Banas Qualidade

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Banas Qualidade
Abrindo o Cofre
Ano XXIV | Abril de 2015 | Edição 274
ABNT, Inmetro e
Fiesp reconhecem
a necessidade de
acesso gratuito
às normas
técnicas
METROLOGIA
Método para a estimativa
de submedição de
hidrômetros
MEIO AMBIENTE
O potencial de energia
eólica no Brasil
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 1
Os valores-p não me assustam.
Análise de Dados Destemida
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2 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
w w w. m i n i t a b . c o m
Editorial
Hayrton do Prado
Revista Banas Qualidade
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A Revista Banas Qualidade - DIGITAL
é publicada pela EDILA-Editorial Latina Ltda.
com sede em São Paulo/SP - Brasil.
A publicação não se responsabiliza pelas opiniões
e conceitos aqui emitidos por seus articulistas e
colunistas.
ISSN - 1676-7845
Ano XIV - Edição 274
Abril de 2015
A obrigatoriedade do uso
das normas técnicas
N
o Brasil, como algumas organizações importantes
disseminam a balela de que as normas técnicas
não são obrigatórias, o que está levando o país
a perder, e muito, a sua competitividade. Parece
que o próprio governo está com a intenção de jogar uma
pá de cal sobre essas organizações mentirosas ao editar o
Plano Nacional de Consumo e Cidadania, com a finalidade
de promover a proteção e defesa do consumidor em todo o
território nacional, por meio da integração e articulação de
políticas, programas e ações.
Ele será executado pela União em colaboração com
estados, distrito federal, municípios e com a sociedade.
Suas diretrizes: educação para o consumo; adequada
e eficaz prestação dos serviços públicos; garantia do
acesso do consumidor à justiça; garantia de produtos e
serviços com padrões adequados de qualidade, segurança,
durabilidade e desempenho; fortalecimento da participação
social na defesa dos consumidores; prevenção e repressão
de condutas que violem direitos do consumidor; e
autodeterminação, privacidade, confidencialidade e
segurança das informações e dados pessoais prestados ou
coletados, inclusive por meio eletrônico.
Seus objetivos incluem: garantir o atendimento das
necessidades dos consumidores; assegurar o respeito à
dignidade, saúde e segurança do consumidor; estimular a
melhoria da qualidade de produtos e serviços colocados no
mercado de consumo; assegurar a prevenção e a repressão
de condutas que violem direitos do consumidor; promover
o acesso a padrões de produção e consumo sustentáveis; e
promover a transparência e harmonia das relações de consumo.
Assim, com o aumento da competição internacional entre
as empresas, houve a eliminação das tradicionais vantagens
baseadas no uso de fatores abundantes e de baixo custo.
Dessa forma, a normalização técnica passou a ser utilizada
cada vez mais como um meio para se alcançar a redução
de custo da produção e do produto final, mantendo ou
melhorando sua qualidade.
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 3
Sumário
03 - Editorial
A obrigatoriedade do uso das normas técnicas
06 - Pelo Mundo
Os principais fatos internacionais
08 - Eventos
Treinamentos e eventos de maio
10 - MASP
Prepare a pipoca, você vai aprender o MASP
assistindo um filme
26 - Qualidade
Academia Brasileira da Qualidade (ABQ)
32 - Ferramentas
Cinco passos para superar a deficiência e
12 - Seis Sigma: Tolerância a erros,
qual o seu limite?: Aprendemos
na infância que errar é humano – mas,
quando tratamos de atividades rotineiras de
trabalho, qual deve ser o limite para nossa
tolerância?
34 - Gestão
O líder da Qualidade Total: Lembrando
Armand V. Feigenbaum, o integrador da
gestão de qualidade organizacional
66 - Inside
Por dentro da Notícia
76 - Gestão de Saúde
Uma norma para luvas de borracha
86 - Normalização
Medidores de energia elétrica
96 - Normas e Diretrizes
99 - Cartas
100 - Ponto Crítico
Quem tem medo do Auditor?
16 - Meio Ambiente: TO potencial
da energia eólica no Brasil: Denomina-se
energia eólica a energia cinética contida nas
massas de ar em movimento (vento). Seu
aproveitamento ocorre por meio da conversão
da energia cinética de translação em energia
cinética de rotação, com o emprego de turbinas
eólicas, também denominadas aerogeradores,
para a geração de eletricidade, ou cataventos
(e moinhos). As estimativas para o seu
aproveitamento no país estão por volta de
60.000 a 150.000 MW.
4 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
Abril de 2015 - Edição 274 - Ano XXIV
Abrindo o Cofre
Ano XXIV | Abril de 2015 | Edição 274
ABNT, Inmetro e
Fiesp reconhecem
a necessidade de
acesso gratuito
às normas
técnicas
METROLOGIA
Método para a estimativa
de submedição de
hidrômetros
MEIO AMBIENTE
O potencial de energia
eólica no Brasil
50 - Capa : ABNT irá cumprir
com a sua função social: oferecer
normas técnicas gratuitas à
sociedade.
64 - Acessibilidade: Os
deficientes também precisam
se divertir: Muito se fala na
empregabilidade da pessoa
com deficiência, na educação
inclusiva, na sexualidade, na
acessibilidade e mobilidade
urbana, no acesso à saúde e até
nas adaptações veiculares
70 - Metodologia: KAIZEN: O Kaizen é uma
palavra japonesa constituída de dois ideogramas:
o primeiro (Kai) representa mudança e o Zen,
bondade ou virtude. É tipicamente utilizado
para indicar a melhoria a longo prazo de algo ou
alguém (melhoria contínua)
90 - Metrologia : Método para estimativa de
submedição de hidrômetros: Apresenta-se um
método para estimativa de volumes submedidos em
parques hidrométricos por meio da avaliação da taxa de
decaimento de consumo por regressão linear, utilizando
dados históricos de consumo do parque de hidrômetros
de um dos serviços
autônomos de
distribuição de
água da Região
Metropolitana de
São Paulo. Por
meio do estudo foi
estimado o potencial
de recuperação dos
volumes e receita, e será possível estabelecer uma
priorização de troca dos medidores de forma a otimizar
a quantificação dos volumes micromedidos dentro do
sistema de distribuição de água.
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 5
Pelo Mundo
Um novo olhar
sobre Gestão de Riscos
Veja o vídeo e saiba mais sobre o papel
do risco na revisão da ISO 9001:2015 e
descubra a causa raiz do risco através
de um Diagrama Espinha de Peixe.
Descubra uma fórmula de gestão de
riscos e aprenda como a fábrica de
brinquedos LEGO gerencia os riscos
com sucesso. http://videos.asq.org/anew-look-at-risk-management
Energia Eólica no Brasil
A energia eólica é a fonte que mais cresce no Brasil. Na
primeira semana de 2015, atingiu 6 gigawatts de potência
instalada. São 241 parques eólicos distribuídos por 11
estados. A participação na matriz brasileira é de 4,5%
com expectativa de subir para 8% até 2018.
Com este índice atingido em janeiro, 10 milhões de
residências foram abastecidas e 5 milhões de toneladas
de emissões de CO2 evitadas. Bons ventos!
Redução na captação
de água nas empresas
As indústrias da região de
Jundiaí terão que diminuir
30% a captação de água
quando os rios estiverem
com volume baixo. São
76 cidades na região do
interior de São Paulo, e a
redução será aplicada nas
empresas que utilizam a
água dos rios Piracicaba,
Jundiaí e Capivari.
Algumas empresas já estão
utilizando a captação da
água da chuva e conseguiram diminuir o consumo em até
50%. As empresas que adotarem o reuso da água terão
que fazer um projeto seguindo as normas da Agência
Nacional da Água, que será analisado pela Cetesb.
6 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
Atualizações sobre a revisão
da norma ISO 9001 e ISO 14001
As normas estão na
fase final do DIS.
Esta é a fase de
aprovação de ambos
os documentos em
que as observações,
textos, figuras e layout são examinados, para a formatação e
edição.
Conforme a última atualização:
• Espera-se que a fase final da DIS ISO
9001 seja emitida no início de julho
de 2015. Enquanto houver alguma
reformulação e reestruturação do texto,
é pouco provável que tenha alterações
significativas nos requisitos.
• Prevê-se que a fase final da DIS
14001 sairá no final de julho de 2015.
Por Jeannette Galbinski
Pesquisa: A responsabilidade
das empresas na indústria
automotiva
É esperada a venda de 74 milhões de
unidades de automóveis em 2015 em
todo o mundo, um recorde histórico.
Desta forma, a indústria deve resolver
desafios complexos, como a melhoria
das condições de trabalho globais,
redução das emissões de gases de efeito
estufa, e aumento da transparência
na cadeia de fornecimento. Participe
da pesquisa que tem como objetivo
identificar o processo corporativo das
empresas e as prioridades para o futuro.
A pesquisa será anônima e relatório
final será publicado em abril de 2015.
Após concluído o inquérito, você terá
acesso gratuito ao estudo em 26 países
da GlobeScan de percepções públicas
de desempenho de responsabilidade
corporativa da indústria automobilística.
http://survey13.toluna.com/wix/p453133306.
aspx?sname=1306955-US&surveytype=1&
src=98&ids=1&enparams=gol
Revisão da ISO 14001
Especialistas que revisam a ISO 14001
em sistemas de gestão ambiental se
reuniram em Tóquio em fevereiro
de 2015 para olhar mais de 1.400
comentários recebidos durante a fase de
consulta pública (DIS) e produzir uma
versão final da DIS. A revisão final da
DIS será finalizada na próxima reunião
do grupo de trabalho em Londres, em
Abril de 2015. Esta revisão será então
submetida à votação e o padrão liberado
para publicação assim quer for aprovado.
A nova versão está prevista para o final
de 2015. http://www.iso.org/iso/home/
standards/management-standards/
iso14000/iso14001_revision.htm
28 anos de Seis Sigma
Bob Galvin, CEO de longa data e
presidente do conselho da Motorola,
lançou um programa de qualidade a
longo prazo chamado de "O Programa de
Qualidade Seis Sigma" em janeiro de 1987.
O programa foi anunciado como um programa corporativo que
estabeleceu Six Sigma como o nível de capacidade necessária para
se aproximar do padrão de 3.4 defeitos por milhão de oportunidades
(DPMO). O padrão 3.4 DPMO foi concebido para ser utilizado
em todas as áreas na Motorola: produtos, processos, serviços e
administração. O Comitê de política corporativa da Motorola
atualizou sua meta de qualidade para refletir essa metodologia:
Todo mundo foi responsável pelo sucesso deste objetivo. O objetivo
também estabeleceu que ninguém poderia supor que tinham feito o
suficiente até que todo o objetivo do Seis Sigma fosse alcançado na
Indicados ao Prêmio Malcom Baldrige 2014
Quatro organizações de três
categorias diferentes foram
indicados ao Prêmio Nacional
da
Qualidade
Malcolm
Baldrige 2014. Os indicados foram:
• Prática do Setor Público PricewaterhouseCoopers, McLean,
VA (categoria de serviços).
• Hill Country Memorial Hospital, Fredericksburg, TX
(categoria de cuidados de saúde).
• St. David HealthCare, Austin, TX (categoria cuidados de
saúde).
• Elevações Credit Union, Boulder, CO (categoria sem fins
lucrativos).
De acordo com o secretário de Comércio dos Estados Unidos
Penny Pritzker os homenageados são os modelos de inovação,
boa gestão, empregado, satisfação do cliente e resultados.
A cerimônia de homenagem será em abril, em Baltimore.
http://www.nist.gov/baldrige/baldrige-award-111214.cfm
Jeannette Galbinski: Doutora em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo. Master of Science em Qualidade e Confiabilidade pelo
Technion Institute of Technology. Graduada em Estatística pela USP, com especialização
em Administração Industrial pela Fundação Vanzolini. Master Black Belt e consultora
internacional especialista na implementação de Ferramentas e Sistemas da Qualidade e
projetos de Seis Sigma.
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 7
Eventos
Maio - 2015
World Conference on
Quality and Improvement
Transformar o mundo através
da inovação, Inspiração, e
Liderança. Consciente ou
inconscientemente, sob o título
de qualidade ou qualquer outro
termo, todas as organizações
precisam usar a qualidade.
Com a concorrência e a
complexidade do mercado
global crescendo, mais e mais
organizações estão adotando a
necessidade de pensar diferente
e inspirar seus funcionários
Data: 04 a 06 de maio
Local: Nashville/ EUA
Informação: https://asq.
org/wcqi/2015/theme-focusareas.aspx
04
05
08
14/15
Formação de Auditor
Interno na ISO IEC 20000
Apresentação dos conceitos
de Auditoria de Sistemas
de Qualidade baseados nas
Normas NBR ISO 19011,
estando em condições de
avaliar os Sistemas de Gestão
de Segurança da Informação da
empresa e seus fornecedores.
Data: 04 de maio
Local: São Paulo/SP
Informação: http://www.
vanzolini.org.br/eventos.
asp?cod_site=0&id_
evento=1745
Curso Preparatório para a
Certificação PMP®
Oferecer formação básica
a profissionais iniciantes na
carreira de gestão de projetos e
que pretendam conhecer o Guia
PMBOK®.
Data: 05 de maio
Local: São Paulo/SP
Informação: http://www.
vanzolini.org.br/eventos.
asp?cod_site=0&id_
evento=1955
Upgrade MMOG V4 -AIAG
Este curso apresenta ao
participante uma análise das
principais mudanças dos
requisitos e do processo de
avaliação do Global MMOG/
LE V4, propiciando uma
compreensão do participante das
adequações necessárias ao migrar
da versão 3 para a versão 4.
Data: 08 de maio
Local: São Paulo/SP
Informação: http://www.
setecnet.com.br/convite.
php?id_turma=3696
MASP / A3 / Global 8D
O MASP / A3 e Global 8D são
metodologias cujo objetivo é a
resolução de problemas através
do trabalho em equipe.
Data: 14 e 15 de maio
Local: São Paulo/SP
Informação: http://www.
setecnet.com.br/convite.
php?id_turma=3606
Construindo um Sistema de Gestão da Qualidade
Um livro especialmente escrito para os profissionais que pretendem IMPLANTAR um Sistema de
Gestão da Qualidade ,VERIFICAR o sistema já implantado na empresa ou TREINAR sua equipe interna. http://qualistore.com.br/produtos/construindo-um-sistema-de-gestao-da-qualidadeisbn-9788589705455/
8 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
Maio
Maio - 2015
28
Introdução
ao
AQUA-HQE
Processo
Six Sigma Brasil
Voltado para a comunidade
de profissionais que atuam
na área de gestão, O VII
Congresso
Internacional
Six Sigma Brasil 2015 tem
como objetivo compartilhar
inovação e relacionamento
trazendo valor agregado
para a comunidade por meio
de palestras expositivas,
cases de sucesso e técnicas
inovadoras de gestão de
projetos e processos.
Data: 20 e 21 de maio
Local: São Paulo/
Informação: http://www.
leansixsigma.com.br/
congresso/ocongresso.asp
Apresentar o processo
AQUA-HQE™, o processo
de certificação e o cenário.
Objetivos da avaliação e
certificação; Visão geral do
referencial técnico AQUA;
Visão geral do sistema de gestão
do empreendimento (SGE);
Visão geral das categorias
de Qualidade Ambiental do
Edifício (QAE); Cenário atual
Data: 28 a 30 de janeiro
Local: São Paulo
Informação: http://www.
vanzolini.org.br/eventos.
asp?cod_site=0&id_
evento=1925
18
18/19
20/21
28/29
A nova ISO 9001:2015
Contribuir com a capacitação
dos profissionais em sistemas
de gestão da qualidade com
o objetivo de adequar seus
atuais sistemas e implantar
novos sistemas com foco
em atender à nova versão da
norma ISO 9001, que será
publicada em 2015.
Data: 18 de maio
Local: São Paulo/SP
Informação:http://www.
vanzolini.org.br/eventos.
asp?cod_site=0&id_
evento=1782
CEP 2ª Edição
Dar competência aos
participantes para análise
do CEP em sua organização
e de como implementar
a ferramenta e obter os
melhores resultados.
Participantes devem trazer
notebook ou netbook.
Data: 18 e 19 de maio
Local: São Paulo/SP
Informação:http://www.
setecnet.com.br/convite.
php?id_turma=3574
A arte de liderar:
Comunicação e expressão
para líderes e gestores
Trabalhar, por meio de
discussões e exercícios práticos,
habilidades de comunicação
voltadas à liderança.
Data: 20 e 21 de maio
Local: São Paulo/SP
Informação: http://www.
vanzolini.org.br/eventos.
asp?cod_site=0&id_
evento=1751
Gerenciamento da
Rotina e Ferramentas da
Qualidade
Capacitar o participante na
aplicação das ferramentas
básicas da qualidade, também
conhecidas como as “sete
velhas ferramentas da
qualidade” e na metodologia
de análise e solução de
problemas (MASP).
Data: 28 e 29 de maio
Local: São Paulo/SP
Informação: http://www.
vanzolini.org.br/eventos.
asp?cod_site=0&id_
evento=1911
Implantando a ISO 9001:2008
Kit para implantação do Sistema de Gestão da Qualidade na empresa. O Kit Passo a Passo traz todos
os materiais necessários para a aplicação completa da norma. http://qualistore.com.br/produtos/
implante-voce-mesmo-a-iso-9001-em-sua-empresa/
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 9
MASP
Por Claudemir Oribe
Prepare a pipoca! Aprenda
MASP vendo um filme
E
studar e aprender a resolver um problema
complexo pode ser mais divertido do que possa
aparentar. O filme O Óleo de Lorenzo é um
recurso riquíssimo, pois nele é possível ver um
processo de resolução sob vários pontos de vista. Depois
de aprender o método, o interessado pode assistir ao
filme e nele há muito que observar e aprender.
O filme conta a estória verídica de Lorenzo, um menino
de pai italiano e mãe americana que, depois de voltar aos
EUA após uma temporada morando na África, ele foi
diagnosticado com uma doença degenerativa do cérebro,
chamada ALD ou Adrenoleucodistrofia. Na época em que
se passa a estória, na década de 80, não havia cura e nem
tratamento desenvolvidos e a morte, em até 24 meses, era
inevitável para toda criança diagnosticada com a doença.
Ao assistir a estória, narrada com perfeição pelo diretor e
com atuação magnífica dos intérpretes, é possível observar
a aplicação de um método científico, a questão do rigor
científico, às barreiras enfrentadas e superadas durante a
análise do problema e o comportamento das protagonistas.
O método científico de resolução de problemas é
muito bem ilustrado. Pode-se observar claramente a
identificação do problema pela observação dos sintomas.
Os pais desconfiaram de várias coisas e procuraram vários
médicos até que um deles identificou o mal corretamente.
Se isso não acontecesse, o menino poderia ter
morrido, tentando terapias que certamente seriam mal
sucedidas. Na etapa de Análise, os pais foram procuram
informações para compreender o mecanismo da doença
por meio da formulação de hipóteses sobre como ela
agia no cérebro do seu filho. As explicações custaram a
aparecer e só foram reveladas depois de muitas seções de
estudo e discussões com médicos e especialistas. Duas
hipóteses foram formuladas e testadas, sendo que apenas
a segunda possibilitou um efeito mais eficaz.
Do ponto de vista metodológico é possível assistir a
formulação de uma solução, a confirmação da eficácia
da solução por meio de um experimento controlado, a
implementação da solução, a verificação dos resultados, a
padronização e o planejamento de ações remanescentes para
outras crianças que portavam a doença e, também para dar
continuidade às pesquisas e melhorar a solução encontrada.
Embora o método científico tenha sido aplicado, isso
não aconteceu de forma harmônica. Muitos embates
metodológicos aconteceram entre os pais e o médico
– Dr. Nikolay interpretado por Peter Ustinov – pois o
pesquisador era obrigado a seguir o método com rigor
devido aos riscos humanos que sua ausência implicaria.
No entanto, os experimentos demandariam anos, talvez
décadas, tempo que Lorenzo definitivamente não possuía.
Os pais tinham que recorrer a riscos maiores, pois o
tempo (sim sempre ele...) estava se esgotando e a saída
era se valer de uma abordagem experimental mais ousada,
sobre o próprio filho. É possível observar como o tempo
acaba determinando a abordagem e como o método pode
ser flexibilizado desde que utilizado dentro de premissas e
hipóteses plausíveis.
Quanto às barreiras, o solucionador de problemas
encontrará no filme a referência de que precisa para
constatar que não basta boas intenções e disposição,
mesmo que extrema. As dificuldades estão por todo o lado,
mesmo naqueles que, em princípio deveriam colaborar.
O maior problema é a falta de informação, pois tratavase de algo novo e o pouco que existia estava fragmentado
entre poucos especialistas ao redor do mundo. Tiveram
que recorrer à biblioteca e, mesmo sendo leigos, estudar
bioquímica. O estresse da situação provoca conflitos. O
casal Odone briga com a tia do menino, com o médico,
com enfermeiras, com a associação de pais de portadores
da doença e até entre si.
O óleo que precisam, e que pode salvar seu filho, nunca
tinha sido produzido antes. Depois de procurar por mais
de uma centena de laboratórios, acabam encontrando
um na Inglaterra que se dispõe a sintetizá-lo. Tudo é
dificílimo e extremamente trabalhoso. Eles correm o risco
de experimentar o óleo no filho, e talvez até antecipar sua
morte, mesmo diante da recusa do médico de continuar
colaborando.
Finalmente e talvez uma das maiores lições a tirar, é
o comportamento obstinado do casal Odone. Movidos
por um amor singular pelo filho e dispostos a qualquer
coisa para salvá-lo, eles vencem barreiras cognitivas e
perseguem a compreensão do processo que desencadeia
a doença e a busca de uma solução inovadora, como se
fossem salvar a própria vida.t
Claudemir Oribe é Mestre em Administração, Consultor e
Instrutor de MASP, Ferramentas da Qualidade e Gestão de
T&D. E-mail [email protected]
10 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 11
Seis Sigma
Tolerância a erros:
Qual é o seu
limite?
Aprendemos na infância que errar é humano – mas,
quando tratamos de atividades rotineiras de trabalho,
qual deve ser o limite para nossa tolerância?
12 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
Por Cristina Werkema
S
abemos que o Lean Seis Sigma
defende a melhoria contínua
dos processos da rotina das
organizações, na busca de
zero defeito ou zero erro, e utiliza
uma escala para medir o nível de
qualidade associado a um processo,
transformando a quantidade de defeitos
ou erros por milhão em um número na
Escala Sigma. Quanto maior o valor
alcançado na Escala Sigma, maior o
nível de qualidade. Atingir o nível Seis
Sigma dessa escala significa conquistar
o patamar de 3,4 erros para cada
milhão de operações realizadas, o que
corresponde, obviamente, a uma baixa
tolerância a erros.
Sobre a tolerância a erros, Bob Galvin,
ex-CEO da Motorola, que lançou o Seis
Sigma na empresa em 1987, disse em
certa ocasião (1):
“Muitas empresas – e gestores – se
refugiam em uma ou mais das seguintes
crenças:
1.Errar é humano.
2.Alcançar
um nível elevado de
qualidade custa caro e é muito demorado.
3.Atingir os mesmos resultados do ano
passado já é suficientemente bom.
4.Erros em atividades administrativas
As crenças acima – notadamente
a primeira – são utilizadas por muitas
pessoas para defender uma elevada
tolerância a erros e para qualificar
aqueles que não aceitam erros de modo
passivo – isto é, que reagem diante
de sua ocorrência, explicitando-os e
tomando ações no sentido de evitar sua
recorrência – como “muito exigentes”.
Estamos então tratando de um
tema complexo, que não admite
somente a dicotomia verdadeiro ou
falso, e que merece ser explorado
com mais detalhes.
Em primeiro lugar, é claro que
existem diferentes tipos de erros, o
que impacta seu nível de gravidade,
conforme mostra a figura abaixo.
Nível de Gravidade do Erro
Mais baixo
O erro só atinge quem errou.
Mais Alto
O erro atinge outras pessoas.
As consequências do erro para
as pessoas atingidas não são
potencialmente graves e/ou são
de fácil correção.
As consequências do erro
para as pessoas atingidas são
potencialmente graves e/ou de
correção trabalhosa.
O erro foi cometido por
desconhecimento de algum fato
novo envolvido na situação.
O erro foi cometido por
esquecimento, desatenção ou
sobrecarga de atividades.
ou em prestação de serviços são mais
desculpáveis.
O erro é de natureza técnica.
O erro é de natureza
comportamental.
5.Ainda
O erro ocorreu pela primeira vez.
O erro é recorrente.
somos melhores que nossos
concorrentes.
6.Ser
capaz de ‘apagar um incêndio’
decorrente de um erro é um distintivo
de honra – é até mesmo divertido.”
Parece natural e esperado que, quanto
mais alto for o nível de gravidade do
erro, menor deverá ser o nosso nível de
tolerância.
u
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 13
Seis Sigma
Como exemplo, vamos considerar uma empresa
do setor da saúde. Nessa área, as consequências de
um erro para as pessoas atingidas são potencialmente
graves e, muitas vezes, de correção impossível –
isto é, o nível de gravidade de um eventual erro é,
usualmente, alto.
Se essa empresa atende seus clientes em um
nível de qualidade de 99%, poderíamos, a princípio,
considerar que ela é de excelente qualidade. Mas,
o patamar 99% de qualidade significa que, para
cada 100 pessoas atendidas, ocorre um erro no
atendimento de uma pessoa. É óbvio que eu – e
também o leitor – não gostaria de ser essa pessoa
que foi afetada pelo erro!
Situação similar ao contexto da saúde acontece
com empresas e profissionais liberais que atuam
nos setores de segurança, transportes públicos e
direito. Nesses casos, é presumível que nosso nível
de tolerância a erros seja baixo.
No ambiente do direito, imagine a situação em que
existem dois processos judiciais, ambos do mesmo
autor, contra réus diferentes. Em cada processo,
o autor faz a mesma solicitação. Os réus, que são
coligados, respondem à solicitação apresentando
duas petições idênticas, com conjuntos probatórios
perfeitamente iguais e, a seguir, os dois processos
– APENSADOS! – são encaminhados ao juiz
responsável, para decisão. Imagine que o juiz
delibere a favor do autor em um dos processos e,
no outro, decida contra. É evidente que esse é um
erro grave, que deverá suscitar um baixo nível de
tolerância dos envolvidos.
Lamentavelmente, o tipo de erro acima, por mais
absurdo que possa parecer, ocorre. E, na justiça,
também acontecem outras falhas mais grosseiras,
como perda de petições e mandados pelas
secretarias das varas judiciais, abertura de vista do
processo ao advogado do réu quando deveria ser ao
advogado do autor e arquivamento de um processo
que ainda está em plena tramitação, dentre vários
outros erros, os quais geram atrasos significativos
no curso das ações judiciais e prejuízos diversos
para os envolvidos. Nesse cenário, faço a pergunta
ao leitor: é apropriado ter um baixo nível de
tolerância para esses erros? Minha resposta, para
esse questionamento, é afirmativa.
É sabido que, quando falhas acontecem, é muito
importante que os responsáveis por elas façam
uma autocrítica. É necessário que os pontos fracos
sejam identificados e admitidos, para que se possa
aprender com os erros e reverter a situação com o
objetivo de impedir sua recorrência. Nesse sentido,
deve-se evitar tratar na defensiva, ou mesmo com
hostilidade, a pessoa que detecta e expõe o erro
– não tem sentido culpar o mensageiro porque o
conteúdo da mensagem é desagradável!
A cultura brasileira tende a ser muito tolerante,
paternalista e complacente com quem erra e se
defende colocando a responsabilidade em terceiros
ou “fatos externos”. E, aqueles que não pensam
e agem alinhados a essa cultura são, muitas
vezes, pejorativamente tachados de detalhistas e
intolerantes e podem inspirar antipatia. Esse é um
fato lamentável – e totalmente contrário à filosofia e
à visão do Lean Seis Sigma.t
Comentários e referências:
1.
Harry, Mikel; Schroeder, Richard. Six
Sigma: The Breakthrough Management Strategy
Revolutionizing the World´s Top Corporations.
New York: Currency, 2000. p. 28.
Cristina Werkema é proprietária e diretora do Grupo
Werkema e autora das obras da Série Seis Sigma Criando
a Cultura Lean Seis Sigma, Design for Lean Six Sigma:
Ferramentas Básicas Usadas nas Etapas D e M do
DMADV, Lean Seis Sigma: Introdução às Ferramentas
do Lean Manufacturing, Avaliação de Sistemas de
Medição, Perguntas e Respostas Sobre o Lean Seis
Sigma, Métodos PDCA e DMAIC e Suas Ferramentas
Analíticas, Inferência Estatística: Como Estabelecer
Conclusões com Confiança no Giro do PDCA e DMAIC
e Ferramentas Estatísticas Básicas do Lean Seis Sigma
Integradas ao PDCA e DMAIC, além de oito livros sobre
estatística aplicada à gestão empresarial, área na qual
atua há mais de vinte anos.
