem de linhas de crédito. O veto foi baseado em pareceres dos ministérios da Fazenda, do Planejamento e das Cidades. Segundo a mensagem, a proposta desvirtua a prioridade de aplicação do FGTS. A proposta constava do Projeto de Conversão da Medida Provisória 545, publicada hoje no Diário Oficial da União, que trata também de outros temas, como a alteração do Adicional ao Frete para a Renovação da Marinha Mercante e a criação do Programa Cinema Perto de Você. __________________________________________________________________ Projeção do mercado financeiro para inflação oficial este ano tem ligeira alta Kelly Oliveira Brasília – A projeção de analistas do mercado financeiro para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou leve alta e passou de 5,27% para 5,28%, segundo o boletim Focus, divulgado ontem (26) pelo Banco Central (BC). Para 2013, a estimativa permanece em 5,5%. Essas projeções estão acima do centro da meta de inflação de 4,5%, mas abaixo do limite superior de 6,5%.Cabe ao BC perseguir essa meta, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. Um dos instrumentos para controlar os preços é a alteração na taxa básica de juros, a Selic. Na previsão dos analistas, a Selic deve encerrar 2012 em 9% ao ano e 2013 em 10% ao ano. O boletim também traz estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), que continua em 4,59%, neste ano, e passou de 4,83% para 4,85%, em 2013. A expectativa para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) foi mantida em 4,88%, este ano, e passou de 4,95% para 4,98%, em 2013. Para o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), a projeção subiu de 4,59% para 4,64%, este ano, e permanece em 4,95%, em 2013. A estimativa dos analistas para os preços administrados foi mantida em 4%, em 2012, e em 4,5%, no próximo ano. __________________________________________________________________ Movimentos sociais se organizam para atuar de forma coesa na Rio+20 Alana Gandra Rio de Janeiro - Os movimentos sociais que terão representantes na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), programada para junho próximo no Rio, estão se organizando para tentar atuar de forma mais coesa, disse à Agência Brasil Iara Pietrikovski, do Comitê Facilitador da Sociedade Civil na Rio+20. Ela faz parte também da coordenação da Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais (Rede Brasil) e é codiretora do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc). Entre as organizações não governamentais que marcarão presença na conferência oficial da ONU e na Cúpula dos Povos, que ocorrerá paralelamente à Rio+20, no Aterro do Flamengo, Iara citou a Via Campesina, os Movimentos das Mulheres e dos Indígenas, a Rede Brasil, o Fórum Brasileiro de Organizações Não Governamentais (ONGs) e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Fboms). “São vários segmentos que fazem parte da Cúpula (dos Povos) e que estão acompanhando o processo oficial”, disse a coordenadora. Ela ressaltou que na conferência da ONU, as ONGs querem “defender radicalmente os direitos humanos e todos os princípios e tratados que foram acordados desde 1992. A gente quer uma mudança radical de paradigma”. Observou, entretanto, que cada grupo é autônomo para defender a sua posição política. “Nosso slogan básico é defesa da justiça social e ambiental, dos bens comuns e contra a mercantilização da vida. Mas cada um vai lutar de forma diferenciada”, reiterou. Iara Pietrikovski participou, no fim da semana passada, de reunião sobre a Rio+20, em Nova Iorque. Ela manifestou decepção com o que viu e ouviu. “Os governos não estão assumindo a sua postura, não estão defendendo aquilo que eles próprios foram signatários no passado”. Segundo informou, o documento para a conferência oficial está com cerca de 200 páginas. “E não há negociação”. Iara criticou os governos pela posição que vêm assumindo para a Rio+20. “É frágil, desconectada, pouco audaciosa. Não rresponde à expectativa, ao tamanho e à profundidade dos problemas que estão hoje colocados na agenda, nos três tripés: econômico, ambiental e social. Estamos, até o presente momento, muito frustrados”. Para a representante do comitê, o ideal seria que a Rio+20 estabelecesse uma série de indicadores, metas e decisões relacionados aos países ricos. “Eles têm que ser os pagadores”. Alertou que isso deveria seguir o princípio de que o país que polui, paga, o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, o princípio da precaução. “São todos princípios que deveriam estar orientando. Isso significa que o ônus maior ficaria para os países ricos. Mas eles não querem ser onerados nessa dimensão. Então, estão bloqueando qualquer coisa”. Ela advertiu que isso não significa que a posição dos países em desenvolvimento seja melhor que a das nações industrializadas. Na sua opinião, ninguém está querendo abrir mão do próprio processo. Segundo Iara, os países em desenvolvimento estão no que chamou de posição de resistência. “Porque eles querem ter o mesmo padrão, o mesmo modelo dos países ricos. Só que (é) um padrão insustentável”, concluiu. G1 __________________________________________________________________ Centrais sindicais realizam 'desindustrialização' no RS protesto contra Integrantes de centrais sindicais reclamam de desaceleração em empregos. Mobilização teve início às 13h desta segunda no Centro de Porto Alegre. Uma mobilização de centrais sindicais teve início às 13h desta segunda-feira (26) no Largo Glênio Peres, Centro de Porto Alegre, informou a Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). Parte dos manifestantes também empunham bandeiras da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Logo depois, o grupo se dirigiu para o Palácio Piratini, sede do governo do Rio Grande do Sul. Segundo a CTB, a ação visa contestar a desaceleração do número de novos empregos e o fechamento de postos de trabalho, devido à “desindustrialização” do Brasil. Agência Câmara __________________________________________________________________ Audiência discutirá trabalho doméstico e a Convenção 189 da OIT A Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público