CIÊNCIA
Transcrição
CIÊNCIA
ESTADO DE MI NAS 16 ● S E G U N D A - F E I R A , 1 º D E J U N H O CIÊNCIA D E 2 0 0 9 E-MAIL: [email protected] TELEFONE: (31) 3263-5301 SENSIBILIDADE Pessoas com crença religiosa sólida resistem mais a sofrimentos. Rezar também aumenta o poder da mente e pode ajudar a prolongar o tempo de vida com mais saúde e disposição MARIA TEREZA/EM/D.A PRESS - 27/3/07 FÉ É ARMA CONTRA A DOR Participação semanal de forma regular de fiéis em cultos religiosos é positiva e recomendável Londres – As pessoas que têm crenças religiosas podem resistir mais à dor? O poder de uma mente que crê pode ser suficiente para aliviar o sofrimento ou torná-lo mais leve? A resposta é afirmativa, de acordo com uma equipe de cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, que chegaram a esta conclusão ao realizar exames de imagens cerebrais em uma série de indivíduos que foram submetidos a choques elétricos, depois de observar imagens religiosas. O trabalho contou com dois grupos: um de católicos praticantes e outro de ateus e agnósticos. O experimento consistiu em mostrar a eles uma pintura da Virgem Maria do artista italiano Bartolo de Sassoferrato e o retrato de A dama com arminho, de Leonardo da Vinci. Depois de admirar uma das imagens durante meio minuto, os participantes recebiam descargas elétricas por 12 segundos e deviam qualificar o nível de dor que sentiam. Os católicos e os agnósticos registraram níveis similares de dor depois de ver a pintura de Da Vinci, mas os primeiros experimentaram 12% a menos de dor depois que observaram a imagem da Virgem Maria. Quando fo- ram comparados os escaneamentos cerebrais dos dois grupos, ficou comprovado que, quando os crentes viam a Virgem, ativava-se em seus cérebros uma área denominada córtex pré-frontal ventrolateral direito, que suprime as reações a situações que são ameaçadoras e está relacionada com a regulação da dor e a valorização dos estímulos emocionais. “Esta área se encarrega de dar um significado neutro ou positivo a uma experiência nociva, o que nos ajuda a enfrentá-la melhor, e ajuda as pessoas a interpretar a dor e a torná-la menos temida”, segundo a doutora Katja Wiech, uma das autoras do trabalho britânico. Os pesquisadores descartam que o “efeito analgésico” se deva a uma religião em particular e acreditam que ele também possa ser alcançado mediante a meditação e outras estratégias psicológicas. LONGEVIDADE A religião não só parece aliviar a dor, como também poderia prolongar a vida. É o que conclui outra pesquisa da Universidade Yeshiva, de Nova York. Os resultados mostraram que participar semanalmente de cultos religiosos pode reduzir o risco de mor- te em 20%, em comparação com as pessoas que não seguem a prática. “Esse efeito talvez esteja relacionado com a sensação de comunidade ou de respaldo presente nos cultos religiosos, ou talvez as pessoas fiquem menos deprimidas quando participam deles”, afirma o professor de psicologia da instituição Eliezer Schnall. Os participantes da pesquisa vêm de outro grande estudo denominado “Iniciativa de saúde das mulheres”, que inclui quase 95 mil norte-americanos, com idades entre 50 e 79 anos, no começo do estudo. Quando os cientistas analisaram os dados relacionando à saúde física com idade, etnia, renda, educação, respaldo social, eventos vitais importantes e a satisfação com a vida, descobriram que a participação semanal em cultos religiosos era responsável por uma grande redução do risco de morrer. O doutor Schnall não afirma que a receita para viver mais anos consista em participar de serviços religiosos de forma regular, mas considera que suas descobertas são interessantes e convidam a realizar mais pesquisas para desvendar o mecanismo desse fenômeno.