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Anestesiologia
Ventilação Mecânica
-Definição: suporte ventilatório para tratamento de pacientes com insuficiência
respiratória aguda. A ventilação mecânica é executada através da utilização de aparelhos
que intermitentemente insuflam os alvéolos.
-Objetivos:
-Manutenção das trocas gasosas;
-Correção da hipoxemia;
-Correção da acidose respiratória relacionada a hipercapnia;
-Aliviar o trabalho da musculatura respiratória;
-Reverter fadiga da musculatura respiratória;
-Usos:
-Cirurgias torácicas;
-Animais de grande porte devido ao decúbito visando prevenir a
atelectasia pela pressão sobre o pulmão dependente (pulmão debaixo, dependendo do
decúbito);
-Quando se faz uso de bloqueadores neuromusculares (geralmente para
cirurgias oftálmicas);
-Pressões Transpulmonares:
-Pressão Intrapleural: sempre negativa (variando de -3 a -7);
Fisiologicamente
-Pressão Alveolar: positiva e negativa (variando entre 1 e -1);
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*Na ventilação mecânica a pressão alveolar é sempre positiva e a pressão intrapleural
varia entre positiva e negativa;
**Manobra de Valsalva: é executada quando se força o ar contra os lábios fechados e
nariz tapado, forçando o ar em direção ao ouvido médio se a tuba auditiva estiver
aberta. Esta manobra aumenta a pressão intratorácica, diminui o retorno venoso
ao coração e aumenta a pressão arterial.
-Diferenças entre Ventilação Espontânea e Ventilação Mecânica Controlada:
Ventilação Espontânea
Ventilação Mecânica Controlada
Diminuição do Volume Minuto
Volume Minuto constante
Diminuição do pH
pH normal e constante
Aumento da PaCO2
PaCO2 normal ou diminuída
Aumento do retorno venoso
Diminuição do retorno venoso*
*Essa diminuição no retorno venoso pode levar a uma baixa na pressão arterial;
Modos de Ventilação
VPPI (Ventilação com Pressão Positiva Intermitente)
-4 fases:
-Inspiratória;
-Transição da inspiratória para expiratória;
-Expiratória;
-Transição da expiratória para inspiratória;
01-Fase Inspiratória: o ventilador deverá insuflar os pulmões do paciente,
vencendo as propriedades elásticas e resistivas do sistema respiratório. Ao final desta
fase pode-se utilizar um recurso denominado pausa inspiratória com a qual pode-se
prolongar esta fase de acordo com o necessário para uma melhor troca gasosa. A
maneira de como tem início a fase inspiratória depende do modo de ventilação
mecânica escolhido, que será discutido adiante.
02-Transição da Inspiratória para a Expiratória: esta fase também é chamada
de ciclagem do ventilador, pois o aparelho interrompe a fase inspiratória após a pausa
inspiratória e permite o início da fase expiratória. A forma como o aparelho cicla será
discutida adiante.
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03-Fase Expiratória: de forma passiva, o ventilador permite o esvaziamento dos
pulmões. Nesta fase, o ventilador pode permitir apenas o esvaziamento parcial dos
pulmões mantendo uma pressão positiva residual no final da fase expiratória e
aumentando a capacidade residual funcional (CRF) do indivíduo, este recurso é
denominado PEEP (positive end-expiratory pressure ou pressão positiva expiratória
final - PPEF).
*O PEEP é utilizado a fim de se manter os alvéolos abertos mesmo durante a expiração
e com isso, aumentar a PaO2 e diminuir a concentração de oxigênio oferecida ao
paciente ou fração inspirada de oxigênio (FiO2). A manutenção de uma PaO2 adequada
é obtida pelo uso de altas frações inspiradas de oxigênio (FiO2) sem gerar danos ao
paciente uma vez que o período de utilização é curto.
04-Transição da Expiratória para Inspiratória: o ventilador interrompe a fase
expiratória e permite o início da fase inspiratória do novo ciclo. Esta fase de mudança
pode ser determinada pelo próprio aparelho, de acordo com a freqüência respiratória
pré-determinada ou pelo paciente. Para que o paciente consiga desencadear novo ciclo
ele deve abrir a válvula do ventilador ao fazer uma pressão negativa ou um fluxo
inspiratório, como na respiração normal.
Assistido Controlada (A/C)
-Aparelho permite que o paciente inicie o ciclo, mas o aparelho vai controlar e
finalizar o ciclo.