realizará nesta terçafeira (27) audiência pública sobre o trabalho doméstico no Brasil e a Convenção 189 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A convenção, aprovada em 16 de junho de 2011, em Genebra (Suíça), normatiza as condições dos trabalhadores domésticos no mundo inteiro, equiparando seus direitos com os demais trabalhadores. Para ser aplicável aos trabalhadores brasileiros, a convenção tem que ser ratificada pelo Congresso Nacional e, para isso, a Constituição precisará ser alterada. Isso porque, no Brasil, o rol de direitos previstos para os trabalhadores domésticos é menor do que aquele previsto para os demais trabalhadores. Já está em tramitação proposta de emenda à Constituição com esse objetivo. O debate foi proposto pelo deputado Sebastião Bala Rocha (PDT-AP). Foram convidados: representantes dos ministérios do Trabalho e da Previdência; - a presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho, Rosangela Silva Rassy; - o presidente da Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (Anamatra), Renato Sant'Ana; - a diretora do Escritório da OIT no Brasil, Laís Wendel Abramo; - o presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Antônio de Oliveira Santos; - o representante da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT) Sebastião Vieira Caixeta; - o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique da Silva Santos; - o presidente do Portal Doméstica Legal, Mario Avelino. A reunião será realizada às 10 horas, no Plenário 12. Agência Senado __________________________________________________________________ Distribuição dos rendimentos do FGTS volta a ser debatida nesta quinta A distribuição do resultado financeiro do FGTS é tema, pela segunda vez, de audiência pública da Subcomissão Temporária do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, nesta quinta-feira (29), às 14h30. O objetivo da subcomissão é avaliar meios de melhorar a remuneração das contas do FGTS sem reduzir sua capacidade de investimento em habitação, saneamento e infraestrutura. No último debate, realizado na quinta-feira passada (22), o representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no conselho curador do FGTS nos últimos quatro anos, Jacy Afonso de Melo, foi o único debatedor a defender, sem reservas, projeto de lei do Senado que estabelece a distribuição da rentabilidade das aplicações do fundo entre as contas individuais dos trabalhadores (PLS 301/2008). Participarão do encontro desta quinta representantes da Força Sindical, da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e da Caixa Econômica Federal no Conselho Curador do FGTS. Carta Maior __________________________________________________________________ CUT lança plebiscito contra imposto sindical O tema divide o movimento sindical brasileiro. Das centrais reconhecidas pelo governo, apenas a CUT, maior delas, é contrária ao modelo atual, que prevê o desconto compulsório de um dia de trabalho do contracheque de todos empregados com carteira assinada, sejam eles sindicalizados ou não. Só em 2011, a cobrança de imposto sindical rendeu R$ 2,5 bilhões, divididos entre as seis centrais, os cerca de 14,2 mil sindicatos e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Najla Passos A Central Única dos Trabalhadores (CUT) lança, nesta segunda (26), o Plebiscito Nacional contra o Imposto Sindical. O objetivo da maior central sindical do país é acabar com a cobrança compulsória do tributo, correspondente ao valor de um dia de trabalho, descontado anualmente de todos os empregados com carteira assinada do país, sindicalizados ou não, sempre no mês de março. A proposta da CUT é que a contribuição compulsória, prevista pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de 1943, seja substituída pela negocial, a ser definida nas assembléias gerais, pelos próprios trabalhadores, que poderão avaliar se o sindicato com o qual contribuem está, de fato, exercendo seu papel de representante sindical da categoria. “O atual modelo favorece a criação de muitos sindicatos interessados apenas em receber o imposto, o que leva à fragilização e subdivisão excessiva da representação dos trabalhadores. Atualmente, o Ministério do Trabalho recebe, em média, dois pedidos de criação de novos sindicatos por dia”, afirmou o secretáriogeral da CUT, Quintino Severo, à Carta Maior. Hoje, no Brasil, existem seis centrais reconhecidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e cerca de 14,2 mil sindicatos, sendo que mais de 11 mil são de categorias de trabalhadores. Só no ano passado, a cobrança compulsória do imposto sindical resultou em R$ 2,5 bilhões, divididos da seguinte forma: 60% para os sindicatos de base, 15% para federações estaduais, 5% para as confederações nacionais, 10% para as centrais e 10% para o Ministério do Trabalho. Em 2011, dentre as centrais, a CUT, que representa quase 40% dos trabalhadores sindicalizados, ficou com a maior fatia do bolo: R$ 35 milhões. contraditoriamente, é a única das seis centrais reconhecidas pelo governo que se posiciona contrária à cobrança compulsória. As demais defendem a manutenção do sistema atual. A segunda maior do país, a Força Sindical, que em 2011 recebeu R$ 32 milhões de imposto, já se posicionou terminantemente contra a mudança na forma da cobrança, com o apoio de outras três: a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a União Geral dos Trabalhadores (UGT) e a Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST). Em nota publicada no dia 2/3, as quatro centrais afirmam que “reduzir a questão do financiamento sindical à demanda pelo fim da contribuição sindical não colabora com a construção de uma alternativa democrática ao atual modelo”. Reforçam, também, a necessidade da unidade de ação entre as centrais brasileiras, que têm conquistado vitórias importantes para os trabalhadores. “Neste importante momento histórico para a classe trabalhadora, introduzir no debate o fim da contribuição sindical é uma forma de causar cizânia e um instrumento que visa enfraquecer as entidades sindicais e romper abruptamente o processo de unidade das Centrais Sindicais”. A reportagem de Carta