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RESUMÃO DE LITERATURA ARCADISMO Também chamado de setecentismo, de neoclassicismo e escola mineira [no Brasil], o arcadismo, do termo arcádia [em referencia a natureza], é a expressão artística da burguesia em ascensão no século XVIII, identificando-se com as ideias da Ilustração e veiculando-as sob a forma de elementos resgatados da arte clássica que se opõem aos valores da elite, da contrarreforma e, sobretudo, do barroco. LIMITES CRONOLÓGICOS O arcadismo teve início no Brasil em 1768, com Obras Poéticas, ou somente Obras, de Claudio Manuel da Costa. Deixou de ter influência em 1836, com Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães. CONTEXTO HISTÓRICO O arcadismo desponta na história em meio a momentos marcantes, como o desenvolvimento econômico e industrial da Europa, evidenciado pela Revolução Industrial que eclodia na Inglaterra; o despotismo esclarecido, como o do Marquês de Pombal em Portugal, a ascensão da burguesia [contrária aos cultos e às expressões artísticas da nobreza] e a difusão do Iluminismo, movimento intelectual de espírito enciclopédico [difusão do conhecimento] que incitou revoluções, como o movimento de independência dos Estados Unidos, a Revolução Francesa, e até mesmo a Inconfidência Mineira no Brasil durante o ciclo do ouro. CARACTERÍSTICAS GERAIS De predominância poética, o arcadismo valoriza a tranquilidade e as belezas do campo, exaltando a natureza e desprezando a vida urbana e seus problemas sociais. Para os árcades, a cultura greco-latina representava o ideal de perfeição e equilíbrio, caracterizando o arcadismo com elementos resgatados dessa cultura, atrelados a busca pela simplicidade [bucolismo], ideologia contrária a da escola barroca. De inspiração renascentista, o arcadismo adornou os valores do classicismo frente ao gongorismo – neoclassicismo – e buscou ressaltar o homem primitivo, aquele que ainda não fora corrompido pelos padrões sociais, ideologia que, atrelada aos princípios iluministas, incitou as rebeliões nativistas no Brasil Colônia, sobretudo em Minas Gerais – escola mineira. MÁXIMAS LATINAS A revalorização do equilíbrio e da simplicidade do classicismo, assim como a retomada de elementos culturais da arte greco-latina, firmou-se no arcadismo através de máximas que orientaram toda a ideologia árcade: • • • • • Fugere urbem: significa “fuga da cidade” e está relacionada com o bucolismo. Inspirados pela filosofia de Rousseau [o homem nasce bom e a sociedade o corrompe], os poetas árcades viam a cidade como a origem da corrupção [reação à Revolução Industrial] ansiando a vida no campo. Inutilia truncat: significa “cortar o que é inútil”. Diferente do barroco, a escola árcade cultiva uma linguagem simples, com vocabulário de fácil compreensão, resgatando elementos estéticos do classicismo. Locus amoenus: significa “refúgio ameno”, em alusão ao campo, considerado como o paraíso pelos árcades. Aurea mediocritas: significa “mediocridade dourada”, ou seja, a idealização de uma vida humilde e feliz. Carpe diem quam minimum credula postero: consciência da efemeridade do tempo; busca do aproveitamento da vida em natureza [difere do carpe diem barroco]. REPRESENTANTES EM DESTAQUE Entre os poetas árcades brasileiros, destacam-se: • • • • Na lírica: Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Silva Alvarenga. Na épica: Basílio da Gama, Santa Rita Durão e Claudio Manuel da Costa. Na sátira: Tomás Antônio Gonzaga. Na encomiástica: Silva Alvarenga e Alvarenga Peixoto. Com ampla formação cultural, Claudio Manuel da Costa soube dar continuidade, apesar das limitações da colônia, à tradição de poetas clássicos. Seus sonetos apresentam notável afinidade com a lírica de Camões. O autor cultivou a poesia lírica e a épica. Na lírica, tem destaque o tema da desilusão amorosa. Nise, a sua amada, é uma personagem fictícia incorpórea e apenas representa o ideal da mulher amada inalcançável – nítido traço do reaproveitamento do neoplatonismo renascentista. Na épica, escreveu o poema Vila Rica, inspirado nas epopeias clássicas, referindo-se aos bandeirantes, à descoberta do ouro em Minas e das revoltas sociais. A poesia de Tomás Antônio Gonzaga, se comparada a dos demais poetas árcades brasileiros, apresenta algumas inovações que apontam para a transição do arcadismo para o romantismo. Os temas árcades do distanciamento da mulher amada e do sofrimento dele decorrente, no caso de Gonzaga, assumem caráter verídico, uma vez escritos no cárcere do escritor. Essas experiências dão à obra de Gonzaga maior subjetividade, espontaneidade e emotividade. Tomás Antônio Gonzaga cultivou a poesia lírica, reunida na obra Marília de Dirceu, e a poesia satírica, reunida nas Cartas chilenas [singular dentre a poesia árcade]. Publicado em 1769, O Uraguai, de Basílio da Gama, é considerado a obra prima da poesia épica do arcadismo. Seu tema é o conflito de portugueses e espanhóis contra índios e jesuítas, que não queriam aceitar as decisões do Tratado de Madri. Sem rimas e versos simétricos, O Uraguai não segue a estrutura camoniana de Os Lusíadas, contrariando os princípios da arte clássica. O poema não enfatiza a guerra em si, ganhando destaque, de fato, a descrição física e moral do índio, o choque de culturas e a paisagem nacional. A valorização do índio e da natureza selvagem do Brasil corresponde ao ideal da vida primitiva cultivada pelo arcadismo.