O Liberalzinho 2014
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O Liberalzinho 2014
BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 amazônia ciclos de modernidade. PáginaS 8 e 9. liberalzinho 1 liberalzinho ESPECIAL ARTE PARÁ BELÉM SABADO E DOMINGO 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 oliberal O Arte Pará ano 33 s ob curadoria de Paulo Herkenhoff, coloca os artistas e suas travessias na Amazônia e no mundo por elementos que se rela cionam com ação de deslocamento. Desse rasgo na paisagem física e paisagem social temos uma percepção contrastante que nos convoca para entrar nas exposições com o espírito de expedição. BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 2 liberalzinho ARTE PARÁ ESPECIAL BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 AMAZÔNIA CICLOS DE MODERNIDADE. PÁGINAS 8 E 9. LIBERALZINHO 1 LIBERALZINHO ESPECIAL ARTE PARÁ BELÉM SABADO E DOMINGO 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 OLIBERAL O Arte Pará ano 33 s ob curadoria de Paulo Herkenhoff, coloca os artistas e suas travessias na Amazônia e no mundo por elementos que se rela cionam com ação de deslocamento. Desse rasgo na paisagem física e paisagem social temos uma percepção contrastante que nos convoca para entrar nas exposições com o espírito de expedição. liberalzinhoarteparáespecial_2014_2.indd 1 11/3/2014 5:18:25 PM Foto da Capa: Andréa Barreiro Fotos: Iwabychi Título: Sem Título - da Série Estudo para uma memória - Vol 1 papo dez Em sua 33ª edição o Arte Pará interage com o circuito dos museus e com a cidade.A troca de ideias e experiências – entre as várias expressões artísticas, principalmente com as artes visuais contemporâneas, tornase essenciais para instigar possibilidade de novas visões e convivências de comunicação e percepção de mundo. Ao longo de seus 33 anos, os artistas inspiram modos de vida, olhares e sentimentos que se consolidam por meio de seu diálogo com o público. O curador geral Paulo Herkenhoff propõe a integração da edição com a sala especial Amazônia Ciclos de Modernidade e nos convoca a ter uma experiência particular com as sensações de pertencimento e identidade. O Arte Parátem papel importante na convocação do público a compartilhar histórias, dividir tempo eo espaço em relações sociais que torna mais forte seu sentimento de inserção de tudo que provenha das expressões e viveres constituídos histórica e socialmente na arte. Artistas Convidados Selecionados e Sala Especial Amazônia Ciclos de Modernidade oliberal Presidente Lucidéa Batista Maiorana Presidente Executivo Romulo Maiorana Jr. Diretor-Editor Corporativo Ronaldo Maiorana Diretora Administrativa Rosângela Maiorana Kzan Diretora Comercial Rosemary Maiorana Andréa Barreiro Costa&Brito Davilyn Dourado Dirnei Prates Elaine Arruda Eduardo Simões Flora Assumpção Henrique César José de Almeida Juliana Notari Luciana Magno Luísa Nóbrega Silva Mariana Marcassa Melissa Barbery Paul Setúbal Pedro David Raquel Matusita Ricardo Villa Rodrigo Gonzalez Vítor Mizael Diretor Industrial João Pojucam de Moraes Filho Diretor Redator-Chefe Walmir Botelho D’Oliveira Diretor de Novos Negócios Ribamar Gomes Diretor de Marketing Guarany Júnior Diretores José Edson Salame José Luiz Sá Pereira Fundação Romulo Maiorana Diretora Executiva Roberta Maiorana Assessora de Projetos Daniela Sequeira Assistente Executiva Fabrícia Sember os horários Museu Paraense Emílio Goeldi MPEG Av.Magalhães Barata, 376São Bráz.Belém/PA.66040-170 Fones: (91) 31823210 E-mail: [email protected] Serviço de Educação e Extensão: Lúcia das Graças Santana da Silva/Ana Cláudia Silva Funcionamento: de terça à sexta-feira, das 9h às 17h e sábado e domingo, das 10h às 14h. Curador Paulo Herquenhoff apoio liberalzinho ESPECIAL ARTE PARÁ Palácio Lauro Sodré/Praça D Pedro II s/n. Cidade Velha. Belém-PA.66020-310. Fones: (91) 4009-8845/ 40098840/40099800 E-mail: museuhep@yahoo. com.br Funcionamento: de terça à sexta-feira, das 10h às 18h e sábado e domingo, das 9h às 13h. ESPAÇO CULTURAL CASA DAS ONZE JANELAS Praça Frei Caetano Brandão s/n.Cidade Velha. Fones: (91) 4009-8821/ BelémPA.66020-310. Funcionamento: de terça à sexta-feira, das 10h às 18h e sábado e domingo, das 9h às 13h. Agendamentos: de 8h00 as 14h00. Fone: 40098845. Responsável: Ademar Junior Funcionamento de terça a domingo, das 10h às 16h. GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ – SECULT, SEOP, SECULT, SEOP, SEDUC, O LIBERAL NA ESCOLA, STRANS-BELSindicato de Transporte de Passageiros em Belém, SOL INFORMÁTICA, VELOZ TINTAS, RESTAURANTE POMMEDOR, RESTAURANTE REMANSO DO BOSQUE, RESTAURANTE LÁ EM CASA. Editora: Vânia Leal Machado Editor de Arte: Freddy Azimute Editor de Imagens: Wedison Soares realização End. Av. 25 de Setembro, 2473 Marco. CEP – 66093-000. Tel.: 3216-1113. E-mail: [email protected] MUSEU DO ESTADO DO PARÁ-MEP Patrocínio BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 ESPECIAL ARTE PARÁ liberalzinho 3 Paulo Herkenhoff 33º salão arte pará O Arte Pará: uma história na construção de significados de vidas. Marcone Moreira HORIZONTE DE FERRO A maioria das pessoas se referem à Região Norte chamando-a de Amazônia. Elas estão falando corretamente. A Amazônia ocupa quase toda a região Norte e a Amazônia é a maior floresta tropical do mundo. Ela é muito grande. or ser a maior floresta do planeta, possui características de vários ecossistemas: floresta úmida de terra firme, diferentes tipos de matas, campos abertos e cerrados daí ser considerada um bioma, o que possuem certo nível de homogeneidade, chamadas comunidadesbiológicas, ou seja, as populações de organismos da fauna e da flora interagem entre si e também com o ambiente físico. sta paisagem e o que ela contém são as maiores riquezas do planeta e têm sofrido uma constante ameaça por parte dos interesses capitalistas que não tem limites quando visam o lucro, e não o humano. arte Pará Ano 33, sob a curadoria de Paulo Herkenhoff que sempre esteve atento às questões da Amazônia e de seus artistas nos deixa em estado de atenção para três questões importantes a partir de um pensamento ético do filósofo e psicanalista P E O o s artistas através de seus trabalhos têm experiências aprofundadas com o planeta e com a vida cotidiana Félix Guatarri que integra três ecologias: o meio ambiente, as relações sociais e a subjetividade. Nosso curador ao pensar o planeta e a Amazônia nos diz que “esse é o desafio mais urgente da “civilização brasileira”. O que isso tema ver com a arte e nossos artistas? udo, pois os artistas através de seus trabalhos têm experiências aprofundadas com o planeta e com a vida cotidiana e quando ele traça no meio inteiro ambiente uma proposição com a arte. Reside ai um desejo de fazer um recorte sobre questões diversas, sejam