Foto: Divulgação - Associação Brasileira de Criadores de Ovino

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Foto: Divulgação - Associação Brasileira de Criadores de Ovino
Foto: Divulgação
2
novembro/08
Editorial
O que estamos deixando de fazer?
O ARCO JORNAL é o veículo informativo da
ASSOCIACÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE
OVINOS – ARCO
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DIRETORIA EXECUTIVA
Presidente: Paulo Afonso Schwab
1º Vice-presidente: Suetônio Villar Campos
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2º Secretário: Antônio Gilberto da Costa
1º Tesoureiro: Paulo Sérgio Soares
2º Tesoureiro: Teófilo Pereira Garcia de Garcia
CONSELHO FISCAL
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U
m dia desses, enquanto revisava um grupo
de fêmeas paridas
do meu rebanho lembrei, por
uma associação de idéias, de
uma viagem que fiz à Nova
Zelândia. E, pelo mesmo
processo de relacionar fatos,
recordei como foi todo o processo que aquele país passou para elevar a atividade
da ovinocultura ao patamar de importância econômica que ela tem hoje. Não pude evitar de relacionar
com o Brasil e perceber o quanto estamos distante do
momento que eles vivem atualmente, apesar de termos
muitas coisas em comum.
Pelo que me lembro das conversas que tive enquanto viajava pela Nova Zelândia, um dos fatores que
promoveram a mudança naquele País foi a retirada
dos subsídios que o governo dava para o plantio de
pastagens e para a agricultura. Sem este suporte os
produtores tiveram que procurar soluções por conta
própria. O que ocorreu então foi interessante. Em
conjunto eles foram buscar o setor de pesquisa e das
universidades para ver qual o melhor caminho. Os
debates apontaram para a ovinocultura. Afinal eles
tinham boas terras, com pastagem e solo adequado,
clima e a possibilidade de adquirir boas matrizes. Tomada a decisão o trabalho foi iniciado. Sempre alicerçado na pesquisa e na união dos produtores com o
governo. Hoje a Nova Zelândia é grande produtora de
cordeiros para carne, sendo um importante exportador deste produto, com uma produtividade que chega
a 130% de desmame.
Estou me lembrando deste exemplo e fazendo uma
relação com o Brasil. É inevitável... . E aí é que me
pergunto; o que estamos deixando de fazer? Mentalmente fiz uma lista. Temos um vasto território capaz
de abrigar muito mais animais que a Nova Zelândia.
Solos dos mais diversos, com pastagens naturais ou
plantadas. Entidades representativas que buscam articular ações junto ao governo que – verdade se diga
– hoje está bem mais sensível às nossas reivindicações.
Diversos centros de pesquisas e universidades que estão cheias de conhecimento sobre a ovinocultura. Temos produtores eficientíssimos na seleção genética e na
produção a campo. E, com tudo isto, não temos os mesmos resultados de produção que a Nova Zelândia tem.
E aí, novamente, a pergunta. Onde estamos errando e
onde estamos acertando?
A sensação que tenho é que falta realmente aquela
vontade, aquele ânimo de ir a luta, de fazer valer o nosso querer que as coisas sejam diferentes. Se temos todas estas potencialidades e estas qualidades em nosso
País, porque não conseguimos virar a mesa da situação
e ainda continuamos com a atividade nos mesmos parâmetros que estávamos há 10 anos. Qual é o entrave,
qual é o nó que não estamos percebendo e que se resolvido isto, fará com que tudo passe a tomar o rumo certo, o rumo do crescimento da atividade? Confesso que
a única resposta que me vem à mente, neste momento, é
que falta, realmente, UNIÃO de todos, entre todos que
atuam no setor, para que, verdadeiramente, sem egos,
sem pensar em si primeiro, possamos conquistar o que
todos almejamos. Uma ovinocultura forte, representativa politicamente, com todos os elos trabalhando pelo
mesmo objetivo e, principalmente, uma atividade que
traga ganhos a todos que dela participam.
Precisamos creio, reativar nosso orgulho de sermos ovinocultores e, com este sentimento, lutarmos
para olhar de frente os problemas e, definitivamente,
resolvê-los. Tirar as amarras que nos prendem e nos
impedem de crescer e seguirmos adiante. Acho que está
mais do que na hora de fazermos isto. Ou será que queremos seguir como está? Qual a sua opinião, meu caro
produtor?