[email protected].
14 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 15
Meio Ambiente
O potencial
de energia
eólica no
Brasil
16 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
Denomina-se energia eólica a energia cinética
contida nas massas de ar em movimento (vento). Seu
aproveitamento ocorre por meio da conversão da
energia cinética de translação em energia cinética
de rotação, com o emprego de turbinas eólicas,
também denominadas aerogeradores, para a geração
de eletricidade, ou cataventos (e moinhos). As
estimativas para o seu aproveitamento no país estão
por volta de 60.000 a 150.000 MW.
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 17
Meio Ambiente
Da Redação
A
ssim como a energia
hidráulica, a energia eólica é
utilizada há milhares de anos
com as mesmas finalidades,
a saber: bombeamento de água,
moagem de grãos e outras aplicações
que envolvem energia mecânica. Para
a geração de eletricidade, as primeiras
tentativas surgiram no final do século
XIX, mas somente um século depois,
com a crise internacional do petróleo
(década de 1970), é que houve interesse e
investimentos suficientes para viabilizar
o desenvolvimento e aplicação de
equipamentos em escala comercial.
A primeira turbina eólica comercial
ligada à rede elétrica pública foi instalada
em 1976, na Dinamarca. Atualmente,
existem mais de 30 mil turbinas eólicas
em operação no mundo. Em 1991, a
Associação Européia de Energia Eólica
estabeleceu como metas a instalação de
4.000 MW de energia eólica na Europa até
o ano 2000 e 11.500 MW até o ano 2005.
18 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
Essas e outras metas estão sendo
cumpridas muito antes do esperado
(4.000 MW em 1996, 11.500 MW em
2001). As metas atuais são de 40.000
MW na Europa até 2010. Nos Estados
Unidos, o parque eólico existente é da
ordem de 4.600 MW instalados e com
um crescimento anual em torno de 10%.
Estima-se que em 2020 o mundo terá
12% da energia gerada pelo vento, com
uma capacidade instalada de mais de
1.200 GW.
Recentes desenvolvimentos tecnológicos
(sistemas avançados de transmissão, melhor
aerodinâmica, estratégias de controle e
operação das turbinas, etc.) têm reduzido
custos e melhorado o desempenho e a
confiabilidade dos equipamentos. O custo
dos equipamentos, que era um dos principais
entraves ao aproveitamento comercial da
energia eólica, reduziu-se significativamente
nas últimas duas décadas.
A energia eólica – produzida a partir
da força dos ventos – é abundante,
renovável, limpa e disponível em muitos
lugares. Essa energia é gerada por meio
de aerogeradores, nas quais a força do
vento é captada por hélices ligadas a uma
turbina que aciona um gerador elétrico.
A quantidade de energia transferida
é função da densidade do ar, da área
coberta pela rotação das pás (hélices) e
da velocidade do vento.
A avaliação técnica do potencial eólico
exige um conhecimento detalhado do
comportamento dos ventos. Os dados
relativos a esse comportamento – que
auxiliam na determinação do potencial
eólico de uma região – são relativos à
intensidade da velocidade e à direção
do vento. Para obter esses dados, é
necessário também analisar os fatores
que influenciam o regime dos ventos na
localidade do empreendimento. Entre
eles pode-se citar o relevo, a rugosidade
do solo e outros obstáculos distribuídos
ao longo da região.
Para que a energia eólica seja
considerada tecnicamente aproveitável, é
necessário que sua densidade seja maior
ou igual a 500 W/m², a uma altura de
50 metros, o que requer uma velocidade
mínima do vento de 7 a 8 m/s.
O vento apresenta velocidade média
igual ou superior a 7 m/s, a uma altura
de 50 m, em apenas 13% da superfície
terrestre. Essa proporção varia muito
entre regiões e continentes, chegando a
32% na Europa Ocidental.
A utilização dessa fonte para geração
de eletricidade, em escala comercial,
começou na década de 1970, quando
se acentuou a crise internacional de
petróleo. Os EUA e alguns países
da Europa se interessaram pelo
desenvolvimento de fontes alternativas
para a produção de energia elétrica,
buscando diminuir a dependência do
petróleo e carvão.
Quanto à aplicação desse tipo de
energia no Brasil, pode-se dizer que
as grandes centrais eólicas podem ser
conectadas à rede elétrica uma vez
que possuem um grande potencial para
atender o Sistema Interligado Nacional
(SIN). As pequenas centrais, por sua
vez, são destinadas ao suprimento de
eletricidade a comunidades ou sistemas
isolados, contribuindo para o processo
de universalização do atendimento de
energia. Em relação ao local, a instalação
pode ser feita em terra firme (on-shore)
ou no mar (off-shore).
De acordo com a Agência Nacional
de Energia Elétrica (Aneel), o Brasil
possui 248 MW de capacidade instalada
de energia eólica, derivados de 16
empreendimentos em operação. O
Atlas do Potencial Eólico Brasileiro,
elaborado pelo Centro de Pesquisas de
Energia Elétrica (Cepel), mostra um
potencial bruto de 143,5 GW, o que
torna a energia eólica uma alternativa
importante para a diversificação da
geração de eletricidade no país. O maior
potencial foi identificado na região
litoral do Nordeste e no Sul e Sudeste.
O potencial de energia anual para o
Nordeste é de cerca de 144,29 TWh/
ano; para a região Sudeste, de 54,93
TWh/ano; e, para a região Sul, de de
41,11 Twh/ano.
Ainda que a principal referência
de potencial eólico do Brasil, o não
apresente avaliações a respeito da
potencialidade energética dos ventos
na plataforma continental do vasto
litoral brasileiro – que tem nada menos
que 7.367 km de extensão e conta
com avançado desenvolvimento em
tecnologias offshore em função do
desenvolvimento e capacitação para a
prospecção e produção de petróleo e gás
natural neste ambiente – esta alternativa
não pode ser ignorada e esta via deve ser
ainda cuidadosamente avaliada, tendo
em vista que estes projetos apresentamu
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 19
Meio Ambiente
um maior volume específico de
energia elétrica gerada ao beneficiaremse da constância dos regimes de vento
no oceano.
As aplicações mais favoráveis desta
fonte energética no Brasil estão na
integração ao sistema interligado de
grandes blocos de geração nos sítios
de maior potencial. Em certas regiões,
como por exemplo, a região Nordeste,
no vale do Rio São Francisco, pode ser
observada uma situação de conveniente
complementariedade
da
geração
eólica com o regime hídrico, seja no
período estacional ou na geração de
ponta do sistema – ou seja, o perfil de
ventos observado no período seco do
sistema elétrico brasileiro mostra maior
capacidade de geração de eletricidade
20 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
justamente no momento em
que a afluência hidrológica
nos reservatórios hidrelétricos
se reduz. Por outro lado, no
período úmido do sistema
elétrico brasileiro, caracterizado
pelo maior enchimento destes
reservatórios, o potencial de
geração eólica de eletricidade
se mostra menor.
Assim, a energia eólica
se apresenta como uma
interessante alternativa de
complementariedade
no
sistema elétrico nacional.
Embora se insira dentro do
contexto mundial de incentivo
por tecnologias de geração
elétrica menos agressivas ao
meio ambiente, como qualquer
outra tecnologia de geração
de energia, a utilização dos
ventos para a produção de
energia
elétrica
também
acarreta em alguns impactos
negativos – como interferências
eletromagnéticas,
impacto
visual, ruído, ou danos à fauna, por
exemplo. Atualmente, essas ocorrências
já podem ser minimizadas e até mesmo
eliminadas por meio de planejamento
adequado, treinamento e capacitação
de técnicos, e emprego de inovações
tecnológicas.
Uma parte muito importante em todo
esse processo são os aerogeradores,
um dispositivo destinado a converter
a energia cinética contida no vento em
energia elétrica. A quantidade de energia
gerada depende da velocidade do vento;
do diâmetro do rotor; e do rendimento
de todo o sistema. Ventos com baixa
velocidade não têm energia suficiente
para acionar as máquinas eólicas, (que só
funcionam a partir de uma determinada
velocidade), a qual normalmente varia
entre 2,5m/s e 4,0m/s.
Com o aumento da velocidade do
vento, a potência no eixo da máquina
aumenta gradativamente até atingir a
potência nominal do aerogerador, a
qual varia geralmente entre 9,5 m/s e
15,0 m/s. Para velocidades superiores
à nominal, em muitas máquinas, a
potência permanece constante até uma
velocidade de corte superior, na qual a
turbina deve sair automaticamente de
operação para evitar que sofra danos
estruturais. É importante saber que a
energia disponível varia com o cubo
da velocidade do vento, de forma que
o dobro de velocidade representa um
aumento de oito vezes em energia.
Esses equipamentos precisam ser
fabricados conforme as normas técnicas
para terem um requisito de desempenho
compatível com as necessidades
de produção de energia. O próprio
Inmetro deverá exigir a avaliação de
conformidade desses produtos em um
futuro bem próximo. Serão adotados
o Modelo de Certificação 4 – Ensaio
de tipo seguido de verificação através
de ensaio em amostras retiradas no
comércio ou no fabricante, somente
para aerogeradores de potência nominal
até 100 kW e o Modelo de Certificação 5
– Ensaio de tipo, avaliação e aprovação
do Sistema de Gestão da Qualidade do
fabricante, acompanhamento através
de auditorias no fabricante, somente
para aerogeradores de potência nominal
acima de 100 kW.
A NBR IEC 61400-1 de 06/2008 –
Aerogeradores – Parte 1: Requisitos de
projeto especifica os requisitos essenciais
de projeto para assegurar a integridade
de engenharia dos aerogeradores. O
objetivo é o de disponibilizar um nível
adequado de proteção contra danos
causados por todo tipo de risco durante
toda a vida útil prevista. Aborda todos
os sistemas aerogeradores, tais como,
mecanismos de controle e proteção,
sistemas elétricos internos, sistemas
mecânicos e estruturas de suporte.
Aplicável a aerogeradores de todos
os portes (IEC61400-2 aplicável para
agregadores pequenos). Deve ser usada
juntamente com as normas adequadas
da IEC e ISO mencionadas e que são
complementares.
A NBR IEC 61400-12-1 de
03/2012 – Aerogeradores – Parte
12-1: Medições do desempenho de
potência de aerogeradores especifica
um procedimento para medir as
características
dedesempenho
de
potência de um único aerogerador e se
aplica ao ensaio de aerogeradores de
todos os tipos e tamanhos conectados
à rede elétrica. Além disso, esta norma
descreve um procedimento a ser usado
para determinar as características
de desempenho de potência de
aerogeradores pequenos (como definido
na IEC 61400-2) quando conectados
à rede elétrica ou a um banco de
baterias. O procedimento pode ser
usado para avaliação de desempenho
de aerogeradores específicos em
locais específicos, mas a metodologia
pode ser igualmente usada para fazer
comparações genéricas entre diferentes
modelos de aerogeradores ou diferentes
configurações de aerogeradores.
As características de desempenho
de potência do aerogerador são
determinadas pela curva de potência
medida e pela produção anual de energia
(PAE) estimada. A curva de potência
medida é determinada pela coleta de
medições simultâneas de velocidade
do vento e potência gerada no local de
ensaio, por um período que seja longo o
bastante para estabelecer um banco de
dados estatisticamente significativo, para
uma faixa de velocidades de vento u
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 21
Meio Ambiente
e sob condições variadas de vento e
atmosfera..
A PAE é calculada aplicando-se a
curva de potência medida às distribuições
de frequência da velocidade do vento
de referência, supondo-se 100 % de
disponibilidade. A norma descreve uma
metodologia de medição que requer que
a curva de potência medida e os valores
de produção de energia calculados sejam
complementados por uma avaliação
das fontes de incerteza e seus efeitos
combinados.
Pesquisa
O Brasil perdeu janelas de
oportunidades para promover uma
política nacional consistente de
inovação e tecnologia que incentivasse a
geração de energia eólica, como fizeram
Índia e China, dois de seus parceiros do
Brics. Apesar de ter criado um mercado
capaz de baratear este tipo de energia,
com preços muito competitivos, o país
acabou desperdiçando o seu enorme
potencial ao não criar medidas para
incentivar o desenvolvimento e o
aprendizado local para o setor.
O caminho poderia ter sido diferente,
caso as políticas de mercado, de
desenvolvimento industrial e de ciência
e tecnologia tivessem convergido para
promover a inovação. Atualmente,
a indústria brasileira de energia
eólica é dependente e altamente
internacionalizada, avalia a economista
Edilaine Venâncio Camillo. A avaliação
integra estudo de doutorado sobre o tema
defendido por ela junto ao Departamento
de Política Científica e Tecnológica
(DPCT) do Instituto de Geociências (IG)
da Unicamp. A pesquisa obteve menção
honrosa no Prêmio Capes de Teses 2014.
O trabalho foi orientado pelo docente
André Tosi Furtado, que atua no DPCT e
22 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
coordena linha de pesquisa sobre Energia
e Desenvolvimento.
Pela análise de Edilaine Camilla,
havia no mundo, sobretudo a partir da
década de 2000, momentos propícios ao
aprendizado tecnológico para este tipo
de energia alternativa. E, ao contrário de
Índia e China, o país deixou esta chance
passar. Agora, conforme a economista,
com a tecnologia praticamente madura,
o desenvolvimento de uma política
nacional nesta área demandaria um
esforço muito maior por conta das
barreiras competitivas criadas pelos
países que estão na ponta deste setor.
“O Brasil não soube aproveitar a
capacidade produtiva e científica para
construir essa cadeia localmente. O
esforço hoje vai ser muito maior do que
no início dos anos 2000. Os custos da
eólica já estão caindo muito. Portanto,
se o país entrar nesta briga, terá que
produzir a um custo muito baixo. E
ele não sabe muito bem como fazer
isso. A China foi o último país que
conseguiu aproveitar essa janela. Hoje
o Brasil teria que ter um grande poder
de mercado para entrar com uma escala
muito grande de produção”, reconhece.
Conforme a pesquisadora, tanto China
como Índia, que estavam num cenário
parecido ao brasileiro naquele período,
criaram programas de transferência
e aprendizado de tecnologias para o
setor. Atualmente, de acordo com ela,
há muitas empresas chinesas e indianas
atuando no mercado internacional e
vendendo esta tecnologia, inclusive
para o Brasil.
“O Brasil não criou incentivos para
fazer programas de pesquisas locais
em energia eólica. Não existem aqui
centros de pesquisa específicos em
energia eólica, como têm em outros
países. Como a tecnologia já estava
sendo desenvolvida, esses centros de
pesquisas articulariam, por exemplo,
uma proposta de energia eólica para o
contexto local. Foi isso que os outros
países fizeram”, compara.
Ela acrescenta que o país poderia
ter seguido outro caminho, com o
desenvolvimento de uma indústria
local e de um processo de aprendizado
tecnológico. Segundo a economista
a política industrial brasileira foi, de
certa forma, contemplada ao se pensar
numa exigência de nacionalização dos
equipamentos, mas essa política focou
essencialmente na busca por atração às
empresas multinacionais.
Em sua pesquisa, Edilaine Camilla
elaborou uma ampla análise das
políticas de inovação da energia eólica
no Brasil, utilizando os países líderes
neste setor como base. Ela indica, na
ponta, a Dinamarca, Espanha, Estados
Unidos, Alemanha, Índia e China. Estes
dois últimos países merecem destaque
especial na análise do caso brasileiro
porque promoveram um amplo
aprendizado tecnológico e deixam
lições importantes ao Brasil, ressalta.
Para a pesquisadora da Unicamp, as
políticas de inovação tem um caráter
multifacetado e devem atuar de forma
concomitante e coordenada em esferas
diversas, como a da transferência
de tecnologia e a industrial. “Foi
exatamente isso que fizeram Índia e
China”, pontua. No caso brasileiro,
houve um claro descompasso entre
o estágio de desenvolvimento da
tecnologia local e no mundo, aponta.
“Os instrumentos de promoção
não foram ajustados ao contexto
do país e da indústria no mundo. O
Brasil tem condições específicas de
vento, condições específicas de solo,
temos uma série de fatores locais que
podem dificultar, ao longo do tempo,
o funcionamento desta tecnologia.
Hoje, como o Brasil não fez a ‘lição de
casa’, vai ter que estudar e se adaptar ou
importá-la”, explicita.
A estudiosa analisou o Programa
de Incentivo às Fontes Alternativas de
Energia (Proinfa), implementado no país
em 2004. “Este programa tinha que ser
encerrado em 2006, mas, como houve
uma série de entraves, principalmente
no que se refere à energia eólica, ele foi
prolongado até 2008. Quando comecei
os estudos, o objetivo era entender u
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 23
Meio Ambiente
porque havia estes entraves em relação
à energia eólica. Além da eólica, o
Proinfa abarcava as pequenas centrais
hidrelétricas e as termoelétricas movidas
à biomassa. As metas para estas fontes
estavam sendo cumpridas, mas para a
eólica, não”, lembra.
Além deste período, foi investigada
outra fase da política brasileira, na qual
há forte participação da fonte eólica nos
leilões de energia elétrica. Com a não
regulamentação de uma segunda fase do
Proinfa, os leilões de compra e venda de
energia se tornaram o principal meio de
incrementar a participação das fontes
alternativas na geração de energia
elétrica. Desenhou-se, assim, um novo
contexto de promoção à energia eólica
no país, situa a economista.
“Não
investigo
estas
fases
isoladamente. Analiso a política
industrial, pois a atividade de geração
de energia eólica está muito vinculada
à produção de equipamentos. E a
fabricação de equipamentos é o principal
custo para se montar o parque eólico. Ao
olhar para a indústria, tenho que olhar
Matriz energética também para a tecnologia. Esse é um
da China foco central para se analisar como que o
24 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
país está absorvendo esta tecnologia por
meio da pesquisa e inovação”, detalha.
Cenários mundial e brasileiro
A energia eólica, segundo a
economista e pesquisadora da Unicamp,
é a fonte renovável que vem crescendo
de forma mais acelerada nas últimas
duas décadas. A tecnologia para este
setor tem sofrido forte incremento
também. Ela explica que os geradores
das turbinas atuais são 100 vezes
maiores do que aqueles do início dos
anos de 1980, quando a energia eólica
estava dando seus passos iniciais.
A capacidade acumulada em energia
eólica mundial cresceu 30% ao ano,
em média, desde meados da década de
1990. Apesar desta expansão ter se dado
num ritmo menor em 2011, devido à
crise financeira global, não há sinais de
que essa tendência de crescimento vá
se inverter nos próximos anos, afirma
Edilaine Camilla.
Ela menciona dados do IPCC
(Intergovernmental Panel on Climate
Change), demonstrando que a participação
da energia eólica, entre as fontes produtoras
de energia elétrica, respondeu por 33% de
toda a capacidade instalada entre 2000 e 2009
na Europa. Nos Estados Unidos este índice
chegou a 10%. Na China esse percentual foi
de 16% em 2009. Considerando a capacidade
global, a energia eólica participou com 20%
na soma das potências de todas as fontes
instaladas em 2009.
“O Brasil, apesar de contar com uma
política para energia eólica desde 2004,
entrou apenas recentemente no mapa
mundial de investimentos da indústria de
energia eólica, tanto no que diz respeito à
capacidade instalada quanto à fabricação de
aerogeradores.
Em 2008, a capacidade instalada em
energia eólica no país não passava de 414
megawatts. Ao final de 2012, a
capacidade instalada somava em
torno de 2.000 megawatts ou 1,7%
da capacidade total de geração de
elétrica do país, mas a capacidade
contratada já alcançava 8.381
megawatts”, analisa.
Ela informa que o país também se
tornou recentemente um polo de atração
de subsidiárias de multinacionais
fabricantes de turbinas e componentes
para a geração de energia eólica. Dados
citados em sua pesquisa demonstram
que, até 2008, o país abrigava apenas
uma fabricante de equipamentos
completos. Em 2012, esse número
subiu para sete, não contando as
fabricantes de componentes e partes de
turbinas eólicas. t
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 25
Qualidade
Academia Brasileira da
Qualidade (ABQ):
Qualidade
como
prioridade
nacional
A ABQ é uma instituição de referência sobre qualidade
e excelência na gestão. Ela congrega especialistas e
conhecedores da área da qualidade dos mais diversos
setores econômicos nos âmbitos público e privado, e
também professores universitários. Trata-se de uma
organização não governamental, sem fins lucrativos,
cuja missão é contribuir para o desenvolvimento do
conhecimento da engenharia da qualidade, da gestão da
qualidade e da excelência da gestão, em benefício das
organizações e da sociedade brasileira
26 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
Da Redação
T
emos como missão contribuir
para o desenvolvimento do
conhecimento em qualidade,
inovação e excelência da
gestão, para o benefício das organizações
e da sociedade brasileira. Além disso,
atualmente, é intuitivo a todas as
pessoas o desejo pela qualidade. Assim,
devem ser apresentados aos cidadãos,
com o suporte de todos os meios de
comunicação, os benefícios de se exigir
que tudo seja realizado com qualidade,
tornando-a então uma prioridade
nacional, com consequências diretas
na melhoria do cotidiano de cada um”.
Com essa frase o presidente da ABQ e
professor titular de pós graduação em
engenharia de produção da Universidade
Paulista, Pedro Luiz de Oliveira Costa
Neto, explica que a instituição foi
fundada em 11 de novembro de 2010 e no
desenvolvimento de suas atividades, vem
objetivando essencialmente contribuir
para a melhoria da qualidade de vida
do ser humano, atuando também em
colaboração com organizações públicas
e privadas do Brasil e do exterior.
“Desde a sua constituição, a ideia
sempre foi utilizar, para cumprir
sua missão, a liderança, a seriedade
e a capacidade profissional de seus
acadêmicos, de modo individual ou
coletivo. Tanto é que todos os eventuais
recursos
financeiros
arrecadados
foram aplicados exclusivamente para
cumprir sua missão, sendo vedado aos
acadêmicos auferir qualquer tipo de
vantagem financeira decorrente da sua
atividade na ABQ. Temos respeito pela
sociedade e adotamos comportamentos
éticos que contemplam o respeito ao
próximo e a todos os públicos, sem
qualquer tipo de discriminação, bem
como às leis vigentes no Brasil. Como
o evento realizado em novembro de
2014, estamos cumprindo a nossa
missão, com atividades científicas,
técnicas e culturais, contando, para
tanto, com o apoio obtido por meio
de parcerias, na forma de recursos
materiais, informacionais, humanos e
financeiros. O que queremos é induzir
a implementação da qualidade nas
empresas brasileiras, que todos os
brasileiros se conscientizem de que
somente dessa forma vamos aumentar
a competitividade do país”, assegura o
presidente.
Para o diretor vice presidente da
ABQ, Basilio V. Dagnino, a criação da
instituição ocorreu porque foi sentida
uma lacuna na sociedade brasileira de
uma entidade que resgatasse a qualidade
no Brasil, que procurasse unir todos
os setores em prol das melhorias que
são necessárias para a produtividade
nacional. “Atualmente, o assunto
qualidade está um pouco esquecido,
mas a intenção é que isso volte à pauta,
tanto nas empresas como no governo e
na sociedade como um todo. Estamos
tentando incutir, principalmente nos
jovens, por meio de variadas ações
e projetos visando esse público
promover a qualidade. Uma das pessoas
incentivadoras da fundação da ABQ foi
o Evandro Lorentz que procurou outros
especialista que atuavam na área para
tentar reunir um grupo de em torno da
ideia. Hoje, depois de promover um
evento no dia 13 novembro de 2014, na
Fiesp em São Paulo, o Seminário ABQ
Qualidade Século XXI – Os desafios
para a Competitividade Brasileira,
a academia está consolidada. Para
assistir às palestras, basta clicar no link
http://www.transmitirnaweb.com.br/
ABQEVENTOS/.
u
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 27
Qualidade
Pedro Luiz de
Oliveira Costa Neto
e Basilio V. Dagnino
Já está marcada a segunda edição do
evento para o dia 12 de novembro de 2015”.
Segundo o presidente Pedro Luiz,
para ser admitido como acadêmico, a
pessoa deve ser indicada por um dos
acadêmicos, que será considerado
o seu padrinho. “Este apresentará
uma proposta conforme regulamento
específico, que contenha, pelo menos:
sua formação universitária; suas
atividades profissionais, que devem
perfazer um mínimo de 30 anos; uma
declaração atestando a idoneidade do
candidato; e a informação de que ele
possui idade superior a 55 anos. Será
considerado eleito o candidato que
obtiver a aprovação mínima, ou seja,
em toda e qualquer votação na ABQ,
a aprovação é alcançada com mais de
2/3 de votos favoráveis, sendo vedado
o voto por procuração, mas admitido o
voto virtual posterior”.
Ele acrescenta que os brasileiros
precisam entender o conceito de
qualidade que pode ser entendido de
várias maneiras, tais como excelência,
adequação ao uso, conformidade com
as especificações, mas pode também,
ser associado ao ato de fazer as coisas
certas, diretamente ligado à ideia de
28 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
eficácia. “O conceito de produtividade,
por usa vez, admite diversas variantes do
quociente resultados/insumos e pode ser
associado ao ato de fazer certo as coisas,
diretamente ligado à ideia de eficiência,
ou bom uso dos recursos disponíveis.
Evidentemente, outros fatores podem
ser invocados como elementos para a
competitividade, como disponibilidade,
ações de marketing e diversas outras
condições abrigadas sob o conceito de
vantagem competitiva, amplamente
discutido por Porter. Nesse contexto,
a existência das inovações pode ser de
decisiva importância”.
Dagnino
complementa
dizendo
que uma das formas de se aprimorar
a qualidade de produtos e serviços,
amplamente difundida pelas empresas
japonesas, que para tanto se valem de
um extenso arsenal de ferramentas e
princípios, é a busca por melhorias
contínuas, muitas vezes obtidas
com o uso de técnicas simples, ao
alcance dos operadores de processos,
e análises online. “Em contrapartida,
existem as melhorias incrementais, em
geral conseguidas por métodos mais
sofisticados, uso intensivo de técnicas
estatísticas poderosas, participação de
especialistas e análises offline. Outra
forma de se conseguirem melhorias
incrementais é mediante o aporte de
inovações tecnológicas”.
Manifesto
A ABQ enviou para as autoridades
que administram o país o seu manifesto,
incluindo a presidente, o vice
presidente, presidente do Senado, da
Câmara, etc. “A Academia Brasileira
da Qualidade tem por MISSÃO
contribuir para o desenvolvimento do
conhecimento em qualidade, inovação
e excelência da gestão, para benefício
das organizações e da sociedade
brasileira. À luz de sua MISSÃO, por
ocasião das comemorações do DIA
MUNDIAL DA QUALIDADE nesta
quinta-feira, 13 de novembro de 2014,
a Academia divulga este MANIFESTO
à Sociedade Brasileira tendo em tela os
conhecidos problemas de gestão que têm
influenciado negativamente a utilização
dos recursos e a qualidade dos produtos
e serviços no Brasil, com impacto direto
na vida de todos os cidadãos.
1.
Qualidade como prioridade
nacional: É intuitivo a todas as
pessoas o desejo pela qualidade.
Assim, devem se apresentar aos
cidadãos, com o suporte de todos os
meios de comunicação, os benefícios
de se exigir que tudo seja realizado
com qualidade, tornando-a então
uma prioridade nacional, com
consequências diretas na melhoria do
cotidiano de cada um.
2.
Educação e Saúde, Base para
a Qualidade: Para tanto, devem ser
realizadas ações que reafirmem o valor
da educação e da saúde como pilares
da construção da cidadania, com
foco na valorização dos professores,
dos médicos e dos profissionais da
educação e da saúde. Por extensão,
todos de cada família devem ser
envolvidos, reforçando seus laços e
estendendo-os para a comunidade.
Neste processo, recomenda-se que os
especialistas insiram nos currículos
escolares noções de empreendedorismo
e gestão nos diferentes níveis de ensino
e na profundidade e abrangência
compreensíveis a cada nível de
maturidade do corpo discente e sempre
em consonância com a vocação de
cada região brasileira.
3.Não
há Qualidade sem um
programa de inclusão social:
Entretanto, antes da educação e da
saúde, cidadãos sem fome. Assim, é
imprescindível que sejam mantidos
os programas sociais de erradicação
da pobreza, que, sem contornos
partidários, devem visar tão somente
ao benefício das pessoas que deles
efetivamente precisam. Passado o
primeiro momento, deve-se evoluir
do “dar o peixe” para o “ensinar a
pescar”, pois é oportuno ter em mente
que o real sucesso de um programa de
inclusão social é mensurado através
do número de pessoas que não mais
dele precisam, pois já têm os meios
de, por si só, terem uma vida de
cidadania plena.