Maior entrou em contrato com a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), que não subscreve a nota, para saber seu posicionamento sobre o tema, mas, até o fechamento desta matéria, não obteve retorno. A Central Sindical e Popular – CSP Conlutas, que ainda não atingiu o índice de representatividade necessário para ser reconhecida como tal pelo MTE, também é contrária a manutenção do sistema atual. “Somos contrários à cobrança do imposto sindical compulsório. O financiamento dos sindicatos deve ser definido pelos trabalhadores, em assembléia, sem a intermediação do estado”, afirmou Luiz Carlos Prates, o Mancha, membro da executiva nacional. Segundo ele, a prática da CSP Conlutas tem sido a de impedir a cobrança obrigatória dos trabalhadores vinculados aos seus sindicatos, inclusive via ações judiciais. Há casos também de devolução do imposto descontado. Plebiscito No plebiscito lançado pela CUT, os trabalhadores responderão a uma única pergunta: “Você concorda com o desconto anual obrigatório de um dia do seu salário?”. Várias urnas já foram instaladas em sindicatos, empresas, pátios de fábricas e locais de grande concentração. Os trabalhadores poderão se posicionar até o dia 30/4. Concluído o plebiscito, a CUT começará, já durante as atividades pelo 1º de maio, a coletar assinaturas para o projeto de lei de iniciativa popular que visa ratificar a Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), sobre liberdade sindical. A campanha vai até 2013, quando a central dará início às comemorações pelos seus 30 anos. __________________________________________________________________ Grupo realiza protestos contra torturadores em várias cidades O Levante Popular da Juventude realizou manifestações em várias capitais brasileiras na frente de residências e locais de trabalho de ex-militares e policiais acusados da prática de tortura durante a ditadura. Em São Paulo, protesto ocorreu em frente à empresa do delegado aposentado David dos Santos de Araújo, acusado pelo Ministério Público Federal de participar de torturas e assassinatos. Fábio Nassif Às vésperas da data que marca os 48 anos do golpe militar no Brasil, um grupo de jovens iniciou nesta segunda-feira (26) uma série de ações que buscam dar visibilidade à impunidade de torturadores e acusados de outros crimes durante a ditadura ainda vivos. O Levante Popular da Juventude realizou "escrachos" em algumas capitais do país, como forma de denunciar os acusados desses crimes na frente de suas casas ou empresas. O pano de fundo das manifestações é o início dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade, que ainda não foi instaurada pela presidenta Dilma Roussef (PT). Além de recentes pronunciamentos do Clube Militar contrários à comissão, os militares ensaiam realizar diversas “comemorações”, o que acirra mais o embate. Na capital paulista, cerca de 150 jovens, que apoiam a Comissão e pedem julgamento dos torturadores, se concentraram na frente da empresa de segurança Dacala, na avenida Vereador José Diniz. O dono é o delegado aposentado David dos Santos de Araújo, acusado pelo Ministério Público Federal de participar de torturas e assassinatos. O “Capitão Lisboa”, como era conhecido, é acusado de ser um dos torturadores do Doi-Codi. O panfleto distribuído no ato afirma que David também é conhecido pelos estupros de filhos de pessoas que assassinou durante a ditadura civil-militar. E estampa as logomarcas da Anhanguera Educacional, Banco Safra, Banco Itaú, Jac Motors e Ford, empresas que são clientes de sua empresa de segurança. Os 70 jovens participantes do ato em Porto Alegre foram à frente da residência do coronel Carlos Alberto Ponzi, na rua Casemiro de Abreu, 619. O ex-chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI) em Porto Alegre é acusado pela justiça italiana pelo desaparecimento do militante Lorenzo Ismael Viñas, capturado ao tentar atravessar a ponte que liga Uruguaiana à Paso de Los Libres (Argentina), em 26 de junho de 1980, durante a Operação Condor. O crime foi cometido depois da assinatura da Lei de Anistia, feita em 1979. Em Belo Horizonte o grupo denunciou Ariovaldo da Hora e Silva, em sua residência na rua Biagio Polizzi, 240. Ele é acusado de torturar Afonso Celso Lana Leite, Cecílio Emigdio Saturnino, Jaime de Almeida, Nilo Sérgio Menezes Macedo e outros, quando era investigador da Polícia Federal. Segundo o livro Brasil Nunca Mais, Ariovaldo também é responsável pela morte de João Lucas Alves. Adriano Bessa, acusado de ser um delator e prestador de serviços durante o período militar, foi o alvo dos 80 manifestantes em Belém do Pará. O Levante Popular da Juventude também realizou escrachos na Bahia e no Ceará. “Comemorações” Os militares, aposentados ou não, realizarão uma série de atividades que remetem ao golpe de estado. O Círculo Militar de Campinas realizará um lançamento do livro “Médici – a verdadeira história”, com a presença do filho do ex-presidente ditador Emílio Garrastazu Médici. A atividade é organizada em parceria com o Grupo Inconfidentes, uma organização saudosista de militares. Em São Paulo, o Círculo Militar organizará uma festa no dia 31, chamada “Viagem no túnel do tempo”. O Clube Militar do Rio de Janeiro organiza o evento “1964 – A Verdade”, no dia 29. Organizações de esquerda pretendem organizar ações de contraponto a essas. Uma delas é o bem humorado Cordão da Mentira, que se concentrará no dia 1° de abril, às 11h30, no Cemitério da Consolação. “Povoemos os porões do imaginário, com tudo aquilo que a ditadura encarcerou na sua cultura! Levemos pra lá o samba dos cordões, as imagens censuradas, as bocas amordaçadas. Fantasiemos as ruas com seus símbolos de opressão! Enganemos a todos com as farsas de nossa história!”, diz o manifesto que convoca o batuque. __________________________________________________________________ Quando a vitória fragiliza e desgasta Há vitórias que desconcertam pela intrínseca dimensão crepuscular que carregam. Em geral atestam o fim de um ciclo, quando o trunfo imediato mais revela uma perda de tônus do que reafirma uma supremacia promissora. Foi um pouco esse o sabor amargo do trunfo