Materia - Valinhos
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Materia - Valinhos
entrevista Questão de aproveitar Com visão, parcerias e investimentos em parque de embalagem, ex-distribuidora progride como indústria de bebidas. Maria Isabel Lopez de Heredia, superintendente de operações da Ultrapan, comenta os caminhos tomados pelo negócio 24 | Setembro 2015 Aos 25 anos, a Ultrapan (UP) tem uma trajetória com duas fases distintas. A primeira, no ramo da distribuição de alimentos e bebidas, durou quase uma década. Sobreveio uma guinada. De olho numa licença para produzir no Brasil os refrescos Tampico, a empresa transformou-se em indústria. O negócio com a marca americana deu certo, estimulando voos mais recentes: produtos próprios, como néctares, energéticos e isotônicos, e a prestação de serviços fabris, entre eles de acondicionamento (co-packing), a outros players em bebidas. A embalagem tornou-se um alicerce das atividades da Ultrapan, determinando desafios e oportunidades comentados nesta entrevista pela superintendente de operações da companhia, Maria Isabel Lopez de Heredia. Em que condição a Ultrapan chega aos 25 anos de atividades? Prefiro não falar em receita e outros valores, mas posso dizer que estamos bem. Hoje, entre néctares, energéticos, chás, isotônicos e bebidas mistas, produzimos 72 SKUs. Destes, 26 são de nossas próprias marcas; 25 são de produtos licenciados, entre eles Tampico, do qual somos responsáveis pelo abastecimento dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul (outras oito licenciadas atendem as demais regiões brasileiras); e 21 são de produtos para terceiros. Nossa fábrica em Valinhos (SP) abriga tecnologias de ponta para produção e acondicionamento. Somos capazes de envasar cerca de 6 milhões de litros por mês. Quais embalagens são utilizadas nos produtos da Ultrapan? Trabalhamos com garrafas de PET de vários tamanhos e formatos, garrafas de PEAD (polietileno de alta densidade) com selo indutivo e latas de alumínio de 355 mililitros e 269 mililitros. Temos cinco linhas de envase: três para PET, uma para PEAD e uma para latas. Alguns produtos, como os néctares Frutaria e Frutaria Light, são também oferecidos em embalagens cartonadas assépticas, adotadas através de co-packers. Na parte de decoração, estamos equipados para a rotulagem com sleeves (termoencolhíveis) e com cola quente, para rótulos de BOPP ou de papel. Quais os desafios para administrar tantas operações de envase e o uso de diferentes tipos de embalagens? Qualquer operação que conta com muitos SKUs é complexa. Temos que coordenar as entregas de materiais just-in-time para as diferentes produções, tanto para minimizar o estoque de insumos parados – que representam custos operacionais e, por consequência, impactam no fluxo de caixa – quanto por questões de espaço, que também podem representar mais custos. Nossa área de logística trabalha em conjunto com a área comercial adequando semanalmente os volumes a ser produzidos e nossa área de PCP trabalha com os diversos clientes da terceirização para ajustar a programação de produção e a entrega de insumos. Ajustes diários com os diversos atores do processo são necessários, desde o envio de documentação fiscal que sustente a operação quanto a movimentação de fretes e descarga de insumos. Todo esse Operações na fábrica da Ultrapan em Valinhos (SP). Empresa diz ter aparelhamento de ponta para bebidas Produzimos 72 SKUs. Destes, 26 são de nossas marcas; 25 são de produtos licenciados; e 21 são de produtos para terceiros. É uma operação complexa trabalho é possível devido à parceria que existe com os setores envolvidos dos nossos clientes que frequentemente nos visitam, ajustando a operação e treinando novos participantes no processo. E os fornecedores de embalagens? Eles também participam desse processo, atuando de forma coordenada nas entregas e adequando-se rapidamente às possíveis contingências da produção. Trabalhando de forma avançada com os fornecedores conseguimos evitar rupturas nas entregas de materiais e por consequência conseguimos manter as campanhas de produção sem paradas desnecessárias. Aliás, o estabelecimento de campanhas de produção, em que o produto é produzido de forma contínua durante um período do mês ou do ano, minimizando os setups, contribui para a estabilidade do processo. Parceiros de qualidade comprovada são fundamentais para o sucesso da operação. Entre os que trabalham conosco estão Plastipak, Unicaplast, Soproval, Latapack-Ball, Rexam, Igaratiba, Tetra Pak, Greco & Guerreiro e CSI Closures. A produção de garrafas de PET é verticalizada ou a empresa adquire embalagens prontas? Adquirimos garrafas prontas, através de parceria. Como temos múltiplos tamanhos e formatos, verticalizar