-Aparelho inicia a inspiração a partir do esforço respiratório do paciente;
-É um sistema seguro, pois o aparelho dispara um ciclo sempre que o paciente
não esboçar nenhum esforço;
Assistida
Controlada
Paciente iniciou o esforço respiratório, mas a pressão estava negativa e o
aparelho auxiliou. Esta pressão negativa é determinada no aparelho de
anestesia, para quando chegar num certo limiar a ventilação mecânica ligar.
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Mandatória Intermitente
Aparelho de ventilação mecânica liga somente quando paciente não respirar,
caso contrário, permanece desligada.
Modos de Ciclagem
Modos:
-Volume;
-Pressão;
-Tempo;
-Fluxo (velocidade);
01-Tempo: a transição inspiração/expiração ocorre de acordo com um tempo
inspiratório predeterminado, não importando as características elástico-resistivas do
sistema respiratório do paciente. Normalmente os aparelhos ciclados a tempo são
limitados a pressão, ou seja, existe uma válvula de escape impedindo altos níveis de
pressão inspiratória
02-Volume: neste modo de ciclagem o final da fase inspiratória é determinado
pelo valor de volume corrente ajustado. Há um sensor no aparelho que detecta a
passagem do volume determinado e desliga o fluxo inspiratório. A pressão inspiratória
não pode ser controlada e depende da resistência e da complacência do sistema
respiratório do paciente, de modo que este tipo de ventilação pode provocar barotrauma
(Ex.: quando se tem atelectasia, obstrução ou edema). Ao mesmo tempo, este tipo de
ventilação é bastante segura uma vez que garante o volume corrente para o paciente,
principalmente para aqueles em que se deve fazer um controle rigoroso da PaCO2,
como nos pacientes portadores de hipertensão intracraniana.
-Fluxo constante;
-Pressão inspiratória altera de acordo com a resistência e complacência;
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03-Pressão: a fase inspiratória é determinada pela pressão alcançada nas vias
aéreas. Quando o valor predeterminado é alcançado interrompe-se o fluxo inspiratório,
independente do tempo inspiratório ou do volume utilizado para se atingir esta pressão.
Desta forma, este tipo de ventilação também não garante um volume corrente adequado
e pode ser ineficaz caso haja grandes vazamentos de ar como nos casos de fístulas
bronco-pleurais.
-Freqüência e pressão constantes;
-Fluxo inspirado variável (volume pode variar dependendo da resistência
e complacência);
04-Fluxo: neste tipo de ciclagem, o tempo inspiratório é interrompido quando o
fluxo inspiratório cai abaixo de um valor pré-ajustado como foi descrito na ventilação
com pressão de suporte. Neste tipo de ciclagem, o paciente exerce total controle sobre o
tempo e fluxo inspiratórios e sobre o volume corrente.
Parâmetros a Serem Controlados
-Freqüência Respiratória: 10 a 12 mov/min (1 a cada 6s)
-Relação Tempo Inspiração:Expiração: 1:2 ou 1:3 (2s de inspiração e 4s de
expiração);
-Pressão Inspiratória: 10 a 20cm.H2O (geralmente 8cm.H2O é o suficiente);
-Volume Corrente: 10 a 15ml/kg (geralmente 8ml/kg é suficiente);
*Volume Corrente Fisiológico: entre 6 e 8ml/kg;
-Capnografia: deve-se manter entre 35 e 45mmHg – ETCO2
*Caso o paciente entre em hipercapnia deve primeiramente aumentar a freqüência ventilatória,
posteriormente modificar a relação inspiração:expiração, depois modificar a pressão e por último pode-se
usar o PEEP (evitando o colabamento do alvéolo);
Regras gerais do suporte ventilatório
-Testar e regular o ventilador antes de conectá-lo ao paciente.
-Estabelecer os parâmetros ventilatórios do paciente: volume corrente,
freqüência respiratória e relação entre a duração das fases inspiratória e expiratória.
-Manter a ventilação e a oxigenação do paciente em níveis adequados, de acordo
com o exigido pelo ato cirúrgico ou pela fisiopatologia da doença.
-Evitar ao máximo as possíveis lesões estruturais do sistema respiratório
escolhendo o modo ventilatório adequado.
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-Avaliar as possíveis repercussões negativas da ventilação mecânica sobre o
sistema cardiovascular. Verificar se a introdução de droga vasoativa pode ser útil para a
otimização da oferta de oxigênio aos tecidos.
-Evitar complicações como infecção pulmonar, atelectasias, barotrauma e
toxicidade do oxigênio.
