woodart artesanato

Transcrição

woodart artesanato
Joinville/SC
No25. R$ 11
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REVISTA 21
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AO LEITOR
MÃOS À OBRA
A disposição de participar, espontaneamente, de ações
pelo bem comum, emprestando o próprio talento a iniciativas que ajudem a construir um mundo mais humano,
atrai número crescente de homens e mulheres. Mais exatamente, um a cada dez cidadãos estaria engajado em
trabalhos voluntários, de acordo com pesquisa da Fundação Itaú Social. Proporção três vezes maior já teve a experiência de atuar em projetos dessa natureza. A maioria,
atraída pela expectativa de “sentir-se útil e fazer o bem”.
Cada vez mais, ser voluntário conta pontos, também, no status profissional, desenvolvendo competências voltadas à liderança e ao relacionamento, como
apontam consultores ouvidos pela Revista 21. Reportagem que começa na página 40 mostra pessoas que
se encontraram no voluntariado, além de instituições e
empresas identificadas com a prática, como o Corpo de
Bombeiros e o Hospital Dona Helena. “O compromisso
social se estende ao ambiente corporativo e reforça o
perfil multifuncional dos times”, endossa Emerson Za-
ppone, diretor de operações da Embraco, que mantém
programa de voluntariado há mais de 12 anos.
Também com forte viés público, o modelo dos chamados negócios sociais chega a Santa Catarina. Em maio, a
Yunus Negócios Sociais anunciou a criação de uma representação regional em Joinville. Por definição, essa modalidade de negócio tem foco em soluções para problemas
sociais ou ambientais, sendo autossustentável financeiramente – o êxito desses empreendimentos não é mensurado pelo lucro, mas pelo impacto social. Reportagem
sobre o tema pode ser lida na página 48.
Na mesma linha, a entrevista com o renomado designer Marcelo Rosenbaum, na página 8, mostra o êxito
de um projeto que estimula pequenas comunidades
dos recônditos do Brasil a trazer de volta a cultura de
seus ancestrais, para a concepção de objetos de artesanato, em um trabalho que leva melhorias sensíveis para
essas populações. São bons caminhos para a redução
das desigualdades sociais no país.
NESTA EDIÇÃO
8 Essência social do design 14 O balanço da gestão Martinelli 17 Casa do empresariado completa 10 anos 28
Toque japonês nos objetos de desejo 30 Giannetti analisa os cenários da economia 38 Os números do eleitorado
joinvilense 40 O viés do voluntariado 50 Na hora das compras, a união faz a força 53 Produtos especiais para restrições alimentares 56 Marcas locais vão às Olimpíadas 58 Vitae: o acordeonista do hotel 62 Marketing assertivo
64 Livros para sua cabeceira 72 Por que negociação é tensão
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VAMOS A BARCELONA?
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BANCO DE IMAGENS
Número 25. Maio e junho de 2016
Em alusão ao novo século, pleno de
desafios, a Revista 21, publicação
bimestral da Associação Empresarial
de Joinville (Acij), aponta, ao mesmo
tempo, para o momento atual e para o
futuro, para o contemporâneo e para o
que está por vir. Tem por objetivo levar
informação de qualidade ao leitor sobre
os grandes temas de interesse da classe
empresarial, sempre com visão local.
Será preciso investir menos em equipamentos e mais em inteligência
A OUTRA REVOLUÇÃO NECESSÁRIA
O modelo atual de formação para a indústria acabou. Cerca de 65%
das crianças de hoje estarão em empregos que ainda não existem.
A chamada quarta revolução industrial já chegou, transformando as
empresas – e a sociedade. Esse tema tão palpitante, que foi discutido
em painel da Expogestão por executivos e representantes de instituições de ensino, deixa a certeza de que a principal matéria-prima dos
novos tempos é a informação.
José Hahn Filho, presidente da Pollux Automation, advertiu em sua
fala que as grandes empresas poderão ter as posições ameaçadas pelas pequenas – mais rápidas e ágeis. Como são, também, as mudanças
que transformam, todos os dias, a indústria global. Será preciso investir
menos em máquinas e equipamentos e apostar, mesmo, na inteligência. A interconectividade e a supercomputação, com ampla disponibilidade de dados em função da nuvem, tiram os principais projetos de
dentro do espaço físico das fábricas. Para completar, Valsoir Tronchin,
vice-presidente de vendas e inovação da SAP Brasil, destaca que os custos desses projetos e processos devem cair ainda mais.
Uma das maiores preocupações do futuro que já chegou é a segurança cibernética. “A confiança vai ser, cada vez mais, o ativo mais
importante das empresas e da nova economia.” O grande impacto corporativo dessa quarta revolução industrial é, ainda, o aperfeiçoamento,
a massificação e a redução drástica dos investimentos em equipamentos. E quem vai estar à frente do processo? Quem vai preparar, enfim,
crianças e jovens para a era digital? Quem será o principal personagem
da verdadeira mudança de paradigmas – apontada como essencial, no
sistema de ensino brasileiro? O desafio está lançado.
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Conselho editorial
Ana Carolina Bruske (diretora financeira)
Débora Palermo Melo (Acij)
Diogo Haron (Acij)
Carolina Winter (Winter Comunicação)
Simone Gehrke (EDM Logos)
Jornalista responsável
Júlio Franco (reg.prof. 7352/RS)
Produção/Edição
Mercado de Comunicação/Guilherme
Diefenthaeler/(reg. prof. 6207/RS)
Reportagem
Ana Ribas Diefenthaeler, Letícia Caroline,
Mayara Pabst, Marcela Güther, Karoline
Lopes
Projeto gráfico, diagramação,
ilustrações e infográficos
Fábio Abreu
Fotografia
Peninha Machado, assessorias
de imprensa
Impressão
Tipotil Indústria Gráfica
(47) 3382-2238
Tiragem
3,5 mil exemplares
Publicidade
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Av. Aluisio Pires Condeixa, 2550
3461-3333
acij.com.br
twitter.com/acij
facebook.com/acijjoinville
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ARQUIVO PESSOAL
A FOTO DA CAPA
Um achado na Feira de Antiguidades
da Expoville. A dona de casa Fátima
Hofmann, que gosta de frequentar
feiras e sebos, encontrou a imagem
ilustrando um cartão postal – e logo
compartilhou no “Joinville de Ontem”,
grupo de Facebook. Em cena, o Corpo
de Bombeiros Voluntários, criado em
13 de julho de 1892. Resultado da
cultura empreendedora e solidária
dos imigrantes, a instituição foi pioneira no Brasil. Na foto, a equipe traja
uniforme e leva seus equipamentos,
como bombas manuais e baldes de
lonas. O registro foi originalmente
utilizado em carta, com selo datado
de 1992. O trabalho da corporação é
enfocado em reportagem sobre voluntariado, nesta edição.
Se você tem uma imagem que retrate algum período da história de Joinville, entre em contato com a redação pelo [email protected]. A
foto poderá ser publicada na capa em uma das próximas edições.
A REVISTA EM FRASES
DIVULGAÇÃO
“Se a burocracia tributária
brasileira pelo menos estivesse
na média da América Latina,
teríamos um país mais atrativo ao
investimento estrangeiro”
“O Brasil tem mais 15 anos de
bônus demográfico, mas, quando
virar a taxa de dependência, a
conta previdenciária, que já é
pesadíssima, explode. Se não
agirmos agora, só vai piorar”
Evanildo Lins, sócio da Lins Karnopp &
Advogados, página 27
Eduardo Gianetti, economista e
cientista social, página 30
“Não acredito em responsabilidade
social. Se você fala em
responsabilidade social, de outro
lado, significa que não está
tendo essa responsabilidade. O
sonho é integrar tudo, tudo ser
responsabilidade social. Para que
uma empresa trabalha? Para servir.
O mesmo para os políticos. Para o
trabalho. Tudo é social”
Marcelo Rosenbaum, designer, página 11
“Neste contexto de instabilidade,
a formação acadêmica para um
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ambiente econômico produtivo
exige parceria e cumplicidade
dos centros de formação com as
forças empresariais”
Fabiane de Amarante, gestora de
Graduação e Pós-Graduação da Fundação
Cenecista de Joinville (FCJ), página 20
“A melhor estratégia é investir na
valorização do cliente, fidelizálo à marca, personalizar o
atendimento e o pós-venda”
Márcio Nascimento, gerente do Grupo
Barigui, página 21
“O voluntário passa a valorizar
mais as pequenas coisas, a vida,
o meio ambiente e o patrimônio.
Adquire maior senso de
responsabilidade e segurança”
Jaekel Antonio Souza, comandante
do Corpo de Bombeiros Voluntários de
Joinville, página 46
“Percebemos a oportunidade
de ganhar volume juntando
nossas compras. É bom para as
empresas nucleadas e também
para os fornecedores, que
ganham 14 clientes qualificados”
Francisco Hackbarth, engenheiro,
presidente do Núcleo de Construção da
Acij, página 51
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ABRE ASPAS
MARCELO ROSENBAUM
O que o design pode
fazer pela humanidade?
Por Guilherme Diefenthaeler
Remoto povoado do sertão brasileiro, Várzea Queimada se situa no interior do interior de Jaicós, cidadezinha de 18,5 mil habitantes a 352 quilômetros de Teresina, a capital do Piauí, no Nordeste brasileiro. A região
é marcada pela seca – são oito meses por ano sem um pingo de chuva.
As casas não têm infraestrutura básica, como água encanada ou energia
elétrica, e a população vive da agricultura de subsistência. Pois há cinco
anos uma equipe multidisciplinar de 47 profissionais comandados pelo
designer Marcelo Rosenbaum escolheu esse ponto esquecido do mapa
para implementar o projeto “A Gente Transforma”, embasado no resgate
de culturas ancestrais e das raízes populares para a concepção de objetos
de artesanato.
Em Joinville, onde ministrou concorrida palestra na Expogestão, Rosenbaum informou que esse verdadeiro negócio social já promoveu melhorias sensíveis na comunidade de 900 moradores, dos quais 60 mulheres trabalham no artesanato. A atividade feminina é a criação de peças de
palha e carnaúba, enquanto os homens reciclam borracha de pneus, que
viram itens como tapetes, colares, chaveiros, anéis e rosários. Os produtos
são vendidos em mais de 20 lojas de design de luxo, no Rio de Janeiro, São
Paulo, Porto Alegre e em outros grandes centros. O projeto foi tema da
celebrada São Paulo Fashion Week, em 2012, inspirou exposição no Masp,
e há boas perspectivas de ganhar o mundo, com a exportação das peças.
Nesse embalo, o escritório de Rosenbaum encontrou oportunidades de
repetir o modelo em outros lugares, do Maranhão ao Peru.
Em entrevista, o designer discorre sobre o conceito de “design essencial”, reitera que a ênfase do trabalho realizado está na proposta de cocriação e assinala o “potencial gigantesco” da economia criativa no país.
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FOTOS: ANDRÉ KOPSCH/DIVULGAÇÃO
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Qual é a transformação que o design
pode promover?
Chamamos de design essencial.
E aprendemos a fazer isso com o
projeto “A Gente Transforma”. Vamos para as comunidades do Brasil
profundo, olhamos para a cultura a
partir da ancestralidade dos saberes.
Visualizamos os valores essenciais
das comunidades, considerando que
o país tem o tamanho de um continente, onde já moravam os índios, foi
construído por negros e até por volta
de 1880 não tinha universidade. Ou
seja, eram, todos, saberes de subsistência, misturando índios e negros
com portugueses. Era tudo na mão,
artefato mesmo, com técnicas específicas – o que foi se perdendo com o
tal do desenvolvimento. E esse saber
todo vem sendo desperdiçado. Nós
nos posicionamos como um agente
transparente, invisível; vamos conversar com a comunidade, aprender
a olhar e reconquistar esses saberes.
A partir desse envolvimento é que a
gente pensa no objeto, que pode se
iniciar como um artesanato, em verdade, um produto de subsistência
que, na origem, não foi feito para enfeitar. É a essência do design – porque design é desígnio, pela própria
etimologia. Designar a serviço do
homem. Ninguém resolveu desenhar uma cadeira, simplesmente: o
ser humano precisou sentar, chegou
alguém e designou uma cadeira para
aquele ato que não seria mais sobre
o chão. A mesma coisa vale para um
prato, uma casa etc. É tudo desígnio.
Buscamos exatamente este inverso,
reconquistar, trazer de volta, estimular a comunidade a examinar o que
os seus avós faziam, e pensar também no processo, no mercado, em
formas de produção.
Então a ideia é buscar nas
comunidades referências para o
desenvolvimento de produtos?
Sim, com elas mesmas. Uma cocria-
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ção, é junto com a comunidade que
a gente desenvolve esses objetos. O
trabalho é uma memória dos seus
ancestrais, eles já faziam e deixam
de fazer porque hoje, com o 1,99,
compram um balde de plástico, não
precisam mais do cesto de palha. É
mais barato, sai de recurso natural
de petróleo, que vem da terra, vem
de avião da China, chega aqui e ainda é mais barato do que um cesto de
palha – que você tira da árvore sem
matá-la. Você faz à mão, junta as
mulheres para conversar, promove
um relacionamento entre elas. Nosso trabalho é tirar esse produto que
estava perdido e que as conecta com
a pobreza, levar para outro mercado,
onde a gente conta a história da herança disso, e retorna como dinheiro,
por meio da cultura.
Em que locais este trabalho já foi
implantado?
Vários pontos do Brasil. No sertão
do Piauí, em Várzea Queimada, na
Chapada do Araripe, uma das regiões
mais pobres do país, onde a população vive oito meses de seca por ano.
Não é que lá não haja desenvolvimento humano – tem muito amor,
muito “desenvolvimento”, um senso
de integração e de família que vi em
poucos lugares no mundo. O que
eles não têm são oportunidades.
Lá, começamos há seis anos. Com
o saber do fazer o cesto de palha de
carnaúba, que havia se perdido, conseguimos identificar com elas uma
peça que existia ainda, que chamavam de lixo, iam jogar fora, e hoje é
patrimônio imaterial brasileiro. Foi
escrito um livro e produzido um documentário sobre Várzea Queimada,
a partir do saber do cesto que já foi
lixo. A comunidade está pensando
em turismo com base comunitária
e já recebeu muitos visitantes. Uma
forma de manter os recursos para a
permanência da cultura – afinal, sem
isso, o turismo deixa de existir.
Que outros impactos a ação produz?
O dinheiro é reinvestido no centro
comunitário que a gente construiu
com eles, estão com a produção do
artesanato para o ano inteiro comprometida. Nessa comunidade, são
900 moradores e há 60 mulheres no
artesanato. Instituímos uma associação de moradores, com 30 lideranças,
entre jovens, idosos, mulheres e homens, que estão pensando no modelo para a comunidade. Basicamente,
todos pertencem a duas famílias, os
Barbosa e os Carvalho. Já estou aplicando o modelo em uma aldeia indígena no Acre e o governo do Peru me
contratou para esse trabalho de ressignificação do artesanato peruano,
por intermédio do Ministério do Comércio Exterior e Turismo do país. É,
enfim, uma forma de olhar o design.
A indústria Suzano também acabou
de me contratar para aplicar a metodologia na Estrada do Arroz, no Sul do
Maranhão, com as mulheres quebradeiras de coco que estão perdendo
sua tradição. O trabalho pode ser realizado em qualquer lugar do mundo.
Como é design, envolve processo, cocriação, essência. E se vê muitas empresas que perderam a sua essência;
tudo vira meta, para se atingir números e lucro. Nessa relação, perde-se a
essência daquele fundador por onde
tudo começou e de onde saiu tudo.
Entender e valorizar esse saber é o
que constitui a economia criativa.
Quais são as características de uma
comunidade para tornar viável um
trabalho nesses moldes?
Já comecei a fazer esse projeto em
uma comunidade urbana, uma favela. Mas, com tráfico de drogas instituído, política, fica mais complicado.
Várzea Queimada é um grande laboratório. Uma comunidade esquecida, abandonada, no sertão. Quando
falei, em São Paulo, que iria levar um
projeto ao Piauí, as pessoas estranharam, “o que você vai fazer lá?”.
não ir com nada preconcebido. Chamo sempre uma equipe multidisciplinar, pesquisador, designer, produtora, designer gráfico. A gente não
vai com uma ideia feita, pensando
em porta-guardanapo ou apoio de
mesa ou cesto. A imersão faz parte do processo. Nesse movimento,
existe um vazio, um caos, permitir-se escutar o vazio, deixar as coisas
fluírem em um tempo que está lá,
mesmo que não seja rápido. É é um
aprendizado dos mais interessantes.
Trocar, cocriar, discutir as ideias...
Cestos de palha de carnaúba
produzidos no interior do Piauí são
encontrados em lojas elegantes,
nos grandes centros do país
Chegando ao Piauí, falei que estava
indo para Jaecós, que é o município
onde Várzea Queimada se localiza.
Amigos de Teresina não entenderam.
Em Jaecós, com o pessoal da prefeitura: “O que você vai fazer em Várzea
Queimada?” É o esquecido do esquecido do esquecido. Mas a comunidade guarda todos os saberes, por conta desse abandono; está tudo lá, de
alguma forma. Lá, também estavam
comprando plástico de 1,99, olhando
para a internet, o sonho deles é ter
cerâmica supercolorida, janela nova
de alumínio, telhado de fibrocimento no lugar do barro, fazer edificações de outros formatos. Observam
esse futuro e acham que o cesto de
palha é pobreza. Não querem voltar
àquilo. A mesma coisa no Maranhão.
Os filhos das quebradeiras de coco
que amam estar em contato com a
natureza, que veem o babaçu como
uma grande entidade, vão se divertir. Mas há sofrimento. A indústria
de cosméticos compra aquilo como
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commodity, estipula valor, paga R$ 5
pelo litro do óleo de babaçu, enquanto nas feiras locais pode se vender
por R$ 14 – mas aí tem que ir, embalar, ficar lá, é uma vez ou outra que se
vende. As indústrias compram para
sempre. Esses lugares são perfeitos
para trabalhar, mas no Brasil isso se
encontra em qualquer esquina.
ECONOMIA CRIATIVA
O futuro está na economia criativa?
Você percebe as empresas se
movimentando nesta direção?
Há um potencial gigantesco de conexão, mas a economia criativa desconectada dos saberes ancestrais é
complicada. Gosto de pensar na manutenção desses saberes. Tem várias
possibilidades de economia criativa.
Olho o aspecto das comunidades,
fazer à mão e desenvolver um espaço desses. Mas, em um país como o
nosso, o potencial é riquíssimo, um
brilhante, uma mina de ouro.
E o que as empresas podem aprender
com esse conceito?
Primeiro: a gente chega nos lugares
para escutar. Parte da metodologia é
Você acha que o modelo também
seria inspiração para os projetos
de responsabilidade social das
empresas?
Não acredito em responsabilidade
social. Se você fala em responsabilidade social, de outro lado, significa
que não está tendo essa responsabilidade. É um grande equívoco, uma
crença errada. Temos que caminhar
para ser integrais. O sonho é integrar
tudo, tudo ser responsabilidade social. Para que uma empresa trabalha?
Para servir. O mesmo para os políticos. Para o trabalho. Tudo é social.
Nessa cocriação, vocês interferem no
processo ou é apenas um resgate do
que era feito originalmente?
A gente interfere em acabamento,
pega o fio da meada, o pensamento
daquilo, considera proporções, pensando no mercado. Como vão trabalhar coletivamente, pensamos em
uma linha de produção. Agregamos
valor. No Peru, trabalhei com tecelagem, com algodão nativo, que já nasce com sete cores naturais, e o tear
é um tear de cintura que os povos
locais usavam ainda antes dos incas.
E elas estão deixando de fazer o que
seus avós faziam por conta de suvenires. O artesanato corre este risco:
quando falo para grandes empresários que trabalho com artesanato, a
primeira coisa que falam é que preci-
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sam de brinde para a firma, “preciso
de 4 mil brindes, será que vão entregar?” Não faço brinde, não é este o
foco. Estou trabalhando com design.
Sabe Hermès? Prada? São caras porque são marcas e porque os produtos são feitos à mão e continuam trabalhando as tradições. Todo mundo
paga porque é chique. Por que o feito
à mão no Brasil tem que ser barato?
Como é feita a distribuição destes
produtos e a capacitação das
pessoas?
Não acredito em capacitação, é uma
palavra de fora para dentro. Acredito
no ritmo e no talento das pessoas.
Sou capacitado mais do que eles, a
partir do trabalho. Aprendo mais do
que eles. É uma descolonização. Observar como estão vivendo naquele
ritmo. Chegar em uma comunidade
dessas e esperar que vire uma indústria está errado, está colonizando.
Saber o que e quanto vão ganhar? De
repente, neste momento, a questão
não é o dinheiro; são muitos processos relacionados, todo um movimento. Até saber o que se faz com
o dinheiro, como divide, porque isso
fica lá: a gente vê que os benefícios
estão sendo colocados comunitariamente. Não é toda comunidade que
trabalha. Causa ciúmes, como em
qualquer lugar. E cada comunidade
tem um certo perfil. Trabalhar com
índios é muito diferente. O cacique
é o “presidente” e é família. Lida com
uma questão social complexa. Ao
mesmo tempo, é o gestor de um Estado, a aldeia indígena, e uma família.
Imagina você viver só com sua família, primos etc., e ter que gerir isso... É
a realidade dos índios. E a realidade
deles nunca foi trabalhar com dinheiro, não há pertencimento. Tanto que
os portugueses chegaram e “descobriram” o Brasil, porque os índios não
acreditavam que aquilo era deles.
Eles estavam apenas usando aquele
território, dado pelo grande espírito.
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Projeto “A Gente Transforma” na comunidade do Parque Santo Antônio, em SP
Então, cada caso é um caso. Claro que tem um mercado, tem as necessidades
de entrega, mas dessa forma dá muito mais certo.
Onde os produtos são vendidos?
São mais de 20 pontos no Brasil, tudo loja de design. Tem possibilidades de
levar para fora do Brasil, lojas bem legais de design interessadas no produto.
Estamos avaliando a questão de exportação, mas já fizemos algumas vendas
para França e Inglaterra, por exemplo. Vale dizer que o grande problema do
Brasil é logística. Uma loucura, mas damos conta no amor. É uma emoção para
cada pedido fechado. A comunidade pega um caminhão que está vindo para
São Paulo, de um amigo, com a caçamba vazia... Eles interceptam o caminhão
no meio da estrada, correm para levar as caixas, colocam no caminhão e os
produtos chegam a São Paulo, de onde são distribuídos para outras lojas.
