Barroco: Estilo literário dos séculos XVI e XVII que é

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Barroco: Estilo literário dos séculos XVI e XVII que é
Barroco: Estilo literário dos séculos XVI e XVII que é fundamentado nos valores antropocêntricos do classicismo com os valores
teocêntricos medievais que a Contra-Reforma tentou resgatar. O barroco é de origem italiana, porém o movimento encontra
maior expressão na Espanha. O nome do movimento é uma palavra de origem espanhola que significa "pérola de forma
irregular".
Contexto histórico: É complexo, refletindo a instabilidade do mundo pós-renacentista, em que o homem, com as evoluções
tecno-científicas do Renascimento (navegações, cartografia etc), tem que se ajustar com os retrógrados valores contrareformistas.
Estabelece-se um conflito entre a ótica renascentista e as imposições da Contra-Reforma, fazendo com que o homem saiba que
é capaz, mas fique na angústia e no receio de ter cometido algum pecado.
O Barroco é a arte dos contrastes. O artista tenta unir duas forças distintas. A arte é hiperbólica e desigual, que expressa por
meio do rebuscamento (excesso de detalhes) formal toda a angústia do período. As figuras de linguagem eram excessivamente
utilizadas nos textos, destacando-se:
Metáfora: comparação subjetiva, onde um termo adquire o sentido de outro por semelhança.
Metonímia: é a substituição de um termo por outro, tendo relação de casualidade/contigüidade.
Hipérbole: é o exagero da expressão de uma idéia.
Antítese: oposição entre duas idéias ou palavras.
Prosopopéia: colocar vida em seres inanimados.
Sinestesia: sentidos diferentes que lembram algo ou alguém.
Eufemismo: dar notícias ruins de forma mais branda.
Hipérbato: inversão da ordem direta (sujeito, verbo, objeto, complemento) de uma oração.
Paradoxo: oposição de idéias que leva a um contra-senso.
Oxímoro: conflitos de idéias que leva a um contra-senso, porém formado pela oposição entre um substantivo e um adjetivo, ou
entre um advérbio e um adjetivo.
O barroco possui dois estilos:
Cultismo ou gongorismo: valorização da forma, abuso das metáforas e das hipérboles, adjetivação e apelo sensorial;
aproxima-se da descrição. Geralmente é feito em forma de verso. Seu nome vem de Luís de Góngora, poeta espanhol.
Conceptismo ou quevedismo: valorização do contéudo, predominando o jogo de conceitos, de idéias, argumentação baseada
em antíteses e paradoxos. Aproxima-se da dissertação. Geralmente é em prosa. Seu nome vem de Francisco Gomez Quevedo y
Villegas.
Barroco em Portugal:
Tem início em 1580, marcado pela morte de Camões. Os principais autores foram: Padre Antônio Vieira, Francisco Rodrigues
Lobo e Sóror Mariana Alcoforado.
Padre Antônio Vieira: Escreveu inúmeras obras de cunho religioso (sermões), sendo os principais: Sermão da Sexagésima,
Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda, Sermão de Santo Antônio aos Peixes, Sermão do Bom
Ladrão e Sermão da Quarta-feira de Cinzas. Escreveu também profecias (textos conceptistas que refletem sobre o futuro de
Portugal)
Sermões: textos conceptistas que ocupavam-se de assuntos filosóficos, sociais e políticos que serviam para ser dirigidos ao
público das missas. Divide-se em 5 partes:
Tema: passagem bíblica em que se baseia o sermão;
Intróito: antecipação da estrutura e seqüência de idéias a serem defendidas;
Invocação: pedido de inspiração (geralmente à Virgem Maria) para executar com propriedade a exposição de idéias;
Argumento: parte do sermão onde se prova com argumentos, exemplos e alegorias as idéias fundamentais;
Peroração (ou conclusão): fechamento do sermão, onde a idéia fundamental é resgatada e os fiéis são conclamados a praticar.
Francisco Rodrigues Lobo: Destacou-se na produção de poesia barroca. Suas principais obras foram: em poesia: Romanceiro
- Primeira e Segunda Parte do Romance, Éclogas, O Condestabre; em prosa: Corte da Aldeia e Noites de Inverno.
