centro universitário positivo análise da performance de diferentes
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CENTRO UNIVERSITÁRIO POSITIVO ANÁLISE DA PERFORMANCE DE DIFERENTES GEOMETRIAS DE AFIAÇÃO NA FURAÇÃO DO AÇO SAE 4140 CURITIBA 2006 2 NICOLAS FURTADO SALOMÃO ANÁLISE DA PERFORMANCE DE DIFERENTES GEOMETRIAS DE AFIAÇÃO NA FURAÇÃO DO AÇO SAE 4140 Trabalho apresentado como requisito parcial à obtenção de grau de Engenheiro pelo Curso de Engenharia Mecânica, do Setor de Ciências Exatas e Tecnológicas do Centro Universitário Positivo. Orientador: Prof. Pablo Deivid Valle CURITIBA 2006 . 0 SUMÁRIO LISTA DE ILUSTRAÇÕES...............................................................................iii 0 LISTA DE TABELAS ....................................................................................... iv 1 LISTA DE ANEXOS ......................................................................................... iv 2 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1 1.1 IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA........................................................... 2 2 OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA ................................................................... 3 2.1 Objetivo geral........................................................................................... 3 2.2 Objetivos específicos.............................................................................. 3 2.3 Justificativa.............................................................................................. 4 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 5 3.1 Processos de usinagem.......................................................................... 5 3.2 Furação..................................................................................................... 6 3.3 Materiais para ferramentas de corte ..................................................... 6 3.4 Brocas ...................................................................................................... 9 3.5 Cavaco.................................................................................................... 18 4 ENSAIO PRELIMINAR.............................................................................. 20 5 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ........................................................ 28 6 RESULTADOS E CONCLUSÕES ............................................................ 37 6.1 Ensaios preliminares.............................................................................. 38 6.2 Experimentos definitivos ....................................................................... 38 6.3 Experimentos complementares ............................................................ 46 6.4 Conclusões finais ...................................................................................47 7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS...........................................48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 48 . 1 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Corpo de prova................................................................................ 2 Figura 2 – Classificação dos processos de fabricação. .................................... 5 Figura 3 – Operação de furação...................................................................... 6 Figura 4 – Microestrutura ................................................................................. 8 Figura 5 – Denominação dos elementos de uma broca helicoidal ................... 9 Figura 6 – Arestas e superfícies de corte da broca helicoidal. ....................... 11 Figura 7 – Perfis transversais das brocas. ..................................................... 12 Figura 8 – Causas do desgaste na usinagem. ............................................... 16 Figura 9 – Tipos de desgaste ......................................................................... 17 Figura 10 – Cavaco tipo fita............................................................................ 18 Figura 11 – Cavaco tipo segmentado. ............................................................ 19 Figura 12 – Cavaco tipo Vírgula. .................................................................... 19 Figura 13 – Corpo de prova............................................................................ 20 Figura 14 – Porta ferramenta e pinça. ............................................................ 21 Figura 15 – Centro de usinagem. ................................................................... 22 Figura 16 – Fixação dos corpos de prova. ..................................................... 22 Figura 17 – Escopo dos ensaios. ................................................................... 23 Figura 18 – Fotos das geometrias de ponta. .................................................. 28 Figura 19 – Fotos dos perfis. .......................................................................... 28 Figura 20 – Perfil da broca na afiação tipo “A”. .............................................. 29 Figura 21 – Afiação de ponta e perfil transversal: tipo “A”. ............................. 29 Figura 22 – Perfil da broca na afiação tipo “B”. .............................................. 30 Figura 23 – Afiação de ponta e perfil transversal: tipo “B”. ............................. 30 Figura 24 – Perfil da broca na afiação tipo “C”. .............................................. 31 Figura 25 – Afiação de ponta e perfil transversal: tipo “C”.............................. 31 Figura 26 – Escopo dos experimentos. .......................................................... 32 Figura 27 – Microscópio Óptico. ..................................................................... 33 Figura 28 – Medição de desgaste do gume principal. .................................... 33 Figura 29 – Medição de desgaste do gume secundário. ................................ 34 Figura 30 – Relógio comparador. ................................................................... 34 Figura 31 – Gráfico 1. ..................................................................................... 39 . 2 Figura 32 – Gráfico 2. ..................................................................................... 39 Figura 33 – Espessura de filete. ..................................................................... 40 Figura 34 – Gráfico 3. ..................................................................................... 41 Figura 35 – Ângulos de folga.......................................................................... 41 Figura 36 – Gráfico 4. ..................................................................................... 42 Figura 37 – Gráfico 5. ..................................................................................... 42 Figura 38 – Núcleo da broca. ......................................................................... 43 Figura 39 – Gráfico 6. ..................................................................................... 43 Figura 40 – Gráfico 7 ...................................................................................... 44 Figura 41 – Forma do Cavaco.........................................................................45 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Composição química da liga SAE 4140........................................20 Tabela 2 – Comparativo de afiação entre os tipos A, B e C............................28 Tabela 3 – Resumo dos ensaios preliminares.................................................38 LISTA DE ANEXOS Anexo 1 – Parâmetros de corte fornecidos pelo fabricante de ferramenta.....50 Anexo 2 – Dados do procedimento experimental............................................51 . 