avaliação das técnicas de nucleação para restauração
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avaliação das técnicas de nucleação para restauração
CENTRO PAULA SOUZA FACULDADE DE TECNOLOGIA DE JAHU CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS IDAIANA APARECIDA DA SILVA AVALIAÇÃO DAS TÉCNICAS DE NUCLEAÇÃO PARA RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA DAS MATAS CILIARES DO CÓRREGO SANTO ANTÔNIO JAÚ 1º Semestre/2011 IDAIANA APARECIDA DA SILVA AVALIAÇÃO DAS TÉCNICAS DE NUCLEAÇÃO PARA RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA DAS MATAS CILIARES DO CÓRREGO SANTO ANTÔNIO Monografia apresentada à Faculdade de Tecnologia requisitos de para Jahu, como obtenção do parte título dos de Tecnólogo em Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Orientadora: Prof ª. MSc. Marina Carboni. JAÚ 1º Semetre/2011 Este trabalho é dedicado a todas as pessoas que estiveram presentes na minha vida e a todos que contribuem efetivamente para a utilização dos recursos naturais de forma sustentável. Agradecimentos Agradeço a Jesus que tem sido minha luz. Ao meu filho Christian Stopa pela compreensão, por suportar minha ausência e pelo amor incondicional. Aos meus pais Maria e Josias Silva por me permitirem sonhar e por servirem como verdadeiros alicerces nessa caminhada. Aos meus irmãos Sandra Silva e Carmélio Silva que mesmo separados pela distância torcem pelo meu sucesso e também pelos conselhos e proteção. Ao meu irmão Caromélio Silva, “esse é o cara”, que me serve como espelho no aprendizado da vida, pelos cuidados a mim dispensados e por ser a peça fundamental para minha existência. A Danilo Gozzo, meu companheiro e conselheiro.....que paciência...., pelo apoio, segurança e compreensão nos meus momentos de insanidade; A Família Desajácomo por me receber com grande hospitalidade e por permitir meu acesso sem restrições à área avaliada. A Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SMA) - Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais (CBRN/Bauru), representado por Mariela Cerqueira Julião pelo apoio e material cedido. Ao Prof. Dr. Vinicius Castro Souza pelo auxilio na identificação das espécies. A Bruna Romero pela disposição em repassar seu conhecimento sempre que solicitei. A Cristina Almeida e Joefson Nascimento, companheiros de todas as horas durante este período. E finalmente, a minha professora e orientadora Marina Carboni pelas visitas á campo, pela serenidade e por servir como norte para a consolidação deste trabalho. RESUMO As técnicas de nucleação tornam-se uma ação vital para a recuperação de áreas degradadas, pois objetivam reconstituir um ambiente o mais próximo possível da sua condição original. Este estudo tem por objetivo avaliar a capacidade nucleadora destas técnicas para a restauração ecológica de um trecho da Mata Ciliar do Córrego Santo Antônio. O projeto de restauração da mata ciliar foi implantado em agosto de 2010 ao redor de uma nascente na Fazenda Santo Antônio no município de Jaú – SP. A propriedade está inserida em uma paisagem cuja matriz é a cultura da cana de açúcar e outras culturas. Foram utilizadas 4 técnicas de nucleação sendo: Cinco transposição de solo, três poleiros artificial, quinze núcleos de Anderson, e nove transposição de galharia. As avaliações para monitoramento da restauração foram realizadas mensalmente no período de fevereiro a maio de 2011. Os dados coletados foram baseados nos Indicadores para Monitoramento de Nucleação elaborado no âmbito do Projeto Mata Ciliar. Entre os regenerantes naturais foram encontradas 17 famílias e 29 espécies diferentes sendo Solanum mauritianum Scop. e Gnaphalium spathulatum Burm. f. as espécies mais abundantes na regeneração natural dos núcleos avaliados. Mesmo os núcleos sofrendo interferências como o plantio de espécies exóticas pelo proprietário, tendo passado por longo período de estiagem e ter sofrido aplicação de herbicidas, as funções ecológicas da área avaliada estão sendo restituídas como o retorno da microfauna e mesofauna, a utilização dos poleiros pela avifauna e o estabelecimento de indivíduos regenerantes nos núcleos. As técnicas nucleadoras deverão ainda ser testadas em períodos mais longos de avaliação para que esses resultados contribuam para uma melhor eficiência na restauração ecológica de áreas degradadas. Palavras–chave: Restauração, Matas Ciliares, Áreas degradadas, Técnicas de Nucleação. ABSTRACT The techniques of nucleation become a vital action for the recovery of degraded areas; it aims to reconstruct an environment as close as possible to its original condition. This study aims to evaluate the nucleating capacity of these techniques to ecological restoration of a portion of the riparian forest of the San Antonio Creek. The restoration project of the riparian forest was established in august 2010 around a spring on the farm in the municipality of Santo Antônio Jau - SP. The property is placed in a landscape whose matrix is the culture of sugar cane and other crops. We used four techniques being nucleation: Five transposition of soil, three artificial perches, fifteen cores Anderson, implementation and nine branches. Assessments to monitor the restoration were carried out monthly from february to may 2011. The data collected were based on Indicators for Monitoring Nucleation prepared under the Riparian Forest Project. Between the natural regenerating found 17 families and 29 different species and Solanum mauritianum Scop. And Gnaphalium spathulatum Burm. f. the most abundant species in natural regeneration of nuclei evaluated. Even nuclei suffering interference as the planting of exotic species by the owner, having gone through long dry season and have been applying herbicides, the ecological functions of the evaluated area are slowly being restored as the return of microfauna and mesofauna, the use of perches by birds and the establishment of regenerating individuals in the nuclei. Nucleator’s techniques should also be tested over longer periods of assessment for these results contribute to a better efficiency in ecological restoration of degraded areas. Keywords: Restoration, Ripain Forests, Degraded areas, Nucleation techniques. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - Transposição de solo ............................................................................22 FIGURA 2 - Poleiros artificiais secos ........................................................................24 FIGURA 3 - Estrutura das mudas em núcleos de Anderson .....................................25 FIGURA 4 - Transposição de galharia ......................................................................26 FIGURA 5 - Mapa com ortofoto da Microbacia do Córrego Santo Antônio, localização da área estudada na microbacia do Córrego Santo Antônio (círculo em azul). ........28 FIGURA 6 - Localização da Bacia Hidrográfica Tietê-Jacaré (UGRHI 13), no Estado de São Paulo (círculo em azul). ................................................................................29 FIGURA 7 - Localização da área estudada (círculo vermelho) e da Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Paludosa (seta amarela). .................................30 FIGURA 8 - Croqui da área com a localização dos núcleos implantados .................31 FIGURA 9 - Distância da área avaliada (círculo azul) em relação ao local de recolhimento do material para a transposição de solo (círculo amarelo). .................33 FIGURA 10 - Técnica de transposição de solo na Fazenda Santo Antônio, fotografia tirada em 14 de agosto de 2010................................................................................39 FIGURA 11 - Poleiro seco com fixação de quatro bases no solo, fotografia tirada em 14 de agosto de 2010................................................................................................40 FIGURA 12 - Núcleos de Anderson na Fazenda Santo Antônio (círculo em amarelo "pioneiras", círculo em vermelho "não pioneiras"), fotografia tirada em 14 de agosto de 2010. ....................................................................................................................41 FIGURA 13 - Leira da galharia em decomposição, fotografia tirada em 14 de agosto de 2010. ....................................................................................................................42 FIGURA 14 - Quantidade de regenerantes encontrados nas amostras fevereiro à maio de 2011.............................................................................................................45 FIGURA 15 - Núcleo de transposição de solo afetado pela palhada residual da manutenção, fotografia tirada em 04 de maio de 2011. ............................................46 FIGURA 16 - Quantidade de regenerantes encontrados nos poleiros ......................47 FIGURA 17 - Penas encontradas na área dos poleiros, fotografia tirada em 16 de abril de 2011..............................................................................................................49 FIGURA 18 - Fezes de aves na base dos poleiros, fotografia tirada em 16 de abril de 2011. .........................................................................................................................49 FIGURA 19 - Quantidade de regenerantes encontrados nas amostras fevereiro à maio de 2011.............................................................................................................50 FIGURA 20 - Indício de formigueiro na área dos núcleos de Anderson, fotografia tirada em 26 de março de 2011.................................................................................51 FIGURA 21 - Mortalidade das mudas plantadas nos núcleos de Anderson. O eixo X representa os núcleos de Anderson numerados de 1 a 15 na área de estudo. ........52 FIGURA 22 - Aplicação de herbicida glifosato entre os núcleos, fotografia tirada em 04 de maio de 