elas, política, social, antropológica, ética e estética. são essas questões que os artistas do Arte Pará e da Sala especial “Amazônia Ciclos de Modernidade” trazem para o público viajar, conhecer territórios desconhecidos, descobrir novas paisagens, ativar a memória das viagens reais e imaginárias vividas nos T E jogos simbólicos, como uma expedição. s trabalhos dos artistas nos convidam para experimentar o deslocamento com nosso corpo/olhar que identifica as semelhanças e percebe as diferenças nos modos, de pensar e viver os territórios diversos. artista Marcone Moreira por exemplo com o vídeo “Horizonte de Ferro” traz à tona um conjunto de elementos que se relacionam com o trem e seu entorno. partir do trem de passageiros da Estrada de Ferro Carajás que é um meio de transporte essencial no fluxo migratório entre os estados do Maranhão e Pará, o artista nos diz que quando criança viajava com sua famíliadesde a sua cidade natal no estado do Maranhão para a cidade de Marabá. o olhar pela janela do trem ficava fascinado com a velocidade do trem avançando na paisagem e ao mesmo tempo percebia as pessoas que desapareciam feito formigas. le diz: “Era esse antagonismo entre homem e máquina que estava presente naquela percepção, e que hoje, entendendo de uma maneira crítica, me vem sob a forma de um O O A A E incomodo face à tanta miséria colocada às margens de uma estrutura de poder econômico que rasga essa paisagem. Penso, como artista que o estado de criação, de pesquisa e de processo, procura, de uma forma ou de outra, resgatar imagens com as quais nos cruzamos, algumas delas bem antigas. Foi isso que procurei fazer, quando convidei o MarkusAvaloni para me acompanhar e revisitar a mesma estrada de ferro, para realizar o vídeo”. ertamente as perguntas e dúvidas são muitas. Portanto, lembrem-se: são as perguntas que fazemos a nós mesmos que ampliam nossos horizontes. Venha para o Arte Pará e faça uma viagem na paisagem física e social que o vídeo de Marcone propõe.Através da viagem ele nos conduz, conectando com outros trabalhos da sua produção, que também remetem a essas questões C BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 4 liberalzinho ARTE PARÁ ESPECIAL Educativo Arte Pará: Construindo experiências Ver significar e viver arte e cultura A Ação Educativa do Arte Pará tem como objetivo principal aproximar de maneira efetiva o público – os mais variados tipos de público – da produção artística contemporânea com o propósito de estimular outros modos de olhar, conhecer e produzir arte. P ensando nesta experiência que se dá no espaço expositivo, a Fundação Romulo Maiorana se preocupa com a concepção de formação para professores da rede pública e de outras instituições. O utra plataforma do trabalho educativo alicerçada na base de formação, se dirige para os estudantes das Universidades e Faculdades de Belémque conversam com o público durante os dois meses de mostra nos espaços expositivos. O encontro recebeu artistas, curadores, educadores num fórum dinâmico de trocas e reflexões para o ensino e aprendizagem em arte contemporânea para ver, significar e viver arte e cultura. O ponto central de nossas pesquisas, se conduziu na seguinte questão: na ação de mediar não como uma interligação entre quem sabe e quem não sabe arte mas, desejando que os estudantes estejam “entre”: as obras dos artistas e as conexões com o acervo do museu. Entre a figura do artista. Do curador. Dos textos expositivos. Entre o interesse gerado pelo Arte Pará. Entre o crítico. Entre aquele que diz: “Isto é arte? Entre as mídias pedagógicas. Entre os percursos escolhidos pelos professores. Entre as opiniões. Entre as vozes internas com um grande desejo de provocar no outro, uma experiência com a arte, já que ela é fundamental por nos movimentar e nos fazer olhar o que antes passava despercebido. A estudante de Artes Visuais, Érica Oliveira que está na mediação diz que “A participação nos encontros do curso de Formação de Mediadores a fez refletir sobre o nível de qualidade de todos os profissionais envolvidos; e que mediação cultural, pelo menos neste projeto não confunde-se com monitoria ou visita guiada. Realizar este trabalho não significa somente participar de um evento renomado nacionalmente, mas, sobretudo a experiência das relações humanas que envolvem os indivíduos”, complementa a estudante. É com este entendimento de Erica que a equipe de mediação Arte Pará e Amazônia Ciclos de Modernidade, desejam compartilhar a curadoria educativa que é justamente os percursos que provocam experiências na construção do olhar afinal, relações humanizadoras provocam acesso ao mundo da arte para que crianças, jovens e adultos, possam ter experiências no espaço da arte. N essa construção colaborativa, o projeto Arte Pará firma parceria com a SETRANSSindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Belém que coloca à disposição das escolas estaduais, municipais e particulares, ônibus pela manhã e tarde durante os dois meses de exposição para fazer o translado dos estudantes das escolas para os museus. A ação conversa aproximada dos artistas sobre seus processos de trabalhos com o público escolar firma-se cada vez mais como momento articulado que puxa fios de conexões que encoraja o público a levantar pontos de vista diversos problematizando para todos os envolvidos, o convívio com a arte. Ver, ouvir e sentir isso de perto é uma experiência única. T odas as quintas-feiras as escolas agendadas poderão interagir com o fazer artístico. Uma equipe preparada, coordenada pela educadora de museu e professora Márcia Helena Pontes que em parceria com núcleo Educação Arte Pará vai promover ações performáticas pensadas e planejadas a partir dos trabalhos dos artistas. Q ueremos que o público visitante tenha uma relação aproximada e participativa com a arte contemporânea como significantes do mundo. E é neste processo que a curadoria educacional prepara os estudantes, organiza fóruns para professores e prepara visitas agendadas com o material de apoio pedagógico. Orlando Maneschy - Amazônia o Lugar da experiência Guy Veloso – Processos artísticos no Arte Pará e Amazônia Ciclos de Modernidade Paulo Portella – MASP – Vânia Leal - Arte Pará - Percursos da Arte na Educação Janice Lima - Mediação para Arte contemporânea: possibilidades metodológicas Marisa Mokarzel: Nas dobras da Amazônia, mundo, Brasil Luana Leal e Márcia Pontes– Curadoria Educacional: uma expedição para a arte Zenaide Paiva - Educação em Museus e Arte Pará. Grupo Empreza conversando sobre seus processos artisticos no MEP O Projeto arte Pará é um projeto que já está incluso no calendário escolar da cidade,e a curadoria, pesquisa, artistas, e mediadores se prepararam para estabelecer relações a partir de cada