Boa Leitura.
Paulo Schwab - Presidente da ARCO
Sem humor não tem valor ...
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novembro/08
Entrevista
A
produção integrada foi
adotada pelo MAPA
como mecanismo de
melhoria da qualidade de produção, garantindo a rastreabilidade dos processos em conformidade as práticas adequadas
sanitárias, social e ambiental.
Nesta entrevista, Selmo Fernandes Alves, pesquisador da
Embrapa Caprinos, de Sobral,
CE, explica mais este conceito
e fala do projeto que está sendo desenvolvido no Ceará.
ARCO Jornal - O que é a
produção integrada?
Selmo Alves - É uma produção econômica de alta qualidade, obtida prioritariamente
com métodos ecologicamente
mais seguros, minimizando os
efeitos indesejáveis do uso de
agroquímicos, para aumentar
a proteção do meio ambiente
e melhorar a saúde humana.
Basicamente, a produção integrada gera alimentos de alta
qualidade, mediante o uso de
recursos naturais em substituição aos insumos poluentes,
objetiva a sustentabilidade,
enfatiza o enfoque holístico,
envolvendo o ambiente (agroecossistema), o retorno econômico e os requisitos sociais.
ARCO Jornal – Quais os
objetivos desta técnica?
Selmo Alves - Organizar a
base produtiva, desde a produção de animais, produtos e derivados para que tenham qualidade. Valorização dos animais,
produtos e maximização do
lucro através de agregação de
valor via certificação de qualidade e de origem. Diminui-
ção dos custos de produção
e estabelecimento de normas
técnicas e diretrizes para a
produção integrada de ovinos,
para qualificação de técnicos
multiplicadores e produtores;
Produção para expansão de
mercados além de transferir e
adequar tecnologias para melhorar a eficiência da atividade através das Boas Práticas
Agropecuárias;
ARCO Jornal – Em que
região este projeto foi implantado?
Selmo Alves - O projeto piloto de Produção Integrada de
ovinos para corte foi implantado em janeiro de 2006 no município de Tauá, Região dos
Inhamuns, Estado do Ceará,
por apresentar condições favoráveis a criação de ovinos, com
rebanho composto por 129.218
ovinos, sendo esta uma atividade tradicional e vocacional
na região, considerado um dos
pólos de desenvolvimento da
ovinocultura no Estado. Além
de apresentar um rebanho significativo (14,22% do Estado
do Ceará), o município apresenta um arranjo produtivo
bem definido que vai desde o
sistema de produção de ovinos
até a comercialização dos produtos. Existem também diversos arranjos institucionais já
atuando de forma integrada no
município.
O projeto Produção Integrada de Ovinos para Corte é
coordenado pela Embrapa Caprinos e financiado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)
Produzindo cordeiro
de forma sustentável
Foto: Divulgação/Embrapa
Produtores de Tauá conhecem o projeto
e o Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq). Envolve equipe interinstitucional e
multidisciplinar, com suporte
tecnológico constituído através de um comitê técnico estadual e local. Associação dos
Criadores de Ovinos e Caprinos dos Inhamuns (ASCOCI),
SEBRAE, Indústrias de Carne
e de Peles, entre outras.
ARCO Jornal - Quantos
produtores vai beneficiar?
Selmo Alves - O projeto é
de livre adesão dos produtores.
No município de Tauá, inicialmente foram sensibilizados diversos produtores. Somente 10
produtores se apropriaram e
atualmente cinco fazem parte.
ARCO Jornal - Vai integrar com que atividade?
Selmo Alves - No segmento
de ovinos, o Projeto de Pro-
dução Integrada está sendo
implantado de forma gradual, com a efetiva participação
dos agentes envolvidos na cadeia produtiva, da produção
ao consumo. A integração de
esforços entre a pesquisa e ensino, instituições federal e estadual, de assistência técnica e
extensão rural, além de produtores/empresários rurais, associações de produtores, cooperativas e agroindústrias, com o
objetivo de regulamentar a PI
de ovinos para corte. O projeto
integra as atividades propriamente da produção de ovinos
para corte implantadas gradativamente na propriedade. As
Boas Práticas Agropecuárias
implantadas na propriedade
resultarão também para um
outro segmento na melhoria
do processo produtivo.