2011...................................................................................................52 FIGURA 23 - Grande concentração de formigueiros na área dos núcleos de Anderson, fotografia tirada em 04 de maio de 2011..................................................53 FIGURA 24 - Cobertura de copa das mudas plantadas nos núcleos, fotografia tirada em 04 de maio de 2011.............................................................................................54 FIGURA 25 - Cobertura de Copa das mudas plantadas em núcleos de Anderson...54 FIGURA 26 - Volume de ocupação da galharia nas amostras de fevereiro à maio de 2011 ..........................................................................................................................57 FIGURA 27 - Velocidade que a matéria orgânica se decompõe ao longo dos meses de coleta....................................................................................................................57 FIGURA 28 - Fungos encontrados nas leiras da galharia, fotografia tirada em 04 de maio de 2011.............................................................................................................58 FIGURA 29 - Regenerantes encontrados na técnica de transposição de galharia ...59 LISTA DE QUADRO QUADRO 1 - Mudas plantadas nos Núcleos de Anderson, suas respectivas famílias e grupos sucessionais. P = Pioneira, NP = Não Pioneira. Classificação baseada em APG II (SOUZA; LORENZI, 2008).............................................................................34 QUADRO 2 - Regenerantes encontrados na técnica de transposição de solo durante as amostragens de fevereiro a maio de 2011. Identificadas conforme APG II (SOUZA; LORENZI, 2008). .......................................................................................45 QUADRO 3 - Regenerantes encontrados nos poleiros artificiais secos durante as amostragens de fevereiro a maio de 2011. Identificadas conforme APG II (SOUZA; LORENZI, 2008)........................................................................................................47 QUADRO 4 - Diversidade de sementes encontradas durante as amostras..............48 QUADRO 5 - Regenerantes encontrados nos núcleos de Anderson durante as amostragens de fevereiro a maio de 2011. Identificadas conforme APG II (SOUZA; LORENZI, 2008)........................................................................................................55 QUADRO 6 - Regenerantes encontrados na transposição de galharia durante as amostragens de fevereiro a maio de 2011. Identificadas conforme APG II (SOUZA; LORENZI, 2008)........................................................................................................59 SUMÁRIO RESUMO.....................................................................................................................4 ABSTRACT.................................................................................................................5 1 - INTRODUÇÃO .....................................................................................................10 2 - OBJETIVOS.........................................................................................................12 2.1- Objetivo geral .................................................................................................12 2.2 - Objetivos específicos.....................................................................................12 3 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................13 3.1 - Matas Ciliares................................................................................................13 3.2 - Vegetação da Região de Jaú/SP...................................................................14 3.3 - Restaurações Ecológicas ..............................................................................15 3.4 - Nucleação......................................................................................................16 3.5 - Regeneração Natural.....................................................................................17 3.6 - Dispersão de Sementes ................................................................................19 3.7 - Técnicas de Nucleação .................................................................................20 3.7.1 - Transposição de Solo .................................................................................21 3.7.2 - Poleiros Artificiais Secos ............................................................................23 3.7.3 - Núcleos de Anderson .................................................................................24 3.7.4 - Transposição de Galharia...........................................................................25 4 - MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................27 4.1 - Descrição da área de estudo.........................................................................27 4.2 - Implantação das técnicas nucleadoras de restauração .................................30 4.2.1 - Transposição de Solo .................................................................................32 4.2.2 - Poleiro Artificial...........................................................................................33 4.2.3 - Núcleos de Anderson .................................................................................34 4.2.4 - Transposição de Galharia...........................................................................37 4.3 - Avaliação das técnicas de nucleação ............................................................37 4.3.1 - Regeneração Natural..................................................................................38 4.3.2 - Transposição de Solo .................................................................................38 4.3.3 - Poleiros Artificiais Secos ............................................................................40 4.3.4 - Núcleos de Anderson .................................................................................41 4.3.5 -Transposição de Galharia............................................................................42 5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................................43 5.1 - Transposição de Solo ....................................................................................43 5.2 - Poleiros Artificiais Secos ...............................................................................46 5.3 - Núcleos de Anderson ....................................................................................50 5.4 - Transposição de Galharia..............................................................................56 6 - CONCLUSÃO ......................................................................................................61 7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................63 ANEXOS ...................................................................................................................68 10 1 - INTRODUÇÃO O atual desenvolvimento agrário começa se mostrar necessário para a conciliação das áreas produtivas com áreas de preservação provocando uma sinergia entre estas paisagens drasticamente fragmentadas. Com isto, a restauração de áreas degradadas, principalmente no sentido de aumentar a conectividade entre fragmentos florestais, torna-se uma ação essencial para a manutenção da qualidade de vida no nosso planeta (REIS et al., 2006). Os autores ainda citam, que as técnicas de restauração através da nucleação, representam uma oportunidade de incorporar os princípios-chave da metáfora do “fluxo da natureza” à prática da restauração ecológica. Baseando-se no modelo do Paradigma Contemporâneo, esta técnica representa um “espaço para o imprevisível”, gerando fenômenos eventuais e aleatórios e permitindo maiores aberturas para a variedade de fluxos, próprios dos sistemas naturais (REIS et al., 2006). No Brasil a restauração ambiental por nucleação é recente, os primeiros experimentos tiveram início em áreas piloto “Unidades Demonstrativas” (UDs). As UDs foram montadas em Floresta Estacional Semidecidual (Capão Bonito-SP), Cerrado (Santa Rita do Passa Quatro-SP) e Restinga (Florianópolis-SC). Onde resultou num custo 34% mais barato do que os modelos tradicionais (BECHARA, 2006). Em 2005 no Estado de São Paulo, iniciou – se o Projeto de Recuperação de Matas Ciliares (PRMC), desenvolvido pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente, com doação de US$ 7,75 milhões do Global Environment Facility (GEF), implementada pelo Banco Mundial. Este projeto teve como apoio a regulamentação legislativa das resoluções: RESOLUÇÃO SMA-42 e RESOLUÇÃO SMA-71 (que altera Resolução SMA-42 de 26-09-2007 e institui o Projeto Estratégico Mata Ciliar) (SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO AMBIENTAL/SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO – SIGAM/SMA, 2011). No Estado de São Paulo, as áreas em recuperação estão em propriedades privadas de pequeno e médio porte, onde os proprietários, de forma voluntária, aderem ao projeto onde, as atividades de recuperação nas áreas degradadas são 11 realizadas por ONGs, associações de produtores rurais ou cooperativas locais (SIGAM/SMA, 2011). No município de Jaú em janeiro de 2008 consolidou – se a implantação do Projeto de Recuperação de Matas Ciliares (PRMC) na Fazenda Santo Antônio dos Ipês e, em abril de 2009, em área experimental com as técnicas de nucleação, situada na Fazenda Flórida e executada pelo Instituto Pró-Terra, em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (INSTITUTO PRÓ-TERRA, 2011; SIGAM/SMA, 2011). E ainda, no município de Jaú em agosto de 2010, na Fazenda Santo Antônio de propriedade da família Desajácomo iniciou-se a recuperação da mata ciliar em conformidade com o Projeto de Recuperação de Matas Ciliares e, execução do Instituto Pró-Terra, área que foi avaliada ao decorrer deste trabalho. O estudo destas áreas constitui - se em uma ação de longo prazo, com a qual se quer adquirir e disseminar conhecimentos sobre as diferentes metodologias de nucleação e os resultados alcançados por elas, com o objetivo de reverter o desflorestamento e promover a integração das áreas naturais com as cultiváveis, e a área degradada com suas vizinhanças, com isso, possibilitarem o resgate das conectividades ecológicas e funcionais da área (SIGAM/SMA, 2011). 