ação. Afinal, todos têm a responsabilidade de facilitar a comunicação e a apreciação. V enham viver Arte como uma expedição nos espaços dos museus! Isso exige preparo para que a visita faça parte de um projeto elaborado. Nossa equipe espera vocês! BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 ESPECIAL ARTE PARÁ liberalzinho 5 Arte como um cálculo e desejo construtivo A escolha do local para execução do trabalho vocês chamam de extra-artístico. Falem um pouco sobre esses locais. Foto: Maurício Adinolfi Q uando demos início às atividades, nos reuníamos sempre na UNESP, que fica no bairro Barra Funda, em São Paulo-SP. No começo não tínhamos em mente o que seria o nosso trabalho em dupla, de modo que os encontros eram mais para discutir projetos individuais e encontros informais naquela instituição -nós dois temos vínculos acadêmicos nessa universidade. Nosso amigo e artista Maurício Adinolfitambém participava dessas conversas. Foi quando surgiu a oportunidade, por meio de um grupo de extensão do instituto de artes chamado L.O.T.E, de fazer uma visita na Fazenda Serrinha, em Bragança PaulistaSP, onde ocorrem residências e eventos de cunho artístico. O artista Sergio Romagnolo (e que foi nosso professor na Unesp) nos disse que poderíamos pensar algum projeto como dupla, pois percebia algumas afinidades em nossa produção individual. A partir dessa sugestão, pensamos em trabalhar juntos na Fazenda Serrinha e lá fizemos a primeira ação em um bosque de eucaliptos, onde a gente se sustentava num tronco por uma corda e dois tocos de madeira (figura 1). Esse trabalho determinou todos os outros que viriam, e assim nosso olhar passou a buscar situações e soluções por onde frequentávamos, surgiu, então, a ATIVIDADE Nº 02, no metrô (figura 2), e as ATIVIDADES 03, 04 e 05, que foram atrás da marcenaria da universidade, onde nos reuníamos semanalmente. Isso nos influenciou muito, pois o contexto era madeira, ferro, bloco, e coisas do tipo, as atividades passaram a utilizar desses materiais e das soluções da construção civil. Desta forma, utilizamos a palavra extra-artístico para denominar os espaços que não estão, necessariamente, institucionalizados (como é o caso de galerias e museus, por exemplo). Isso não quer dizer que temos algum problema com ambientes familiarizados com a arte; inclusive utilizamos esses espaços para a apresentação dessas atividades, através do vídeo. Os materiais encontrados são utilizados nesses espaços? Como se dá o pensamento criativo a partir desses materiais? Todos os materiais que utilizamos nas ações eram do contexto do lugar. Os cavaletes pertenciam ao posto da Polícia Civil, situado dentro do metrô; a escada e a cadeira estavam descartadas no terreno em que realizamos a atividade; as tábuas e o caibro eram da marcenaria ao lado. O pensamento partia unicamente de uma solução prática e técnica, não tinha uma preocupação estética ou formal para compor a cena, isso se dava no enquadramento apenas, que visava buscar o melhor ângulo para mostrar as ações. Neste tipo de trabalho, qualquer escolha compositiva deveria passar, obrigatoriamente, por um crivo funcional. Antes de qualquer coisa, o corpo e os materiais deveriam funcionar naquele espaço. Só assim, podemos pensar em potência. A arte é um jogo para vocês? Talvez seja uma espécie de teste, nós dois temos uma relação com materiais e situações, que muitas vezes estão subordinadas às leis da natureza, como gravidade, peso, pressão, resistência e instabilidade. Jogamos com as características do lugar e do material, mas também fazemos uso de conceitos e soluções da arquitetura, da engenharia e da ciência popular, tais como os métodos e tradi- ções da carpintaria. Temos muito que aprender com os pedreiros, pintores de parede, serralheiros, marceneiros, etc. Esses são verdadeiros gênios. A questão em “jogo” pode ser o nosso interesse em comum de utilizar outros repertórios no processo artístico; ou seja, trabalhar a partir de outros vocabulários e inseri-los à uma lógica de trabalho. Desta maneira, conseguimos alguma coisa que questione a própria linguagem artística. Falem da experiência artística de vocês. Temos algumas coisas em comum, pensamos muito em arquitetura e esse universo da engenharia civil. Somos do interior (Lucas de Campinas-SP e Bruno de Jacareí-SP) e temos um repertório parecido. Isso nos ajuda muito na hora de resolver os trabalhos em dupla e, muitas vezes, temos as mesmas soluções para as ATIVIDADES, ou complementamos com detalhes pontuais. Como dupla, não temos experiência. O Arte Pará é nossa primeira exposição. Individualmente, já participamos de exposições e temos vínculo com a Unesp (Lucas é mestrando em “Processos e procedimentos artísticos” e Bruno cursa o bacharel em Artes Visuais) Quanto tempo vocês trabalham nessas atividades artísticas? A dupla foi iniciada este ano (2014) e, o vídeo apresentado no Arte Pará, contempla justamente nossas primeiras atividades, com exceção da primeira (um registro fotográfico de nossa ação realizada na Fazenda Serrinha) Sobre o tempo de formulação de cada atividade, geralmente costuma ser muito rápido. Ao depararmos com o contexto, começamos trocar ideias e vamos lapidando o projeto inicial até chegarmos BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 Foto: Maurício Adinolfi 6 liberalzinho ARTE PARÁ ESPECIAL numa imagem comum. Depois disso, fazemos alguns testes e pensamos no enquadramento melhor para aquela atividade. As vezes esse insight se dá individualmente e as soluções são tomadas conjuntamente. Achamos interessante isso, porque é como se a imagem que nós criamos, possa concretizar-se sem nenhuma margem de erro.Contamos com o material e confiamos no método. O processo nos parece muito racional: sentar numa cadeira à mais de 2 metros de altura eque, por sua vez, está em cima de outra pessoa, não pode dar errado para nós, apesar de uma sensação instável tomar conta de todo nosso processo. É como em um cálculo matemáticoque não existe erro, pois é sabido o método. Quando sabemos o método, o processo é mais rápido. Sobre a ação em si, todas as atividades duram exatamente aquele tempo que o público vê no vídeo, pois utilizamos o plano-sequência. Não existe edição, nem controle de tempo para cada atividade. Elas duram o que precisam durar. O eixo, o equilíbrio é muito importante nas atividades de vocês. Existe um treino para ter o equilíbrio com precisão? Existem tentativas, que se baseiam numa lógica racional e matemática. Levamos em conta nossa diferença de estatura, peso e força, por isso nosso equilíbrio sempre será assimétrico. Balanceamos isso e compensamos no material, como na ATIVIDADE N° 05, onde nos equilibramos porque a maior parte do caibro está do Bruno, caso contrário, seria impossível. Destacamos