Com tanta informalidade, como conseguem garantir prazos?
Todo produto chega. Mas estamos profissionalizando o projeto. Começou
com investimento do próprio escritório. É fruto de muito esforço. Tinha tudo
para dar errado: a gente está falando de um lugar distante, que não trabalhava com artesanato. Mas está funcionando. Com isso, ganhamos força e
estamos conseguindo organizar. Já fizemos duas coleções. Sou curador do
Museu de Arte Moderna de São Paulo, na parte de design, e uma das minhas
missões era chamar cinco designers consagrados para criar produtos para os
colecionadores do museu. Levei esses designers para Várzea Queimada, para
atuar com a comunidade, dentro da metodologia do design essencial. Foi um
sucesso. E os materiais foram para o museu. O projeto também envolve essas dimensões da mudança de opinião pública. Os produtos chegaram, levaram renda para a comunidade. Estou falando de uma startup, um exercício
que vem acontecendo em lugares tão distantes quanto o Peru e uma aldeia
indígena no Piauí. Também fui convidado pela Fundação Bradesco para fazer o projeto das novas moradias dos alunos de um dos internatos deles. E
fui fazer esse trabalho de cocriação com os estudantes. Deu muito certo. A
Fundação Amazônia Sustentável está me chamando para um trabalho com
comunidades ribeirinhas, no Amazonas.
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FOTOS: PENINHA MACHADO E DIVULGAÇÃO
Advogado identifica os principais desafios do trabalho, com ênfase em bandeiras de interesse público
GESTÃO
O balanço de Martinelli
O advogado João Joaquim Martinelli assumiu a presidência da ACIJ há
dois anos, em um momento político-econômico conturbado. Durante
dois mandatos, trabalhou e defendeu as bandeiras da casa e da comunidade. “O cenário interferiu em tudo aquilo que pensávamos em fazer.
Quando você fala, por exemplo, em investimentos em infraestrutura,
sabe que o Estado e o município têm como principal preocupação pagar
a folha, e fica difícil reivindicar muitas coisas”, afirma.
Prestes a entregar o comando ao sucessor, Martinelli faz um balanço
da gestão e destaca, em entrevista, os principais desafios assumidos no
comando da ACIJ, sublinhando a relevância pública da entidade.
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INFRAESTRUTURA
Quando assumimos, tínhamos
algumas bandeiras importantes.
Queríamos duplicar a Hans Dieter
Schmidt – estamos com o projeto
pronto, logo começaremos a negociar com o governo estadual
para verificar prazos e de onde
virão os recursos. Também queremos a duplicação da Dona Fran-
cisca e já conseguimos o projeto.
Começa agora a batalha da busca
de recursos. E queremos um novo
acesso à BR-101. Mas, em todas
essas vias, a duplicação esbarra
em um negócio chamado dinheiro. É difícil discutir sobre dinheiro
quando o quadro é de escassez de
recursos.
HOSPITAL
Lutamos pela construção de um
novo hospital, mas, por enquanto,
conseguimos a ampliação do Hospital Hans Dieter Schmidt. A ideia continua de pé. Não se trata de um hospital sustentado pelo Estado; é um
hospital construído pelo governo,
administrado pela iniciativa privada
e doado para a comunidade.
SEGURANÇA
Brigamos também pela questão
da segurança. Nesse item, queríamos chegar ao fim do mandato
com 200 câmeras instaladas. Ao
que tudo indica, teremos as 200,
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ACIJ
Ampliar rede de monitoramento em Joinville foi uma das
reivindicações ao governo estadual: “Vamos continuar
insistindo para chegar às 400 câmeras”, diz o presidente
mas queremos 300. E a ACIJ vai continuar insistindo. Adotamos uma
frase: “Se a ACIJ não fizer, quem fará?”. Porque nós brigamos por essas
coisas. As pessoas nos pedem para brigar com o governador por mais
homens na polícia. Sabemos que precisamos de mais homens, o problema é que o governador contrata xis homens, mas o contingente não
aumenta porque outros xis se aposentam. Isso acaba dobrando a folha
do Estado.
UFSC
O que não andou mesmo foi a universidade. Não houve preocupação por
parte do governo federal. A universidade não vai andar enquanto não
houver dinheiro. Nosso temor começa por não perder o que está lá, abandonado. Estruturas jogadas ao relento se deterioram. Ainda falta fazer a
licitação do resto, do fechamento, do piso, do teto, do forro etc.
O complexo da universidade terá que ir adiante. Talvez não seja da maneira tradicional. Temos que fazer com que nosso campus seja independente do de Florianópolis. Isso é fundamental. Se não, o caminho fica mais
longo. O primeiro passo é encurtar o caminho e tornar o projeto independente. O prefeito já está envolvido, as lideranças empresariais também
estão apenas aguardando um cenário federal mais propício.
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BOMBEIROS
Os Bombeiros Voluntários são uma
bandeira antiga da casa. Se a ACIJ
não tivesse, como sempre, brigado
por eles, não sei se ainda estariam
aqui. Damos a eles uma predileção
especial. Agora, parece que as coisas
estão se encaminhando.
PARQUE TECNOLÓGICO
O dono da área é parceiro e já fizemos inúmeras reuniões, para
viabilizar uma “cidade” em torno
do meio acadêmico. Mas as coisas
ficam em espera: sem universidade, não tem centro tecnológico.
Sem o centro, é difícil ter uma universidade que pretende ser tecnológica. As duas coisas estão interligadas. O que não temos ainda é
perspectiva sobre a universidade
federal. Como se sabe, as obras federais estão todas paradas.
GESTÃO PÚBLICA
Nossa relação com a gestão municipal também foi excelente. O prefeito Udo Döhler foi sempre muito
aberto e o governador também foi
parceiro: sempre que precisamos,
ele nos atendeu. A comunidade e
os associados nos auxiliaram muito. Acredito que o papel de manter
a ACIJ lá em cima foi cumprido.
DIVULGAÇÃO
AEROPORTO
O aeroporto melhorou muito.
Trouxemos a presidente da TAM,
recentemente, e ela nos deu uma
informação espantosa de que a
companhia só pousava, quando
estivesse chovendo, com 60% da
capacidade. Como diminuir o valor da passagem se está forçando
o equipamento a não embarcar
passageiros?
A infraestrutura já melhorou
muito. Mesmo sem a extensão da
pista, o número de voos perdidos
por condições climáticas caiu. É preciso combinar a melhoria da infraestrutura com a oferta e a procura por
voos que saem daqui. Temos que
fazer o joinvilense parar de pegar o
avião em Curitiba.
CÓDIGO DE ÉTICA
A ACIJ sempre foi uma organização
extremamente ética. E sempre primou por isso. Por óbvio, não adianta ter um código de ética e não ser
ético. Resolvemos lançar o código
para servir de exemplo para associados e a comunidade. As pessoas, às vezes, acham que ética é
tema acadêmico, e não é assim.
Diz respeito a comportamento diário, de cidadania. A missão foi dar
exemplo. Coincidentemente, veio
a calhar com o momento político.
Acho que valeu o recado.
ACIJ
A ACIJ é uma entidade de enorme
projeção pública. E está muito
presente. Se você pegar todas as
discussões da comunidade, a ACIJ
está envolvida. As únicas coisas
em que não nos envolvemos são
pequenas, como pintura de faixa
de pedestres. Não é o objetivo. No
mais, não existe causa na cidade
em que não tenhamos participação. A entidade procura demonstrar que está sempre olhando a
cidade como um todo. Aonde quer
que você vá, a presença da ACIJ é
muito forte, em feiras, eventos,
palestras etc.
Nos dois anos da atual gestão,
procurei cuidar mais da parte institucional, dos eventos, da representação, da divulgação da casa, e defendi as nossas bandeiras. Entendo
que essa é a função do presidente.
Busquei atender a imprensa, entidades públicas e empresários.
Além de manter e levantar o prestígio da ACIJ. Imagino que o meu sucessor vá receber a associação em
um bom nível e continuar o trabalho. Espero que ele melhore muito
o que fizemos.
A SUCESSÃO
As eleições anuais para os conselhos e a diretoria da ACIJ ocorrem sempre
na primeira quinzena de junho, ao término de cada mandato. Neste ano, o
processo está marcado para 6 de junho. O candidato da chapa única é um
dos atuais vice-presidentes da associação, Moacir Thomazi. Presidente do
Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville, Thomazi já esteve à frente da
ACIJ e deve suceder o atual presidente, João Martinelli. O jantar de posse
da nova diretoria e dos novos conselhos – Superior, Deliberativo, Fiscal,
dos Núcleos, das Entidades Patronais – e ainda dos presidentes dos núcleos
e coordenadores do Gestão Compartilhada está programado para 27 de
junho. O evento será realizado na Sociedade Harmonia Lyra.
Mais informações: (47) 3461-3333 ou [email protected]
16
ACIJ
ACERVO ACIJ
A CASA DA ACIJ
10 anos de história
A atual sede da ACIJ completa 10 anos em 2016. Antes do prédio localizado
na Avenida Aluísio Pires Condeixa, a entidade atendia seus associados nos
dois últimos andares do edifício Manchester, no Centro. A necessidade de um
ambiente maior e mais estruturado era evidente. “O elevador do edifício era
o mais antigo da cidade. Não raramente, estragava e tínhamos que subir ou
descer a pé”, revela o vice-presidente Moacir Thomazi. A ideia de construir uma
sede nova surgiu em 1998, na gestão do presidente Albano Schmidt: “Aqueles dois andares não haviam sido feitos para atender às nossas necessidades;
eram salas comerciais, ambientes pequenos. Decidimos que o melhor caminho para viabilizar o projeto seria um fundo. Todo mês, 10% da arrecadação da
ACIJ seria reservado para esse fundo”.
Ao assumir a presidência no ano seguinte, Thomazi estabeleceu algumas
premissas. “Primeiro, que o projeto seria escolhido em um concurso, para o qual
se inscreveram alguns escritórios. A segunda premissa é que deveríamos utilizar
o imóvel que havia abrigado o Centro de Desenvolvimento Biotecnológico
(CDB), o qual pertencia à ACIJ, para bancar a aquisição do terreno. Após muitas
negociações, doamos o imóvel para a prefeitura e fechamos o acordo”, relembra.
Foi estabelecido que a obra teria início no dia 4 de abril de 2004 (4/4/2004)
e terminaria em 6 de junho de 2006 (6/6/2006). “Cravamos a primeira estaca
em um domingo. Junto com o projeto, fomos construindo a equação financeira. Estabelecemos uma dupla mensalidade, que era paga de forma espontânea, somada à venda de espaços e da antiga sede”, relata Thomazi. Assim
como foi idealizada, a entrega da nova sede ocorreu dois anos e dois meses
após o início do projeto. Instalada em 3.253 metros quadrados de área construída, divididos em três pavimentos, hoje a ACIJ conta com um espaço adequado que permite o atendimento qualificado aos associados.
17
ACIJ
Nas imagens, alguns momentos da
obra que resultou na estruturação da
atual sede da ACIJ: espaço
que permite o atendimento
adequado aos associados
REVISTA 21
17
DIVULGAÇÃO
BANCO SOCIAL
Iniciativa destina
tributos para
ações sociais
em Joinville
O Programa Centro de Excelência
ao Esporte (CEE), administrado
pela Fundação de Esportes, Lazer
e Eventos de Joinville (Felej), contempla formação, especialização
e treinamento esportivo de cerca
de 1.340 crianças e adolescentes
de Joinville, nas modalidades de
handebol, basquete, vôlei, vôlei de
praia, ginástica rítmica e tênis de
mesa. Dessa forma, o programa
busca oportunizar vivências em
competições oficiais, nos níveis
regional e nacional, promovidos
pelas federações e confederações,
além de aumentar o número de
atletas indicados para as seleções
brasileiras nas diferentes modalidades esportivas.
A partir de agora, os associados
à ACIJ podem contribuir com esse
e mais 12 outros projetos, por intermédio do Banco Social. A iniciativa tem como objetivo capacitar
instituições que promovem ações
de impacto social na confecção de
projetos e orientar para a captação
de recursos financeiros oriundos de
leis de incentivos e renúncias fiscais.
Entre os benefícios da ação,
está o encaminhamento de tributos que seriam destinados a outros
fins para o município de Joinville,
patrocinando ações de relevância
para a melhoria da qualidade de
vida, educação e cultura da comunidade. Há uma série de atividades
previstas para os participantes do
Banco Social, como a realização de
palestras, fóruns e seminários com
as empresas e a comunidade.
18
ACIJ
Escola Bolshoi é um dos projetos que podem receber recursos
Para se inscrever, a empresa, instituição ou pessoa física responsável
deve estar em dia com as obrigações contábeis, fiscais ou de prestação de
contas, quando for o caso, junto aos órgãos públicos fiscalizadores. Também é necessário informar nome e detalhamento do projeto; indicação do
órgão que autorizou a captação, número do processo e data da publicação,
prazo de captação, valor aprovado, estatuto social registrado no cartório
do registro civil de títulos e documentos, certidão vigente para as Oscips e
CNPJ. Para mais informações: [email protected].
PROJETOS INSCRITOS NO BANCO SOCIAL ACIJ
l Escola do Teatro Bolshoi no Brasil
l Anderson Dresch Dias Correa
Projeto Alegria do Choro
l Instituto Festival de Dança de Joinville
l Hospital Infantil Jeser Amarante Faria
l Associação Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville
Polo de Produção Musical da Banda do CBVJ
l Instituto Priscila Zanetti
Se Faz Bem: Projeto de Prevenção ao Abuso Sexual Etapa 1
Se Faz Bem: Projeto de Prevenção ao Abuso Sexual Etapa 2
Cartilha dos Deveres e Direitos da Criança e do Adolescente
l Felej
Centro de Excelência ao Esporte
l Instituto da Cultura, Educação, Esporte e Turismo
Feira do Livro de Joinville
l Apiscae
Projeto CAPAZ
Projeto Monitoramento Funcional
l Cenef
Radar do BEM – Prevenção ao Abuso Sexual Infantil Etapa 1 e 2
Missão Criança
l Ananias Alves de Almeida
Música Instrumental nas Escolas
DIVULGAÇÃO
Governador Justo Irún (com o microfone) veio falar sobre oportunidades no país vizinho
EVENTO
Paraguai mantém ritmo de crescimento
O Paraguai foi o país que mais cresceu na região em 2013 – aproximadamente 14% – e, depois do ápice
da crise mundial, segue mantendo
o ritmo. A informação é do governador do Alto Paraná, Justo Aricio
Zacarías Irún. “Isso é possível graças
a vários fatores, mas os principais
são a baixa carga tributária, o baixo
custo da energia elétrica para as indústrias e a mão de obra jovem que
temos em abundância”, explica.
Irún esteve na ACIJ para o Encon-
tro Brasil-Paraguai 2016. O evento,
realizado em abril, foi promovido em
parceria com as Associações Empresariais de Guaramirim (Aciag) e São
Bento do Sul (Acisbs), a Fundação
Empreender e a Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc). O objetivo foi discutir leis
de incentivo ao Brasil e a busca por
inovação e competitividade. “Muitos
fabricantes brasileiros se integraram
ao Paraguai para melhorar a sua cadeia produtiva e, em diversos casos,
já conseguiram baixar o custo de fabricação de seus produtos”, aponta o
governador.
Formado em engenharia elétrica
na Udesc de Joinville, Justo Irún já
ocupou o cargo de diretor executivo
de operações na Usina Hidrelétrica
Binacional de Itaipu, de onde se
desligou para disputar o cargo de
governador. Entrevista exclusiva
com Justo Aricio Zacarías Irún está
disponível no site da ACIJ.
MEETING COMEX
Negócios internacionais em pauta
Considerado o maior do Sul do
país no modelo de workshop, o 5º
Meeting Comex, promovido pelo
Núcleo de Negócios Internacionais
da ACIJ, contou com mais de 300
participantes de Santa Catarina,
Rio Grande do Sul, Paraná e São
Paulo. Realizado em abril, o evento
teve como objetivo disseminar as
melhores práticas de comércio exterior, com workshops, integrações
19
ACIJ
e palestras. “Os palestrantes foram
assertivos nos temas, trazendo as
melhores práticas do comércio internacional, e um destaque certamente foi a oportunidade de networking. Estamos animados para o
6º Meeting Comex”, observa Carla
Pinheiro, presidente do núcleo.
Adilson Elias, representante da
Brunswick Boat Group, elogia o cuidados dos organizadores em mos-
trar aos participantes a importância estratégica do setor, deixando
de lado temas apenas burocráticos.
“Exemplificaram setores que as
empresas podem explorar para aumentar a sua rentabilidade e participação no mercado. O networking
também é algo marcante nesses
eventos, possibilitando contato direto entre clientes e parceiros de
negócios.”
REVISTA 21
19
VISÃO ACIJ
FABIANE DE AMARANTE
O papel fundamental da
educação para superar a crise
Ideologicamente, existe uma polêmica com a relação entre a dependência
do processo educacional de uma sociedade e o crescimento e expansão econômica. Mas admite-se que o nível de empreendedorismo em uma região,
com as características inerentes de inovação, criatividade e consequente
rentabilidade, é resultante do modelo de educação desenvolvido. Agências
de análise econômica nacionais e internacionais preveem que a expansão
brasileira, em 2016 e 2017, deverá registrar índices de PIB em torno -3,77% e
0,30%, respectivamente, em decorrência de altas taxas de inflação e de juros,
bem como do desemprego, queda da renda da população e endividamento
familiar, considerados ainda outros fatores macroeconômicos.
Nas organizações educacionais, o ambiente econômico não se apresenta menos complexo, principalmente se considerarmos que o Plano
Nacional de Educação (PNE) passou por um corte orçamentário de R$ 10 bilhões. Houve ainda uma redução de recursos do Financiamento Estudantil (Fies),
o que afetou o prosseguimento de estudos de aproximadamente 1,5 milhão de alunos. Tal realidade é
consequência da descontinuidade da gestão educaA formação acadêmica para
cional brasileira que, só no governo Dilma, teve três
um ambiente econômico
ministros de Educação, mesmo sob o signo de “Pátria
Educadora”.
produtivo exige parceria e
Nesse contexto de instabilidade, a formação acacumplicidade dos centros
dêmica para um ambiente econômico produtivo exide formação com as forças
ge parceria e cumplicidade dos centros de formação
com as forças empresariais, sejam estas de produção,
empresariais, valorizando a
de comercialização ou de serviços. Em Santa Catarieducação como determinante
na, a Fiesc e a Fecomércio assumiram a liderança e
protagonizaram um esforço de valorização da educada competitividade.
ção como determinante dos níveis de competitividade das empresas. Dessa forma, consagrou-se o fator
educacional como exigência à expansão e consolidação empresarial.
Em momentos de crise, fica ainda mais evidenciada a necessidade e
exigência de um profissional qualificado para a manutenção da relação de
trabalho ou até mesmo para a identificação de novas oportunidades ou recolocação profissional. Portanto, é fundamental que a consciência da educação continuada seja de todos os agentes envolvidos, tanto colaboradores
quanto empregadores.
Às organizações educacionais, cabe, então, reconhecer as necessidades
Fabiane de Amarante
de
mercado
para atender às expectativas apresentadas, que objetivam a
Gestora na Faculdade
superação do ambiente de crise pelo desenvolvimento econômico com susCenecista de Joinville
tentabilidade. Na prática, implica oportunizar alternativas para o contínuo
(FCJ) e presidente do
Núcleo de Educação
aperfeiçoamento dos talentos empresariais, aprimorando a capacidade de
Superior da ACIJ
respostas assertivas e imediatas às exigências do mercado.
20 ACIJ
MARCIO NASCIMENTO
Concessionárias desafiam o
momento econômico do Brasil
Sempre existiram momentos de dificuldades – e sempre vão existir. Essas
situações permitem uma renovação do mercado e uma reciclagem da metodologia adotada pelas empresas. Quem não souber se adaptar, ou não traçar
estratégias sólidas e, ao mesmo tempo, criativas, que permitam ultrapassar
os concorrentes, pode ser engolido pela crise e desaparecer.
Todos os setores sofreram o impacto causado por esta má fase econômica, política e social do Brasil, e as concessionárias não conseguiram escapar
ilesas: o setor de distribuição de veículos, por exemplo, continua crítico, comparativamente ao primeiro trimestre do ano passado.
Apesar de a venda de veículos no Estado ter alcançado um aumento considerável, maior que 18%, no primeiro trimestre deste ano, relativamente
ao mesmo período do ano passado, ainda há uma
queda considerável, superior a 22%. E esses dados
vão de encontro à situação atual do país, que não
passava por tal dificuldade havia mais de 15 anos.
A crise é, de certa forma, inédita no ramo automotivo, que experimentou uma década de alto
crescimento. Até mesmo grandes montadoras,
A melhor estratégia é investir
dominantes no mercado, que entendem tudo do
pesadamente na valorização
negócio, foram pegas de surpresa.
Apesar disso, nosso Estado tem uma economia
do cliente, fidelizá-lo à marca,
rica e diversificada, podendo se situar no ranking
personalizar o atendimento e o
das três regiões que mais crescem no ramo aupós-venda. É preciso, também,
tomotivo do país. Mas é preciso ficar atento para
voltar a crescer, levando em consideração a nossa
criar oportunidades de negócio
realidade econômica.
e ações diferenciadas.
A população encontra dificuldades na aquisição
de bens de alto valor, especialmente na aprovação
de crédito, e existe notável insegurança por parte do
consumidor devido à instabilidade econômica. Dessa
forma, a melhor estratégia é investir pesadamente na
maior valorização do cliente, fidelizar o consumidor à
marca e atender às suas necessidades. Ele precisa sentir que a concessionária é de
confiança e se importa com o seu bem-estar financeiro, que lhe dará as melhores
condições de pagamento, as melhores vantagens e benefícios, caso decida investir seu dinheiro em um veículo novo.
O preço é, sem dúvida, importante diferencial quando se trata de carros,
porém o caminho mais acertado, quando as pessoas estão evitando maiores
gastos, reside mesmo em personalizar o atendimento e o pós-venda, deixanMarcio Nascimento
do-os mais humanizados. Essa, muitas vezes, pode ser a tática mais assertiva
Gerente do Grupo
na conquista de clientes. É preciso também investir, criar oportunidades de
Barigui, responsável pela
negócio, fazer ações diferenciadas, feirões e eventos em conjunto, como tem
marca Volkswagen, e
presidente do Núcleo de
sido a prática das concessionárias ligadas ao núcleo da ACIJ, para que possaConcessionárias da ACIJ
mos fortalecer o mercado e, juntos, vencer as adversidades.