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Anestesia em Eqüinos
-Considerações:
-Deve-se ser feito o exame pré anestésico da mesma forma que em pequenos
animais;
-Quando em decúbito dorsal há grande compressão dos pulmões e vasos
causando grande depressão cardiorespiratória. Há também a compressão da musculatura
e nervos periféricos, causando miosites e neuropatias periféricas respectivamente;
-Alguns fármacos podem causar diminuição da motilidade gastrointestinal,
causando cólicas no pós-operatório;
-Deve ser feito jejum de 12 horas (exceto neonatos o qual também necessita de
solução glicosada no transcirúrgico);
-Nunca deve-se subestimar o peso do animal (ideal é ter conhecimento do peso
aproximado do paciente);
-Nenhuma M.P.A. derruba um eqüino (a não ser que haja administração na
artéria). No máximo o animal abaixa a cabeça e apresenta ataxia (quanto maior a dose
maior a deficiência motora e maior a ataxia do paciente).
Medicação Pré-Anestésica (M.P.A.)
01-Fenotiazínicos:
-Mecanismo de Ação:
-Atuam seletivamente em algumas regiões do SNC: núcleos talâmicos,
hipotálamo, vias aferentes sensitivas, estruturas límbicas e sistema motor. Induzem
alterações no funcionamento da neurotransmissão dopaminérgica (bloqueio do receptor
pós-sináptico e pré-sinápticos, D1 e D2).
-Bloqueiam receptores noradrenérgicos e serotoninérgicos centrais e
periféricos.
-Exercem efeitos
serotoninérgico e anticolinérgico.
α-adrenolítico,
anti-histaminérgicos
H2,
anti-
-Agem no sistema cardiovascular (coração e vasos sanguíneos). Causam
hipotensão principalmente pro bloqueio α-adrenérgico periférico e central também,
levando a uma taquicardia reflexa. Promovem uma queda da temperatura corpórea
*Não se deve usar em animais epiléticos, pois o limiar é diminuído.
-São classificados como antipiscicóticos ou neurolépticos e promovem
tranquilização leve, sem que ocorra desligamento do animal ao ambiente;
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-O incremento nas doses não aumenta o grau de tranquilização, apenas os
efeitos adversos, portanto, quando se almeja uma tranquilização mais intensa, devem-se
associar os agentes fenotiazínicos a outra classe de agentes como os opióides, agonistas
α2-adrenérgicos, entre outros.
-Efeitos:
-Efeitos extra-piramidais (movimentos involuntários);
-Hipotensão (bloqueio α-adrenérgico);
-Sedação mais leve que α2-agonístas;
-Potencialização dos anestésicos gerais;
-Efeito anti-emético (receptor 5-HT3);
-Efeito anti-histamínico (receptor H2);
-Efeito atropina-like (redução de secreções);
-Outros: aumento de prolactina, hipotermia e efeitos anticolinérgicos.
-Efeitos Cardiovasculares: hipotensão, bradicardia sinusal, taquicardia
sinusal reflexa. Efeitos anti-arritimogênico (em doses baixas), efeito inotrópico e a
contratilidade é ou não afetada podendo reduzir o débito cardíaco e o volume sistólico.
-Efeitos Respiratórios: depressão respiratória.
-Efeitos Gastrointestinais: motilidade diminuída, supressão da êmese
(bloqueio dos receptores dopaminérgicos na zona disparadora quimio-receptoras).
-Efeitos no Sangue: hematócrito diminuído (seqüestro de hemácias pelo
baço).
-Efeitos Metabólicos: diminuição da temperatura corporal (vasodilatação,
depressão do centro termo-regulador).
01.1-Acepromazina (Acepram 1% - VETNIL®)
-Características:
-Não causa uma tranquilização muito intensa, deve ser utilizado para animais
tranqüilos;
-Não tem poder analgésico;
-Administração pela via endovenosa;
-Utilizar em animais hígidos;
-Dose
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0,03 – 0,05mg/kg : EV
-Vantagens:
-Sedação prolongada;
-Desvantagens:
-Contra indicado: para animais chocados, animais extremamente excitados
(estresse causa grande liberação de adrenalina e todos os receptores α estão ocupados e
a acepromazina ocupando receptores β também, o que acaba derrubando o animal),
garanhões com priapismo (pode causar exposição permanente do pênis – pois as fibras
do músculo retrator do pênis é fortemente inervado por fibras α e quando bloqueadas
acarretam em relaxamento muscular local);
02-α2-Agonistas:
-Mecanismo de Ação: estimulação de receptores α2-adrenérgicos no sistema
nervoso central e periférico provoca: sedação, analgesia (principalmente visceral) e
relaxamento muscular.
