Artigo sobre Cidade dos Anjos

Transcrição

Artigo sobre Cidade dos Anjos
Estréia dia 09, Cidade dos Anjos, refilmagem de
Asas do Desejo
Dirigido pelo cineasta americano Brad Silberling, o filme se passa na agitada cidade de
Divulgação
Los Angeles.
Brad Silberling ficou conhecido
por dirigir Gasparzinho, o
Fantasminha Camarada em 1995
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Guilene Matos
Estréia no Brasil nesta sexta-feira (09/
03), Cidade dos Anjos uma reprodução
hollywoodiana do longa-metragem de 1987,
do alemão Win Wenders. Os longas contam
a história de um anjo que vive o dilema de
desistir da vida celestial para habitar entre
os seres humanos e partilhar dos mesmos
sentimentos deles. Os personagens
principais são Nicolas Cage que interpreta
Seth o anjo que se apaixona por Meg Ryan,
a doutora Maggie. A história se desenrola
na segunda maior cidade dos Estados
Unidos, Los Angeles, coincidentemente o
nome em espanhol significa “Os anjos”. A
escolha da cidade se deu por ser o maior
centro de produções de entretenimento
cinematográficos. No original o filme passa
na capital alemã, Berlim.
Na versão anterior, no papel principal,
Bruno Ganz era o anjo Damiel. Já na
refilmagem o astro é o sobrinho do diretor
Franz Ford Coppola, Nicolas Cage, que
acaba de ganhar o Oscar de melhor ator
por sua atuação em “Despedida em Las
Vegas” no qual ele interpreta um alcoólatra.
No papel da mocinha, Wenders traz
sua mulher e a maior protagonista de seus
filmes, Solveig Dommartin, como a
trapesista Marion. No início do ano Solveig
aos 44 anos, morreu de parada cardíaca. Na
atual produção Meg Ryan, está no auge,
por ter recebido três indicações ao Globo
de Ouro e carregar o título de “A
namoradinha da América” por sua simpatia.
Daí ser a escolhida para o papel da
trapezista, desta vez sendo uma médica.
Nos 114 minutos do filme, Seth junto
com outros anjos passeiam pela cidade
acompanhando as pessoas, ouvindo seus
pensamentos, confortando-as e dando
auxílio. Quando morrem eles estão
próximos para apresentá-las à eternidade.
Passam horas sentados em prédios altos,
lendo ou meditando, e outras nas bibliotecas
da cidade. Só podem ser vistos pelas crianças
ou caso desejem serem vistos. São apáticos,
não sentem nada, nem físico e nem
sentimentalmente até ai nada se difere do
filme de Wenders, exceto que no atual, de
Silberling, eles se reúnem ao pôr e nascer
do sol na praia para ouvir o som dos
pássaros, das águas e da natureza de um
modo em geral. Já que, eles não podem
sentir que ouçam então.
Em um desses passeios Seth encontra no
hospital a cirurgiã Maggie, que esta tentando
salvar um paciente “em vão”. Ele tem a
Cidade dos Anjos - momento em que Seth toca a doutora Maggie mas ela não o vê.
nítida sensação que ela pode vê-lo, o que
mexe com a sua imaginação passando então
a acompanha-lá com maior freqüência. Essa
fixação faz com que ele se apaixone e se
torne visível para ela.
O envolvimento dos dois acontece
quando ele ainda é anjo, e é ai começa então
o questionamento de Seth, entre continuar
celestial ou cair. Cair é a palavra que se usa
para os anjos que deixam o lado celestial
para viver entre os mortais. Há aí também
uma diferença com o original, quando
passam a ser seres humanos, levam consigo
uma armadura que na trama de 1987 serviu
para que Damiel conseguisse alguns
trocados.
O dilema nos dois filmes é a vontade
de seus personagens em participar da vida
humana. Eles vêem prazer em tudo. Desde
Damiel que desejava apenas voltar pra casa
depois de um dia de trabalho, ou
simplesmente saborear uma taça de vinho.
Ao personagem de Silberling que põe seu
desejo a simplesmente degustar uma pêra.
Ambos vivem um amor por uma mortal.
Nicolas Cage não pisca durante todo o
filme, nem ri, sempre com uma cara triste
e uma expressão sombria que combina
perfeitamente com o sobretudo preto.
Damiel tem outros valores mais profundos,
e o seu envolvimento com Marion acontece
depois que ele tornou-se humano.
Nos dois filmes os anjos principais tem
um amigo que leva o mesmo nome Cassiel.
Em Cidade dos Anjos o ator é André
Braugher, “o negro que não poderia faltar
em um filme americano”, em Asas do
Desejo é Otto Sander. Eles ouvem e
aconselham seus amigos, e juntos evitam
acidentes. Como num trecho em que uma
loja de produtos alimentícios esta sendo
assaltada, enquanto Seth acalma pelas mãos
envoltas o caixa da loja, Cassiel aquieta o
assaltante, de forma que o assalto não pode
ser impedido mas nenhuma tragédia
acontece. Já a participação de amigo
alemão foi mais ativa, ao mostrar as
esculturas, levando o público a dar asas à
imaginação, enquanto o filme várias vezes
fica em silêncio.
O fato de Asas do Desejos ter sido feito
enquanto a Alemanha ainda sofria efeitos da
Guerra Fria, e o muro separava Berlim, fez
com que a refilmagem tivesse mais
vantagem e uma super produção. Isso é visto
nas imagens, enquanto o primeiro é em
preto e branco, passando a ser colorido após
a mortalidade de Damiel, a produção
americana mostra do alto a bela cidade, as
luzes, as cores e um enorme letreiro com o
nome de Hollywood, mostrando sua marca,
ou seu sonho americano, onde tudo é
perfeito. Essa caraterística se reflete até
nas trilhas musicais, tendo nomes como:
U2, Alanis Morissette, Sarah McLachlan,
Peter Gabriel, Eric Clapton, Goo Goo
Dolls, entre outros. O que ajuda e muito na
promoção.
Se tratando de uma guerra antiga entre
americanos e alemães, a refilmagem não
obedeceu ao desfecho original e tratou de
dar um final diferente. Um toque na linda
história de amor, interpretada por duas
estrelas do cinema. A resposta do sucesso
talvez seja a volta de Win Wenders ao
cinema americano com o filme “O Fim da
Violência” que mostra Los Angeles
contrário a cidade angelical.
Nos EUA a estréia de Cidade dos Anjos
lotou as salas de exibição, embora não tenha
agradado aos críticos. Em dois meses rendeu
US$ 72 milhões de bilheteria. Resta saber
se no Brasil o público também aceitará os
anjinhos de braços abertos.