21
ACIJ
REVISTA 21
21
ACIJ NA MÍDIA
A NOTÍCIA, BLOG DO LOETZ, 13/4
BMW vai à ACIJ
“O presidente da ACIJ, João Martinelli, recebeu a visita do novo vice-presidente
de operações da BMW em Araquari, Carsten Stoecker (segundo, da direita para
a esquerda, na foto abaixo). Também participaram da reunião os vice-presidentes da ACIJ Ovandi Rosenstock, Moacir Thomazi e Clayton Salfer, além da
diretora de relações governamentais da empresa, Gleide Souza. A BMW já está
vinculada à Associação de Bombeiros e foi convidada a apoiar o trabalho voluntário da corporação. A ideia teve rápida adesão de Carsten.”
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Economia SC, 1/3
“Representantes de empresas de peso como
Embraco, Tigre, Tupy, Ciser, Schulz, Eletrolux,
Laboratório Catarinense, Allflex, Ven, WEG
e Wetzel já confirmaram presença no
workshop sobre robótica, promovido pela
Pollux e Universal Robots na ACIJ. As duas
empresas apresentam uma modalidade
inovadora de automação, inédita em todo
o mundo, apropriada para automatização
de linhas de produção, proporcionando
mais produtividade e competitividade em
um mercado cada vez mais dinâmico e
avançado.”
Correio Francisquense, 21/3
“O interesse pela prestação de contas das
atividades parlamentares do senador
Paulo Bauer lotou o auditório da ACIJ. Com
a casa lotada de empresários e políticos de
Joinville e região, o senador prestou contas
de suas atividades parlamentares no
Congresso Nacional à frente das comissões
e grupos de trabalho.”
A Notícia, 5/4
“Em meio à avalanche de denúncias
de corrupção no país, a ACIJ lançou em
fevereiro o seu primeiro código de ética.
O documento, em desenvolvimento há
mais de dois anos, norteia a conduta dos
funcionários da ACIJ e serve como guia para
o comportamento das 1.950 empresas
associadas à entidade. O presidente João
Martinelli diz que o lançamento mostra
que a entidade se preocupa com a conduta
empresarial e serve de alerta de que o país
vive um momento de crise ética.”
A Notícia, Adri Buch, 31/03
“Em parceria com o jornal A Notícia, o
Núcleo de Mulheres Empresárias da ACIJ
realizou, na noite de quarta-feira, o 5º
Painel Mulheres de Sucesso – Conquistas
e Desafios, com Cátia Bittencourt, da
Promacal; Kátia Siqueira, da Arte Maior
e Claudia Petry, da Sussurra Boutique
Sensual (foto acima). O encontro foi um
22
ACIJ
sucesso! Mulheres reunidas, engajadas,
dispostas a trocar e somar experiências.
As vivências relatas pelas painelistas
inspiraram as empresárias presentes
para que acreditem no seu potencial e
persistam nos seus sonhos. O cerimonial
foi realizado com maestria pela
Cássia Busanello e esta colunista foi a
mediadora do painel.”
Adjori SC, 5/4
“O Movimento Santa Catarina pela
Educação, liderado pela Fiesc, foi apresentado
pelo presidente da entidade, Glauco José
Côrte, na ACIJ. A iniciativa busca mobilizar
e influenciar o poder público e a iniciativa
privada para melhorar a educação quanto
à escolaridade, qualificação profissional
e qualidade do ensino. Neste ano, o
tema central é gestão escolar, com foco
no aprimoramento dos processos de
gerenciamento.”
CURSOS & EVENTOS
DIVULGAÇÃO
13 a 16 de junho
Curso: Mentoria em gestão e
liderança – uma nova abordagem
Acij, Joinville
(47) 3461-3344/capacitacao@acij.
com.br
12 e 13 de julho
Treinamento: Método 8D de solução
de problemas e respostas de NC
Acij
(47) 3461-3344/capacitacao@acij.
com.br
12 a 14 de julho
Curso: Oratória
Acij
3461-3344/[email protected]
19 a 21 de julho
Curso: PDL – Programa de
desenvolvimento de líderes
Acij
3461-3344/[email protected]
Festival traz apresentações, cursos, oficinas e workshops gratuitos
CULTURA
Cidade da dança
De 20 a 30 de julho, Joinville será palco do tradicional Festival de Dança. Entre os destaques da programação, estão a São Paulo Companhia
de Dança e o Balé do Teatro Guaíra, responsáveis pela Noite de Abertura e pela Noite de Gala, respectivamente. Além das apresentações,
o festival também realiza cursos e oficinas, workshops gratuitos para
os coreógrafos inscritos no evento, seminários de dança, projetos comunitários, palestras, debates, entre outras ações. A programação
completa está disponível no site www.ifdj.com.br. Mais informações:
(47) 3423-1010.
Em família
Ministrado pela consultora Deise Engelmann, nos dias 14 e 15 de junho, a ACIJ recebe o curso “Empresas familiares: potencializando forças da família empresária”. O evento vai abordar temas como modelos
de gestão, profissionalização, sucessão e continuidade e preparação
de sucessores. Mais informações: (47) 3461-3344 ou capacitacao@
acij.com.br.
23 ACIJ
16 e 17 de agosto
Curso: Gestão de Desempenho
Acij
3461-3344/[email protected]
16 a 18 de agosto
Curso: Redação empresarial com o
acordo ortográfico
Acij
3461-3344/[email protected]
22 a 24 de agosto
Treinamento: vendas que geram
resultados
Acij
3461-3344/[email protected]
13 e 14 de setembro
Curso: Gestão de conflitos no trabalho
Acij
3461-3344/[email protected]
20 e 21 de setembro
Curso: Legislação trabalhista preventiva
Acij
3461-3344/[email protected]
REVISTA 21 23
FEITO EM JOINVILLE
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Empresa tem 500 clientes e um total de 4 bilhões de documentos já tratados
ARQUIVAR
Facilidade para empresas
Com mais de 20 anos de experiência, a Arquivar tem cerca de 500 clientes espalhados pelo Brasil e em torno de 4 bilhões de documentos já
tratados. Em Joinville desde 2014, o negócio foi trazido para a cidade por
duas bibliotecárias paulistas.
Empresa de serviços e metodologias voltadas à gestão estratégica de
documentos, a Arquivar é referência nacional em customização de tec-
Empresa atende qualquer necessidade do cliente em móveis
WOODART
Novidade no mercado moveleiro
A WoodArt foi fundada no ano passado por dois jovens empreendedores
com mais de 10 anos de experiência no ramo moveleiro. “Nossos principais
produtos são móveis sob medida e personalizados para dormitórios, closets,
cozinhas, salas de estar, home-theaters, lojas, escritórios etc. Atendemos
qualquer necessidade do cliente em móveis”, explica Erik Pedro Melo, um dos
sócios. Ele destaca como diferencial o padrão de acabamento, o respeito aos
prazos e o comprometimento. “O mercado joinvilense tem bom potencial
de vendas. Apesar da concorrência, existe campo para as boas empresas”,
24 ACIJ
nologias, trabalhando para agilizar
o processo de busca e recuperação
de documentos e informações, vi­
sando ao aumento da produtividade nas rotinas administrativas e
operacionais. “Enxergamos o mercado de Joinville como promissor
de'vido à quantidade de empresas
com mudança de pensamento em
relação à importância de seus documentos”, ressalta a gerente Melissa Mazza.
Dentre os serviços oferecidos,
estão microfilmagem, organização
de arquivos, digitalização de documentos, guarda de documentos,
gerenciamento eletrônico de documentos no sistema via web, otimização e padronização dos processos de trabalho com o sistema
GED Arquivar.
Arquivar Gestão de Documentos
(47) 3425-7015 e 3437-0841
www.arquivar.com.br
avalia. Os projetos desenvolvidos
pela WoodArt têm como objetivo o
melhor aproveitamento dos espaços, resultando em ambientes diferenciados. A fabricação utiliza equipamentos industriais que garantem
precisão no acabamento.
Sobre o mercado, Melo revela
que a empresa busca investir em
ações de marketing para se destacar:
“Se o mercado estivesse mais aquecido, já estaríamos com volume maior
de vendas. Mas procuramos atender
plenamente nossos clientes, para
que fiquem 100% satisfeitos e possam dar boas referências”.
WoodArt Móveis Personalizados
Rua Almirante Jaceguay, 3704
Costa e Silva – Joinville
(47) 3034-3566
www.woodartmoveis.com.br
POR QUE ACIJ
GESTÃO
Incentivo ao crescimento
Para incentivar o crescimento de seus associados, uma
das ferramentas utilizadas pela ACIJ são os serviços exclusivos, como soluções de apoio ao crédito, registro de
marcas e patentes, consultoria de eficiência energética
e orientação empresarial. Associada desde 2012, a Sociedade Educacional Santo Antônio (Inesa) adota o Útil Alimentação, sistema informatizado de cartões que atende
uma das modalidades do PAT (Programa de Alimentação
do Trabalhador). “Escolhemos pelo custo financeiro, facilidade na gestão, pontos de aceitação e proximidade com
a ACIJ”, revela Maikon Pereira, analista financeiro da Inesa.
Rodada de negócios realizada na associação
CONHEÇA OUTROS SERVIÇOS
MAIS PARCEIROS EM MARÇO E ABRIL
isitas técnicas e de negócios – missões empresariais
V
constituem uma forma prática de atualização em gestão, além de desenvolver novos mercados, conhecer
soluções e tecnologias e expandir os negócios. A ACIJ,
por meio da sua área de consultoria e em parceria com
a Fundação Empreender, promove missões para as
mais importantes feiras internacionais.
MERCADO VEIGA
DIDI DOCES E ASSADOS
AMC ASSESSORIA EMPRESARIAL
ARTFEST EVENTOS
RESTAURANTE PALADARES
BELMMEN REALTY JOINVILLE ENGENHARIA
BERGO LTDA - ME
CLINICA RM
YANG MODELADORES
INOVA ALUGUEL DE CARROS
ERGON COMERCIO DE EQUIPAMENTOS PARA EMBALAGENS
ESTRATEGOSFERA DESENV. PROFISSIONAL E GERENCIAL LTDA
EXPRESSIVA HOMEM
JP SOLUTIONS
GERAR
HALCON AUTOMACAO
INFINITEPAR
CONQUIST ODONTOLOGIA
KELLY REGINA DA SILVA BRAGA
LEAR DO BRASIL
RESTAURANTE CANAA
SUPERMERCADO BOBATO
FARMACIA REAL
GRUPO NEOYAMA
ON THE GO
OS SECURITIZADORA DE CREDITOS SA
PANIFICADORA E CONFEITARIA PRIMAS
POSTO SAIBRO
PRODUTTARE CONSULTORES ASSOCIADOS
SD PLASTICOS
SUZANA CARVALHO COMUNICACAO E EVENTOS
TECH4ALL HOME THEATER E AUTOMACAO
TIPOTIL
TRIBUTANET CONSULTORIA TRIBUTARIA
VEOLIA
WEK
WINOV SOLUCOES EM TECNOLOGIA
Printe – o Programa de Proteção Intelectual foi desenvolvido para facilitar o acesso à proteção do capital intelectual das empresas, um relevante fator de
competitividade, diferenciando produtos e serviços e
determinando a permanência ou não das empresas no
mercado.
XML Empresarial – serviço online de armazenamento de
notas fiscais eletrônicas informatizado e compatível com
qualquer software de gestão.
Rede de Vantagens – espaço gratuito no site da ACIJ
para que as empresas associadas divulguem descontos em serviços e produtos. Os descontos são destinados apenas a outros associados. A porcentagem é
estipulada pela empresa que a oferece a vantagem.
Para participar, basta que a empresa seja associada há
mais de um mês, esteja com as mensalidades em dia e
ofereça condições diferenciadas.
Programa de Energia – consultoria gratuita aos associados visa ajudar as empresas a baixar as contas de energia
elétrica. Com esse suporte, algumas companhias já deixaram de gastar até R$ 1 milhão/mês. Iniciado em 2007, o
programa já colaborou com 115 empresas.
25 ACIJ
47 30432661
47 34274965
47 36334132
47 34722272
47 30281604
47 30284334
47 32744311
47 32788882
47 34339334
47 30287772
47 30273444
47 34250934
47 34334414
47 32787877
47 34731493
47 34613154
21 39817052
47 31771101
47 30300420
47 38016610
47 38048683
47 34636715
47 34376652
47 30298700
47 30321999
41 33263500
47 34650325
47 30277820
51 30245536
47 34673291
47 99190102
47 30234281
47 33822238
41 40072087
47 34710333
47 34661900
41 31229600
Associe-se. Entre em contato pelo 3461-3370 e
conheça as vantagens de ser um associado
REVISTA 21 25
CONSULTORIA
BANCO DE IMAGENS
PONTO DE VISTA
Estrutura
necessária
para atender à
burocracia fiscal
Evanildo Lins
Certificado digital é uma espécie de identidade eletrônica da empresa
SERVIÇO
Maior obrigatoriedade
para o certificado digital
O certificado digital, identidade eletrônica que carrega os dados de identificação de uma empresa, pessoa ou site, é um serviço oferecido pela ACIJ
desde 2014. A partir de julho, mais empreendimentos deverão utilizar o documento. O Comitê Gestor do Simples Nacional aprovou a Resolução CGSN
nº 125, que altera alguns pontos da Resolução CGSN nº 94/2011. Entre as
mudanças, está a alteração do limite de empregados para a obrigatoriedade do certificado digital, que passa a se estender aos empregadores com
mais de cinco funcionários.
De acordo com a redação, o certificado digital é exigido para o envio de
informações trabalhistas, fiscais e previdenciárias por meio da GFIP e do eSocial.
Conforme cronograma estabelecido, a partir de 2017, a obrigatoriedade se
aplicará também aos empregadores que tiverem mais de três funcionários.
A certificação digital atribui mais segurança e validade jurídica em
documentos assinados eletronicamente, evitando que outras pessoas interceptem ou adulterem comunicações realizadas via internet. Também é
possível saber quem foi o autor de uma transação ou manter dados confidenciais protegidos contra a leitura por pessoas não autorizadas. Empresários que ainda não dispõem da identidade digital devem adquiri-la de uma
autoridade certificadora credenciada pela ICP-Brasil.
26 ACIJ
Segundo o relatório Doing Business, do Banco Mundial, no Brasil,
uma empresa gasta cerca de 2.600
horas/ano para declarar e pagar
tributos, enquanto a média dos países da América Latina e Caribe é de
aproximadamente 320 horas. Essa
diferença exemplifica bem o quanto o Brasil está atrasado no quesito
eficiência tributária, e o quanto a
burocracia tributária impacta no dia
a dia das empresas.
Não poderia ser diferente: enquanto muitos países desenvolvidos
não praticam mais que uma dúzia de
tributos, o Brasil registra cerca de 90,
se considerarmos impostos, taxas e
contribuições devidas à União, Estados, Distrito Federal e municípios.
Além do número elevado de tributos,
o modelo tributário adotado pelo
Brasil é muito complexo.
Com o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), esperava-se que
diversas obrigações acessórias fossem extintas, mas o que ocorreu foi a
necessidade de novos e consideráveis
investimentos em licenças de softwares e ampliação da estrutura fiscal interna, e muitas das obrigações
e rotinas que deveriam ser extintas
foram mantidas.
Agora, além de um setor fiscal bem preparado, as empresas
precisam ampliar seu suporte de
profissionais da área de sistema de
informações, pois, cada vez mais, a
contabilidade fiscal depende desses
serviços. Outro custo que deve ser in-
FÁBIO ABREU
cluído na conta da burocracia fiscal é
a ineficiência e o despreparo das
pessoas que gerem e legislam sobre
as questões tributárias. A impressão
é que as decisões são tomadas sem
um estudo prévio do impacto dessas
medidas na vida das empresas e dos
cidadãos. É comum depararmos com
normas incompletas, obscuras ou
que não são aplicáveis por falta de
estrutura dos próprios órgãos ligados à administração tributária.
Essa desordem administrativa
e legislativa gera custos para empresas que já atuam no Brasil, e a
incerteza afasta o investimento estrangeiro. O reflexo de tamanha burocracia pode ser sentido de formas
diferentes, conforme o porte e atividade da empresa, mas atormenta desde o microempresário até as
grandes corporações.
Uma empresa de menor porte
depende basicamente dos serviços de um escritório contábil, que
precisa repassar aos seus clientes
os custos operacionais necessários
para prestar um serviço adequado.
E empresas maiores, além de contratar escritórios contábeis, necessitam
contratar serviços de advogados tributaristas, consultorias tributárias,
e têm que manter uma estrutura
interna, maior ou menor, com profissionais especialistas em contabilidade fiscal e de sistema da informação.
Certamente, se a burocracia tributária brasileira pelo menos estivesse na média dos demais países
da América Latina, teríamos um país
mais atrativo ao investimento estrangeiro e nossos produtos e serviços seriam muito mais competitivos
nos mercados interno e externo.
Evanildo Lins
Especialista em direito
tributário, sócio da Lins
Karnopp & Advogados
27
ACIJ
5 TOQUES
Como a comunicação
pode auxiliar o negócio
Entre as dezenas de desafios que o empreendedor enfrenta, um dos
que muita gente (infelizmente) deixa em segundo plano está na comunicação. Via de regra, peca-se na hora de desenvolver uma estratégia nesse campo. Confira as dicas do Instituto Endeavor.
1
Micro, pequena e grande empresa. A comunicação é um campo
democrático. Existem estratégias para todos os estilos, segmentos e bolsos. Você pode começar ao criar um logotipo profissional, em seguida investir em materiais institucionais, depois partir para
um canal de comunicação com a imprensa, por exemplo.
2
Contrate profissionais. A marca do negócio e a forma como
você se comunica serão responsáveis pela impressão que
clientes e parceiros terão sobre a sua empresa. Contratar o sobrinho pode até ser mais barato, mas você não deve deixar sua marca
na mão de um amador.
3
Invista. Para ter sucesso nos negócios, seu time precisa estar
alinhado, principalmente, com os valores da empresa. A cada
boa experiência proporcionada ao cliente, novas indicações
se multiplicam e o famoso boca a boca só vai aumentando o saldo
positivo. Mas, a cada experiência negativa, pode ter certeza de que o
“menos” também entra no jogo.
4
Erros. Sabe quando aquele errinho de gramática passou despercebido e foi enviado no e-mail? Ou o folheto que saiu sem o site
da empresa? Esses erros geram mais polêmica e repercussão nas
grandes empresas, é verdade, mas não é por isso que você vai deixar a
sua parecer amadora e relevar tais falhas.
5
Não corte. Comunicação não é gasto, é investimento. Por isso, da
próxima vez em que planejar cortes na verba de comunicação,
pense se você não está colocando de lado sua fonte de receita.
REVISTA 21 27
OBJETOS DE DESEJO
Superpotência cultural, o Japão
tem estilos únicos em artesanato,
gastronomia, design, artes, entre
diversos outros campos. Também
se caracteriza por manter tradições
seculares, como a cerimônia do
chá. A Revista 21 traz produtos que
simbolizam a riqueza encontrada na
Terra do Sol Nascente.
UMA ÁRVORE EM MINIATURA
Bonsai, em japonês, significa “árvore em
bandeja” ou “árvore em um vaso”. Nada
mais é do que uma réplica em miniatura
de uma árvore. Originalmente da cultura
chinesa, era um presente de luxo na
elite social desse país. Foi popularizado
pelo Japão, que desenvolveu diversas
técnicas e estilos. Na foto, o bonsai
da espécie Liquidâmbar, originário
das áreas temperadas do Leste da
América do Norte e de regiões tropicais
montanhosas do México e da América
Central. Ostenta folhas em formato de
tridente, apresentando cor avermelhada
no outono.
www.idealbonsai.com.br
R$ 2.490
O bonsai Liquidâmbar pode ser cultivado a pleno sol (evitando o de meio-dia), com tempo
mínimo de três horas de exposição por dia. Adapta-se em ambientes internos, desde que
bem iluminados e com incidência de luz solar. A altura aproximada é de 65 cm
DECORAÇÃO PARA
TODOS OS AMBIENTES
As lanternas orientais chouchin são
muito utilizadas na decoração de
diversos ambientes, dando um toque
especial ao estilo japonês. Esta, de
cor branca, traz a pintura de sakura
e inscrições orientais. Fabricada pela
Import, é produzida em papel de
seda e armação interna em arame
com acabamento simples. Não inclui
sistema de iluminação.
Sakura é
o nome
japonês para
a cerejeira
em flor
28 ACIJ
Dimensões: 40cm (diâmetro)
Peso: 70 gramas
Preço: R$ 11,90
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FOTOS: DIVULGAÇÃO
O LIVRO DO CHÁ
Superado o impacto
inicial da abertura
cultural e econômica
ocorrida no Japão da
Era Meiji, a cultura
japonesa, então
em crise devido a
uma progressiva
“ocidentalização”,
começa a reagir.
Artistas e pensadores
passam a refletir
sobre o ponto de
equilíbrio a ser
alcançado entre
renovação e tradição. Se a economia do país
necessitava de modernização, o mesmo não se
poderia aplicar indiscriminadamente a uma cultura
secular como a japonesa. Nesse contexto surge, em
1906, este “O Livro do Chá”, o terceiro do escritor
Kakuzo Okakura. Mais que um livro explicativo
sobre chanoyu – a cerimônia do chá –, é um texto
reflexivo, que conduz o leitor a compreender os
significados por trás do cerimonial, um ritual que
mistura princípios do taoísmo e do zen-budismo.
À fugacidade e ao imediatismo que norteiam o
mundo industrializado, o autor estabelece como
contraponto estético e filosófico a cerimônia do
chá – um culto ao presente, sim, mas também a
busca da perfeição por meio da repetição secular
do mesmo rito.
R$ 43
www.livrariacultura.com.br
O sakê é levemente
seco, indicado no
acompanhamento
de pratos leves e feito
de arroz maltado
fermentado, água,
álcool destilado e
flocos de ouro. Não
contém glúten
PROSPERIDADE EM MICRO FOLHAS DE OURO
Os saquês do tipo junmai se caracterizam
por ser produzidos apenas com a utilização
do álcool puro do arroz, sem adição de álcool
etílico ou açúcar. Esse tipo de saquê, fabricado
pela Hakushika, utiliza arroz do tipo Yamada
Nishiki com leve polimento de cerca de 30% a
39% (aproveitamento de 61% a 70% do arroz).