-Receptores pós-sinápticos: causam vasoconstrição e hipertensão;
-Receptores pré-sinápticos:
neurotransmissores e hipotensão;
causam
bloqueio
da
liberação
de
-Efeitos:
-Cardiovasculares: causam hipertesão inicial pelo estímulo do receptor
α2-pós sináptico, redução tardia da pressão arterial pelo receptor α2-pré-sináptico e
bradicardia reflexa (via barorreceptores) diminuindo o débito cardíaco. Esta bradicardia
pode persistir mesmo após o final da sedação. Pode causar bloqueio atrioventricular de
2º grau ou bradicardia sinusal.
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-Respiratório: diminuição da freqüência respiratória e do volumeminuto.
-Sistema Nervoso Central: sedação dose-dependente,
relaxamento muscular, ataxia e analgesia (principalmente visceral);
hipnose,
-Outros: prolapso peniano, ataxia, ptose labial, abaixamento de cabeça,
anorexia, glicosúria, diminuição da motilidade intestinal, redução do hematócrito
(devido a vasodilatação esplênica) e aumento da glicemia (por inibição da secreção de
insulina);
02.1-Xilazina:
-Características:
-Promove uma sedação mais intensa;
-Tem poder analgésico;
-Causa diminuição da motilidade;
-Dose:
0,2 – 1,0mg/kg EV
0,2: para animais mais debilitados e calmos;
1,0: animais agitados;
*Nunca deve-se induzir um cavalo mal sedado;
02.2-Romifidina:
-Característica:
-Efeito mais prolongado que xilazina;
-Provoca menor ataxia em relação a xilazina;
-Pode ser administrada para transporte (ao contrário da xilazina);
-Dose:
0,02 – 0,1mg/kg : EV
02.3-Detomidina:
-Características:
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-Promove sedação mais intensa que xilazina (animal encosta cabeça no chão –
necessita de um suporte para a cabeça) e duração é a mesma;
-Dose:
10 - 30μg/kg : EV
03-Opióides:
03.1-Butorfanol:
-Características:
-Agonista κ e Antagonistas μ;
-Ideal para analgesia visceral;
-5 vezes mais potente que a morfina;
-Duração: entre 1 e 2 horas;
-Discreta alteração cardiovascular;
-Reduz a CAM dos anestésicos inalatórios;
-Pequeno efeito sobre a respiração e motilidade intestinal;
-Reverte o efeito sedativo e respiratório de agonistas μ puros, resultando em
analgesia residual;
-Dose:
0,02 – 0,1mg/kg EV
03.2-Morfina:
-Características:
-Causa depressão do centro respiratório medular;
-Ideal para analgesia osteomuscular;
-Pequeno efeito cardiovascular;
-Liberação de histamina com vasodilatação periférica quando adminstrada
rapidamente pela via endovenosa;
-Duração: entre 2 a 4 horas e até 16 horas (epidural)
-Dose:
0,1mg/kg IM,SC,EV ou Epidural
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*Cavalos PSI necessitam doses maiores e cavalos Quarto-de-Milha doses menores;
**Animais pesados (entre 800 e 900kg) deve-se calcular a massa magra (cerca de 600kg
no máximo);
Anestesia Local
01-Cabeça:
-Nervos:
-Supraorbitário;
-Infratroclear;
-Lacrimal;
-Zigomático;
-Aurículo-Palpebral;
-Mentoniano;
-Mandibular;
-Infraorbitário
N. Auriculo-Palpebral
N. Supraorbital
N. Infraorbital
N. Zigomático
N. Lacrimal
N. Facial
N. Mentoniano
01.1-Bloqueio do Nervo Auriculo-Palpebral:
-Efeito: acnesia palpebral;
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-Utilização: exames oftálmicos e remoção de corpos estranhos localizados na
córnea;
*Não deve ser utilizado em cirurgia palpebrais sem o bloqueio sensitivo dos ramos craniais do trigêmio ;
-Quantidade:
5 a 8mL de Lidocaína 2% sem epinefrina
-Localização: sobre borda dorsal do arco zigomático (entre o canto lateral do
olho e a base da orelha);
*Caso não faça o bloqueio deste nervo, pode-se fazer o bloqueio dos nervos: supraorbitário, inftratroclear
e lacrimal, os quais também levam a acnesia palpebral;
01.2-Bloqueio do Nervo Supraorbital:
-Efeito: bloqueio motor da pálpebra superior e sensitivo do terço médio da
pálpebra superior.