1 1 INTRODUÇÃO A crescente busca das organizações por novos mercados, pela redução dos custos e agregação de valor ao produto tem sido acompanhada de soluções compromissadas com produtividade, segurança da qualidade e tempo de entrega. Neste contexto, a indústria automobilística e seus fornecedores vêm buscando cada vez mais melhorar sua tecnologia e produtos, bem como desenvolver novos processos que permitam alcançar lucro satisfatório. Neste desenvolvimento pelo aumento de qualidade dos produtos, o material a ser trabalhado possui características que interessam ao cliente final, por exemplo, a busca de alta resistência mecânica e fadiga para uma bomba injetora. Estes fatores dificultam os processos intermediários devido ao alto grau de complexidade das ferramentas e operações que requerem tolerâncias dimensionais apertadas e acabamento superficial adequado. Os problemas de usinabilidade basicamente são divididos em três campos: melhoria do aço por fatores metalúrgicos; aprimoramento das técnicas de usinagem e desenvolvimento dos materiais das ferramentas para usinagem. Este trabalho tem como objetivo estudar o processo de usinagem de furação do aço SAE 4140, explorando os limites de utilização de brocas inteiriças de metal duro revestido, de 4,6 mm de diâmetro. Durante os ensaios serão observados os tipos de avarias e desgastes das ferramentas, o tipo de cavaco formado, a variação dimensional e a rugosidade dos furos produzidos nos corpos de prova. A execução do trabalho consiste na avaliação dos tempos de vida das ferramentas e na qualidade dos furos usinados, gerados pelos experimentos com os diferentes tipos de afiação e características construtivas das brocas. Os resultados buscarão identificar a melhor condição de geometria de ponta e demais aspectos de afiação para a usinagem do aço, visando uma boa condição de produtividade e custo baixo. A redação do trabalho estará estruturada da seguinte forma: capítulo 1, uma breve explanação geral; no capítulo 2 os objetivos e justificativas que motivaram a execução do trabalho. 2 No capítulo 3, será mostrada uma fundamentação teórica sobre aspectos gerais de usinagem e ferramentas de corte. O capítulo 4 mostrará a metodologia empregada, juntamente com os resultados da caracterização dos materiais e equipamentos utilizados. O capítulo 5 mostrará os resultados, capítulo 6 as conclusões e o capítulo 7 as sugestões para trabalhos futuros. 1.1 IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA O corpo de prova a ser usinado está apresentado na figura 1, onde pode ser visualizado o “blank” de 200 mm de diâmetro por 40 mm de espessura. Em cada face serão realizados 400 furos cegos de 4,6 mm de diâmetro e 18 mm de profundidade em cada face da peça (2 faces), onde os parâmetros de corte e ferramental a ser utilizado serão explanados na seção de Ensaio Preliminar. Figura 1 – Corpo de prova FACE Fonte: o Autor. 3 2 OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA 2.1 Objetivo geral Avaliar a melhor categoria de afiação, para usinar o aço SAE 4140, no processo de furação, visando identificar a condição que forneça o maior tempo de vida respeitando a qualidade dimensional requerida. O objetivo final é reduzir o custo e aumentar a produtividade. 2.2 Objetivos específicos Analisar três diferentes tipos de geometrias de afiação de ponta de broca que passam a ser denominadas por afiação “A” 1, afiação “B” 2 e afiação 3 “C” . Estes três tipos de afiação são referenciados aos fornecedores que detém a tecnologia de afiação. Para o estudo, os seguintes fatores de resposta da usinagem serão avaliados: desgaste nas guias, forma do cavaco, nível de rebarba e tolerâncias dimensionais conforme apresentados a seguir: Desgaste Em determinados comprimentos (ou números de furos) será analisado, o nível de desgaste prejudicial ao revestimento, que conseqüentemente, pode atingir o substrato da ferramenta. Forma do cavaco Em função do desgaste da broca, existe uma mudança da forma do cavaco, o qual contribui na deformação das paredes do furo, visto que o atrito do cavaco com a superfície de saída da broca aumenta o desgaste. Nível de rebarba Será estabelecido um critério para avaliar a remoção da rebarba após a usinagem, este critério auxiliará em determinar o fim da vida da ferramenta. 1 – Afiação Tipo “A”, desenvolvida pelo fabricante Sumitomo; 2 – Afiação Tipo “B” , desenvolvida pelo fabricante Mitsubishi; 3 – Afiação Tipo “C”, desenvolvida pelo fabricante Kennametal Hertel. 4 Tolerâncias dimensionais da peça usinada Os diâmetros dos furos serão mensurados e avaliados para se obter uma definição de desgaste x qualidade dimensional. 2.3 Justificativa Os problemas de baixa produtividade muitas vezes são gerados por quebras de ferramentas e conseqüente alto custo de produção. Para combater a quebra da ferramenta ocasionadas por variáveis inerentes ao processo de controle, por exemplo, um aumento de dureza significativo em determinado lote a ser produzido são necessárias soluções rápidas envolvendo mudanças de geometrias de afiação, parâmetros de corte, revestimento e etc. É necessário estabelecer uma condição segura para as ferramentas de corte, para que as mesmas, permitam uma operação estável frente às condições de contorno do processo adotado. O desgaste é o fator limitador do grau de utilização das ferramentas de corte. A aresta da ferramenta se desgasta com maior intensidade na face de saída e no flanco, sendo este dependente da forma e da duração da solicitação térmica, mecânica e química da região de corte. Um motivo essencial para o desgaste está na combinação de altas temperaturas de usinagem e fortes carregamentos mecânicos que podem ser minimizados com estudo das geometrias de ponta. 5 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Esta revisão será focada no processo de usinagem de furação e demais conceitos utilizados neste trabalho, para o correto emprego da teoria de usinagem junto à metodologia e testes práticos executados. 3.1 Processos de usinagem A Figura 2 mostra a classificação dos processos de fabricação, destacando a USINAGEM e a FURAÇÃO, foco deste trabalho. Segundo FERRARESI (1990), uma definição abrangente de usinagem é a seguinte: “Operação que ao conferir à peça, forma, ou dimensões ou acabamento, ou ainda uma combinação qualquer destes três itens, produz cavaco”. Figura 2 - Classificação dos processos de fabricação. • Convencional • COM remoção de cavaco • USINAGEM • Não-Convencional Processos de Fabricação • • • • • • • • • Torneamento Fresamento Furação Aplainamento Mandrilamento Serramento Brochamento Roscamento Retificação etc...... • • • • • • • • • • • Jato d’água Jato abrasivo Fluxo abrasivo Ultrasom Eletroquímica Eletroerosão Feixe de elétrons Laser Plasma Química Fotoquímica etc...... • Fundição • Soldagem • Metalurgia do pó • SEM remoção de cavaco • Conformação • • • • • Laminação Extrusão Trefilação Forjamento Estampagem Fonte: FERRARESI, D. (1990). Fundamentos da Usinagem dos Metais 6 3.2 Furação Segundo TRENT (2000), a furação envolve a criação de cilindros circulares. Este processo é comumente executado com uma ferramenta helicoidal. A figura 3 abaixo ilustra a seção de um furo sendo usinado por uma ferramenta helicoidal comum. Figura 3 – Operação de furação Fonte: CIMM Os cavacos percorrem os canais até serem expulsos completamente do furo usinado, a utilização de refrigeração facilita o transporte do cavaco para a área externa do furo. Segundo Trent, em uma operação de furação, necessariamente: - os cavacos devem sair do furo criado pelo corte; - a saída de cavacos pode causar problemas quando os cavacos são espessos e contínuos. 3.3 Materiais para ferramentas de corte As pesquisas e desenvolvimentos na área de materiais para ferramentas de corte buscam continuamente descobrir novos materiais e melhorar as características dos já existentes, conforme STEMMER (1993). 