4.Justiça
com Qualidade: Essa
cidadania plena só é garantida por uma
justiça independente, ágil, apoiada em
forças de segurança capacitadas. Uma
justiça que, além de seus esforços,
atue de forma a suprimir o sentimento
comum de que há impunidade no
Brasil. Por fim, uma justiça que
emita pareceres em uma linguagem
compreensível pelo cidadão comum
e que promova a celeridade nos
processos sob sua alçada.
5.Serviço
Público
com
Qualidade: O exemplo de uma
justiça com qualidade certamente se
desdobrará em todas as instituições de
serviço público, nas quais programas
que privilegiem a dedicação do servidor
e a meritocracia devem ser implantados.
Some-se a isso uma gestão transparente
da coisa pública, com a simplificação
da burocracia e a apresentação, onde
permitida, de todas as ações e
u
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 29
Qualidade
informações na internet e em quaisquer
outros meios que as tornem acessíveis a
todos os cidadãos.
6.Exercício do Mandato Público
com Qualidade: Mais ainda do
que uma justiça com qualidade e
um serviço público com qualidade,
é imperioso que todos aqueles que
foram honrados com nosso voto
democrático trabalhem de forma
ativa, ética e eficiente, colocando
os anseios e sonhos de seus
representados acima de qualquer
interesse pessoal. Todos bem sabem
que são chamados de pessoas
públicas e, portanto, no exercício
de suas funções, todos os seus atos
devem ser públicos. Isso é condição
indispensável para o exercício pleno
de um mandato com qualidade.
7.Qualidade
exige Inovação:
Por tudo isso, ao observarmos as
ações desenvolvidas por nações
mais
competitivas,
verifica-se
que os programas de qualidade
que se iniciam com a educação
da
juventude
velozmente
se
multiplicam em inovações de toda a
ordem. Aperfeiçoam-se produtos e
serviços existentes e surgem outros
melhores, em ciclos cada vez mais
rápidos. Deve-se, portanto, estimular
fortemente os processos criativos que
reforçarão nossa competitividade e
posicionarão a Marca Brasil em um
patamar internacionalmente mais alto.
Ressaltam-se por justiça as inegáveis
contribuições hoje já dadas pela
Embrapa, pelo Instituto Oswaldo Cruz,
pelo Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais, pelo Instituto Nacional do
Câncer e por muitas Universidades e
organizações, que só precisam de mais
30 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
investimentos para se desenvolver em
toda a sua plenitude.
8.Inovação Favorece o Empreende-
dorismo:
O
desdobramento
natural desses investimentos é
o frutificar de ideias, que levam
ao empreendedorismo. Surgirão
organizações, com e sem fins lucrativos,
que gerarão riquezas para todos e, no
fechar de um círculo virtuoso, exigirão
mais e mais educação.
9.O
Conceito
amplo
da
Qualidade: Nesse contexto, bem
sabemos que o conceito moderno de
qualidade engloba desde a qualidade
técnica de processos, produtos e
serviços até as ações para a excelência
na gestão, necessariamente assim
passando pela sustentabilidade,
pela qualidade nas relações entre as
pessoas e suas organizações, pela
gestão do conhecimento, pela ação
da liderança e por outras áreas, tudo
isso brilhantemente consolidado no
Modelo de Excelência da Gestão da
Fundação Nacional da Qualidade.
10.Transformando
o Brasil
com a Qualidade:
Por isso,
deve-se aumentar a sinergia
entre as instituições que atuam
no aprimoramento da gestão,
como, por exemplo, a Câmara de
Políticas de Gestão, Desempenho
e Competitividade, o Movimento
Brasil Competitivo, o Inmetro, a
GesPública, a Fundação Nacional da
Qualidade, os Programas e Prêmios
Regionais e Setoriais de Qualidade
e Produtividade, as Universidades,
a ABNT, o Sebrae, entre outras não
citadas, mas que já dão contribuições
relevantes ao desenvolvimento da
qualidade. Neste processo, deve-se
implantar um planejamento comum,
abrangente, somador dos esforços
individuais, que evite superposições
e maximize a utilização de recursos,
tendo indicadores de desempenho
transparentes e acessíveis a todos.
11.Qualidade
gera benefícios
para todos:
A qualidade
gera benefícios ao aumentar a
produtividade e reduzir custos. Isso
conduz a uma maior competitividade
com sustentabilidade. Adquirir
um produto ou um serviço nessas
condições é fator de alegria para o
cidadão e para a sua família. Assim,
nossa criatividade, tão decantada por
todos os povos que nos conhecem,
será canalizada para a melhoria
de tudo o que nós já produzimos e
iremos produzir. Poderemos dizer
com satisfação que o futuro tornouse presente para um país que sempre
esperava o futuro.
12.Somos
responsáveis por
nosso futuro comum: Nosso
Manifesto, longe de querer ser
completo, consolida ideias para um
Brasil melhor, ideias essas que não
são nossas, mas que representam um
senso já comum entre os cidadãos
brasileiros. Cada cidadão, por suas
ações, é responsável pela construção
de nosso futuro. E a Academia
Brasileira da Qualidade, pela força
do trabalho individual e coletivo de
seus membros, coloca-se assim a
serviço da Sociedade Brasileira.t
OS ACADÊMICOS
Ariosto Farias Junior
Basilio V. Dagnino
Caio Márcio Becker Soares
Carlos de Mathias Martins (in
memoriam)
Carlos Lombardi
Claudius D’Artagnan Cunha Barros
Dorothea Fonseca Furquim Werneck
Edson Pacheco Paladini
Eduardo Vieira da Costa Guaragna
Elcio Anibal de Lucca
Eliezer Arantes da Costa
Ettore Bresciani Filho
Evando Mirra de Paula e Silva
Evandro G. Lorentz
Fabio E. P. Braga
Francisco Paulo Uras
Getúlio Apolinário Ferreira
Hayrton Rodrigues do Prado Filho
Heitor Augusto de Moura Estevão
Ilcon Miranda Costa
Iris Bento da Silva
Itiro Iida
Jairo Martins da Silva
João Mário Csillag
Jorge Gerdau Johannpeter
José Ephim Mindlin (in memoriam)
José Israel Vargas
José Joaquim do Amaral Ferreira
José Paulo Silveira
José Ribeiro da Costa (in memoriam)
Juarez Távora Veado (in memoriam)
Luiz Carlos do Nascimento
Marcio F. Migues
Nigel Howard Croft
Ozires Silva
Paulo Afonso Lopes da Silva
Pedro Luiz de Oliveira Costa Neto
Reinaldo Dias Ferraz de Souza
Ruy de C. Bergstrom Lourenço Filho
Vicente Falconi Campos
Vivaldo A. Russo
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 31
Ferramentas
As Ferramentas do Lean Manufacturing
Kanban
N
esta edição vamos abordar uma ferramenta
do Lean Manufacturing muito útil para as
empresas, o Kanban.
Kanban é uma ferramenta visual e é um
dos componentes do Just in Time (JIT).
Kanban significa registro ou placa visível, mas tem sido
traduzido informalmente como cartão, pois utiliza cartões
de sinalização que sincronizam e fornecem informações
aos fornecedores e clientes internos e externos. Ou seja,
um kanban é uma autorização para produzir ou parar.
O objetivo do Kanban é manter um fluxo contínuo
dos produtos que estão sendo produzidos. O seu grande
diferencial é o conceito de eliminar estoques, estoque
zero. O objetivo é produzir somente o que é necessário na
quantidade certa e na hora certa.
Imaginando o Kanban em um supermercado. Quando
o cliente passasse com os produtos no caixa, cartões
que contém informações sobre os tipos e quantidades
dos produtos comprados seriam repassados para o
pessoal de compras. Desta forma, os produtos retirados
seriam rapidamente substituídos pelos novos produtos
comprados. Estes cartões com as informações seriam os
Kanbans de movimentação e os produtos expostos no
supermercado seriam o estoque. Se existisse uma fábrica
dos produtos do supermercado, existiria o kanban de
produção, ou seja, baseado nas informações do kanban
de produção, a produção produziria a quantidade de
produtos comprados.
A principal característica do Sistema kanban é que
a produção é puxada pelo processo cliente, em vez de
ser empurrada por ordens de fabricação do processo
fornecedor. Ou seja, o processo fornecedor produzirá
somente quando o processo cliente ordenar. E esta
ordem é feita através de cartões. Outras características
do Sistema Kanban são :
• Não se pode produzir baseado em previsão de
vendas, ou seja, a produção deve estar baseada no
que já foi vendido e não no que se pretende vender.
• Toda a cadeia de produção é paralisada caso ocorra
uma interrupção em algum setor
• Baixos níveis de estoque de produtos em processo
e de produtos acabados, pois se baseia no princípio
de que tudo o que é produzido será consumido
rapidamente
• Fácil controle de inventário
• Restrição de produção de grandes lotes
Existem basicamente três tipos de Kanban:
Kanban de Produção
Define o tipo e a quantidade de produtos que o
processo fornecedor deve produzir.Sua área de atuação
está entre o Quadro Kanban e o mini estoque de saída do
processo / área.
Normalmente é representado por um cartão azul e
contém as seguintes informações mínimas :
• Processo produtor
• Identificação / código do produto
• Descrição / nome do produto
• Capacidade do contentor (quantidade de produtos
representados pelo cartão)
• Localização do estoque (local onde o contentor cheio
e o cartão deve permanecer até ser transferido para o
processo cliente)
• Materiais necessários
Kanban de Retirada ou
de Transporte ou de Recebimento
Define o tipo e a quantidade de produtos que o processo
cliente deve retirar do processo fornecedor. Atua como
uma Requisição de Material.
Normalmente é representado por um cartão verde e
contém as seguintes informações mínimas :
• Identificação / código do produto
• Descrição / nome do produto
• Capacidade do contentor (quantidade de produtos
representados pelo cartão)
• Número do cartão
• Processo anterior (centro fornecedor do produto)
• Processo posterior (centro cliente do produto)
Kanban de Aquisição
Similar ao Kanban de Movimentação, mas é utilizado
entre o cliente externo e o estoque do produto acabado.
Normalmente é representado por um cartão amarelo e
contém as seguintes informações mínimas :
• Identificação / código do produto
• Descrição / nome do produto
32 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
Por Roberta Pithon
• Capacidade do contentor (quantidade de produtos
representados pelo cartão)
• Número do cartão
• Estoque
• Transporte
O sistema Kanban precisa de apenas uma programação
de produção. Alterações de demanda dos clientes
são absorvidas sem muito stress. Já em um sistema
empurrado, qualquer alteração na demande dos clientes,
requer uma nova reprogramação em todos as etapas do
processo de produção.
O Kanban é muito visual. Se existem muitos kanbans
no quadro de controle da produção é indício que a
produção está atrasada. Da mesma forma, se o quadro
mostrar uma quantidade de kanbans menor do que o
nível mínimo, é indício que aquele produto deve parar
de ser produzido.
Importante é enfatizar que só se produz o que foi retirado e
na sequência em que foi retirado.
As principais funções do kanban são:
• Fornecimento de informações sobre produzir ou transportar
• Fornecimento de informações sobre a produção e
para a produção, pois sempre acompanha os produtos
• Fornecimento de informações que ligam os processos
clientes e fornecedores em todos os níveis.
• Impedir a superprodução e o transporte excessivo
• Funciona como uma ordem de fabricação fixada nos
produtos
• Impedir produtos defeituosos através da identificação
do processo que os produz
• Revela problemas existentes
• Manutenção do controle de estoque.
As regras do Kanban são :
• Não produza e não expeça produtos com defeitos para
o processo seguinte - Produtos livres de defeitos.
• O cliente retira somente o necessário para ele - O
processo cliente busca produtos no processo
fornecedor na hora e na quantidade que ele precisa
- Para o processo fornecedor, significa eliminar o
programa de produção e produzir apenas os itens
retirados pelo processo cliente. Ou seja, a regra
não é mais produzir o máximo que for possível.
• Produção da quantidade retirada pelo cliente Produzir a quantidade de kanbans que foram
devolvidos e na sequência em que foram devolvidos,
ou seja, o processo fornecedor deve produzir
apenas a quantidade retirada pelo processo cliente.
Para que isso possa ocorrer, a força de trabalho
e os equipamentos em cada etapa do processo
de produção devem estar aptos para produzir as
quantidades necessárias no momento necessário.
Desta forma, quanto mais irregular for a quantidade
retirada pelo processo cliente, maior deve ser a
capacidade excedente do processo fornecedor.
• Nivelamento da Produção - Retirada de produtos
em horas fixas, em quantidades fixas e em uma
sequência fixa. O nivelamento da produção traz
muito mais vantagens do que a produção em massa.
• Utilização do Kanban para ajuste fino da produção Grandes mudanças na produção devem ser tratadas
pelo Plano de Produção.
• Estabilização do processo - Com a redução dos
desperdícios.
Para que o Kanban funcione é necessário nivelar a
produção e trabalhar de forma padronizada através do
Trabalho Padronizado, além de muita disciplina.
Roberta Pithon: Pós-Graduada em Qualidade, em
Sistemas Integrados de Gestão e em Gestão Empresarial.
Mestranda em Engenharia Mecânica – Unicamp. CQE,
CMQ/OE, CSSBB, CSSGB, CSSYB, CQA, CQT, CQPA e
CQIA pela ASQ. Lead Auditor ISO 9001, ISO/TS 16949,
ISO 14001 e OHSAS 18001. Professora de Graduação
e Pós Graduação de disciplinas da Qualidade e
de Sistemas de Gestão. Sócia-diretora, consultora,
instrutora e auditora da Excelint Gestão Empresarial.
[email protected]
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 33
Gestão
O líder
da
Qualidade
Total
Lembrando Armand V. Feigenbaum,
o integrador da gestão de qualidade
organizacional
Por Gregory H. Watson
A
rmand Vallin Feigenbaum,
ou “Val” para os seus
muitos amigos, nasceu em
uma época diferente. Em
sua juventude, ele trabalhou como
ferramenteiro na General Electric
(GE) e se aproveitou dos benefícios
educacionais excepcionais da GE
para ganhar um diploma de bacharel
em engenharia pela Union College
em Schenectady, NY, seguido de um
mestrado e doutorado em engenharia
econômica do Instituto de Tecnologia
de Massachusetts em Cambridge.
Seu início de carreira foi impulsionado
pela falta de engenheiros durante a
34 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
Segunda Guerra Mundial, e ele subiu
rapidamente na estrutura de gestão da
GE até se tornar diretor de fabricação
e qualidade, cargo que ocupou por dez
anos antes de fundar a General System
com o seu irmão, Donald.
Feigenbaum é mais conhecido pelas
várias edições do seu livro clássico Controle
da Qualidade Total (Total Quality Control),
que foi uma expansão de um artigo que
escreveu para a Harvard Business Review
em 1956. Feigenbaum faleceu em 13 de
novembro com a idade de 94.
Pioneiro da Qualidade
Entre suas principais reconhecimentos
são a outorga da Medalha Nacional
de Tecnologia pelo presidente George
W. Bush, a eleição para a Academia
Nacional de Engenharia, três doutorados
honorários, e a seleção como membro
honorário da ASQ e da International
Academy for Quality (IAQ). Feigenbaum
contribuiu com muita energia para o
movimento da qualidade desde o seu
início. Ele era um membro pioneiro da
ASQ e foi a única pessoa que foi seu
presidente por dois mandatos.
Como funcionário da GE, procurou
reconstruir suas operações na Europa após
a II Guerra Mundial, Feigenbaum focou
seus esforços na reconstrução da fabricação
e na qualidade pela Europa, onde ele foi
um catalisador na criação da European
Organization for Quality (EOQ).
Junto com seus colegas internacionais
de qualidade, Kaoru Ishikawa (Union
of Japanese Scientists and Engineers –
JUSE e Walter A. Masing (representando
a EOQ), Feigenbaum foi um dos três
indivíduos que são creditados como
fundadores do IAQ. Feigenbaum em
toda a sua vida serviu como um modelo
de total compromisso com a qualidade.
GE: um ambiente intelectual
estimulante
No início de sua carreira, Feigenbaum
teve o privilégio de trabalhar em uma
empresa que não só respeitava a educação,
mas também a incentivava fortemente.
Naquela época, a GE tinha um ambiente
excepcionalmente rico, onde a busca da
melhoria contínua permeava tudo. Esta
cultura estimulou a inovação centrada
no desenvolvimento de métodos de
engenharia para a produção e seus
sistemas de suporte relacionados.
Depois de seu trabalho no
gerenciamento de projetos, Feigenbaum
passou a ser um executivo chave
no desenvolvimento do centro de
aprendizagem da GE em Crotonville,
NY.
Neste
ambiente
altamente
inspirador, os contemporâneos de
Feigenbaum também contribuiram
com idéias que se fundiram em sua
perspectiva de qualidade total.
Ralph E. Wareham (1914-2006)
se considerava um engenheiro de
qualidade. Depois de receber um
diploma de bacharel em matemática pela
Universidade de Iowa, Wareham juntouse à GE e trabalhou em qualidade. Ele
estudou com Walter A. Shewhart por
meio de um programa de intercâmbio
que a GE mantinha com a AT & T Bell
Laboratories.
Wareham foi o autor de um dos
capítulos sobre Controle Estatístico do
Processo que está incluído no livro de
Feigenbaum de 1951: Quality Control
(este livro foi o núcleo inicial do livro de
Feigenbaum: Total Quality Control ou
Controle da Qualidade Total, publicado
pela primeira vez em 1961). Wareham foi
um dos seis instrutores para o curso de
controle estatístico do processo que foi
desenvolvido por Eugene L. Grant para
as empresas de manufatura nos Estados
Unidos durante os anos de guerra.
Wareham foi o segundo presidente da
ASQ. Ele demonstrou total compromisso
com a qualidade, permanecendo ativo
na ASQ até sua morte. A ênfase de
Wareham em métodos estatísticos
para controlar a qualidade foi um dos
elementos chave da abordagem de
Feigenbaum da qualidade total.
Harry A. Hopf (1882-1949) se
considerava um engenheiro de gestão.
Ele aplicou os princípios da gestão
científica para o trabalhadores de
colarinho branco e, em 1953, a GE
publicou uma coleção dos seus trabalhos
que ele escreveu nas décadas de 1930 e u
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 35
Gestão
1940 como New Perspectives in Management
ou As Novas Perspectivas em Gestão.
A coleção de documentos de Hopf
ilustra a aplicação de princípios de
gestão científica para negócios de
seguro de vida da GE. É interessante
notar como ele enfatizou a construção
de um sistema de medição de som e
gestão participativa para orientar os
processos das organizações, como
métodos estatísticos e as relações
humanas são pilares do movimento
moderno de qualidade.
“O poder de tomada de decisão
deve ser colocado tão perto quanto
possível do ponto de onde se origina
a ação”, escreveu Hopf. Nesta ênfase,
ele ecoa Mary Parker Follett (autor de
The Creative Experience) e Chester
I. Barnard (autor de The Functions of
the Executive).
A extensão dos princípios da
administração científica e a integração com
idéias participativas de Hopf contribuiram
com dois elementos para a abordagem de
Feigenbaum na qualidade total.
Lawrence D. Miles (1904-1985)
se considerava um engenheiro de
valor. Ele trabalhou na GE no setor
de compras e atuou para melhorar a
produtividade e os custos de material
fornecido, descrevendo seu método
em Techniques of Value Analysis ou
Técnicas de Análise de Valor.
A abordagem de Miles e a engenharia
de valor aplicadas às ferramentas de
criatividade, como o brainstorming, foi
muito popularizada por Alex F. Osborne
(autor de Applied Imagination ou
Imaginação Aplicada) para desenvolver
alternativas, de baixo custo, para
fornecer a mesma funcionalidade dos
produtos por meio do uso de material
diferente ou alterações de design.
Atualmente, a engenharia de valor
36 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
é necessária em todos os principais
contratos do Departamento de Defesa
dos EUA.
A ênfase de Miles na relação custo
eficácia das operações e materiais
também enriqueceu a idéia de
Feigenbaum para a qualidade total.
Em uma entrevista em 2006 à Quality
Progress (QP), Feigenbaum reconheceu
que a engenharia de valor estava
fazendo uma grande contribuição para o
kit ferramenta utilizada para a melhoria
da qualidade total.
Misturando uma abordagem de
sistemas coerentes
As ideias de Feigenbaum também
foram estimuladas por uma variedade
de pares dentro da comunidade de
qualidade pós-Segunda Guerra Mundial.
Muitos foram os pioneiros na criação da
American Society for Quality Control
(ASQC), o nome original da American
Society Quality – ASQ), e vários
envolvidos na criação do IAQ.
Estas pessoas foram: Leon Bass,
Charles A. Bicking, Paul C. Clifford,
Simon Collier, W. Edwards Deming,
George D. Edwards, Eugene C. Fisher,
Joseph M. Juran, E. Jack Lancaster,
Sebastian B. Littauer, Julius Y. McClure,
Thomas C. McDermott, R. Ellis Ott,
William R. Pabst, Leslie Simon e
Shewhart. Eles foram ativamente
engajados no desenvolvimento do
núcleo do conhecimento da moderna
qualidade (QBoK), e seus engajamentos
evoluíram a partir de atividades que
foram relacionadas com o apoio das
indústrias de guerra.
Antes do desenvolvimento de
Feigenbaum dos conceitos da qualidade
total, havia duas escolas de pensamento
dominantes sobre qualidade:
- Durante a primeira metade do século
passado, Deming, Harold F. Dodge,
Grant, Ott, Harry Romig e Shewhart
estavam focados na utilização de
métodos estatísticos para conseguir
produtos de alta qualidade por meio de
uma combinação de testes de aceitação
e controle estatístico de processo.
No início de 1950, Deming, Juran e
Peter Drucker enfatizaram os sistemas
baseados em gestão para melhorar o
desempenho da fabricação e as práticas
de negócios com forte ênfase nos
aspectos das relações humanas.
Feigenbaum serviu como um
integrador intelectual de sistemas para o
pensamento da qualidade. Ele avançou
na gestão de tecnologia por meio da
definição de uma nova abordagem de
qualidade baseada na economia e na
engenharia industrial, que incluiu a
disciplina de engenharia emergente
relacionada com sistemas e ciência da
administração. Ele combinou isso com os
conhecimentos estatísticos preexistentes
e de gestão, e essa integração resultante
foi chamada de qualidade total.
Contribuição intelectual pessoal
As principais contribuições por
Feigenbaum foram documentadas
em seu livro de 1961, Total Quality
Control ou Controle da Qualidade
Total, que passou por atualizações em
três edições para se manter em moda
durante os últimos 50 anos. De acordo
com Feigenbaum, a qualidade deve ser
enfatizada por causa de três fatores:
1.Os clientes continuam a aumentar
sua exigência para o desempenho em
qualidade dos produtos e serviços.
Isso amplia muito a concorrência
para a ganhos de market share,
oferecendo maior valor percebido
do que está disponível a partir de
outros fornecedores de produtos ou
serviços semelhantes.
2.Devido ao aumento da demanda
por produtos de maior qualidade, as
abordagens tradicionais, práticas e
técnicas para entregar resultados de
qualidade tornaram-se obsoletas, e
o desempenho de qualidade já não
pode ser considerado como valor
agregado. Em vez disso, tornouse uma qualificação de base em
concorrência comercial.
3.Os custos da qualidade não são
visíveis, mas escondido nos
relatórios financeiros de gestão da
maioria das organizações. Estes
custos são muitas vezes maior do que
o lucro alcançado pelos produtos.
Para algumas organizações, estes
custos podem ser tão altos a ponto
de comprometer a sua posição
competitiva no mercado.
Feigenbaum disse que se estes são
os fatores que motivam a gestão para
desenvolver uma capacidade forte de
qualidade, o controle da qualidade
total (Total Quality Control – TQC) é a
resposta para assegurar uma organização
com um sistema robusto que ofereça
qualidade em todas as áreas de suas
operações de negócios. Então, o que ele
quis dizer com TQC?
Controle da qualidade total
Feigenbaum definiu o TQC como: “Um
sistema eficaz para integrar os esforços
de desenvolvimento, manutenção e
de melhoria da qualidade dos vários
grupos em uma organização, de modo a
permitir produtos e serviços com níveis
mais econômicos que permitam a plena
satisfação do cliente” Considere cada
palavra na frase “controle da qualidade
total” e o que ela contribui para a
definição global do TQC:
u
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 37
Gestão
Total: Feigenbaum acreditava que o
engajamento total de uma organização é
necessário para garantir a qualidade. Por
isso, ele quis dizer que todos, em todas
as camadas da estrutura organizacional
e em todas as áreas funcionais, têm o
dever de garantir a qualidade do seu
trabalho e os resultados fornecidos para
os clientes externos.
Desta forma, a qualidade não é
delegada só aos trabalhadores do chão
de fábrica, pois o resto da organização
deve ser capaz de realizar o seu trabalho
para entregar o valor consistentemente
elevado que satisfaça os clientes.
Feigenbaum identificou este esforço
como “a principal responsabilidade
da gestão geral e das operações de
marketing,
engenharia,
produção,
relações industriais, finanças e serviços,
bem como a própria função de controle
de qualidade”.
• Qualidade é implementada como
um sistema total ligado aos clientes
e fornecedores.
A Qualidade de Feigenbaum enfatiza
as atividades orientadas para o cliente
da organização e exige que as atividades
internas sejam conduzidas de forma
disciplinada para que o resultado do
controle da qualidade seja mantido no
nível de expectativa do cliente.
Qualidade: Feigenbaum disse que
“Qualidade é, em sua essência,
uma forma de gerir a organização”,
A ideologia central de abordagem
sistemática de Feigenbaum é resumida
usando os seguintes conceitos de
qualidade:
• Qualidade
é
um
processo
organizacional.
• Qualidade é o que o cliente diz que é.
• Qualidade e custo são uma soma,
não a diferença.
• Qualidade
requer
fanatismo
individual e trabalho em equipe.
• A qualidade é uma forma de gerir.
• Qualidade
e
inovação
são
mutuamente dependentes.
• Qualidade é uma ética.
• Qualidade requer melhoria contínua.
• A qualidade é a rota do capital
intensivo menos rentável para a
produtividade.
O desenvolvimento de Feigenbaum da
ideia da qualidade total foi influenciado
por líderes individuais, bem como a
atmosfera do pós-guerra após a Segunda
Guerra Mundial.
38 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
Controle: Feigenbaum definiu controle
como “um processo de delegação de
responsabilidades e autoridades para a
atividade de gestão, mantendo os meios
de garantir resultados satisfatórios”.
Ele descreveu quatro medidas para
desenvolver o controle em um processo:
1.Definir padrões.
2.Apreciar a conformidade.
3.Atuar quando necessário.
4.Planejar para as melhorias.
Precursores intelectuais
para a Qualidade Total
Em uma carta de 1675 a Robert
Hooke, Sir Isaac Newton comentou:
“Se vim mais longe, é porque eu
estava sobre os ombros de gigantes”.
Isso também é verdade para o
desenvolvimento do pensamento de
qualidade. Muitas pessoas contribuíram
para o desenvolvimento da atmosfera
intelectual e o diálogo gerencial a partir
do qual Armand V. Feigenbaum criou
seu conceito de controle da qualidade
total (TQC) no final de 1950.
Feigenbaum é mais conhecido pelas
várias edições do seu livro clássico, Total
Quality Control (Controle da Qualidade
Total), que foi construído sobre um livro
anterior de 1951 sobre o controle da
qualidade, que foi baseado um artigo que
ele escreveu para a Harvard Business
Review em 1956. Para entender de forma
abrangente a ideia da qualidade total, é
necessário aprender alguma coisa sobre
esses precursores intelectuais e líderes de
pensamento da época.
O pensamento histórico e o capital
intelectual atual que foram discutidos
durante os anos de formação de
Feigenbaum como um estudante
no
Massachusetts
Institute
of
Harrington Emerson (1853-1931),
em seu livro, The Twelve Principles
of Efficiency (Os 12 princípios da
eficiência), apresentou um conjunto
de características que devem ser
incluídas como princípios e levar a
um funcionamento mais eficaz de
qualquer organização. Emerson foi
um praticante do que foi chamado
de “gestão científica”, embora ele
não fosse particularmente alinhado
com as ideias de Frederick W.
Taylor (1856-1915), que havia
se especializado no estudo de
como os trabalhadores poderiam
agilizar o trabalho. (Em seu
livro, The Principles of Scientific
Management – Os Princípios da
Administração Científica, Taylor
popularizou a tarefa de estudar o
trabalho para aumentar a eficiência
sem degradar a qualidade).
Emerson tinha uma perspectiva mais
ampla de eficiência, e ele incluiu alguns
aspectos que foram incorporados
ao conceito de qualidade total de
Feigenbaum. Emerson recomendou:
• Ideais e objetivos claramente
Technology, onde estudou engenharia
econômica, deram a forma ao seu
desenvolvimento do conceito da
qualidade total. Algumas ideias, em
seguida, na vanguarda do pensamento
de gestão, tiveram uma influência
sobre o ambiente contemporâneo
porque os livros dos líderes do
pensamento foram leitura obrigatória
para executivos bem informados.