-Utilização: exames oftálmicos;
-Quantidade:
5 a 8mL de Lidocaína 2% sem epinefrina
-Localização: forame supraorbitário;
01.3-Bloqueio do Nervo Infraorbital:
-Efeito: insensibilização da cavidade nasal, do lábio superior, dos dentes
incisivos superiores, seio maxilar e pele até canto medial do olho;
-Quantidade:
5 mL de Lidocaína 2% sem epinefrina
-Localização: forame infraorbitário (entre comissura nasomaxilar e crista facial);
01.4-Bloqueio do Nervo Mentoniano:
-Efeito: anestesia local dos lábios inferiores e da mucosa gengival rostral até os
caninos inferiores;
-Quantidade:
3 a 5 mL de Lidocaína 2% sem epinefrina
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-Localização: forame mental (espaço interdentário, entre canino inferior e
primeiro pré-molar);
01.5-Bloqueio Ocular Retrobulbar:
-Efeito: inibição do reflexo oculocardíaco para cirurgias perioculares e intraoculares. Tem-se como objetivo o bloqueio do nervo óptico e os músculos levantador da
pálpebra, reto dorsal, ventral, medial e lateral do olho, oblíquo inferior e superior,
retrator ocular e orbicular ocular.
-Quantidade:
10 a 15 mL de Lidocaína 2% sem epinefrina
-Localização: uma agulha de 15cm é introduzida no canto lateral ou medial do
globo ocular, ou pela pálpebra superior ou inferior. O importante é manter a curvatura
acompanhando a órbita.
**Bloqueio do nervo mandibular em eqüinos só é feito com o animal anestesiado.
02-Membros: (anestesia para cirurgias em membros ou para diagnóstico de claudicação);
02.1-Bloqueio Distal Membro Anterior/Posterior:
-Nervos:
-Palmar/Plantar;
-Digital palmar/plantar (ramo ventral – talão e dorsal - pinça);
-Metacarpiano/Metatarsiano;
-Sesamoideano abaxial;
-Outras estruturas:
-Tendão flexor digital superficial;
-Tendão flexor digital profundo;
-Ligamento suspensório do boleto
02.2-Bloqueio Proximal Membro Anterior:
-Nervos:
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-Ulnar;
-Mediano;
-Músculo-cutâneo
N. Mediano
N. Músculo-cutâneo
N. Ulnar
Caudal
Cranial
Membro Anterior Esquerdo (fase medial)
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02.3-Bloqueio Membro Posterior:
-Nervos:
-Fibular superficial e profundo;
-Safeno;
-Tibial;
N. Fibular
N. Safeno
N. Tibial
Membros Posteriores (face lateral e medial)
03-Peridural:
-Localização: intercoccígea ou sacrococcígea;
-Dose:
0,012 a 0,015ml/kg lidocaína 2% com epinefrina
*Geralmente utiliza-se o volume de 6 a 7,5mL para um eqüino de 500kg;
**Pode-se associar xilazina (potencialização do efeito);
***Morfina epidural deve ser diluída em 15mL de solução fisiológica e tem duração de 16 horas
aproximadamente;
-Duração: cerca de 1h e 30 minutos;
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Anestesia Geral Endovenosa em Eqüinos
-Tipos (à campo):
-Curta duração (entre 10 a 15 minutos);
-Longa duração por infusão contínua (até 90 minutos);
01-Anestesia de Curta Duração:
01.1-Éter Gliceril Guaiacol (EGG):
-Características:
-Miorrelaxante de ação central;
-Promove mínima alteração cardiovascular;
-Usado em associação com o tiopental ou cetamina;
-Não pode ser administrada extravenosa;
-Evitar o uso de concentrações acima de 10%, pois causa hemólise;
-Diluí-se 1g para a cada 10kg de PV; (Ex.: um animal de 500kg receberá 50g de
EGG diluído em 500ml de solução fisiológica);
-Dose:
100mg/kg EV
*Diluir EGG pó em NaCl 0,9% ou Glicofisiológico 5% e não diluir em Ringer Lactato pois pode
precipitar cálcio;
-Vantagens:
-Baixo custo;
-Fácil obtenção;
-Segurança no uso;
-Promove mínima alteração cardiovascular;
-Desvantagens:
-Preparo da solução estéril;
-Instabilidade da solução (uso imediato);
-Risco de trombose;
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01.2-Tiopental:
-Características:
-Uso em associação com EGG;
-Cuidado com administração extravenosa;
-Não é bom do ponto de vista cardiovascular (diminui débito cardíaco e pressão
arterial);
-Não utilizar em debilitados;
-Diluição de 10% geralmente;
-Dose:
4 a 5mg/kg EV
01.3-Cetamina:
-Características:
-Nunca utilizada
benzodiazepínicos);
separadamente,
sempre
em
associações
(EGG
ou
-Promove mínima alteração cardiovascular;
-Pode induzir fenômenos excitatórios (mioclonias e pedalagem) em animais não
adequadamente sedados;
-Casos de cólica é o agente de indução eleito;
-Dose:
2 a 3mg/kg EV
Associação com BZD: diazepam/midazolam (0,05 a 0,1mg/kg)
01.4-Associações:
01.4.1-Para até 15 minutos de procedimento:
-Xilazina 1mg/kg EV (aguardar 15 minutos) + Cetamina 2-3mg/kg + Diazepam 0,1-0,15mg/kg EV (lento);
*Para se aumentar o tempo em 10 a 15 minutos, pode-se usar doses adicionais de cetamina (um terço
da dose anterior);
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-Utilização: castrações, suturas e técnicas simples;
01.4.2-Para procedimentos entre 20 e 30 minutos:
-Xilazina 0,3-0,5mg/kg EV (aguardar 5 minutos) + EGG 100mg/kg + Cetamina 2mg/kg EV
02-Anestesia de Longa Duração (Infusão Contínua):
-Características:
-Duração de até 90 minutos;
-Deve-se fazer suporte com oxigênio;
-Cavalo piscando e com nistagmo não significa que está superficializando na
infusão contínua endovenosa. Alterações (picos) de pressão significa superficialização
do animal;
-Vantagens:
-Pouco equipamento;
-Economia;
-Indução rápida;
-Ausência de poluição ambiental;
-Associação:
-Xilazina + EGG + Cetamina (GKX);
02.1-GKX em infusão:
-M.P.A.:
-Xilazina 1mg/kg EV
-Indução:
Cetamina 2,2mg/kg + Diazepam 0,05mg/kg EV
-Manutenção:
500ml NaCl 0,9% + EGG 100mg/kg + Xilazina 1mg/ml (5ml de Xilazina 10%) + Cetamina 2mg/ml (10ml de Cetamina 10%)
-Taxa de Infusão: 1ml/kg/h (na primeira hora) e 0,6ml/kg/h (na segunda hora);
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Posição
-Decúbito lateral: membros dependentes (de baixo) podem acordar com
paralisia, então deve-se posicionar o membros de baixo para frente, não deixando em
contato com o membro de cima.
Monitoração
Á campo: monitora-se a pressão arterial (utilizando artéria metatarsiana, facial
ou facial transversal) com manômetro.
Pressão Arterial Ideal: 90mmHg durante a anestesia;
*Variações na pressão arterial significa animal superficializando e P.A. abaixo de
70mmHg significa baixa perfusão sanguínea e pode predispor à miosites;
Plano Anestésico
-Reflexo palpebral medial e lateral, corneal e anal presentes à campo.
-Na inalatória tem-se somente reflexo corneal e anal. Olhos encontram-se
rotacionados mediamente;.
Cuidados
-Cobrir a cabeça (proteger córnea);
-Suplementação de oxigênio nasal;
-Cuidado no gotejamento;
-Decúbito (evitar membro sobre membro);
Anestesia Geral Inalatória em Eqüinos
-Agentes:
01-Halotano:
-Não utilizado atualmente;
-Grande diminuição no débito cardíaco e pressão arterial;
02-Isoflurano:
-Causa menor depressão do débito cardíaco;
-Recuperação mais rápida;
03-Sevoflurano:
-Alto custo;
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-Recuperação mais rápida que o isoflurano;
-Considerações Anestesia Inalatoria:
-Agentes inalatórios não proporcionam analgesia, então deve-se usar anestesia
balanceada com infusão contínua com lidocaína, cetamina, opióides ou α-2-agonistas;
Lidocaína: 1,5mg/kg bolus inicial + 50μg/kg/min
Cetamina: 0,8 a 1mg/kg/h ou 0,2mg/kg a cada 15-30 minutos
Butorfanol: 0,05mg/kg EV a cada 2 horas;
-Complicações:
01-Hipotensão: deve ser mantida acima de 70mmHg. Pressão arterial abaixo
deste limiar pode acarretar miosites e insuficiência renal aguda;
*A pressão arterial é verificada pelo método invasivo com manômetro aneróide ou
aparelho multiparamétrico;
-Causas: hipovolemia, plano anestésico profundo, bradicardias (potro
com uroperitôneo), acido severa (pH abaixo de 7,2 em cólicas por exemplo a qual
diminui pré-carga, pressão arterial e débito cardíaco), endotoxemia (baixa pressão
arterial pela vasodilatação) e distúrbios eletrolíticos (Ex.: hipocalemia);
-Tratamento:
-Estabilizar o paciente (reidratação) com solução de NaCl 0,9% ou hipertônica. Deve-se
repor cerca de 30 a 40 litros por eqüinos.