7 Estas características são físicas, mecânicas e geométricas, como: elevada dureza a frio e a quente, tenacidade e resistência ao desgaste. Dos materiais utilizados para a fabricação de ferramentas de corte, muitas vezes, o que se sobressai em uma determinada propriedade é inferior nas outras, o que torna necessário buscar um equilíbrio entre as propriedades de uma ferramenta. As características da ferramenta escolhida influenciarão nas trocas de ferramentas, escolhas das máquinas, tempos de fabricação, custo do operador, entre outros fatores (STEMMER, 1993). Os materiais para ferramentas mais utilizados nas operações de usinagem não apresentam uma classificação geral. STEMMER (1993) classifica os materiais na seguinte ordem: - aços-ferramentas, - aços-rápidos; - metal-duro; - cerâmica de corte; - nitreto de boro cúbico, - diamante. Na escolha do material para ferramenta, alguns fatores devem ser ponderados: - material a ser usinado; - processo de usinagem; - condição da máquina-ferramenta; - forma e dimensões da ferramenta; - custo do material da ferramenta; - condições da operação. Na usinagem do aço SAE 4140, três tipos de materiais são largamente usados para fabricar ferramentas de corte. São eles: o metal-duro, cerâmica e aço rápido. Todos os três apresentam tempos de vida maiores quando comparados com os outros tipos de materiais para ferramenta, utilizando maiores velocidades de corte, avanço e profundidade de corte. Será dada uma ênfase à ferramenta de metal duro, pelo fato de que este material está mais presente nas indústrias automobilísticas e por ser definido no escopo dos testes e análise de performance. 8 Metal-duro O metal-duro é um produto obtido por meio da metalurgia do pó, constituído por partículas duras (carbonetos) e um ligante sinterizado. O ligante tem como função constituir a ligação dos carbonetos frágeis, obtendo um corpo resistente. Já os carbonetos fornecem a alta dureza a quente, resistência ao desgaste e à compressão. O metal-duro tem como constituição básica carbonetos de tungstênio e de cobalto (WC-Co), onde o WC é a parte com elevada dureza e o Co é o ligante (STEMMER, 1993). A Figura 4 (CIMM, 2006) mostra uma microestrutura básica do metal duro. Figura 4 - Microestrutura Fonte: Centro de Informação Metal Mecânica. A classificação, segundo STEMMER (1993), do metal-duro convencional é feita pela norma ISO–513-1975, sendo dividido em três grupos convencionais: P, M e K, conforme sua aplicação na usinagem, sendo que a classe P é utilizada para a usinagem de materiais dúcteis de cavaco contínuo, no qual o Aço SAE 4140 se encontra. Procurando melhorar as propriedades físicas e mecânicas desses grupos convencionais, foram desenvolvidos metais-duros com a adição de elemento de liga, cujo objetivo foi obter uma melhoria significativa da durabilidade da ferramenta. 9 3.4 Brocas As brocas são as ferramentas de abertura de furos. Possuem de 2 até 4 arestas de corte e sulcos helicoidais por onde corre o cavaco. O ângulo da ponta varia de 90º à 150º de acordo com a dureza do material a furar, sendo o ângulo de 120º o mais comum de se encontrar. Os elementos de uma broca estão destacados na figura 5. Figura 5 – Denominação dos elementos de uma broca helicoidal 1 Comprimento da ponta 12 Superfície de saída 2 Comprimento utilizado 13 Largura da sup. sec. de folga 3 Comprimento do canal 14 Diâmetro da sup. sec. de folga 4 Comprimento da haste 15 Guia 5 Comprimento do rebaixo 16 Aresta transversal 6 Comprimento total 17 Diâmetro da broca 7 Superfície de folga 18 Quina 8 Ponta de corte 19 Canal 9 Largura da guia 20 Espessura do canal 10 Aresta secundária 21 Superfície secundária de folga 11 Aresta principal de corte α Ângulo da ponta ψ Ângulo da Aresta Transversal Fonte: ABNT NBR 6176 10 3.4.1 Geometrias de Broca A broca helicoidal, como ferramenta, é normatizada de acordo com suas características construtivas e geométricas. Em função das suas características construtivas e aplicação na usinagem dos materiais, as brocas helicoidais possuem três tipos de hélice normatizados (DIN 1836, 1962; ABNT PB-286, 1977): • tipo W: de passo curto, recomendado para materiais que formam cavacos longos, tais como ligas de alumínio, magnésio, etc; • tipo N: de passo normal, recomendado para materiais mais comuns, como aços, ferros fundidos, e materiais similares; • tipo H: de passo longo, recomendado para materiais que formam cavacos curtos, tais como ligas de cobre, ligas de zinco, borracha dura, baquelite e certos materiais plásticos. A geometria das brocas helicoidais é controlada segundo a normalização adotada para tal (NB - 205, 1989). Para a descrição dos ângulos empregados numa análise de brocas helicoidais, tratadas neste estudo, faz-se necessário a conceituação de alguns termos, conforme apresentado na Figura 6: • parte de corte: parte ativa da ferramenta formada pelas cunhas de corte com as respectivas arestas de corte; • cunha de corte: é a cunha da ferramenta formada pela intersecção das superfícies de saída e de folga. Através do movimento relativo entre a peça e a ferramenta, formam-se os cavacos sobre a cunha de corte; • superfície de saída (Aγ): é a superfície da cunha de corte, sobre a qual o cavaco é formado e sobre a qual o cavaco escoa durante sua saída da região do trabalho de usinagem; • superfície principal de folga (Aα): é a superfície da cunha de corte da ferramenta que contém a aresta principal de corte e que defronta com a superfície em usinagem; • superfície secundária de folga (A’α): é a superfície da cunha de corte da ferramenta que contém a sua aresta de corte secundária principal e que defronta com a superfície em usinagem secundária; 11 • aresta principal de corte (S): é a aresta da cunha de corte formada pela intersecção das superfícies de saída e de folga principal. Gera na peça a superfície principal de usinagem; • aresta secundária de corte (S’): é a aresta da cunha de corte observada formada pela intersecção das superfícies de saída e de folga secundária; • ponta de corte: parte relativamente pequena da cunha de corte onde se encontram as arestas, principal e secundária de corte. A ponta de corte pode ser a intersecção das arestas, ou a concordância das duas arestas através de um arredondamento, ou o encontro das duas arestas através de um chanfro (Diniz et al., 1999). Figura 6 – Arestas e superfícies de corte da broca helicoidal. Aresta transversal Aresta principal de corte S Superfície secundária de folga A’α Superfície principal de folga Aα Superfície secundária de folga A’α Superfície de saída Aγ Aresta secundária de corte S’ Ponta de corte Superfície principal de folga Aα Aresta principal de corte S Direção de avanço Fonte: Diniz et. al. 12 3.4.2 Perfis Transversais O primeiro grupo, conforme figura 7, contém os perfis clássicos desenvolvidos ao longo de vários anos e que já são normalizados (DIN 1412, 1966; DIN 1414, 1977; DIN 1836, 1962). Verifica-se que a seção transversal compreende entre 35% e 45% da seção total do círculo (Diniz, et, al). Para aumento da resistência da broca são aumentados: o diâmetro do núcleo e o diâmetro da superfície secundária de folga (tipo 6). Para melhorar a refrigeração na ponta da broca, este tipo de perfil comporta canais de refrigeração (tipo 2). Figura 7 – Perfis transversais das brocas. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Fonte: Diniz et. al. (modificado). 13 O perfil II surge através de desenvolvimentos realizados a partir dos perfis do tipo I. Algumas características observadas nestes perfis são: - uma guia arredondada, fazendo com que praticamente não seja mais possível determinar-se o diâmetro da superfície secundária de folga; - uma guia bastante delgada, fazendo com que o atrito entre a guia e a parede do furo seja diminuído. O aumento do núcleo depende da utilização. Na furação de materiais com baixa resistência à tração, o núcleo não precisa ser aumentado (Tipo 10). As brocas com estes perfis possuem ângulos de ponta variando entre 125° e 130° e ângulo de hélice > 35°. Normalmente se empregam estes perfis com afiação do tipo cruzada. O perfil III foi desenvolvido para furações difíceis. Como características deste tipo de perfil têm-se: - perfil limitado por curvas aproximadamente paralelas entre si; - uma guia extremamente delgada, diminuindo o atrito entre a guia e a parede do furo. Estes perfis (Perfil III) são adequados para furações com comprimentos acima de 5d, em função da sua elevada estabilidade. O ângulo de saída é, normalmente, mais elevado do que nas brocas normalizadas do tipo N, com ângulo de ponta em torno de 125 a 130° e ângulo de hélice entre 30° e 45° (Diniz et al.). Tipos de afiação de ponta e sua justificativa de realização: a) afiação do gume transversal - Uma das razões é que o gume transversal é responsável por 30 a 65% da força de avanço. Devido às sucessivas reafiações, o gume transversal aumenta e a broca fica mais curta. Isto acontece porque para aumentar a rigidez torcional da broca, os fabricantes aumentam o diâmetro do núcleo (alma) da broca em direção à haste. Tendo em vista reduzir a força de avanço, retifica-se uma reentrância na ponta da broca, o que reduz o gume transversal. 