12 2 - OBJETIVOS 2.1- Objetivo geral As técnicas nucleadoras de restauração são uma metodologia nova com eficácia a ser testada, portanto, este trabalho tem como objetivo avaliar a capacidade nucleadora das técnicas de transposição de solo, poleiros artificiais, grupos de Anderson e transposição de galharia para o processo de restauração de matas ciliares na nascente do Córrego do Santo Antônio através do método de monitoramento proposto pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente. 2.2 - Objetivos específicos • Contribuir através do estudo para melhorar as técnicas de nucleação; • Quantificar a regeneração natural nos núcleos avaliados; • Estudar a densidade de regenerantes nos diferentes núcleos; • Valorizar e disseminar a iniciativa desses proprietários, mostrando a viabilidade e os resultados da restauração florestal em terras privadas indicando os benefícios dessas ações; 13 3 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 - Matas Ciliares Todos os tipos de vegetação arbórea vinculada à margem dos rios ou cursos d’água, com drenagem bem definida ou mesmo difusa, pode-se expressar como mata ciliar, independente de sua composição florística, área ou região de ocorrência (MARTINS, 2001; RODRIGUES, 2000). A vegetação ciliar recebe influência do clima, da topografia, pela sua formação florestal ou local onde esta inserida, pois reflete as características hidrológicas, hidrográficas, climáticas, geológicas e geomorfológicas, que são atuantes como definidores de paisagem e condições ecológicas do local, portanto, é encontrado uma grande heterogeneidade fisionômica, florística e estrutural nessa área (RODRIGUES, 2000). Vários são os termos utilizados para descrever esta vegetação ou para associação desta, quanto à fisionomia ou paisagem regional. Assim, esta disponível na literatura uma rica nomenclatura para estas áreas, como: Florestas ripárias, florestas ribeirinhas, matas ciliares, matas de galeria, florestas ripícolas e florestas beiradeiras. Estes termos são os fundamentais e mais encontrados para definir este tipo de formação ao longo dos cursos d’água (MARTINS, 2001). A vegetação ciliar é diretamente afetada durante o encharcamento do solo, que é influenciado pela oscilação do lençol freático e pelo regime de cheias dos rios, isso faz com que se definam as espécies ocorrentes em condições mais úmidas e as que são encontradas apenas em áreas mais secas. No entanto, em alguns trabalhos nota-se que há a atuação de outros fatores na composição vegetacional das matas ciliares, que o encharcamento do solo e as alterações edáficas na faixa ciliar não são os mais importantes e únicos fatores definidores da dinâmica e características das florestas ciliares. O transporte de serrapilheira, a fertilidade do solo e a dispersão de sementes são influenciadas pelo regime de inundação, alterando a intensidade à medida que se afasta da margem do curso d’água (RODRIGUES & SHEPHERD, 2000). 14 A elevação do nível do rio faz com que o banco de sementes e a serrapilheira sejam soterrados ou removidos, influenciando na germinação e no recrutamento de indivíduos da faixa ciliar e na dinâmica desta formação. O volume de água transportado e a duração do processo são importantes na definição da mortalidade, na seleção das espécies e estabelecimento dos indivíduos nessa faixa, em função disto, as espécies de crescimento rápido, podem ser favorecidas. Tem que se considerar necessário à ocorrência de inundação na faixa ciliar, pois é um instrumento natural de perturbação da vegetação que favorece os grupos iniciais da sucessão (RODRIGUES & SHEPHERD, 2000). As matas ciliares são protegidas legalmente pelo Código Florestal Lei n.º 4.771/1965, onde, no art. 1º, § 2, inc.II são incluídas na categoria de áreas de preservação permanente. “área de preservação permanente: área protegida nos termos dos arts. 2o e 3o desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas” (BRASIL, 1965). E pela Resolução Conama 303/2002 MMA art. 3º, inc. II que institui a largura mínima da faixa ciliar, ao qual a recuperação da área estudada foi baseada: “ao redor de nascente ou olho d`água, ainda que intermitente, com raio mínimo de cinqüenta metros de tal forma que proteja, em cada caso, a bacia hidrográfica contribuinte” (CONAMA, 2002). 3.2 - Vegetação da Região de Jaú/SP Segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (1992), o Cerrado e a Mata Atlântica são as vegetações predominantes na região de Jaú. A Mata Atlântica, ou conforme IBGE (1992), Floresta Estacional Semidicidual é a vegetação predominante da área de estudo, Microbacia Hidrográfica do Córrego Santo Antônio. No entanto, outros tipos vegetacionais também ocorrem na mesma 15 Microbacia, tais como Floresta Paludosa e Florestas Ribeirinhas, associadas as formações Atlânticas. As Floresta Estacionais Semideciduais caracterizam-se pela estacionalidade climática dupla, sendo uma tropical com chuvas de verão intensas e logo após estiagem acentuada e outra subtropical sem período seco, mas com a chamada seca fisiológica provocada pelo frio do inverno , com temperaturas médias inferiores a 15° C. Tendo nesta vegetação a porcentagem de 20 a 5 0% de árvores que perdem as folhas (caducifólias) no conjunto florestal e não individualmente (IBGE, 1992). 3.3 - Restaurações Ecológicas “é a ciência prática e, arte de assistir e manejar a recuperação da integridade ecológica dos ecossistemas, incluindo um nível mínimo de biodiversidade e de variabilidade na estrutura e no funcionamento dos processos ecológicos, considerando – se seus valores ecológicos, econômicos e sociais” (ENGEL & PARROTTA, 2003 p.6). Conforme (ENGEL & PARROTTA, 2003; SER, 2004), a restauração ecológica é uma ação a longo prazo que tem como meta a deliberação e a viabilidade ecológica do ecossistema, ou seja, o ecossistema reparado terá recursos bióticos para se desenvolver sem subsídios ou assistência. Logo, a comunidade restabelece sua funcionalidade e estrutura se mantendo sozinho e retornando o mais próximo possível das condições naturais. As faixas normais de variação de estresse ambiental e perturbação irão mostrar resiliência, interagindo com ecossistemas próximos por meio de interações culturais e fluxos bióticos e abióticos (ENGEL & PARROTTA, 2003). Qualquer trabalho a longo prazo que tem como meta reconstituir um ecossistema auto-sustentável, sólido e resiliente, equilibrando integralmente os processos naturais e sua estrutura o mais próximo possível das comunidades naturais, será um trabalho de restauração ecológica. Para que as áreas degradadas se convertam em floresta, melhorando com eficácia a conservação da 16 biodiversidade, as metas da restauração devem ser priorizadas, embora inserindo por vezes opções mais caras e difíceis de implantar em grandes dimensões (ENGEL & PARROTTA, 2003). 3.4 - Nucleação A nucleação é compreendida como a capacidade de proporcionar uma expressiva melhora nas condições ambientais no sentido de resgatar a funcionalidade local e atrair a diversidade e, com isso, permitir uma ampliação na probabilidade de ocupação por outras espécies na área degradada (YARRANTON & MORRISON, 1974). A nucleação representa uma técnica básica para as atividades antrópicas que se propõe contribuir para a restauração de comunidades se tornando um princípio sucessional na colonização das áreas que estão se reconstituindo. Para proporcionar uma maior diversidade e para que ocorra uma estabilização o mais breve possível e com a mínima entrada artificial de taxas energéticas, em áreas degradadas, as técnicas de nucleação são avaliadas para que sejam colocadas em prática da melhor forma nestes locais (REIS et al., 2003). Quando inserida em áreas degradadas a nucleação, abrangem elementos biológicos ou abióticos, capazes de proporcionar fluxos de energia novos como emergências para uma maior eficácia e dispersão da energia introduzida nas áreas degradadas. Os métodos de nucleação representam focos de energia com potencialidades de integração de paisagens fragmentadas, com geração de efeitos regionais (em locais a restaurar) e efeitos de contexto (em áreas desvinculadas pela fragmentação). Para que seja mais efetivo o método de nucleação na paisagem e promova a conexão é indispensável que os fluxos energéticos e biológicos aconteçam nos dois sentidos sendo, fragmentos-área em restauração e área restaurada-paisagem. Os fluxos biológicos provocados pelos métodos de nucleação tendem a ser dinâmicos no espaço e no tempo acontecendo nos dois sentidos, facilitando o processo nucleador, e permitindo a conectividade do local e contexto a restaurar (REIS; TRES, 2009). 17 Quando a legislação for mais clara, eficaz sobre o assunto e ampliar a formação de recursos humanos sobre o princípio da sucessão dos ecossistemas, a nucleação se tornará a técnica mais aplicada para a restauração de áreas degradadas (REIS ET AL, 2003). 