ARCO Jornal - Vai traba-
lhar o mercado de carne ovina também?
Selmo Alves - Este projeto
tem como objetivo inicial organizar a base produtiva para
uma escala de produção padronizada. A comercialização
deva ser incentivada num momento seguinte.
ARCO Jornal - Qual o
perfil do produtor?
Selmo Alves - Produtor de
ovinos criando a raça santa
Inês e seus mestiços. É um
projeto que prevê a participação voluntária com adesão
livre e disponível a aceitar
mudanças no seu manejo e na
propriedade, para melhoria da
produção.
ARCO Jornal - Qual vai
ser o ganho do produtor que
participar?
Selmo Alves - Redução de
riscos ambientais com preservação e/ou conservação
de recursos naturais, redução de custos de produção
e diversificação de renda na
propriedade. Vai permitir
planejamento a médio e longo prazo, valorização da propriedade por conta do ganho
da certificação do Ministério
e racionaliza o uso de recursos naturais. Agrega valor
pela padronização, qualidade dos animais e produtos
produzidos, melhoria da eficiência dos manejos, dentre
outros. •
Produtores criam Aliança Mercadológica
Um grupo de criadores de Vacaria, região serrana do Rio Grande
do Sul, estabeleceu uma forma de
atuação em conjunto que está trazendo bons resultados. Eles criaram uma Aliança Mercadológica
cujo objetivo é trabalharem em
conjunto a produção e comercialização de carne ovina. O projeto
é coordenado pela Associação de
Produtores dos Campos de Cima
da Serra,
Aproccima, e pretende arrendar os serviços de um frigorífico
e colocar a carne em mercados
selecionados, como Caxias do Sul
e região. A Aproccima já tem trabalho semelhante com carne bovina.
Segundo a consultora do Sebrae
que atua junto ao grupo, Marize
Gehlman, os abates começaram
na segunda quinzena de novembro
e a produção inicial será de oito
carcaças por semana com possibilidade de aumentar. Ela explica
que para participar da Aliança é
preciso seguir regras como rastrear o animal, qualidade do produto, fidelização ao projeto e éti-
ca nos relacionamentos. “O que
for acordado entre todos, deve ser
cumprido”, explica. Marize lembra que este modelo começa a ser
visto como um bom exemplo e está
atraindo a atenção de outros produtores no Estado.
Piratini – Na região sul do Rio
Grande do Sul, em Piratini, a 350
km de Porto Alegre, outro grupo
de produtores estão trabalhando
para a formação de um empreendimento que vai atuar especificamente na terminação de cordeiros.
Conforme explica um dos coorde-
nadores do projeto, o agrônomo
Cristiano Gotuzzo, a idéia é reunir inicialmente, 300 cordeiros
em uma estrutura de terminação,
comprando os animais com peso
acima de 20 kg de média e entregando para o abate com 28 a 30
kg de peso vivo, num processo de
engorda que levaria de 30 a 45
dias. “Existem poucos criadores
que se dedicam exclusivamente à
terminação de cordeiros e é um
mercado que está em aberto, com
grande necessidade por parte dos
frigoríficos”, salienta Cristiano. •
4
novembro/08
Notícias da ARCO
Dicas de procedimento junto à ARCO
Quando o assunto for sêmen, embriões, importação, transferência, inseminação e comercialização
1. Nota Fiscal
- Somente é aceito nota fiscal original ou cópia autenticada;
- A nota fiscal deverá ser em nome
da Razão Social registrada na ARCO,
caso não seja, deverá acompanhar uma
“declaração” da pessoa passando o estoque para tal Razão;
- Deverá constar na nota fiscal nome
do carneiro, tatuagem, Fbb, número de
doses e raça;
- Só é aceito nota fiscal de sêmen
processado em Centrais registradas no
MAPA, portanto, NÃO ACEITAMOS
nota fiscal de leilões E NEM DE OUTROS CRIADORES;
- não aceitamos comercialização de
doses de sêmens processados na propriedade;
- As notas fiscais são de uso exclusivo para venda de doses de sêmen,
não aceitamos para vendas de animais,
para isso temos disponível o formulário de Autorização de Transferência de
animais.