14 b) correção do ângulo de saída com afinação do gume transversal - Retificase uma canaleta que, ao mesmo tempo, corrige o ângulo de saída da broca no centro e afina o gume principal, o que realiza uma melhora significativa nas condições de corte. c) afiação cruzada - Nesta operação, retifica-se um plano inclinado nas superfícies de incidência, ou seja, nos flancos. Elimina-se assim parcial ou totalmente o gume transversal. No lugar do gume transversal, surgem dois novos gumes principais que fazem um ângulo menor que 90º com o eixo principal. Isto provoca um efeito centrante na broca. Usa-se esta operação em brocas destinadas a realizar furos profundos. d) afiação de ponta secundária - Além da ponta principal, como o ângulo de 118º, realiza-se a retificação de uma segunda ponta, com ângulo entre 80 e 90º. Reduz-se assim o perigo de sobre-aquecimento na parte mais externa dos gumes, uma vez que nestes pontos a velocidade de corte é máxima. 3.4.3 Desgaste das ferramentas de corte Os desgastes na ferramenta de corte podem ocorrer de forma isolada e/ou superposta em decorrência de solicitações térmicas, mecânicas e químicas. Como fatores principais do desgaste, ver figura 26, STEMMER (1993) cita: Abrasão O atrito de partículas duras do material da peça e pela temperatura gerada no corte diminui a dureza da ferramenta. Isto gera o desgaste frontal na superfície de folga, proveniente do atrito da ferramenta com a peça (elemento rígido) e o desgaste de cratera, na superfície de saída da ferramenta que atrita com o cavaco (elemento flexível). 15 Aderência Quando duas superfícies metálicas são postas em contato sob cargas moderadas, baixas temperaturas e baixas velocidades de corte é formado um extrato metálico que provoca aderência. Na tentativa de separar as superfícies, ocorre ruptura em um dos metais e não na superfície de contato. Assim, partículas da superfície de um metal migram para a superfície do outro. O fenômeno da aderência está presente na formação da aresta postiça de corte, e no desgaste de entalhe. Difusão A difusão no estado sólido consiste na transferência de átomos do material da ferramenta no material usinado e vice-versa. Depende da temperatura, da duração do contato e da afinidade química dos dois metais envolvidos, fazendo com que os átomos possam mover-se livremente através da interface. O desgaste excessivo por difusão é motivo para a não-utilização de ferramentas de diamante na usinagem de aços, devido à alta afinidade química entre o carbono do diamante e o ferro presente no aço. Este mecanismo apresenta-se mais sensível na operação de torneamento, devido ao tempo de contato entre material da peça, cavaco e ferramenta em elevadas temperaturas. Oxidação Altas temperaturas e a presença de ar ocasionam oxidação para muitos materiais. Alguns óxidos como óxido de alumínio são muito mais resistentes e duros. Este mecanismo possui uma forte influência no processo de desgaste de entalhe no flanco da ferramenta, devido ao contato com o ar nesta interface entre o ambiente e zona de corte do material. Fadiga superficial (térmica ou mecânica - pitting) Este mecanismo é normalmente causado pelos ciclos termo-mecânicos presentes nos processos de corte intermitente do material. No início da penetração da aresta na peça ocorre um aquecimento brutal da mesma. 16 Isto ocorre devido à absorção da energia dissipada pelo material cortado e pelo atrito com o cavaco gerado. Contudo, na saída da aresta da peça ocorre uma redução acentuada da temperatura da mesma, devido ao alívio das pressões de corte e o subseqüente contato com o meio ambiente. Assim, as flutuações de temperatura que ocorrem na aresta da ferramenta, juntamente com a carga e descarga dos esforços de usinagem, conduzem para o surgimento de microtrincas na aresta da ferramenta. Estas microtrincas provocam o aparecimento de sulcos no flanco principal e na face de saída da ferramenta. Todavia, a fadiga mecânica também pode ocorrer devido às excessivas forças de usinagem geradas no corte de materiais muito duros. Neste caso, a deformação plástica da aresta de corte é dominante. Basicamente os mecanismos de desgaste possuem um comportamento de acordo com a condição de usinagem empregada, ver figura 8. O mecanismo de abrasão ocorre em toda a faixa de temperatura à qual é submetida uma ferramenta de corte. A adesão se limita a velocidades de corte baixas, ao passo que mecanismos de difusão e oxidação só ocorrem de forma acentuada para velocidades de corte elevadas. Figura 8 – Causas do desgaste na usinagem. Difusão Def. plástica Adesão Oxidação Temperatura de corte Fonte: FERRARESI, D. (1990). Fundamentos da Usinagem dos Metais 17 Na furação com brocas helicoidais, os esforços de usinagem estão ligados à geometria da broca e às condições de corte do processo (avanço, velocidade de corte e rigidez do conjunto peça / máquina ferramenta). Estes mecanismos levam a uma série de desgastes, como o de flanco e de cratera, que serão explicados a seguir: a) desgaste de flanco: Este tipo de desgaste decorre do atrito entre a peça e a ferramenta. O desgaste de flanco não pode ser evitado, contudo pode ser minimizado pela correta escolha das condições de corte, material e geometria da ferramenta. A largura ou altura da marca de desgaste é mostrada no esquema da Figura 9. Este desgaste determina o grau de comprometimento da ferramenta para continuar ou não a usinagem. b) desgaste de cratera: É o tipo de desgaste que ocorre devido ao atrito do cavaco com a face da ferramenta. Este atrito remove material e forma uma cratera, caracterizada pela sua profundidade KT e pela distância KM medida da posição do gume até o centro da cratera, conforme a Figura 9. Quando o desgaste aumenta muito se encontrando com o desgaste no flanco, ocorre a quebra da ferramenta. Para as ferramentas dos experimentos, serão analisados os seguintes tipos de desgaste, visualizar figura 9. Figura 9 – Tipos de desgaste Desgaste da ponta de corte Desgaste da aresta transversal Fonte: Diniz et. Al. Desgaste de flanco Desgaste de cratera Lascamento da aresta de corte Desgaste nas guias 18 3.5 Cavaco A forma e tamanho dos cavacos, bem como a maneira com que se forma o mesmo, têm uma importância predominante principalmente em processos que apresentem um volume de espaço reduzido para armazenamento do cavaco como o foco deste trabalho, a furação, devido ao pequeno espaço disponível para o trabalho e ao grande volume de cavaco gerado. Segundo TRENT (2000), as principais influências sobre a formação de cavaco são as condições de corte e a geometria da ferramenta. A quebra adequada do cavaco pode ser obtida pela diminuição da deformabilidade do material da peça ou pelo aumento da deformação do cavaco. Como a capacidade de deformação do material é dependente da temperatura na região de corte, uma redução da velocidade de corte ou a refrigeração da região de corte levam a cavacos mais quebradiços. De importância maior, no entanto, é o aumento do grau de deformação por um maior curvamento do cavaco. Para isto deve-se reduzir o ângulo de saída (variações do tipo de afiação) ou empregar-se um quebra-cavaco. Os cavacos podem ser classificados em três principais tipos: cavaco tipo fita, tipo segmentado e tipo vírgula. A seguir, serão descritos algumas características destes três tipos. • cavaco tipo fita: ver figura 10. Este cavaco dificulta a furação, pois o mesmo ocupa muito espaço e é difícil de ser transportado. Este cavaco fica preso às paredes do furo gerando atrito e deformação no material e na broca. Figura 10 – Cavaco tipo fita. Fonte: o Autor. 19 • cavaco tipo segmentado: ver figura 11. Este cavaco provoca atrito para a furação, porém é pouco influenciável na deformação do furo. É prejudicial à broca, pois em algumas condições de corte, ocorre um superaquecimento do cavaco e atinge a cobertura da ferramenta. Figura 11 – Cavaco tipo segmentado. Fonte: o Autor. • cavaco tipo vírgula: ver figura 12. Este cavaco provoca muito pouco atrito para a furação, é a condição ideal para o produto usinado e o ataque à cobertura e o substrato da broca. Figura 12 – Cavaco tipo Vírgula. Fonte: o Autor. 