3.5 - Regeneração Natural Conforme (MARTINS, 2001), as formações florestais se tornam capazes de se recuperarem de distúrbios naturais ou antrópicos através da regeneração natural. Quando uma floresta ciliar sofre um distúrbio, como desmatamento, incêndio ou até mesmo de forma natural com as clareiras, à colonização da área acontece através da sucessão secundária, que conduz a vegetação com uma série de estágios sucessionais que possui como característica grupos de plantas que se estabelecem ao longo do tempo, mudando a ecologia local até aproximar-se de um estágio estável e estruturado. A auto-manutenção e sustentabilidade de um ecossistema em condição estável pressupõe que as espécies dominantes se regenerem naturalmente e se mantenham nessa condição a longo prazo. Em ecossistemas extremamente degradados não ocorrerá esta condição, pois, a sucessão secundária e a colonização por espécies arbóreas serão dificultadas e impedidas, num tempo compatível com as necessidades do ser humano, por limitações físicas ou bióticas (ENGEL & PARROTTA, 2003). Existem algumas barreiras que dificultam a regeneração natural, atuando em uma ou mais fases do ciclo vital da planta e podendo incluir um dos seguintes fatores (NESPSTAD et al.,1990; PARROTTA, 1993; BORGES & ENGEL, 1993; MIRITI, 1998 apud ENGEL & PARROTTA, 2003): • Ausência ou baixa disponibilidade de propágulos (sementes, estoques radiculares): acontece pela falta de propágulos nas regiões adjacentes, 18 falta de dispersores, devastação do banco de sementes ou raízes do solo; • Falhas no recrutamento de plântulas em áreas abertas: competição por gramíneas, falta de ambiente favorável para se estabelecer as mudas, ampliação na predação de sementes, em áreas abertas a herbívora de plântulas; • Fatores adicionais de estresse: pastoreio, excessos ao explorar as áreas em regeneração e o fogo; • Falhas no estabelecimento de interações essenciais para a manutenção da integridade: falta de dispersores, polinizadores e simbiontes (rizobactérias e micorrizas). Martins (2001), entretanto, diz que alguns fatores são primordiais para a sucessão secundária acontecer como, a proximidade de remanescentes florestais e a fontes de sementes, o banco de sementes do solo, a rebrota de espécies arbustivo-arbóreas e a duração e intensidade do distúrbio, pois, cada área terá uma dinâmica sucessional específica. Em áreas onde o banco de sementes do solo não foi perdido, existe fonte de sementes próximas e a degradação não foi intensa, a regeneração natural torna-se suficiente para a restauração da área. Há de se ter a preocupação de isolar a área, não praticar qualquer atividade agrícola e eliminar o fator de degradação. A ocorrência de gramíneas exóticas e espécies invasoras inibem a regeneração das espécies arbóreas, mesmo chegando através da dispersão ou estando presentes no banco de sementes. Nesse caso, tem que se intervir de modo a controlar as populações invasoras agressivas e estimular a regeneração natural da área degradada. Normalmente, a restauração da mata ciliar através da regeneração natural é um processo lento, porém de baixo custo. Se necessário à formação da floresta ciliar em curto tempo utiliza-se então de técnicas que acelerem a sucessão (MARTINS, 2001). 19 3.6 - Dispersão de Sementes A dispersão de sementes é um processo onde as sementes são levadas de perto da planta-mãe para locais próximos ou distantes (podendo variar de centímetros a quilômetros) onde, os níveis de competição e predação são menores (HOWE, 1986). O predador executa o papel de dispersor ao transportar e perder um fruto ou semente (REIS; KAGEYAMA, 2003). Em florestas a forma mais ocorrente da dispersão de sementes é através de animais (zoocoria) onde grande parte destas espécies vegetais (60 a 90%) são adaptadas ao transporte de propágulos. Neste processo os animais são generalistas, ou seja, espécies que possuem frutos zoocóricos atraem animais com características diferentes como: espécies, tipos, tamanhos, habitats (MORELLATO & FILHO, 1992). Animais que possuem como comportamento transportar e plantar as sementes em novos locais é um auxílio na restauração de áreas degradadas de fundamental importância e efetivamente mais barato (REIS; KAGEYAMA, 2003). Segundo (REIS, 1995), a tendência dos animais dispersores é se estabelecer em locais onde exista disponibilidade de alimentos durante o ano todo. Com isso, as plantas bagueiras (plantas que atraem grande número de animais quando em frutificação), têm papel de extrema importância na manutenção do equilíbrio dinâmico na restauração de áreas degradadas e também das florestas. Estes níveis de interação entre bagueiras e animais devem ser aproveitados no sentido de ampliação na probabilidade de chegada de sementes vindas de áreas adjacentes (REIS et al., 1999). Os animais que procuram as bagueiras geralmente buscam predar animais que se concentram nela durante alimentação ou apenas para se alimentar de seus frutos (consumidores primários). As bagueiras ainda servem como indicador de algo do comportamento de possível influência de distribuição de sementes dos animais frugívoros ou apenas como fonte de alimento. As bagueiras de cada região podem ser levantadas de forma simples através de questionamento de moradores antigos de uma comunidade. Deve-se ressaltar que em áreas em recuperação, a utilização de bagueiras pode aumentar com rapidez o número de espécies, se tornando uma 20 estratégia da resiliência e recuperação ambiental, pois quanto maior a capacidade de atração, nutrição e condições de reprodução de uma comunidade, mais rápida será a restauração. Há ainda, um desconhecimento das reais potencialidades de plantas que atuem como gatilhos em processos de restauração, pois, tudo ainda, é muito teórico, tem-se a necessidade de avaliação e monitoramento dos projetos de restauração, visando o fornecimento de subsídios e aprimoramento de modelos de implantação florestais (REIS; KAGEYAMA, 2003). 3.7 - Técnicas de Nucleação Espíndola et al., (2006), diz que a recuperação de áreas degradadas através da nucleação se caracteriza pela introdução de várias técnicas nucleadoras que quando juntas, produzem uma diversidade de fluxos naturais na área degradada. Estas técnicas possuem diferentes particularidades e efeitos funcionais, resgatando as condições dos sistemas naturais de forma complexa e mantendo os processoschave. Segundo Bechara, (2006) são formados microhabitats nos diferentes núcleos, possibilitando a vinda de várias espécies com diferentes formas de vida, que se irradiam por toda a área durante o processo de aceleração sucessional. Os autores propõem que as técnicas não ultrapassem 5% da área restaurada para que exerçam sua funcionalidade e o que sobrou receberá influência dos núcleos, se sujeitando a sucessão secundária e as condições naturais do ambiente, tendo como consequência uma série de variáveis características da paisagem onde está inserida a área a restaurar. Devem ser construídos módulos destinados a implantação das seguintes técnicas: transposições de solo, poleiros artificiais (secos), grupos de Anderson e transposições de galharia sendo a parcela maior da área destinada à regeneração natural que será facilitada e desencadeada por estas técnicas (ESPÍNDOLA et al., 2006). Cada uma das técnicas, de acordo com as funções desempenhadas por elas, deverá adotar o critério de distribuição espacial, ordem cronológica diferente ou 21 gradiente temporal distinto, levando em consideração as condições biológicas e físicas ou o grau de deficiência destes elementos na área (ESPÍNDOLA et al., 2006). 3.7.1 - Transposição de Solo Segundo (REIS; VIEIRA, 2009), uma área com solo degradado, necessita ações antrópicas na recomposição da vegetação natural, devido à falta de sementes no banco e a pouca possibilidade da chegada de propágulos através da dispersão. Ainda, segundo (REIS; VIEIRA, 2009), a transposição de solo é uma técnica de nucleação, que visa a restauração do solo, auxiliando no desenvolvimento da micro, meso e macro fauna/flora que são compostas por sementes, propágulos, microorganismos, fungos, bactérias, minhocas, algas, etc., formando núcleos em áreas degradadas. Uma forma visual de avaliação da nucleação em áreas degradadas é através da formação de pequenos núcleos revegetados (banco de sementes) conforme (Figura 1). Conforme Bechara, (2006) a técnica faz com que chegue e irradie propágulos da biota do solo recebendo influência da capacidade de dispersão do organismo. A colonização do solo pode se instituir através de organismos transpostos e assim, ocorre o fornecimento de alimento aos consumidores. Para se manter na comunidade as espécies da biota deverão suportar as variações climáticas e sazonais, portanto, a transposição é capaz de nuclear uma sucessão inicial da biota do solo quando os microorganismos sensíveis a mudanças severas de temperatura e que são os responsáveis pela colonização dos primeiros estágios sucessionais edáficos. Para os macroorganismos mais sensíveis as condições de temperatura e umidade, o desafio será promover a sua própria manutenção. Os fluxos dos organismos facilitam a restauração de todas as formas de vida e de propágulos, englobando a paisagem do entorno e a área degradada. O restabelecimento da conectividade é essencial ao nível genético destas áreas, com os fragmentos vizinhos. Recomenda-se que sejam utilizados solos com diferentes níveis sucessionais para que haja uma imensa variação no micro, meso e macroorganismos do 22 ecossistema a ser restituído, unindo a área a ser restaurada a fragmentos próximos (REIS et al., 2003). A transposição de solo se revelou ter rápido efeito e alto potencial de restabelecimento das interações planta-animal possibilitando a inserção de todas as formas de vida como arvoretas pioneiras e espécies herbáceo-arbustivas, ocasionando a atração da fauna disseminadora de sementes se tornando uma estratégia importante a ser explorada nas atividades de restauração (BECHARA, 2006). FIGURA 1 - Transposição de solo Fonte: REIS, et. al, (2003) 23 3.7.2 - Poleiros Artificiais Secos Os animais considerados mais eficientes no transporte e dispersão de sementes entre fragmentos de vegetação são as aves e os morcegos. Estes animais vêm dos fragmentos próximos de forma esporádica pousam no poleiro, deixando sementes que, depois de adaptadas crescem ou não nas áreas ciliares. Os poleiros podem ser montados com formas e funções diferentes, fazendo com que principalmente as aves e morcegos, ampliem seus comportamentos distintos