Deve ser consumido puro e harmonizado
com pratos leves, mais salgados e saborosos,
como tempurá e guioza. Por conter micro
folhas de ouro, é um tipo de saquê para
consumo em ocasiões especiais, celebrações e
confraternizações. O ouro é muito utilizado em
bebidas e alimentos no Japão, especialmente
na época de Ano Novo, pois eles acreditam
trazer boa sorte e prosperidade. A micro
folha de ouro é um ingrediente utilizado em
alimentos e bebidas.
Garrafa contendo 720ml
R$ 220
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GASTRONOMIA ORIENTAL
Delícias da singular cozinha japonesa podem
ser apreciadas neste kit, da linha Nihon. Quatro
tigelas, quatro molheiras individuais de shoyo e um
barquinho são perfeitos para servir o sushi. Todos
são em ABS com acabamento em tinta poliuretano
e aplicação de estampa. A caixa é em papel cartão
revestido com papel cuchê. Pode ser utilizada como
embalagem para presente ou porta-objetos.
R$ 249,80
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Dicas para os “Objetos de desejo” da próxima edição? Escreva para [email protected]
29 ACIJ
REVISTA 21 29
BRIEFING
EDUARDO GIANNETTI
“O Brasil precisa
desesperadamente
de mudanças”
Economista analisa
origens da crise
econômica e aponta
tendência de mudanças
Na abertura da Expogestão 2016,
a uma semana do impeachment, o
economista e cientista social Eduardo Giannetti da Fonseca deslindou a
crise econômica atual e não dourou a
pílula: “O Brasil precisa desesperadamente de mudanças”, pregou. Para
o especialista, o governo Dilma foi
marcado pela reversão de expectativas, que teria se agravado a partir
de 2011 – “até então, tudo parecia
encaminhar para um período de alta
performance”. Em sua palestra, defendeu reformas de fôlego em áreas
como fiscal, previdenciária, trabalhista e externa. Depois, concedeu entrevista. Veja os principais pontos.
30 ACIJ
RAZÕES DA CRISE
O pano de fundo da crise brasileira são dois fatores estruturais: o esgotamento do ciclo de expansão fiscal e a falência do presidencialismo de coalizão. O
ambiente externo é coadjuvante e a piora da política econômica veio agravar
a situação. Quanto a previsões, diria que este ano está “contratado”. Em um
bom cenário, teremos número positivo no PIB em 2017, na ordem de 1% ou
1,5%, enquanto em 2016 deve ficar entre 3,5% e 4% negativos. É difícil que haja
uma reversão com intensidade em tempo de alterar esse quadro.
MEDIDAS EMERGENCIAIS
Uma prioridade é desvincular o orçamento, o que daria margem de manobra para o governo fazer o ajuste fiscal. Cabe observar que 90% do orçamento federal está gasto antes de arrecadado, é dinheiro “marcado”. E
isso engessa enormemente a política fiscal brasileira. Esse é um primeiro
passo. O governo tem condições de fazer uma mudança. Pode até ser em
um período predeterminado, mas o ideal é caminhar para um orçamento
que permita ao governo governar.
INFRAESTRUTURA
Será necessária uma rodada de privatizações – há muita concessão parada por
incertezas e insegurança jurídica. A lei atual pode ser aprimorada e dinamizada. O governo Dilma meteu os pés pelas mãos. Em um primeiro momento,
achou que iria controlar tudo. Depois, aceitou que precisaria do capital privado
e resolveu fazer algum tipo de concessão, envergonhadamente. Mas queria
controlar a rentabilidade, a qualidade, e aí não andou. Finalmente, começou
DIVULGAÇÃO
a esboçar um arcabouço mais adequado ao ingresso do capital privado,
mas outra vez não aconteceu. Agora,
pode-se colocar as peças no lugar e
ter a confiança de que o investidor
precisa para fazer um aporte de capital de longo prazo. A sociedade brasileira percebe que tem alguma coisa
errada no Estado brasileiro, no setor
público, que está asfixiando o país.
ACORDOS COMERCIAIS
Existem acordos comerciais que o
Brasil pode e deve fazer no curto
prazo. Houve uma ideologização da
política externa brasileira que foi
muito prejudicial, e agora poderemos lidar com isso de maneira mais
séria, competente e pragmática.
Interessa ao Brasil manter acordos
de livre comércio fora do âmbito
do Mercosul, com Europa, América
do Norte, Ásia. O Brasil ainda é uma
economia extremamente fechada:
representamos 2,8% do PIB mundial
e comparecemos com menos de 1%
das exportações mundiais. Perdemos espaço, já fomos melhores nas
exportações do que somos hoje.
Está faltando orientação e, na política externa brasileira, uma agressividade que abra possibilidades de
colocação dos produtos brasileiros.
A EVOLUÇÃO
Dívida pública brasileira no
século 21. VALORES EM R$ TRILHÕES
Dívida
pública
alcançou
66,2% do
PIB no fim
de 2015
Mar/16
2,88
2,13
1,62
1,08
0,63
0,45
2000
03
07
11
15
FONTE: TESOURO NACIONAL
31
ACIJ
RETOMADA DA CONFIANÇA
A mudança de governo teria muito
mais confiança se tivesse a legitimidade do voto. O ideal, obviamente,
seria um novo governo eleito. Mas
a circunstância atual é de tamanho desespero que as pessoas, os
empresários, estão se agarrando a
qualquer coisa que apareça que permita vislumbrar um caminho. Virou
uma tábua de salvação. A solução
ideal seria a impugnação da chapa pelo Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), mas a Justiça não anda. Passaram-se quase dois anos da eleição e
já tem evidência de sobra de que a
eleição não foi limpa. O que eu não
me conformo, como cidadão, é que
os empreiteiros estão presos, os diretores da Petrobras estão presos,
os operadores do esquema estão
presos, e os políticos estão soltos.
Tem alguma coisa profundamente
errada na Justiça brasileira. São duas
“justiças”, a do cidadão comum, que
está funcionando bem, e a dos privilegiados, que têm salvo-conduto e
continuam mandando no país.
GASTOS PÚBLICOS
É preciso examinar item por item
do orçamento. Existem burocracias
imensas em Brasília que não servem
mais para nada, estão lá por inércia.
Tem também a questão da Previdência, inevitável. Essa conta não
fecha. O Brasil tem mais 15 anos de
bônus demográfico, mas, quando
virar a taxa de dependência, a conta
previdenciária, que já é pesadíssima,
explode. Se não agirmos agora, só vai
piorar. Para modificar essa situação,
a habilidade política de articulação é
que vai fazer a diferença.
POLÍTICA SOCIAL
O economista Ricardo Paes de Barros,
que desenhou o Bolsa Família, tem
propostas para torná-lo mais efetivo,
no sentido de que o dinheiro chegue
a quem realmente precisa, e não seja
capturado por grupos que não declaram a renda e acabam recebendo
o recurso. Um programa como esse
não pode ser modo de vida. É uma
alavanca. Não pode ser algo permanente. Tem absoluta legitimidade,
mas é uma estratégia de saída de
uma condição para quem não consegue gerar renda, mas não um estado
permanente de dependência. O que
vai resolver o problema distributivo
brasileiro é a igualdade de oportunidades, especialmente com educação
fundamental de qualidade e universal. Um agravante é a falta de saneamento básico, que prejudica a formação das crianças, inclusive cerebral.
REVISTA 21
31
Equipe do novo
escritório, que
abriu as portas
em maio
NEGÓCIOS
A Manchester na capital
Florianópolis passa a contar com o reforço
de uma marca que, desde a década de 60,
é tradição em segurança, confiabilidade e
resultado no setor financeiro: a Manchester
Investimentos. Inaugurar a unidade na capital foi iniciativa tomada após cerca de dois
anos de análise do mercado catarinense.
“Encontramos uma carência muito grande
por consultoria financeira em Florianópolis”,
ressalta Henrique Baggenstoss, sócio-diretor da Manchester, apontando um número
expressivo como sinalizador: mais de R$ 13
bilhões aplicados em poupança, e perdendo
para a inflação, na região de Florianópolis.
“Nosso desafio será levar conhecimento
para essas pessoas, mostrando outras formas de investir que tenham a mesma segurança da poupança mas resultem em melhor
rentabilidade”, explica.
O escritório da capital vai proporcionar
acesso a todo o portifólio de serviços da
consultoria – com possibilidades de investimentos nas maiores instituições financeiras
do Brasil e do Mundo, como Bradesco, CEF,
JP Morgan, Golman Sachs e BNP Paribas. A
32
ACIJ
intenção é de que, em menos de dois anos,
a unidade de Florianópolis já responda por
30% dos resultados da empresa.
Com carta de clientes de cerca de 1.800
contas, a Manchester é um dos mais consagrados nomes do mercado catarinense de
investimentos. A equipe de 20 consultores
financeiros – mais quatro que atuarão na
capital – ostenta três importantes certificações de seu setor: a CPA20 (que a habilita a
atender investidores qualificados, acima de
R$ 1 milhão), CEA, certidão de especialista
em investimentos Anbima, a associação de
empresas do mercado de capitais, e CFP, o
mais alto grau de qualificação do ramo.
Nascida na década de 60 como Manchester
Corretora S/A, a empresa deixou de ser
voltada apenas para o mercado de ações e
oferece, hoje, todos os produtos financeiros.
Desde 2007 associada à XP Investimentos,
atua com foco na integração da carteira de
investimentos dos clientes a um planejamento
financeiro completo e muito pessoal.
FOTOS: DIVULGAÇÃO
“O jogo não
está definido”
Parceira da Manchester, a
XP Investimentos é uma
das maiores empresas
independentes de
investimento do Brasil,
com 500 profissionais e
escritórios em São Paulo,
Rio de Janeiro, Nova York
e Miami. Consultor da XP,
Rodrigo Fiszman esteve
em Joinville para um
treinamento com a equipe
da Manchester e conversou
com a Revista 21.
INVESTIDORES E A CRISE
Nos últimos meses, os investidores começaram a se preocupar com seu
patrimônio e investimentos mais do que quando passavam por tempos
de bonança. Com isso, muitos viram como era necessário ter a ajuda de
um especialista e de uma instituição focada nos interesses dos clientes. Encontramos, também, um movimento mais defensivo nas alocações e uma
busca para se proteger da inflação e da desvalorização do real.
AMBIENTE ECONÔMICO
Vivemos um cenário extremamente desafiador – e que depende de mudanças políticas para implementar medidas que levariam à sua resolução.
Ocorre que, com a expectativa de mudanças positivas e maior visibilidade, o mercado já começou a precificar esse cenário. O jogo ainda não está
100% definido e precisamos acompanhar os próximos movimentos. Para
sair dessa inércia, é imprescindível uma mudança política e a conscientização, tanto da população quanto da classe política, de que são necessárias
reformas para o país voltar a crescer no médio e longo prazo.
DICA DO ESPECIALISTA
A diversificação é o único “free lunch” que temos no mercado. A regra
sempre valerá, e é importante as pessoas atentarem para o fato de que
a diversificação deve ser aplicada em todos os níveis, não apenas de
instituições onde você tem investimentos, mas também classes de ativos, fatores de risco, moedas, países etc. Mas vale ressaltar: se diversificarmos demais, é provável que os resultados sejam pouco perceptíveis,
e se diversificarmos pouco, corremos um risco exacerbado naqueles
ativos concentrados. No momento, a demanda é crescente por fundos
de renda fixa e também por fundos com exposição internacional, pela
demanda de diversificação.
33 ACIJ
CONJUNTURA
Sinais de
confiança
no horizonte
Termômetro que afere a percepção
dos empresários catarinenses quanto à economia brasileira, pesquisa
mensal divulgada pela Fiesc registrou
ligeira melhora em maio. A confiança
do industrial na economia subiu 3,9
pontos sobre o mês anterior, chegando a 41,4 pontos – ainda na linha
do pessimismo, segundo o levantamento. As expectativas para os próximos meses e a avaliação geral do
quadro econômico também tiveram
pequenos avanços. Carga tributária,
juros altos, baixa demanda e alto
preço das matérias-primas são fatores prejudiciais à atividade industrial
apontados pela pesquisa, sinalizando o que o empresariado espera ver
equacionado com as mudanças em
Brasília. Para o presidente da Fiesc,
Glauco José Côrte, a tendência é de
uma maior confiança no governo e
na política econômica. “E confiança
é um item indispensável para que a
economia volte a crescer, deixando
o setor produtivo mais confortável
para investir”, avalia.
A Facisc divulgou nota na qual
pede “cautela e diálogo” para que
o país “saia do eixo recessivo”,
além de um “imediato choque
de gestão” por parte do governo
federal. “A classe empresarial não
suporta mais as dificuldades, a
total instabilidade econômica
gerada por uma política
econômica equivocada e pela
corrupção, que, pouco a pouco,
estão destruindo a segurança
jurídica, fundamental para o
mercado funcionar”, sublinha a
entidade.
REVISTA 21 33
DIVULGAÇÃO
CIDADE
Melhorias na infraestrutura
e na competitividade
Joinville conta mais de 360 mil veículos circulando pelas ruas, o que
exige ajustes urgentes na infraestrutura viária, sob pena de prejudicar a vida da população e o funcionamento das empresas. Para
o presidente do Perini Business Park, Marcelo Hack, as estruturas viárias do Norte catarinense não recebem a atenção necessária, o que emperra o crescimento e o desenvolvimento regional.
Ele exemplifica: “As obras de duplicação da Dona Francisca nem começaram, e na Santos Dumont já evoluíram nas proximidades do aeroporto,
mas a parte mais importante, perto do Centro, ainda está parada”, observa.
Em abril, o secretário de Estado de Infraestrutura, João Carlos Ecker, vistoriou a
Avenida Santos Dumont. “O trajeto perto do aeroporto poderá ser entregue neste
ano, mas o trecho central da duplicação, devemos entregar no final do contrato,
em abril do próximo ano”, detalhou. Simultaneamente à duplicação, estão sendo
executadas as obras do elevado entre a Santos Dumont e a Rua Tuiuti. “O elevado
depende da remoção da adutora de gás, mas essa obra também avança com a
escavação das alças”, complementa Ecker. Com oito quilômetros de extensão, há
serviços em andamento no trecho de cinco, divididos em três partes.
No final de março, o secretário entregou o projeto de duplicação
do Eixo Industrial Norte, em evento na ACIJ, e destacou que o projeto
da Dona Francisca está pronto, com custo estimado de R$ 80 milhões.
São obras esperadas ansiosamente pelo empresariado. “As ações de
infraestrutura têm a característica de proporcionar redução de custos
de produção. Não só para os empresários, mas para a população em
geral, qualquer tipo de investimento viário tende a melhorar o cotidiano”, afirma Marcelo Hack.
ANA KELLER/DIVULGAÇÃO
Trecho da Santos Dumont com novo asfalto: duplicação representa
investimento de R$ 48 milhões, afora os custos das desapropriações
34 ACIJ
Campanhas de vacinação
reduzem índices da doença
BEM-ESTAR
Gripes também
preocupam
empresários
No início do outono, o Brasil foi surpreendido pela volta da gripe H1N1.
Em Joinville, até o início de maio, haviam sido diagnosticados 32 casos,
com três mortes. Até o final de abril,
411 pessoas haviam morrido em
decorrência da doença no país. As
empresas reagiram prontamente,
com ações de vacinação, para conter o avanço da doença.
Na Schulz, a gripe é uma das principais causas de atestado nos meses
de outono e inverno, representando 10% das ausências no trabalho.
Neste ano, 80% dos funcionários
foram vacinados gratuitamente.
Para os dependentes, é oferecida a
aplicação em clínicas parceiras, com
desconto na folha de pagamento. “A
gripe é 33% mais incidente em colaboradores não imunizados”, afirma
Francisco Reitz, gerente de Recursos
Humanos. A empresa investe na comunicação interna e nas reuniões de
liderança, divulgando o máximo de
informações sobre o tema.
CÁSSIO DA ROSA/DIVULGAÇÃO
Na Docol, os funcionários também
foram vacinados. No total, 75%
receberam a imunização. Além
disso, o benefício foi oferecido
aos dependentes, com desconto
posterior. De acordo com o diretor
de administração e finanças, Marco
Aurélio Gonçalves, os atestados não
vêm se alterando muito nos meses
de outono e inverno. Ele observa
que as ações de orientação e a
vacinação anual contribuíram para
esse quadro.
Para a médica Marylane Dantas,
presidente do Núcleo de Gestores
da Saúde da ACIJ, um dos maiores
desafios enfrentados pelas empresas é o absenteísmo por causa médica. “O cuidado com o bem-estar
do trabalhador é item obrigatório
do planejamento estratégico, por
meio de ações de promoção de saúde e qualidade de vida”, ressalta. Ela
explica que os empresários precisam estar preparados para os meses de abril a julho, quando as infecções respiratórias afastam muitos
trabalhadores. “A pessoa infectada
não necessariamente desenvolverá
a forma grave da doença, mas mesmo a leve, altamente contagiosa,
a obriga a permanecer em casa de
um a cinco dias”, afirma.
Para a médica, as empresas devem obter informações sobre a doença de fontes confiáveis e repassá-las
às equipes da melhor maneira. “A
vacina é uma das medidas mais eficazes na prevenção de complicações
e casos graves. Estudos demonstram
que a vacinação pode reduzir entre
32% e 45% o número de hospitalizações por pneumonias e de 39% a
75% a mortalidade por complicações
da influenza”, explica. O Núcleo de
Gestores da Saúde da ACIJ atende
as empresas interessadas com informações quanto ao diagnóstico e
tratamento, bem como as medidas
preventivas da gripe H1N1.
35 ACIJ
EXPANSÃO NO CLIF
Com acréscimo de 20% em seu faturamento, o Centro Logístico Integrado
Fastcargo (Clif) de Itapoá celebra o crescimento na unidade quase dois
anos após sua inauguração. O avanço é atribuído, principalmente, a
uma concessão autorizada pela Receita Federal, que permite oferecer
aos clientes estrutura para desembaraço aduaneiro na importação
e exportação, bem como para organizar operações em regime de
entreposto industrial. O Centro Logístico está apto a operar grande
diversidade de cargas, em função das licenças de órgãos anuentes,
equipamentos adequados e investimento em capital humano. Com
investimento inicial de R$ 120 milhões, a partir dos novos serviços, o
principal objetivo do Clif é triplicar o faturamento em 2016.
REVISTA 21 35
TURISMO RURAL
De pai para filhos
Santa Catarina é bem mais do que praia. De acordo com o Instituto de Desenvolvimento do Turismo Rural (Idestur), foram as propriedades de descendentes de colonizadores que consolidaram o turismo rural no Brasil. Em
Joinville, o projeto Viva Ciranda, criado pela Fundação Turística em 2011,
impulsiona a prática com visitas pedagógicas, fortalecendo o fluxo de turistas ao longo do ano. Em maio, filhos de agricultores e produtores rurais
ligados ao programa participaram do 1º Seminário Municipal de Políticas
Culturais em Museus e Espaços de Memória.
Representantes da Família de Ango, da Agrícola da Ilha, do Apiário Pfau,
do Sítio Vó Bia, do Recanto das Arrozeiras e do Sítio Canto dos Pássaros falaram sobre as oportunidades que o turismo proporciona às suas famílias e as
expectativas que, como jovens, veem na atividade. Henrique Menestrina, do
Recanto das Arrozeiras, formou-se em turismo e, depois de morar na área urbana, retornou às origens para dar novo rumo ao negócio da família. “O plantio
de arroz já não é economicamente viável e, por isso, buscamos outra atividade.
Deixei a vida no centro para morar e trabalhar no campo, onde encontrei mais
qualidade de vida”, conta.
36 ACIJ
Para as filhas de Ango Kersten,
agricultor da Estrada Bonita e
precursor do turismo rural na
região, o desafio foi ampliar
a opção de produtos. Além de
trabalhar com agricultura e
melado, Juliana e Joice auxiliam na
confecção de pães, cucas, biscoitos e
artesanato. “Tudo é feito pela nossa
família. O turismo nos motivou a
permanecer na propriedade, dando
continuidade ao trabalho iniciado
por nossos avós”, ressalta Juliana.
A coordenadora do Viva Ciranda,
Anelise Rosa, sublinha que as
parcerias são fundamentais para
o desenvolvimento das atividades
turísticas. “É o comprometimento
de todos os envolvidos que garante
o sucesso do nosso turismo rural”,
destaca Anelise.
SUSTENTABILIDADE
Reciclagem de lixo
abaixo do ideal
Os números já foram menores,
mas falta muito para que a porção reciclável do lixo produzido na
casa dos joinvilenses tome o destino correto. Em maio, a prefeitura
divulgou que o volume separado
pelos moradores e recolhido pelo
serviço de coleta seletiva oscila entre 5% e 8% – quando se estima em
35% a parcela dos materiais que
poderia ser reaproveitada.
A coleta seletiva, existente desde 2003 e sob a responsabilidade
da empresa Ambiental, recolhe 1
mil toneladas de recicláveis/mês.
37
ACIJ
Poderia ser o dobro, ou mais. “Vemos muito material de qualidade no aterro sanitário”, aponta Pedro Ivo Barnack, da Secretaria de Infraestrutura Urbana (Seinfra). Sete unidades de reciclagem – quatro cooperativas – se encarregam de processar esse “lixo que não é lixo”. O aterro sanitário recebe
em torno de 11 mil toneladas de lixo domiciliar por mês.
Essencial para a reutilização e reciclagem de produtos e materiais,
a coleta seletiva alcança 1.322 municípios brasileiros, o que representa
apenas 23% das cidades. Segundo o Sistema Nacional de Informações de
Saneamento (SNIS), o país ainda está longe do conceito de economia circular, por meio do qual os resíduos são reaproveitados e transformados
em novos produtos.
Em Joinville, uma boa experiência baseada na economia circular é o Nat.Genius,
modelo de negócio lançado em 2014 pela Embraco. A unidade transforma
equipamentos de linha branca e de refrigeração comercial ao final da vida útil
em novos produtos, agregando valor ao que é descartado ou vendido como
sucata. Gestor do Nat.Genius, Luiz Ricardo Berezowski assinala que, do ponto de
vista tecnológico, a economia circular “incentiva a inovação em campos ainda
pouco explorados por governos e grandes grupos econômicos, assim como
desenvolve bases para a criação de novos mercados consumidores”.