que nosso pensamento se dá no próprio enfrentamento com o material. As noções da física (intrínseca ao trabalho) surgem de modo muito intuitivo, já que nunca fizemos cálculos sistemáticos para a produção de algum trabalho. Nosso instrumento de medição é o próprio corpo no espaço. Quando estamos vendo as atividades de vocês ficamos tensos e também envolvidos naturalmente. Nesta troca vocês acham que ai se dá a relação com a arte? Conversamos muito sobre isso, sobre essa relação do corpo com o trabalho e a potência que se cria pela tensão. Nunca cogitamos fazer algo para falsear, ou para assegurar, mesmo que fosse uma manipulação na imagem. A sinceridade no nosso trabalho é muito importante. Se alguma das ATIVIDADES tivesse algum artifício, tudo perderia potência, principalmente para nós, que saberíamos da mentira. Temos mais interesse por artistas e trabalhos que levam isso ao extremo, que não simulam nada. Um trabalho morre quando a mentira vem à tona. A tensão que criamos só existe porque o risco é real. Links: http://www.lucascosta.info/ http://brunobritovivo.com/ BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 ESPECIAL ARTE PARÁ liberalzinho 7 PAULO SAMPAIO Caríssimo: Soldado da Borracha no Museu Goeldi H á oito anos consecutivos o Museu Paraense Emílio Goeldi é parceiro do Arte Pará e, neste ano também integra para cruzar sentidos entre ciência e arte, relacionando as representações artísticas contemporâneas com os resultados das pesquisas em diversas áreas do conhecimento do Museu Goeldi. O Arte Pará é importante para integrar os resultados das pesquisas da instituição com as representações artísticas contemporâneas nas diversas áreas do conhecimento do Museu Goeldi. Desse modo, reforça a missão institucional de “realizar pesquisas, promover a inovação científica, formar recursos humanos, conservar acervos e comunicar conhecimentos nas áreas de ciências naturais e humanas relacionadas à Amazônia”. É muito bom acolher mais um Arte Pará no pavilhão expositivo Domingos Soares Ferreira Penna - a Rocinha e proporcionar a sociedade um saudável diálogo entre ciência, natureza e estética. P ara Wanda Okada, coordenadora de Museologia, a parceria com o Arte Pará potencializa a valorização da cultura e patrimônio histórico local e regional. Todas as ações desenvolvidas no período permitem ao público usufruir de visitas de maior qualidade. O Arte Pará 2014 ocupará o salão transversal da Rocinha. Nas salas da frente encontra-se a exposição “O Museu que você não conhece” que encerra no dia 13 de outubro, sendo substituída pela exposição “Ka’apor: Akajukawīnytamuheryha “A Festa do Kawin” prevista para abrir no dia 24 de outubro. Nas salas traseiras, exibimos a exposição “Visões: a arte rupestre de Monte Alegre”, que se destaca pela acessibilidade a pessoas com deficiência visual através de recursos táteis. O Arte Pará através da curadoria de Paulo Herkenhoff traz o artista convidado, Paulo Sampaio carinhosamente chamado por todos de “Caríssimo”. P aulo foi um dos soldados da borracha que atendeu à convocação do Governo Brasileiro para alistar-se no “Batalhão da Borracha”, entrar nas matas brasileiras em busca do látex. om o fim de guerra, esses soldados foram abandonados e Paulo passou a reivindicar reparos, e só conseguiu benefícios a partir da constituição de 1988. Em 2011 o Governo Brasileiro reconheceu os C soldados da borracha como “Heróis Nacionais”. Nos anos de 2013, e 2014 pintou apenas nesses encauches. E S screveu um livro sobre suas memórias e passou a desenhar e pintar sobre o tema. Sua memória relativa aos objetos, vivência nas florestas estavam constantemente em seus trabalhos de arte. A princípio eram só desenhos e no processo de experimentação começou a pintar nos suportes de madeira e Duratex e em tecidos encauchados com borracha natural. uas pinturas são “grafitadas” sobre um misterioso suporte branco que vaza entre as pinceladas – mesmo que branco seja leitoso de látex. Sua última obra “transamazônica” ficou inacabada. Paulo faleceu no dia 24 de março de 2014 e estava produzindo compulsivamente. O artista tinha pressa! 8 liberalzinho ARTE PARÁ ESPECIAL BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 AMAZÔNIA CICLOS D Uma viagem pela Am A sociedade paraense é antiga e sua formação ocorreu lentamente. Foi arquitetada por homens e mulheres de diferentes regiões. E, como as outras sociedades deste imenso país, foi formada por povos indígenas, africanos, asiáticos e europeus. or este motivo, o Curador Geral do Arte Pará e da sala especial Amazônia Ciclos de Modernidade Paulo Herkenhoff nos convida a refletir sobre o presente e o passado e como estão relacionados, para entender como vêm sendo construídas as sociedades paraense e amazônica. Região Norte é formada pelos estados do Pará, Amapá, Amazonas, Tocantins, Acre, Roraima e Rondônia; sendo a maior do Brasil. Por isso, percorremos grandes distâncias, quando nos deslocamos e muitos caminhos são mesmo os rios. grande floresta tropical ocupa um pedaço grande do Brasil e ainda adentra oito países latino-americanos: Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Significa dizer que a selva não é minha. Não é sua. Não é nossa. Ela é transnacional. Vai além das fronteiras nacionais. or conta dessa imensidão, aexposição restringe-se apenas à parte brasileira. Quando podemos trazer à memória do povo brasileiro, a primeira modernidade constituída pelo Iluminismo Pombalino do século XVIII. A exploração da borracha, em meados do século XIX, levou à acumulação de capital, que se reflete nas vidas urbana e científica. or todas essas diversidades econômica, científica e cultural, a Região Amazônica sempre despertou interesse e o processo de ocupação dela foi motivado pela cobiça de terras, ouro, madeira, riquezas, fauna e na flora. erkenhoff traça alguns desses caminhos e não tem a intenção de abranger todos os modos da vida, simbolicamente. Nas salas dedicadas a contar a história amazônica, não encontramos uma linha de tempo única, mas acontecimentos que se atravessam enviesados e, que nos fazem refletir sobre os silêncios e ausências de diálogos em P A A Antonio Parreiras - A Conquista da Amazônia diversos aspectos: étnicos, nacionais, raciais, religiosos e políticos. nessa diferença que está a intensidadedos artistas do Amazonas, Amapá, Pará, Rio Branco, Rio de Janeiro e outros estados. Eles foram escolhidos por apresentarem uma experiência mais profunda com a região amazônica e, ao visitarmos a mostra, constatamos a inventividade da cultura visual de cada lugar. oberto Evangelista, artista de Manaus-Amazonas, mergulha no universo das formas, se encanta com a singeleza e a sofisticação das formas: o Círculo, o Quadrado e o Triângulo,que estão presentes desde a