20 4 ENSAIO PRELIMINAR Esta etapa tem como objetivo definir o escopo dos testes, parâmetros de processo e demais características que serão necessárias ao trabalho de análise das geometrias de afiação A, B e C do procedimento experimental. 4.1 Material Nos corpos de prova de furação será utilizado o aço SAE 4140. A composição química do material utilizado está descrita nos certificados de qualidade 615 – 0/ 1999 do 27/01/1999 do fornecedor 4 e transcritas na tabela 1. Tabela 1 – Composição química da liga SAE 4140. Norma SAE 4140 C [%] Mn [%] P máx [%] S máx [%] Si [%] Cr [%] Mo [%] 0,38–0,43 0,75–1,00 0,03 0,04 0,15–0,35 0,8–1,10 0,15–0,25 Fonte: o Autor. Os furos serão dispostos em linhas circulares concêntricas ao diâmetro do corpo de prova, ver figura 13. O material tem dimensão de 40 mm de espessura por 200 mm de diâmetro. Serão executados 400 furos cegos por corpo de prova, com profundidade de 18 mm e diâmetro de 4,6mm. aproveitadas. Figura 13 – Corpo de prova. Fonte: o Autor 4 – Siderúrgica e Metalúrgica Aços Villares As duas faces serão 21 4.2 Ferramenta de Corte e Porta Ferramenta A ferramenta utilizada será a broca inteiriça de metal-duro P40, com diâmetro nominal de 4,6 mm, conforme norma DIN 6537 K para a haste e cobertura Tinal Futura 5. A utilização da broca escolhida indicada no catálogo é para usinagem de aços e materiais fundidos de até 1300 N/mm² de resistência à tração. O tipo de afiação escolhido para o ensaio preliminar foi a afiação tipo “A”, por haver uma maior disponibilidade desta ferramenta. As demais afiações serão testadas e analisadas no procedimento experimental. O sistema de fixação da ferramenta no centro de usinagem utilizado é o cone ISO-40 com porta pinça de diâmetro 6 mm (haste da broca), ambos podem ser visualizados na figura 14. Figura 14 – Porta ferramenta e pinça. Fonte: o Autor. 4.3 Máquina-Ferramenta e Fixação da Peça Os ensaios de furação, foram realizados em um centro de usinagem vertical CNC modelo Discovery 760 6, comando 840D 7, instalado no laboratório de pesquisa e ensino de usinagem do Curso de Engenharia Mecânica do Centro Universitário Positivo. A Figura 15 ilustra o equipamento. 5 – Nomenclatura da Cobertura da ferramenta utilizada proveniente da empresa Balzers; 6 – Indústria de Máquinas ROMI S.A.; 7 – Modelo do Comando Numérico da Empresa Siemens. 22 Figura 15 – Centro de usinagem. Fonte: o Autor. O centro de usinagem vertical utilizado tem três eixos acionados por servo-motores independentes e possibilita a variação contínua de rotação da árvore, podendo atingir um máximo de 6.000 rpm com potência no motor principal de 11 kW (15cv). A fixação dos corpos de prova se dá por meio de laxas que são fixadas junto à mesa CNC com o auxílio de calços para adequação da altura de fixação, como pode ser visto na figura 16. Figura 16 – Fixação dos corpos de prova. Fonte: o Autor. 23 Escopo do Ensaio Preliminar Um resumo dos ensaios pode ser visualizado conforme segue. Figura 17 – Escopo dos ensaios. Com ou sem fluido de corte Testes de usinagem (furação) com Variação de dureza HRC Afiação A Variação dos parâmetros de corte - rotação; - avanço. Utilização ou não do processo “pica-pau”. Material usinado Aço SAE 4140 Quantidade de furos produzidos Análise das formas / mecanismos de desgaste (Microscopia óptica) - ponta da broca - guia cilíndrica - superfície de folga e de saída Resultados / Contribuição - definição de parâmetros para o procedimento experimental Fonte: o Autor. 4.4 Processo Os ensaios foram iniciados seguindo as recomendações do fabricante com os parâmetros de corte, apresentados no anexo 1. 24 Primeiro Ensaio - Parâmetros recomendados pelo fabricante. Características: rotação: 5.400 rpm (Velocidade de Corte = 78m/min); avanço: 0,15 mm/rot; pica-pau 8: 6 ; material: Aço SAE4140 com 15,5 HRC de Dureza; refrigeração: Externa com óleo solúvel. Resultado: Após a usinagem de 200 furos não houve sinal de desgaste na ponta e nem nos flancos da broca Segundo Ensaio – Aumento dos parâmetros para estimular desgaste na broca. Características: rotação: 5.800 rpm (Velocidade de Corte = 84m/min); avanço: 0,20 mm/rot; pica-pau: 6; material: Aço SAE4140 com 15,5 HRC de Dureza; refrigeração: Externa com óleo solúvel. Resultado: Após a usinagem de 400 furos (incluindo os 200 furos executados anteriormente) não houve sinal de desgaste da broca. Terceiro Ensaio – Aumento dos parâmetros para o máximo recomendado pelo fabricante. Características: rotação: 6.000 rpm (Velocidade de Corte = 87m/min) – Máxima rotação disponível do Centro de Usinagem; avanço: 0,25 mm/rot; pica-pau: 6; material: Aço SAE4140 com 15,5 HRC de Dureza; refrigeração: Externa com óleo solúvel. Resultado: Após a usinagem de 600 furos (incluindo os 400 furos executados anteriormente) não houve sinal de desgaste da broca. 8 – Processo onde a ferramenta é recuada até a superfície do corpo de prova para extração de cavacos, após a saída, a mesma retorna a 0,3 mm da profundidade anteriormente usinada para a continuação da furação. 25 Quarto Ensaio – Aumento dos parâmetros para estimular o aquecimento e desgaste da broca. Características: rotação: 6.000 rpm; avanço: 0,3 mm/rot; pica-pau: 3 (A broca permanece mais tempo sem troca térmica); material: Aço SAE4140 com 15,5 HRC de Dureza; refrigeração: Externa com óleo solúvel. Resultado: Após a usinagem de 800 furos (incluindo os 600 furos executados anteriormente) não houve sinal de desgaste da broca. Após este ensaio foi decidido reafiar a broca, adquirir mais corpos de prova e aumentar a dureza do material com o tratamento térmico de têmpera e revenimento. Com a elevação da dureza os parâmetros de corte tiveram que ser reduzidos pois com a utilização do parâmetro antigo a ferramenta quebrava no primeiro furo e também conforme orientação do fabricante, ver anexo 1. Quinto Ensaio – Aumento de dureza do material. Características: rotação: 6.000 rpm; avanço: 0,1 mm/rot; pica-pau: 6; material: Aço SAE4140 com 40 HRC de Dureza; refrigeração: Externa com óleo solúvel. Resultado: Após a usinagem de 200 furos não houve sinal de desgaste da broca. Sexto Ensaio – Usinagem de uma maior quantidade de furos. Características: rotação: 6.000 rpm; avanço: 0,1 mm/rot; pica-pau: 6; material: Aço SAE4140 com 40 HRC de Dureza; refrigeração: Externa com óleo solúvel. 26 Resultado: Após a usinagem de 400 furos (incluindo os 200 furos executados anteriormente) não houve sinal de desgaste da broca. Após a conclusão do sexto ensaio foi decidido executar a furação do corpo de prova sem a utilização de refrigeração para a ferramenta. Sétimo Ensaio – Usinagem a seco. Características: rotação: 6.000 rpm; avanço: 0,1 mm/rot; pica-pau: 6; material: Aço SAE4140 com 40 HRC de Dureza; refrigeração: Nenhuma. Resultado: Após a usinagem de 26 furos houve quebra da broca, percebeu-se que os cavacos não saíram do canal helicoidal da broca e “estrangularam” a mesma gerando sua conseqüente quebra. Na prática, a usinagem de furação a seco não é recomendada, pois há um aumento no ciclo de furação para extração de cavaco (processo pica-pau). A temperatura da ferramenta também se eleva muito, prejudicando a vida da cobertura da broca. Oitavo Ensaio – Usinagem a seco com melhor saída de cavaco. Características: rotação: 6.000 rpm (Velocidade de Corte = 87m/min); avanço: 0,1 mm/rot; pica-pau: 18 (a cada milímetro perfurado a broca afasta-se do furo para extrair o cavaco); material: Aço SAE4140 com 40 HRC de Dureza; refrigeração: Nenhuma. Resultado: Após a usinagem de 200 furos houve sinal de desgaste, a cobertura estava afetada, porém não houve nenhum impacto no substrato da broca. 27 Nono Ensaio – Usinagem a seco com maior quantidade de furos. Características: rotação: 6.000 rpm (Velocidade de Corte = 87m/min); avanço: 0,1 mm/rot; pica-pau: 18 material: Aço SAE4140 com 40 HRC de Dureza; refrigeração: Nenhuma. Resultado: Após a usinagem de 400 furos houve sinal de desgaste, o resultado foi mensurável. Após o término do último ensaio, chegou-se à definição dos parâmetros e características do processo a ser empregado no procedimento experimental. 