a operação não é justificável, considerando a ociosidade existente no mercado de sopro. O que a senhora destacaria em termos de aprimoramentos recentes nos processos de embalagem da Ultrapan? Posso destacar duas transformações. A primeira foi a evolução do acomodamento de produtos em caixas de papelão para o envolvimento dos produtos em filme plástico. Isso se deu naturalmente através da modificação gradual do próprio mercado. A segunda mudança foi 26 | Setembro 2015 a migração do rótulo de papel ou BOPP do tipo wrap-around para o sleeve. Isso foi provocado pelo desejo da Ultrapan de oferecer ao mercado produtos com maior valor agregado, com a imagem adequada ao conteúdo. A Ultrapan costuma decorar latas de alumínio de suas bebidas com rótulos termoencolhíveis. Isso é reflexo de dificuldade para obter latas próprias impressas ou é algo proposital? As duas coisas. Como parte dos clientes que atendemos como co-packers na linha de latas é de empresas em início de operação, ou com alcance regional, existe a dificuldade da compra dos lotes mínimos solicitados pelos fabricantes de latas. Por outro lado, alguns efeitos e cores ficam diferentes na forma de rótulo plástico termoencolhível numa comparação com a litografia. Desse modo, alguns clientes e também a própria Ultrapan preferem em alguns casos manter a arte em plástico. Dr. UP: bebida contra a ressaca apresentada em lata com sleeve Néctares Frutaria são vendidos em latas e em caixinhas fornecidas envasadas por terceiros Sobre latas decoradas com rótulo termoencolhível, a Ultrapan utilizou esse recurso para lançar em 2014 uma bebida inusitada: a Dr.UP, de alegada ação antirressaca. O produto tem sido bem aceito no mercado? Como o conceito do produto é inovador, acreditamos que o consumidor precisa ser informado sobre as potencialidades do líquido através da embalagem. Estamos em processo de testar campanhas piloto de informação aos consumidores sobre o momento do consumo e as funcionalidades do Dr.UP. Por enquanto o desempenho é satisfatório para um produto de nicho. A linha de néctares Ken Up, lançada ao final de 2014, é apontada como inovadora em termos de embalagem. Qual é a inovação? O mercado brasileiro, de maneira ligeiramente diferente de outros grandes mercados, adquiriu grande simpatia pela embalagem cartonada, associando o produto envasado nesse tipo de embalagem com uma qualidade superior. A Ultrapan tem a visão de oferecer produtos de qualidade em qualquer tipo de embalagem. Consideramos que a opção cartonada é preferencial para o consumo em casa, mas consideramos prática a embalagem de PET, especialmente para um produto do tipo néctar de fruta. Ela atende ao consumo adulto on-the-go e também oferece opções familiares de litro e 2 litros. Está a caminho uma Sinergia com afiliadas A Ultrapan (UP) não é um empreendimento isolado. Faz parte do Grupo Kairós, composto por dez empresas nacionais que atuam nos segmentos de alimentos, bebidas e ingredientes. O conglomerado possui nove fábricas e três centros de pesquisa e desenvolvimento espalhados pelo Brasil, empregando mais de mil pessoas. “Há sinergias na área de P&D e na industrialização de produtos no grupo de afiliadas”, explica Maria Isabel Lopez de Heredia, superintendente de operações da UP. A profissional, formada em Nutrição, é esposa e sócia do fundador do Grupo, Humberto Salvador Afonso. opção infantil, de 250 mililitros. O fato de o Ken Up ser apresentado de maneira shelf stable também contribui para o consumo on-the-go, pois as opções atuais de néctares em PET precisam de refrigeração. Qual é o escopo do negócio de co-packing da Ultrapan? Atualmente, atendemos seis grandes clientes que comercializam suas bebidas em lata e em PET, em diversos volumes. Oferecemos industrialização de bebidas para clientes que exigem níveis altos de controle e qualidade, garantidos por programas rígidos de auditoria. O co-packing é uma modalidade bastante prestigiada nos Estados Unidos e em outros países. A oportunidade é aproveitada satisfatoriamente no mercado brasileiro? A empresa que se especializa em co-packing deve ter foco total na performance com vistas ao ganho de escala e à eficiência de linha, mantendo, portanto, altos volumes em linhas dedicadas. É esse o modelo das indústrias nos Estados Unidos, na Europa e em outros mercados. Embora invista continuamente em seus processos industriais para melhoria de desempenho e ganhos na produtividade, a Ultrapan não tem o co-packing como atividade-fim. Ele ocupa a ociosidade, permitindo prestações de serviços a clientes considerados especiais e estratégicos. O negócio não é definido por volumes e faturamento. Néctar Ken Up: oferta em PET para diferenciação no mercado e praticidade para o consumo em movimento