pré-história quando o homem buscava o fundo das cavernas como abrigo e santuário para imprimir as próprias visões, transes e anseios do cotidiano. artista busca a origem dessas formas e seu trabalho “Mater Dolorosa II, Da Criação e Sobrevivência das Formas”, faz parte de uma série dedicada à preservação da P É P R H O Rodrigo Braga - Mentira repetida Coleção Alexandre Rodrigues Ferreira - Artefatos Indígenas BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 ESPECIAL ARTE PARÁ liberalzinho 9 DE MODERNIDADE: mazônia brasileira Mãe Terra. A narrativa do trabalho traz a água como elemento essencial. E, para a revelação do mistério da origem das formas presentes na arquitetura, na arte e no grafismo, esses povos foram e são gerados em reais estados de transe; a partir da ingestão da ayahuasca: bebida sagrada dos povos primordiais andinos. Vital para acessar a visão de mundo dos homens, que comungam o chá sagrado. ara Evangelista, toda grande arte é fruto de um estado alterado da consciência, tomando ou não a bebida sagrada dos povos andinos. Além do mais, hoje, é incontestável que o surgimento da capacidade humana de criar símbolos - entre cerca de 100 mil e 40 mil anos atrás - foi o que alavancou a mudança de tudo. proposta de Roberto Evangelista é dedicada ao Sr. Bibiano Costa, filho de Pira-Tapuias e Tukanos, povos do alto rio Negro. Junto com seus familiares migrou para o Lago do Arara, rio Negro, nas proximidades de Manaus; onde permaneceu por muitos anos. Sua pajelança, sob os efeitos do chá mais um receituário de ervas medicinais, salvou, instruiu e iluminou inúmeras vidas. Imagens do vídeo de evagenlista P Roberto Evangelista - Mater Dolorosa II, Da Criação e Sobrevivência das Formas”, A O O Iluminismo e o inventário para conhecer o ambiente na Amazônia iluminismo é um projeto europeu do século XVIII, que tenta recuperar as relações da razão no processo de conhecimento e transformações sociais e políticas. Inclusive, a separação entre o Estado e a Igreja. O primeiro demandou atividades militares de demarcação e cartografia, que incluíam o trabalho de Antonio Landi, em Belém, e de Schwebel, que lega o primeiro conjunto iconográfico das povoações do vale do Amazonas. projeto iluminista do Marquês de Pombal incluiu melhorias na cidade de Belém, que passa a ser a capital do novo Estado e recebe grandes obras urbanísticas e arquitetônicas, sobretudo com projetos de Antônio Landi. expedição demarcatória das fronteiras para o novo tratado foi acompanhada de astrônomos e do naturalista Alexandre Rodrigues O A Ferreira, que permaneceu na região entre 1783 e 1792, acompanhado dos desenhistas Freire e Codina. As explorações dele foram denominadas Viagem filosófica pelas capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá. A N Belle Époque na Amazônia e o desejo de ser moder a região Norte do Brasil, a Belle Époque foi resultado do desenvolvimento da economia do látex na Amazônia, entre 1870 e 1910. Por isso, podemos relacioná-la às transformações políticas e sociais a nível da reprodução do capital e da acumulação de riquezas pela burguesia internacional. auge da borracha levou Belém do Pará a assumir o papel de principal porto de escoamento da produção do látex. Verifica-se, neste momento, a construção de todo um processo modernizador na região Norte, que facilitava a saída da produção regional e de divisas para os países centrais. O Foto de Nianin Casa Paris na América BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 10 liberalzinho ARTE PARÁ ESPECIAL O desejo de modernizar Belém e realizar uma melhor distribuição do espaço urbano era tão grande, que acelerou a implantação da República; reforçando a descentralização e oferecendo maior autonomia à aplicação dos impostos. Além de conceder ao Estado maior participação na renda de exportação da borracha. or todos estes motivos, embelezar a cidade estava associada à economia, ao estudo quantitativo da população e também aos valores estéticos de uma classe social em ascensão (seringalistas, comerciantes, fazendeiros) e às necessidades de se dar - a determinados segmentos da população da cidade - segurança e acomodação. Fora o propósito de colocar em prática, a ideia do conhecimento científico de progresso enfatizado pelo novo regime republicano. elém passa por transformações que tentavam dar à cidade, aparências urbanas com supostas características da Europa. Belém se tornou uma capital agitada e parecia mais europeia do que brasileira. Um certo “francesismo” tomava conta, principalmente, no aspecto intelectual, evidenciando o elo da cidade com capitais europeias. Nutrida, por um lado, pelas dependências financeiras e comercial à Inglaterra. E, por outro, por uma relação cultural intensa com a França. ornou-se hábito - das famílias ricas locais da época - enviar os filhos para as escolas da França. A cidade vivia uma condição de um verdadeiro centro de consumo. Belém ficou conhecida, no Ciclo da Borracha, como Paris N’América. Um símbolo desse momento é a casa Paria n’America, do comerciante português F. de Castro que vendia produtos de luxo importados de Paris, Franca. P B T A ssim, teatros, escolas, bancos, praças, prédios, ruas alargadas, entre outros aspectos do urbano sofreram alterações. Códigos de posturas foram elaborados e postos em prática com o intuito de moralizar as vias públicas, casas particulares e atitudes da população. Isto se consistiu num projeto de modernidade. Era a Amazônia, integrando-se à economia capitalista dos Estados Unidos e da Europa. Fornecendo matéria–prima com a exploração da mão de obra dos seringueiros. Muitos deles, índios e nordestinos sob sistema de escravidão. artista Acreano Hélio Melo retratou, de maneira crítica, a vida na floresta, os animais, as lendas e as mudanças ocorridas no Acre; a partir da década de 70. Para pintar, utilizava o nanquim e tintas naturais que preparava com o sumo extraído de plantas. O H élio Melo passou a infância nos seringais da família na divisa entre os estados do Amazonas e Acre. Sempre tomou, como referência em suas pinturas, o seringueiro e o sofrimento do homem do campo ao fazer desenhos, histórias e músicas sobre o desmatamento que se iniciava, no Acre, na década de 70. E, concomitantemente, a expulsão dos seringueiros da floresta para dar lugar à pecuária. Helio Melo representou de maneira digna não só a classe artística acreana, mas também honrou o estado em exposições e apresentações no Brasil e no exterior, “em uma época que o Acre ainda era totalmente esquecido.” A E h i s t ór i a quista de uma con - m 1905, o artista nascido no Rio de Janeiro, Antônio Parreiras veio à Belém para realizar uma exposição, na qual teve várias de suas obras adquiridas pelas autoridades locais. A Amazônia passou a ocupar