entre aspas conquistado por José Serra na prévia deste domigo do PSDB para a escolha do candidato do partido à prefeitura de São Paulo. Ao obter apenas 52,1% dos votos, de um total 6.229 filiados que participaram do escrutínio, Serra expôs a marca dolorosa de uma rejeição intuída entre seus próprios pares. Toda a máquina do partido e a mídia amiga trabalhando a favor revelaram-se insuficientes para contornar a enorme resistência que o seu nome gera no seio do próprio conservadorismo nacional. O grande vitorioso foi a rebeldia do secretário estadual tucano José Aníbal, que se recusou a renunciar a favor de Serra, obtendo o surpreendente apoio de 31,2 % dos votantes; o deputado federal Ricardo Tripoli amealhou outros 15,7 %, cravando o 3º lugar. Os serristas não escondiam a decepção com uma vitória que mais fragiliza e desgasta do que consagra. Imaginava-se fazer da convenção uma gigantesca operação reiterativa do suposto favoristismo do candidato na disputa municipal, dando-lhe mais de 80% dos votos -"para não passar a impressão de que o partido entra dividido na corrida eleitoral". Deu-se o inverso. A vitória decepcionante entre seus pares foi o revés oposicionista mais eloquente sofrido pelo ex-governador numa disputa municipal que apenas se inicia. Ela gerou um fato político mais grave do que um eventual crescimento das intenções de voto entre os seus adversários. Por uma razão incontornável: o resultado mostrou de maneira inequívoca que a liderança de Serra sofre o peso de um teto e não tem mais horizonte de crescimento ou de apoio nem entre os tucanos. Um palavra para exprimir esse estágio é declínio; convenhamos, não soa exatamente como um bordão eleitoral empolgante e mobilizador. Rede Brasil Atual __________________________________________________________________ CUT inicia em Campinas plebiscito contra imposto sindical Cerca de mil trabalhadores da Elektro abriram o processo de votação para opinarem contra ou a favor da troca do imposto por uma contribuição negociada São Paulo – A CUT lançou ontem (26), em Campinas (SP), o plebiscito nacional contra o imposto sindical. A central irá debater o tema nos locais de trabalho, defendendo a troca do tributo compulsório pela contribuição negociada em assembleia. No primeiro encontro de trabalhadores com a finalidade de opinar contra ou a favor do imposto, cerca de mil funcionários da distribuidora de energia Elektro iniciaram o processo de votação, que vai até 30 de abril. O imposto sindical é cobrado dos trabalhadores com carteira assinada uma vez por ano, sempre no mês de março, sendo o descontado sócio ou não do sindicato. A iniciativa da CUT pretende também conscientizar quem paga o tributo, mas não sabe a destinação do valor. Com a proposta de mudança da estrutura sindical, as entidades só receberiam a contribuição caso esta fosse aprovada pelos trabalhadores em assembleia. De acordo com o presidente da CUT, Artur Henrique, a mudança vai dificultar a criação dos "sindicatos pelegos", com pouca representatividade e fracos na negociação. "Para fortalecer a negociação, é fundamental fortalecer os sindicatos, torná-los atuantes, com trabalho de base. Ou seja, é preciso acabar com os sindicatos de gaveta. O fim do imposto sindical é determinante por isso", frisou o dirigente. Os trabalhadores pagariam somente se estiverem satisfeitos com as ações do sindicato. A ratificação da Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata sobre liberdade e autonomia sindical no país, também faz parte da campanha. A central irá começar a coletar assinaturas para um projeto de lei em 1º de Maio, Dia do Trabalho. A série de mobilizações por uma nova estrutura sindical se estende até 2013, quando a central completará 30 anos. Informes __________________________________________________________________ Vicentinho defende câmaras setoriais para fortalecer indústria e mercado de trabalho O deputado Vicentinho (PT-SP) defendeu, em plenário, que o governo Dilma retome as câmaras setoriais que funcionaram, com sucesso, no início dos anos 90 para o setor de metalurgia brasileiro. O deputado lembrou que neste mês de março a presidenta Dilma Rousseff já se reuniu com as centrais sindicais para receber as reivindicações da categoria. Ela também recebeu os empresários para discutir os problemas do setor. “O mais correto para o momento é chamar empresários e trabalhadores e buscar uma solução conjunta que atenda os interesses do governo, dos empresários e dos trabalhadores”, argumentou. Na avaliação do deputado Vicentinho é possível fazer essa negociação de maneira equilibrada e transparente. “Fazer um grande acordo para evitar desemprego, evitar a quebradeira industrial, evitar a precarização dos direitos dos trabalhadores e fazer com que o País cresça com uma indústria forte que é o que nós queremos”, afirmou. O deputado Vicentinho explicou que está propondo que a presidenta Dilma volte a fazer o que foi feito há anos para evitar que o governo atenda só o clamor empresarial ou o clamor dos trabalhadores. “Os empresários querem, por exemplo, que haja a desoneração da folha de pagamento? É possível, sim, agora, que tal nós trocarmos a redução da jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas semanais pela desoneração da folha de pagamento?”, questionou. Quarenta horas semanais, lembrou Vicentinho, é uma realidade mundial. “Tem países que já trabalham 36 horas semanais”, continuou o deputado. Ele citou que no Cone Sul trabalha-se 40 horas semanais e que a OIT (Organização Internacional do Trabalho) já disse, por meio da Convenção nº 87, que a jornada ideal de trabalho para qualquer cidadão do mundo é de 40 horas semanais, no máximo. O deputado informou ainda que a proposta de redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais já foi aprovada, por unanimidade, em comissão especial aqui da Câmara”, afirmou Vicentinho, relator da matéria. Trabalhadores - Vicentinho informou ainda que as centrais sindicais também apresentaram à presidenta Dilma a proposta de não se descontar imposto sobre abono ou PLR (Participação nos Lucros e Resultados). “Aliás, tenho um projeto no sentido de que não se