28 5 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Esta etapa tem como objetivo o desenvolvimento de pesquisa e análise de todo o trabalho. Serão colocados em experimentos os três tipos de afiação. O detalhamento de cada tipo de afiação pode ser avaliado conforme segue: Tabela 2 – Comparativo de afiação entre os tipos A, B e C. Característica Ângulo de folga principal Ângulo de folga secundário Fase negativa Ângulo da aresta transversal Afiação “A” Afiação “B” Afiação “C” 8° 12° 8° 20° 20° Não tem Chanfro 0,125 x 15° Chanfro 0,075 x 15° Raio 0,035 136° 134° 136° Fonte: o Autor. Ainda de forma comparativa segue abaixo a ilustração da geometria de ponta das afiações A, B e C, e o perfil conforme figuras 18 e 19. Figura 18 – Fotos das geometrias de ponta. Tipo “A” Tipo “B” Tipo “C” Fonte: o Autor. Figura 19 – Fotos dos perfis. Tipo “A” Fonte: o Autor. Tipo “B” Tipo “C” 29 Afiação Tipo “A” Este tipo de afiação caracteriza-se por uma afiação em cruz sobre o gume transversal, eliminando completamente o gume transversal. O efeito de esmagamento do gume transversal é eliminado por duas partes cortantes na região do gume transversal e, com isso, obtém-se características de corte melhoradas com a broca. A afiação pode ser verificada detalhadamente nas figuras 20 e 21. Figura 20 – Perfil da broca na afiação tipo “A”. Fonte: o Autor Figura 21 – Afiação de ponta e perfil transversal: tipo “A”. Fonte: o Autor. 30 Afiação Tipo “B” Esta afiação caracteriza-se por uma redução do gume transversal e o ângulo de saída corrigido, o que leva a uma estabilidade bastante grande da cunha sem dificultar o transporte de cavaco por diminuição do ângulo de hélice da broca. As principais características desta afiação podem ser visualizadas conforme figura 22 e 23. Figura 22 – Perfil da broca na afiação tipo “B”. Fonte: o Autor Figura 23 – Afiação de ponta e perfil transversal: tipo “B”. Fonte: o Autor 31 Afiação Tipo “C” Esta afiação caracteriza-se por um pequeno cone de centragem. Após a penetração total do cone as duas parcelas do gume principal cortantes atingem simultaneamente a superfície a ser cortada em todo o seu comprimento. Com isso, as quinas se apóiam sobre a parede do furo já no início da furação. A capacidade de centragem é bastante alta, visto que, o cone de centragem permite uma primeira guia. Detalhes podem ser observados nas figuras 24 e 25. Figura 24 – Perfil da broca na afiação tipo “C”. Fonte: o Autor Figura 25 – Afiação de ponta e perfil transversal: tipo “C”. Fonte: o Autor 32 Escopo do Procedimento Experimental Um resumo dos experimentos pode ser visualizado conforme segue. Figura 26 – Escopo dos experimentos. Sem fluido de corte. Dureza 40 HRC. Material Usinado Aço SAE 4140. Testes de usinagem (furação) com: - afiação A; - afiação B; - afiação C. Parâmetros de corte - rotação 6000 rpm; - avanço 0,1mm/rot. Processo pica-pau - 18 vezes. Quantidade de furos produzidos Análise das formas / mecanismos de desgaste (Microscopia óptica) - ponta da broca - guia cilíndrica - superfície de folga e de saída Resultados / Contribuição - Elaboração de gráficos de desgaste; - Simulação de condição otimizada. Fonte: o Autor 5.1 Metrologia Microscópio As medições de desgaste no gume principal e secundário da broca serão realizadas com o auxilio de um microscópio óptico, conforme figura 27, com capacidade de ampliação de 20 vezes. 33 Figura 27 – Microscópio óptico. Fonte: o Autor. O desgaste do gume principal “Vb” e “Vc” serão medidos com o auxílio de um suporte executado em centro de usinagem, o qual garantirá a mesma inclinação e repetibilidade para os diferentes tipos de afiação, conforme figura 28. Figura 28 – Medição de desgaste do gume principal. Vc Vb Fonte: o Autor. 34 O desgaste do gume “Mw” secundário será medido com o auxílio de um prisma e um parafuso que fixa a broca contra o apoio, conforme figura 29. Figura 29 – Medição de desgaste do gume secundário. Mw Fonte: o Autor. A medição de desgaste será executada de forma indireta, ou seja, não será efetuado por análise das escalas do microscópio óptico por motivo haver grande possibilidade de uma leitura incorreta. Para evitar este tipo de problema são utilizados relógios comparadores, ver figura 30, com resolução em micrometro para uma maior confiabilidade na comparação dos resultados entre as afiações. Figura 30 – Relógio comparador. Relógio Comparador Fonte: o Autor. Escala 35 Súbito e Calibrador Passa-Não Passa A medição do diâmetro dos furos foi realizada com um instrumento para inspeção manual em ambientes industriais. O súbito tem resolução 0,005 mm para as medições. O equipamento foi ajustado utilizando um padrão de diâmetro 4,65 mm a cada 50 medições. O valor mensurado foi obtido em 3 profundidades do comprimento total do furo, 5, 10 e 15 mm. A conferência dos diâmetros foi analisada com calibrador passa ou não passa de dimensões 4,55 min 4,65 máx. Esta medição foi realizada para detectar anomalias não identificadas de outra forma. Rugosímetro A rugosidade da parede dos furos foi obtida através de um rugosímetro portátil. O corpo de prova sofreu um corte transversal, após a usinagem dos 400 furos para análise de rugosidade a cada 50 furos. Foi analisado o parâmetro de rugosidade “Rz” que é tomado da distância entre o pico mais alto e o vale mais profundo da linha principal. A quantificação do valor da rugosidade foi feita pela média de três rugosidades medidas a aproximadamente na metade da profundidade do furo. 5.2 Demais fatores de resposta Nível de rebarba O critério de rebarba foi estabelecido pela comparação entres os experimentos com os três tipos de afiação, tendo sua medição sendo executada da seguinte maneira: - foi colocado um relógio comparador no eixo árvore da máquina e com o movimento dos eixos do centro de usinagem foi executada a leitura da altura da rebarba diretamente no relógio; - a medição foi feita a cada 90° em cada furo. 36 Forma do Cavaco Os cavacos foram coletados conforme freqüência de medição dos diâmetros, ou seja, a cada 50 furos. Para isto o critério de avaliação dos cavacos foi estabelecido da seguinte forma: • cavaco ruim: tipo fita; Recebeu um índice igual a “0”, • cavaco intermediário: tipo segmentado. Recebeu um índice igual a “5”. • cavaco bom: tipo vírgula Recebeu um índice igual a “10”. Estes índices somente serviram somente para computar os valores em tabelas para gerar os gráficos de comparação. 37 6 RESULTADOS E CONCLUSÕES Neste capítulo são apresentados os resultados provenientes do procedimento experimental. Os ensaios preliminares formaram a estrutura e deram embasamento técnico para o procedimento experimental, porém também contribuíram para os resultados e conclusões finais. 6.1 Ensaios preliminares Desconhecendo-se parâmetros de corte de experiências de usinagem realizadas sem fluido de corte para material e ferramenta similares aos utilizados, foram adotadas como referência para os ensaios preliminares as indicações fornecidas no catálogo do fabricante da ferramenta, esse recomenda as condições de corte para o material escolhido e usinagem com óleo solúvel, conforme anexo 1. Os corpos de prova descritos no capítulo 4, antes de serem submetidos às operações de furação, tiveram suas faces fresadas para garantir o paralelismo necessário e baixa rugosidade para a entrada da broca (necessário para furação em cheio). A afiação do tipo “A” foi escolhida para os ensaios, por haver um maior número de brocas disponível para os testes. Os ensaios de furação foram realizados e após o nono experimento verificou-se a existência de desgaste na broca passível de medição (arestas de corte). A tabela com o resumo de cada experimento preliminar é apresentada a seguir. 38 Tabela 3 – Resumo dos ensaios preliminares. Ensaio Rotação [rpm] Avanço [mm/rot] PicaPau Dureza [HRC] Refrig. Comentários 1° 5.400 0,15 6 15,5 Com 200: Sem sinal de desgaste. 2° 5.800 0,2 6 15,5 Com 400: Sem sinal de desgaste. 3° 6.000 0,25 6 15,5 Com 600: Sem sinal de desgaste. 4° 6.000 0,3 3 15,5 Com 800: Sem sinal de desgaste. 5° 6.000 0,1 6 40 Com 200: Sem sinal de desgaste. 6° 6.000 0,1 6 40 Com 400: Sem sinal de desgaste. 7° 6.000 0,1 6 40 Sem 26: Quebra da broca. 8° 6.000 0,1 18 40 Sem 200: Revestimento afetado. 9° 6.000 0,1 18 40 Sem 400: Metal-base afetado. Fonte: o Autor. 