como animais dispersores (TRES et al., 2011). A atração destes animais é uma das formas mais efetivas para a chegada de sementes e assim, acelerar o processo sucessional. Através da regurgitação, defecação ou derrubada de frutos e sementes em árvores remanescentes, tornamse núcleos de regeneração, com grande diversidade na sucessão secundária inicial (REIS et al., 2003). Ainda, conforme os autores Reis & Tres (2009), para a conectividade das unidades da paisagem, os poleiros representam a melhor estratégia, ganhando espaço nos trabalhos de restauração, mostrando sua grande capacidade nucleadora e exercendo seu papel como trampolim ecológico. A conectividade se dá em várias direções e é gerada á partir dos fluxos ecológicos com a implantação estrutural do poleiro seco (imita galhos secos de plantas) ou a do poleiro vivo (árvores vivas) (Figura 2). São depositadas sementes nas áreas degradadas através de uma diversidade de espécies atraídas pelos poleiros, formando um núcleo alogênico e tornando o ambiente propício para conectar a área degradada a fragmentos próximos. As estruturas biológicas do ambiente sofrem modificações através desses núcleos, representando focos de concentração de propágulos e atraindo vários consumidores a área, atuando como facilitadores na constituição de uma nova cadeia trófica nas áreas a serem colonizadas. Entretanto, passarão a ser fonte de alimentos para dispersores secundários, os núcleos formados, facilitando a direção dos fluxos ecológicos, restituindo nova diversidade a paisagem. Numa matriz não-habitat, quando dispersos potencializam a permeabilidade da matriz, favorecendo os fluxos ecológicos (REIS; TRES, 2009). 24 FIGURA 2 - Poleiros artificiais secos Fonte: REIS et al., (2006) 3.7.3 - Núcleos de Anderson É uma técnica de plantio de árvores em grupos de Anderson (ANDERSON, 1953 apud TRES; REIS, 2009) que tem como prioridade espécies chave regional e a qualidade do material genético utilizado na introdução, com isso, visa-se incrementar a diversidade regional da área a ser restaurada. O plantio de mudas através da introdução de espécies, se torna a forma mais eficaz para incrementar o processo da nucleação. Esta técnica se torna importante no sentido de escolher as espécies a fim de formar pequenos núcleos com grande capacidade de nucleação. São formados núcleos adensados com 3, 5 ou 13 mudas, com 0,5 metros de espaçamento, de forma homogênea ou heterogênea (Figura 3). As mudas centrais são beneficiadas no desenvolvimento em altura e as laterais no crescimento das ramificações, se comportando o grupo como um só indivíduo. (ESPÍNDOLA et al., 2006). 25 Os fluxos ecológicos são direcionados a uma condição específica formando populações naturais com espécies altamente funcionais. Nas áreas em formação, os núcleos deverão representar uma notável variabilidade genética, formando uma população mínima viável. Quando o núcleo se irradiar, inicia – se a troca de material genético entre as populações formadas e as populações de fragmentos próximos á area, garantindo no futuro, que a progênie nucleie a paisagem, constituindo uma dinâmica local de fluxos ecológicos (TRES; REIS, 2009). Recomenda-se que as mudas recebam cuidados como a adubação e a capina até formarem um núcleo sombreado propiciando o crescimento de espécies mais esciófitas (ESPÍNDOLA et al., 2006). Pioneira Não pioneira FIGURA 3 - Estrutura das mudas em núcleos de Anderson Fonte: Adaptado Instituto Pró-Terra, (2011) 3.7.4 - Transposição de Galharia Em locais onde grandes áreas de solo são retiradas (áreas de empréstimo e bota-fora), o principal motivo da degradação ambiental está na falta total de nutrientes no solo, por isso, devem ser utilizadas fontes de matéria orgânica da região, de preferência os que possuem nutrientes imobilizados, exemplo disso são 26 os restos de exploração florestal, onde esse material ao invés de ser queimado pode ser enleirado de forma a criar núcleos de biodiversidade para o processo sucessional secundário da área em recuperação (REIS et al., 2003). Conforme (REIS; TRES 2009), para a formação de um ambiente seguro para a fauna surge uma estratégia eficaz para a ampliação da permanência e frequência de visitantes (roedores, répteis, anfíbios, etc), a técnica de transposição de galharia (acúmulo de galhos, tocos, resíduos, florestais ou amontoados de pedras) em áreas em recuperação (Figura 4). Devido a formação do microclima apropriado estes núcleos atuam como refúgios artificiais para a fauna (ESPÍNDOLA et al., 2006). Espera – se que através destes visitantes sejam facilitadas a chegada de sementes dos fragmentos próximos, cooperando para a conectividade local e a sucessão alóctone. São formados um micro-habitat diversificado para uma variação florística e faunística, nas áreas degradadas, se estendendo e irradiando para as áreas próximas (REIS; TRES, 2009). FIGURA 4 - Transposição de galharia Fonte: REIS et al., (2003) 27 4 - MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 - Descrição da área de estudo A área de estudo possui 0,3 hectares e está localizada na Fazenda Santo Antônio no município de Jaú – SP, de propriedade da Família Desajácomo, com coordenadas UTM 762928m L e 7534680m S, pertencente à microbacia do Córrego Santo Antonio (Figura 5), e Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos 13 (UGRI – 13) da Bacia Tietê - Jacaré (Figura 6). Nesta propriedade estão localizadas as principais nascentes do Córrego Santo Antônio, que é hoje um dos maiores mananciais de abastecimento da cidade de Jaú. O projeto de restauração foi desenvolvido ao redor de uma nascente (Figura 7) que abastece um reservatório de água utilizado pela família para a criação de peixes, além de fornecer água para as culturas agrícolas e para a criação de animais da propriedade. A propriedade de 140,4 ha está inserida em uma matriz vegetacional com predominância do cultivo de cana de açúcar, no entanto a propriedade possui diferentes culturas como: café, eucaliptos, milho, arroz e ainda a criação de gado e suínos. O solo predominante do município de Jaú é o latossolo roxo, com textura argilosa e muito profunda (PREFEITURA MUNICIPAL DE JAÚ, 2011) e o clima conforme a classificação de KOPPEN é do tipo Cwa, mesotérmico ou clima tropical de altitude onde, o verão úmido e inverno seco. Nos meses de verão (outubro a março) as precipitações apresentam índice em torno de 1.428 mm, e no inverno (período seco) vai de abril a setembro. (VENIZIANI, 1997). Nas proximidades da área em restauração ocorre um fragmento de Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Paludosa de aproximadamente 15 ha de vegetação bem preservada e que atua como principal fonte de propágulos para a restauração (Figura 7). 28 FIGURA 5 - Mapa com ortofoto da Microbacia do Córrego Santo Antônio, localização da área estudada na microbacia do Córrego Santo Antônio (círculo em azul). Fonte: SIGAM, (2011) 29 FIGURA 6 - Localização da Bacia Hidrográfica Tietê-Jacaré (UGRHI 13), no Estado de São Paulo (círculo em azul). Fonte: SIGAM, (2011) 30 FIGURA 7 - Localização da área estudada (círculo vermelho) e da Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Paludosa (seta amarela). Fonte: Google Earth, (2011). 4.2 - Implantação das técnicas nucleadoras de restauração A implantação das técnicas nucleadoras foi realizada de 10 à 14 de agosto de 2010 e contou com o apoio de 5 trabalhadores rurais, funcionários do Instituto PróTerra. O preparo da área teve início com a construção de cerca de arame farpado ao redor da nascente, pois o entorno é utilizado como pastagem. Para a restauração da mata ciliar desta nascente o PRMC definiu a utilização de 4 técnicas de nucleação sendo: Cinco transposição de solo, três poleiros artificiais secos, quinze núcleos de Anderson, e nove transposição de galharia demonstradas no croqui abaixo (Figura 8). 31 Núcleos de Anderson Transposição de Solo Poleiro Transposição de Galharia Represa FIGURA 8 - Croqui da área com a localização dos núcleos implantados Fonte: A autora 32 4.2.1 - Transposição de Solo O uso de banco de propágulos para recuperação de áreas degradadas é uma prática bastante utilizada para recuperação de áreas minerais (ZANETI, 2008). Para transposição de solo alóctone neste trabalho, foram retiradas 05 amostras com cerca de 1m² de camada superficial do solo (horizonte orgânico do solo) e serrapilheira, com profundidade de 10 cm. O solo foi coletado em área alóctone pouco preservada, com indícios de entrada de gado e algumas clareiras no interior de uma mata seca (Floresta Estacional Semidecidual), localizada a aproximadamente 2,5 Km de distância da área de implantação (Figura 9), na mesma microbacia com coordenadas UTM (762643m L e 7533331m S). O material foi coletado em sacos plásticos de 10 Kg, transportado e depositado nos núcleos que já estavam previamente limpos de gramíneas competidoras e preparados com aberturas de 1,0m x 1,0m para recebimento deste material. 33 FIGURA 9 - Distância da área avaliada (círculo azul) em relação ao local de recolhimento do material para a transposição de solo (círculo amarelo). Fonte: Google Earth, (2011). 4.2.2 - Poleiro Artificial Para a confecção dos 3 poleiros foram cortados 12 varas de bambus, do tipo médio, da mesma propriedade, com comprimento de 5 metros de altura cada. Os bambus foram fixados no solo em formato de um quadrado tomando o cuidado de preservar os galhos secos dos mesmos. A área de 4,5 m de diâmetro que recebeu os poleiros foi limpa através de capina manual. 