As seguintes contribuições são
apresentadas na ordem em que os
conceitos foram entregues para
consumo do público através de suas
publicações principais:
definidos.
• Uso de bom senso.
• Ouvir os conselhos
de profissionais
competentes.
• Exercício da
disciplina no local
de trabalho.
• Fornecer um
acordo justo para
os funcionários.
• Manter registros de trabalho
adequados, fiáveis e imediatamente
disponíveis.
• Expedição ou controlar o tempo
de trabalho nas organizações.
• O estabelecimento de padrões de
trabalho e cronogramas para o
desempenho.
• A padronização das condições de
trabalho.
• A padronização de operações de
processos de trabalho.
• Documentar as práticas como as
instruções de trabalho.
• Ligar a eficiência de desempenho
aos sistemas de recompensa e
compensação.u
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 39
Gestão
Henri Fayol (1841-1925)
escreveu General and Industrial
Management para descrever
um processo sistemático
de gestão: planejamento,
organização,
coordenação,
comando e controle. Ele
também introduziu muitas
inovações gerenciais em sua
organização como um executivo
da indústria de mineração: análise
estratégica por meio do planejamento
de longo prazo (em um horizonte
de dez anos), utilizando cenários
alternativos, bem como programas de
saúde e de aptidão do empregado.Fayol
observou que “a experiência é um
professor caro” e que a gestão é uma
“atividade que está espalhada por todos
os membros da pessoa jurídica”. Ele
imaginou o negócio como um sistema
e disse que a gestão era responsável por
manter a disciplina nos processos de
trabalho, enquanto a manutenção era
uma “busca constante de melhorias que
podem ser introduzidas em cada esfera
de atividade”.
Fayol incentivou os profissionais,
membros da equipe técnica, a
verificar que o “trabalho pessoal
estava concluído” antes de apresentar
quaisquer recomendações para a
gerência sênior tomar as decisões.
Assim, Fayol estimulou uma grande
quantidade de pensar sobre os temas
que viriam a se tornar elementos
centrais do pensamento de qualidade
total. Sua obra foi escrita em francês,
e por isso só ficou amplamente
disponível após a sua tradução para o
inglês em 1949, apesar de suas ideias
serem amplamente discutidas nos
meios acadêmicos.
40 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
Mary
Parker
Follett
(18681933)
foi
chamado
de
“O Profeta da
Gestão” por Peter
F. Drucker. Em
seus livros, The
New State e The
Creative Experience (A experiência
criativa), ele enfatizou a organização
do grupo e reconheceu que, em
uma organização, a autoridade não
só corre verticalmente através de
linhas estruturadas de autoridade,
mas também pode fluir lateralmente
através de processos informais que
alcançam o reconhecimento através
do “autoridade de sua experiência.”
Parker Follett cunhou a frase
“liderança
transformacional”
e é considerado o criador do
desenvolvimento organizacional e
métodos de gestão participativa. Ela
acreditava que o processo de controle
deve se concentrar em fatos, e não
em controlar as pessoas.
Afirmou que a coordenação das
atividades representa uma terceira
via para a gestão através de sistemas
de integração e interfuncional que
compartilham uma responsabilidade
conjunta para as operações. Isso,
ele acreditava, devem ser feito com
todos no processo de gestão.
Eugene L. Grant (1897-1996)
é talvez mais conhecido por seus
ensinamentos relacionados com as
ideias de Walter A. Shewhart sobre
o controle estatístico do processo
(statistical process control – SPC).
Uma década antes, no entanto, ele
foi um pioneiro no
desenvolvimento
de uma compreensão
econômica
das
atividades
dos
engenheiros.
O livro de Grant,
Principles
of
Engineering
Economy (Princípios da Engenharia
Econômica), explica os princípios
relacionados com a aquisição de
bens e equipamentos de apoio às
operações de fabricação. Aborda as
questões relacionadas com o custeio
das instalações de produção e faz
a análise de seu desempenho para
garantir um retorno adequado ao
investimento inicial dentro de um
prazo razoável. O trabalho de Grant foi
a base para Feigenbaum expandir seus
conceitos relacionados com os efeitos
econômicos da má qualidade e mudou
a conversa a partir de considerações
de orçamento de capital para um
problema de gestão operacional.
Walter A.
Shewhart (18911967) escreveu
The
Economic
Control of Quality
of Manufactured
Product
(O
C o n t r o l e
Econômico
da
Qualidade
do
Produto
Manufaturado), que pode ser
considerado o começo da época da
qualidade. Neste livro, ele identificou
uma teoria de controle, que abrangeu
os níveis de interpretação caótica
ingênua do universo com as leis exatas
de ciência.
A estabilidade de métodos de produção
permite uma base de probabilidade
para prever o desempenho futuro
com base no domínio das condições
causais que são identificadas e que
alteram o desempenho e o resultado
da qualidade do processo. Além
da criação do SPC, Shewhart fez
uma contribuição ainda maior que
só foi parcialmente realizado: o
desenvolvimento do capital intelectual
para o movimento da qualidade pelo
seu posicionamento dentro do fluxo
do pensamento humano.
A filosofia pragmática que permeava
os Estados Unidos naquele momento
estava focada na aplicação dos métodos
de controle estatístico. A urgência da
necessidade de tais métodos que foi
estimulado pela II Guerra Mundial fez
com que muitos de suas ideias mais
profundas passassem desapercebida
até tempos recentes.
G. Elton Mayo
(1880-1949)
realizou
os
experimentos de
Hawthorne
na
Western Electric
no final de 1920 e
documentou suas
descobertas
no
livro The Human
Problems of an
Industrial Civilization (Os Problemas
Humanos de uma Civilização
Industrial). Mayo estudou os
problemas de cansaço e monotonia
na execução do trabalho repetitivo na
produção. Em um resultado u
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 41
Gestão
inesperado de seu estudo, ele descobriu
que o aumento da motivação resultou
de uma mudança percebida na ordem
social, e isso teve um grande efeito
nos aspectos de higiene do ambiente
de trabalho.
Na verdade, a percepção de mudanças
em um grupo de trabalhadores com
a administração fez alterações tanto
positivas como negativas para o seu
ambiente. Em reconhecimento a essa
observação, Mayo iniciou o estudo
da motivação dos funcionários como
um fator significativo para a melhoria
da produtividade e lançou as bases do
pensamento para futuros estudos de
motivação por Frederick Herzberg e
I. Abraham H. Maslow.
Chester I. Barnard
(1886-1961)
escreveu o livro mais
influente sobre o
tema da liderança,
The
Functions
of the Executive
(As
Funções
do
Executivo). Barnard
foi presidente da AT
& T New Jersey e,
em seguida, ocupou diversos cargos
executivos importantes. Em seu livro,
ele mudou a forma como a eficiência
foi definida a partir de um estudo que
foi o foco da abordagem científica
de Taylor para gerenciar o trabalho
a partir de uma definição mais ampla
focada na construção de cooperação
no âmbito da organização para atingir
o seu objetivo global.
A eficiência do processo de trabalho,
no âmbito do regime de Barnard, é
apenas um aspecto da eficácia (isto
é como uma pequena eficiência que
42 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
está focada no trabalho e nas tarefas,
o que denota que Barnard não utilizou
esta nomenclatura de “little e” e “big
E “que são usados em um contexto
semelhante ao utilizado por Joseph
M. Juran de “little q” e ” Big Q” para
a identificação de diferentes maneiras
que a qualidade é aplicada em
organizações), em comparação com
eficiência ao nível estratégico (tipo
“big E” de eficiência, o que aumenta a
capacidade de a organização atingir o
seu objetivo global).
Este tipo “Big E” de eficiência
é alcançado através da obtenção
de cooperação entre os processos
informais da organização (com
uma citação para a influência de
Parker Follett) e por encontrar
“zonas de indiferença” dentro
de motivação dos trabalhadores.
Estas zonas de conflitos internos
dentro das organizações, muitas
vezes, inibem a cooperação (um
“nós contra eles” na divisão
entre grupos funcionais) para
a resolução de problemas em
áreas onde os sentimentos dos
subgrupos conflitantes são menos
intensivos. Neste esquema de
pensamento, a função mais
importante do executivo é a
comunicação de uma forma que
promova a cooperação interna.
Herbert A. Simon (1916-2001) foi
vencedor do Prêmio Nobel no campo
da economia em 1978 e também
recebeu vários prêmios em ciência da
computação, inteligência artificial e
psicologia cognitiva. Em seu livro mais
importante, Administrative Behavior
(Comportamento
Administrativo),
abordou muitos conceitos em torno da
tomada de decisão
organizacional
e do conceito de
racionalidade
limitada.
Ele disse que a
tomada de decisão
requer três etapas:
1. Identificação e
descrição de todas as alternativas.
2.Compreender
as
potenciais
consequências de cada alternativa.
3.Comparar os resultados potenciais
destas decisões.
A racionalidade limitada significa
que as decisões devem ser tomadas
no contexto das restrições impostas
à organização. Simon descreveu
duas maneiras de ver as aplicações
da ciência pela primeira vez como
uma construção teórica, como fez
em seu livro, e em um segundo
plano como práticas pragmáticas
administrativas das organizações
para melhorar.
Feigenbaum não se concentra
nos aspectos teóricos da ciência
administrativa. Em vez disso,
ele optou por se concentrar na
abordagem pragmática de melhorar
totalmente uma organização, criando
a participação de um grupo inteiro
para alcançar o nível de cooperação
que Follett, Barnard e Simon
descreveram como o ingrediente
essencial para a criação da eficácia
organizacional. (GHW)
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Quality Control, McGraw-Hill,
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Behavior, fourth edition, Free
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u
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 43
Gestão
Resultados consistentes
exigem liderança
Feigenbaum
recomendou
que
os líderes empresariais façam a
abordagem de melhoria de qualidade
utilizando um conjunto de imperativos
para focar os esforços de melhoria e
dirigir ações de que eles enfatizam
como a inovação de gestão baseada
no princípio de que tudo o que você
faz para fazer uma melhor qualidade
torna tudo mais melhor. Essa visão
de melhoria a partir de um ponto de
vista de gestão de liderança envolve:
• Fazendo liderança de qualidade
como uma peça central de negócios
para o crescimento da receita e da
força competitiva.
• Entrega de valor para os clientes
como a motivação para a ação de
melhoria.
• Alcançar a satisfação do cliente
completa, o que impulsiona a
aceitação do comprador.
• Desenvolver um fornecedor eficaz
e outras parcerias de qualidade
empresarial.
• Maximizar a eficácia dos dados de
qualidade.
• Acelerar as vendas e os lucros de
crescimento através de gestão dos
custos de qualidade.
• Formando um sistema integrado
de qualidade que constrói os
relacionamentos entre clientes,
produtores e fornecedores.
• Incentivar a utilização de ferramentas
e recursos para criar uma ênfase a
melhoria da qualidade individual.
• Reconhecer que a qualidade é
uma linguagem internacional de
negócios.
• Garantir a liderança de qualidade é
a base para o comportamento ético
de sucesso.
44 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
Infelizmente, os sistemas de medição,
muitas vezes, escondem o verdadeiro
impacto da perda de qualidade quando
se examina a administração, pois os
métodos de alocação de prática contábil
não conseguem identificar as fontes
de problemas de custo excessivo e
obscurecem a relação causal para ações
que são os resultados de respostas à má
qualidade.
A qualidade total requer que todos
assumam a responsabilidade para o efeito
de seu trabalho sobre o nível ou grau de
qualidade que é percebida pelo cliente,
não só a qualidade do desempenho de um
produto, mas também o grau em que se
realiza o atendimentos às necessidades
do cliente.
Custo da Qualidade
Usando a linguagem das finanças
e introduzindo o conceito de custo de
qualidade, Feigenbaum enfatizou que a
qualidade deve ser gerida de forma ativa
e ter visibilidade nos mais altos níveis
de gestão. Quando Shewhart introduziu
o conceito do custo econômico em
seu livro de 1931, Economic Control
of Quality of Manufactured Product
(Controle Econômico da Qualidade
do Produto Manufaturado), ele estava
focando o custo da sucata e o retrabalho
que ocorre quando os produtos não são
produzidos certo da primeira vez.
Feigenbaum estendeu essa ideia
de incluir a soma dos custos diretos e
indiretos de fazer negócios de uma
forma que cria a insatisfação do cliente.
Essa ênfase era totalmente nova e não
encontrada nas obras anteriores de Grant
ou Shewhart. Philip B. Crosby mais tarde
se tornou conhecido pela sua expansão
sobre o custo da não conformidade e o
custo da má qualidade, mas ele creditou
à Feigenbaum a origem deste conceito.
Posteriormente,
Genichi
Taguchi
estendeu o conceito de Feigenbaum
para incluir os custos incorridos pela
sociedade que depois é liberado para a
sociedade.
A colaboração da atmosfera
durante a guerra
Outra influência significativa sobre
Armand V. Feigenbaum foi o esforço
coletivo que os americanos colocaram na
produção em apoio à II Guerra Mundial.
Um dos participantes nos esforços do
tempo de guerra para apoiar a indústria
americana no seu papel de “fábrica
do mundo” foi Arthur M. Squires
(1916-2012), autor de The Tender
Ship: Governmental Management of
Technological Change, que descreveu a
sua experiência e os conhecimentos da
forma como o governo usou as “técnicas
dos mestres” para gerir a mudança.
Squires era um engenheiro químico
que trabalhou no Projeto Manhattan.
As técnicas dos mestres que Squires
descreveu incluiu os cientistas do
Projeto Manhattan, professores do
Operations Evaluation Group (OEG) e
professores de estatísticas industriais do
War Production Board. As percepções
desses grupos foram capturadas em uma
série de publicações do pós-guerra que
criaram as profissões de engenheiro da
qualidade e de analista de operações de
qualidade, entre outras.
Enquanto o Projeto Manhattan é
familiar para a maioria das pessoas, e a
maioria dos profissionais de qualidade
estão cientes dessas realizações
estatísticas industriais, nem todo mundo
pode estar familiarizado com o OEG.
Ele foi estabelecido como um centro
de pesquisa e de recrutamento para o
envio de matemáticos e cientistas nos
navios de guerra durante a Segunda
Guerra Mundial, para estudar a guerra e
determinar como melhorar as operações
navais. Este grupo foi responsável
pelo desenvolvimento de operações de
investigação como uma disciplina para
a melhoria dos processos através da
modelagem matemática.
Outra lição aprendida com o esforço
de guerra foi o valor da construção de
organizações profissionais civis de
gestão. Isso encorajou os criadores da
American Society for Quality Control
(ASQC), nome anterior da ASQ, com
base nos grupos locais que, agrupados
em torno de cidades que estavam
profundamente envolvidas no esforço de
defesa, foram formados para expandir o
uso dos métodos de qualidade.
O estímulo para a criação da qualidade
total incluiu uma dose saudável de
inspiração a partir da aplicação do
pensamento científico de problemas para
melhorar o estado de guerra durante a
Segunda Guerra Mundial e de transferir
a competência técnica na qualidade
alcançada durante os anos de guerra
para a próxima geração dos Estados
Unidos. Um dos principais ingredientes
tinha sido a aplicação maciça dos
métodos estatísticos para melhorar a
qualidade dos sistemas de produção
de guerra americanos de uma indústria
que a General Electric (GE) e o jovem
Feigenbaum apoiaram profundamente.
Feigenbaum era um gerente de
programa em tempo de guerra na
na unidade GE Aircraft Engines
desenvolvendo os primeiros motores para
os jatos de combate que foram usados no
F-80 Shooting Star da Força Aérea. Este
projeto de transição, desde a concepção
até o voo do protótipo em apenas 143
dias, mais tarde foi modificado para se
tornar no F-84 Starfire, que voou durante
a Guerra da Coréia.u
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 45
Gestão
Depois de liderar esses projetos, a GE
atribuiu a Feigenbaum como gerente de
projeto para desenvolver o motor para
o primeiro caça a jato de propulsão
nuclear usando o motor da GE de ciclo
de ar direto. O programa foi cancelado
antes que um protótipo fosse foi
desenvolvido. No entanto, a atribuição
mostrou à alta administração da GE os
esforços realizados por Feigenbaum. Tal
era o ambiente intelectual no momento
em que a ideia para a qualidade total
cristalizou na mente de Feigenbaum.
Feigenbaum tinha a mente certa, no
momento certo para integrar o capital
intelectual de sua época e forjar uma
abordagem abrangente de gestão. A
qualidade total foi um resultado natural
das forças intelectuais se formando
naquela época, mas era necessário uma
pessoa de grande visão para transformar
os elementos divergentes em um método
abrangente. (GHW)
Referência bibliográfica
• Arthur M. Squires, The Tender Ship:
Governmental Management of
Technological Change, Birkhäuser
de 1986.
Fábrica oculta
Uma contribuição relacionada com
Feigenbaum foi o seu conceito de “fábrica
oculta” que gera desperdício e custos
de qualidade. Isso acontece quando o
trabalho extra é realizado para corrigir os
erros de produção e é devido a:
• Ordens mal formuladas que não
recebem os requisitos certos do cliente.
• Tempo que é desperdiçado em busca
de peças perdidas ou substituição de
peças de má qualidade.
• Atividades necessárias para acelerar
o desempenho quando os horários
não são cumpridos por várias razões.
46 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
Ao considerar todas essas atividades,
Feigenbaum estimou que até 40% da
capacidade de produção ideal de uma
planta podem ser perdidos porque as
coisas não são feitas corretamente. Ele
identificou essa perda com o que chamou
de “fábrica oculta”, uma “fábrica” que
perde dinheiro dentro da fábrica que
manufatura os produtos.
A ideia da fábrica oculta ainda existe
hoje e pode ser observada no processo
de perda de capacidade produtiva. Nas
plantas em que os esforços para reduzir
o desperdício através de métodos de
qualidade e métodos Lean não eram
praticados, e esta perda ainda pode ser
tão alta estiamda em 40% da capacidade
de produção projetada. O conceito da
planta oculta ajuda a cristalizar a perda
que ocorre quando a qualidade não está
certa, principalmente do ponto de vista
do cliente consumidor e do acionista.
Evoluindo o conceito
de Qualidade Total
O conceito de qualidade total cresceu
para fora da pesquisa acadêmica
em estudos de doutoramento de
Armand Feigenbaum, bem como de
sua experiência prática e treinamento
interno na General Electric (GE). Foram
publicados os sistemas iniciais de
gestão da qualidade entre 1922 e 1950
por George S. Radford, Egon Pearson,
Leslie E. Simon e Paul Peach.
Somados a estes desenvolvimentos da
aplicação de qualidade para as operações
de fabricação, Feigenbaum inicialmente
concentrou no desenvolvimento de um
sistema de qualidade para a GE, que
serviu suas necessidades e ele finalmente
foi promovido a diretor de fabricação e
organizador geral da qualidade.
O primeiro livro de Feigenbaum foi
publicado em 1951 sob o título: Quality
Control: Principles, Practice and
Administration (Controle de Qualidade:
Princípios, Práticas e Administração).
Em 1951, Joseph M. Juran publicou
seu Quality Control Handbook (Manual
de Controle de Qualidade) com uma
descrição abrangente do controle de
qualidade. Este livro foi traduzido para
o japonês e publicado sob o título de
Total Quality Control (Controle da
Qualidade Total). Não há evidências
de que Feigenbaum estava ciente desta
tradução, porque ele não tinha atividades
no Japão e não tinha conhecimento do
idioma japonês.
Em 1956, no entanto, Feigenbaum
publicou um breve artigo na
Harvard Business Review, que
introduziu o conceito do controle
total da qualidade no mundo
ocidental. Este artigo descreveu
o conceito de Feigenbaum e
introduziu este tema, que ficou
completamente formado em 1961
quando Feigenbaum publicou o
seu livro baseado nesse artigo de
1951 e se tornou a sua principal
contribuiçõa: Total Quality Control
(Controle de Qualidade Total).
(GHW)
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• Armand V. Feigenbaum, Total
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O legado de Feigenbaum
O legado de Feigenbaum vem da
integração dos conceitos de qualidade
em um sistema de gestão de uma
organização. Em seu livro, What is Total
Quality Control? The Japanese Way (O
que é o Controle da Qualidade Total? A
maneira japonesa), Ishikawa creditou as
idéias de Feigenbaum para o estímulo
da abordagem japonesa de qualidade.
O sistema japonês para a Total Quality
Control (TQC) integrou os ensinamentos de
Deming, Juran, Drucker em seus conceitos,
juntamente com as ideias motivacionais de
Frederick Herzberg I. e Abraham Maslow,
todos interpretados dentro do contexto da
tradição e cultura japonesas.
A
abordagem
sistêmica
de
Feigenbaum também pode ser observada
no quadro criado para os critérios do
Malcolm Baldrige National Quality
Award, que codificou a sua abordagem
global da qualidade como uma questão
de negócios. Embora nenhuma
ferramenta específica possa ser atribuída
a Feigenbaum, ele entregou para a nossa
comunidade algo talvez mais rico: a u
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 47
Gestão
maneira mais ampla de pensar sobre o
nosso trabalho e sua importância nas
atividades da humanidade. De todos
nós, obrigado, Val.
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April 2002, pp. 49-50.
• Feigenbaum Armand V. and Donald
S. Feigenbaum, “The Future of
Quality: Customer Value,” Quality
Progress, November 2004, pp. 24-29.
• Stratton, Brad, “Connecting With
Customers and Other Sage Advice,”
Quality Progress, February 1996,
pp. 58-61.
• Watson, Gregory H., “Feigenbaum’s
Enduring
Influence,”
Quality
Progress, November 2006, pp. 51-55.
• Watson, Gregory H., “Total
Quality—Total
Commitment,”
Quality Progress, November 2008,
pp. 20-26.t
Gregory H. Watson é presidente da Business
Excellence Solutions Ltd., na Finlândia. Ele
é um membro da ASQ e um ex-presidente
e membro honorário da International
Academy for Quality.
Fonte: Quality Progress/2015 January
Tradução: Hayrton Rodrigues do Prado
Filho
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BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 49
CAPA
ABNT irá
cumprir com
a sua função
social: oferecer
normas técnicas
gratuitas à
sociedade
Em recente seminário, realizado na Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e
denominado Estratégias para a Normalização de
seus Produtos, a Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) irá cumprir com a sua função
social: irá oferecer normas gratuitas
a todos os sindicatos vinculados à
Fiesp. São 131 sindicatos filiados,
divididos em 23 setores produtivos
que, por sua vez, representam
aproximadamente 150 mil
empresas de todos os portes e das
mais diferentes cadeias produtivas em São Paulo
50 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
E
Por Hayrton do Prado Filho
m um evento realizado em
São Paulo, na Fiesp, a ABNT
e o Inmetro apresentaram
a importância de que as
normas técnicas brasileiras, também
conhecidas como normas ABNT, tem
para a sociedade como um todo e como
é fundamental que as empresas tomem
conhecimento e tenham acesso gratuito
a essa informação técnica pública. Isso
é essencial para garantir a salvaguarda
dos direitos fundamentais dos cidadãos
e para fomentar a competitividade
das empresas brasileiras. Assim, foi
assinado um termo de parceria entre a
ABNT e a Fiesp para acesso gratuito dos
sindicatos patronais ao sistema ABNT
Coleção e ao Alerta Normalização.
Em qualquer sociedade moderna,
as normas técnicas geram economia,
pois reduzem a crescente variedade de
produtos e procedimentos; facilitam a
comunicação, pois proporcionam os meios
mais eficientes na troca de informação
entre o fabricante e o cliente, e melhoram
a confiabilidade das relações comerciais
e de serviços; proporcionam segurança
a partir da proteção da vida humana
e da saúde; protegem o consumidor,
provendo a sociedade de meios eficazes
para aferir a qualidade dos produtos e
serviços; e eliminam as barreiras técnicas
e comerciais, evitando a existência de
regulamentos conflitantes sobre produtos
e serviços em diferentes países facilitando,
portanto, o intercâmbio comercial.
As normas podem ser elaboradas
em quatro níveis: internacional, as
destinadas ao uso internacional,
resultantes da ativa participação das
nações com interesses comuns, como
as normas da International Organization
for Standardization (ISO) e International
Eletrotechnical
Comission
(IEC);
regional, as destinadas ao uso regional,
elaboradas por um limitado grupo de
países de um mesmo continente, como
as do Comitê Europeu de Normalização
(Europa), Comissão Pan-americana
de Normas Técnicas (hemisfério
americano), Associação Mercosul de
Normalização (Mercosul); nacional, as
destinadas ao uso nacional, elaboradas
por consenso entre os interessados em
uma organização nacional reconhecida
como autoridade no respectivo país; e
ao nível de empresa, as destinadas ao
uso em empresas, com finalidade de
reduzir custos, evitar acidentes, etc.
As normas existem na sociedade
moderna, marcada pela impessoalidade,
para garantir segurança, qualidade e
alcance da finalidade de cada coisa.
Não há sentido jurídico em norma sem
poder de coerção. Norma tem a ver
com civilidade e progresso; tratamento
igualitário. Garantir significa prevenir;
significa preservar. O descumprimento
da norma implica em: sanção; punição;
perda; e gravame. As consequências do
descumprimento vão desde indenização,
no código civil, até processo por
homicídio culposo ou doloso.
Quando se descumpre uma norma,
assume-se, de imediato, um risco. Isso
significa dizer que o risco foi assumido,
ou seja, significa que se está consciente
do resultado lesivo. A consciência do
resultado lesivo implica uma conduta
criminosa, passível de punição pelo
código penal”, observou.
Todos os brasileiros precisam
entender que os acidentes de consumo,
desde que o produtos ou serviços não
cumpram os princípios de fabricação
de acordo com uma norma técnica, são
de responsabilidade dos produtores,
bastando o consumidor acionar os u
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 51
CAPA
órgãos de defesa do consumidor
ou diretamente o Ministério Público.
Quem não cumpre as normas técnicas
está cometendo um ato ilegal, pode ser
implicado em sanção, punição, perda
e gravame. E as consequências
desse descumprimento vão desde
indenização, no Código Civil,
até um processo por homicídio
culposo ou doloso.
Ou seja, quando se descumpre
uma norma técnica, assume-se,
de imediato, um risco, o que
significa dizer que o risco foi
assumido ou seja se está consciente
do resultado lesivo. A consciência
do resultado lesivo implica em uma
conduta criminosa, passível de punição
pelo Código Penal.
A função de normalização, no
quadro institucional brasileiro, foi
positivada no ordenamento jurídico
infraconstitucional pela criação do
Sistema Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial
(Sinmetro), instituído pela Lei nº 5.966,
de 11/12/1973. A atividade normativa
da ABNT constitui-se em norma
secundária do Poder Executivo, pois
importam as NBR em regulamentação
das atividades por ela supervisionadas,
tornando-se obrigatórias, na medida em
que há a possibilidade de imposição
pelo seu descumprimento, no exercício
do poder de polícia patrocinado
pela Inmetro, ligado ao Ministério
do Desenvolvimento, da Indústria e
Comércio (MDIC).
O ordenamento jurídico brasileiro
considerou necessário, oportuno e
certamente didático, pontualizar em
legislação específica (leis, decretos,
regulamentos, portarias, resoluções,
regulamentos técnicos, etc.) a exigência
de observância, pelos mais variados
52 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
setores da produção, industrialização
e de serviços, das Normas Técnicas
Brasileiras, elaboradas pela via do
consenso nas várias Comissões Setoriais
e homologadas e editadas pela ABNT.
Quanto à observância das normas
técnicas, citou o Código Brasileiro de
Defesa do Consumidor, lei de caráter geral
e nacional, editado com fundamento no
artigo 5º, inciso XXXII, da Constituição
brasileira, aprovado pela Lei nº 8.078,
de 11-9-1990, ao disciplinar as vedações
aos fornecedores de produtos ou serviços
com o intuito de coibir práticas abusivas
estabelece em seu artigo 39, VIII: É
vedado ao fornecedor de produtos ou
serviços: VIII – colocar, no mercado de
consumo, qualquer produto ou serviço
em desacordo com as Normas expedidas
pelos órgãos oficiais competentes ou, se
Normas específicas não existirem, pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas
ou entidade credenciada pelo Conselho
Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (Conmetro).
Soma-se a isso o Decreto nº 2.181, de
20 de março de 1997, que “dispõe sobre
a organização do Sistema Nacional de
Defesa do Consumidor (SNDC)”, que
“estabelece as normas gerais de aplicação
das sanções administrativas previstas na
Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990...”
regulamentando,
pois,
dispositivos
do Código de Defesa do Consumidor,
estabelece, na Seção II, “Das Práticas
Infrativas” o artigo 12, e na Seção III “Das
Penalidades Administrativas”, o art. 18,
que dispõem o seguinte:
• Art. 12. São consideradas práticas
infrativas:
IX – colocar, no mercado de consumo,
qualquer produto ou serviço:
a) em desacordo com as normas
expedidas pelos órgãos oficiais
competentes, ou se normas
específicas
não
existirem,
pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT) ou
outra entidade credenciada
pelo Conselho Nacional de
Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (Conmetro).