6.2 Experimentos definitivos Todos os valores que foram coletados durante o procedimento experimental estão apresentados no anexo 2. Esses dados foram utilizados para compor os gráficos de análise de resultados. A estrutura de apresentação dos resultados trará sempre a exposição dos gráficos e logo após a conclusão tirada sobre o mesmo. Deve ser lembrado que a afiação tipo “C” apresentou índices insatisfatórios para análises comparativas, pois em dois experimentos houve quebra da broca com 63 e 34 furos, porém da mesma maneira estes dados foram relacionados. Desgaste – Guias laterais: Mw A figura 31, ilustra o desgaste das guias laterais que são apresentados de forma comparativa entre os tipos de afiação; os valores de desgaste (eixo das ordenadas) são expressos em milímetros. 39 Figura 31 – Gráfico 1. Gráfico de Desgaste das Guias 0,300 Desgaste Vc 0,250 0,200 Seqüência1 Tipo A Seqüência2 Tipo B 0,150 Tipo C Seqüência3 0,100 Mw 0,050 0,000 50 100 150 200 250 300 350 400 Número de Furos Fonte: o Autor. Nas guias laterais não houve diferença significativa, comparando com os demais valores de desgaste (Vb e Vc) entre as afiações testadas. O motivo é que os tipos testados eram brocas novas, e tinham sempre a mesma conicidade de fabricação, ou seja, a variação de afiações de ponta não contribui para o desgaste das guias laterais. Desgaste - Aresta principal de corte: Vb Figura 32 – Gráfico 2. Gráfico de Desgaste de Flanco Vb 0,250 Desgaste Vb 0,200 Seqüência1 Tipo A Seqüência2 Tipo B Tipo C Seqüência3 0,150 0,100 0,050 0,000 50 100 150 200 250 Número de Furos Fonte: o Autor. 300 350 400 V Vb 40 Na análise de desgaste do fator Vb, é percebida uma pequena diferença entre as afiações “A” e “B”, provavelmente pelo fato de diferenças de espessura de filete. A figura abaixo ilustra esta diferença. Na afiação tipo “A” a espessura do filete é dada através de uma distância da reta vermelha ao final do filete representado pela cor verde. E na afiação tipo “B”, a distância da reta em cor azul para a reta em cor amarela. O que pode ser observado na afiação tipo “A” é que a espessura do filete é formada por duas retas deslocadas (vermelho), ou seja, do início de uma aresta de corte para outra há defasagem entre os gumes. Na afiação tipo “B” há uma linha central que passa pelo centro da broca, permitindo uma melhor centragem da broca na situação de corte, porém há risco quando no processo de afiação não haja uma retilinidade destas retas, podendo a retilinidade estar no lado negativo. Isso torna a função de corte um problema, pois a broca não fura com a aresta principal de corte, e sim, com a aresta que tem função de folga. Figura 33 – Espessura de filete. Fonte: o Autor. Enfim, na análise do desgaste Vb, a afiação tipo “A” possui maior área para distribuição do esforço de corte, ou seja, maior tamanho de filete, enquanto a afiação tipo “B” com menor espessura do filete possibilita uma maior nível de desgaste. 41 Desgaste - Aresta principal de corte: Vc Figura 34 – Gráfico 3. Gráfico de Desgaste de Flanco Vc 0,400 0,350 Desgaste Vc 0,300 0,250 Seqüência1 Tipo A 0,200 Seqüência2 Tipo B 0,150 Seqüência3 Tipo C 0,100 0,050 0,000 50 100 150 200 250 300 350 400 Número de Furos Fonte: o Autor. No desgaste Vc, onde houve grande diferença entre a afiação tipo “A” e tipo “B”, deve ser considerado os ângulos de folga conforme figura 35. Figura 35 – Ângulos de folga. Fonte: o Autor. O ângulo de folga primário tem como função reforçar a aresta de corte. Quanto maior o ângulo de folga, mais frágil se torna a aresta de corte, é possível se imaginar um ângulo muito grande, este mesmo tornaria a aresta de corte da broca parecida com uma gilete, ou seja, bastante frágil para resistir todo o esforço de corte. Existe um limite para pequenos ângulos de folga, deve se achar ângulos que não comprometam as outras faces (“costas”) da ferramenta. 42 Dimensional – Diâmetro dos Furos Figura 36 – Gráfico 4. Gráfico de Diâmetro a 5mm da face 4,620 Diâmetro [mm] 4,610 4,600 Tipo A Seqüência1 Tipo B Seqüência2 4,590 Tipo C Seqüência3 4,580 4,570 4,560 50 100 150 200 250 300 350 400 Número de Furos Fonte: o Autor. Os diâmetros mensurados no início do furo (a 5mm da face da peça) apresentaram-se com uma tendência normal até o 200° furo. Após os duzentos furos, houve perda do revestimento da broca e o desgaste iniciou a atingir o metal base da ferramenta, conseqüentemente gerando perda de massa. A afiação do tipo “B” apresentou uma curva mais suave de perda, pois a capacidade de centragem da broca equilibra o desgaste em todas as áreas de contato. Figura 37 – Gráfico 5. Diâmetro [mm] Gráfico de Diâmetro a 10mm da face 4,62 4,615 4,61 4,605 4,6 4,595 4,59 4,585 4,58 4,575 4,57 4,565 Tipo A Seqüência1 Tipo B Seqüência2 Tipo C Seqüência3 50 100 150 200 250 Número de Furos Fonte: o Autor. 300 350 400 43 Em profundidades de 10 e 15 mm do furo, a diferença entre as afiações “A” e “B” fica mais evidente, pois à medida que a broca atinge profundidade, possivelmente a centragem proveniente do diâmetro de núcleo (ou alma) e o perfil de ponta da broca tornam-se fundamentais, ver figura 38. Figura 38 – Núcleo da broca. Fonte: o Autor. Figura 39 – Gráfico 6. Gráfico de Diâmetro a 15mm da face 4,62 Diâmetro [mm] 4,615 4,61 4,605 4,6 4,595 Seqüência1 Tipo A Tipo B Seqüência2 4,59 Tipo C Seqüência3 4,585 4,58 4,575 4,57 50 100 150 200 250 300 350 400 Número de Furos Fonte: o Autor. Dimensional – Rugosidade dos Furos A condição de rugosidade encontrada no procedimento experimental para os três tipos de afiação foram praticamente análogas. A verificação dos índices encontrados pode ser conferida no anexo 2. 44 Devido a baixa variação entre valores e amostragem insuficiente para este item, não foi executado um gráfico para auxiliar a análise. Isso ocorre devido à dificuldade da medição, pois os corpos de prova eram cortados transversalmente com serra fita com grande dificuldade, pois o material era tratado termicamente, gerando um desgaste acentuado da serra e demais equipamentos disponíveis. Os valores de rugosidade obtidos variaram na ordem de 0,63 a 0,86µm para os três tipos de afiação. Provavelmente o tipo de afiação de ponta não corresponda com grande importância na variação da rugosidade, pois foi coletada uma amostra do quarto experimento (ensaio preliminar) e verificado o índice de 1,49µm. Pode ser analisada também, a variação da rugosidade com o parâmetro pica-pau, pois o mesmo facilita no escoamento de cavaco, que em muitos casos pode provocar interferência com as paredes do furo. Demais fatores – Nível de rebarba Figura 40 – Gráfico 7. Gráfico de Nível de Rebarbas Altura da rebarba [mm] 0,250 0,200 0,150 Seqüência1 Tipo A 0,100 Seqüência2 Tipo B 0,050 0,000 50 100 150 200 250 300 350 400 Número de Furos Fonte: o Autor. No nível de rebarba verifica-se que não há diferença entre os tipos de geometrias de afiação. É possível observar que do furo 50° furo até 100° furo, aproximadamente, houve diferença na altura da rebarba, provavelmente o 45 fenômeno de arredondamento das arestas de corte tem influência, pois após 100 furos a condição de rebarba variou de forma linear. Para comparação foram medidas as alturas de rebarba do ensaio preliminar, o resultado é de alturas de rebarba significativamente diferentes com variação dos parâmetros de corte como avanço e rotação. Por exemplo: • 1° Ensaio: Avanço = 0,15mm/rot / Rotação: 5.400 rpm; A altura de rebarba foi de 0,244 mm. • 2° Ensaio: Avanço = 0,20mm/rot / Rotação: 5.800 rpm; A altura de rebarba foi de 0,296 mm. • 3° Ensaio: Avanço = 0,25mm/rot / Rotação: 6.000 rpm; A altura de rebarba foi de 0,331 mm. • 4° Ensaio: Avanço = 0,3mm/rot / Rotação: 6.000 rpm; A altura de rebarba foi de 0,367 mm. Possivelmente, a formação de rebarbas é influenciada de forma quantitativa por parâmetros de corte e verificando-se pouca influência das geometrias de afiação para este caso. Demais fatores – Forma do cavaco As formas de cavaco para os três tipos de afiação foram praticamente as mesmas. Percebeu-se que o cavaco tinha sua geometria modificada somente após a usinagem de 100 furos, ou seja, somente por influência do desgaste, de forma similar aos resultados encontrados nos fatores de rebarba e rugosidade. A foto abaixo ilustra o cavaco na situação acima descrita. Figura 41 – Forma do cavaco. 