34 4.2.3 - Núcleos de Anderson Na área restaurada foram plantadas 195 mudas, sendo 135 pioneiras e 60 não pioneiras. Estas mudas foram distribuídas e divididas em 15 núcleos com 12 m² cada. Os núcleos continham 13 mudas, sendo 9 pioneiras e 4 não pioneiras e espaçamento de 1,0m x 1,0m entre mudas. As mudas de espécies nativas regionais foram provenientes do Núcleo de Produção de Mudas – CATI Pederneiras - SSA, conforme quadro 1. QUADRO 1 - Mudas plantadas nos Núcleos de Anderson, suas respectivas famílias e grupos sucessionais. P = Pioneira, NP = Não Pioneira. Classificação baseada em APG II (SOUZA; LORENZI, 2008). Nome Nome Família Grupo Vulgar Científico Sucessional (P) – (NP) Algodoeiro Heliocarpus americanus L. Heliconiaceae P Amendoim bravo Pterogyne nitens Tul. Fabaceae NP Angico vermelho Parapiptadenia rigida (Benth.) Fabaceae P Myrtaceae NP Brenan Araçá amarelo Psidium coriaceum Mart. ex O. Berg Araçá rosa Psidium cattleianum Sabine Myrtaceae P Araribá Rosa Centrolobium tomentosum Fabaceae P Lithraea molleoides (Vell.) Engl. Anacardiaceae P Schinus terebinthifolius Raddi Anacardiaceae P Bauhinia forficata Link. Fabaceae P Peltophorum dubium (Spreng.) Fabaceae P Guillemin ex Benth. Aroeira brava (branca) Aroeira pimenteira Bauínia Canafístula Taub. 35 continuação Candeia Gochnatia polymorpha Asteraceae P Myrsinaceae P (Less.) Cabrera Capororoca Rapanea ferruginea (Ruiz & Pav.) Mez Ceboleiro/Cebolão Phytolacca dioica L. Phytolaccaceae P Cedro rosa Cedrela fissilis Vell. Meliaceae NP Eugenia involucrata DC. Myrtaceae NP Cordia sellowiana Cham. Boraginaceae P Sterculia chicha A. St.-Hil. ex Malvaceae P Cereja-do-riogrande Chá-de-bugre Chichá do Cerrado Turpin Covantã Cupania vernalis Cambess. Sapindaceae P Dedaleiro Lafoensia pacari A. St.-Hil. Lythraceae NP Embaúva Cecropia pachystachya Trécul Urticaceae P Erythrina verna Vell. Fabaceae P Mimosa bimucronata (DC.) Fabaceae P Fabaceae P Ficus guaranitica Chodat Moraceae P Genipa americana L. Rubiaceae NP Myrcia tomentosa (Aubl.) DC. Myrtaceae NP Calophyllum brasiliense Clusiaceae NP Eritrina Espinho de maricá Kuntze Farinha-seca Albizia niopoides (Spruce ex Benth.) Burkart Figueira branca Genipapo Goiaba-brava Guanandi Cambess. Guaiuvira Patagonula americana L. Boraginaceae P Guarantã Esenbeckia leiocarpa Engl. Rutaceae NP 36 continuação Ingá-ferradura Ipê rosa Inga sessilis (Vell.) Mart. Fabaceae NP Tabebuia heptaphylla (Vell.) Bignoniaceae P Toledo Jequitibá rosa Cariniana legalis (Mart.) Kuntze Lecythidaceae NP Leiteiro Peschiera fuchsiaefolia (A. DC.) Apocynaceae P Lafoensia glyptocarpa Koehne Lythraceae P Guazuma ulmifolia Lam. Malvaceae P Paineira rosa Chorisia speciosa A. St.-Hil. Malvaceae NP Pau-cigarra Senna multijuga (Rich.) H.S. Fabaceae P Gallesia gorazema (Vell.) Moq. Phytolaccaceae P Caesalpinia ferrea Mart. Fabaceae P Pau formiga Triplaris brasiliana Cham. Polygonaceae P Pau-marfim Balfourodendron riedelianum Rutaceae P Trema micrantha (L.) Blume Cannabaceae P Citharexylum myrianthum Cham. Verbenaceae P Tapirira guianensis Aubl. Anacardiaceae P Rhamnidium elaeocarpum Rhamnaceae NP Colubrina glandulosa Perkins Rhamnaceae P Chlorophora tinctoria (L.) Moraceae P Euphorbiaceae P Miers Mirindiba-rosa Mutambo Irwin & Barneby Pau d’alho Pau ferro (Engl.) Engl. Pau pólvora Pau-viola Peito-de-pomba Saguaraji-amarelo Reissek Saguaraji vermelho Taiúva Gaudich. Tamanqueiro Alchornea glandulosa Endl. & Poeppig 37 continuação Tamboril orelha de Enterolobium contortisiliquum Fabaceae P negro (Vell.) Morong Tapiá Crateva tapia L. Brassicaceae P Dictyoloma vandellianum Rutaceae P Tingui preto A.H.L. Juss. Fonte: Adaptado SMA, 2011; EMPRAPA, 2011; TRÓPICOS, 2011. Em todas as covas foram feitas adubação de base com fertilizante N:P:K 6:30:6 com 200 gramas/cova e, nos núcleos foram adicionados o hidrogel durante o plantio. 4.2.4 - Transposição de Galharia Para a implantação dos núcleos com transposição de galharia foram utilizados galhos secos, doados pela Prefeitura do Município de Jahu, oriundos da poda da arborização urbana, com restrições a espécies invasoras. O material foi transportado por caminhão carroceria da Prefeitura Municipal de Jaú e foi depositado em 9 núcleos em formato de cubo. 4.3 - Avaliação das técnicas de nucleação Após a implantação do projeto de restauração iniciou-se as avaliações da restauração, objeto deste trabalho. Para a avaliação das técnicas foram realizadas mensalmente no período de fevereiro a maio coletas de dados baseados nos Indicadores para Monitoramento de Nucleação elaborado no âmbito do Projeto de Recuperação de Matas Ciliares (PRMC), da Secretaria de Estado de Meio Ambiente 38 do Governo do Estado de São Paulo pela consultora Deisy Tres em parceria com técnicos colaboradores do projeto. As coletas de dados em campo foram realizadas nas seguintes datas: • 12 de Fevereiro de 2011; • 26 de Março de 2011 • 16 de Abril de 2011; • 04 de Maio de 2011. 4.3.1 - Regeneração Natural Para avaliação da regeneração natural foram amostradas e identificadas todas as plantas encontradas dentro dos núcleos com altura > 10 cm em todas as técnicas de nucleação. Os regenerantes foram quantificados e coletados para posterior identificação com auxilio de literatura, consulta ao herbário HESA da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” e consulta a especialista. As espécies identificadas foram classificadas conforme suas formas de vida. 4.3.2 - Transposição de Solo Na técnica de nucleação por transposição de solo (Figura 10) os núcleos foram identificados com plaquetas de plástico numeradas e foram avaliados os seguintes indicadores, conforme planilha em anexo 1: • Número de espécies regenerantes: quantidade de espécies regenerantes encontrados durante a coleta; • Nome da espécie regenerante: identificação dos regenerantes. • Forma de vida: descrição dos hábitos de vida dos indivíduos divididos em: herbáceo = espécies vegetais com caule não lenhoso; arbustivo/arbóreo = 39 espécies vegetais com caule lenhoso acima de 1,5m e trepadeiras = indivíduos terrícolas, lenhosos ou herbáceos, cujo crescimento em altura depende da sustentação mecânica fornecida por outras plantas (Udulutsh et al. 2004); • Indício de fauna: descrição dos sinais ou marcas presentes na área que indiquem a presença de fauna, tais como: pegadas, penas, sementes zoocóricas, fezes, tocas, insetos e outros; • Espécies invasoras (%): avaliação da porcentagem de cobertura das espécies exóticas invasoras (gramíneas exóticas e outras), encontrados nos núcleos utilizando 4 níveis de infestação sendo: 1) 0 – 25%, 2) 26 – 50%, 3) 51 – 75%, 4) 76 – 100%. FIGURA 10 - Técnica de transposição de solo na Fazenda Santo Antônio, fotografia tirada em 14 de agosto de 2010. Fonte: A autora 40 4.3.3 - Poleiros Artificiais Secos Nesta técnica (Figura 11) foram avaliados os mesmos indicadores apresentados na técnica anterior (transposição de solo), além dos seguintes parâmetros: • Riqueza de sementes: quantidade de sementes de espécies diferentes encontradas na área dos poleiros; • Densidade de sementes: número de sementes encontradas na área dos poleiros; FIGURA 11 - Poleiro seco com fixação de quatro bases no solo, fotografia tirada em 14 de agosto de 2010. Fonte: A autora 41 4.3.4 - Núcleos de Anderson Nos núcleos de Anderson (Figura 12) foram avaliados indicadores apresentados na técnica “transposição de solo”, além dos seguintes parâmetros: • Levantamento das espécies plantadas no núcleo: anotação dos nomes das mudas vindas do viveiro; • Cobertura de Copa: foi avaliada, com o auxílio de uma trena a projeção horizontal (sombreamento) da copa das mudas na superfície do solo no núcleo, onde é controlada a qualidade, quantidade e distribuição da luz, sendo que, a rapidez da cobertura é essencial para controlar o mato competição e a interceptação da água das chuvas nas copas, com isso, auxiliar na estabilização do solo (SMA, 2011). FIGURA 12 - Núcleos de Anderson na Fazenda Santo Antônio (círculo em amarelo "pioneiras", círculo em vermelho "não pioneiras"), fotografia tirada em 14 de agosto de 2010. Fonte: A autora 42 4.3.5 -Transposição de Galharia Nos núcleos de transposição de galharia (Figura 13) foram avaliados indicadores apresentados na técnica “transposição de solo”, além dos seguintes parâmetros: • Volume ocupado pela galharia: foram aferidos o volume da figura geométrica (formato de cubo), aproximada e formada pela distribuição dos galhos, utilizando a fórmula V = comp. x larg. X altura. • Taxa de decomposição da matéria orgânica da galharia (volume/meses): Através desta ao longo dos meses de amostra (fevereiro, março e abril), foi avaliado a velocidade de decomposição da galharia. FIGURA 13 - Leira da galharia em decomposição, fotografia tirada em 14 de agosto de 2010. Fonte: A autora 43 5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante avaliação da restauração nos núcleos foram encontrados 421 regenerantes de 17 famílias, com as respectivas formas de vida: 1 Trepadeira (Malvaceae), 4 Solanaceae) e Euphorbiaceae, Arbustiva/Arbórea 12 Herbácea Malvaceae, (Bignoniaceae, (Amaranthaceae, Melastomataceae, Fabaceae, Myrtaceae Asteraceae, Onagraceae, e Fabaceae, Plantaginaceae, Poaceae, Rubiaceae e Solanaceae) e uma família não determinada (ND). A técnica de nucleação que se mostrou a melhor facilitadora para o estabelecimento de regenerantes foi os núcleos de Anderson, com 290 regenerantes. Apenas 65 indivíduos de espécies Arbustivo/Arbóreas foram encontradas nas avaliações de regeneração natural na área de todos os núcleos, o que pode ser atribuído à alguns fatores como: • baixa eficiência ou inexistência de banco de sementes do solo; • dificuldade de germinação da semente e estabelecimento da plântula devido à mato competição por braquiária; • alto nível de predação de sementes; • escassez de dispersores de sementes. 