• Art. 18. A inobservância das normas
contidas na Lei nº 8.078, de 1990,
e das demais normas de defesa do
consumidor constituirá prática
infrativa e sujeitará o fornecedor
às seguintes penalidades, que
podem ser aplicadas isolada ou
cumulativamente, inclusive de forma
cautelar, antecedente ou incidente
no processo administrativo, sem
prejuízo das de natureza cível,
penal e das definidas em normas
específicas. Por fim, citou o aumento
de jurisprudências dos tribunais
sobre o descumprimento das normas
técnicas no país.
Durante o evento, o diretor de relações
externas da ABNT, Carlos Santos
Amorim Júnior, anunciou o acesso
gratuito pelos sindicatos patronais
da Fiesp ao Sistema ABNT Coleção
e Alerta Normalização. Isso parece
ser um avanço já que a atual diretoria
da ABNT, no exercício de atividade
essencial de interesse público, tem se
anteposto ao interesse da sociedade,
movimentando o aparelho legislativo
para a elaboração de lei que assegure
à entidade de normalização direitos
autorais exclusivos sobre normas. A
diretoria, em função da natureza jurídica
constitutiva da ABNT ser de associação
civil, entendia que poderiam sim, como
qualquer particular, ou melhor, como
uma empresa privada, já que falam
em nome de uma pessoa jurídica,
reivindicar o domínio da normalização
para o exercício de exploração
econômica exclusiva sobre
normas
brasileiras,
as
denominadas NBR.
Atualmente,
qualquer
interessado, sem a devida
autorização da ABNT, é
constrangido por meio de
notificações a não usar e a não
gozar da livre utilização do
conteúdo das normas brasileiras
que nascem em domínio público
a luz da Lei de Direito Autoral
brasileira – Lei 9.610 de 1998 –
incisos I, IV e V do artigo oitavo. Não
se discute a legitimidade dos tribunais
cobrarem pela reprografia de decisões
jurisprudenciais, nem tampouco pela
ABNT cobrar pela reprografia das NBR.
O aspecto a ser observado é a restrição
ao conteúdo, a dificuldade ao acesso
de normas (cogentes e voluntárias) na
forma de procedimentos normativos por
alegação de direitos exclusivos.
Mesmo ao pagar originalmente por
um exemplar material do respectivo
conteúdo, o consumidor é coibido a não
reproduzi-lo em qualquer forma sob pena
de infringir direitos autorais. Essa atitude
de monopolização de normas técnicas
além de ilegal, ilegítima e abusiva é
altamente prejudicial à toda coletividade
– ao homem, quer seja no exercício da
função de consumidor de serviços e/ou
produtos, quer seja no exercício da livre
iniciativa ao sofrerem a proibição do uso
de norma de domínio público, bem como
a imposição de ter que por ela pagar
somas vultosas que não representam tão
somente a retribuição pela reprodução de
um exemplar, mas sim o pagamento de
direitos autorais ilegítimos.
Na verdade, os textos das NBR, em
nenhuma hipótese, nascem de inspiração
pessoal do ser humano, u
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 53
CAPA
e sim da necessidade prática da
sociedade, sendo as normas apenas
o reflexo das experiências para a
normalização, especificação, métodos
de ensaio, procedimentos, simbologia,
terminologia e não criação estética de
um autor ou artista. De um lado destacase o interesse público - necessidade da
sociedade utilizar livremente o conteúdo
das normas brasileiras e, do outro lado,
o interesse privado – em que a diretoria
da ABNT se desvia de seus objetivos
estatutários para se concentrar na busca
de benefício econômico à sua gestão por
meio de atividade pública delegada, ou
seja, a normalização.
Para Amorim, no Brasil ainda existem
poucas normas, pois “qualquer país no
mundo tem em média mais de 20.000 e
aqui temos apenas quase 8.000 normas”.
“Para se ter uma ideia a Islândia, um país
menor que o bairro de Santo Amaro,
em São Paulo, possui mais de 22.000
normas em seu acervo. Mas, mesmo
assim temos 210 comitês trabalhando em
prol da normalização brasileira. Criamos
a consulta nacional e nesses últimos 12
anos tivemos mais de 90.000 acessos
54 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
totalizando 3.728 votos”.
Importante o leitor entender que a
ABNT é o organismo de normalização
no Brasil, uma sociedade civil sem fins
lucrativos, que exerce função delegada
do Estado por intermédio do Conmetro/
Sinmetro, órgãos do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Em 21 de novembro de 1962, por meio
da lei de número 4.150, foi declarada de
utilidade pública, e em 1992 por Resolução
n.º 07 do Conmetro foi reconhecida
como o único Fórum Nacional de
Normalização, publicada no DOU de
24.08.1992. Esta resolução tornou público
o Termo de Compromisso realizado
entre o governo brasileiro e a ABNT,
que atribui a ela a missão de coordenar,
orientar e supervisionar o processo de
elaboração de normas brasileiras. Assim,
a ABNT adquiriu o status jurídico de
agente do Estado ou melhor a agência de
normalização brasileira.
A normalização tem um papel
preponderante no desenvolvimento
do país, por objetivar reduzir a
crescente variedade de procedimentos,
eliminando o desperdício e o retrabalho,
facilitando a troca de informações entre
fornecedor e consumidor, especificando
critérios de aferição do desempenho de
produto ou serviço, amparando a vida e
a saúde; fixando padrões de qualidade e
segurança que regem a produtividade e
o desenvolvimento tecnológico. Devese ressaltar que as normas brasileiras
– NBR, conhecidas vulgarmente como
normas técnicas ou normas ABNT,
exercem uma função social essencial e
relevante no Estado.
Amorim observa que as normas
asseguram as características desejáveis
de produtos e serviços, como qualidade,
segurança, confiabilidade, eficiência,
intercambiabilidade, bem como respeito
ambiental – e tudo isto a um custo
econômico. “Quando os produtos e
serviços atendem às nossas expectativas,
tendemos a tomar isso certo e a não
ter consciência do papel das normas.
Rapidamente, nos preocupamos quando
produtos se mostram de má qualidade,
não se encaixam, são incompatíveis
com equipamentos que já temos, não
são confiáveis ou são perigosos. Quando
os produtos, sistemas, máquinas e
dispositivos trabalham bem e com
segurança, quase sempre é porque eles
atendem às normas”.
Ele acrescenta que as normas têm
uma contribuição enorme e positiva
para a maioria dos aspectos de nossas
vidas. Quando elas estão ausentes, logo
notamos. São inúmeros os benefícios
trazidos pela normalização para a
sociedade, mesmo que ela não se dê
conta disso. São muitos os exemplos
de benefícios técnicos, econômicos
e sociais obtidos com as normas
em setores da vida e do trabalho. A
padronização das roscas de parafusos
ajuda a fixar cadeiras, bicicletas para
crianças e aeronaves, bem como resolve
os problemas de reparo e manutenção
causados pela falta de padronização, que
antes eram um grande problema para os
fabricantes e usuários de produtos”.
Além disso, segundo o diretor, as
normas que estabelecem um consenso
internacional em terminologia tornam
a transferência de tecnologia mais
fácil e segura. Elas são uma etapa
importante no avanço de novas
tecnologias e na difusão da inovação.
“Sem as dimensões padronizadas
de contêineres de carga, o comércio
internacional seria mais lento e mais
caro. Sem a normalização de telefones
e de cartões bancários, a vida seria mais
complicada. A falta de normalização
pode até afetar a própria qualidade
de vida de pessoas com deficiência,
por exemplo, quando são barradas
no acesso a produtos de consumo,
transportes e edifícios públicos, se
as dimensões das cadeiras de rodas e
as entradas não forem padronizadas.
Sem o acordo internacional contido
nas normas técnicas sobre grandezas
e unidades métricas, as compras e o
comércio seriam puro acaso, a ciência
não seria científica e o desenvolvimento
tecnológico seria deficiente”.
O diretor substituto de avaliação
de conformidade do Inmetro, Paulo
Coscarelli, explica que o instituto é
responsável pela gestão dos Programas de
Avaliação da Conformidade, no âmbito
do Sistema Brasileiro de Avaliação da
Conformidade (SBAC). “Seu negócio é
implantar de forma assistida programas
de avaliação da conformidade de
produtos, processos, serviços e pessoal,
alinhados às políticas do Sistema
Nacional de Metrologia, Normalização
e Qualidade Industrial (Sinmetro) e às
práticas internacionais, promovendo
competitividade, concorrência justa e
proteção à saúde e segurança do cidadão
e ao meio ambiente. Seu público-alvou
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 55
CAPA
são os setores produtivos, as autoridades
regulamentadoras e os consumidores”.
Ele diz que o processo de elaboração
dos Programas de Avaliação da
Conformidade tem como premissa a
implantação assistida, ou seja, desde
a concepção até a implementação e
posterior acompanhamento no mercado,
o programa deve ser conduzido de
forma a identificar fatores facilitadores
ou que possam dificultar a Implantação
Assistida, contemplando para cada
ação sua natureza, meios, responsáveis
e prazos, de forma a facilitar o
entendimento, aceitação e adequação ao
Programa por todas as partes interessadas
que, por sua vez, contempla também
as partes impactadas. “Qualidade, no
contexto do Inmetro, compreende o
grau de atendimento (ou conformidade)
de um produto, processo, serviço ou
ainda um profissional a requisitos
mínimos estabelecidos em normas ou
regulamentos técnicos, ao menor custo
possível para a sociedade”.
Coscarelli afirma que cabe ao Inmetro
o difícil papel de harmonizar os diferentes
interesses dos diversos segmentos da
56 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
sociedade. Por esse motivo, os estudos de
viabilidade técnica, o desenvolvimento, a
implantação assistida e aperfeiçoamento
devem ser conduzidos segundo princípios
básicos que propiciem a indispensável
credibilidade aos programas. “São eles:
confidencialidade;
imparcialidade;
isenção; acessibilidade (a todos os
interessados e com igual tratamento);
transparência; independência; divulgação;
educação
e
conscientização
dos
diferentes segmentos da sociedade (toda
a documentação do SBAC deve estar
disponível para o público em geral)”.
Dessa forma, são observados ainda,
no desenvolvimento dos programas
de avaliação da conformidade de
produtos, processos ou serviços, os
preceitos do Acordo de Barreiras
Técnicas ao Comércio, da Organização
Mundial do Comércio. A observância
de tais princípios é essencial para que
consumidores, setores produtivos e
reguladores tenham confiança nos
programas de avaliação da conformidade
dos produtos, processos e serviços, na
medida em que não criem dificuldades
desnecessárias ao comércio. Cabe,
por fim, destacar que a observância
de tais princípios é essencial para que
o Brasil obtenha o reconhecimento
de seus programas de avaliação da
conformidade junto aos devidos fóruns
internacionais, adotando-se para isto as
práticas, normas e guias internacionais.
“No
Brasil,
são
praticados
os
tradicionais
mecanismos
de
avaliação da conformidade, sendo
que uma metodologia especialmente
desenvolvida,
que
leva
em
consideração as ferramentas de
análise de risco, e tomando como base
aspectos legais, ambientais, sociais,
técnicos e econômico-financeiros,
seleciona mecanismos de avaliação
da conformidade disponíveis no
Sistema Brasileiro de Avaliação da
Conformidade (SBAC) o mais adequado
às especificidades de cada produto.
São eles: Certificação, Declaração do
Fornecedor, Etiquetagem, Inspeção e
Ensaios. ”, acrescenta.
“Somado a isso, entendemos que
a indústria nacional deve sobreviver
com ajuda do Inmetro por meio de uma
proteção. Em um ambiente globalizado,
essa proteção está vinculada à edição
de normas técnicas, aos regulamentos
técnicos e à avaliação de conformidade
para instalar no país um ambiente de
concorrência justa e que os produtos
e serviços atendam a tudo isso. O
consumidor fica garantido de que não
há riscos nos produtos e serviços e o
produtor terá o seu mercado garantido,
sem concorrência desleal e práticas
enganosas. Tudo isso para assegurar
ao consumidor uma completa defesa
em relação ao meio ambiente, saúde e
segurança”, complementa Coscarelli.
Hoje, fala-se muito em gestão de
riscos. Como primeiro passo para uma
adequada gestão dos riscos empresariais,
uma empresa séria e competitiva
deve cumprir as normas técnicas. Isso
melhora os seus produtos ou serviços,
pois a aplicação de uma norma pode
conduzir a uma melhora na qualidade
dos produtos ou serviços, resultando,
certamente, no aumento das vendas. A
alta qualidade é sempre uma proposta de
venda. Os consumidores são raramente
tentados a comprar mercadorias de
qualidade questionável.
Além disso, agregar a qualidade ao
produto ou serviço aumenta o nível de
satisfação dos consumidores e é uma
das melhores formas de mantê-los.
Segundo ele, a empresa também pode
atrair novos consumidores, gerando
uma correta percepção de seu negócio e
seus produtos ou serviços é vital quando
você quer atrair novos consumidores.
As normas são um caminho efetivo para
convencer potenciais consumidores
de que você atende aos mais altos
e amplamente respeitados níveis de
qualidade, segurança e confiabilidade.
O
atendimento
às
normas
aumentará a reputação de se ter
um negócio comprometido com a
busca por excelência. Isto pode dar
uma importante vantagem sobre os
concorrentes que não aplicam as
normas. Isso pode auxiliar inclusive
no ganho de concorrências. Além do
que, muitos consumidores em certos
setores só comprarão de fornecedores
que podem demonstrar conformidade
com determinadas normas.
Acreditar na qualidade dos produtos
ou serviços é provavelmente uma
das razões chave da existência de
consumidores para esses produtos ou
serviços. Quando o consumidor descobre
que a empresa utiliza normas há o aumento
da confiança em seus produtos ou serviços.
Além do que, a utilização de certas normas
agrega valor a imagem corporativa.u
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 57
CAPA
Seguir uma norma técnica implica
em atender a especificações que foram
analisadas e ensaiadas por especialistas.
Isso significa que a empresa terá,
provavelmente, menos gasto de tempo e
dinheiro com produtos que não tenham
a qualidade e desempenho desejáveis.
A utilização de uma norma pode
reduzir suas despesas em pesquisas e
em desenvolvimento, bem como reduzir
a necessidade de desenvolver peças ou
ferramentas já disponíveis. Além disto,
a utilização de uma norma de sistema de
gestão pode permitir a dinamização de
suas operações, tornando seu negócio
muito mais eficiente e rentável.
Aplicando as normas pertinentes,
pode-se assegurar que seus produtos ou
serviços são compatíveis com aqueles
fabricados ou fornecidos por outros.
Essa é uma das mais efetivas formas de
ampliar o seu mercado, em particular o
de exportação.
Tanto os regulamentos técnicos como
as normas técnicas são obrigatórios.
Assim, isso pode auxiliar as empresas
no cumprimento das suas obrigações
legais relativas a determinados assuntos
como segurança do produto e proteção
58 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
ambiental. Haverá impossibilidade de
vender os produtos em alguns mercados
a menos que estes atendam certos
critérios de qualidade e segurança.
Estar em conformidade com normas
pode poupar tempo, esforço e despesas,
dando a tranquilidade de estar de acordo
com as responsabilidades legais.
Incluir normas como parte de sua
estratégia de marketing, pode conferir
a seu produto uma enorme chance de
sucesso. Isto porque – através de sua
natureza colaborativa – a normalização
pode auxiliar na construção do
conhecimento das necessidades de
mercado e dos consumidores. Iniciativas
de negócios em mercados que utilizam
normas reconhecidas possuem maiores
chances de sucesso.
O processo de avaliação de riscos
possibilita um entendimento dos
riscos, suas causas, consequências e
probabilidades. Isso proporciona uma
entrada para decisões sobre: se convém
que uma atividade seja realizada; como
maximizar as oportunidades; se os
riscos necessitam ser tratados; a escolha
entre opções com diferentes riscos; a
priorização das opções de tratamento
de riscos; a seleção mais apropriada de
estratégias de tratamento de riscos que
trará riscos adversos a um nível tolerável.
Completado um processo de
avaliação de riscos, o tratamento de
riscos envolve selecionar e acordar uma
ou mais opções pertinentes para alterar
a probabilidade de ocorrência, o efeito
dos riscos, ou ambos, e a implementação
destas opções. Isso é acompanhado por
um processo cíclico de reavaliação
do novo nível de risco, tendo em vista
a determinação de sua tolerabilidade
em relação aos critérios previamente
definidos, a fim de decidir se tratamento
adicional é requerido.
Na gestão de risco, a priorização dos
riscos por perda (ou impacto) e sua
probabilidade de ocorrência devem ser
tratados em primeiro lugar dentro de
um determinado contexto definido pela
organização. A gestão de risco deve
identificar riscos intangíveis que são
ignorados pelas organizações devido
à falta capacidade de entendimento do
risco. Muitas vezes, a existência do risco
é decorrente de vários fatores que não
são correlacionados pela organização e,
desta forma, não identificados.
Por fim, cumprir as normas técnicas
é excelente argumento para vendas ao
mercado internacional como, também,
para regular a importação de produtos
que não estejam em conformidade com
as normas do país importador. Mas, ainda
há alguns argumentos para que aumente
a utilização de normas técnicas no país.
Melhorar os produtos ou serviços – A
aplicação de uma norma pode conduzir a
uma melhora na qualidade dos produtos
ou serviços, resultando, certamente, no
aumento das vendas. A alta qualidade
é sempre uma poderosa proposta de
venda. Os consumidores são raramente
tentados a comprar mercadorias de
qualidade questionável. Além disso,
agregar qualidade ao produto ou serviço
aumenta o nível de satisfação dos
consumidores e é uma das melhores
formas de mantê-los.
Atração de novos consumidores –
Gerar a correta percepção de seu negócio
e seus produtos ou serviços é vital quando
você quer atrair novos consumidores.
As normas são um caminho efetivo para
convencer potenciais consumidores
de que você atende aos mais altos
e amplamente respeitados níveis de
qualidade, segurança e confiabilidade.
Aumentar
sua
margem
de
competitividade – O atendimento às
normas aumentará a reputação de se
ter um negócio comprometido com
a busca por excelência. Isto pode
dar uma importante vantagem sobre
os concorrentes que não aplicam as
normas. Isso pode auxiliar inclusive no
ganho de concorrências. Além do que,
muitos consumidores em certos setores
só comprarão de fornecedores que
podem demonstrar conformidade com
determinadas normas.
Agregar confiança ao negócio –
Acreditar na qualidade dos produtos ou
serviços é provavelmente uma das razões
chave da existência de consumidores
para esses produtos ou serviços. Quando
o consumidor descobre que você utiliza
normas há o aumento da confiança em
seus produtos ou serviços. Além do que,
a utilização de certas normas agrega
valor a imagem corporativa.
Diminuir a possibilidade de erros
– Seguir uma norma técnica implica
em atender a especificações que foram
analisadas e ensaiadas por especialistas.
Isso significa que você terá, provavelmente,
menos gasto de tempo e u
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 59
CAPA
dinheiro com produtos que não tenham
a qualidade e desempenho desejáveis.
Reduzir os custos de negócio
– A utilização de uma norma
pode reduzir suas despesas em
pesquisas e em desenvolvimento,
bem como reduzir a necessidade de
desenvolver peças ou ferramentas já
disponíveis. Além disto, a utilização
de uma norma de sistema de gestão
pode permitir a dinamização de suas
operações, tornando seu negócio
muito mais eficiente e rentável.
Tornar seus produtos compatíveis
– Aplicando as normas pertinentes,
pode-se assegurar que seus produtos
ou serviços são compatíveis com
aqueles fabricados ou fornecidos por
outros. Essa é uma das mais efetivas
formas de ampliar o seu mercado, em
particular o de exportação.
Atender a regulamentos técnicos –
Tanto os regulamentos técnicos como
as normas técnicas são obrigatórios.
Assim, isso pode auxiliar as empresas
no cumprimento das suas obrigações
legais relativas a determinados assuntos
como segurança do produto e proteção
ambiental. Haverá impossibilidade de
vender os produtos em alguns mercados
a menos que estes atendam certos
critérios de qualidade e segurança.
Estar em conformidade com normas
pode poupar tempo, esforço e despesas,
dando a tranquilidade de estar de acordo
com as responsabilidades legais.
Facilitar a exportação de seus produtos
– A garantia de que os produtos atendem
a normas facilita a entrada no mercado
externo, devido á confiança gerada pela
utilização de normas.
Aumentar as chances de sucesso
– Incluir normas como parte de
sua estratégia de marketing, pode
conferir a seu produto uma enorme
chance de sucesso. Isto porque –
através de sua natureza colaborativa
– a normalização pode auxiliar
na construção do conhecimento
das necessidades de mercado e
dos consumidores. Iniciativas de
negócios em mercados que utilizam
normas
reconhecidas
possuem
maiores chances de sucesso.
https://www.law.cornell.edu/copyright/
cases/293_F3d_791.htm
ANVISA obriga o cumprimento
das normas técnicas
S
egundo a instrução normativa,
na hipótese de a norma técnica
constar do Anexo, mas a realização
da certificação não ser possível em
decorrência da inexistência de laboratório
de ensaio para realização dos ensaios,
conforme estabelecido pelas regras do
SBAC para seleção de laboratórios, o
Organismo de Certificação de Produtos
(OCP) deverá emitir declaração
atestando a impossibilidade de realização
60 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
da certificação, naquele momento,
em decorrência de inexistência de
laboratório.
Caso a empresa solicitante do registro
ou cadastro receba exigência para
inclusão de norma em certificado de
conformidade emitido e apresentado
na ocasião da solicitação do pleito de
registro ou cadastro, porém julgue que
a norma em questão não se aplica ao
seu equipamento, deverá apresentar
documento com justificativa técnica da
não aplicabilidade da norma solicitada.
No caso de o cancelamento ou
alteração ocorrer em decorrência da
publicação de uma versão atualizada
da mesma norma, deverá ser adotada a
norma que a substituiu, mesmo que de
procedência internacional, devendo a
sua equivalente nacional, estabelecida
pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT), ser adotada após a
sua publicação e entrada em vigor. No
caso de o cancelamento ocorrer sem
uma substituição direta, deverão ser
adotadas, na medida do possível, outras
normas técnicas existentes, no âmbito
da ABNT, International Electrotechnical
Commission (IEC) ou da International
Organization for Standardization (ISO)
que tenham escopo semelhante.
Como é nos Estados Unidos
A
questão dos direitos autorais
em normas técnicas já está bem
clara nos Estados Unidos em
não conceder copyright no processo
de regulamentação e normalização.
Isso está baseado na Lei Federal
“Incorporation by Reference” que entrou
em vigor em 06 de janeiro de 2015, além
da jurisprudência, da exclusão legal de
sistemas da proteção autoral nos Estados
Unidos, das teorias “scenes à faire” e da
doutrina da fusão de ideia e expressão...
“Standards should fall outside the scope
of U.S. copyright protection”.
Essa nova Lei Federal “Incorporation
by Reference”, ou seja, incorporação
por referência, torna público todo e
qualquer texto de normas técnicas
(nacionais, internacionais, setoriais,
etc.) que são referenciadas em qualquer
regulamentação técnica americana. Isso
quer dizer que se uma lei, regulamento,
norma americana, etc. utiliza requisitos
de uma norma técnica ISO, ASTM,
AWS, IEC, etc., elas deverão estar
disponíveis sem custo.
Há, também, um estudo de Pamela
Samuelson in “Questioning copyrights
in Standards”, publicado na Boston
College Law Review (48 B.C.L. Rev.
193-2007 pp. 193/224). Na parte
II do trabalho, a autora apresenta
considerações sobre a jurisprudência e
a política que persuadiram os tribunais
a excluir normas técnicas do âmbito de
proteção autoral segundo as teorias das
causas compulsórias (“scenes à faire”) eu
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 61
CAPA
de fusão de ideia e expressão (segundo
o direito brasileiro, forma necessária).
Destaque-se que o §102(b) do
17 U.S. Code estabelece que em
nenhum caso a proteção de direito
autoral... se estende a qualquer
ideia,
procedimento,
processo,
esfera,
método
operacional,
conceito, princípio ou descoberta,
independentemente da forma na
qual ele é... embutido nessa obra”. A
teoria da fusão sustenta que se existe
somente uma ou um número muito
pequeno de maneiras de expressar
uma ideia, a proteção por direito
autoral estará indisponível, em,
geral, para esta maneira ou essas
poucas maneiras, a fim de evitar
proteger ideias. A teoria de scenes
à faire tem um papel especialmente
importante (em casos de escrita
funcional).... para estimular a
criatividade artística em um trabalho
literário “de forma que permita o
desenvol¬vimento e uso livre de
ideias e processos desprotegidos que
tornam o trabalho útil”.
Finalmente, destaca a autora que as
entidades de normalização não criam
efetivamente as normas técnicas em
relação às quais elas pretendem direitos
autorais. Elas se baseiam em serviços
voluntários por parte de peritos.
Em conclusão, a autora informa que os
tribunais passaram a ex¬cluir as normas
técnicas do âmbito de proteção dos direitos
autorais nas formas de teorias do scenes
à faire e fusão de ideias e expres¬são.
Conclui que as ordens governamentais
para o uso de determinadas normas
técnicas deverão afetar a capacidade
de reivindicar direitos autorais sobre as
referidas normas técnicas.
62 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
Igualmente, a American National
Standards Institute (ANSI) oferece
acesso gratuito às normas técnicas
referenciadas
em
regulamentos
federais. A instituição ANSI afirmou
em seu Portal IBR (http://ibr.ansi.org/)
que isso é um esforço para tornar as
normas “razoavelmente disponíveis”
para as pessoas que procuram a seguir
os regulamentos federais que lhes
fazem referência.
O portal oferece acesso às normas de
13 grupos nacionais e internacionais,
incluindo normas da International
Organization for Standardization
(ISO) e da American Welding
Society (AWS). A ANSI espera que
mais organizações de normalização
concordem em participar. O programa é
projetado para impedir que os usuários
façam download, cópia e impressão
das normas disponibilizadas.
Também nos Estados Unidos, os
Standards Developing Organizations
(SDO) estão perdendo a batalha para a
proteção autoral de suas normas. Nos
dois links abaixo, há uma lei de janeiro
de 2015 que obriga os SDO a colocarem
as normas de graça na internet, quando
elas são referenciadas em qualquer lei,
regulamento ou ato do Estado americano.
O outro diz respeito a um caso julgado
nos EUA, que deu ganho de causa a
uma empresa que publicou uma norma
técnica particular em seu site, sem
autorização do SDO, por essa norma
constar em uma legislação municipal.
Links:https://www.federalregister.
gov/articles/2014/11/07/2014-26445/
incorporation-by-reference
https://www.law.cornell.edu/copyright/
cases/293_F3d_791.htm t
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 63
Acessibilidade
Os deficientes
também
precisam se
divertir!
64 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
Por Dolores Affonso
M
uito se fala na empregabilidade
da pessoa com deficiência, na
educação inclusiva, na sexualidade,
na acessibilidade e mobilidade
urbana, no acesso à saúde e até nas adaptações
veiculares. Vemos a todo momento, notícias
sobre o desrespeito aos direitos das pessoas com
deficiência mas, muitas vezes, nos esquecemos
de que são seres humanos e possuem desejos,
necessidades, medos e alegrias como qualquer
outra pessoa. Somos assunto, tema de debates,
passeatas e de tratados internacionais, mas
queremos ser mais do que isso!
Já diziam os Titãs: “Você tem fome de quê?
A gente não quer só comida, a gente quer
comida, diversão e arte!”. Sim, queremos
acesso também ao esporte, à cultura, ao
turismo e ao lazer. Os deficientes também
precisam se divertir! Para se ter uma vida
plena, é fundamental que isso aconteça.
Ainda há muito o que se fazer quando falamos
em esporte adaptado. Não me refiro aqui
somente ao esporte na escola ou nos centros e
clubes esportivos. Sabemos que precisam ser
revistos e investimentos devem ser feitos para
que ofereçam a prática real do esporte e possam
receber e promover a inclusão pelo esporte.
Também não estou me referindo ao
esporte profissional ou olímpico, pois é
notória a capacidade dos deficientes; basta
observarmos as paraolimpíadas e os grandes
esportistas que temos no Brasil e no mundo.
Na última olimpíada vimos, inclusive,
deficientes competindo com pessoas sem
deficiência como o sul-coreano Dong Hyun
Im, de 26 anos, deficiente visual (baixa
visão), que competiu no tiro com arco.
De uma forma geral, é preciso reconhecer
a importância do esporte não somente como
caminho para a reabilitação, mas como fonte
de prazer, diversão. Isso inclui todos os tipos
de atividades, artes marciais, esportes radicais
etc.
Muitas
pessoas
acham que, por sermos
deficientes, não podemos
praticar tais esportes.