desconte imposto sobre o PLR nem sobre o adicional de férias que o trabalhador brasileiro recebe. Ninguém gasta o 1/3 das férias à toa. Gasta-se no consumo, e isso é bom para todos”, argumentou o deputado. Vermelho ___________________________________________________________ CUT lança campanha contra a contribuição sindical; CTB critica A Central Única dos Trabalhadores (CUT) lançou nesta segunda-feira (26), em Campinas (SP), uma campanha nacional contra a contribuição sindical. Em declaração à imprensa, o presidente da CUT, Artur Henrique, disse que a base da campanha é a proposta de um plebiscito nacional para saber a opinião dos trabalhadores sobre a cobrança da contribuição. Segundo informações do Ministério do Trabalho e Emprego, em 2011 foi recolhido R$ 2,5 bilhões referentes à cobrança. Esse valor é distribuído entre os sindicatos (que ficam com 60% do total), as federações (15%), as centrais (10%), o Ministério do Trabalho e do Emprego (10%) e as confederações (5%). Na semana passada a CUT anunciou que gastará mais de R$ 1,5 milhão em uma campanha publicitária (comerciais de TV e rádio, e anúncios em outdoors e jornais) pelo fim da contribuição. Em entrevista ao Vermelho o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, disse que com essa ação a CUT levanta uma antiga bandeira patronal. “Essa campanha é desserviço para os trabalhadores, não possui unidade no movimento sindical, pois uma ação como está só beneficia o patrão e enfraquece o movimento sindical”. Wagner explicou que a contribuição sindical equivale a um dia trabalho, e é descontada dos trabalhadores todo mês de março. “Essa campanha fragiliza os sindicatos e estigmatiza seus dirigentes perante os trabalhadores”, disse ao Vermelho. “Enquanto lutamos pelo fortalecimento das centrais, pela união dos trabalhadores, pela valorização do setor, a CUT vai na contramão e levanta uma discussão sem sentido, que não favorece os trabalhadores. Será que esta central não observa as demandas de fundo que estamos enfrentando hoje?”, questionou o dirigente. O presidente da CBT acrescentou que “enquanto as outras centrais estão preocupadas com o Brasil, com nossa indústria, com a crise aqui e nas nações amigas, como a Grécia, Portugal e Espanha, a CUT serve de quinta coluna para desviar a atenção da luta dos trabalhadores. Em que se pese, apenas a CUT e o patronato defendem está bandeira. A CTB lamenta o papel assumido pela CUT”. “A CTB possui uma longa jornada na defesa da contribuição sindical e pela unicidade das centrais. Além desse debate ser incompreensível, a atual conjuntura não permite uma discussão como essa, afinal questões como fim do fator previdenciário, redução da jornada, juros e desindustrialização são muito mais importantes do que está discussão. Isso é lamentável e a CTB repudia essa posição”, finaliza Wagner. Giro pelos blogs Arturcut.wordpress.com __________________________________________________________________ Confira o primeiro Imposto Sindical voto do Plebiscito Sobre o Fim do Voto em assembleia na empresa Elektro, em Campinas. Foto de Alencar Roberto Leia texto publicado na página da CUT sobre essa assembleia clicando aqui. __________________________________________________________________ Jovens “esculacham” torturadores em várias cidades do Brasil Publicado pelo blog levante.org.br Cerca de 150 jovens do Movimento Levante Popular da Juventude realizam um protesto contra o torturador David dos Santos Araújo, o Capitão “Lisboa”, em frente a sua empresa de segurança privada Dacala, na Zona Sul da cidade de São Paulo, na Av. Vereador José Diniz, 3700. Os manifestantes promovem um ato de escracho/esculacho contra David dos Santos para denunciar suas ações enquanto torturador do Regime Militar. O Levante Popular da Juventude realiza ações simultâneas de denúncia de diversos torturadores em várias capitais do país, que continuam impunes. Os manifestantes apoiam a Comissão da Verdade e exigem a apuração e a punição sobre os crimes cometidos pela ditadura militar. O caráter das ações, conhecida como “escracho”, baseia-se em ações similares as que acontecem na Argentina e no Chile, em que jovens fazem atos de denuncias e revelações dos torturadores que continuam soltos e sem julgamento sobre suas ações durante a Ditadura Militar. Quem é David dos Santos Araújo é assassino e torturador, de acordo com Ação Civil Pública do Ministério Público Federal. A ação registra o seu envolvimento na tortura e morte de Joaquim Alencar de Seixas. Em agosto de 2010, o Ministério Público Federal ingressou com ação civil pública pedindo o afastamento imediato e a perda dos cargos e aposentadorias do delegado da Polícia Civil paulista pela participação direta de atos de tortura, abuso sexual, desaparecimento forçados e homicídios em serviço e nas dependências de órgãos da União. Araújo é delegado de Polícia Civil aposentado e dono da uma empresa de segurança privada, a Dacala. Nas ações de repressão no Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operação de Defesa Interna (DOI-Codi) utilizava o nome de “Capitão Lisboa”. O livro Dossiê Ditadura – produzido pela Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos – tem o registro de que Joaquim e seu filho, Ivan Seixas, foram presos em abril de 1971 e levados para o (DOI-Codi), onde foram espancados. Na sala de interrogatório, foram torturados um em frente ao outro. Torturas Os assassinos de Joaquim Alencar de Seixas foram identificados por seus familiares e companheiros como o então major Carlos Alberto Brilhante Ustra, o capitão Dalmo Lúcio Muniz Cirillo, o delegado Davi Araújo dos Santos, o investigador de polícia Pedro Mira Granziere e outros conhecidos apenas por apelidos. Em depoimento no Dossiê Ditadura, Ivan Seixas contou que na sala de tortura foi pendurado no “pau de arara”, enquanto seu pai foi posto na “cadeira do dragão”. Ambos foram torturados por uma equipe de umas cinco pessoas, dos quais conseguiu identificar, entre outros, David dos Santos Araújo. O “Capitão Lisboa” também é acusado de abuso sexual, como declarou Ieda Seixas, que em depoimento ao Ministério Público Federal disse que foi prensada na