-Checar o plano anestésico (verificar se não está muito profundo);
-Administração de inotrópicos (Ex.: Dobutamina);
Taxa de Infusão (Dobutamina): 1 a 5μg/kg/min
-Aumento da velocidade de administração de fluído (4ml/kg/h para 30ml/kg/h);
-Corrigir distúrbios eletrolíticos;
-Tratamento da hipocalcemia:
*Gluconato de Cálcio 20%: 0,25 a 0,5ml/kg lento
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*Aumenta inotropismo;
02-Acidose Metabólica: (pH normal: 7,35 e 7,45);
*Acidose moderada-severa causa diminuição da responsividade do miocárdio à
catecolaminas;
-pH entre 7,2 e 7,35 e déficit menor que -8mEq/L (Ringer Lactato reverte);
-pH abaixo de 7,2 ou déficit maior que -8mEq/L (calcular déficit base de HCO3
e adicionar na fluído);
**90% das cólicas tem-se acidose metabólica;
03-Bradicardia: (FC deve ser maior que 25-30bpm);
-Causas: uso de α2-agonistas, estímulo cirúrgico do nervo vago, cirurgia
oftálmica (reflexo oculocardíaco), hipoxemia severa e distúrbios eletrolíticos (Ex.:
hipercalemia – potros com uroperitôneo);
-Tratamento: caso a pressão arterial esteja adequada, não precisa intervir
na freqüência cardíaca;
*Hioscina (escopolamina): 0,1mg/kg
*Interfere menos que a atropina na motilidade gastrointestinal;
04-Hipoxemia: (PaO2 entre 60mmHg indica +- SatO2 de 90%);
*Hipoxemia é geral e hipóxia é local;
-Causas: baixa fração inspiratória de oxigênio, sonda endotraqueal
errada, desequilíbrio (shunts respiratórios), distensão abdominal, alterações pulmonares
(Ex.: edema, enfisema e outras) e hipoventilação;
Relação Fração O2 inspirada (FiO2) e Tensão de O2 arterial (PaO2)
FiO2 (%)
PaO2 (mmHg)
20%
95 a 100
40%
200
100%
500
-Tratamento: com PaO2 entre 50 e 60mmHg deve-se aumentar o volume
inspiratório (10ml/kg/h para 15ml/kg/h), depois modificar a freqüência e por último
PEEP;
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05-Hipercapnia: (PaCO2/ETCO2 deve ser mantida entre 35 e 45mmHg);
-Raças: Quarto de Milha: HYPP ou hipotensão maligna e há aumento da
PaCO2 para mais de 90mmHg;
-Tratamento:
-Ventilação mecânica: quando PaCO2 estiver acima de 60mmHg
e em cirurgias com decúbito dorsal;
*Ventilação mecânica deprime débito cardíaco, pressão arterial e retorno venoso. Então
deve-se associar a ventilação mecânica juntamente com infusão de dobutamina;
**Sondas endotraqueias de 18 a 40mm de diâmetro e cerca de 60cm de comprimento;
Recuperação Anestésica
-Problemas: fraturas, miopatias e neuropatias periféricas (paralisia de nervo
radial, facial ou femoral);
*Pode-se fazer a sedação (Xilazina 0,1mg/kg) e/ou suplementação com oxigênio para
potros ou animais com cólica;
**Miosite pós-anestésica: tem-se sinais como sudorese, dor, taquicardia, taquipnéia e
animal não consegue se levantar. CK elevada após a lesão ou AST elevada a longo
prazo;
-Métodos de Recuperação:
-Recuperação assistida manualmente;
-Recuperação com auxílio de cordas (cabresto e na cola do rabo);
-Tilt Table;
-Em piscina (Hydropool ou Pool-Raft-System);
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Anestesia em Ruminantes
-Preparação para Anestesia;
-Jejum de 24 horas (adultos) e 12 horas (terneiros)
*Neonatos não necessitam jejum ou faz-se jejum de 1 a 2 horas;
-Avaliação laboratorial;
-Exame físico básico;
-Colocação de cateter (16 a 18G);
-Decúbito lateral direito ou esquerdo;
-Posicionamento: cabeça elevada;
Medicação Pré-Anestésica (M.P.A.)