Bom, eu mesma já fiz
arvorismo e mergulho e
conheço vários deficientes
que praticam surf, canoagem, escalada, etc.
Outro ponto importante se refere ao turismo.
É fundamental que haja rotas turísticas
com adaptações, empresas especializadas e
cidades preparadas para receber e atender,
com qualidade, pessoas com deficiência, tanto
nos hotéis e restaurantes, como nos passeios e
demais eventos. Como, por exemplo, a cidade de
Socorro, em São Paulo, premiada até por órgãos
internacionais. Não é perfeita, é verdade, mas
está no caminho certo!
Governantes, empresários e a sociedade
em geral precisam se dar conta de que as
pessoas com deficiência são cidadãos,
contribuintes, consumidores e clientes
como qualquer um. Viajam, apreciam a
gastronomia, o teatro, o cinema, a música e
a dança como qualquer pessoa.
Neste contexto, devemos ter atenção aos
diversos tipos e opções de lazer, desde o cultural,
ou seja, oferecer salas de cinema, peças teatrais,
espetáculos, exposições etc. acessíveis, até os
mais comuns, como passeios pela natureza e
pela noite, como bares, boates etc.
Todos os espaços precisam ser acessíveis. Isso
é bem difícil de ver por aqui. No Brasil, é raro
encontrar um museu onde haja possibilidades
de um deficiente visual tocar as peças para
conhecê-las ou ter audiodescrição das obras
expostas, além da falta de acessibilidade física já
conhecida nos espaços culturais.t
Dolores Affonso é coach, palestrante, consultora, designer
instrucional, professora e idealizadora do Congresso de
Acessibilidade - www.congressodeacessibilidade.com
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 65
Inside
A cruzada de China
para a anti-pirataria
Engajado na luta contra a pirataria de direitos
autorais e padrões de contrafacção, a Administração
de Normalização da China (SAC) desmantelou com
êxito uma série de redes online nefastas. Nos últimos
anos, o uso disseminado da Internet aumentou
significativamente o número de violações de direitos
autorais de normalização, o que pode deixar a empresa
em risco de utilização de cópias ilegais de normas. No
entanto, a qualidade dos bens e produtos de um país é
crucial para competir nos mercados internacionais, e
violação de propriedade intelectual é visto como uma
ameaça para o sucesso econômico - e para o sucesso da aplicação de normas.. http://www.iso.org/iso/home/
news_index/news_archive/news.htm?refid=Ref1940
Por que os bancos
brasileiros lucram
tanto ?
O grande negócio de pequenas empresas
Em todo o mundo, o setor de pequenas e médias empresas (PME) é um
mecanismo vital de inovação e de criação de emprego. Compreender
os desafios e as oportunidades reais que moldam o futuro das PME, é
uma questão da maior importância. Pequenas e médias empresas são
- francamente - um grande negócio. Estima-se que mais de 90% das
empresas do mundo são as pequenas e médias empresas (PME). As PME
são, em média, as empresas que estão gerando o crescimento, a criação
de empregos, crescendo mais rápidoamente e inovando muito mais.
Mas acima de tudo, eles são bem menos complicadas (estruturalmente)
e mais eficientes e flexíveis do que as grandes organizações. http://www.
iso.org/iso/home/news_index/news_archive/news.htm?refid=Ref1937
66 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
Consultoria
afirma
que
rentabilidade de bancos brasileiros
foi o dobro da dos bancos
americanos. Quando a economia
brasileira vai bem, os bancos
vão bem. Quando a economia
vai mal… bem, ao menos alguns
bancos parecem ir melhor ainda.
Segundo um levantamento feito
pela consultoria Economatica
para a BBC Brasil, apesar da
desaceleração econômica, a
rentabilidade sobre patrimônio
dos grandes bancos de capital
aberto no Brasil foi de 18,23%
em 2014 – mais que o dobro
da rentabilidade dos bancos
americanos (7,68%). Foram
considerados no levantamento
os bancos com ativos acima
de US$ 100 bilhões. http://
www.bbc.co.uk/portuguese/
noticias/2015/03/150323_
bancos_lucros_ru
Por Fernando Banas
Normas para a água
O que é a água para você? Será que é saúde,
natureza, a urbanização, indústria, energia,
alimentos ou igualdade? A água é tudo isso e
muito mais. É a sustentabilidade, bem estar e
crescimento. Então, o que significa água para
ISO? Para nós, a água é mais de 500 normas de
segurança e sustentabilidade, de qualidade e de
medição. Elas representam o conhecimento de
centenas de especialistas apresentada pelos países
membros da ISO, e outras organizações que
trabalham com a norma ISO. As normas incluem:
• Água potável e tratamento de esgoto - ISO
24510, ISO 24511 e ISO 24512 para a melhoria
dos serviços para a indústria de água potável.
Autoridades de água e operadores podem
contar com elas para satisfazer as expectativas
dos consumidores de uma forma sustentável.
• Água durante uma crise - a salvaguarda do
acesso à água durante uma crise é vital para
a nossa sobrevivência e recuperação. Uma
série de padrões estão sendo desenvolvidos
para ajudar as comunidades a se preparar
para o pior (ISO 24518, ISO / TS 24520, ISO
/ TR 24525).
• Footprinting - Com a pegada de água, com
a norma ISO 14046, você pode ajudar a
sua organização a utilizar a água de forma
eficiente evitando o seu desperdício.
• Reutilização de águas residuais na irrigação
- A saúde pública, o ambiente, e os nossos solos
e culturas são as principais preocupações da
futura norma ISO 16075 sobre o uso de esgoto
tratado para uso na irrigação.
• Qualidade e mensuração - Verificar a
presença de bactérias ou medir a pureza da
água é possível graças às normas ISO, para
a amostragem, elaboração de relatórios e
acompanhamento. Elas nos ajudam a garantir
que a nossa água é segura. Com padrões
de hidrometria, podemos fazer medições
confiáveis como suporte ao planejamento e
conservação da água.
http://www.iso.org/iso/home/news_index/news_
archive/news.htm?refid=Ref1945
Folhas verdes
brotam em toda a Europa
Um novo prêmio - por iniciativa da European Green Leaf vai
reconhecer os esforços dos municípios e cidades de médio porte
que melhoram o ambiente e a qualidade de vida dos seus cidadãos.
A idéia é dar a pequenas vilas e cidades a chance de compartilhar
os benefícios que o Prémio Europeu
de Capital Verde tem oferecido
a grandes cidades desde 2010.
Respondendo a uma demanda das
cidades menores em toda a União
Européia, a Comissão Europeia
está encorajando essas cidades
e vilas a solicitar o novo Green
Leaf - um título dirigido que trará
visibilidade, maior demanda pelo
turismo local e o intercâmbio com
outras cidades de mesmo porte.
http://ec.europa.eu/environment/
news/efe/articles/2015/01/
article_20150128_01_en.htm
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 67
Inside
Inmetro publica primeira agenda regulatória unificada
O Inmetro acaba de publicar, em
formato digital, pela primeira
vez de forma conjunta, a sua
agenda regulatória abrangendo
iniciativas de regulamentação
técnica em metrologia e avaliação
da conformidade. A partir de
agora, fabricantes, agências
regulamentadoras e instituições
parceiras poderão acessar um
único documento que reúne o
status de objetos em processo de
regulamentação, como capacetes,
ferramentas e instrumentos de
medição, por meio das diretorias
de Metrologia Legal e Avaliação
da Conformidade.
Para o chefe da Divisão de
Articulação e Regulamentação
Técnica Metrológica, Marcelo
Castilho, diferentes setores da
sociedade serão beneficiados.
"A agenda única vai simplificar
o acesso às informações e pode
melhorar a interação entre o
Inmetro e a sociedade", explica
Marcelo. Segundo o Chefe
da Divisão de Articulação
Externa e Desenvolvimento de
Projetos Especiais, Gustavo
Kuster, as duas áreas do Inmetro
trabalharam para produzir um
documento com linguagem mais
acessível. "A agenda apresenta,
de forma clara, o que está em
estudo, desenvolvimento ou
aperfeiçoamento. Permitindo que
a sociedade tenha conhecimento,
de forma facilitada, dos itens
que estão sendo trabalhados
pelo Instituto e possa interagir
conosco. A ideia é que a
agenda seja atualizada a cada
três meses", diz Gustavo. Para
acessar a agenda unificada
de
regulamentação
técnica
metrológica, clique aqui. http://
www.inmetro.gov.br/qualidade/
pdf/agenda-regulatoria.pdf
Um relógio único
D e n o m i n a d o
Astronomia Tourbillon,
dentro de seu casulo
com cupula de safira, um
diamante de 288 faces
representando
a lua,
orbita em torno de um
modelo da terra pintado
à mão, ambos giram
em torno do centro
a cada 20 minutos.
Enquanto isso, o cérebro
do relógio - uma
parte conhecida como turbilhão - gira em
três eixos simultaneamente, enquanto um
relógio giratório no quarto braço completa a
coreografia celestial. Tal carisma não sai barato,
custando mais de meio milhão de dólares, mas
ilustra como relojoeiros independentes estão
tentando ultrapassar os limites de um ofício
de séculos de idade. https://www.youtube.
com/watch?v=FqAovYxOqiY&feature=play
er_detailpagetechnology-31979004
68 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
Por Fernando Banas
Excelência em gestão
A Fundação Nacional da Qualidade
(FNQ) realizará no dia 23 de junho
de 2015 o Congresso de Excelência
em Gestão, que trará palestrantes de
renome e conteúdo de vanguarda,
além de ter seu formato atualizado.
O evento acontecerá das 8h30 às
19h30 no Centro de Convenções
Rebouças, em São Paulo, e contará
com debates e networking, para
discutir tendências inovadoras
para construções de novas ideias e
soluções. O evento é direcionado
à alta e média gerência das áreas
de governança, planejamento,
qualidade, gestão e sustentabilidade,
principalmente. E o público
esperado é de 350 pessoas.
Com o tema “O Novo
Capitalismo”,
o
congresso
pretende debater como uma
gestão sustentável, integrada
e inteligente, formada por um
mapeamento de cenários internos
e externos, pode representar
ganhos para a organização a
partir do momento em que
ela consegue preparar-se para
o futuro e criar valor para
todas as partes interessadas.
O palestrante internacional do
evento, o economista indiano
Pavan Sukhdev, principal autor
do relatório The Economics of
Ecossystems and Biodiversity
(TEEB), da ONU, falará a
respeito da importância e do
valor da biodiversidade para a
sociedade e as organizações.
Autor do livro Planeta Sustentável:
Corporação 2020 - Como
transformar as empresas para o
mundo de amanhã, ele chama
a atenção para as características
marcantes da “Corporação 1920”
- que prioriza o crescimento a
qualquer custo e a publicidade
voltada, exclusivamente, para a
ampliação dos mercados - e para
a necessidade de fazer a transição
para a “Corporação 2020”. O novo
modelo corporativo proposto por
Sukhdev é baseado em novos
incentivos e regulamentações que
permitam às organizações aumentar
o bem estar humano e a igualdade
social, diminuir os riscos ambientais
e os prejuízos ecológicos, e
continuar a gerar lucro.
Hoje o capitalismo clássico
está sob o cerco da sociedade.
As
organizações,
antes
admiradas pelo seu papel no
desenvolvimento social, agora
são acusadas de serem as
protagonistas de uma destruição
de nosso ecossistema, e se veem
obrigadas a gerar transformação
para se adequarem às exigências
do planeta e, consequentemente,
de seus consumidores. Não basta
mais somente tratar de algumas
ações sustentáveis, é preciso
repensar a forma de trabalhar,
repensar o modelo de negócio e
seus reais impactos a pequeno,
médio e longo prazo.
Em 2012, a consultoria Generation
Investment Management, fundada
por Al Gore, publicou um
manifesto cujo título é um sinal
dos novos tempos: Capitalismo
Sustentável. E um dos principais
pontos do manifesto é a busca por
um cenário que procure maximizar
a criação de valor econômico
de longo prazo, reformando os
mercados para que respondam as
reais necessidades, levando em
conta todos os custos e todos os
stakeholders.
A criação de valor econômico de
longo prazo, a produção voltada a
melhorar o bem estar das pessoas,
das comunidades e de seus
ecossistemas são importantes para
juntar as empresas, o governo e
sociedade no enfrentamento destes
desafios. Algumas organizações
já perceberam que ao buscarem
alternativas sustentáveis para a
gestão de suas operações, o lucro
aumenta, seja pela redução dos
custos ou pela maior adesão dos
consumidores.
Fica então cada vez mais claro
que as organizações que buscam
agregar valor à sociedade
encontram
no
campo
da
sustentabilidade espaços para a
inovação e diferenciação em um
mercado cada vez mais interessado
no tema. Pensando em todo este
cenário, vem a pergunta: como
os empresários brasileiros estão
lidando com esta nova realidade,
em um país cuja riqueza ambiental
é um de seus diferenciais e que
muito vem sendo destruída em
prol de uma economia focada no
lucro a curto prazo, sem realmente
estudar todos os stakeholders
envolvidos no negócio? t
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 69
Metodologia
Kai
O Kaizen é uma palavra japonesa constituída de dois
ideogramas: o primeiro (Kai) representa mudança e
o Zen, bondade ou virtude. É tipicamente utilizado
para indicar a melhoria a longo prazo de algo ou
alguém (melhoria contínua)
70 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
Zen
Por Cristiano Bertulucci Silveira
K
aizen é a prática da melhoria
contínua. Em termos práticos
temos: “hoje deve ser melhor
do que ontem e amanhã,
melhor que hoje”. Esta prática filosófica
abrange tanto a vida pessoal quanto a
profissional. Com o Kaizen, nenhum dia
deverá terminar sem uma melhoria ter
sido desenvolvida.
A filosofia Kaizen de melhoria contínua
foi adotada como método pela Toyota
a partir dos anos 50, se estendendo
desde então por diversas empresas. É
um conceito importante que compõe a
metodologia do Lean Manufacturing.
O primeiro passo do Lean Manufacturing
é mapear o processo e entender onde há
desperdícios.
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 71
Metodologia
O Kaizen é inserido neste contexto
como base de uma prática de melhoria
sistêmica. De certa forma, a filosofia
do Kaizen é a base ideológia para o
desenvolvimento do PDCA, Kanban,
5s, just-in-time, etc. Devido a sua
importância, podemos afirmar atualmente
que o Kaizen está incorporado aos
sistemas de gestão modernos.
Selecionando um projeto Kaizen
Na indústria, o Kaizen busca a
melhoria tanto em nível de processo
quanto em nível sistêmico no intuito de
reduzir custos, melhorar a segurança e
a qualidade e aumentar a lucratividade.
A responsabilidade por disseminar
e cobrar a prática do Kaizen parte da
alta e média gerência e saber “Onde
? Como ? Quando ?” agir é essencial
para o sucesso do projeto. O projeto
para aplicação do Kaizen deve ser
estruturado com o objetivo fundamental
de proporcionar retorno.
Após identificar o “Onde e Quando
atuar”, é necessário utilizar de prática
científíca para calcular o resultados
que podem surgir do projeto. Uma
forma estruturada para coletar e
organizar os dados sobre o processo
pertinente é o mapa da cadeia de valor
que analisa a produção na linha desde
o recebimento da matéria prima até a
expedição do produto.
Alguns fatores que devem ser considerados
para os projetos do Kaizen são:
• Impactar nas metas estratégicas da
organização
• Negócio claro e preciso
• Proporcionar impacto significante
para a organização
• Resolver problemas operacionais e
não problemas de gestão
• Processo altamente visível
• Projeto de fácil aplicação
72 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
• Ser mensurável (Não pode ser
permitido equívocos por dados
imprecisos)
• Possuir entusiasmo por parte da
gestão da empresa
• Processo simples
• Processo estável e repetitivo
• Permitir a contribuição de todos os
empregados
Onde é importante aplicar o Kaizen?
O Kaizen pode ser praticado em
todas as áreas, mas geralmente o foco
recai sobre os pontos onde é passível de
maior retorno financeiro, como:
1.Locais que necessitam de soluções
urgentes: geralmente, são locais
com alta insatisfação do cliente ou
quando existem mudanças bruscas
de mercado que exigem mudanças
internas rapidamente;
2.Projetos que podem causar grande
impacto nas vendas ou lucros da
empresa, melhoria de qualidade
do produto, redução de custos de
produção ou melhorias no processo
produtivo;
3.Locais que não toleram grandes
perdas (paradas de máquinas, perda
de material, produto, etc).
Kaizen na prática
Um projeto de melhoria contínua
funciona
quando
há
equipes
qualificadas para levantar problemas
e soluções. A melhor equipe é aquela
multidisciplinar, pois cada disciplina
pode contribuir com a própria
perspectiva, tanto no momento de
levantar o problema quanto oferecer
soluções. É muito importante que as
equipes tenham autoridade sobre as
mudanças a serem efetuadas.
Algumas empresas promovem o
“Kaizen Blitz”, onde uma equipe é
formada para resolver o problema e a
mesma é dissolvida após o problema
estar corrigido. Geralmente estas equipes
são formadas para “apagar incêndio”. O
ideal é o Kaizen Blitz ocorrer como uma
ação preventiva e não corretiva.
Preparação para o evento Kaizen
A preparação do evento abrange a
formação da equipe, a organização e
divulgação de resultados. Podemos dizer
que ela consiste das seguintes etapas:
• Selecionar o patrocinador do time:
O patrocinador representa o maior
nível na causa do projeto, sendo um
consultor de gestão para a equipe.
Ele é a pessoa que rompe barreiras e
dispõe suporte para a equipe durante
o evento. Ele também garante
cobertura para que os membros da
equipe não sejam interrompidos
durante o evento.
• Selecionar o líder do time: O líder
determina o objetivo e o processo
a ser seguido. Ele se reúne com o
facilitador para rever os objetivos
e envia a agenda para os membros
da equipe. O líder apenas lidera, ele
não é o patrão.
• Escolher o facilitador: A função do
facilitador é gerenciar a forma com
que as pessoas irão trabalhar em
time, manter as atividades do Kaizen
em andamento e o cronograma
planejado pelo líder.
• Selecionar os participantes do time:
A equipe deve ser composta por uma
pessoa que registre resultados, ações
e decisões importantes. O restante da
equipe deve ser composta por membros
internos (operadores, compradores,
montadores e manutentores) ou
membros externos capazes de fornecer
novas ideias para a empresa.u
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 73
Metodologia
• Elaborar o termo do evento: No
termo são definidos o escopo, os
recursos disponíveis, a autoridade
do time e seus limites. São definidos
também as entregas, o cronograma
e o código de conduta. O termo é
criado pelo líder e aprovado pelo
time.
• Definir uma data prioritária para
a realização do Kaizen: A data
escolhida deve ser a melhor data em
que a alta e média gerência possam
acompanhar o evento. A data deve
permitir a participação de todos os
membros do time sem correr o risco
de imprevistos.
• Preparar a organização: Alguns
itens devem ser considerados
para a organização do evento tais
como: desenvolver entusiasmo
interno sobre o evento, demonstrar
compromisso da administração,
fazer com que haja credibilidade do
evento na empresa, divulgar o antes
e o depois, desenvolver o código
de conduta e discutir a logística de
treinamento.
Definição do ambiente
adequado para o evento
Para a realização do Kaizen, devem
ser considerados fatores como logística e
74 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
estrutura do evento. Abaixo alguns deles:
• Localização da área que vai ser
trabalhada – off-site, on-site, ou na
área de trabalho;
• Alimentação – todos os membros
do time devem fazer a alimentação
juntos no mesmo local durante o
evento;
• Ferramentas
necessárias
e
suprimentos;
• Definição de horas de trabalho de
cada um da equipe;
• Não podem haver interrupções
durante o evento;
• Plano de ação para imprevistos,
como quedas de energia, etc.
Kaizen e prêmios
O Kaizen é uma filosofia que deve ser
praticada sem a expectativa de prêmios.
Todavia, é notório que o desafio de
melhorar um processo ou um sistema
torna-se maior a cada volta de um PDCA
ou mesmo com a evolução e complexidade
do sistema. Por este motivo, o evento pode
ser estimulado com prêmios caso “alguém
veja algo que ainda ninguém viu”. É
importante ressaltar que deve-se tomar
muito cuidado ao oferecer um prêmio,
pois o Kaizen é uma filosofia de vida e
deve ser praticada como tal. Oferecer
prêmios muitas vezes pode ser recebido
como uma necessidade em que as pessoas
ficam dependentes e só irão vestir a camisa
do Kaizen sob esta condição.
Benefícios do Kaizen
Por tirar o funcionário da zona de
conforto, o Kaizen contribui para o autodesenvolvimento do indivíduo e isso reflete
diretamente no ambiente de trabalho.
Na organização, estatisticamente,
alguns benefícios podem ser alcançados.
São eles:
• 40 a 60% de redução do lead time;
• 10 a 30% de aumento de produtividade;
• 10 a 20% de redução de retrabalho;
• Aumento da satisfação dos clientes
internos e externos.
O maior desafio para o indivíduo na
prática do Kaizen (lê-se; proposta de
melhoria contínua) é manter a disciplina e
a serenidade em meio a pressão diária sob
todos que estão trabalhando na indústria.
O Kaizen em 10 passos
Do iniício ao fim, podemos dividir o
Kaizen em 10 passos, conforme listados
abaixo:
1.Kick-off e início das atividades de
treinamento;
2.Análise do estado atual;
3.Seleção das áreas e dos problemas
pertinentes;
4.Levantamento de possíveis soluções;
5.Selecionar as soluções;
6.Estabelecer métricas para o sucesso
do evento;
7.Planejar e implementar (Repetir se
necessário utilizando o PDCA)
8.Padronizar e manter os resultados;
9.Divulgar os resultados;
10. Comemorar. t
Cristiano Bertulucci Silveira é engenheiro
eletricista pela Unesp com MBA em Gestão
de Projetos pela FVG e certificado pelo
PMI. Atuou em gestão de ativos e gestão de
projetos em grandes empresas como CBAVotorantim Metais, Siemens e Votorantim
Cimentos. Atualmente é diretor de projetos
da Citisystems – cristiano@citisystems.
com.br – Skype: cristianocit
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BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 75
Gestão em Saúde
Uma norma técnica
para as luvas cirúrgicas
de borracha
A luva cirúrgica é
um produto feito de
borracha natural ou
borracha sintética ou
misturas de borrachas
natural e sintético
76 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
Da Redação
D
e início, devem ser conhecidas algumas
definições importantes em relação a
esses produtos. A borracha natural ou
borracha de latex natural é um produto
resultante da transformação do látex por meio de
coagulação, outros processos e secagem, acrescidos
de outros ingredientes. A borracha sintética é um
produto sintetizado a partir de substâncias químicas
e ingredientes, com características semelhantes à
borracha de látex natural.
A esterilização é um processo físico ou químico
que elimina todas as formas de vida microbiana,
incluindo os esporos bacterianos. A luva cirúrgica
é um produto feito de borracha natural ou borracha
sintética ou misturas de borrachas natural e sintética,
de uso único, de formato anatômico, com bainha ou
outro dispositivo capaz de assegurar um ajuste ao
braço do usuário(a), para utilização em cirurgias.
A luva para procedimentos não cirúrgicos também
é um produto feito de borracha natural ou borracha
sintética ou misturas de borracha natural e sintética,
de uso único, para utilização em procedimentos não
cirúrgicos para assistência à saúde. são as utilizadas
pelos profissionais da saúde (médicos, dentistas,
enfermeiros, etc.) no atendimento ao paciente, sem
que haja cirurgia. O látex de borracha natural é um
produto leitoso, de composição conhecida, extraído
da casca do tronco da árvore da seringueira.
Até o início do século XX, não se preconizava
o uso de luvas durante as operações, apesar de já
estarem utilizando soluções antissépticas para
limpar as mãos dos cirurgiões e auxiliares. A
invenção das luvas cirúrgicas começa com uma
história de amor platônico entre um médico e sua
enfermeira: William Stewart Halsted (1852-1922),
grande cirurgião americano, inventor de dezenas de
instrumentos cirúrgicos e apetrechos hospitalares,
quando era chefe de um hospital em Baltimore
(USA), ainda solteirão convicto, se apaixona,
secretamente, platonicamente, pela enfermeira
Caroline Hampton, que o auxiliava nas cirurgias.
Na época os trabalhos pré-operatórios exigiam
dos profissionais a lavagem das mãos em fortes
soluções antissépticas, já que não havia luvas. Carol,
com isto, desenvolveu uma dermatite de contato
com tais substâncias. Com as mãos feridas ela não
podia auxiliar Halstedt. Desespero para o médico.
Ele só aceitava operar se fosse com a ajuda dela,
tamanha era a paixão da presença, a segurança e
a confiança que Carol lhe transmitia. Apreensivo,
em busca de uma solução para o conflito, Halstedt
procurou um microempresário chamado Goodyear
(mais tarde um dos maiores produtores de pneus
do mundo, com seu nome e marca) e lhe pediu
que fabricasse um par de luvas de borracha para a
enfermeira. Assim foi feito.
Para não constranger a amada, pois as luvas
eram de borracha preta (tecnologia da época),
Halsted encomendou pares de luvas para os demais
auxiliares e determinou que todos usassem as
luvas de borracha, incluindo-se também na própria
determinação. E a partir do uso contínuo das luvas,
constatou-se que as infecções pós-operatórias,
praticamente, desapareceram.
Ele então determinou que em todas as cirurgias
fossem usadas as luvas, procedimento logo
difundido em todo o mundo até se chegar ao uso das
finíssimas luvas atuais. Halsted e Carol trabalharam
por muito tempo, cada vez mais unidos pelos fortes
laços do amor, casaram-se e moraram na cobertura
do hospital até a morte dele em 1922.
As luvas cirúrgicas continuaram, por muito
tempo, sendo chamadas de “As Luvas Do Amor”,
em respeito à história dos dois e pela pureza que
imprimiam no contato com as feridas dos enfermos.
As luvas cirúrgicas de látex ganharam notoriedade
no século XX, após a sua adoção pelos cirurgiões da
escola médica John Hopkins, que visava proteger os
pacientes das bactérias presentes nas mãos sem luvas.
A NBR ISO 10282 de 12/2014 – Luvas cirúrgicas
de borracha, estéreis ou a serem esterilizadas, de uso
único – Especificação especifica os requisitos para
luvas de borracha estéreis, embaladas, para uso em
procedimentos cirúrgicos para proteger o paciente
e o usuário de contaminação cruzada. É aplicável a
luvas de uso único, descartadas após o uso. u
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 77
Gestão em Saúde
Não se aplica às luvas de exame ou procedimento.
Refere-se a luvas com superfícies lisas ou
texturizadas sobre parte ou toda a luva. É utilizada
como uma referência para o desempenho e
segurança de luvas cirúrgicas de borracha. Exclui
a forma de utilização correta das luvas cirúrgicas
e procedimentos de esterilização, assim como o
subsequente procedimento de manuseio, embalagem
e armazenamento.
As luvas são classificadas por tipo, formato e
acabamento. Dois tipos são classificados: Tipo
1: luvas produzidas principalmente com látex
de borracha natural; e Tipo 2: luvas produzidas
principalmente de borrachas nitrílica, borracha de
isopreno, borracha de policloropreno, solução de
borracha estireno-butadieno, emulsão de borracha
de estireno butadieno ou solução de elastômero
termoplástico.
Dois formatos são classificados: luvas com dedos
retos; e luvas com dedos curvos na direção da palma.
A luva deve ser anatomicamente correta, com o
dedo polegar posicionado na superfície da palma,
paralelamente ao dedo indicador, em lugar de ficar
no plano. Os dedos e o dedo polegar podem ser retos
ou curvos na direção da palma.
Dois acabamentos são classificados: superfície com
textura sobre parte ou toda a luva; e superfície lisa.
As luvas podem ser com pó ou sem pó. As luvas com
pó são luvas onde um pó tenha sido adicionado como
parte do processo industrial, geralmente para facilitar o
calçamento. Luvas sem pó são luvas que foram fabricadas
sem a adição de pó, para facilitar o calçamento. Luvas
sem pó são também referenciadas como “isentas de
pó”, “sem pó” ou “não pulverizadas” ou palavras nesse
sentido. A terminação do punho da luva pode ser cortada
ou na forma de um a borda enrolada.
As luvas devem ser produzidas de borracha natural
ou borracha nitrílica ou borracha isopreno ou borracha
de policloropreno ou componentes de borracha estirenobutadieno ou solução de elastômero termoplástico
ou emulsão de borracha de estireno-butadieno. Para
facilitar o calçamento das luvas, qualquer tratamento de
superfície, lubrificante, pó ou revestimento de polímero
pode ser usado, sujeito à conformidade com a ISO 10993.
Qualquer pigmento usado deve ser atóxico. É
essencial que as substâncias usadas para o tratamento
de superfície, capazes de serem transferidas, sejam
bioabsorvíveis. As luvas, conforme fornecido para o
usuário, devem estar em conformidade com as partes
pertinentes da ISO 10993. O fabricante deve tornar
disponível para o comprador, mediante solicitação,
dados que comprovam a conformidade com estes
requisitos.