um ponto principal nos centros cultural e intelectual do país. esta exposição, o artista recebeu do governador do Pará, Augusto Montenegro, uma encomenda: produzir uma obra que pudesse representar Pedro Teixeira, tomando conta das terras da Amazônia para a coroa de Portugal. om a encomenda do quadro, Parreiras partiu a fim de confeccioná-lo. Deu início a esta produção em Paris, concluindo os trabalhos no N C Rio de Janeiro, sendo exposto no Pará em 15 de janeiro de 1908, fato amplamente divulgado nas imprensas local e nacional. N a Sala da Conquista, no Museu do Estado do Pará, está a pintura de Parreiras “A Conquista do Amazonas” e de frente para ela está o vídeo do artista Rodrigo Braga “Mentira repetida”. trabalho de Rodrigo foi realizado em uma das ilhas do arquipélago fluvial de Anavilhanas, interior do Amazonas, ambiente em que nasceu e foi criado em seus primeiros anos de vida. esde muito cedo o artista tem afinidades com a natureza, mas ao se deparar com a imensidão do Amazonas deseja ser tão grande quanto a selva, atravessando seu corpo por entre as árvores, igarapés e céus através do grito. O D O s g r i tos de Rod r igo no i n í c io d a aç ão pa re c e m obj e t ivos e s ão ouv i dos durante a visitação à exposição. Os gritos vão se tornando angus tiantes e se repetem, se repetem até as forças do artista chegarem a exaurir. E , por vezes, não sabe mos se é o grito do índio velho na pintura de Parreiras que tem sua lança quebrada e chora ou o Rodrigo que grita indignado com a cena da “conquista” pois, seu grito virou uma verdade. Hélio Melo - Estradas de Seringa H erkenhoff nesta sala nos coloca em estado de atenção quando olhamos para a pintura e ouvimos os gritos de Rodrigo. Imaginários da República na pintura de Parreiras se misturam com o imaginário da memória remota de Rodrigo. Bendito Calixto - Os Falquejadores - 1904 BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 ESPECIAL ARTE PARÁ liberalzinho 11 RODRIGO ARRUDA Arte que parte do mínimo 1 gr de ar Fios de Argila D iante do trabalho sutil do artista, algumas questões são interessantes para ativar nosso olhar quando formos ao Museu do Estado do para ver de perto a proposta de Rodrigo. Prego Vidro O artista Rodrigo Arruda de São Pauloestudouartes visuais na Universidade de São Paulo. Seu interesse pela arte foi conduzido a partir do conhecimento e contato que teve com alguns grandes pensadores que conheceu na universidade. Dentre eles, o artista cita os artistas Carlos Fajardo, Dora Longo Bahia e Ana Maria Tavares. Como referência na área da crítica, ressalta Sônia Salzstein, Tadeu Chiarelli e Liliane Benetti. S eu trabalho no Arte Pará, apresentam suscetivel fragilidade frente ao contato com o público. Trata-se de objetos discretos, quase impercebível devido a natureza de seu material e forma que indagam a razão de existir. O artista diz: “A argila resiste em tornar-se linha; esta, por sua vez, apresenta-se, paradoxalmente, dotada de massa e de volume. De modo igualmente contraditório, o prego de vidro (ou seria vidro em forma de prego. Já 1g de ar, com uma amostra de ar paralisada e isolada, ressalta, também, um caráter que me parece importante nesse conjunto: trata-se de trabalhos que partem do mínimo e que funcionam enquanto unidade”. Os materiais pensados em seu trabalho no Arte Pará são aparentemente frágeis mas, trazem uma força pelo que eles representam. Como se dá essa ação em sentido contrário? S im, você tem razão, são materiais frágeis. Mas além disso, os trabalhos são muito simples e pontuais. Acho que o antagonismo ao qual você se refere surge desse contraste entre a simplicidade da concepção, do projeto da obra, e sua complexidade conceitual. O objeto (prego)tem uma função mas, quando tu colocas o prego feito de vidro a função que lhe é dado não parece mais ser possível de cumprir. Os questionamentos que geram são propositais? Existe sim uma analogia entre a “desfuncionalidade” do prego de vidro e uma suposta função da arte. É um tema complexo, sobre o qual não há uma única resposta, ao meu ver. Entretanto, eu tendo a achar que não existe função na arte. Ao contrário, algo que me interessa nela é, justamente, a ausência de uma finalidade pré-determinada, que me permite ser guiado pela dúvida e por hesitações. O trabalho de vidro traz esse questionamento de forma mais clara, na medida em que nos pergunta: mas para que serve um prego que não pode ser pregado? BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 12 liberalzinho ARTE PARÁ ESPECIAL Arte através do Instagram MELISSA BARBERY Mapa de intimidade E xpressar o que é a intimidade pode ser difícil de compreender. Essa expressão “intimidade” modifica de acordo com o relacionamento que nunca é igual, varia de pessoa para pessoa e até mesmo com a mesma pessoa que no decorrer do cotidiano vai alternando e se aprofundando conforme a convivência. blog “Porta dos Fundos” - www.portadosfundos. com.br– compartilha um vídeo que descreve situações de intimidade levada às últimas consequências. Como por exemplo: “Sabe quando seu amigo decide que é tranquilo chegar na sua casa sem ser convidado, sentar na frente da TV e trocar o canal que você estava assistindo? E aí, pra completar, você vai até a sua cozinha e percebe que ele comeu o último biscoito de chocolate que você estava guardando”. Essas situações de intimidades podem gerar situações de desconforto e podemos até dizer: colocar a intimidade num patamar de clichê. bem na verdade a intimidade ganha sentidos diferenciados para cada um de nós e necessita de cumplicidade. Para uns está relacionada a sexo, para outros, compartilhamento de momentos vividos, sejam de alegria ou dor. Ezequiel Kizan em sua poesia traz várias reflexões que nos fazem pensar. Ele diz: “Será que existe limite, quando tratamos desse particular? Onde está o limiar que identifica a invasão? Se, ela me pertencente, somente eu decido. E nesse impasse, convivo com a indecisão. Quero compartilhar minha intimidade”. O E E nessa decisão de querer compartilhar a intimidade, a artista Melissa Barbery através doHashtag #íntimogrão- alocada no aplicativo Instagram - uma rede social online que permite aos seus usuários o compartilhamento de foto e vídeo, aplicar filtros digitais e compartilhá-los em uma variedade de serviços de redes sociais–reúne e expõe imagens de sua intimidade no qual ela intitula de #íntimogrãoColeção01. Em seu trabalho a artistacria um mapa de intimidade e usa possibilidades de combinação e recombinação de imagens veiculadas nas mídias sociais, ampliando sua concepção expressiva em uma proposição que convida o espectador à vivenciar uma experiência ativa, propondo ao visitante que produza a sua própria reunião e seleção do #íntimogrão. Q uando você for ao Museu do Estado do Pará fique atento ao trabalho da Melissa. Ela tem um convite para você entrar na intimidade de seu pensamento artístico. Ela sugere alguns passos: PROPOSIÇÃO AO V ISITANTE: 1º V No Instagram acesse a hashtag #íntimogrão (com os acentos) ocê poderá navegar nas imagens que compõem o acervo onde será possível visualizar a seleção #íntimogrãocoleção01 e também criar as suas próprias hashtags. 