5.1 - Transposição de Solo Seis meses após a implantação da técnica, conforme figura 14, foram encontrados na 1ª amostra, 19 regenerantes, considerando que os núcleos não foram irrigados, estes receberam influência das condições físicas do ambiente, como a luz e umidade do solo, devido às chuvas intensas nesse período, que favoreceu o recrutamento e estabelecimento das espécies (quadro 2). Já na 2ª e 3ª amostra o desempenho foi parecido, com evolução na quantidade de regenerantes em relação à 1ª amostra onde, 27 regenerantes foram encontrados, mas nesse período ocorreu 44 a manutenção na área e os núcleos de transposição foram afetados pela palhada residual da manutenção. Das espécies encontradas na regeneração natural, apenas 03 eram espécies de forma de vida arbustivo/arbóreos, que posteriormente servirão de poleiro, e sombrearão a área para que os processos de sucessão secundária ocorram. No entanto, mesmo com a grande quantidade de espécies herbáceas regenerantes, estas não se apresentam como gramíneas invasoras e não trarão conseqüências negativas para os regenerantes arbustivo/arbóreos que conseguirem se estabelecer na área. Em relação às espécies invasoras (gramíneas exóticas como braquiária e colonião) a porcentagem de infestação se manteve baixa (0 a 25%) no núcleo, porém, como citado anteriormente na 4ª amostragem percebeu – se que a palhada residual deixada durante as manutenções (figura 15), influenciou no desenvolvimento das espécies do núcleo de forma negativa, impedindo a germinação e ocasionando o abafamento dos regenerantes já estabelecidos. A quantidade de regenerantes sofreu um decréscimo (de 27 para 14 sobreviventes), deixando clara a ocorrência do fato citado acima. Quanto aos indícios de fauna foram avistadas abelhas, formigas, moscas, penas e fezes o que indica que o núcleo com transposição de solo atraiu a fauna disseminadora e o retorno da microfauna e mesofauna, para a recomposição da biota. 45 Transposição de Solo Regenerantes 27 27 19 14 Fevereiro Março Abril Maio Meses FIGURA 14 - Quantidade de regenerantes encontrados nas amostras fevereiro à maio de 2011. QUADRO 2 - Regenerantes encontrados na técnica de transposição de solo durante as amostragens de fevereiro a maio de 2011. Identificadas conforme APG II (SOUZA; LORENZI, 2008). Transposição de Solo Quantidade Família Nome científico Forma de vida 2 Asteraceae Elephantopus mollis Kunth Herbácea 1 Asteraceae Erechtites sp Herbácea 1 Asteraceae Gamochaeta americana (Mill.) Wedd. Herbácea 2 Asteraceae Gnaphalium spathulatum Burm. f. Herbácea 1 Bignoniaceae Jacaranda mimosifolia D. Don Arbustiva/Arbórea 2 Fabaceae Crotalaria sp Herbácea 1 Malvaceae Sida linifolia Cav Herbácea 46 continuação 2 Myrtaceae Psidium guajava L. Arbustiva/Arbórea 1 Solanaceae Solanum americanum Mill. Herbácea 1 Solanaceae Solanum mauritianum Scop. Arbustiva/Arbórea FIGURA 15 - Núcleo de transposição de solo afetado pela palhada residual da manutenção, fotografia tirada em 04 de maio de 2011. Fonte: A autora 5.2 - Poleiros Artificiais Secos Conforme figura 16, na amostragem feita em fevereiro de 2011 não foram encontrados espécies regenerantes nos poleiros na 1ª coleta e, a baixa quantidade de espécies regenerantes se manteve durante as coleta seguinte, porém, a coleta mais relevante em relação a este dado aconteceu nos meses de abril e maio, onde foram encontradas 23 espécies regenerantes sendo 20 herbáceas e apenas 01 47 (Psidium guajava L.) e 02 (Solanum mauritianum Scop) arbustivo/arbóreas (quadro 3). Poleiros Artificiais Secos 23 Regenerantes 21 4 Fevereiro Março Abril Maio Meses FIGURA 16 - Quantidade de regenerantes encontrados nos poleiros QUADRO 3 - Regenerantes encontrados nos poleiros artificiais secos durante as amostragens de fevereiro a maio de 2011. Identificadas conforme APG II (SOUZA; LORENZI, 2008). Poleiros Artificiais Quantidade Família Nome científico Forma de vida 4 Asteraceae Emilia fosbergii Nicolson Herbácea 2 Asteraceae Gamochaeta americana (Mill.) Wedd. Herbácea 5 Asteraceae Gnaphalium spathulatum Burm. f. Herbácea 2 Myrtaceae Psidium guajava L. Arbustiva/Arbórea em excesso Plantaginaceae Bacopa salzmannii Wettst. ex Edwall Herbácea em excesso Poaceae Brachiaria radicans Napper Herbácea 4 Rubiaceae Richardia brasiliensis Gomes Herbácea 3 Solanaceae Solanum americanum Mill. Herbácea 1 Solanaceae Solanum mauritianum Scop. Arbustiva/Arbórea 48 Durante a coleta de dados não foi avaliada a quantidade de avifauna que freqüentou os poleiros, no entanto, foram avistados pássaros pousando nos mesmos o que permitiu a chegada de 5 tipos de sementes não identificadas, que aqui chamamos de semente 01, 02, 03, 04 e 05 (quadro 4), mostrando a efetividade na utilização dos poleiros por estes dispersores entre fragmentos e ajudando no aceleramento do processo sucessional da área. Além dos pássaros, também foram visualizadas formigas, aranha d’água, penas (Figura 17), pegadas e fezes de aves (Figura 18), o que indica a recolonização desses núcleos. Devido à ocorrência das manutenções a porcentagem de espécies invasoras se manteve entre 0 e 25%. QUADRO 4 - Diversidade de sementes encontradas durante as amostras Riqueza de Sementes Fevereiro Março Abril Maio Semente 01 76 7 0 0 Semente 02 1 3 0 0 Semente 03 14 0 0 0 Semente 04 0 3 0 0 Semente 05 0 0 3 0 Foram instalados 5 poleiros na área, destes, 2 quebraram pela ação do vento, e foram cortados pelo proprietário no primeiro mês de implantação, com isso, a distribuição dos poleiros na área foi afetada. Outro fator que justifica a baixa densidade de regenerantes na área dos poleiros foi à localização do poleiro 2, que encontra – se em cima de nascentes intermitentes que voltaram a aflorar na área após o cercamento e retirada do gado. Os regenerantes não conseguiram se estabelecer devido ao encharcamento do solo embaixo do poleiro. O melhor desempenho de regenerantes foi encontrado no poleiro 3 que estava bem próximo ao fragmento vegetacional remanescente, responsável pelo estabelecimento de 3 espécies arbóreo/arbustivo. 49 FIGURA 17 - Penas encontradas na área dos poleiros, fotografia tirada em 16 de abril de 2011. Fonte: A autora FIGURA 18 - Fezes de aves na base dos poleiros, fotografia tirada em 16 de abril de 2011. Fonte: A autora 50 5.3 - Núcleos de Anderson Como mostrado na figura 19, logo na 1ª coleta foram encontrados 122 regenerantes de 13 espécies, nos núcleos de Anderson. Na 2ª coleta os núcleos tinham passado por manutenção que provavelmente eliminou junto com as gramíneas invasoras alguns regenerantes, e ocorreu um pequeno decréscimo da quantidade de regenerantes encontrados (de 122 caiu para 97). Já na 3ª coleta o número de indivíduos voltou a subir (159 regenerantes) e, na 4ª coleta, realizada em maio de 2011 foram encontrados 282 regenerantes, um importante progresso no estabelecimento destes indivíduos. Das 17 famílias encontradas em todos os núcleos, 13 ocorreram nos núcleos (quadro 5) e ainda, foram visualizadas formigas (Figura 20), fezes, penas. Núcleos de Anderson Regenerantes 282 159 122 97 Fevereiro Março Abril Maio Meses FIGURA 19 - Quantidade de regenerantes encontrados nas amostras fevereiro à maio de 2011. 51 FIGURA 20 - Indício de formigueiro na área dos núcleos de Anderson, fotografia tirada em 26 de março de 2011. Fonte: A autora Conforme figura 21, notou – se uma alta mortalidade de mudas plantadas nos núcleos 05, 08, 09,10 e 11. O encharcamento provocado por nascentes intermitentes que afloram em diversos pontos da área foi o principal causador dessa mortalidade, pois, as mudas não suportaram o excesso de água. Outros fatores que podem ter influenciado na mortalidade dos indivíduos foi à interferência com herbicida glifosato aplicada pelo proprietário (Figura 22) entre os núcleos e a presença de vários formigueiros de saúvas (formigas cortadeiras) (Figura 23). 52 6 M o rtalid ad e 5 4 Fevereiro 3 Março 2 Abril Maio 1 0 A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12 A13 A14 A15 Núcleos de Anderson FIGURA 21 - Mortalidade das mudas plantadas nos núcleos de Anderson. O eixo X representa os núcleos de Anderson numerados de 1 a 15 na área de estudo. FIGURA 22 - Aplicação de herbicida glifosato entre os núcleos, fotografia tirada em 04 de maio de 2011. Fonte: A autora 53 FIGURA 23 - Grande concentração de formigueiros na área dos núcleos de Anderson, fotografia tirada em 04 de maio de 2011. Fonte: A autora Durante todos os meses de amostragem foram avaliadas a cobertura de copa de todas as mudas plantadas nos núcleos de Anderson (Figura 24) onde, a trena foi esticada de forma aleatória a cada coleta, com isso, em algumas amostragens foram coletados dados de espécies com arquitetura de copa mais aberta e em outro mês as espécies amostradas não tinham a mesma arquitetura de copa, o que pode ter influenciado nos resultados de março e abril, no entanto, fica evidente o aumento da biomassa dos indivíduos plantados ao longo das amostragens e consequentemente do sombreamento desde a primeira avaliação (6,52%) até a última (23,36%) (Figura 25). 