Outros materiais poliméricos apropriados podem,
ser incluídos em edições futuras desta norma. É
reconhecido que alguns indivíduos podem, ao longo
de certo período de tempo, tornar-se sensíveis a
um determinado composto de borracha (reação
alérgica) e requerer luvas de uma formulação
alternativa. Limites de proteínas extraíveis,
proteínas alergênicas, substâncias químicas
residuais, endotoxinas e pó residual em luvas podem
ser especificados em edições futuras desta norma,
sujeitos à disponibilidade de métodos de ensaio de
norma ISO pertinentes.
Para propósitos de referência, as luvas devem
ser amostradas e inspecionadas de acordo com
a ISO 2859-1. Os níveis de inspeção e os níveis
de qualidade aceitáveis (NQA) devem estar de
acordo com os especificados na Tabela 1 para as
características listadas.
Quando um tamanho de lote não está apto a ser
determinado, um lote de 35 001 a 150 000 deve ser
assumido.
Quando medido nos pontos mostrados na Figura
1, as luvas devem estar de acordo com as dimensões
Características
Nível de Inspeção
NQA
Dimensões físicas (largura, comprimento e espessura)
S-2
4,0
Impermeabilidade à água
G-1
1,5
Força na ruptura e alongamento na ruptura (antes e depois do envelhecimento
acelerado) e força no alongamento de 300%(antes do envelhecimento acelerado)
S-2
4,0
78 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
polegar. A medição da largura deve ser feita com a
luva colocada em uma superfície plana. A espessura
da parede dupla de uma luva intacta deve ser medida
de acordo com a ISO 23529, com a pressão no pé
de medição de 22 kPa ± 5 kPa, em cada um dos
locais mostrados na Figura 2 (disponível na norma):
um ponto de 13 mm ± 3 mm da extremidade do
dedo médio e outro ponto do centro aproximado da
palma, e um ponto a 25 mm ± 5 mm da terminação
do punho.
A espessura da parede única em cada ponto deve
ser reportada como metade da espessura de parede
dupla medida e deve estar em conformidade com
as dimensões indicadas na Tabela 2, usando o nível
de inspeção e NQA indicados na Tabela 1. Se a
inspeção visual indicar a presença de pontos finos,
então as medições de espessura da parede única
devem ser tomadas nessas áreas.
A espessura na área lisa e área texturizada de uma
parede única, quando medida conforme descrita
nesta subseção, não podem ser menores que 0,10
de largura da palma e comprimento, indicadas na mm e 0,13 mm, respectivamente. Convém que a
Tabela 2 (disponível na norma), usando o nível de espessura da terminação do punho seja medida de
acordo com a ISO 23529 e preferencialmente não
inspeção e NQA indicados na Tabela 1.
A medida do comprimento deve ser a menor exceda a 2,50 mm.
A popularização do uso das luvas ocorreu com
distância entre a ponta do dedo médio à terminação
a
preconização das “Precauções Universais”
do punho. A medição do comprimento pode ser
tomada calçando a luva pelo dedo médio em mandril (hoje chamadas de “Padrão”), em 1988, em
resposta ao surgimento da AIDS. As luvas de
apropriado com um raio de ponta de 5 mm.
A medição da largura deve ser realizada no ponto látex permanecem como o padrão ouro em relação
central entre a base do dedo indicador e a base do dedo à barreira biológica e tem sido amplamente
utilizadas
nos
serviços
de
Comprimento
Espessura mínima
saúde. As luvas
Largura (dimensão w,
Código de tamanho
mínimo (dimensão I,
(nos locais mostrados
Figura 1) mm
alternativas,
Figura 1) mm
na Figura 2) mm
livres de látex,
5
67 ± 4±
250
são indicadas para
aqueles que são
5,5
72 ± 4
250
alérgicos às suas
6
77 ± 5
260
proteínas. As luvas
Para todos os
6,5
83 ± 5
260
tamanhos:
de procedimento
Área lisa: 0,10
7
89 ± 5
270
de látex são hoje
Área texturizada: 0,13
o
equipamento
7,5
95 ± 5
270
de
proteção
8
102 ± 6
270
individual maisu
8,5
108 ± 6
280
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 79
Gestão em Saúde
utilizado pelos profissionais da saúde. Esta é
uma grande conquista em termos de proteção
aos profissionais e pacientes.
O látex é um líquido leitoso, produzido pelas árvores
de borracha, a Hevea brasiliensis, que contém proteínas,
lipídios, aminoácidos, nucleotídeos, co- fatores e cis1,4-poliisopreno. Durante o processo de fabricação,
agentes químicos são adicionados para aumentar a
velocidade de secagem (vulcanização) e para proteger a
borracha do oxigênio do ar. Há entre 2 a 3% de proteína
livre residual, que parece ser o agente antigênico.
Essa proteína livre, também chamada heveína,
existe em grande quantidade nas luvas cirúrgicas,
consideradas como fator determinante do
aumento da sensibilização ao látex. A quantidade
de heveína das luvas, pode variar em 3.000 vezes
entre as diferentes marcas.
Além das luvas, o látex, está presente em
inúmeros objetos, muitos de manuseio médico,
como garrotes e cateteres. Outros numerosos
objetos de uso habitual, como chupetas, madeiras,
brinquedos, balões, cosméticos e roupas, também
contêm látex em sua composição.
Os primeiros relatos de alergia ao látex, usado na
fabricação de luvas cirúrgicas, foram apresentados
por Nutter, em 1979. A alergia ao látex foi
recentemente identificada como um problema de
saúde pública mundial. Têm maior incidência em
pacientes com mielomeningocele, malformações
geniturinárias, profissionais de saúde, trabalhadores
das indústrias que manipulam a substância, pacientes
atópicos e nos que são submetidos a múltiplos
procedimentos cirúrgicos ao longo da vida. Esses
pacientes são considerados de alto risco.
As manifestações clínicas variam desde rinite,
conjuntivite, dermatite de contato, até reações
sistêmicas leves, moderadas ou graves, como
anafilaxia. A Food and Drug Administration
(FDA) recomenda que todos os pacientes sejam
questionados sobre alergias prévias ao látex,
principalmente os portadores de mielomeningocele
e os demais pertencentes aos grupos de risco, além
de preconizar o uso de ambiente desprovido de látex
para os casos confirmados ou suspeitos.
Existe a tendência para um ambiente sem látex,
porém, isso apresenta um custo significativamente
elevado. Infelizmente, não há cura para a
hipersensibilidade ao látex. No entanto, apesar dos
avanços associados a estudos de biologia molecular
para alérgicos ao látex, e melhor entendimento de
sua imunologia, evitar o contato ainda é o único
tratamento efetivo.
Apesar de a maioria dos trabalhadores da área de
saúde desenvolver hipersensibilidade ao látex devido
ao aumento do uso da luva, a hipersensibilidade pode
ocorrer devido ao uso de outros produtos contendo
látex, tais como: tubos, aparelhos de pressão,
máscaras faciais, torniquetes, drenos, cateteres,
seringas, etc. Há diferenças na indicação de uso para
as luvas cirúrgicas e luvas de procedimentos.
As luvas de procedimentos devem estar somente
limpas e não estéreis, indicadas no uso quando existir
possibilidade de contato com sangue, líquidos corpóreos,
secreções e excreções, membrana mucosa, pele não
íntegra e qualquer item contaminado. As luvas devem
ser calçadas antes do cuidado a ser prestado ao paciente,
evitando-se assim contaminação prévia; trocadas entre
cada paciente; trocadas entre diferentes procedimentos
no mesmo paciente; devem ser retiradas logo após o seu
uso, antes de tocar qualquer superfície ou contato com
outro paciente. Lavar as mãos imediatamente após a
retirada das luvas.t
80 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
Equipamento de hemodiálise
Q
uando os rins deixam de funcionar, a hemodiálise
surge como uma opção de tratamento que
permite remover as toxinas e o excesso de água
do seu organismo. Nesta técnica depurativa, uma
membrana artificial é o elemento principal de um
dispositivo designado dialisador, comummente
conhecido por rim artificial.
A máquina bombeia o seu sangue, através das
linhas, até ao dialisador. Os produtos tóxicos e a
água em excesso do seu organismo são filtrados pelo
dialisador e o “sangue limpo” regressa novamente
ao seu organismo.
O médico nefrologista define o programa de
hemodiálise. Normalmente, o tratamento realizase três vezes por semana em dias alternados. Cada
sessão tem uma duração média de 4 horas.
Para que se consiga eliminar os produtos tóxicos
é necessário um mínimo de horas. Todos os estudos
confirmam que 12 horas por semana (4 horas, 3x
semana) é o mínimo de tempo, independentemente
do peso do doente e do que ele come ou bebe. Nos
doentes muito pesados e que comem muito poderá
ser necessário mais tempo de diálise.
Geralmente, a hemodiálise é efetuada num hospital
ou numa unidade de diálise num horário fixado entre
as 08.00 horas e a meia-noite. No entanto, algumas
unidades facultam-lhe a possibilidade de efetuar o
tratamento durante o período noturno.
Existe, ainda, a possibilidade de efetuar
hemodiálise no domicílio, embora esta modalidade
se encontre pouco implementada no nosso país. É
uma modalidade de diálise autónoma que permite
maior liberdade de horário. Naturalmente, para que
ela seja exequível, é indispensável que o estado
geral do doente seja razoável, que as sessões
terapêuticas decorram sem problemas e que o doente
e um parceiro sejam submetidos a um programa de
aprendizagem prévio.
A NBR IEC 60601-2-16 de 01/2015 - Equipamento
eletromédico - Parte 2-16: Requisitos particulares
para a segurança básica e desempenho essencial dos
equipamentos de hemodiálise, hemodiafiltraçãoe
hemofiltração aplica-se à segurança básica e
ao desempenho essencial dos equipamentos de
hemodiálise, de hemodiafiltração e de hemofiltração,
doravante
denominados
equipamento
de
hemodiálise. Esta norma não considera o sistema
de controle de fluido de diálise do equipamento de
hemodiálise utilizando regeneração do fluido u
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 81
Gestão em Saúde
de diálise e os sistemas de distribuição central.
Entretanto, ela considera os requisitos de
segurança específicos de tais equipamentos de
hemodiálise, no que concerne à segurança elétrica
e à segurança do paciente. Esta norma especifica os
requisitos mínimos de segurança para equipamentos
de hemodiálise. Estes dispositivos são destinados
à utilização tanto pela equipe médica como pelo
paciente ou outro pessoal treinado, sob a supervisão
de um médico especialista.
Esta norma inclui todos os equipamentos em
que são destinados a fornecer um tratamento de
hemodiálise, de hemodiafiltração e de hemofiltração
a pacientes que sofrem de insuficiência renal.
Os requisitos particulares nesta norma não
são aplicáveis a:-- circuitos extracorpóreos;-dialisadores;-- concentrados de fluido de
diálise;-- equipamentos de tratamento de água;- equipamentos utilizados para realizar diálise
peritoneal (ver NBR IEC 60601-2-39). Se uma
seção ou subseção for destinada especificamente a
ser aplicável aos Equipamentos EM apenas ou a
Sistemas EM apenas, o título e o conteúdo daquela
seção ou subseção indicarão isto.
Se este não for o caso, a seção ou a subseção é
aplicável tanto aos Equipamentos EM como aos
Sistemas EM, conforme a relevância. Perigos
inerentes à função fisiológica destinada dos
Equipamentos EM ou dos Sistemas EM contidos
no escopo desta norma não são abordados pelos
requisitos específicos desta norma, com exceção das
subseções 7.2.13 e 8.4.1 da NBR IEC 60601-1.
Considera-se que os requisitos mínimos de
segurança especificados nesta norma particular
fornecem um grau de segurança praticável na
operação dos equipamentos de hemodiálise, de
hemodiafiltração e de hemofiltração.
As instruções para utilização devem incluir
adicionalmente o seguinte, se aplicável: uma
declaração que chame a atenção do operador para
as precauções necessárias para prevenir qualquer
infecção cruzada entre pacientes; uma declaração
que chame a atenção do operador para os perigos
associados com a conexão e a desconexão de
paciente; uma declaração que chame a atenção
do operador para os perigos potenciais, incluindo
quaisquer situações perigosas originadas de
conexões impróprias do circuito extracorpóreo;
uma declaração sobre os perigos relacionados
à escolha incorreta do(s) concentrado(s) de
fluido de diálise; uma descrição quantitativa dos
possíveis erros do sistema de cada componente
do fluido de diálise na condição anormal
sob uma só falha, dependendo dos limites de
alarme do sistema de proteção; uma declaração
sobre os perigos potenciais relacionados a um
possível transporte de substâncias indesejadas
do compartimento de fluido de diálise para o
compartimento de sangue do dialisador; para o
sistema de proteção empregado de acordo com a
nota 2 do item a) da subseção 201.12.4.4.104.1:
uma advertência declarando que este sistema de
proteção reduz o perigo apenas em parte e uma
explicação sobre os perigos remanescentes; uma
descrição de medidas adicionais para reduzir
o risco; uma explicação da ação adequada do
operador após um alarme e os perigos potenciais
se o alarme for repetidamente removido sem
que seja resolvido o problema subjacente;
uma advertência especificando que qualquer
passagem estreita no circuito extracorpóreo
(como dobras na linha de sangue ou cânula
muito fina) pode causar hemólise e que esta
situação perigosa pode não ser detectada pelos
sistemas de proteção; se um sistema de proteção
for aplicável, de acordo com a nota 1 do item
a) na subseção 201.12.4.4.105: uma advertência
declarando que o funcionamento inadequado de
um detector de ar ultrassônico pode ser causado
por um coágulo ou pela aplicação de gel para
ultrassom; uma advertência declarando que o
ar pode entrar no circuito extracorpóreo em
pontos de conexão à frente do detector de ar, se
as pressões forem negativas; isto pode ocorrer
em casos como aplicações com agulha única ou
aplicações de cateter venoso central; para hdf
online e hf online: uma advertência declarando
que apenas os procedimentos de desinfecção
82 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
definidos e validados pelo fabricante podem
ser utilizados para hdf online e hf online;
informações sobre a qualidade requerida da água
que estiver entrando e do concentrado de fluido
de diálises utilizado; intervalos nos quais convém
que partes desgastadas (por exemplo, filtro)
sejam trocadas; uma advertência de que o fluxo
de sangue e, portanto, a eficácia do tratamento
podem ser reduzidos quando a pressão arterial
pré-bomba for extremamente negativa; e a faixa
e a exatidão do fluxo desta(s) bomba(s) e a faixa
de pressão de entrada e de saída ao longo da qual
esta exatidão é mantida.
Para equipamentos de hemodiálise com partes
aplicadas além das partes aplicadas tipo cf, uma
advertência, dirigida tanto ao operador como
à organização responsável, para garantir que
nenhum equipamento elétrico (equipamento que
não é EM e Equipamento EM), com correntes
de toque e correntes de fuga através do paciente
acima dos respectivos limites para partes
aplicadas tipo cf, seja utilizado no ambiente do
paciente em combinação com cateter venoso
central com localização atrial.
Adicionalmente, as instruções para utilização
devem incluir o seguinte, se aplicável: uma definição
de pressão transmembrana, se o fabricante utilizar
uma diferente daquela estabelecida na subseção
201.3.217; uma explicação das marcações
coloridas nos conectores de concentrado de fluido
de diálise; informações sobre o fluxo de sangue
eficaz fornecido em tratamentos que utilizam uma
agulha única; informações sobre a recirculação do
sangue no circuito extracorpóreo em tratamentos
que utilizam uma agulha única; o tempo de atraso
após o qual um alarme auditivo é ativado após a
interrupção da fonte de alimentação; para funções
do controlador fisiológico em malha fechada:
a) o princípio técnico de funcionamento; b) os
parâmetros do paciente que são medidos e os
parâmetros fisiológicos que são controlados; c) os
métodos através dos quais estes modos de controle
de realimentação foram avaliados, incluindo
efeitos benéficos e adversos registrados durante
ensaios clínicos; ver também a norma colateral
NBR IEC 60601-1-10.
Para qualquer dado que é exibido ou indicado
pelo equipamento de hemodiálise e que pode
ser utilizado para ajustar o tratamento ou medir
ou confirmar a eficácia do tratamento: a) uma
descrição do princípio técnico de funcionamento;
b) se a medição for indireta: uma declaração sobre
a exatidão e os possíveis fatores influenciáveis; c)
o método através do qual o princípio técnico de
funcionamento foi avaliado em relação ao cuidado
médico padrão.
Para equipamentos de hemodiálise com partes
aplicadas além das partes aplicadas tipo cf, uma
declaração sobre se este equipamento de hemodiálise
pode ser utilizado juntamente com cateteres venosos
centrais com localização atrial. Se o equipamento
de hemodiálise não for adequado para cateteres
venosos centrais com localização atrial, os possíveis
perigos devem ser listados.
O equipamento de hemodiálise com correntes
de fuga, em conformidade com os requisitos das
partes aplicadas tipo cf, é considerado adequado
para a utilização com cateteres venosos centrais
com localização atrial. se os equipamentos
de hemodiálise, com uma parte aplicada além
da parte aplicada tipo cf, forem destinados
à utilização em tratamento de pacientes com
cateter(es) venoso(s) central(is) com localização
atrial, o seguinte deve ser aplicado: aa) na
condição normal, as correntes de fuga através
do paciente e as correntes de toque devem estar
dentro dos limites para partes aplicadas tipo cf.
Na condição anormal sob uma só falha, as
correntes de fuga através do paciente, as correntes
de toque e as correntes de fuga para o terra devem
estar dentro dos limites para partes aplicadas tipo
cf. se o equipamento de hemodiálise não estiver em
conformidade com o ponto 2, meios externos têm
que ser fornecidos, justificados pelo processo de
gerenciamento de risco do fabricante, para manter
a corrente de fuga através do paciente dentro dos
limites para partes aplicadas tipo cf na condição
anormal sob uma só falha.t
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 83
PROMOÇÃO
ESPECIAL
Produtos com este selo podem
ser adquiridos no distribuidor
através do Cartão BNDES.
84 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
PROCURE O DISTRIBUIDOR DE SUA PREFERÊNCIA E APROVEITE
TODAS AS VANTAGENS DESTA CAMPANHA!
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 85
Normalização
Medidores
eletrônicos de
energia elétrica
Esses aparelhos precisam cumprir as normas técnicas
para não serem considerados produtos ilegais e
prejudicarem os usuários
86 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
Por Mauricio Ferraz de Paiva
O
s
primeiros
medidores
eletrônicos comerciais surgiram
nas décadas de 1970/1980
e faziam o uso de circuitos
discretos. Em seguida, desenvolveramse os medidores com o Digital Signal
Processor (DSP) e finalmente os com
circuitos integrados dedicados.
Na verdade, os transdutores de
tensão e de corrente fazem a aquisição
e adequação dos sinais de entrada a
serem multiplicados. O multiplicador
determina a potência instantânea
por meio da multiplicação dos sinais
de tensão e de corrente vindos dos
transdutores. A energia é obtida pela
integração da potência instantânea que
é realizada pelo integrador.
Por fim, o resultado é mostrado
no registrador. O medidor do tipo
eletrônico foi colocado à jusante do
medidor do tipo indução e nesse caso o
medidor que está à montante (indução)
estaria medindo também o consumo do
medidor eletrônico, porém, o consumo
desse medidor é insignificante perante a
potência das cargas envolvidas.
Para realizar a leitura das variáveis
os medidores eletrônicos utilizam
amostras em pequenos intervalos de
tempo através de conversores analógico
para digital (A/D). A quantidade de
bits nos conversores A/D e precisão
de processamento definem a classe de
exatidão do equipamento, possibilitando
a estes uma maior precisão do que
os
medidores
eletromecânicos
convencionais. Ao contrário dos
medidores eletromecânicos que mede
apenas o consumo de potência ativa, os
medidores eletrônicos podem realizar
várias tarefas simultaneamente em um
mesmo equipamento.
Os medidores eletrônicos, além
da potência ativa, podem medir
a potência reativa, a aparente, a
demanda máxima, o fator de potência,
a tensão e a corrente e ainda o uso
de memória de massa para registro
do consumo com informação de data
e hora. A leitura dos medidores de
energia eletrônicos é feita a partir
de um protocolo de comunicação
entre o medidor e o equipamento
utilizado para a captura dos dados de
consumo, ou através de protocolos
de comunicação de rede que envia
os dados para um banco de dados da
própria concessionária de energia.
Esses
produtos
precisam
ser
fabricados conforme as normas técnicas.
A NBR 14521 de 11/2011 - Aceitação
de lotes de medidores eletrônicos
de energia elétrica - Procedimento
especifica os requisitos para a aceitação
de lotes de medidores eletrônicos
de energia elétrica, monofásicos e
polifásicos, de índices de Classe A, B,
C e D e é aplicada a medidores novos
e a medidores reparados. A NBR 14519
de 11/2011 - Medidores eletrônicos
de energia elétrica - Especificação
especifica os requisitos aplicáveis a
medidores eletrônicos, monofásicos e
polifásicos, de índices de Classe A, B, C
e D, para a medição de energia elétrica
em corrente alternada encerrados em
um mesmo invólucro. E a NBR 14520
de 11/2011 - Medidores eletrônicos
de energia elétrica - Método de ensaio
especifica métodos de ensaio para
medidores eletrônicos monofásicos e
polifásicos de índices de Classes A, B,
C e D de medição de energia elétrica,
especificados na NBR 14519.
Esse equipamento pode ser definidou
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 87
Normalização
como um medidor de energia elétrica
estático no qual a corrente e a tensão
agem sobre elementos de estado sólido
(componentes eletrônicos) para produzir
uma informação de saída proporcional à
quantidade de energia elétrica medida.
O modelo do medidor de energia
elétrica de tecnologia eletrônica é
definido pelas seguintes propriedades
metrológicas:
grandezas
medidas
(energia ativa, reativa, demanda, etc.);
tecnologia de elemento(s) sensores(es)
de tensão; c) tecnologia de elemento(s)
sensores(es) e de corrente; valor da
corrente máxima; princípio de medição;
e tecnologia de mostrador (eletrônico/
eletromecânico).
Os medidores devem ser projetados
e construídos de modo que evitem
gerar perigo quando em uso, de modo
a assegurar especialmente a segurança
pessoal contra choques elétricos e os
efeitos de temperaturas excessivas, a
proteção contra a propagação de fogo,
a proteção contra a penetração de
objetos sólidos, poeira e água. Todas
as partes sujeitas à corrosão devem
ser devidamente protegidas. Qualquer
revestimento protetor não pode ser
passível de danos por manuseio normal
nem de danos causados pela exposição
ao ar ambiente.
Os medidores devem ter condições de
suportar a radiação solar sem degradar
significativamente os materiais. Os
medidores de encaixe ou de embutir
88 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
devem seguir esta norma no que se refere
à especificação, exceto a: dimensões,
características da base, terminais,
elementos de fixação, tampa, pentes de
calibração, dispositivos de selagem e
outras características especiais.
Enfim, esses medidores, conforme
ressaltam seus defensores, também
chamados de smart meters, representam
uma nítida evolução em relação aos
medidores eletromecânicos e eletrônicos
tradicionais, por possuir funcionalidades
como registrar medições em faixas
de horários com tarifas diferenciadas,
permitindo ao consumidor programar
a
utilização
de
determinados
eletrodomésticos ao longo do dia, o que
resulta na racionalização do consumo
de energia elétrica. As suas vantagens
adicionais incluem uma maior proteção
contra fraudes e a possibilidade de
utilização de pré-pagamento.
Assim, os medidores eletrônicos
tem capacidade de processamento,
armazenamento e comunicação, que vão
muito além da mensuração de consumo.
Eles permitem a troca de informação
em tempo real e de forma bidirecional
entre a empresa de eletricidade e o
usuário final, e ainda o monitoramento
da qualidade da energia. Tecnicamente,
esses equipamentos possuem precisão
de 1%, possibilitada principalmente
pelo fato de não existirem limitações
mecânicas nos elementos envolvidos no
processo de medição e registro, e pela
possibilidade de empregar sensores de
alta precisão.t
Mauricio Ferraz de Paiva é engenheiro
eletricista, especialista em desenvolvimento
em sistemas, presidente do Instituto
Tecnológico de Estudos para a Normalização
e Avaliação de Conformidade (Itenac)
e presidente da Target Engenharia e
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BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 89
Método para a
estimativa de
submedição de
hidrômetros
Apresenta-se um método para estimativa de volumes submedidos em parques
hidrométricos por meio da avaliação da taxa de decaimento de consumo
por regressão linear, utilizando dados históricos de consumo do parque de
hidrômetros de um dos serviços autônomos de distribuição de água da Região
Metropolitana de São Paulo. Por meio do estudo foi estimado o potencial de
recuperação dos volumes e receita, e será possível estabelecer uma priorização
de troca dos medidores de forma a otimizar a quantificação dos volumes
micromedidos dentro do sistema de distribuição de água.
90 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
Por Luiz Eduardo Mendes, Werner Siegfried Hanisch e Rosemara Augusto Pereira
É
conhecida a importância de se avaliar
e combater continuamente as perdas em
sistemas de abastecimento de água, devido
a seus impactos econômicos e, sobretudo,
ambientais, já que cada vez mais há a necessidade de
se otimizar a utilização de recursos naturais, fazendo
uso desses com responsabilidade e consciência,
gerando economia de recursos financeiros e hídricos
No que diz respeito ao combate às perdas, existem
duas parcelas a serem consideradas: as perdas
aparentes e as perdas reais. No campo das perdas
aparentes, entende-se que essas são fenômenos de
fraudes ou erros de leitura de diversas naturezas, que
não se traduzem diretamente numa perda em volume
de água, mas prejudicam o controle e impedem
a operação ótima do processo de tratamento e
distribuição de água e impactam os concessionários
financeiramente.
Dentro dos problemas de perdas aparentes,
problemas de leitura provocados pelo desgaste ou
má instalação dos hidrômetros são comumente
observados. Hidrômetros desgastados, após certo
tempo de uso, passam a apresentar uma forte tendência
de submedição, em outras palavras, hidrômetros
muito velhos passam a registrar volumes menores
do que os realmente consumidos em consequência
do desgaste de suas partes mecânicas.
Por meio da melhoria na quantificação do consumo
de cada ligação, há um melhor controle sobre o
balanço hídrico aplicado ao sistema, permitindo
um controle da distribuição mais eficiente e uma
cobrança de custos mais justa, afetando diretamente
o faturamento e o preço do produto para os demais
usuários. Resumindo, as medidas tomadas para a
melhoria da qualidade da micromedição final do
sistema, associadas a uma macromedição eficiente,
são essenciais para a obtenção de dados próximos
à realidade das perdas do sistema que propiciam
melhor o planejamento de políticas de redução de
perdas, a fim de mantê-las em níveis aceitáveis ou,
menores possíveis.
Atualmente, parte do parque hidrométrico
estudado apresenta-se fora do prazo determinado
pela portaria 246, de 17 de outubro de 2000,
do Inmetro, que sugere a troca periódica dos
hidrômetros, em intervalos não superiores a 5
anos. Passado esse período, não há garantias de
que o volume lido é o volume real, culminando no
problema de submedição, principalmente devido
ao desgaste dos componentes mecânicos e partes
móveis do equipamento.
Dentre os métodos utilizados para a determinação
da submedição de hidrômetros está a calibração
individual; cada hidrômetro é instalado em uma
bancada de testes onde é submetido a uma vazão
conhecida, para assim determinar-se seu erro, porém
fora do seu cenário real de operação. Uma segunda
alternativa para se determinar a submedição em
um ponto de consumo, de forma individual em
seu cenário real, é pelo estabelecimento de perfil
de consumo a partir da instalação simultânea, por
um período não inferior a 07 (sete) dias, de um
hidrômetro de grande sensibilidade dotado de
datalogger, que seja capaz de computar mínimas
vazões e posterior elaboração de um histograma
de consumo que possibilita, por comparação,
determinar o erro de medição em diversas faixas
de consumo e a partir disso é possível determinar o
erro médio ponderado.
Uma terceira alternativa, aparentemente
mais viável para se estabelecer a submedição
de um parque de hidrômetros, refere-se à um
procedimento estabelecido pelo NBR 15538:2011,
similar à segunda alternativa apresentada, porém
a comparação é efetuada em laboratório a partir
de uma amostra aleatória de hidrômetros retirados
do parque, utilizando-se de um perfil de consumo
padrão, definido pela referida norma.