parede por ele, que depois enfiou a mão dentro da sua roupa, falando obscenidades e fazendo ameaças. Armas ilegais David dos Santos Araújo é portador de 111 armas em situação ilegal, de acordo com investigação da Polícia Federal. A empresa de segurança Osvil, de propriedade de Araújo, perdeu por irregularidades o alvará de funcionamento como empresa de segurança que autorizava o registro de armas. Com isso, as armas deveriam ser entregues à Polícia Federal. No entanto, essas armas se encontram extraviadas. Depois de perder o alvará, Araújo abriu uma nova empresa de segurança, chamada Dacala Segurança, que tem como clientes o grupo Anhanguera Educacional, Banco Itaú, Ford, Jac Motors, Banco Safra, Volkswagen, Banco Santander. O processo da PF afirma que ao todo Araújo tem mais de duzentas armas ilegais, além de um arsenal de oitocentas regularmente registradas em nome da empresa Dacala, que é acusada também pelo emprego ilegal de armas de fogo na atividade de segurança privada, de acordo com a Polícia Civil. __________________________________________________________________ Em seis anos, isenções de impostos para empresas correspondem a quatro vezes o orçamento do Brasil sem Miséria Para efeito de registro, publico trecho da matéria principal do Estadão de domingo: “De 2007 a 2012, o governo baixou medidas que desoneraram as empresas em, no mínimo, R$ 97,8 bilhões, segundo levantamento da Receita Federal obtido pelo ”Estado”. A cifra é o dobro do que o governo pretende gastar no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) este ano e corresponde a quatro vezes a verba reservada para o programa Brasil sem Miséria, prioridade da presidente Dilma Rousseff. Ainda assim, a alta carga tributária foi a queixa mais comum entre os 28 pesos pesados da economia que estiveram com Dilma na quinta-feira.” É por situações como essa que os trabalhadores e trabalhadoras, tributados diretamente em seus holerites, e sobre os quais recai a maior alíquota de impostos do que sobre os ricos, precisam estar sempre atentos ao eterno reclamar dos empresários e, conscientes disso, cobrar seus direitos com altivez, com a ajuda de seus sindicatos. Chamo atenção também para o fato de que o peso da folha de pagamentos no Brasil não é abusiva como os empresários costumam dizer. Leia aqui sobre estudo do Dieese sobre o tema. Rodrigovianna.com.br __________________________________________________________________ Kassab não fez nenhum corredor de ônibus Por Mario Henrique de Oliveira, do SPressoSP Assim que assumiu a prefeitura de São Paulo, Gilberto Kassab estabeleceu a meta de entregar, ao final de 2012, 66 quilômetros de novos corredores de ônibus. Mas, até agora, nenhum quilômetro foi entregue à população. Na semana passada, no último ano de seu mandato, o prefeito prometeu iniciar as primeiras obras, sendo que será difícil haver tempo hábil, entre lançar o edital, fazer pré-qualificação das empresas e licitação, para concluir um quilômetro sequer. O plano apresentado prevê a abertura de licitação até abril para a construção de quatro novos corredores (Radial Leste, Binário/Santo Amaro, Berrini, Capão Redondo/Campo Limpo/Vila Sônia) e a reforma de dois. Mesmo que essas obras terminem neste ano, a meta não será cumprida. Segundo o diretor de infraestrutura da SPTrans, Roberto Mulin, o motivo da demora é que a prefeitura teria priorizado, nesse período, outros modais de massa, como o metrô. “Hoje fazemos corredores porque a cidade ainda depende dos ônibus, mas o ideal para cidades como São Paulo é o transporte de massa, metrô ou monotrilho”, disse ele, em reunião na Comissão Permanente de Finanças e Orçamento, realizada na Câmara Municipal no dia 21. Segundo o vereador Donato (PT), “a cidade precisa de mais 200 quilômetros de corredores”. De acordo com o vereador, “o prefeito Gilberto Kassab, reduziu praticamente pela metade o investimento de transportes em 2011 quando comparado ao ano anterior. Dos R$ 1,27 bilhão que tinha para aplicar em transportes, apenas 982 milhões foram investidos”. Hoje, a cidade de São Paulo conta com 126 quilômetros de corredores. A maioria, 67 quilômetros, foi feito na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy. O orçamento de 2012 do Executivo prevê gasto de R$ 33 milhões para a implantação de corredores na cidade de São Paulo. Segundo Roberto Molin, a verba será utilizada na elaboração dos projetos e da licitação. Já o plano apresentado deverá custar cerca de R$ 2 bilhões. Também estão incluídos nesse valor a requalificação de outros 25 quilômetros de vias existentes e a inauguração de dois terminais rodoviários e três urbanos. Viomundo.com.br __________________________________________________________________ Maria Izabel Noronha: Fim da recuperação paralela é um erro por Maria Izabel Azevedo Noronha No dia 12 de janeiro de 2012, a Secretaria Estadual da Educação (SEE) publicou no Diário Oficial a Resolução SE 2 instituindo “mecanismos de apoio escolar aos alunos do ensino fundamental e médio da rede pública estadual”. O assunto ganhou maior publicidade somente agora com a publicação de reportagens em pelo menos dois grandes jornais, noticiando que não haverá mais classes de “recuperação paralela”. Entre as medidas contidas na resolução estão a instituição da “recuperação contínua”, com atuação de professor auxiliar em classe regular do ensino fundamental e médio e a recuperação intensiva no ensino fundamental, constituindo classes em que se desenvolverão atividades de ensino diferenciadas e específicas. Antes de entrarmos no mérito dessas medidas, precisamos deixar claro que não concordamos com o método adotada pela SEE para a tomada de decisões que afetam o processo ensino-aprendizagem, o cotidiano e a vida profissional dos professores. Uma vez mais as decisões foram tomadas sem diálogo com os professores e com as entidades representativas da categoria. A Secretaria da Educação alega que o tema foi discutido nos chamados “polos”, instituídos em algumas regiões do estado. Entretanto, não diz que esses polos foram compostos por professores e demais profissionais da educação escolhidos a dedo pelas diretorias de ensino