54 FIGURA 24 - Cobertura de copa das mudas plantadas nos núcleos, fotografia tirada em 04 de maio de 2011. Fonte: A autora Núcleos de Anderson Cobertura de Copa (%) 23,36% 10,72% 6,82% 6,52% Fevereiro Março Abril Maio Meses FIGURA 25 - Cobertura de Copa das mudas plantadas em núcleos de Anderson 55 QUADRO 5 - Regenerantes encontrados nos núcleos de Anderson durante as amostragens de fevereiro a maio de 2011. Identificadas conforme APG II (SOUZA; LORENZI, 2008). Núcleos de Anderson Quantidade Família Nome científico Forma de vida 1 Amaranthaceae Alternanthera ficoidea (L.) P. Beauv Herbácea 6 Asteraceae Ageratum conyzoides L Herbácea 1 Asteraceae Conyza bonariensis (L.) Cronquist Herbácea 1 Asteraceae Emilia fosbergii Nicolson Herbácea 11 Asteraceae Erechtites sp Herbácea 8 Asteraceae Erigeron bonariensis L. Herbácea 18 Asteraceae Gamochaeta americana (Mill.) Wedd. Herbácea 56 Asteraceae Herbácea 1 Asteraceae Gnaphalium spathulatum Burm. f. Orthopappus angustifolius (Sw.) Gleason 3 Asteraceae Sida cordata (Burm. f.) Borss. Waalk. Herbácea 4 Bignoniaceae Jacaranda mimosifolia D. Don Arbustiva/Arbórea 1 Bignoniaceae Tabebuia sp Arbustiva/Arbórea 4 Euphorbiaceae Ricinus communis L. Herbácea 2 Fabaceae Cassia polyphylla Jacq. Herbácea 5 Fabaceae Crotalaria sp Herbácea 1 Fabaceae Morfo spp 1 Arbustiva/Arbórea 1 Fabaceae Arbustiva/Arbórea 2 Malvaceae Sweetia sp Malvastrum coromandelianum (L.) Garcke 2 Malvaceae Sida linifolia Cav Herbácea 5 Malvaceae Sida rhombifolia L. Herbácea 2 Melastomataceae Rhynchanthera cordata DC. Herbácea 2 Myrtaceae Eugenia uniflora L. Arbustiva/Arbórea 14 Myrtaceae Psidium guajava L. Arbustiva/Arbórea 1 Onagraceae Ludwigia nervosa (Poir.) H. Hara Herbácea Bacopa salzmannii Wettst. ex Edwall Herbácea em excesso Plantaginaceae Herbácea Herbácea 69 Plantaginaceae Scoparia dulcis L. Herbácea 2 Poaceae Brachiaria radicans Napper Herbácea 31 Rubiaceae Borreria verticillata (L.) G. Mey. Herbácea 11 Solanaceae Solanum americanum Mill. Herbácea 25 Solanaceae Solanum mauritianum Scop. Arbustiva/Arbórea 56 5.4 - Transposição de Galharia Ao longo dos meses a tendência é que estes núcleos se decomponham e forneçam matéria orgânica ao solo, favorecendo a germinação e crescimentos das espécies e, conforme figura 26 ao longo dos meses amostrados percebeu – se alterações quanto ao volume ocupado pela galharia devido à variação (aumento das medidas) durante as coletas. Este fato ocorreu porque houve a recomposição dos núcleos de galharia, (acréscimo de mais galhos) durante as manutenções, ocorridas neste período. Mesmo com esta recomposição, foi notável a decomposição da matéria orgânica em relação à 1ª e 4ª coleta (Figura 27), mostrando a efetividade nos resultados como, por exemplo, a atração da fauna para a área e inibição de gramíneas invasoras. Outro aspecto importante durante as coletas foram os fungos encontrados em todas as leiras de galharia (Figura 28), pois estes são essenciais na decomposição da matéria orgânica. As leiras já estão servindo como fonte de alimento aos decompositores. Em todas as leiras foram observados também, cupins que auxiliam na decomposição da madeira. Em alguns núcleos da galharia encharcados pelo afloramento do lençol freático, foram encontrados girinos e aranha d’água, mostrando a eficiência da técnica na formação de um microclima apropriado para a sobrevivência destes. Outros indícios de fauna encontrados foram: formigas, abelhas, fezes, cascas de besouro, pássaros e penas, evidenciando o resgate das funções ecológicas. 57 Transposição de Galharia Volume de ocupação (m³) 30 25 Fevereiro 20 Março 15 Abril 10 Maio 5 0 G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 G9 FIGURA 26 - Volume de ocupação da galharia nas amostras de fevereiro à maio de 2011 m³/tempo Taxa de decomposição da matéria orgânica nos núcleos ao longo dos meses de coleta 7 6 5 4 3 2 1 0 Fevereiro Março Abril Maio G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 G9 Transposição de Galharia FIGURA 27 - Velocidade que a matéria orgânica se decompõe ao longo dos meses de coleta 58 FIGURA 28 - Fungos encontrados nas leiras da galharia, fotografia tirada em 04 de maio de 2011. Fonte: A autora Em relação aos indivíduos regenerantes na galharia (Figura 29), já na 1ª coleta foi significativa a quantidade de regenerantes encontrados (65), na 2ª coleta a quantidade de indivíduos encontrados dobrou (129). Nas coletas seguintes (abril e maio), ocorreu um decréscimo para 93 indivíduos regenerantes. Alguns destes núcleos de transposição estavam em áreas encharcadas e também foi feito interferência de herbicida glifosato na borda dos núcleos (pelo proprietário), o que pode ter contribuído para a mortalidade destes regenerantes. Como observado no quadro 6, a galharia mostrou – se eficaz no estabelecimento de 97 indivíduos regenerantes onde, 86 eram espécies herbáceas, 01 trepadeira e somente 10 eram de forma de vida arbustivo/arbóreo. 59 Transposição de Galharia Regenerantes 129 93 95 Abril Maio 65 Fevereiro Março Meses FIGURA 29 - Regenerantes encontrados na técnica de transposição de galharia QUADRO 6 - Regenerantes encontrados na transposição de galharia durante as amostragens de fevereiro a maio de 2011. Identificadas conforme APG II (SOUZA; LORENZI, 2008). Transposição de Galharia Quantidade Família Nome científico Forma de vida 5 Amaranthaceae Alternanthera ficoidea (L.) P. Beauv Herbácea 4 Asteraceae Ageratum conyzoides L Herbácea 16 Asteraceae Erigeron bonariensis L. Herbácea 8 Asteraceae Gnaphalium spathulatum Burm. f. Herbácea 1 Asteraceae Sida cordata (Burm. f.) Borss. Waalk. Herbácea 1 Asteraceae Sonchus oleraceus L. Herbácea 7 Fabaceae Crotalaria sp Herbácea 1 Malvaceae Sida cordata (Burm. f.) Borss. Waalk. Trepadeira 60 continuação 8 Melastomataceae Rhynchanthera cordata DC. Herbácea 1 ND Morfo spp 2 Herbácea 2 em excesso Onagraceae Ludwigia nervosa (Poir.) H. Hara Herbácea Plantaginaceae Bacopa salzmannii Wettst. ex Edwall Herbácea 10 Plantaginaceae Scoparia dulcis L. Herbácea 8 Rubiaceae Borreria verticillata (L.) G. Mey. Herbácea 14 Solanaceae Solanum americanum Mill. Herbácea 10 Solanaceae Solanum mauritianum Scop. Arbustiva/Arbórea 61 6 - CONCLUSÃO Este trabalho pode verificar que a retirada do fator de degradação trouxe bons resultados para a regeneração da área com o retorno do afloramento de nascentes antes soterradas pelo pisoteio do gado. Com isso o volume e a qualidade da água na propriedade aumentaram (ressurgimento de nascentes intermitentes ao longo da área em restauração) trazendo benefícios para a biodiversidade da microbacia e para a população abastecida por essas águas. Apesar da proximidade a uma fonte de propágulos preservada (fragmento remanescente de Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Paludosa), verificouse uma baixa densidade de espécies regenerantes arbóreo/arbustivo nos núcleos. Esse resultado pode estar sendo influenciado negativamente pela área em restauração estar adjacente a uma matriz canavieira, porém os resultados durante os meses avaliados vêm sofrendo uma progressiva melhora em relação ao recrutamento dos indivíduos regenerantes. As técnicas utilizadas visam potencializar o resgate da funcionalidade ecológica da área degradada, e isto vem ocorrendo na área em questão, como por exemplo, nos poleiros artificiais, pois, foram observadas diversas sementes e fezes de pássaros nesta técnica, portanto, fica evidente a utilização da avifauna pelos mesmos e a eficácia das técnicas utilizadas na área em questão. Quanto à transposição de solo, mesmo o material tendo sido coletado no dia em que foi implantado e em área alóctone, este local estava pouco preservado e a técnica não obteve bons resultados, outro fato que poderia ter contribuído para um melhor desenvolvimento desta técnica é a irrigação durante os meses de manutenção e isto não ocorreu. O núcleo de Anderson foi à técnica que obteve o melhor desempenho em campo, em relação aos indivíduos regenerantes, pois grande parte das espécies arbóreo/arbustivo estavam concentradas nestes núcleos, estes futuramente também contribuirão de forma significativa para a conectividade entre os núcleos e o fragmento. Na transposição de galharia, mesmo com a recomposição das leiras, foram encontrados fungos, que possibilitaram uma significativa decomposição da matéria 62 orgânica com isso, as leiras já estão servindo como fonte de alimento aos decompositores, ainda nas leiras, houve a formação de um microclima favorável para a sobrevivência da micro e mesofauna. Em alguns núcleos da galharia encharcados pelo afloramento do lençol freático, mostrando o resgate das funções ecológicas. Diante dos resultados obtidos neste trabalho, para que as técnicas de restauração ecológica sejam ainda mais eficazes, é necessário se ter os seguintes cuidados: • Deve – se trabalhar em conjunto com o projeto a conscientização através de educação ambiental com os proprietários, estes serão grandes “aliados”, para que as áreas em recuperação obtenham resultados ainda melhores durante o processo de restauração; • Os bambus coletados para a confecção dos poleiros deverão ser de menor diâmetro, pois os utilizados na área em questão eram de maior diâmetro, e isto fez com que estes se quebrassem durante os ventos, outra recomendação é que a ponta dos mesmos sejam amarradas para que se torne uma estrutura mais sólida e retardem a quebra precoce; • Se a técnica de transposição de solo não for implantada em períodos chuvosos, recomenda - se a irrigação destes núcleos nos primeiros meses; • O controle químico deverá ser evitado e feito em último caso, quando forem esgotadas todas as alternativas para controle de alguma perturbação; Estas técnicas deverão ainda ser monitoradas em períodos mais longos de avaliação com isso, poderá se ter resultados mais efetivos e estes contribuam para uma melhor eficiência na restauração ecológica de áreas degradadas. 63 7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BECHARA, F.C. Unidades demonstrativas de restauração ecológica através de técnicas nucleadoras: Floresta Estacional Semidecidual, Cerrado e Restinga. 2006. 249p. Tese (Doutorado em Recursos Florestais) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2006. CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO. Lei nº 4.771, DE 15 DE SETEMBRO DE 1965. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4771.htm>. Acesso em 20 de maio de 2011. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA. Resolução Conama nº 303, DE 20 DE MARÇO DE 2002. Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente. 2002. Disponível em : <http://www.ambiente.sp.gov.br/legislacao/estadual/resolucoes/2002_Res_CONAMA _303.pdf>. Acesso em 21 de maio de 2011. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA. Lista das espécies. Disponível em: <http://www.arboretos.cnpm.embrapa.br/arboreto/lista.html>. Acesso em: 06 de junho de 2011. ENGEL, V.L.; PARROTTA, J.A. 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Dissertação (Mestrado em Recursos Florestais) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba. 68 ANEXOS Anexo 1: Planilha de Avaliação da Nucleação por Transposição de Solo 69 Anexo 2: Planilha de Avaliação do Poleiro 70 Anexo 3: Planilha de Avaliação da Nucleação por Grupos de Anderson 71 Anexo 4: Planilha de Avaliação da Nucleação por Galharia