Roteiro básico para Oficina de Produção
Transcrição
Roteiro básico para Oficina de Produção
CANAL SAÚDE – REDE DE PARCEIROS OFICINAS DE MULTIPLICAÇÃO 1. Oficina de Produção Duração: 03 dias Público ideal: grupos de até 15 pessoas Objetivo: Capacitar indivíduos ou grupos a produzirem pequenas peças audiovisuais ou dar-lhes autonomia para coordenar processos de produção por eles contratados. Necessidades: flip charter (ou quadro negro), hidrocores (ou giz), TV, DVD player câmera (pelo menos 1) tripé (adequado ao peso da câmera disponibilizada). Microfone cardióide adaptável à câmera disponibilizada. Fitas ou cartões para esta câmera. Periféricos. Roteiro: Dia 1 Manhã Atividade 1 – Apresentação do Canal Saúde Tempo: 30 minutos Objetivo – Descrever o histórico do Canal Saúde, sua forma de atuação no presente e a proposta de constituição de uma rede de parceiros receptores, bem como as ferramentas que o projeto disponibiliza para ações de educação e comunicação em saúde. Atividade 2 - Exposição sobre o processo de produção audiovisual Tempo: 40 minutos Objetivo: familiarizar o público com o processo de produção audiovisual, facilitando o diálogo ao longo de toda a oficina. O facilitador deverá fazer uma explanação sobre o processo de produção audiovisual, desenhando no quadro ou flip-chart um esquema que mostre o processo em ciclo. É interessante ressaltar em que pontos do “ciclo” diferentes veículos como vídeo, cinema e televisão se diferenciam. Também é importante especificar as singularidades de cada modalidade audiovisual. Dizer, por exemplo, que no telejornalismo todo o processo descrito ocorre no prazo de uma tarde, enquanto no cinema pode levar anos. Esquema: Argumento, idéia, pautaRoteiroPré-produção Produção (gravação/ filmagem) Veiculação ou exibição Edição ou montagem Pós-produção (decupagem, mapa) Atividade 3 – Exposição sobre enquadramentos e movimentos Tempo: 120 minutos Objetivo: Descrever os enquadramentos e movimentos oriundos do cinema narrativo clássico, sua significação dentro da gramática audiovisual e usos mais frequentes. Abordar: plano geral (descritivo, introdutório), plano americano (introdutório), plano médio (aproximação, formalidade), close, big close, detalhe. Panorâmicas, zoon in e out, traveling, corte, fusão e fade. Exercício: com uma câmera (VHS) plugada a um aparelho de TV, solicitar aos participantes que “produzam” este ou aquele plano ou movimento.b Exercício 2: analisar o uso dos diferentes planos e movimentos em vários trechos de filmes, reportagens e documentários, gravados em um DVD. Tarde Atividade 3 – Introdução a Roteiro Tempo: 180 minutos Objetivo – Discutir técnicas e conceitos básicos de produção de roteiros. 1) Jogo das perguntas - O facilitador começa indagando os presentes como eles costumam usar o vídeo e com que finalidade. De modo geral as pessoas utilizam essa ferramenta como costumam usar os livros, ou seja, como “fontes” de informação, ignorando as singularidades do veículo. Acreditam que a mera exibição do vídeo já sirva para “abastecer” o receptor das informações desejadas. Para colocar esta “crença” em cheque o facilitador vai propor um “jogo”. Primeiro exibe com ajuda de uma TV e DVD a gravação de aproximadamente 10 minutos de um telejornal. Enquanto o DVD corre o facilitador deve anotar perguntas a serem feitas à audiência. Coisas como: o nome do diretor do órgão “x” que deu a entrevista, o número de veículos envolvidos no acidente, o lugar onde aconteceu a revolta de agricultores. Ao fim da exibição estas perguntas devem ser feitas ao grupo. Observe o número de acertos. Em geral quando existem são insignificantes frente ao número de erros e de “não seis”. A seguir o facilitador deve exibir um vídeo temático de mesma duração (10 minutos). Repita o procedimento das perguntas e observe o resultado com o grupo. Indague a eles também se houve “sensações” diferentes na recepção de um e outro vídeo. A idéia é chamar a atenção para a fugacidade da linguagem do vídeo que torna o veículo pouco útil para o mero “repasse” de informações. Por outro lado o exercício deve evidenciar o grande potencial mobilizador do audiovisual. Essas características devem ser consideradas na elaboração de roteiros. Não adianta querer “falar de tudo”. É preciso “editar”o conteúdo que será repassado. O melhor é eleger uma informação fundamental e construir um discurso em torno dela. 2) O facilitador mostra exemplos de roteiros, fazendo circular alguns pelos alunos. Deve chamar a atenção para os diferentes formatos (no jornalismo, na ficção, em novelas...). A seguir ele lê um roteiro com os alunos e em seguida mostra o vídeo com este roteiro realizado. A idéia é discutir a lógica do “roteirizar”: o filme ou vídeo primeiro existe na cabeça de quem o roteiriza para depois se concretizar em imagens. Vale ressaltar a “eterna frustração” do roteirista que, dificilmente, verá na tela o “vídeo” por ele imaginado quando escrevia. Uma peça audiovisual é recriada em cada etapa do processo de produção. 3) Mostrar exemplos de várias linguagens audiovisuais com ajuda de TV e DVD: documentário, ficção, vídeos didáticos, institucionais, animação. Discutir quais destes formatos melhor se presta a atender às demandas do grupo que pretende produzir e o porquê desta opção. 