REVISTA 21 37
EM NÚMEROS
As digitais de Joinville
O recadastramento biométrico realizado em Joinville até o início de maio mudou o perfil
do eleitorado local. Comparados a 2012, ano da última eleição para prefeito, os números
divulgados pelo Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina em 1o de maio mostram
um previsível aumento no número de títulos cancelados – o recadastramento permitiu
retirar da lista de eleitores os já falecidos e quem não vive mais na cidade, por exemplo.
Além disso, houve substancial melhora no nível educacional dos eleitores, aumento na
participação dos jovens e até curiosidades como o fato de que, agora, ao contrário de
2012, existem mais eleitores casados do que solteiros em Joinville. O resultado definitivo,
que deve ter pouca alteração, será divulgado em junho.
NÚMERO DE ELEITORES
O recadastramento permitiu um número mais realista dos eleitores. Em abril de 2016, eram 412.356 títulos de Joinville
no cadastro do TRE/SC. Em 1o de maio, esse número caiu 16%. Abaixo, uma comparação com 2012
ELEITORES APTOS PARA O VOTO
365.555
2012
2016
354.243
TÍTULOS SUSPENSOS OU CANCELADOS
18.809
2012
81.030
2016
GRAU DE INSTRUÇÃO
IDADE
122.685
ALTA
QUEDA
45 a 59 anos 91.875
25 a 34 anos 88.721
1o grau incompleto 101.472
95.159
80.552
35 a 44 anos 76.131
74.028
2o grau incompleto 80.100
2o grau completo 77.019
66.686
63.980
18 a 24 anos 56.264
1o grau completo 49.513
53.437
36.232
38.361
Superior completo 20.082
Lê e escreve 17.870
29.098
27.504
60 a 69 anos 29.201
Mais de 69 anos 19.449
Superior incompleto 16.072
Sem instrução 3.423
2012
38 ACIJ
4.355
1.574
2016
17 anos 2.963
Até 16 anos 951
2012
9.261
3.993
1.581
2016
FONTE: TRE/SC
GÊNERO
COMO JOINVILLE VOTOU EM 2012
2012
Os mapas abaixo mostram o desempenho dos quatro candidatos mais votados
no primeiro turno. Cada círculo representa uma seção eleitoral, e o tamanho
dos círculos tem relação com o número de votos em cada seção
177.145
Homem
188.410
Mulher
Kennedy
100.307 votos.
Força no Leste
da cidade,
principalmente
na região do
Aventureiro
Udo
85.899 votos.
Foi o candidato
com a votação
mais equilibrada,
com destaque
para o Centro
Carlito
57.594 votos.
Mostrou certa
força na região do
Irirú, mas o Centro
abandonou o então
prefeito
Tebaldi
45.741 votos.
O ex-prefeito
teve seu melhor
desempenho
nas regiões do
Fátima e do Iririú
2016
168.242
186.001
Aventureiro
Iririú
Fátima
Centro
Homem
Mulher
ESTADO CIVIL
Abaixo, o tamanho dos círculos representa a diferença de votos entre os dois
candidatos – Udo Döhler e Kennedy Nunes – que disputaram o segundo turno. Quando
escuro, vantagem para Udo na seção eleitoral. Quando claro, vitória de Kennedy
2012
208.484
138.707
Solteiro
No primeiro turno
Udo concentrou suas vitórias na
região central e nas zonas rurais.
Kennedy conquistou as seções
eleitorais do Leste
No segundo turno
Udo ampliou a vantagem obtida
na região central, desidratou as
conquistas de Kennedy na região
Leste e venceu a eleição
Casado
2016
176.116
139.331
Solteiro
39 ACIJ
Casado
REVISTA 21 39
40 ACIJ
ESPECIAL
Profissionais
mais humanos
Por Marcela Güther
Tudo começou quando o consultor empresarial Wagner Giovani Silva, 36 anos, foi
levar seu filho, em uma manhã de sábado, para assistir à contação de histórias na
Biblioteca Pública Municipal de Join­ville.
Lá, foi apresentado ao programa “Ledores
Voluntários” e a seu coordenador, Osmar
Pavesi. “Ele estava buscando interessados
em proporcionar às pessoas com limitações visuais a oportunidade de conhecer
as obras disponíveis na biblioteca, bem
como contribuir com os deficientes visuais que frequentam curso técnico ou de
graduação, para ter acesso aos materiais
necessários de estudo”, explica. O interesse foi imediato: Wagner se inscreveu para
receber treinamento e, desde 2014, é voluntário, “doando” horas de leitura gravada. Desde 2006, também integra a equipe
de educadores do Instituto Internacional
da Universidade da Família (UDF), em que
os voluntários promovem cursos com temas voltados para a família, baseados em
princípios cristãos.
41
ACIJ
REVISTA 21 41
No Brasil, são 16,4 milhões de voluntários, segundo pesquisa da Fundação Itaú Social. Levantamento do
Instituto Datafolha, com 2.024 brasileiros de 135 municípios, atestou que
11% da população atua como voluntário e 28% realizou algum tipo de
atividade informal não remunerada
nessa mesma perspectiva. De acordo
com a pesquisa, 58% dos entrevistados entraram nessa para ser solidários, enquanto 18% se iniciaram na
prática por influência de conhecidos
ou instituições. Outros 17%, por satisfação pessoal. Sensação de bem-estar (51%), sentir-se útil (40%) e gratificação pessoal (37%) é, na opinião
dos brasileiros, o que se obtém ao
exercer atividade voluntária.
“O voluntariado aprimora a habilidade de se relacionar com os
outros e motivá-los para a mudança. Na minha atividade, com gestão estratégica de negócios, ajuda
a elaborar cenários diferentes do
modelo de negócio da organização,
bem como a definir ações em diversos segmentos”, frisa. De acordo com o consultor, o voluntariado
desenvolve duas competências específicas: tornar-se exemplo, pois
um líder necessita incentivar seus
liderados para o desenvolvimento
profissional, social e pessoal, e a
capacidade de transmitir conhecimento e se comunicar.
Empresas que adotam ações sociais, segundo ele, motivam o crescimento de suas equipes, sendo este
um diferencial competitivo. No dia
a dia, tais projetos permitem identificar lideranças, pois um profissional de nível operacional pode vir a
comandar uma dessas iniciativas e
logo conquistar resultados de excelência. “Daí, pode liderar um setor ou
outros projetos da organização que
também alcancem resultados significativos. Os projetos sociais trazem
outros benefícios, como a melhoria
da capacidade de organização e pla-
42 ACIJ
Na foto acima, Wagner Silva,
acompanhado de Maria Pavesi,
deficiente visual e assistente
do departamento de braile da
Biblioteca Pública Municipal
Prefeito Rolf Colin. Na ocasião, o
registro, em 2014, da entrega de
uma lembrança de agradecimento,
homenageando os idealizadores do
projeto “Ledores Voluntários”. À
direita, Maribel Rosa, coordenadora
do Instituto A Fonte da Alegria (Iafa),
do Catarinense Pharma
FOTOS: DIVULGAÇÃO
nejamento, trabalho em equipe, novas experiências, novos conhecimentos,
gestão por metas, poder de persuadir, capacidade de ensinar e o desenvolvimento da oratória”, elenca Wagner.
Um exemplo é Maribel Rosa, analista de gestão de pessoas no Catarinense Pharma.
A vontade de ajudar o próximo foi despertada no local de trabalho: ela participa
de vários projetos desde a fundação do Instituto A Fonte da Alegria (Iafa), em que
é coordenadora. O Iafa mantém projetos nas áreas ambiental, cultural, social,
profissional e de saúde. Maribel coordena, há cinco meses, um projeto chamado
Coração Solidário, voltado à assistência de famílias carentes. Ela visita entidades,
levanta necessidades, organiza eventos e incentiva a formação de grupos. “É uma
experiência de gratidão e evolução, faz com que me sinta mais valorizada e mostra o
quanto posso crescer como cidadã e profissional.”
A psicóloga Karen Sanches vai além: “Quem é mais ajudada sou eu”. Ela
participa do programa Jogos para Vida, do Hospital Dona Helena. Desde
2015, visita pacientes jovens e adultos internados. O projeto tem como obje-
EDSON MIRANDA
tivo levar ao paciente uma atividade
lúdica, para que ele vivencie um momento sem pensar sobre a doença.
A enfermagem direciona os jogos
aos pacientes que estão há mais
tempo internados. As reações são
únicas. “Você não sabe realmente o
que a pessoa vai falar, como está se
sentindo. Dá uma satisfação ver que
ela riu, ficou com o semblante mais
animado. Possibilitar isso já faz a diferença”, evidencia. Para a psicóloga,
o voluntariado fortalece o indivíduo.
“Colocar-se no lugar dos outros e
querer repartir o amor só faz crescer
como ser humano.”
Para a professora aposentada
Marlene Lucas, agente solidária há
sete, esse trabalho a tornou uma cidadã mais completa. “O voluntariado
ajudou a lapidar os meus propósitos
de ter ouvidos e coração mais abertos, aceitar as diferenças em meio a
tantas adversidades”, aponta. Marlene atua no Hospital Dona Helena e
Maternidade Darcy Vargas. Mensalmente, no Dona Helena, auxilia na
entrega da ceia na capela e quartos.
Quinzenalmente, visita os setores de
crianças e adultos. Já na maternidade, faz visitas e entrega enxovais para
as mães carentes.
43 ACIJ
O Prove Um Dia Diferente, iniciativa da Embraco, reuniu cerca de
100 voluntários para levar melhorias estruturais ao Naipe Joinville
“Dedicação a uma causa”
De acordo com Emerson Zappone, diretor de operações da Embraco,
o trabalho voluntário leva o cidadão a valorizar as interações sociais.
“A sensibilidade ao voluntariado é mais e mais reconhecida como atributo profissional, desde os processos de recrutamento e seleção. As
empresas tendem a valorizar a dedicação do candidato a uma ‘causa’,
a um propósito que esteja fora de seu dia a dia de trabalho e, por óbvio, não se vincule à remuneração. O compromisso social se estende
ao ambiente corporativo e reforça o perfil multifuncional dos times,
característica vital nestes tempos de ‘crise’”, evidencia. “É, em síntese,
uma relação ganha-ganha: eu, você, nós, o outro, a sociedade, todos se
beneficiam de maneira efetiva.”
Há mais de 12 anos, a Embraco mantém o Prove, programa que estimula a
atuação dos funcionários em ações de voluntariado. São realizados projetos
em hospitais, escolas e instituições sociais. O ponto alto é o Prove Um Dia
Diferente, iniciativa que alcançou a sexta edição neste ano. Em abril, cerca
de 100 voluntários arregaçaram as mangas em atividades como pintura
de paredes e muros, revitalização de ambientes e construção de uma horta
pedagógica no Núcleo de Assistência Integral ao Paciente Especial (Naipe) de
Joinville. O objetivo foi oportunizar aos profissionais a experiência de um dia
de voluntariado na comunidade.
Um dos participantes foi o engenheiro civil Luiz Antonio Dalazen Rizzo. O engenheiro é voluntário há mais de sete anos, desde os tempos de
faculdade, tendo como espelho os seus pais, atuantes na comunidade.
Na Embraco, costuma participar de ações desde que ingressou na em-
REVISTA 21 43
FOTOS: DIVULGAÇÃO
presa, em 2014. No Prêmio Embraco
de Ecologia, iniciativa que tem como
objetivo incentivar e reconhecer as
práticas socioambientais adotadas
nas escolas de Joinville, o engenheiro civil auxilia as escolas com seus
conhecimentos na área.
No CEI Espinheiros, vencedor
em 2014 do prêmio na categoria
Transformação, com o projeto “Na
Enchente da Maré: a Aventura Continua”, Luiz elaborou um deck em
estrutura de madeira plástica e ecológica, para a criação de uma área na
qual alunos e comunidade pudessem conhecer e preservar o ecossistema do mangue. Em seu trabalho, o
engenheiro nota reflexos no desenvolvimento dos profissionais, que
são mais solícitos, compreensivos e
convivem em um ambiente harmônico. “Ser solidário deve ser preocupação de todos. Qualquer empresa
procura mais o funcionário que auxilia o próximo, entende a posição do
outro, compreende seus problemas
e observa de que forma ele pode ser
ajudado”, sublinha o engenheiro.
Expondo o seu
lado ridículo
“A sociedade enaltece o vencedor,
que conquista seu espaço, tem boa
aparência. O palhaço é o oposto, o
perdedor, aquele que a sociedade
rechaça, o careca, gordo, disforme. Um ser atrapalhado, torpe,
ingênuo. É um treinamento difícil
para o voluntário, pois se é educado para ser socialmente aceito,
correto”, explica Ângela Finardi,
professora dos cursos de medicina
e de teatro, que ensina a técnica de
clown desde o começo do Palhaçoterapia, projeto da Univille que
completa 13 anos em 2016.
44 ACIJ
Voluntários da
Embraco atuam em
escolas e instituições:
acima, o CEI
Espinheiros, uma das
escolares vencedoras
do Prêmio Embraco
de Ecologia; ao lado,
o Naipe, que foi
beneficiado pela ação
realizada neste ano
Focado na humanização da área da saúde, o Palhaçoterapia foi criado
pela professora Selma Franco, de Medicina, junto com outros três acadêmicos. Além de Selma e Ângela, o professor Alessandro Aleixo trabalha na
preparação dos alunos para as visitas semanais ao Hospital Infantil Jeser
Amarante Faria e ao Hospital São José. São cerca de 60 participantes do projeto por ano. “O objetivo é proporcionar momentos lúdicos para crianças e
adultos hospitalizados. Tirar a pessoa daquele ambiente tão duro que é o
hospital”, explica Ângela. “O Palhaçoterapia também pretende fazer com
que os acadêmicos vejam o outro de forma mais humanizada, desenvolvam
empatia, de forma a não olhar o paciente como doente, mas um ser humano, com toda a sua condição biopsicossocial”, completa.
Segundo ela, ocorre uma inversão de valores aos médicos e profissionais
da saúde em geral. “É preciso aceitar o seu lado ridículo cômico e ingênuo,
rir de si mesmo. Isso provoca nos acadêmicos um olhar mais humanizado”,
expõe Ângela. A formação do clown leva um semestre. No período letivo,
os professores oferecem aulas de duas horas e meia, em que os participantes aprendem a técnica, com treinamentos corporais e vocais. “As aulas são
recheadas de brincadeiras, exercícios e técnicas para nos soltar, criar confiança, incitar a criatividade, descobrir novos traços que existem em nós.
FOTOS: CÁSSIA MARA CIPRIANO E ÉMILIN SOUZA
Além de aula, é uma terapia. É um momento em que esquecemos de toda
nossa vida acadêmica, nossos problemas, e nos divertimos juntos”, explica
a palhaça Fofolete, que frequenta os dois hospitais do projeto.
Fofolete é conhecida como Carolina Schimidt Mendes de Melo, estudante do
segundo ano de psicologia. Ela explica o nome de palhaça: “Eu me considero uma
palhacinha fofa, que adora dar abraços e arranjar sorrisos”. Camila se interessou pelo
Palhaçoterapia pelo fato de ser apaixonada por crianças. Demorou para “se soltar”,
pois não gostava de se expor demais, com receio de ser julgada. “Conforme as aulas
foram passando, criamos laços uns com os outros, e as brincadeiras ajudaram a
colocar a timidez de lado”, avalia.
Os acadêmicos trabalham com músicas, lendas, cantigas e jogos. Também
recebem auxílio para lidar com pessoas internadas, tendo em vista a piora do
estado clínico, os cuidados paliativos e a questão da morte. “Atuando no hospital, é necessário ter uma espontaneidade controlada, respeitar a doença do
outro. Voluntário é o eterno fazedor de pontes”, define. Fofolete nunca esquece de uma situação especial que viveu no ano passado. “Uma menina tinha
acabado de sair de um procedimento, estava abatida e triste. Assim que me
viu pela janela do quarto, me chamou e ficou segurando a minha mão por
cerca de três horas, sem soltar por um segundo. No fim, disse que me amava
e perguntou se eu não poderia passar a noite com ela. Nunca tinha escutado
um pedido desses”, lembra.
O resultado é visível. “Eu me tornei alguém mais preocupada com o próximo e com vontade de mudar o mundo. Saio renovada do hospital. Aprendo
muito a cada aula, a cada visita.” O projeto estimula a prática da empatia, respeito ao limite e o a um olhar mais sensível ao próximo. “Percebo a diferença
que faz quando consigo lidar com alguma situação sem dificuldades.”
Arriscando a
vida pelo outro
O Palhaçoterapia, da Univille,
completa 13 anos: acadêmicos
voluntários visitam semanalmente
o Hospital São José e o Hospital
Infantil Jeser Amarante Faria
45 ACIJ
“Por algum tempo, fui a ovelha negra da família. Meus pais me criticavam por este trabalho, me achavam louco por trabalhar de graça,
correndo risco de me machucar e
até morrer”, conta Jackson Renato
Seidel, que ingressou no Corpo de
Bombeiros Voluntários de Joinville
em 2008, como motorista. Hoje,
é subcomandante da corporação,
responsável por toda a gestão do
sistema de voluntários da corporação, desde o ingresso de novos
bombeiros, formação, treinamentos e gestão de horas e escalas.
Jackson atua também como coordenador de desenvolvimento e
planejamento de emergências
ambientais na Secretaria do Meio
Ambiente de Joinville. Como bombeiro, ele cumpre de 120 a 150 horas mensais de voluntariado por
sua função – a média normal é 24
horas de plantão por mês. “Para
ser bombeiro voluntário, é preciso
ter tempo disponível e uma vida
bem organizada, pois se concilia
família, profissão e trabalho voluntário. Se tudo não estiver bem
dividido, um dos lados acaba prejudicado”, observa.
Em média, entre 10 e 12 bombeiros voluntários atuam na corporação diariamente. Mas, para se
REVISTA 21 45
engajar no grupo, existem requisitos. Para começar, um processo de
seleção e testes de aptidão física
e psicológica. Depois, um curso de
formação, de 300 horas, traz ensinamentos práticos e teóricos, em
que se aprendem funções como
combate a incêndio, resgate veicular e resgate em altura. Se aprovado, o novato inicia o estágio, de 240
horas em campo. Passada a avaliação final, passa a ser considerado
um bombeiro voluntário formado.
“A principal dificuldade é de
absorver o conteúdo, diferente do de
outras profissões. Trabalhamos com
o imprevisível”, frisa Jaekel Antonio
Souza, comandante do Corpo
de Bombeiros. Jackson ressalta a
preparação psicológica que ser
bombeiro exige. “Temos exemplos
de pessoas que, quando entraram
na corporação, passaram por
problemas de adaptação, mas com
o tempo, atuando em ocorrência
e ganhando experiência, tiveram
uma mudança radical na vida.”
“O bombeiro voluntário dedica
tempo e conhecimento a alguém
que ele não conhece. Atua em situações que provocam medo. É preciso
reconhecer o seu próprio limite para
enfrentá-las. Também desenvolve o
espírito de equipe, a camaradagem,
o respeito, a disciplina”, frisa Jaekel.
“Ele passa a valorizar mais o meio
ambiente e o patrimônio. Adquire
maior senso de responsabilidade e
segurança.” Jackson concorda e lembra que, quando o bombeiro está
em ocorrência, entra em contato
com as dificuldades enfrentadas por
outras pessoas. “Vê a si mesmo em
uma situação muito melhor, e isso o
motiva para fazer de tudo para ajudar o próximo. Esse sentimento molda o indivíduo”, completa Jackson.
“Ser voluntário é fazer algo a quem
precise – e de coração.”
46 ACIJ
QUEM É O VOLUNTÁRIO
Pesquisa patrocinada pela Fundação Itaú Social, realizada pelo
Instituto DataFolha em 2013 e divulgada em 2014, buscou traçar
um perfil da ação voluntária no Brasil. A maioria dos entrevistados
nunca atuou antes em ações voluntárias, não sabe onde encontrar
informações sobre o assunto, enquanto 63% discorda de que ajudar
quem precisa é papel do governo. Confira mais informações da
pesquisa no infográfico
51%
49%
homens
mulheres
50%
28%
72%
já praticaram
ações voluntárias
nunca atuaram em
ações voluntárias
11% continuam atuando voluntariamente
Benefícios apontados*
Por que não praticam*
51%
sensação de sentir-se
útil, de bem-estar e de
fazer o bem
40%
Por falta
de tempo
29%
40%
sentir-se útil
Nunca foram
convidados
29%
18%
ajudar as pessoas
e o país
Nunca pensaram
nisso
Onde se informam sobre práticas voluntárias*
76%
20%
17%
33%
18%
16%
não sabem onde
encontrar informações
em instituições
religiosas
pela
internet
em associações
de bairro
com amigos
e parentes
com pessoas que já
foram voluntárias
FONTE: PESQUISA DA FUNDAÇÃO ITAÚ SOCIAL, REALIZADA PELO INSTITUTO DATAFOLHA. FORAM 2.024
ENTREVISTAS REALIZADAS POR TODO O BRASIL, ENTRE 9 E 12 DE SETEMBRO DE 2014, DISTRIBUÍDAS EM 135
MUNICÍPIOS, COM MARGEM DE ERRO MÁXIMA DE 2 PONTOS PERCENTUAIS PARA MAIS OU PARA MENOS,
DENTRO DE UM NÍVEL DE CONFIANÇA DE 95%. PESQUISA QUANTITATIVA, COM ABORDAGEM PESSOAL EM
PONTO DE FLUXO POPULACIONAL, MEDIANTE APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIO ESTRUTURADO EM TABLET.
DESENHO AMOSTRAL COM BASE EM INFORMAÇÕES DO CENSO 2010/ESTIMATIVA 2013 (FONTE: IBGE).