2º Crie a sua tag e comente nas imagens que mais gostar. Exemplo: #íntimogrãoSeuNome 3º C Visualize a sua e as outras compilações omente, combine e recombine quantas vezes desejar BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 ESPECIAL ARTE PARÁ liberalzinho 13 Existe uma gramática da arte O bê-á-bá da arte A arte as vezes parece ser uma língua estrangeira, daí a necessidade de aprendermos a alfabetização da linguagem. Existe uma gramática da arte, ela é importante assim como o português a matemática e todas as disciplinas que você estuda na escola. A arte nos leva a compreender o mundo das culturas e através dela vamos compreender a maneira expressiva dos artistas e criar as nossas. guerras mundiais, além da Revolução Russa. E O O O T m que isso resultou? Capitalista e o socialista A P S lguns caminhos da história da arte. ara que ser ve a arte? erve para provocar, estimular nossos sentidos: nós, seres humanos, temos cinco sentidos fundamentais, são eles: audição, olfato, paladar, tato e visão. São eles que propiciam o nosso relacionamento com o ambiente. Com esses sentidos o nosso corpo percebe o que está ao nosso redor e isso nos ajuda a sobreviver e integrar com o ambiente em que vivemos. arte descondiciona estes sentidos, ou seja, retira-os de uma ordem preestabelecido e indica outras possibilidades de viver e de se organizar o mundo. A Q A ual o sentido de moderno? arte moderna exprime um contexto de grande transformação que ocorre a partir do século XIX, com a Revolução Industrial. O que aconteceu naquela momento? As pessoas saem do campo (zona rural) e passam a ocupar a cidade (zona urbana), que crescem no ritmo acelerado das grandes fábricas na linha de montagem. Lembram do filme “Tempos Modernos”de Charles Chaplin com Charles Chaplin, Paulette Goddard? Então, devem ter percebido o operário de uma linha de montagem, que testou uma “máquina revolucionária” para evitar a hora do almoço, e é levado à loucura pela “monotonia frenética” do seu trabalho. Este filme mostra o espírito da época. O que o moderno modificou nas cidades? mundo se separou em dois blocos: que isso influenciou na arte? inha que ser inovadora e autoritária em seus princípios, um radicalismo aliado ao contexto da vida. Ativando percepção dos sentidos com a obra de Paulo Nazareth no Goeldi F icou mais urbanizada e mudou sua visualidade. A industrialização inaugurou uma classe social que, enriquecida pelas máquinas, se tornariam hegemônica: a burguesia. Essa classe social necessitava de uma nova forma de arte para se fazer conhecer culturalmente. O A que aconteceu? O O que surgiu na arte? arte acadêmica com suas regras impostas pela academia e desenhadas aos moldes da antiga aristocracia: as belas-artes. A partir daí, surgem movimentos e conjuntos de circunstâncias em que se deseja emitir- lugar e tempo, cultura - e que permitem sua compreensão: os contextos. O S que é essa busca do novo? ignifica o conceito de vanguarda que é um termo francês avant-garde, que significa à frente, fazer algo sempre novo. Tem uma relação de “guarda”, de luta. evemos lembrar: os artistas viviam um momento histórico intenso. Mudanças com as máquinas da Revolução Industrial, cidades urbanizadas que gerou inovações tecnológicas e também originou duas grandes D S S urgiu algo de novidade? im, a fotografia que surge no século XIX e teve um impacto na arte. A fotografia foi inventada em 1820 e aprimorada em 1839, a partir de experiências de Niépce, Talbot e Daguèrre. A fotografia se torna um dos principais inventos do início da era moderna. ablo Picasso naquele momento disse: “A fotografia chegou na hora certa para liberar a pintura de qualquer literatura, anedota e arte do tema. Em todo caso, um certo aspecto do tema pertence, daqui por diante, ao campo da fotografia. Não deveriam os pintores aproveitar sua liberdade reconquistada para fazer outra coisa? Seria muito curioso fixar fotograficamente, P s “ I s m o s”: Dadaísmo, I m p r e s s i o n i s m o , Expressionismo, fauv ismo, futu rismo, surrealismo... N essa história modernista acontece duas correntes de pensamento: uma busca o novo em qua cada criação supere a anterior, outra que busca desenvolver uma linguagem de autonomia para a obra de arte. Ação performance com estudantes no MEP BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 14 liberalzinho ARTE PARÁ ESPECIAL não as etapas de um quadro, mas suas metamorfoses” esse percurso de liberdade e automia surgem: os impressionistas, os pós-impressionitas e as experiências cubistas, o futurismo, o expressionismo, o modernismo no Brasil, construtivismo Russo, abstratos e neoconcretos no Brasil, Surrealismo e o inconsciente. N E S a arte contemporânea? urge na continuidade da era moderna e se materializa a partir de uma negociação constante de arte e vida, vida e arte. O que os artistas buscam ? B uscam um sentido, mas o que fortalece nesse campo de força e marca seus valores são as inter-relações entre as diferentes áreas do conhecimento humano. Q T uais campos a arte contempo rânea atravessa? empo e memória, o corpo, a identidade, o erotismo, as micropolíticas que sãoas interferências no contemporâneo do ponto de vista da produção social da existência. Todos os desassossegos do homem contemporâneo que comungam na vida estão no campo da arte contemporânea. P É ara compreender arte contem porânea é preciso conhecer a história da arte? importante verificar que todos os movimentos de vanguarda são contrários às normas estabelecidas. O impressionismo se opôs ao academi- Oficina de pintura no MEP cismo. Na época, não era considerado arte, mas borrões jogados na tela. A sociedade desprezava quem aderia ao movimento. Verificamos muito essas atitudes para com os artistas contemporâneos. Hoje, temos cortes mais radicais. Não podemos ficar parados no tempo e ter como referência a produção de cem anos atrás. Para entender uma obra contemporânea é preciso conhecer as pesquisas e as ideias que surgiram nas últimas décadas. E S xiste resistência com a arte contemporânea? im existe,em determinada situações perturba, provoca e incita o espectador. O q ue os profe s sore s pode m explorar com seus alunos no Arte Pará? O professor pode refletir sobre o sentido da identidade amazônica, dos afetos, das cidades, do meio ambiente, visões políticas e principalmente como são tão diferentes. O tema interessa