Contudo, ficam evidentes as dificuldades
enfrentadas para a determinação da submedição de
um parque de hidrômetros, uma vez que a quantidade
de ligações hidrometradas é muito grande e não
há como saber, de forma confiável, se um dado
hidrômetro está com problemas antes de ensaiá-lo
individualmente, e nem sempre os concessionários
dispõem de recursos disponíveis para tal estudo.u
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 91
Visto a importância desses fatores, este trabalho tem
por principal objetivo propor um método de análise
de dados dos consumidores que norteie a adoção de
medidas para alcançar a maior redução possível em
perdas causadas por hidrômetros desgastados, seja
por longo tempo de uso, seja por desgaste prematuro
provocado por outras causas.
Para estabelecimento do método proposto, estudouse um banco de dados contendo um total de 93.190
registros de histórico de consumo de clientes, fornecido
por meio de termo de confidencialidade entre os
pesquisadores e o serviço autônomo responsável pelo
parque de hidrômetros estudado. Nesse banco de
dados consta o histórico de consumo dos clientes cuja
contabilização atual de consumo se dá por meio de
hidrômetros instalados entre os anos de 1980 e 2011,
e que no mês de Março/2014, apresentaram consumo
mensal na faixa de 0 a 10m³ e enquadram-se na faixa
de tarifação mínima, que no serviço estudado é da
ordem de R$ 15,00/mês. A partir desta base de dados
foi possível a estratificação dos dados para cada ano de
troca, e a avaliação do decaimento com base na taxa de
queda de consumo determinada por regressão linear.
Numa primeira análise global do banco de dados
fornecido notou-se uma óbvia tendência de aumento
da perda de volume mensal, calculada para o parque
a partir da data de troca dos hidrômetros, como
evidenciado na Figura. 1.
Como se pode observar, após a data de troca dos
hidrômetros, a perda de volume registrado tende a
crescer numa taxa de aproximadamente 0,28 m³/
(mês.ano), evidenciando o fato de que parques de
hidrômetros mais antigos tendem a submedir os
volumes consumidos com o passar dos anos.
O método proposto pode ser empregado no
planejamento de troca de hidrômetros, priorizando os
casos com maiores taxas de decaimento e responsáveis
por maiores volumes de consumo, viabilizando
um processo mais eficiente de substituição desses
instrumentos, levando a resultados melhores de
recuperação de perdas aparentes e receita.
Este artigo tem como objetivo apresentar um
método para estimativa de volumes submedidos
em parques de hidrômetros por meio da
avaliação da taxa de decaimento de consumo por
regressão linear, a partir de uma análise global
de parques hidrométricos utilizando-se de base
de dados histórica de consumo de clientes já
estabelecida para a realização de um ajuste de
um modelo linear, viabilizando a avaliação do
comportamento de consumo, quedas e perdas,
tanto em volume de água e consequentemente de
esgoto, como no âmbito financeiro.
Para a realização desta análise utilizou-se um
banco de dados contendo 93.190 registros de clientes
cujos hidrômetros foram trocados entre os anos
de 1980 e 2011 e que no período de referência de
Março/2014, apresentaram consumo médio mensal
menor ou igual a 10m³/
mês. Esses registros
foram avaliados de
acordo com seu valor
de consumo máximo
mensal presente ao
longo desse tempo e
também de acordo com
a queda gradual do
consumo ao longo do
tempo disponível no
histórico.
Para tanto, foi utilizado
o método numérico dos
mínimos
quadrados,
ajustando-se uma reta de
tendência para os dados
92 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
de consumo mensal disponíveis para
cada um dos clientes listados. Assim,
o coeficiente angular de cada uma das
retas de regressão pôde ser usado como
parâmetro quantitativo para se estudar a
queda de consumo. Em outras palavras,
o coeficiente angular representa a taxa
de decaimento de leitura.
Já o coeficiente linear pode ser utilizado
como um parâmetro para se avaliar o
volume de consumo imediatamente
após a troca, pois representa onde a reta
intercepta o eixo y. Esses parâmetros
para a quantificação da taxa de queda do
consumo se fazem necessários, pois sem
eles, não haveria um critério claro para
a separação dos piores casos, os quais
devem ser alvo para priorização das
trocas de hidrômetro.
Com isso, pode-se obter uma
equação do tipo y = a1x + b (onde y
é o consumo mensal em m³/mês e x
é o tempo em mês) que descreve de
maneira aproximada o comportamento
de toda a amostra, podendo evidenciar
tendências de queda em grupos em
que tal fenômeno não se justifica com
exceção ao erro de leitura provocado pelo desgaste
dos hidrômetros.
Na apresentação dos resultados dessa análise
levou-se em conta apenas os clientes cujo
coeficiente angular indicou uma tendência de queda
no consumo (a < 0, em que a é a taxa de decaimento)
no período analisado e admitiu-se a hipótese de que
todos os casos de queda no consumo se dão devido
a forte influência do desgaste dos hidrômetros em
operação, embora esse não seja, possivelmente, o
único motivo para tal. Agrupando todos os dados
dos clientes obtidos pelo banco de dados de acordo
com o ano de troca do hidrômetro, obteve-se as
informações na Tabela 1 acima.
Os valores de média mensal imediatamente após
a troca, média mensal recente, diferença entre
primeiro e último mês de medição e a possível
recuperação foram calculados para toda a população
de dados e agrupados de acordo com o ano em que
foi realizada a troca do hidrômetro , no caso entre
os anos de 1980 e 2011, ou seja hidrômetros com
idades entre 03 e 34 anos foram analisados.
Para melhor demonstração dos resultados obtidos,
traçou-se o gráfico da situação onde a queda de
consumo é a mais expressiva para efeito ilustrativo,
no caso, hidrômetros trocados em 1985. Isso está
explícito na figura 2 na próxima página.
Como pode-se observar, a parte do parque em
questão, referente à parcela de hidrômetros trocados
no ano de 1985, apresenta um perfil de decaimento
aproximadamente linear cujo ajuste fornece uma
equação do tipo reta: y = -0,0624x + 19,242. Ou
seja, na equação observada a taxa de decaimento a
é -0,0624 m³/mês, indicando que a cada mês que
se passa, o parque deixa de registrar 0,0624 m³ em
relação ao mês anterior.
Por meio dos dados apresentados na Tabela 1 acima u
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 93
acima, especificamente a partir da soma dos
valores indicados como possível recuperação de
cada subgrupo estudo, discretizado segundo o ano
de troca de hidrômetro, determinou-se o potencial de
recuperação de volume a ser incorporado na parcela
de perdas aparentes que, para o conjunto de 93.190
ligações estudadas corresponde a 285,910,26 m³/mês.
Para estimar o potencial de recuperação financeira
provocada pela taxa de decaimento de consumo
de água, adotou-se como referência valores
próximos à política tarifária do serviço autônomo
responsável pelo parque de hidrômetros estudado,
que estabelece tarifa mínima da ordem de R$
15,75 para clientes que consomem até 10m3/mês,
e uma tarifa de aproximadamente R$ 2,45/m³ para
clientes que consomem entre 10 e 20 m³/mês, além
do que, o concessionário utiliza-se do consumo
apurado na quantificação do consumo de água para
aplicar a cobrança de esgoto, cujas tarifas aplicadas
correspondem à, R$ 14,65/mês para clientes
enquadrados na faixa de tarifa mínima de água,
até 10m³/mês, e R$ 2,30/m³ para clientes que se
enquadram na faixa de 10 e 20m3/mês. A partir dos
valores de aplicação de tarifa e dos consumos médios
correspondente ao período imediatamente após a
troca dos hidrômetros, chegou-se a uma potencial
perda financeira da ordem de R$ 650.000,00/mês.
Como se pode observar, a partir da estimativa
de recuperação financeira, em um cenário otimista,
com renovação completa do parque analisado,
chega-se um valor de potencial recuperação de
receita anual da ordem
de R$ 7.800.000 (sete
milhões e oitocentos
mil reais). Tal análise
pode ser utilizada, para
prever futuras perdas
financeiras orientando
as tomadas de decisões
a fim de minimizar
esses efeitos.
Enfim, utilizando-se
do método proposto,
pôde-se concluir que
os valores de taxa de
decaimento obtidos por meio do ajuste por regressão
linear representa um fenômeno previsto teoricamente,
o da submedição dos hidrômetros, ainda que tal
previsão seja apenas qualitativa, sem dados suficientes
para uma validação quantitativa e de fundamento
metrológico, esse método pode ser utilizado para um
melhor direcionamento de ações voltadas à renovação
dos parque de hidrômetros, além do que o estudo
deixa claro que os clientes enquadrados na faixa de
consumo de tarifa mínima (no caso, menor ou igual a
10m³/mês), não devem ser negligenciados na política
de substituição de hidrômetros, pois pela quantidade
de clientes que frequentemente enquadram-se
imediatamente acima dessa faixa, a submedição
dos instrumentos de contabilização de consumo
desses clientes tem um impacto significativo tanto
na contabilização das perdas aparentes quando na
receita dos concessionários. t
Referências bibliográficas
[1] M.T. Tsutiya, “Abastecimento de água”, 2006 Departamento de engenharia hidráulica e sanitária
da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo,
4º edição, pag 507, 508.
Luiz Eduardo Mendes é aluno na Faculdade de Tecnologia
de São Paulo (CEETEPS) – [email protected];
Werner Siegfried Hanisch é da Universidade Federal de
São Paulo (Unifesp), campus Diadema werner.hanisch@
unifesp.br e Rosemara Augusto Pereira é da Monitora
Tecnologia e Informação - [email protected]
94 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
Dados de medição na nuvem
T
écnicos de manutenção tomam decisões
melhores e mais rápidas quando possuem
acesso aos registros de manutenção
em campo e quando podem avaliar medições
em tempo real com membros da equipe e
supervisores. Mesmo assim, registros são
geralmente mantidos no escritório e os membros
da equipe raramente encontram-se no mesmo
lugar ao mesmo tempo. O novo sistema Fluke
Connect soluciona esses problemas ao mesmo
tempo em que aumenta a segurança dos técnicos
que trabalham com equipamentos energizados.
O sistema Fluke Connect permite que os
técnicos de manutenção transmitam, com uma
conexão sem fio, dados de medição das suas
ferramentas de teste para os smartphones, para
o armazenamento seguro na nuvem e acesso
universal da equipe em campo. Mais de 20
ferramentas Fluke conectam-se sem fio com o
aplicativo, incluindo multímetros digitais,
termovisores, testadores de isolamento,
medidores de processo e modelos de tensão,
corrente e temperatura específicos.
Os técnicos podem usar o recurso
AutoRecord para armazenar medições e
imagens de infravermelho no Fluke Cloud,
a partir do lugar de onde estão trabalhando,
sem a necessidade de escrever nenhum dado.
Desta forma, todos na equipe munidos com
um smartphone e o aplicativo podem ver os
dados salvos na nuvem.
A colaboração em equipe é ainda
facilmente viabilizada com chamadas
de vídeo ShareLive, situação onde os
técnicos podem compartilhar medições
com outros membros da equipe em
tempo real, receber aprovações para
reparos ou ter dúvidas respondidas
sem deixar o campo. O aplicativo
Fluke Connect possui ainda o histórico
EquipmentLog, que permite que técnicos
atribuam medições para um equipamento
específico, criando um histórico baseado na
nuvem dos dados de medição de teste, para o
fácil acesso durante a solução de problemas
e para a manutenção com confiabilidade.
Inclui
também o recurso TrendIt, que
permite que técnicos criem gráficos de dados
instantaneamente, ajudando a identificar
tendências e a tomar rapidamente decisões
baseadas em informações.
O armazenamento no Fluke Cloud é
construído com base em uma segurança de
última geração, incluindo acesso seguro,
vigilância eletrônica, sistemas de controle
de acesso com vários fatores, firewalls
integrados e armazenamento de dados
criptografados. O aplicativo Fluke Connect
pode ser baixado gratuitamente na App Store
da Apple e na Play Store do Google.t
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 95
Normas e Regulamentos
publicadas pela ABNT
em diversas áreas
Equipamento
eletromédico
A ABNT publicou
a norma ABNT
NBR IEC 806012-60:2015
Equipamento
eletromédico - Parte
2-60:
Requisitos
particulares para a
segurança básica
e o desempenho
essencial de equipamentos odontológicos, elaborada pelo Comitê
Brasileiro Odonto-Médico-Hospitalar (ABNT/CB-26). Esta
Norma aplica-se à segurança básica e ao desempenho essencial
de unidades dentais, cadeiras odontológicas de paciente, peças
de mão odontológicas e refletores odontológicos, doravante
denominados equipamento odontológico.
Ferro fundido maleável Afastamentos dimensionais
para peças brutas
A ABNT publicou a norma ABNT NBR
6926:2015 - Ferro fundido maleável Afastamentos dimensionais para peças
brutas, que revisa a norma ABNT NBR
6926:1985, elaborada pelo Comitê
Brasileiro da Fundição (ABNT/CB-59).
Esta Norma estabelece os afastamentos
dimensionais, sem indicação de tolerância,
para peças brutas, após tratamento térmico
de ferro fundido maleável de núcleo preto
ou branco, produzidas em molde de areia.
96 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
Ferro fundido cinzento Avaliação da resistência
à tração pelo ensaio por
pressão de cunha
A ABNT publicou a norma ABNT
NBR 8649:2015 - Ferro fundido
cinzento - Avaliação da resistência
à tração pelo ensaio por pressão de
cunha, que revisa a norma ABNT NBR
8649:1984, elaborada pelo Comitê
Brasileiro da Fundição (ABNT/
CB-59). Esta Norma estabelece um
método de avaliação da resistência
à tração, determinada indiretamente
por pressão de cunha, para peças de
ferro fundido cinzento sem elementos
de liga (conforme ABNT NBR ISO
6892-1 e ABNT NBR 6589).
Óleos lubrificantes Determinação de água por
crepitação
A ABNT publicou norma ABNT NBR
16358:2015 - Óleos lubrificantes Determinação de água por crepitação,
elaborada
pelo
Organismo
de
Normalização Setorial de Petróleo
(ABNT/ONS-34).Esta Norma descreve
o procedimento qualitativo para a
determinação da presença de água por
crepitação em óleos lubrificantes novos
e em uso, óleos lubrificantes usados e
óleos básicos.
Painéis de fibras de média
densidade Parte 2: Requisitos
e métodos de ensaio
Ensaios não destrutivos Ultrassom - Detecção de
descontinuidades
em chapas metálicas
A ABNT publicou a norma ABNT
NBR 6002:2015 - Ensaios não
destrutivos - Ultrassom - Detecção de
descontinuidades em chapas metálicas,
que revisa a norma ABNT NBR
6002:2008, elaborada pelo Organismo
de Normalização Setorial de Ensaios
Não Destrutivos (ABNT/ONS-58). Esta
Norma especifica o método de ensaio
não destrutivo por ultrassom para
detecção de descontinuidades laminares
em chapas metálicas laminadas com
espessura igual ou acima de 6 mm,
utilizando a técnica pulso-eco.
A ABNT publicou a norma ABNT NBR
15316-2:2015 - Painéis de fibras de
média densidade - Parte 2: Requisitos e
métodos de ensaio, que revisa a norma
ABNT NBR 15316-2:2014, elaborada
pelo Comitê Brasileiro de Madeira (ABNT/CB-31). Esta parte
da ABNT NBR 15316 estabelece os requisitos e os métodos de
ensaio para painéis de fibras de média densidade.
Cilindro de aço
A ABNT publicou a
norma ABNT NBR
16357:2015 - Cilindro
de aço, sem costura,
para fabricação de
extintores de incêndio
portáteis e sobre rodas
com carga de até 10kg
de CO2 - Requisitos
e métodos de ensaio,
elaborada pelo Comitê
Brasileiro de Máquinas e Equipamentos Mecânicos (ABNT/CB04). Esta Norma estabelece os requisitos e os métodos de ensaios
exigíveis para os cilindros de aço, sem costura, para a fabricação
de extintores de incêndio com carga de CO2.
Máquinas rodoviárias - Páscarregadeiras - Terminologia
e especificações comerciais
A ABNT publicou a norma ABNT NBR
ISO 7131:2015 - Máquinas rodoviárias
- Pás-carregadeiras - Terminologia e
especificações comerciais, elaborada
pelo Comitê Brasileiro de Máquinas
Rodoviárias (ABNT/CB-48). Esta Norma
estabelece a terminologia e o conteúdo
das especificações de literatura comercial
para pás-carregadeiras autopropulsoras
de rodas e esteiras conforme definido na
ABNT NBR NM ISO 6165, com seus
equipamentos e acessórios, utilizadas em
operações de movimentação de terra.
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 97
Construção inferior do
calçado - Solas, solados e
materiais afins
A ABNT publicou a norma ABNT NBR
14738:2015 - Construção inferior do
calçado - Solas, solados e materiais
afins - Determinação da resistência ao
desgaste por abrasão especial - Perda
de espessura, que revisa a norma ABNT
NBR 14738:2005, elaborada pelo
Comitê Brasileiro de Couro, Calçados
e Artefatos de Couro (ABNT/CB-11).
Esta Norma estabelece o método para
determinação da resistência de solas,
solados e materiais afins à abrasão por
perda de espessura, utilizando para isto
uma máquina de abrasão especial.
Espuma flexível de
poliuretano - Determinação
da deformação permanente à
compressão
A ABNT publicou a norma ABNT
NBR 8797:2015 - Espuma flexível
de poliuretano - Determinação da
deformação permanente à compressão,
que revisa a norma ABNT NBR
8797:2003, elaborada pelo Comitê
Brasileiro de Química (ABNT/CB010). Esta Norma estabelece o método
para determinação da deformação
permanente à compressão de espumas
flexíveis de poliuretano.
Bentonitas para fundição Determinação da gelificação
imediata - Método de ensaio
A ABNT publicou a norma ABNT NBR
16352:2015 - Bentonitas para fundição Determinação da gelificação imediata Método de ensaio, elaborada pelo Comitê
Brasileiro da Fundição (ABNT/CB-59).
Esta Norma estabelece o método para
determinação da gelificação imediata da
bentonita para fundição.
Adesivos e selantes Determinação da massa
específica - Método
picnômetro
A ABNT publicou a norma ABNT
NBR 8916:2015 - Adesivos e selantes
- Determinação da massa específica
- Método picnômetro, que revisa
a norma ABNT NBR 8916:2008,
elaborada pelo Comitê Brasileiro
de Química (ABNT/CB-10). Esta
Norma estabelece um método para
determinação da massa específica de
adesivos sob a forma líquida.
98 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
Cartas
Escreva para o Editor Hayrton do Prado através do Email: [email protected]
Estágio e qualificação
Luiz Gonzaga Bertelli – São Paulo - SP
A empregabilidade dos jovens é
um desafio em, praticamente, todos
os países. As dificuldades provêm
da falta de experiência e baixa
qualificação para desempenhar
funções no mercado de trabalho,
frutos de uma educação deficiente
que não privilegia a prática. Foi
para preencher essa lacuna que o
CIEE desenvolveu programas de
estágio, juntamente com empresas
e instituições de ensino, objetivando
inserir o jovem no mundo do
trabalho, após um período de
treinamento prático. Hoje, o estágio
é uma realidade em grande parte das
organizações empresariais, órgãos
públicos e entidades de Terceiro
Setor. Além de complementar a
formação profissional, assegura
direitos aos estudantes, sem onerar as
empresas com encargos trabalhistas.
É, portanto, uma excelente opção
para o aluno, para as empresas e
para o país que, assim, passará a
contar com capital humano mais bem
qualificado.
Com a volta às aulas, os estudantes
com 16 anos ou mais estão aptos a
estagiar, conforme Lei do Estágio.
Não importa se estão no ensino médio,
técnico, tecnológico ou superior.
Mas quanto mais cedo o jovem
procurar o estágio, melhor será para a
carreira. Pela capacitação prática, ele
alinhará os conhecimentos teóricos
aprendidos na escola com situações
reais, enriquecendo o currículo e
aumentando o conhecimento. Além
disso, atestará, na prática, se possui
vocação para determinada profissão.
Quem cursa os últimos semestres
também deve ficar atento à
importância do estágio. Afinal, sair
com o diploma na mão sem nenhuma
experiência no mercado de trabalho
pode causar uma dificuldade extra na
hora de procurar emprego dentro da
sua área de formação. Na verdade,
há empresas que até preferem
estudantes do penúltimo e último ano
para estágio, aproveitando de sua
experiência nos bancos escolares.
O cardápio, portanto, é vasto. Basta
ter força de vontade e buscar o
aprimoramento. Quem participa dos
programas de estágio administrados
pelo CIEE está dando um passo
importante para assegurar uma
carreira de sucesso.
A qualidade da comunicação
entre pais e filhos
Bibianna Teodori – São Paulo - SP
A comunicação entre pais e filhos é
parte essencial do desenvolvimento
das crianças. Para sermos felizes,
precisamos de nutrição afetiva,
estímulos e contato. Quando se
estabelece
uma
comunicação
assertiva com as crianças, cria-se,
consequentemente, uma profunda
conexão com elas. Somente com
esse elo podemos transmitir a nossos
filhos as mensagens afetivas. Essa
é a melhor forma para educar, pois
comunicar alimenta a alma, constitui
valores e expressa emoções.
A
criança
necessita
de
reconhecimento dos pais para se
sentir importante e amada, por isso,
é fundamental declararmos o nosso
amor. É importante dizer “amo você,
filho”. Esta simples frase expressa a
própria capacidade de amar e também
que o outro é amável. Para os filhos,
conversar com os pais mantém viva a
conexão interior entre eles.
Assim,
sentem-se
amados,
escutados, importantes, apoiados.
O acolhimento permitido por
essa comunicação desenvolverá
autoconfiança,
autoestima,
autoeficácia, autossuficiência. Por
meio da conversação diária, podemos
alimentar o gênio que existe dentro
de cada ser em formação.
Já para os pais, conversar diariamente
com seu filho permitirá observar
e compreender como os filhos se
sentem, de que modo eles preferem
se comunicar, como se movem no
mundo, quais são os seus gostos,
suas preferências, necessidades, seus
pontos fortes e fraquezas. Somente
respeitando o modo de seu filho ver,
falar e se mover no mundo é possível
criar proximidade. Filhos são seres
únicos e o fato de expressarem uma
personalidade diferente dos pais nem
sempre significa desobediência ou
vontade de contradizer.
A comunicação é uma arte, é a
capacidade especial que supõe
entregar-se ao outro. Há uma
diferença muito grande entre as
palavras falar e se comunicar.
Quando articulamos palavras, sem
necessariamente nos preocuparmos
de ser compreendidos, significa que
estamos falando. Diferentemente,
quando os filhos compreendem
as intenções através daquilo que
dizemos, então significa que estamos
nos comunicando com eles.
Uma pesquisa realizada na Europa,
com 2.000 pais de crianças entre
3 e 18 anos, apontou que 42% dos
pais não se sentem bons o suficiente
porque passam 30 minutos com os
filhos depois do trabalho. Alguns
minutos são suficientes para estar
com os filhos? A vida é corrida para a
maior parte dos pais, muitos precisam
trabalhar em dois ou três empregos, e
às vezes chegam em casa e os filhos
estão dormindo.
Acredito que a qualidade do tempo
que passamos com os filhos seja
mais importante que a quantidade.
Mesmo com pouco tempo podemos
dizer a eles o quanto os amamos e
o quanto podem contar conosco.
A brecha para conversar estabelecer
um elo de comunicação pode
ser aberta com perguntas sobre
a rotina dele. Questões francas
abrem o canal da comunicação,
enquanto outras fecham. Por
exemplo: “Foi tudo bem na escola
hoje, filho?”. A resposta pode ser
um monossilábico “sim”.
BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 99
Ponto Crítico
Roberto Shoichi Inagaki
Pesquisa de satisfação do cliente?
Diga que eu não estou!
O
que é pior? Responder à uma pesquisa de satisfação do
cliente ou alguém tentando empurrar mais um cartão de
crédito que você não pediu? Pergunta difícil, não?
Por que muitas empresas insistem em fazer pequisas
de satisfação do cliente se muitas delas colocarão os dados em um
gráfico, apresentarão para a direção da empresa (que não fará nada) e....
arquivarão?! Uma das respostas de porque as empresas fazem isto: “é
um requisito da ISO 9001”. Que absurdo! Proponho ao leitor encontrar
na norma ISO 9001 (em qualquer versão atual ou mesmo a futura)
o requisito “a organização deve fazer uma pesquisa de satisfação
do cliente”. Não irão encontrar, pois o requisito é: “deve monitorar
a informação relacionada à percepção do cliente se a organização
tem atendido aos requisitos do cliente”. O método para obter e o uso
desta informação deve ser determinado”. Portanto não é possível que
as organizações tenham apenas uma forma de avaliar a percepção do
cliente se este tem atendido aos seus requisitos.
Os clientes mentem ao responderem uma pesquisa de satisfação?
É claro que mentem! Existem diversas razões, tais como: moral, falta
de tempo, não lembram, proteção, senso de melhoria, etc. Conheço
várias pessoas que nunca dão nota 10 para nada. A justificativa é que se
derem 10 o produto/serviço não melhora. Outra justificativa, se houver
uma pergunta sobre o preço do produto, alguém dará 10 para o preço
do produto? Para quê? Para a organização aumentar o preço?
Outro ponto fundamental é o retorno destas pesquisas. A maioria
dos clientes responde a pesquisa para reclamar. Para isto deveria
haver outros meios de comunicação. Na grande maioria das vezes o
retorno não chega a sequer 10%, e nunca são dos 20% dos clientes que
representam 80% do faturamento.
Então daí damos uma sugestão para realmente conhecer a percepção
do cliente. Faça uma análise de Pareto e separe os 20% dos clientes
que representam a grande parcela do seu faturamento. Organize um
almoço, visita, café da manhã, sei lá, mas faça a pesquisa “olho-noolho”. Fica muito mais difícil mentir e daí uma pergunta pode levar a
outra sem ser uma pesquisa de perguntas fechadas e únicas. Faça os
clientes perceberem que alguém realmente quer ouví-los.
Mas cuidado para não confundir “clientes” com os “usuários”.
Certifique-se de quem você irá querer saber a opinião, porque uma
coisa é o cliente e a outra é o usuário. Por exemplo: uma concessionária
de caminhões vende o produto para quem decide, o “dono” da empresa
(cliente da concessionária) que concorda com as condições de
compra;porém o motorista (usuário) pode ter uma percepção diferente
ao dirigir o veículo do que o cliente (dono).
Entender a percepção do cliente sobre o produto ou serviço é
“vital” para uma organização. Portanto seja diferente dos concorrentes
e faça uma avaliação “diferente” e torne um “prazer” para um cliente
dizer o que pensa sobre seu produto ou serviço: a dificuldade de uso,
sugestões, deficiências, elogios, diferenciais, etc.
Então faço um desafio, faça-me responder....
Teste para verificar a eficácia (eficiência – ROI é por sua conta) da
sua avaliação de satisfação
1) Qual a taxa de retorno do cliente da sua avaliação de satisfação?
a- acima de 70%
b- entre 40 e 70%
c- o cliente tem que responder?
2) O que a sua empresa faz com os resultados da avaliação de
satisfação do cliente?
a- A alta direção faz a análise crítica dos dados sistemicamente,
identificando ações para melhoria
b- A alta direção faz a análise dos dados como “obrigação” das
normas
c- Manda para o arquivo morto
3) Qual o posicionamento da alta direção quando os resultados da
avaliação são “desastrosos”,?
a- Analisa criticamente a estratégia da organização no planejamento
estratégico para reverter esta situação
b- Vamos aguardar a próxima pesquisa de satisfação do cliente
daqui há 1 ano
c- A alta direção não faz nada, porque o cliente não sabe de nada
4) Qual o retorno dado para o cliente que responde à avaliação de
satisfação?
a- O resumo da pesquisa é divulgado para os que responderam a
mesma
b- Um comunicado de agradecimento por participar da pesquisa
c- Retorno?! Para quê?!
5) Qual é a frequência da avaliação da satisfação do cliente?
a- Sempre que um serviço/produto é finalizado e alguns casos
durante a prestação do serviço ou venda do produto
b- A maior possível, mas sempre antes da próxima auditoria
c- Quando o ambiente dá indícios que o cliente não irá reclamar
6) Qual das opções abaixo representa o principal motivo para a sua
empresa começar o processo de avaliação da satisfação do cliente?
a- Melhorar continuamente o produto/serviço e inovar através das
informações do cliente
b- Exigência das normas de gestão, por exemplo a ISO 9001
c- Ocupar o tempo do pessoal de marketing
Resultado do teste – opção a= 10 pontos, b= 5 pontos, c = 1 ponto
• Acima de 50 pontos = sua avaliação faz o cliente ter prazer em
“arranjar” tempo para sua empresa
• Entre 50 e abaixo de 30 pontos = “tanto faz”
• Abaixo de 30 pontos = o cliente foge da sua avaliação como deve
estar fugindo do seu produto
Roberto S. Inagaki é Consultor Empresarial.
[email protected].
100 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274
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BQ 274 t Abril de 2015 t Revista Banas Qualidade - 101
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102 - Revista Banas Qualidade t Abril de 2015 t BQ 274

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