*OS ENTREVISTADOS PODIAM CITAR MAIS DE UM ITEM
47 ACIJ
REVISTA 21 47
DIVULGAÇÃO
Da esq., Itiana e Adriana, empreendedoras da Vuelo, marca que participou do processo de aceleração da Yunus
NEGÓCIO SOCIAL
Novo modelo chega ao Estado
As gaúchas Adriana Tubino e Itiana Pasetti criaram, em 2013, a marca de mochilas, bolsas e acessórios Vuelo. O diferencial da Vuelo é que se trata de um
negócio social: os produtos são feitos de câmaras de pneus e náilon de guarda-chuvas. “A ideia era um projeto voltado à sustentabilidade, usando nossas
habilidades ligadas ao design. E queríamos fazer de forma diferente, conceber
um produto reutilizando um resíduo, diminuindo o problema de excesso de
lixo, criando um ciclo produtivo sustentável”, detalha Adriana. Tendo em vista
essa combinação de fatores, procuraram identificar materiais resistentes, semelhantes ao couro. “Pesquisando e testando, chegamos à câmara de pneu,
que é à prova de água e costuma ir para o aterro, demorando, em média, 500
anos para se decompor. Também escolhemos o náilon descartado nos guarda-chuvas, pois o que realmente estraga são as hastes de metal.”
As empreendedoras iniciaram um circuito de recolhimento, compra e acerto
de valores com os responsáveis pela coleta dos materiais. Os produtos são
vendidos em site próprio e lojas parceiras. A marca passou a focar no público
corporativo, para pedidos em maior quantidade. As duas sócias também abriram
a consultoria Ação Reinvenção, para encontrar soluções e destinos sustentáveis
aos resíduos industriais.
Fator determinante para o voo da Vuelo foi a participação, em 2015, no
programa de aceleração da Yunus Negócios Sociais Brasil. Trata-se de uma
rede que desenvolve negócios sociais pelo país, por meio de seu fundo de
investimentos, inspirando e capacitando pessoas e empresas na transformação social e ambiental. A boa notícia é que a rede está chegando a Joinville.
48 ACIJ
Para as sócias da Vuelo, os primeiros
passos foram três meses recebendo
consultoria em São Paulo. “A troca
foi muito rica, recebemos consultoria de diversos profissionais das
mais diferentes áreas, como branding, direito e gestão estratégica”,
detalha Adriana. Mas o principal
aprendizado foi a compreensão do
próprio negócio – e as possibilidades
para aumentar o impacto positivo,
aumentando a escala, ou seja, produzindo mais, sempre de forma sustentável. A Yunus desafiou a Vuelo
a se expandir para mais lugares do
Brasil. “Três meses depois, fechamos nosso maior trabalho de cliente
corporativo, comercializando 16 mil
produtos para a Sedex Brasil”, orgulha-se a empreendedora.
Adriana pôde contar um pouco dessa experiência na ACIJ, no
evento de estreia da Yunus que, a
partir de 2016, amplia a atuação
para Santa Catarina. Em maio, a
FOTOS: JULIA CIMIONATTO
rede começou a se apresentar para
todo o Estado, visitando Florianópolis, Blumenau e Joinville. Na ACIJ,
também palestraram a representante da Yunus em Santa Catarina,
Daniela Reis, e o coordenador da
rede nacional, Victor Pucci. Para o
lançamento da representação regional da unidade brasileira ligada à Yunus Social Business Global
Initiatives, a rede firmou parceria
com a Nexus Consultoria em Sustentabilidade, além de receber
apoio estratégico da ACIJ, Tigre e
Sustentare Escola de Negócios –
cada um desses pilares representa
setores que podem se beneficiar
com os negócios sociais, o principal
conceito levantado pela Yunus.
Negócios sociais são empresas
que têm como missão solucionar
um problema social ou ambiental.
São autossustentáveis financeiramente e não distribuem dividendos.
Por definição, o investidor recupera
seu aporte inicial, mas o lucro gerado é reinvestido no próprio empreendimento para ampliação do impacto
social. E o sucesso não é medido pelo
total de lucro gerado em um determinado período, mas pelo impacto
criado para as pessoas ou meio ambiente. “A expectativa da Yunus é de
representar um novo modelo, a ser
incorporado por grandes empresas
ou novos empreendedores”, explica
Simone Faustini, parceira local da Yunus e proprietária da Nexus.
De acordo com Daniela Reis, os
objetivos iniciais da Yunus no Estado são ampliar o conhecimento
sobre negócios sociais, replicando
o modelo entre empreendedores e
atuando no processo de aceleração,
além de estabelecer parcerias com
empresas privadas que tenham
gestão que se aproxime do conceito
de negócios sociais e, ainda, firmar
alianças com universidades, a fim
de propor o modelo como alternativa de mercado, incluindo-o como
49 ACIJ
Acima, à direita, Daniela Reis, gestora da Yunus no Estado, em palestra de
apresentação da rede na ACIJ; à esquerda, produto sustentável da marca
Vuelo; no topo, empresariado conhece o modelo de negócios sociais
disciplina ou curso de pós-graduação, por exemplo. Também está sendo organizado um fundo para investir em negócios sociais.
A iniciativa global é liderada por Muhhamad Yunus, único economista a receber
o Prêmio Nobel da Paz pelo trabalho realizado à frente do Grameen Bank, que
tirou milhões de moradores da extrema pobreza em Bangladesh e impactou mais
de 800 mil pessoas ao redor do mundo, distribuindo aproximadamente US$ 8,6
milhões para fomentar negócios sociais. A Yunus Social Business acelera e financia
empreendedores locais, tendo alcançado mais de 800 mil pessoas por meio dos
mais de 500 empreendedores suportados e com 34 negócios sociais financiados
na Colômbia, Haiti, Tunísia, Bálcãs, Uganda e Brasil.
No Brasil, a Yunus Negócios Sociais levanta a bandeira no meio acadêmico,
via palestras, workshops e eventos. Oferece também serviços de consultoria
para empresas, governos, fundações e ONGs. Desde dezembro de 2015, passou a contar com uma rede de gestores estaduais, entre os quais Santa Catarina, com o objetivo de ampliar o potencial de impacto de negócios que possam
tornar o mundo menos desigual. “A Yunus é um negócio global de cinco anos.
Tem atuação no Brasil há três, com sede no Rio de Janeiro. Recentemente, fizemos um balanço para saber qual a dimensão de nosso impacto no país. Era
pequeno. Estávamos centralizados em polos como São Paulo e Rio de Janeiro.
Assim, vimos a possibilidade de expandir a rede, com representantes e parceiros locais em outras regiões”, justifica Simone.
REVISTA 21 49
CASE
Juntos negociamos fortes
Centrais de compras garantem economia média de
20% e inspiram concorrentes a atuar coletivamente
Por Guilherme Diefenthaeler. Em vez da queda de braço, empresas dos mais
variados segmentos vêm apostando na chamada relação ganha-ganha ao
sentar à mesa com seus fornecedores. Um caminho para isso está na criação
de centrais de compras, em que os participantes deixam de lado a rivalidade
e negociam, conjuntamente, produtos ou insumos necessários a todos. O
ápice dessa articulação é a formação de redes, constituídas por diferentes
firmas que se apresentam ao mercado com marca única – caso das joinvilenses Concasa, de materiais de construção, e Unicerta, de supermercados.
A metodologia nasceu há sete anos em Santa Catarina, concebida pelo Sebrae, e hoje é multiplicada em todo o país. No Estado, segundo o coordenador da Regional Norte do Sebrae, Jaime Dias Júnior, são nada menos que 80
grupos ativos, reunindo 2 mil empresas que faturam R$ 4 bilhões por ano.
Compras conjuntas respondem por 30% dessa receita e garantem descon-
50 ACIJ
tos médios de 20%, ou a bagatela de
R$ 240 milhões/ano.
No caso das redes – ou centrais
de negócios, como denomina o programa do Sebrae –, há outros propósitos, além de melhores custos
na hora das compras: capacitação
de equipes, design de lojas padronizado, linhas de crédito em condições mais favoráveis, campanhas
de mídia, centros de distribuição
para atender a todos os parceiros,
planejamento coletivo de marketing e vendas. Mesmo quando não
se chega a costurar uma associação
com essas características, a busca
de soluções comuns para problemas comuns entre concorrentes
produz vantagens evidentes. E aí a
diminuição dos custos é uma das
primeiras bandeiras.
Foi o pleito que mobilizou as 14
BANCO DE IMAGENS
Como exemplo do que essas conversas já renderam, Francisco menciona uma redução média de R$ 10 a
R$ 20 por metro cúbico na aquisição
de concreto pelas construtoras ligadas ao núcleo. “Nem sempre atingimos o objetivo, mas o saldo tem sido
muito mais positivo que negativo”,
avalia, convicto de que, nesse circuito, as duas partes saem satisfeitas:
“É bom para as empresas nucleadas
e também para os fornecedores, que
ganham 14 clientes qualificados. Em
tempos de crise, um diferencial que
pode garantir a sobrevivência”.
Os fornecedores concordam que
a fórmula é boa para ambas as partes. A Famossul, que produz portas de
madeira e componentes em Pién, no
Paraná, amplia a cada ano a presença
de Joinville no seu portifólio de clientes – já atende regularmente a 40
construtoras baseadas na cidade. “A
parceria com o núcleo foi de extrema
importância para o fortalecimento
da nossa marca na região”, avalia o diretor comercial Guido Greipel Junior,
que recebeu uma comitiva joinvilense para conhecer a fábrica da empresa. Do outro lado do balcão, o foco
está em baixar preços, claro, mas não
é só: “Alguns fornecedores oferecem
atendimento especial, designando
um vendedor específico para as nucleadas”, ressalta o engenheiro Rafael
Alex Friedrich, da Construtora Casa
Vita. “Em grupo, conseguimos preços
e prazos melhores. Sozinhos, não teríamos esse ganho.”
Diretor comercial da Issan Empreendimentos, Márcio Ishikawa lista
mais algumas vantagens que não se
limitam à hora das compras: desenvolvimento de novos fornecedores,
melhores práticas, padrões construtivos e tecnologias, cursos, representatividade nas relações com o setor
público, e por aí vai. Ele participou da
visita técnica à Famossul e também
esteve na Top Fusion, indústria de
tubos e conexões, que proporcionou
treinamento para a equipe da construtora. No capítulo custos, a Issan
calcula ter poupado 14% nos gastos
PENINHA MACHADO
integrantes do Núcleo de Construção Civil da ACIJ. Logo que o grupo
se estruturou, no final de 2014,
essa demanda surgiu como unanimidade, ante a queda no ritmo do
mercado imobiliário.
“Percebemos a oportunidade de
ganhar volume juntando nossas
compras de materiais e insumos
para obras”, relembra o engenheiro
Francisco Hackbarth, presidente
do núcleo. Conforme o impacto
de cada item no orçamento, os
fornecedores vêm sendo chamados
um a um. Em pauta, além de
valores, discutem-se temas
como forma de pagamento e até
questões técnicas. Votorantim,
Tigre, Tintomax, Famossul, Max
Mohr e Termotécnica são algumas
que já atenderam ao convite.
51
ACIJ
Francisco, do Núcleo de Construção: bom para empresas e fornecedores
REVISTA 21
51
PENINHA MACHADO
com concreto e 20% no cimento, em
seu último empreendimento, depois
que o núcleo entrou em ação.
Outros segmentos, como imobiliárias,
estudam a possibilidade de avançar
nas negociações conjuntas com
fornecedores, premidos pela alta
de custos. Já os 30 supermercados
que fazem parte do núcleo setorial
caminham nessa direção. O
grupo planeja compras coletivas
de materiais de expediente e
suprimentos. Uma conquista
foi a redução média de 1 ponto
percentual nas taxas cobradas pelas
operadoras Rede e Visa, de cartões
de crédito e débito. “É um retorno
significativo para a rentabilidade dos
supermercados”, avalia o presidente
do núcleo, Marco Aurélio Mattiola.
Mattiola, do Núcleo de Supermercados: redução de taxas para cartões
Atuação coletiva fortalece empresas
Especialmente para micro e pequenas empresas, a busca de competitividade desaconselha a postura
individualista na luta por fatias de
mercado. “Pelo contrário, faz-se
necessário realizar projetos que incentivem as MPEs a atuar de forma
coletiva, visando prepará-las para
uma visão global”, sublinha Jaime
Dias Junior, do Sebrae. Esse é o espírito das redes fomentadas pelo
programa batizado de Central de
Negócios, que elegeram as compras conjuntas como um dos focos.
Uma delas é a Concasa, implantada
em 2009 e hoje com 20 associados
que, além das negociações, têm em
comum aspectos como o marketing
e a própria gestão dos empreendimentos, mirando no desenvolvimento das empresas e na qualificação dos trabalhadores. A rede soma
148 empregos e área de vendas total de 4.900 metros quadrados.
Mais antiga, criada em 2000, a
52 ACIJ
Unicerta Rede de Supermercados reúne 15 lojas em Joinville, Araquari, Barra
do Sul e Jaraguá do Sul. A união trouxe resultados de impacto, como a redução
em até 25% dos custos de derivados de leite, a partir do momento em que a
rede ganhou fôlego para comprar da indústria. Segundo o professor Valmir Gazzoli, que leciona no MBA de Gestão Moderna de Compras da escola Sustentare, em Joinville, a falta de volume significativo no fechamento dos pedidos
tende a inviabilizar compras de pequenas empresas em grandes fabricantes.
“As centrais permitem que esses clientes voltem a ter acesso às condições e
preços mais competitivos das maiores indústrias, em vez de adquirir produtos
de atacadistas ou outros canais”, explica o professor.
O modelo é vantajoso, mas exige cuidados para ter êxito. Antes de mais
nada, Gazzoli frisa que os envolvidos precisam alinhar com clareza suas culturas, estilos de negociação, processos decisórios e expectativas – e dar autonomia ao negociador para buscar as melhores soluções, seja na escolha dos
fornecedores, seja nas condições de pagamento: “Algumas empresas querem
ganhos de curto prazo, outras preferem parcerias de médio e longo prazos”.
Entre os casos bem-sucedidos que vão entrando para a bibliografia acadêmica
da gestão de compras, Gazzoli menciona a Rede Super, do Rio Grande do Sul. A
marca surgiu em 1996, na cidade de Santa Maria, integrando 22 supermercados.
Hoje, são 60 lojas, espalhadas por 30 municípios gaúchos, com 10 mil empregos
diretos e indiretos. “A iniciativa de comprar em grandes quantidades para vender
mais barato atraiu e conquistou os consumidores”, comemora a rede, em texto de
apresentação. “A partir desse momento, os mercados de bairro puderam competir
com as grandes redes em preço e em comunicação.”
FOTOS: PENINHA MACHADO
Devido às restrições alimentares do pequeno Arthur, Letícia Vergara é consumidora
assídua de produtos voltados a esse público e assiste ao crescimento do setor
SAÚDE
O mercado das restrições alimentares
Quadro de limitações na
dieta impulsiona setor
de produtos especiais
A auxiliar jurídica Letícia Segalla Vergara já sabia que sua vida
mudaria muito depois da maternidade. Novas atribuições,
novas responsabilidades, novas
rotinas. Mas não sabia que a dieta alimentar também mudaria
drasticamente. Foi o que ocorreu
53 ACIJ
quando, aos 6 meses do pequeno Arthur, Letícia descobriu que o filho
era alérgico a leite e ovos. “Quando passei a introduzir a alimentação
industrializada é que vieram os sintomas. Corremos para o hospital,
foi um susto. Só quando ele completou 1 ano é que conseguimos fazer
um exame específico, diagnosticando a alergia alimentar”, conta Letícia. Situações como essa, que se repetem em milhares de lares, vêm
sendo acompanhadas pela oferta crescente de produtos especiais
para pessoas com restrições alimentares, tanto em pequenos estabelecimentos quanto nos grandes supermercados.
Inaugurada em agosto de 2015, a SOS Alergias faz parte de uma
rede de franquias com 13 unidades pelo país. Especializada em quatro tipos de alergias (insetos, contato, respiratória e alimentar), a loja
atende à demanda de clientes com restrições alimentares, vendendo
produtos sem glúten, sem leite, sem soja, sem ovos, entre outros. Tam-
REVISTA 21 53
bém mãe de alérgicos e intolerante à lactose, a proprietária Maria
Luíza Garcia observou uma demanda crescente de consumidores,
ao lado de um mercado que ainda era restrito. Por isso, resolveu
abrir o ponto. “Prestamos atendimento personalizado e os clientes
podem esclarecer todas as suas dúvidas. Ainda existe uma confusão
muito grande sobre o assunto e, por falta de informação, as pessoas
podem acabar comprando algo que continue a fazer mal”, reitera
Maria Luíza.
Os fatores que desencadeiam alergias e intolerâncias alimentares ainda
não foram devidamente esclarecidos, contudo, o consumo de produtos
industrializados, com aditivos, corantes e agrotóxicos, pode influenciar. “Essas
alergias são crônicas e pioram à medida que você continua introduzindo química
em seu corpo. Os hábitos alimentares têm tudo a ver com a tendência de mais
pessoas diagnosticadas com restrições. Existe também o aspecto genético, mas o
fator externo é muito forte”, explica a nutricionista Simone Ribeiro.
Figueró, do Giassi, aposta no crescimento da oferta e demanda
Tendência nas prateleiras
Algumas redes de supermercados mantêm um setor exclusivo de produtos para pessoas com intolerância ou alergia alimentar. É o caso do Giassi.
Segundo o gerente de uma das lojas de Joinville, Maicon Figueró, há aproximadamente dois anos e meio, a rede começou a investir na oferta desses
produtos, a partir de solicitações dos clientes. Também adepto da linha, o
gerente registra que o preço é mais elevado, justificado pela natureza da
produção dos alimentos, ingredientes e processo de fabricação. A rede
dispõe de produtos de panificação, como pães, bolos, biscoitos e massas,
laticínios, como leite, iogurte e queijos, além de chocolates sem lactose.
Considerando a variedade restrita, Figueró reconhece que há espaço a ser
explorado. “Para novas unidades, o Giassi já estuda a viabilidade da implantação de uma cozinha própria para produção de itens sem glúten.”
54 ACIJ
Mudança
de hábitos
Em função da alergia do filho, a mãe
Letícia Vergara precisou adaptar
completamente sua dieta, excluindo
qualquer alimento feito com leite
e ovos, devido à transferência das
substâncias ao organismo da criança pela amamentação. Há dois anos,
ela ficou sem saber o que fazer para
encontrar os alimentos, porque não
conhecia lugares que vendessem esses produtos. Para Letícia e o pequeno Arthur, hoje com 2 anos, a dieta
está funcionando. Impossibilitando
o contato do filho com os alimentos
aos quais é alérgico, os sintomas desapareceram e, aos poucos, ao longo
do tratamento, ela pensa em trazer
alguns alimentos de volta à rotina da
casa. A nutricionista Simone Ribeiro
explica que, depois de um período
sem contato com o alimento, o corpo
para de produzir anticorpos. A partir
daí, é possível ingerir alimentos comuns aos poucos, para verificar as
reações do organismo.
Dados da Mintel, empresa de
pesquisa de mercado, apontam que
5,9% dos lançamentos de comidas
e bebidas, em 2015, trouxeram
informações na embalagem
indicando quantidade reduzida ou
ausência de lactose. A fatia foi de
3,8% em 2014 e de 3,1% em 2013.
Já a parcela de produtos sem glúten
cresce apoiada na necessidade dos
portadores da doença celíaca, que
apresentam intolerância à proteína.
Segundo a Associação Brasileira de
Alergia e Imunologia, as reações
alimentares de causas alérgicas
acometem de 6% e 8% das crianças
com menos de 3 anos e de 2% a 3%
dos adultos. Para completar, esses
produtos também atendem a uma
parcela de consumidores que buscam
hábitos de vida mais saudável.
Diferenças entre
intolerância
e alergia
Simone investe no preparo dos alimentos e atendimento personalizado
“Cada vez mais pessoas estão tendo acesso aos diagnósticos de
alergia ou intolerância alimentar. O público que busca uma alimentação mais saudável, por sua vez, mesmo sem a necessidade, investe nos
produtos em função dos cuidados com o corpo”, explica Simone, proprietária da Delicatessen Essência de Baunilha. O estabelecimento abriu
as portas em 2010, visando à fabricação própria para revenda a pontos
comerciais. Em 2012, mudou para uma nova sede.
O ambiente já se firmou como referência para pessoas com restrições alimentares. A Essência de Baunilha vende produtos próprios
em cinco pontos comerciais de Joinville, além de outras cidades dos
três Estados do Sul. A loja também comercializa produtos de outras
marcas e a proprietária estuda franquias. Otimista com a tendência
de expansão, Simone explica que ainda falta difundir melhor o assunto na sociedade em geral. “As pessoas precisam ter mais acesso à
informação fidedigna sobre o tema, entender por que determinada
reação acontece, por que tirar determinada substância da sua dieta.”
Informação é o que busca a professora Elizabete Augusta dos Reis
Rodrigues, a partir do encaminhamento dos exames que podem diagnosticar e confirmar sua alergia ao glúten. Desde 2010, ela segue uma
dieta restritiva, mas nunca teve diagnóstico preciso. “Comecei a sentir
mal-estar, cansaço excessivo e dores no estômago. Aí me lembrei de
uma situação parecida que ocorreu com uma amiga e resolvi tirar da
dieta os alimentos com glúten. Como os sintomas passaram, adotei
como definitivos os novos hábitos alimentares”, conta Elizabete.
55 ACIJ
A intolerância é uma reação de sensibilidade não alérgica do organismo,
causada por mecanismos não imunológicos a alguns alimentos ou a substâncias encontradas em um ou mais
grupos de alimentos. As substâncias
tóxicas provocam desequilíbrios devido à deficiência ou ausência de enzimas digestivas para decompor os
alimentos. A ingestão excessiva e continuada de um determinado alimento
pode levar à saturação do organismo e,
se assim for, ele deixa de metabolizar
esse alimento, o que provoca problemas de saúde e mal-estar. No fundo, a
intolerância alimentar é uma resposta
adversa e retardada do organismo, relativa à ingestão de alimentos que já
eram ou passaram a se tornar nocivos.
Normalmente, a resposta é lenta e assintomática, isto é, sem manifestações
visíveis e imediatas após a ingestão dos
alimentos. Com o tempo, a intolerância
pode resultar em inflamações crônicas
que se transformam em doenças debilitantes, afetando o bem-estar e a qualidade de vida do ser humano.
Já a alergia é uma reação adversa
a determinado alimento. Envolve um
mecanismo imunológico e tem apresentação clínica muito variável, com
sintomas que podem surgir na pele, no
sistema gastrintestinal e respiratório.
As reações podem ser leves, como simples coceira nos lábios, até graves, que
podem comprometer vários órgãos.
A alergia alimentar resulta de uma
resposta do organismo a determinada
substância presente nos alimentos. As
substâncias são combatidas pelo sistema
imunológico, podendo levar a processos
inflamatórios e ao aparecimento de
sintomas como fadiga, intestino irritável,
inchaço, enxaqueca e obesidade.