a Geografia, Língua Portuguesa, história e Ciências Naturais, porque permite analisar os trabalhos relativos ao ser humano em situações de exclusão, de violência. Outra possibilidade é levar os alunos não somente a encontrar respostas, mas a procurar outros jeitos de perguntar, como se estivessem numa expedição. A S Professores da rede Estadual de Ensino. arte é importante na vida? im, sempre foi, desde a pré-história. O homem sempre busca algo a mais. Se vivemos num mundo que tem relações distintas mas se encontram relacionadas, a arte não pode ser diferente, pois dá um sentido à vida. Ela toma pra si os dramas humanos e sociais, expressa-os num trabalho do artista que e os devolve para essa mesma sociedade, que muitas vezes não aceita essa interpretação. É C importante a criança aprender comunicação visual? om certeza e tem muitas formas de ensinar. É só prestar atenção no interesse da criança. Se ela por exemplo, se interessar por gibis, porque não trazer a linguagem do quadrinho para a sala de aula? imagem é um idioma universal Por isso, é necessário alfabetizar e ensinar a lê-las. Não fortalecer a comunicação visual é uma forma de deixar a criança excluída das manifestações da humanidade. A arte! A O professor pode conquistar as competências para alfabetizar visualmente? S im, com certeza, mas deve trabalhar em busca desse conhecimento. Ir às exposições, ler e pesquisar sobre referências na arte, sair pelo mundo vendo coisas diferentes. Usar e desenvolver a imaginação. Enfim, arte é conhecimento e ensina a ver! BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 ESPECIAL ARTE PARÁ liberalzinho 15 Sala especial arte pará AMAZÔNIA Ciclos de Modernidade Sobre o título: óleo s/tela acervo Pinacoteca Amazonas O artista Emmanuel Nassar construiu a Amazônia como forma de escritura de sua diversidade: elementos da natureza, a cultura cabocla e o gosto vernacular e mesmo a serra eletrica, instrumento e simbolo do desmatamento. A obra foi especialmente concebida para ser o título da exposição Amazonia ciclos de modernidade. Artistas contemporâneos: Ronaldo Moraes Rego ( col. Casa das Onze Janelas- Belém; Jair Jacqmont – Manaus ; Otoni Mesquita; Manaus Sergio Cardoso Manaus; Paulo Sampaio ( Soldado da Borracha) Belém; Emmanuel Nassar; Belém Margalho; Belém Oscar Ramos; Manaus Turenko Beça; Manaus Alexandre Sequeira; Belém Claudia Leão; Belém Elza Lima; Belém Grupo Urucum; Amapá Guy Veloso; Belém Luis Braga; Belém Marcone Moreira; Belém Miguel Chiakaoka; Belém Orlando maneschy; Belém Osmar Pinheiro; Belém Paula Sampaio; Belém Walda Marques; Belém Alberto Bitar; Belém A exposição apresenta dois períodos de modernidade: O Iluminismo e O Ciclo da Borracha (1860 – 1910). N a primeira sala da exposição: A Conquista da Amazônia e a noção de antropologia. - Antônio Parreiras (A Conquista da Amazônia) - Rodrigo Braga (Mentira Repetida) - Sala dos Quadros: - Benedito Calixto, Os Flaquejadores, 1904, oleo sobre tela – acervo Museu Histórico do Pará - Armando Queiroz – vídeo - Ymá Nhandehetama - Antigamente fomos muitos. - Octávio Cardoso - Sem título, da série Lugares imaginários. N A a sala Atelier: O Ilumisnismo, irá tratar de assuntos relativos a Ciência, Antropologia e Arquitetura, expedição de Alexandre Rodrigues Ferreira (1756 - 1815) e seus desenhistas botânicos, nomeado pela Rainha D. Maria I como “o primeiro naturalista português” e encarregado da expedição científica denominada “Viagem Filosófica” (que complementou a Comissão de Demarcação de Limites entre as fronteiras dos domínios de Portugal na América), indubitavelmente o maior empreendimento científico realizado no Brasil pela Coroa Portuguesa em todo nosso período colonial. E a arquitetura de Antônio José Landi (1713 – 1791). Do Acer vo da Fundação Biblio teca Nacional - R J Fotografias e vídeo: O Ciclo da Borracha (1860 – Desenhos originais que ilus t ram a Expedição Filosófica de A lexandre Rodrigues Ferreira . - António Landi (arquitetura/outras gravuras) - Desenhos: Botânica e Zoologia. Do Acer vo do Museu Naval RJ - Maquetes de emba rcação: Ca noa Meia Cober ta - Séc XX , Ca noa Cober ta - Séc XX , Ca noa Cober ta - Séc X I X . Sala Landi: Fotografias – Es quecimento e Visibilidade 1910) apresentará: F otografia: Felipe Augusto Fidanza (1847 - 1903), o principal fotógrafo a atuar em Belém (PA) na segunda metade do século XIX e no início do século XX, George Huebner (1862 - 1935), fotógrafo alemão que se estabeleceu em Manaus no final do século XIX, abrangeu em sua obra todas as possibilidades técnicas e representacionais daquele meio. Aproximando-se da ciência européia; especialmente a botânica e a emergente etnologia alemã; Huebner dirigiu seu olhar também para os indígenas da Amazônia; fotografando-os tanto no campo como em seu estúdio. Fotógrafos: - Felipe Augusto Fidanza, Col. IMS ( Instituto |Moreira Sales)– - George Huebner –Col IMS -Marcel Gautherot Col IMS ; -Pierre Verger Col. MABE; Pinturas do sec. XIX e XX: - Hélio Melo (pintura - o universo do seringalista. Col. Fundação Elias Mansour – Governo do Acre ; - Antonieta Santos Feio, Vendedora de Cheiro, 1947, óleo sobre tela, col MABE Manoel Santiago , Iara, óleo sobre tela, acervo Pinacoteca Amazonas Manoel Santiago , A Cobra Grande, - Claudia Andujar (fotografia - Galeria Vermelho - SP) (o trabalho com os Yanomâmis, seu universo simbólico e lutas política); - Roberto Evangelista (vídeo) (mito e ancestralidade); A s instituições participan tes: Fundação Biblioteca Nacional – RJ; Museu Naval – RJ; Instituto Moreira Sales – RJ; Museu de Arte de Belém, MABE - PA; Museu Histórico do Estado do Pará, MHEPA - PA; Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, Belém – PA Fundação Elias Mansour, Acre. Galeria Vermelho – SP; Pinacoteca Amazonas, Manaus - AM 16 liberalzinho ARTE PARÁ ESPECIAL BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 Siga os artistas do Arte Pará nos Museus Museu Paraense Emílio Goeldi - Rocinha Espaço Cultural Casa das Onze janelas pierre verger guy veloso edivânia câmara elaine arruda paulo sampaio com A exposição “Caríssimo: o soldado da borracha”, no Salão Transversal A sala Valdir Sarubbi estará com Pierre Verger e Guy Veloso na exposi ção Entre dois mundos: mensageiros No laboratório das artes, convidada do Guy estará Edivânia Câmara que apresentará uma instalação contendo indumentária sacerdotais do Candomblé ena sala Gratuliano Bibas, Elaine Arruda como artista sele cionada . Andréa Barreiro Costa&Brito Davilyn Dourado Dirnei Prates Eduardo Simões Flora Assumpção Henrique césar José de Almeida Juliana Notari Luciana Magno Luísa Nóbrega Silva Mariana Marcassa Melissa Barbery Paul Setúbal Pedro David Raquel Matusita Ricardo Villa Rodrigo Gonzalez Museu Histórico do Estado do Pará - MHEP