e pelas direções das escolas. Desta forma, tais fóruns carecem de legitimidade para falar em nome do conjunto da nossa categoria. Entrando no mérito da questão, acredito que a extinção da recuperação paralela é uma medida intempestiva e equivocada da Secretaria Estadual da Educação. Creio que se existem falhas e problemas na recuperação paralela, eles não serão resolvidos com a sua extinção, mas ela deveria ser repensada à luz de outras medidas necessárias. As constantes mudanças de políticas educacionais, descontinuando programas em andamento, prejudicam os alunos e comprometem a qualidade de ensino. A recuperação deve se dar a partir de um diagnóstico das dificuldades de aprendizagem dos alunos. Desta forma, é preciso que ele possa recuperar esses conteúdos, avançando nos estudos e isto deve ser feito de forma paralela, concomitante, possibilitando-o, de uma forma dinâmica, recuperar o que perdeu e continuar acompanhando sua turma. Da forma como a SEE está organizando a recuperação neste momento – dentro da própria sala de aula- haverá maiores dificuldades para alcançar este resultado, podendo até mesmo prejudicar a aprendizagem dos alunos que estão mais à frente. Quanto à instituição do professor auxiliar, há vários problemas envolvidos. O primeiro deles é que é previsível que existirão descompassos entre o professor titular da disciplina e o professor auxiliar, pois nem sempre estarão no mesmo timing. Também está prevista a presença do professor auxiliar nas salas mais numerosas. Isto é um contradição, pois a existência de salas numerosas, com 40, 45 ou até 50 alunos é justamente uma das razões da dificuldade de aprendizagem de muitos alunos. Há anos a APEOESP luta contra a existência de classes superlotados na rede estadual de ensino e, agora, elas são adotadas como um dos critérios para a recuperação contínua. Isto é apenas uma forma de tentar contornar o problema, não de resolvê-lo. Há outra contradição: a falta de professores é uma das razões alegadas para não aplicar a composição da jornada de trabalho determinada pela lei federal 11.738/08 (lei do piso), que destina no mínimo 33% deste tempo para a preparação de aulas, elaboração e correção de provas e trabalhos, formação continuada na própria escola e, também, para que o professor dê a devida atenção a cada um de seus alunos.. Mas, se faltam professores, como prover os professores auxiliares necessários para a efetivação do programa de recuperação contínua? Se faltam professores – e são necessários mais professores para a aplicação deste programa — por que o governo insiste em aplicar a chamada “prova dos OFAs” para manter esses professores na condição de não-efetivos (em vez de realizar concursos públicos), sendo obrigado, depois, a abrir o cadastro até mesmo para professores que sequer participaram da prova? Não se faz educação de qualidade sem oferecer aos professores condições de trabalho e aos alunos condições de ensino-aprendizagem. Neste momento, falta uma correta organização do tempo de trabalho dos professores. A composição da jornada de acordo com o determinado pela lei 11.738/08 é um passo muito importante para que o professor tenha condições de ministrar aulas melhores, para se desenvolver profissionalmente, para adoecer menos e, também, para desenvolver um bom trabalho de recuperação dos alunos. Sou sempre a favor de melhorar a Educação e torço para que medidas que visem um melhor aprendizado dos alunos funcionem. Porém, sem que se tomem as medidas corretas, podemos estar apenas trocando seis por meia dúzia. Maria Izabel Azevedo Noronha é presidenta da APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo) e membro do Conselho Nacional de Educação Blogdacidadania.com.br __________________________________________________________________ Diminuir a corrupção na política é moleza, mas ninguém quer Mais uma vez, o país assiste a um escândalo de corrupção desalentador porque insinua que em toda parte do espectro político há gente com o rabo preso. Políticos adversários se defendem mutuamente de acusações de corrupção. Corporativismo? Pode ser. Mas por que é tão difícil o Congresso aprovar uma CPI da Privataria ou essa, agora, do Senador Cachoeira? Porque há atores de todos os partidos mais importantes envolvidos, o que não pode ser tomado como culpa das agremiações mas denota um apodrecimento do nosso sistema político. Quando escroques como um Carlinhos Cachoeira ou um Marcos Valério transitam do PSDB ao PT com toda a desenvoltura que se viu da década passada para cá, algo está muito podre. De onde vem tudo isso? Simples: do financiamento privado de campanhas eleitorais. É aí que interesses privados conseguem se fazer representar. É aí que as grandes corporações conseguem ferrar o consumidor. É aí que uma igreja picareta consegue se transformar em uma das bancadas mais fortes do Congresso. Por que um banco dá dezenas de milhões de reais a campanhas eleitorais? Patriotismo? Como verdadeiras organizações criminosas conseguem fundar partidos políticos e influírem e negociarem leis ou impedirem investigações incômodas? Como os políticos precisam de dinheiro para se eleger, de quantidades astronômicas dele, grupos que têm sobrando aquilo de que precisam financiam-nos e, assim, sempre terão, no mínimo, que ser ouvidos, apesar de, frequentemente, só representarem meia dúzia de empresários. Demóstenes Torres e José Roberto Arruda, por exemplo – e não me venham falar de políticos que não têm contra si uma fração daquilo que há contra esses dois. Como chegariam aonde chegaram sem que escroques os financiassem? É óbvio que a proibição expressa de dinheiro privado em campanhas eleitorais e o estabelecimento de um teto para financiamento delas – que, sem dúvida, seria respeitado porque candidatos adversários fiscalizariam um ao outro –, seria a solução. Todavia, os detentores de enorme poderio financeiro deixariam de manipular o Estado brasileiro. É por isso que nenhum grupo de mídia põe discussão como essa em pauta, assim como todos impedem a discussão de uma legislação para a comunicação que existe em todos os países mais desenvolvidos. Imagine, leitor, se os planos de