REVISTA 21 55
Ao lado, o símbolo dos Jogos;
abaixo, Vinicius de Castro, da Tigre:
“Não poderíamos ficar de fora”; na
outra página, Marcus de Menezes,
da Docol: retorno para a empresa
vai muito além do financeiro
MERCADO
Oportunidades olímpicas
Empresas joinvilenses
marcam presença na
maior competição
esportiva do planeta
Por Mayara Pabst. Quase 15 mil atletas, representando 206 países, em 28
dias de competição. Serão 834 provas
com medalhas, em 65 modalidades
diferentes. Números que dimensionam os dois maiores eventos esportivos do planeta. A realização dos
Jogos Olímpicos (5 a 21 de agosto) e
Jogos Paralímpicos Rio 2016 (7 a 18
de setembro) direciona os holofotes
do mundo sobre o território brasileiro, especialmente a capital fluminense. Quem se faz presente na competição alcança uma oportunidade de
exposição raras vezes vislumbrada.
Empresas de Joinville estarão representadas no evento mundial aproveitam a visibilidade para expor seus
padrões de excelência.
As provas das Olimpíadas Rio
2016 serão em 32 locais, de quatro
regiões do Rio de Janeiro (Barra da
Tijuca, Deodoro, Maracanã e Copacabana). Em alguns desses espaços,
como nas arenas principais, centro
de tênis, centro internacional de
transmissões, parque radical e centro nacional de tiro esportivo, estarão itens produzidos em Joinville,
pela fabricante de metais sanitários Docol. Destaque para tornei-
56 ACIJ
ras eficientes no quesito economia
de água, chuveiros antivandalismo
para banheiros e vestiários e uma
linha de produtos desenvolvida
para pessoas portadoras de necessidades especiais, nos 21 locais das
competições paralímpicas.
Maior exportadora de metais
da América Latina, a Docol já é reconhecida no Brasil e no exterior.
Segundo o diretor comercial e de
marketing, Marcus Vinicius Cordeiro de Menezes, o fornecimento de
produtos para obras dessa magnitude reforça o caminho percorrido
pela empresa. “A importância vai
muito além do retorno financeiro.
Estar em um evento tão relevante,
que recebe atletas do mundo inteiro, dedicados a bater novos recordes, competir e mostrar o trabalho
de anos de dedicação e treino, é
muito significativo”, orgulha-se
Menezes.
A Docol ainda forneceu itens para
construções que não estão ligadas
diretamente aos jogos, mas fazem
parte do legado olímpico, como
o Parque Madureira, o Museu
do Amanhã e o Aeroporto do
Galeão, todos no Rio de Janeiro.
Com experiência em obras de
grande porte, a empresa também
disponibilizou produtos para estádios
da Copa do Mundo de 2014.
Já os fixadores da Ciser, a maior
do setor na América Latina, contribuem para a segurança da construção dos espaços que vão abrigar as
competições, como arenas multiuso, complexo aquático, complexo de
tênis e velódromo. Os itens foram
utilizados principalmente nas estruturas metálicas das edificações,
com fixadores pesados e produtos
para coberturas e fechamentos em
construção seca. “Somente em uma
das obras, foram utilizados, entre
outros fixadores, aproximadamente 24 mil conectores de cisalhamento. A confiabilidade dos produtos
reforça nossa representatividade
nacional e serve como vitrine para o
mercado da construção civil”, relata
Flávio Mandelli, gerente de gestão,
vendas e marketing.
A presença de joinvilen­
ses nas
Olimpíadas se estende aos locais
para acomodar os atletas e o comitê
olímpico. A Tigre forneceu produtos
para o Condomínio Ilha Pura, conjunto de 32 prédios, e também para a Via
Première, além de itens para arenas.
“As vendas para as obras olímpicas
colaboraram para atingirmos nossos
objetivos nos segmentos de construção formal, minimizando os efeitos
da crise”, pondera o gerente nacional
de vendas, Vinicius Miranda de Castro, ressaltando que, em um evento
dessa proporção, as obras devem ter
um bom padrão, desde o projeto até
o acabamento. “Como líder de mercado, a Tigre não poderia ficar fora.”
57 ACIJ
FOTOS/DIVULGAÇÃO
Símbolo dos Jogos vai
passar por Joinville
Além da presença de empresas nos palcos principais das Olimpíadas e
Paralimpíadas Rio 2016, a maior competição do mundo passa por aqui
com o revezamento da tocha olímpica. No dia 13 de julho, a cidade volta
suas atenções para o símbolo que representa os sentimentos de paz,
união e amizade que inspiram a competição. O evento está sendo preparado, com o envolvimento da prefeitura, desde agosto de 2015, quando equipes do comitê olímpico estiveram em Joinville para definição de
rota, segurança, marketing e condutores.
“Este dia será histórico para Joinville. É uma oportunidade ímpar para mostrarmos
as belezas da cidade, nossa capacidade de organização e o trabalho de nossa
gente, permitindo, ainda, que muitos joinvilenses tenham a honra de conduzir a
chama olímpica”, relata Carlos Eduardo Martins, gerente de eventos e cerimonial
da prefeitura. Cerca de 100 pessoas participarão do revezamento em Joinville,
escolhidas em promoções nos sites “Rio2016” e de seus patrocinadores.
O revezamento da tocha olímpica Rio 2016, que tem duração de 90
a 100 dias, contará com a participação de 12 mil condutores, percorrendo 20 mil quilômetros. O revezamento será encerrado no dia 5 de
agosto, quando o último condutor acenderá a Pira Olímpica durante a
cerimônia de abertura dos jogos, no Estádio do Maracanã.
REVISTA 21 57
Netos e sobrinhos já estão
desenvolvendo gosto pela música
VITAE
Entre partituras
e empreendimentos
Ao chegar aos 60
anos, Raulino Schmitz,
resolveu incluir os
filhos no negócio para
aproveitar mais a vida
Por Letícia Caroline. No mais recente encontro da família Schmitz, em
Antônio Carlos, município a 32 quilômetros de Florianópolis, a festa foi
animada, pela primeira vez, por música ao vivo. Raulino Schmitz saiu de
Joinville, com seu acordeon e a parti-
58 ACIJ
tura de “Noite Feliz”, para demonstrar
seus dotes, adquiridos em dois anos
de aula. “Hoje, para mim, é mais difícil
tocar acordeon do que gerenciar um
hotel”, diverte-se.
Raulino é dono do Hotel Sabrina,
que fica no Centro de Joinville. Ao
completar 60 anos, decidiu dar andamento à sucessão do empreendimento para os filhos Rodrigo e
Sabrina. Com tempo sobrando, resolveu se dedicar a um instrumento
musical. Já tinha apreço pelo acordeon, atraído pela beleza de seu
som. Procurou o Conservatório Be-
las Artes, próximo ao hotel, e começou a se desenvolver. “Não temos
tradição musical na família. Meu
objetivo é despertar esse interesse
nas próximas gerações”, afirma.
Na opinião do empresário,
aprender a tocar um instrumento
exige a mesma dedicação necessária para tocar um negócio. Além
das aulas nas terças e quintas-feiras,
destina de dois a três dias para treinar em casa. Também já se adaptou
aos palcos – a escola propõe apresentações mensais e nos finais de
ano, com um grande espetáculo.
A inspiração já está ganhando
adeptos, com sobrinhos aprendendo
violão, teclado e bateria. A ideia de
Raulino é de que, no final deste ano,
seja possível montar uma banda
com os parentes para apresentação
na festa da família, que envolve
umas 50 pessoas. O pensamento de
empreendedor faz com que vislumbre
um futuro para os netos Arthur,
4 anos, e Sofia, 8 meses. “Quero
influenciá-los também. Quando se
tem tradição musical na família, fica
mais fácil”, explica.
Aprender é uma das coisas que
Raulino mais faz. Saído do interior,
chegou a Joinville em 1976, depois
de se formar em técnico mecânico
para trabalhar na antiga Consul.
Teve que se adaptar à rotina de cidade grande e ir atrás de conhecimentos profissionais. O espírito inquieto
logo fez com que se juntasse ao
cunhado para empreender na área
automotiva, montando uma oficina
mecânica em sociedade.
Em algumas viagens, começou a
prestar atenção no ramo hoteleiro e
percebeu que seria uma boa opção.
Foi aí que construiu o Hotel Sabrina.
Em 1984, o primeiro endereço tinha
32 apartamentos. Hoje, são 82 e há
estudos para a construção de uma
nova unidade. “Encontrei todas as
dificuldades porque não conhecia
a área. Fomos aprendendo no dia a
dia”, conta o empresário, formado
em administração.
Na empreitada, Raulino sempre
contou com a esposa Maria Aparecida. Conhecida como Cida, foi ela
que tocou a parte administrativa,
enquanto ele se preocupava com
as expansões e organização da infraestrutura. Casados há 38 anos,
conheceram-se em Antônio Carlos,
onde estudaram juntos. “A parceria
entre o casal é muito importante. Se
os dois não se entendem, como vão
montar um negócio?”, questiona.
59 ACIJ
FOTOS: PENINHA MACHADO
Raulino e Cida empreenderam e agora vivenciam sucessão
Em viagens, olhar para os negócios
Cida e Raulino já exploraram vários lugares do mapa. Conhecem boa parte
do Brasil, Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai, Venezuela, Colômbia, Haiti,
Panamá. Também passaram pelo Canadá e Estados Unidos. Na Europa, visitaram Alemanha, França, Áustria, Suíça, República Tcheca e Itália. Raulino
afirma que as viagens ajudam no negócio, já que um empresário nunca
desliga o olhar analítico. Para este ano, a família pretende, pela primeira
vez, levar filhos e netos a Bariloche. Além da música e das viagens, para
aproveitar o tempo livre, Raulino anda de bicicleta, caminha e corre. “Não
gosto de academia, acho muito monótono”, conta. Para ele, é preciso ter
contato com a natureza durante a atividade física, o que é possível durante
suas pedaladas e caminhadas.
Vivenciando a sucessão, Raulino se sente tranquilo em repassar conhecimentos aos
herdeiros. “Você pode trabalhar até 80 anos, e depois transferir o negócio, ou optar
em parar aos 60 e incluir os filhos, para que aprendam com a sua experiência”,
teoriza. É o que ocorre no Hotel Sabrina. Rodrigo e Sabrina são responsáveis pelo
empreendimento e contam com a ajuda dos pais para aconselhá-los. “Para o
negócio prosperar, é preciso conhecimento. Uma grande vantagem dessa nova
geração é que eles já vêm com muita teoria. Além disso, é preciso vestir a camisa,
assim, o lucro será consequência”, afirma.
Prevendo um ano difícil, o empresário se preparou para enfrentar 2016
com um caixa organizado. Mesmo com faturamento mais baixo comparado a 2015, afirma que a empresa tem fôlego para passar pelo momento
difícil, mantendo visitas contínuas a terrenos próximos, para expandir o negócio. “Já passei por várias crises, não tenho mais medo delas. O ideal é se
prevenir, porque a crise vem e vai”, ressalta.
REVISTA 21 59
20
16
DIÁRIO DE VIAGEM
A bela capital
da Catalunha
A experiência de estar em Barcelona vale por si
só. “Caminhar por suas ruas, conversar com sua
gente e vivenciar a paixão pela cidade é encantador”, diz Renata Cavalieri. Consultor de Marketing
e Estratégia da Lab34, o marido Flávio Pinheiro foi
o parceiro de aventuras. Renata, que é professora
de espanhol, explica por que a capital da Catalunha é meio mágica: “Se o tema for gastronomia,
Barcelona é um lugar repleto de aromas e sabores. Não apenas em função de seus mais diversificados restaurantes, mas também porque lá você
encontra todos os tipos de temperos e ingredientes que possa imaginar. Se preferir a arte, poderá
conhecer no bairro Gótico um pouco mais sobre
a obra de Pablo Picasso, em visita ao seu museu,
que fica bem no miolo do bairro”.
Para os viajantes paulistanos que adotaram Joinville
há cerca de um ano, Barcelona abriga várias cidades
em uma só. Especialmente para quem é fascinado por
arquitetura, a cidade é uma imensa vitrine. A começar
pelas famosas obras de Antoni Gaudí.
Barcelona,
Espanha
No alto, Parque Güell, um dos pontos turísticos mais
visitados na cidade e obra de Antonio Gaudí. No centro,
Cascata Monumental Citadella. Acima, na Plaça Reial
60 ACIJ
NONONONONONON
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Na foto maior, Montjuïc,
de onde se tem
privilegiado panorama da
cidade antiga e do porto.
À esquerda e embaixo, o
bairro Gótico, outra das
tantas belezas e muito
visitado por quem aprecia
arte e arquitetura
Acima, no Camp Nou,
Flávio e Renata foram ver
de perto a casa de um
dos maiores times de
futebol do mundo
Um dos lugares mais
visitados de Barcelona é
a Plaça Reial. O design de
todas as Lanternas é de
Antonio Gaudí
61
ACIJ
REVISTA 21 61
CONTRAPONTO
FÁBIO ABREU
Como acertar o alvo do
marketing em tempos de crise
LUIZ CARLOS PEREIRA
Reputação da marca
Sim, vivemos uma crise econômica.
Os consumidores estão receosos.
Mas pergunto: é possível estagnar?
Não. Fechar as portas de seu negócio não é opção. Parar de consumir
não é possibilidade, afinal, temos
inúmeras necessidades. Mas o que
fazer para superar essa fase delicada? Poderia responder rapidamente com algumas opções. Vamos de
benchmarking? Melhores processos e ideias inovadoras devem garantir o sucesso da sua marca. Que
tal Inbound Marketing? Oferecer
conteúdo relevante é a chave para
melhores resultados. Presença digital? Você fica para trás se não tiver.
Outdoors, anúncios, comerciais de
TV – tudo que faça sua marca não
ser esquecida. E links patrocinados
62 ACIJ
para alcançar em cheio seu público-alvo aonde quer que ele esteja?
Site responsivo? Fundamental para
mostrar o produto com eficiência.
Agora, você pode me perguntar, isso
tudo é errado? Não. Isso tudo está
certo. E eu pergunto: se você faz
tudo isso para sua marca, por que
continua difícil vender? Porque existe um fator determinante esquecido – a reputação da marca.
Uns chamam de storytelling. Eu
chamo de “o que você oferece de
bom, real e consistente para seus
consumidores”. Todas as ferramentas de marketing citadas são, de
fato, muito importantes. Mas para
que serve um site responsivo se você
atrasa a entrega do produto? Por
que fazer um comercial de TV se, ao
chegar à sua loja, o cliente não é bem
atendido? Como vender seu serviço
se as pessoas que trabalham com
você não acreditam nele? O diferencial hoje, em meio à crise e entre tantas marcas que investem em ferramentas de marketing, é a reputação
da marca. A história que ela conta ao
consumidor é um diferencial decisivo
na hora da compra. Transmite segurança e agrega valor. É preciso criar
vínculos com seu target. Por isso,
mais uma pergunta: sua marca tem
reputação? Se a resposta for sim, nos
vemos no outro lado da crise. Se a
resposta for não, comece a construir
a história da sua empresa.
Luiz Carlos Pereira
Publicitário, sócio
diretor executivo da
Onze.ag e do Portal e
Revista Making Of
RODRIGO LAMIN
Gestão inteligente
No universo do trade marketing, não
há verdades universais. A cultura e as
condições de consumo variam, o que
se reflete em formas e níveis diferentes de maturidade para atuar com
trade e vendas. Entretanto, o objetivo
macro é o mesmo: promover a proposta de valor das empresas e seus
produtos no ponto de venda. Diante
das mudanças no hábito de compra,
em decorrência, sobretudo, das novas tecnologias e da economia em
recessão, o trade marketing enfrenta
um desafio concreto: vender e fidelizar o novo consumidor.
Segundo a Nielsen, as visitas aos
pontos de venda caíram 4,7% em
2014, com aumento do tíquete médio em 5,6% a cada visita. Ou seja,
as pessoas estão indo menos à loja,
mas comprando mais a cada visita.
Indústrias e distribuidores devem
se diferenciar no PDV e proporcionar experiências mais relevantes ao
consumidor. A conexão entre a loja
física e a virtual é um dos grandes
desafios do trade, que pretende ser
estratégico. Afinal, como medir o
impacto de uma ação de trade realizada na loja física, mas que resulta
em conversão via e-commerce?
Um dos caminhos é estabelecer
uma operação híbrida, que forneça
resultados mensuráveis, previsíveis,
e que possibilite fazer o tracking das
vendas com esse perfil. O marketing
digital pode complementar ações
híbridas, principalmente em vendas
mais complexas. Desse modo, os
contatos obtidos na visita ao PDV
VICTOR AGUIAR
Nem tudo que é comum é normal
Em tempos de crise, é usual cobrar
melhores resultados das equipes de
vendas – elas são, na maioria das vezes, elo entre empresa e clientes. Do
outro lado, é rotineiro ouvir queixas e
justificativas mil, mercado estagnado, falta de confiança, concorrentes
com condições inimagináveis etc.
Fundamental diferenciar o que é
comum do que é normal: por vezes,
a repetição de determinadas situações por longo tempo faz com que
algumas situações que se tornaram
comuns sejam entendidas como normais e gerar acomodação.
Não conseguir fechar algumas
vendas é comum para qualquer
profissional, mas altos índices de
não-conversão não são normais, só
para citar um exemplo. Para apurar
63 ACIJ
as razões, investigue seus dados internos, veja o que foi orçado, o que foi
fechado e o que não foi concretizado.
Quem não comprou, não o fez de ninguém ou você perdeu para a concorrência? Se isso ocorreu, para quem foi
e por quê? Transforme os dados em
informações e crie estratégias.
Mostre para a equipe de vendas que o atendimento começa,
hoje em dia, virtualmente. Quando
se tem a oportunidade de um contato pessoal (mesmo por telefone),
não se pode perder a oportunidade,
pois, se o cliente está lhe dando essa
chance, por algum motivo você conseguiu chamar a sua atenção.
Há muito tempo que não temos
um momento tão difícil. Por isso,
até por ser novidade, corre-se o risco
podem ser “nutridos”, mantendo um
relacionamento de longo prazo mesmo fora do ponto de venda, de forma
personalizada e assertiva.
Apesar do crescimento das compras digitais, algumas experiências
só são possíveis pessoalmente, como
um test-drive. Por isso, o trade marketing deve gerar experiências cada vez
mais criativas e emocionais no PDV.
A estratégia para 2016 deve priorizar
também a consolidação de ferramentas tecnológicas que favoreçam
a mensuração e a gestão de indicadores. Em tempos conturbados, é
importante garantir o controle sobre
cada centavo investido.
Rodrigo Lamin
Diretor e cofundador
da Involves
de certo conformismo, pelo entendimento de que dificuldades, perda
de vendas, diminuição de resultados, isso tudo é normal na crise;
mas justamente nesse momento
devemos entender o que é comum
e diferenciar do que não é normal.
Lembro-me do presidente de
uma multinacional na qual trabalhei por 11 anos, na década de 1990.
Nas reuniões de vendas, ele dizia em
“bom portunhol” (era sueco e havia
trabalhado no México): “Señores , sei
que tenemos crisis pero, si los clientes van a comprar , van a comprar de
alguien. Então , ese alguien tiene que
ser nosotros. (sic)”.
Victor Aguiar
Professor da Univille,
consultor e palestrante
nas áreas de vendas e
atendimento
REVISTA 21 63
CABECEIRA
DIVULGAÇÃO
CACÁ MELO
“Leitura é chave para o conhecimento”
Autora reflete sobre a
experiência de escrever
para crianças
blicadas: “Irmão? Que Confusão!”, “Dente Mole” e “Por quê?”. Também
faz parte da Academia dos Escritores do Litoral Norte (Aeln), da Academia
Literária do Vale do Rio dos Sinos (Alvales) e do Centro Literário de São
Leopoldo, no Rio Grande do Sul.
Como já é tradição, a Feira do Livro de Joinville, realizada em abril,
trouxe autores de outros Estados
para palestras e bate-papos com
os leitores. A Revista 21 conversou
com a gaúcha Cacá Melo. Natural
de Porto Alegre, Cacá é professora
há 19 anos. Ela tem três obras pu-
ESCREVER PARA CRIANÇAS
64 ACIJ
Como trabalho com os pequenos, resolvi escrever literatura infantil com
temas voltados para os obstáculos que enfrentamos na sala de aula. O primeiro livro, “Irmão? Que Confusão!”, fala sobre a chegada do irmão mais
novo e toda a angústia que essa notícia pode causar. O segundo, “Dente
Mole”, aborda a troca dos dentes de leite e a magia da fada do dente. E o
terceiro, “Por Quê”, lançado na Feira do Livro de Joinville, trata da fase de
curiosidade em que a criança quer explicações para tudo. São esses três li-
vros que já publiquei e, como faço parte de algumas academias literárias, tenho
poesias e contos publicados em algumas antologias.
CACÁ INDICA
RELAÇÃO COM A LEITURA
Na verdade, escrevo desde a infância. Como compunha músicas e poesias,
acabei escrevendo para a agenda da escola e para o jornal da comunidade.
Mas, conforme o tempo foi passando, isso ficou meio afastado. Daí vieram
os estudos, a família e os filhos. Em 2003, reiniciei esse projeto, publicando
um livro, voltado à literatura infantil. É onde entra minha experiência como
professora. Sou escritora e contadora de histórias, pois acredito que todo professor é um bom contador de histórias.
DESEJO DE SER ESCRITORA
Quando criança e adolescente, isso parecia impossível. Hoje, é difícil conseguir que uma editora publique seu livro, por ser caro. Mas, em 2013, deu o
estalo e percebi que podia fazer isso.
O COMEÇO
O primeiro livro, eu estava em uma reunião de professores e, em 10 minutos,
escrevi. Foi bem rápido. Isso ficou arquivado, e, em 2013, a escola onde trabalho
recebeu uma escritora e contadora de histórias. A partir dali, comecei a pensar
nessa possibilidade. Na ocasião, percebi que poderia fazer a contação de histórias.
E essa escritora tem uma pequena editora, pela qual eu publiquei “Irmão? Que
confusão!”. Agora, o último foi em parceria com a editora AGE, de Porto Alegre.