Sóror Mariana Alcoforado: Religiosa que ingressou aos 16 anos no Convento de Nossa Senhora da Conceição e lá morreu aos
83 anos. É apontada como a autora das ardentes Cartas Portuguesas (são 5 cartas onde, acredita-se, ela declara o amor ao
Conde de Chamilly, que foram publicadas em Paris em 1669 por Claude Brabin).
Há uma polêmica em relação se ela escreveu ou não as cartas, pois sendo freira seria um pecado à Deus e às tradições
católicas.
A única certeza que se tem é que foram feitas por uma mulher portuguesa no Barroco, certeza esta conseguida através de
características de outros textos dela e através do lirismo português.
Fazem parte de uma literatura chamada de Epistolar, pois se apresenta unicamente na forma de cartas.
Curiosidades do Barroco:
- O Sermão de Santo Antônio, do Padre Antônio Vieira, pode ser chamado também de Sermão aos peixes;
- Além de gongorismo e quevedismo, os nomes seiscentismo, marinismo, rococó, preciosismo e silesianismo correspondem ao
Barroco;
Sebastianismo: movimento místico-secular que ocorreu em Portugal na segunda metade do século XVI como conseqüência da
morte do rei D. Sebastião na batalha de Alcacer-Quibir.
O povo, acreditando em que o rei estivesse vivo, influenciou as idéias dos escritores, que escreviam obras que traziam uma
inconformidade com a política vigente e uma expectativa no ressurgimento do rei D.Sebastião. É um movimento que influencia
escritores até hoje, em textos revolucionários e crônicas sociais.
Barroco no Brasil:
Tem início em 1601, com a publicação da obra Prosopopéia, do poeta Bento Teixeira. Neste período tivemos duas academias: a
dos Esquecidos e a dos Felizes. À exceção de Gregório de Matos, pouquíssimo valor artístico-literário foi manifestado durante o
nosso barroco. O contexto-histórico é o Ciclo da cana-de-açúcar e as invasões holandesas, quando a Bahia e sua sociedade
patriarcal era o centro comercial e cultural do país.
Gregório de Matos Guerra: era um dos filhos de uma família abastada e estudou em um Colégio Jesuíta. Doutorou-se em
Direito na Universidade de Coimbra, exercendo lá sua profissão por vários anos. Por seu humor violento e corrosivo e às
constantes críticas que dirigia aos políticos e religiosos ele ganhou o apelido de BOCA DO INFERNO. Sua vasta obra foi
publicada apenas entre 1923 e 1933 pela Academia Brasileira de Letras.
Sua produção literária pode ser dividida em:
Satírica e erótica: possuía humor violento e corrosivo, além de uma capacidade genial de manipular a palavra. Denota também
preconceito racial e críticas à políticos, clérigos e até mesmo ao português colonizador. Os textos satíricos apresentam uma
inacreditável atualidade assim como os sermões de Padre Antonio Vieira.
Encomiástica: feita com a finalidade de bajular alguns poderosos.
Lírica: Se divide em três partes:
Lírico-amorosa: os encantos da mulher amada, sua indiferença ou paixão. Há o choque entre o desejo e o platonismo.
Lírico-religiosa: neste tipo de poema o poeta decanta a angústia entre a culpa pelo pecado e a esperança pela salvação,
porém nem sempre há a postura de submissão à Deus.
Lírico-filosófica: o poeta faz considerações sobre a condição humana, diante da instabilidade do mundo e as incertezas
que o permeiam.
Predominantemente, a obra de Gregório de Matos é satírica, além de ter escrito alguns sonetos.
Bento Texeira: português, passou grande parte de sua vida no Brasil onde produziu em Pernambuco a obra Prosopopéia,
publicada em 1601. A obra apresenta 94 oitavas em versos decassílabos nos moldes camonianos e é de escasso valor literário.
A intenção era exaltar Jorge de Albuquerque Coelho, governador de Pernambuco e seu irmão Duarte.
Manuel Botelho de Oliveira: primeiro poeta brasileiro a ter uma obra impressa: Música do Parnaso, de 1705, livro que reuniu
poemas em Português, Latim, Espanhol e Italiano além de duas comédias. O conteúdo não fora notável, embora podemos
destacar a habilidade formal.

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