01-Fenotiazínicos (Acepromazina):
-Características:
-Sedação moderada;
-Anti-arritmico;
-Em touros produz priapismo pelo aumento do aporte sanguíneo local;
-Efeito: em 20 minutos (EV) ou 45 minutos (IM);
-Causa hipotensão;
-Usado em associação com α2-agonistas;
-Dose:
0,025 a 0,05mg/kg EV
02-Benzodiazepínicos (Midazolan/Diazepam):
-Características:
-Proporciona leve tranquilização;
-Excelente miorrelaxamento;
-Causa pouca depressão cardiovascular;
-Dose:
0,02 a 0,1mg/kg Ev
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03-α2-Agonistas (Xilazina):
-Características:
-Proporciona boa sedação;
-Inicio de ação rápida, cerca de 2 minutos (EV);
-Pode ser usado IM;
-Ação analgésica e miorrelaxante;
-Dose:
0,01 a 0,1mg/kg EV/IM
Não utilizar mais que 0,2mg/kg
*Bovinos das raças Hareford, Brahmans e Zebuínos são mais sensíveis;
Bloqueios Locais
01-Bloqueio do Nervo Cornual:
-Localização: entre a comissura lateral do olho e base do chifre;
-Técnica: faz-se o bloqueio com anestésico local sem vasoconstritor no ramo
cranial do nervo zigomático-temporal (volume : 10ml) ou faz-se bloqueio com técnica
infiltrativa circular subcutânea a 2cm ao redor da base do chifre (volume : 20ml);
*Pode-se fazer a lavagem da cavidade após aberta;
02-Bloqueio do Nervo Aurículopalpebral:
-Localização: faz-se o bloqueio com anestésico local sem vasoconstritor logo
abaixo do local de bloqueio do nervo cornual;
03-Bloqueio Retrobulbar:
-Bloqueio do nervo óptico;
-Técnica: mesma técnica descrita para eqüinos com infusão de 20ml de
anestésico local;
04-Bloqueio de Peterson:
-Indicações: para retirada do globo ocular;
05-Bloqueios Paravertebral:
-Proximal (com agulha em pé) – bloqueia ramo ventral e dorsal (abaixo e acima
do ligamento);
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-Distal (com agulha deitada) – debaixo dos processos transversos
-Nervos:
-T13 (entre T13 e L1);
Bloqueio Paravertebral Proximal
-L1 (entre L1 e L2);
-L2 (entre L2 e L3);
-T13 (no L1);
Bloqueio Paravertebral Distal
-L1 (no L2);
-L2 (no L4);
-Quantidade:
Até 250kg – 5mL (lidocaína 2% sem vasoconstritor) em cada ponto;
Acima de 250kg – 10mL em cada ponto;
600kg – 20mL em cada ponto
Paravertebral Distal
Paravertebral Proximal
Fonte: MUIR e HUBBELL, 2000.
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06-Bloqueio em L-Invertido:
-Linha vertical: junto a borda caudal da última costela;
-Linha horizontal: próximo ao processo transverso das vértebras;
-Técnica: infiltrativa em 3 planos (pele, subcutâneo e músculos);
Fonte: MUIR e HUBBELL, 2000.
07-Epidural:
-Cranial: promove decúbito;
-Caudal: sem decúbito;
-Localização: espaço sacrococcígeo ou entre Co1 e Co2;
-Dose:
5ml/100kg (cranial);
1ml/100kg (caudal);
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08-Bloqueio de Bier:
-Técnica: deve-se inicialmente retirar o máximo de sangue do membro
(empurrando sentido distal para proximal) e após isso faz-se o garroteamento do
membro. Implanta-se um cateter na veia digital palmar ou plantar e a quantidade de
anestésico varia entre 5 e 20ml (sem vasoconstritor);
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Referências Bibliográficas
NATALINI C.C. Teoria e Técnicas em Anestesiologia Veterinária. 1ed. São Paulo:
Artmed, 2007.
SPINOSA, Helenice de Souza, et al. Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária.
4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
MARK P. G. Manual Saunders: Terapêutico Veterinário. 2. Ed. São Paulo: Editora
MedVet, 2009.
BARBAS, C.S.V.; ROTHMAN, A.; AMATO, M.B.P.; RODRIGUES Jr.,M. Técnicas
de assistência ventilatória. In: KNOBEL, E. Condutas no paciente grave. São Paulo.
Atheneu, 1994. p.312-346.
MUIR, W. W., HUBBELL, J.A.E. Manual de Anestesia Veterinária. 3 ed. São Paulo:
Artmed, 2000.
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