4) Mostrar uma matéria jornalística e apresentar as diferentes figuras de linguagem de uma reportagem, mostrando sua utilização. Cabeça (ou passagem) – antes quando as matérias jornalísticas eram mais longas a aparição da repórter tinha a função de abrir, fechar uma matéria ou marcar uma “mudança de assunto”. Hoje, quando as matéria são menores coloca-se na “cabeça” informações que precisam ser fixadas pelo espectador, ou informações mais subjetivas (não expressas em números e ou estatísticas). “off” – É o momento de “respiro” da matéria. Serve para ilustrar uma historia. No texto em off, de modo geral, estão os dados quantitativos, estatísticas, informações de menos importância, que não precisam ser fixadas pelo espectador para que ele entenda a história. No off as imagens ganham importância. Depoimento – confere credibilidade à história em virtude da qualificação do entrevistado. (Daí a importância do crédito). Povo fala – pode conferir credibilidade à história em função do quantitativo de pessoas que confirmam uma informação com seu depoimento. Também pode garantir humor e humanidade à matéria. Arte – gráficos servem para ajudar o espectador a fixar dados numéricos que seriam difíceis de guardar se transmitidos em off. Também servem para “sublinhar” determinada informação de maior importância. 4) Exercício – O grupo é dividido em duplas ou trios. Cada subgrupo recebe uma notícia de jornal e deve transformá-la num pequeno roteiro jornalístico, elegendo as figuras de linguagem (cabeça, off, depoimento...) para passar cada informação. Dia 2 Manhã Atividade 4 – Apresentação e crítica dos roteiros produzidos no dia anterior Tempo: 60 minutos Objetivo – Identificar as dificuldades do grupo ao produzir roteiros jornalísticos. Cada dupla ou trio apresenta o roteiro produzido para discussão do grupo. Atividade 5 – Oficina Prática de roteiro. Tempo: 120 minutos Objetivo – oportunizar a produção coletiva de roteiros. O grupo será subdividido em grupos de 3 ou 4 pessoas. Baseando-se na análise diagnóstico realizada, cada subgrupo deverá eleger um tema a ser abordado num vídeo de 3 minutos. O grupo deverá eleger um formato e elaborar um roteiro. O facilitador deverá estimular os grupos a elaborarem roteiros factíveis de serem gravados ao longo da tarde seguinte. Tarde Atividade 6 – Gravação Tempo:180 minutos Objetivo – Oportunizar a vivência do processo de gravação. Será gravado um número de roteiros correspondente ao número de câmeras disponíveis. Os roteiros a serem gravados devem ser escolhidos pelo grupo entre aqueles produzidos na etapa anterior da oficina. Os grupos terão a parte da tarde para gravação dos roteiros elaborados. Antes o facilitador deverá estabelecer com os grupos uma divisão de funções, estabelecendo quem serão os câmeras, os produtores, repórteres, apresentadores e assim por diante. Nesta divisão deve-se priorizar que ocupem as funções as pessoas que, posteriormente, irão exercê-las de fato, caso isso já esteja definido. Dia 3 Manhã / Tarde Atividade 7 – Decupagem e edição do material a ser editado. Tempo: 300 minutos Objetivo – Oportunizar a vivência do processo de edição. Vale ressaltar que nem sempre será possível a edição. Entretanto os grupos deverão minimamente decupar seu material e elaborar um mapa de edição. Tarde Atividade 8 – Apresentação dos vídeos idealizados Tempo: 60 minutos Objetivo – Análise dos produtos realizados. Cada grupo apresenta seu vídeo editado ou o mapa de edição. No segundo caso a “narração” pode ser “ilustrada” por trechos de material decupado, exibidos com TV e DVD. O facilitador deve, ao final, estimular os participantes a fazerem uma análise do material produzido: ele atende aos objetivos para o qual foi pensado ? Quais foram os erros e acertos ? O que deve ser corrigido (e como) e o que deve ser aproveitado ? Quais foram as principais dificuldades sentidas ao longo do processo ? O facilitado encerra esta “culminância” com dicas práticas para viabilizar uma produção. (Como alugar equipamento, como contratar uma edição, entre outras). Para este final é interessante ter sido produzida uma lista com contatos úteis na região. (Produtoras, locadoras de equipamento, emissoras de TV, etc). A assessoria de comunicação do estado pode ajudar na realização deste material. Atividade 10 – Análise / Diagnóstico Tempo: 60 minutos Objetivo – oportunizar uma reflexão sobre os motivos que levam este grupo a envolverse em atividades de produção audiovisual. O grupo é dividido em duplas. Cada dupla recebe três tarjetas de cartolina de cores diferentes. Em cada uma delas deve ser expressa a resposta para uma pergunta diferente: a) por que precisamos/queremos produzir audiovisual?; b) que resultados estamos buscando ?; c) quais os principais entraves? Os grupos apresentam suas conclusões afixando as tarjetas num mural. O facilitador irá eliminar as coincidentes e sistematizar a discussão. O objetivo é clarear para o grupo seu objetivo ao envolver-se nessa atividade. Isso é fundamental para estabelecer alguns parâmetros como público a ser atingido, grau de qualidade técnica a ser perseguido, uso a ser dado aos vídeos produzidos. Estes parâmetros serão referências em futuras e necessárias avaliações que o grupo deverá proceder.