PARA ADULTOS
Ana Sem Terra
Alcy Cheuiche
L&PM Pocket
Alcy Cheuiche faz uma
cuidadosa pesquisa histórica sobre a reforma
agrária no Brasil para
contar a trajetória de
uma família de imigrantes de origem alemã. Traçando um corte vertical
em 40 anos da história
brasileira, este romance
perfila conflitos fundiários, o profundo abismo
existente entre as camadas sociais e a sombra de
um país imerso em profundas contradições.
SOBRE O QUE AINDA NÃO ESCREVEU
Meu primeiro livro se esgotou. Estou refazendo este. Os dois anteriores, eu
mesma ilustrei, e para o “Por quê?” contratei um ilustrador. Vamos pintar todos
os desenhos do primeiro em tela e lançá-lo novamente. No final do ano, vou
lançar um novo título que deve trabalhar o tema da amizade.
RELAÇÃO DAS CRIANÇAS E JOVENS COM OS LIVROS
É muito importante. Leitura é chave para o conhecimento, faz você sair daquele mundo real para o lugar que quiser. Você mergulha no livro e vive em
qualquer mundo. É importante o acesso da criança à leitura, principalmente, à
leitura de qualidade. Também se deseja que órgãos públicos e entidades privadas promovam a leitura, mesmo com a crise. Porque, às vezes, essas feiras (do
livro) são os únicos momentos em que uma criança tem acesso à literatura.
KINDLE OU LIVRO IMPRESSO?
Acredito que essas ferramentas acrescentam, sempre. Só creio que necessitamos do contato com o livro físico. Quando você perguntar para um leitor
assíduo o que acha de ler somente por esses meios, ele vai falar que precisa
do contato, precisa sentir o cheiro do livro. Acrescenta muito esse progresso
digital, mas o contato e o manuseio são importantes.
65 ACIJ
PARA CRIANÇAS
Até as Princesas Soltam Pum
Ilan Brenman
Brinque Book
Laura é uma garotinha
bem curiosa e uma das
questões que mais a intriga é saber se as princesas soltam ou não pum.
Mesmo diante da realidade, Laura descobre que as
princesas dos contos de
fadas continuam a ser as
mais lindas princesas.
REVISTA 21 65
LANÇAMENTO
28 visões sobre o quadro político
A atriz e jornalista Jalusa Barcellos
reúne, neste livro lançado em maio
pela Record, nada menos do que 28
brasileiros ilustres – nomes da área
cultural, da economia, da academia,
do direito e da política – para analisar
o momento político que o país atravessa. “Profetas do Passado” mostra,
por exemplo, o economista Carlos
Lessa detalhando as razões de sua
demissão do BNDES, no governo do
ex-presidente Lula.
Jalusa, que dedicou um ano inteiro ao trabalho, garante que o Brasil nunca mais será o mesmo depois
da Lava-Jato. “Nunca nos esqueçamos de que só é possível projetar o
futuro se houver um compromisso
ético com o presente, que advém,
justamente, de tudo que aprendemos com o passado”, ressalta a
autora, que é gaúcha, mas vive há
muitos anos no Rio de Janeiro.
O prefácio é de Fernando Gabeira: “A participação dos intelectuais
tem um papel decisivo: ela nos ajuda a colocar as perguntas certas,
amplia nosso horizonte, ajuda a não
desesperar, e não desesperar significa manter a cabeça fria, abrir-se para
as possibilidades de superação, sem
preconceitos.” Entre as mulheres,
além de Bibi Ferreira, que escreveu
a orelha, estão a acadêmica Rosiska
Darcy de Oliveira, a antropóloga Alba
Zaluar e a atriz Fernanda Montenegro. Os outros “profetas” são: Luiz Alberto Py, Daniel Aarão Reis, José Ser-
ra, Marco Antônio Villa, José Carlos
Dias, Frei Betto, Luiz Werneck Vianna, Marcello Cerqueira, Ziraldo, João
Batista Ferreira, Luiz Eduardo Soares,
Gaudêncio Frigotto, Joel Rufino, Alberto Dines, Zuenir Ventura, Carlos Lessa, Ricardo Cravo Albin, Alba
Zaluar, Merval Pereira, Paulo e Chico
Caruso, Nelson Pereira dos Santos,
Demétrio Magnoli, Roberto Romano
da Silva, Augusto de Franco, Darcy de
Oliveira e Marcio Tavares D´Amaral.
Profetas do passado
Jalusa Barcellos
630 páginas
R$ 64,90
Editora Record/Grupo
Editorial Record
CORPORATIVO
Estamos preparados para as mudanças?
Karyne Schubert Gomes, coordenadora
pedagógica do Yázigi Joinville
Em tempos de instabilidade, crise
e preocupações, surgem diversos
questionamentos sobre a importância do planejamento estratégico, investimento, adaptação às
mudanças, novas oportunidades e
a necessidade de atualização constante. Analisando o cenário atual
do Brasil, é imprescindível discutir
o futuro do país e o quanto realmente estamos preparados para
as mudanças.
O livro de Hamel e Prahalad aborda o planejamento estratégico como
ferramenta fundamental e necessária a todo o tempo, para que possamos estar à frente dos principais
desafios. Entre os ensinamentos do
livro, está a necessidade de cultivar
66 ACIJ
suas principais competências para
não somente se adaptar aos novos
tempos, mas também se antecipar às
transformações.
Importante lembrar que, exatamente no momento do caos ou das
dificuldades, temos a oportunidade
de criar a partir da desconstrução
de ações e ideias pré-concebidas.
Tempos de crise também representam tempos de oportunidade,
e quando pensamos em mudança
logo nos vem à mente a necessidade de um momento de preparação
e planejamento.
A análise do cenário atual juntamente com o planejamento estratégico são ferramentas fundamentais
para se antecipar às transformações.
Estratégia, preparação, estudo, atualização constante e foco nas oportunidades podem minimizar o impacto
de alterações no cenário mundial,
organizacional, político, econômico,
comercial, educacional e empresarial.
A velocidade com que as mudanças acontecem e os cenários
se transformam é realidade não
apenas no nosso país mas também mundialmente. Independente
da realidade atual, é preciso estar
preparado para as mudanças com
olhos para o futuro. Quem está preparado, enxerga os momentos de
dificuldades como momentos de
oportunidade. Seja protagonista da
sua vida e do seu futuro.
Competing for the
Future
Gary Hamel, C. K.
Prahalad
Editora Harvard Business
School Pr
DIVULGAÇÃO
SOCIAL
Sem algemas
Lançado em maio, “Contos Tirados
de Mim” é uma coletânea de textos
escritos por apenados de Joinville.
Produto da iniciativa do juiz João
Marcos Buch em promover a leitura e a literatura como instrumentos de crescimento pessoal e reinserção social, com apoio do editor
Alex Giostri. Desde 2013, a leitura
faz parte da rotina da Penitenciária
Industrial e do Presídio de Joinville,
que abrigam o projeto da remição
pela leitura – foi montada uma biblioteca no presídio e ampliada a da
penitenciária, a partir de uma campanha de arrecadação de livros.
Interessados tinham 20 dias para
ler um livro e 10 para escrever a resenha – que, homologada pelo juiz,
reduziria em quatro dias a pena desses leitores. Já a coletânea foi consequência do primeiro projeto. Em
2015, quatro detentos declamaram
poesias de sua autoria na Feira do
Livro, o que chamou atenção da editora. Os apenados foram convidados
a enviar textos para avaliação. Alex
Giostri coordenou oficinas literárias,
que resultaram no livro. Retratos de
vidas plenas de dificuldades, abandono e mesmo algum arrependimento,
os textos miram não apenas em remição – mas em redenção. Textos
que tentam explicar o que é ser livre.
Marcos Buch entende a iniciativa
como um caminho dos mais relevantes para desconstruir a lógica da cultura do encarceramento em massa e
contribuir efetivamente para o crescimento de cada um dos autores.
Contos Tirados de Mim
A Literatura no Cárcere
Vários autores
94 páginas
Editora Giostri
67 ACIJ
Tradicional palco da Harmonia Lyra, que completou 158 anos
O QUE FAZER
Resumo da ópera
Criada quase no mesmo ano de fundação de Joinville, a Sociedade Harmonia Lyra comemorou 158 anos no mês de maio e, para marcar a
data, preparou uma programação especial. Nos dias 31 de maio e 1º de
junho, foi apresentada no palco histórico a ópera La Traviata, do italiano Giuseppe Verdi, na estreia do projeto “Ópera de Bolso”.
A iniciativa consiste na realização de espetáculos resumidos, sendo apresentados ao público os principais trechos da ópera, com a participação dos personagens centrais. Em uma ação de cunho social, o
público pôde trocar os ingressos para a La Traviata por três quilos de
alimentos não-perecíveis.
Desde 1858, a Harmonia Lyra abrilhanta as noites de música, dança e eventos
em Joinville. Localizada na rua 15 de Novembro, a sede abriga retratos da
cultura no munícipio e chama atenção pelo arquitetônico esplendor de anos
passados.
Integrando inúmeras representações culturais na cidade, a Sociedade Harmonia Lyra é palco de espetáculos que mexem com os sentimentos e lembranças do público. O espaço também sedia as apresentações, ensaios e oficinas da Orquestra Cidade de Joinville, corpo
artístico formado por músicos de Joinville, Corupá, Jaraguá do Sul, Itajaí, Florianópolis e Curitiba.
REVISTA 21 67
DESTAQUE
CORPORATIVO
Moda e
sustentabilidade
Fórmula para a produtividade
Taise Beduschi, gestora de
Sustentabilidade do Grupo Malwee
Em um troca-troca de livros que praticamos há algum tempo no Grupo
Malwee, deparei com “As Garotas
da Fábrica”, escrito por uma americana filha de imigrantes chineses que,
como correspondente do The Wall
Street Journal, vivenciou e relatou de
forma singular a globalização do dragão asiático. Com o foco na migração
da população rural para a área urbana que ocorreu na China, além da
forte imigração para outros países,
e como isso influenciou inúmeras
famílias, a autora nos leva a refletir
sobre as condições de trabalho a que
o ser humano é submetido.
Na busca desenfreada pela redução de custos e mão de obra barata,
muitas empresas têm negligenciado questões básicas, como saúde e
segurança do trabalhador, e sequer
consideram a qualidade de vida. No
mundo da moda, há muito a evoluir nesse sentido. Iniciativas como
o Moda Livre, aplicativo que possibilita verificar o status de trabalho
de uma grande parcela de marcas
fashion brasileiras e contribui para
um consumo mais consciente, são
indicativos de que há olhares preocupados com a questão. Que as histórias contadas por Leslie possam
inspirar a reflexão sobre o que consumimos e quais marcas estão por
trás desses produtos.
As Garotas da Fábrica
Leslie T. Chang
376 páginas
Editora Intrínseca
68 ACIJ
Atributo da competitividade, a
adequada gestão da produtividade se faz cada vez mais necessária. A capacidade de gerir metas
pessoais ou profissionais de forma
a solucioná-las em prazos determinados com eficiência se tornou
importante diferencial. Nesse caminho, Charles Duhigg apresenta uma explanação inovadora da
ciência da produtividade.
Com base nas mais recentes
descobertas da neurociência, psicologia e economia comportamental,
o autor explica que pessoas, empresas e organizações mais produtivas
não apenas agem diferente: elas
veem o mundo de modos profundamente diferentes. Também autor
do livro “O Poder do Hábito”, que
ficou por mais de 20 semanas na lis-
ta dos mais vendidos do “The New
York Times”, Duhigg explica que,
hoje, o modo de se pensa vale muito mais do que o pensamento em
si. De acordo com o autor, a maneira como tomamos decisões, as ambições que colocamos em primeiro
lugar, a cultura que estabelecemos
para estimular a inovação e o modo
como interagimos com as informações são as principais questões que
separam os simplesmente ocupados dos genuinamente produtivos.
Mais Rápido e Melhor
Charles Duhigg
358 páginas
Editora Objetiva
PESSOAS
Para comunicar e cativar
Superar o nervosismo ao falar para
centenas de pessoas, focar nos
principais tópicos de seu discurso com clareza e cativar o público
são objetivos de palestrantes que
buscam a excelência. De acordo
com o livro, as conferências TED
costumam ser conduzidas por um
orador que acerta no alvo, com
capacidade de inspirar o público.
O autor Chris Anderson promete
mostrar como o leitor pode fazer
uma palestra inesquecível.
Desde que assumiu o comando
do TED em 2001, Anderson se dededica a demonstrar o poder das palestras curtas, francas e cuidadosamente elaboradas, compartilhando
conhecimento, despertando empatia e gerando empolgação. O livro
explica como alcançar o feito sem
fórmulas, já que nenhum discurso
deve ser igual a outro. A utilização
de algumas ferramentas, sim, pode
garantir o desempenho do orador.
Nos bastidores do TED, o autor
acompanhou de perto palestras
individuais e revela suas descobertas, que vão desde a formulação do
conteúdo da conferência até como
tirar melhor proveito do palco. O
lançamento é um manual para a
comunicação efetiva.
TED Talks: o Guia Oficial
do TED para Falar em
Público
Chris Anderson
240 páginas
Editora Intrínseca
DIVULGAÇÃO
Cena do filme “Correntes”: média-metragem conta a história de meninas que cresceram às margens do rio
NAS TELAS
Um olhar sobre o Cubatão
Em abril, Joinville se viu através das
lentes da produtora Mídia Quatro
Filmes e dos olhos da Casa Teatral.
O patrocínio da Companhia Águas
de Joinville proporcionou a produção do filme “Correntes – Um Olhar
Cinematográfico sobre a APA Estrada Quiriri e o Rio Cubatão”. Totalmente rodado no município e com
atores locais, o média-metragem
conta a história de três meninas
que cresceram às margens do rio e
viveram sua infância no final da década de 90, quando a região passou
a ser protegida, tornando-se a Área
de Preservação Ambiental (APA)
Serra Dona Francisca.
A produção foi vencedora do
edital de patrocínio para projetos
de educação ambiental e é focada
69 ACIJ
no principal manancial de Joinville,
responsável por cerca de 70% do
abastecimento de água local. Toda
comunidade do Quiriri, aliás, mobilizou-se para ajudar no projeto e,
além de ceder suas próprias casas
para as locações, acompanhou de
perto o trabalho.
Associar entretenimento com
conscientização ambiental foi o
principal desafio do projeto, dirigido por Daniele Pamplona, que
não esconde uma pontinha de orgulho: “É o cinema com o nosso
jeito, a nossa história, e todos vão
se identificar”, afirmou a diretora,
na expectativa de que “Correntes”
possa ajudar, também as pessoas
a refletir sobre sua relação com os
recursos naturais. A produção, que
estreou em meados de abril, está
sendo exibida para os moradores
do Quiriri e entorno. Outras 300 cópias serão distribuídas para as comunidades que fazem parte da APA
e entidades de preservação.
Outra nova produção jonvilense,
com o apoio cultural do Simdec,
Fundação Cultural e prefeitura,
é o curta “Inveja”, com roteiro e
direção de Eduardo Vieira. Com 14
minutos e também elenco local,
o curta estreou na metade de
abril e foi apresentado em vários
espaços culturais. Com Antônio
Tebaldi, André Klitzke e Caroline
Bressan, “Inveja” explora o impacto
imagético que as pessoas exercem
umas sobre as outras.
REVISTA 21 69
3 LIVROS
Para ser um líder exemplar
Nesta edição, três livros indicam o caminho para liderar equipes de sucesso. As sugestões são do consultor
credenciado do Sebrae, Marco Antonio Murara. Formado em administração, Marco é especialista em comunicação
integrada de marketing e mestre em administração pela PUC/PR.
Gestão ética na
Para além
cultura corporativa dos rótulos
Ser ético significa que os valores
internalizados, que formam a cultura corporativa, traduzem-se em
competência transformadora, integração e conduta produtiva. O
que fazer com a ética diante da
perplexidade gerada nos melhores
espíritos, das distorções e habituais
reflexões teóricas e subjetivas? O
livro oferece um modelo de aplicação dos conceitos éticos às organizações, como também o ferramental para a gestão ética.
Com exemplos de empreendedores brasileiros bem-sucedidos, o
livro traz aplicabilidade imediata
dos conceitos, sendo indicado para
os iniciantes até mais experientes. Estruturado para que o leitor
entenda a importância de ser empreendedor, traz as diferenças de
pensamento e a importância de se
ir além dos rótulos, desmistificando a ideia de “empreendedor de
sucesso”, trazendo elementos contrários à teoria.
Ética na Gestão
Empresarial
Francisco Gomes de Matos
Editora Saraiva
Empreendedorismo na
Prática – Mitos e Verdades
do Empreendedor de
Sucesso
José Carlos Assis Dornelas
Editora Campus
70 ACIJ
Segredo para
o sucesso
A partir de 24 mil entrevistas realizadas em 20 empresas de diversas
áreas e tamanhos, em um período
de 10 anos, o trio de consultores
apresenta o estudo inédito que ajuda a identificar o segredo do sucesso de equipes como as que criaram
o iPod, na Apple, e outras tantas
que viraram referência no mundo
dos negócios. Ideal para quem quer
maximizar a produtividade e o lucro da empresa, liderando melhor
suas equipes.
O Executivo e sua Tribo
Dave Logan, John King e
Halle Fischer-Wright
Editora Planeta
DIVULGAÇÃO
Filme com Jake Gyllenhaal
é adaptação de livro
de José Saramago
DICA 21
Caos é a ordem
ainda indecifrada
O Homem Duplicado
Lançamento: 2014
Duração: 1h30
Diretor: Denis Villeneuve
Elenco: Jake Gyllenhaal,
Mélanie Laurent, Sarah Gadon
Gênero: Suspense
País: Canadá , Espanha
71
ACIJ
Adaptação do livro homônimo escrito por José Saramago, “O Homem Duplicado” narra a história de Adam Bell (Jake Gyllenhaal), um professor que
leva uma vida pacata e tediosa: do trabalho, vai para casa, encontra a namorada, dorme e volta ao trabalho no dia seguinte, repetindo a mesma
rotina. Até que um dia, companheiro do corpo docente sugere que ele veja
a um filme do qual havia gostado. Adam resolve assistir ao tal filme e, em
um dado momento, descobre um sósia entre os figurantes. Aí, o professor
inicia uma jornada em busca do ator, chamado Anthony St. Claire. Enquanto o primeiro vive uma esterilidade emocional num apartamento vazio em
uma metrópole superpoluída, seu duplo é o oposto, mostrando-se explosivo, seguro e ameaçador.
Único ganhador do Prêmio Nobel de Literatura da língua portuguesa, José
Saramago já teve outras obras adaptadas para o cinema. A mais famosa,
talvez, seja “Ensaio Sobre a Cegueira”, filme que contou com a direção do
cineasta brasileiro Fernando Meirelles.
REVISTA 21
71
3 PERGUNTAS
MARCELO KUPICKI, DIVULGAÇÃO EXPOGESTÃO
DIÓGENES LUCCA
Cofundador do Grupo de Ações Táticas
Especiais (Gate) da Polícia Militar
A base de uma boa negociação é a
credibilidade, e um dos ativos mais
relevantes desse processo está na informação. Foi o recado que o tenente-coronel da reserva transmitiu em
palestra na Expogestão, em Joinville.
Segundo ele, tropas de elite têm muito em comum com empresas de alto
desempenho. Aqui, a entrevista de
Diógenes à Revista 21.
1
Que paralelo o sr. faz da
negociação em operações
policiais com o meio
corporativo?
Tropas especiais têm ritualísticas,
técnicas e táticas apreciadas pelas
empresas de alta performance. Um
exemplo é o senso de pertencimento. Outro foi popularizado no filme
“Tropa de Elite”: “missão dada, missão cumprida”, o que também ocorre nas empresas, em que “a meta é
obrigatória, o choro é opcional”. Há
características comuns de liderança, de trabalhar sempre buscando
fazer o melhor. Na minha experiência com negociações que envolviam
vidas, retive algumas técnicas e táticas importantíssimas que também
se aplicam no mundo corporativo,
como obter informações, aprender
a pensar com a cabeça do outro,
72
ACIJ
aprender a ouvir – uma virtude fundamental para o negociador –, cumprir
o combinado: bom vendedor não é aquele que vende uma vez, mas o que
gera uma relação de tanta confiança e parceria que desenvolve um cliente
permanente, que é o que as empresas querem. Também a questão da credibilidade. Há uma diferença entre o meu “cliente”, que é o criminoso, com o
cliente do mundo corporativo: ele não gosta de mim, atira em mim e, se puder, me mata. Trazendo para o mundo corporativo, o sujeito fica mais resiliente, consegue potencializar e dar outro sentido para o conflito, como algo
natural nas relações interpessoais. E não só a harmonia e o entendimento,
como nossa cultura judaico-cristã faz supor que seja. É o que aprendemos
lá e serve para o mundo corporativo.
2
Em uma operação policial, alguém sempre sai perdendo. E, nas
negociações empresariais, a ideia é a do ganha-ganha, não?
Na negociação policial não é diferente: ganha-ganha, também. Quando o criminoso faz o refém, quer preservar a própria vida e, diante do
impacto midiático, começa a fazer exigências absurdas. O negociador não
pode franquear nada além de eliminar o criminoso ou prendê-lo. E o objetivo é
que vá para a cadeia feliz. A gente não quer que ele saia dali triste ou se sentindo perdedor, isso não colabora com a credibilidade que uma polícia deve ter. É
uma quebra de paradigma. Como foi minha experiência no Gate: inicialmente,
entrava para resolver o problema “custe o que custar”, o que mudou para uma
situação em que o criminoso deixa de ser visto como um inimigo.
3
Por que o sr. afirma que negociação necessariamente ocorre sob
pressão?
Negociação é tensão permanente. No mundo corporativo, pode ser
uma tensão mais contida, deixa sinais mais sutis que no universo policial. Mas todas implicam em tensão. Quando você vai preparado para o pior,
está agindo de forma prudente. O estrategista nunca se prepara para o melhor cenário. Tem os seus momentos; da divergência, vai se acomodando até
chegar à celebração do acordo. É nessa hora que a gente coloca as armas de
lado porque o que quer, no fundo, é construir uma ponte dourada com a outra parte, baseada em credibilidade. A gente não quer uma única negociação,
quer negociações duradouras, clientes permanentes, fiéis. Meu sonho é que
todas as pessoas tenham um mínimo entendimento do que é um processo
de negociação, como relação interpessoal. Quando você incorpora isso ao seu
repertório, sua vida muda, com a sua família, com os colegas.
73 ACIJ
REVISTA 21 73
74 ACIJ

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