saúde ou as empresas de telefonia conseguiriam abusar da sociedade como abusam se não colocassem suas bancadas no Legislativo para bloquearem medidas de proteção ao consumidor que não aprovar é um escândalo, mas que não são aprovadas porque esses grupos de interesse têm milícias de parlamentares para defendê-los. Imagine, leitor, uma campanha em que os candidatos de todos os partidos disputassem em estrito pé de igualdade, sem que os mais ricos atraíssem público com trios elétricos e outras baboseiras financiadas por grupos de interesse que obviamente quererão ressarcimento do eleito. É por isso que, nos países mais desenvolvidos – quase todos da Europa, mas também da Ásia –, o financiamento é público. Nem misto pode ser. Precisa ser estritamente público. Todavia, os grupos de interesse, usando a mídia, conseguem fazer valer o mesmo estratagema que os americanos criaram, de tachar o financiamento público como doação do cidadão ao político, a qualquer político, falácia que esconde que quando não é o dinheiro público que financia as campanhas é o grande capital privado que vence a eleição. Tem muito classe média, por aí, que acha que o seu lado é o lado do grande capital. Esse tonto já deve ter sido estafado pelo seu plano de saúde ou pela sua operadora de telefonia. E muito mais. Então, meu caro companheiro leitor, o fato é que a corrupção na política poderia ser drasticamente reduzida, do dia para a noite, mas é a minoria da minoria da classe política que aceita sequer discutir o assunto. E, assim mesmo, boa parte desse grupo prega sistema misto (financiamentos público e privado misturados), o que não muda nada. Enquanto o atual sistema de financiamento da democracia perdurar, estaremos condenados a ficar nos escandalizando o tempo todo com a ousadia que a promiscuidade entre o capital privado e o sistema eleitoral geram. A corrupção política é uma opção que fez esta sociedade. Blog do Emir Sader __________________________________________________________________ O golpe e a ditadura militar O Brasil não era um país feliz antes do golpe de 1964. Mas era um país que dava sequência a um ciclo longo de crescimento econômico, impulsionado por Getúlio, como reação à crise de 1929. Nos anos prévios ao golpe era um país que começava a acreditar em si mesmo. Quem toma com naturalidade agora a Copa do Mundo de 1958 não sabe o quanto ela foi importante para elevar a auto estima dos brasileiros, que carregavam, desde o fatídico 16 de julho de 1950, o trauma do complexo de inferioridade. Mas isso veio junto com a bossa nova, o cinema novo, o novo teatro brasileiro, um clima de expansão intelectual por grandes debates nacionais, pela articulação com grandes temas teóricos e culturais que começavam a preparar o clima da década de 1960. O país nao foi surpreendido pelo golpe. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial militares que tinham ido à Italia tinham se articulado estreitamente com os EUA. Na sua volta, liderados por Golbery do Couto e Silva e por Humberto Castelo Branco, fundaram a Escola Superior de Guerra e passaram, a partir dali, a pregar os fundamentos da Doutrina de Segurança Nacional – concepção norteamericano para a guerra fria -, que cruzou a história brasileira ao longo de toda a década de 1950 até, depois de várias tentativas, desembocar no golpe de 1964 que, não por acaso, teve naqueles oficiais da FFAA seus principais líderes. Durante a década de 1950 o Clube Militar foi o antro a partir do qual articulavam golpes contra o Getúlio – seu inimigo fundamental, pelo nacionalismo e por suas políticas populares e articulação com o movimento sindical. O suicídio do Getulio brecou um golpe pronto e permitiu as eleições de 1955, em que novamente os golpistas foram derrotados. Fizeram duas intentonas militares fracassadas contra JK e elegeram Jânio, com a velha e surrada – mas sempre sobrevivente, até hoje – bandeira da corrupção. Se frustraram com a renúncia deste e naquele momento tentaram novo golpe, valendo-se do vazio da presidência e da ausência do Jango, em viagem para a China. A mobilização popular e a atitude do Brizola de levantar em armas o Rio Grande do Sul na defesa da legalidade, impediram e adiaram o golpe. Mas os planos golpistas não se detiveram e acabaram desembocando em primeiro de abril de 1964 no golpe, que contou com amplo processo de mobilizações da classe média contra o governo, com participação ativa da Igreja católica, da mídia, das entidades empresariais, que desembocou na ação da alta oficialidade das FFAA, que liquidou a democracia que o Brasil vinha construindo e instaurou o regime do terror que passou a vigorar no Brasil. Foi o momento mais grave de virada regressiva da história brasileira. Interrompeuse o processo de democratização social, de afirmação econômica e política do pais, para impor a opressão econômica e politica, a subordinação externa, mediante uma ditadura brutal. O país, sob o comando dos militares, da Doutrina de Segurança Nacional, do grande empresariado nacional e internacional, do governo dos EUA, optou por um caminho que aprofundou suas desigualdades sociais, colocando o acento no mercado externo e na esfera de alto consumo do mercado, no arrocho salarial, na desnacionalização da economia e na opressão militar. Completam-se 48 anos do golpe militar. Continua sendo hora de perguntarmos a todos: Onde você estava no momento mais grave de enfrentamento entre democracia e ditadura? Cada um, cada força politica, cada empresário, cada órgão da imprensa, cada igreja, cada militar. Os temas continuam atuais: denuncismo moralista a serviço do enfraquecimento do Estado, abertura escancarada da economia, resistência às políticas sociais e aos direitos do povo, uso da religião contra a democracia republicana e o caráter laico do Estado, uso da mídia como força politica da direita, etc. etc. Que seja uma semana de reflexão e de ação politica. Que o governo finalmente nomeie os membros da Comissao da Verdade e que não passemos mais um primeiro de abril sem apurar tudo o que o regime de terror impôs pela força das botas e das baionetas ao país e que a democracia faça triunfar a verdade.