46 Conforme critério descrito no item 5.2, a forma do cavaco foi avaliada conforme segue: • Cavaco no início da vida útil: índice 5; • Cavaco no meio da vida útil: índice 5; • Cavaco no final da vida útil: índice 0. 6.3 Experimentos complementares O critério de fim de vida da ferramenta foi a quebra ou o desgaste excessivo das arestas principais de corte com um desgaste Vc acima de 0,45 mm, e também lascamentos que comprometessem a qualidade dos furos ou a segurança da operação de furação. Para definição do critério de fim de vida, as brocas foram testadas até sua quebra. Encontrou-se um valor comum de aproximadamente Vc = 0,45mm pouco antes da quebra de cada broca, segue abaixo dados referentes ao experimento: • Afiação tipo “A”: quebra com 713 furos (Vc medido em 700); • Afiação tipo “B”: quebra com 518 furos (Vc medido em 500). 6.4 Conclusões finais Em função dos resultados obtidos nos ensaios de furação, realizados com diferentes tipos de afiação em brocas de metal duro em aço liga ABNT 4340, pode-se concluir que: A metodologia empregada para a obtenção dos resultados de desgaste e tolerâncias dimensionais mostrou-se adequada nos ensaios realizados para esta finalidade; Nos ensaios sem fluido de corte, a ferramenta submetida às condições limite apresentou vida reduzida, se comparada às condições de corte normalmente utilizadas na prática do processo; 47 Observou-se que os fatores rebarba, rugosidade e forma do cavaco tiveram pouca variação com os diferentes tipos de afiação e a importância para a resposta destes fatores foi a variação de parâmetros de corte. Para a condição de menor custo e produtividade a afiação do tipo “A” obteve melhores resultados, com vida útil superior em 27% à afiação tipo “B”. Em condições de produção o operador de uma máquina precisaria trocar uma menor quantidade de ferramentas, o que também gera ganhos por aumento de disponibilidade da máquina. Para a condição de melhor qualidade a afiação do tipo “B” obteve melhores resultados, com variação de medida superior em 69% em relação à afiação do tipo “A”, porém para situações de usinagem que requerem melhores tolerâncias encontra-se a viabilidade de utilização de alargadores. Foi constatado que a forma do cavaco não comprometeu o processo, tão pouco a variação das formas em relação aos diferentes tipos de afiação, mas com o aumento do desgaste a forma do cavaco tornou-se alongada, comprometendo a qualidade dos furos e a vida da broca. Para a prática dos procedimentos experimentais, faz-se necessário, o estudo prévio para o processo de avaliação, dos parâmetros de usinagem, conforme executado nos ensaios preliminares. Ficou evidenciado que as recomendações de catálogo do fabricante são conservadoras e que através dos ensaios preliminares na condição que se assemelha à produção (com refrigeração) seria possível aperfeiçoar a produtividade, aumentando parâmetros de corte e obtendo uma boa relação entre vida útil e qualidade dimensional requerida. 48 7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS A fim de prosseguir com outros trabalhos sobre estudos de geometrias de afiação em brocas helicoidais sugerem-se alguns temas: • Correlacionar os fatores de resposta (desgaste, rebarba, forma de cavaco e tolerâncias dimensionais) com a variação dos parâmetros de corte; • Realização de ensaios usando a mesma metodologia com diferentes tipos de refrigeração conforme segue: 1. Usinagem com refrigeração externa; 2. Usinagem com refrigeração interna; 3. Usinagem com MQL (Minimum Quantity of Liquid). • Realização de ensaios com outros tipos de afiação, diferentes revestimentos (cobertura da broca) e outros materiais (corpos de prova); • Realização de ensaios com metodologia similar aplicando a outros processos de usinagem. 49 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT. NBR 6176: Elementos de uma broca helicoidal – terminologia. Rio de Janeiro: ABNT, 1989. Centro de informação metal mecânica. Disponível em: http://www.cimm.com.br. Acesso em 14 de abril de 2006. DINIZ, A.E.; Marcondes. Tecnologia da usinagem dos materiais. São Paulo: Ed. MM, 1999. FERRARESI, D. Fundamentos da usinagem dos metais. São Paulo: Ed. Edgard Blücher, 1990. STEMMER, Caspar Erich. Ferramentas de corte I. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2001. STEMMER, Caspar Erich. Ferramentas de corte II. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1995. TRENT, E. M. Metal cutting. Boston: Ed. Butterworths, 2000. Outras fontes consultadas: Indústrias ROMI S.A. / Depto. Linhas de máquina – centros de usinagem. 50 ANEXO 1 51 ANEXO 2 COLETA DE DADOS - PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 1. Desgaste BROCA 1 - AFIAÇÃO TIPO "A" Freq. BROCA 2 - AFIAÇÃO TIPO "A" Freq. [n° furos] Guia 1 Guia 2 Vb 1 Vb 2 Vc 1 Vc 2 [n° furos] Guia 1 Guia 2 Vb 1 Vb 2 Vc 1 Vc 2 50 0,019 0,024 0,008 0,004 0,010 0,011 50 0,015 0,011 0,006 0,000 0,008 0,009 100 0,028 0,033 0,012 0,009 0,016 0,019 100 0,024 0,019 0,013 0,011 0,015 0,017 150 0,036 0,044 0,019 0,017 0,024 0,024 150 0,037 0,030 0,021 0,018 0,020 0,023 200 0,059 0,063 0,031 0,024 0,040 0,049 200 0,066 0,058 0,034 0,028 0,039 0,042 250 0,096 0,102 0,044 0,036 0,066 0,063 250 0,089 0,077 0,046 0,040 0,071 0,073 300 0,133 0,141 0,082 0,070 0,100 0,096 300 0,142 0,133 0,073 0,067 0,109 0,116 350 0,179 0,188 0,133 0,119 0,133 0,150 350 0,182 0,169 0,118 0,099 0,165 0,172 400 0,238 0,244 0,187 0,165 0,189 0,194 400 0,261 0,246 0,166 0,149 0,212 0,223 [n° furos] Guia 1 Guia 2 Vb 1 Vb 2 Vc 1 Vc 2 [n° furos] Guia 1 Guia 2 Vb 1 Vb 2 Vc 1 Vc 2 50 0,025 0,019 0,011 0,009 0,025 0,019 50 0,021 0,018 0,010 0,014 0,021 0,018 100 0,036 0,028 0,019 0,016 0,036 0,028 100 0,033 0,029 0,021 0,026 0,033 0,029 150 0,051 0,040 0,027 0,023 0,044 0,040 150 0,042 0,036 0,034 0,041 0,042 0,036 200 0,078 0,065 0,039 0,033 0,078 0,065 200 0,067 0,059 0,049 0,055 0,067 0,059 250 0,110 0,095 0,055 0,049 0,121 0,095 250 0,097 0,083 0,061 0,068 0,111 0,083 300 0,142 0,132 0,109 0,098 0,184 0,132 300 0,137 0,124 0,097 0,104 0,152 0,124 350 0,201 0,189 0,164 0,152 0,255 0,189 350 0,189 0,176 0,155 0,166 0,189 0,176 400 0,283 0,266 0,225 0,219 0,336 0,266 400 0,268 0,249 0,213 0,233 0,268 0,249 [n° furos] Guia 1 Guia 2 Vb 1 Vb 2 Vc 1 Vc 2 [n° furos] Guia 1 Guia 2 Vb 1 Vb 2 Vc 1 Vc 2 50 0,033 0,037 0,000 0,003 0,033 0,037 34 0,027 0,022 0,000 0,000 0,027 0,022 63 0,042 0,049 0,003 0,005 0,042 0,049 - - - - - - - BROCA 1 - AFIAÇÃO TIPO "B" Freq. BROCA 1 - AFIAÇÃO TIPO "C" Freq. BROCA 2 - AFIAÇÃO TIPO "B" Freq. BROCA 2 - AFIAÇÃO TIPO "C" Freq. 2. Dimensional BROCA 1 - AFIAÇÃO TIPO "A" Freq. BROCA 2 - AFIAÇÃO TIPO "A" Freq. [n° furos] Ø (5) Ø (10) Ø (15) Rz (5) Rz (10) Rz (15) [n° furos] Rz (5) Rz (10) Rz (15) 50 4,612 4,614 4,614 - - - 50 Ø (5) 4,609 Ø (10) 4,61 Ø (15) 4,611 - - - 100 4,613 4,615 4,616 0,661 0,713 0,696 100 4,606 4,608 4,61 - - - 150 4,609 4,611 4,613 - - - 150 4,602 4,605 4,607 - - - 200 4,605 4,608 4,611 - - - 200 4,6 4,602 4,604 - - - 250 4,594 4,597 4,601 - - - 250 4,596 4,599 4,601 - - - 300 4,588 4,592 4,594 - - - 300 4,593 4,597 4,598 - - - 350 4,581 4,583 4,583 0,775 0,781 0,762 350 4,586 4,588 4,593 - - - 400 4,578 4,579 4,581 - - - 400 4,578 4,582 4,586 - - - 52 BROCA 1 - AFIAÇÃO TIPO "B" Freq. [n° furos] Ø (5) Ø (10) Ø (15) BROCA 2 - AFIAÇÃO TIPO "B" Freq. Rz (5) Rz (10) Rz (15) [n° furos] Ø (5) Ø (10) Rz (5) Rz (10) - - - 50 4,608 4,61 Ø (15) 4,61 - - Rz (15) - 0,799 0,769 100 4,606 4,608 4,609 - - - 50 4,612 4,613 4,613 100 4,61 4,611 4,613 0,787 150 4,607 4,609 4,611 - - - 150 4,603 4,607 4,609 - - - 200 4,604 4,608 4,61 - - - 200 4,602 4,604 4,606 - - - 250 4,6 4,604 4,608 - - - 250 4,595 4,598 4,602 - - - 300 4,594 4,598 4,605 - - - 300 4,591 4,596 4,601 - - - 350 4,589 4,593 4,602 0,836 0,858 0,845 350 4,582 4,589 4,594 - - - 400 4,58 4,59 - - 400 4,575 4,579 4,587 - - - Rz (10) Rz (15) [n° furos] Ø (5) Ø (10) Ø (15) Rz (5) Rz (10) Rz (15) 0,724 0,766 34 4,61 4,609 4,609 - - - - - - - - - - - - - BROCA 1 - AFIAÇÃO TIPO "C" Freq. [n° furos] 4,596 Ø (5) Ø (10) Ø (15) Rz (5) 50 4,609 4,608 4,608 0,699 63 4,607 4,607 4,606 - BROCA 2 - AFIAÇÃO TIPO "C" Freq.