- As notas fiscais de compra de sêmen ou de embrião deverão ser sempre
com datas anteriores ao processo de inseminação ou implantação.
2. Estoque de Sêmen
- Para informar o estoque de sêmen
o criador deverá enviar a nota fiscal no
nome da Razão Social registrada na
ARCO, caso não seja, deverá acompanhar uma “declaração” da pessoa passando o estoque para tal Razão;
- Criadores proprietários ou que
possuem condomínio de carneiros deverão informar através de nota fiscal o
congelamento das doses de sêmen.
- As notas fiscais de compra de sêmen ou de embrião deverão ser sempre
com datas anteriores ao processo de inseminação ou implantação.
3. Inseminação Artificial com sêmen congelado
- O criador deverá possuir o estoque
de sêmen já informado na ARCO, ou
enviar junto com o Relatório de Inseminação Artificial;
- Deverá ser informado através do
Relatório de Inseminação Artificial
disponível no site da ARCO, devendo
ser preenchido todos os campos e ser
assinado tanto pelo criador quanto pelo
Veterinário;
- Somente um Médico Veterinário
poderá fazer inseminação artificial,
portanto, não aceitamos relatórios assinados por pessoas que possuam curso
de inseminação artificial.
- A ovelha deverá ser de propriedade
do criador.
4. Inseminação Artificial com sêmen à fresco ou resfriado
- Deverá ser informado através do
Relatório de Inseminação Artificial
disponível no site da ARCO, devendo
ser preenchido todos os campos e ser
assinado tanto pelo criador quanto pela
pessoa que realizou a inseminação;
- O criador deverá ser proprietário
da ovelha e do carneiro. Caso não seja
o criador deverá possuir condomínio
ou um empréstimo do carneiro no dia
da inseminação.
5. Estoque de Embriões
- Deverá ser informado através do
Relatório de Transferência de Embriões (Colheita, FIV, Congelamento
e Inovulação) disponível no site da
ARCO. Nele deverá ser informado todos os dados de identificação e colheita
de embriões;
- O Relatório deverá ser assinado
pelo Médico Veterinário da central que
realizou o congelamento e pelo criador;
- O criador deverá ser proprietário,
possuir condomínio ou empréstimo do
carneiro no dia da monta ou inseminação;
- O criador deverá ser proprietário,
possuir condomínio ou comodato da
ovelha no dia da monta ou inseminação;
- Todos embriões congelados informados no relatório ficarão no estoque
de embriões, esperando os implantes.
6. Transferência de Embriões ou
FIV
- Deverá ser informado através do
Relatório de Transferência de Embriões (Colheita, FIV, Congelamento
e Inovulação) disponível no site da
ARCO. Nele deverá ser informado todos os dados de identificação, colheita
de embriões e transferência de embriões (implantes);
- O Relatório deverá ser assinado
pelo Médico Veterinário da central que
realizou o congelamento e pelo criador;
- O criador deverá ser proprietário,
possuir condomínio ou empréstimo do
carneiro no dia da monta ou inseminação;
- O criador deverá ser proprietário,
possuir condomínio ou comodato da
ovelha no dia da monta ou inseminação;
nível no site da ARCO. Nele deverá ser
informado todos os dados de identificação, dados dos embriões e embriões
transferidos.
- O formulário deverá ser assinado
tanto pelo vendedor quanto pelo criador.
9. Procedimentos de Importação
de sêmens
- Autorização de Importação: Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
- Pedigree do doador
- NF
7. Comercialização de Embriões
Congelados
- O Vendedor deverá possuir estoque
de Embriões registrados na ARCO;
- Deverá ser informado através do
formulário Comercialização de Embriões Congelados ou Inovulados disponível no site da ARCO. Nele deverá ser
informado todos os dados de identificação, dados dos embriões.
- O formulário deverá ser assinado
tanto pelo vendedor quanto pelo criador.
10. Procedimentos de Importação
de Embriões
- Documentação importação (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento)
- Autorização de importação (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento)
- Lista de coleta de embriões
- Certificado dos doadores e doadoras
- Nota fiscal da importação
Caso for vendido:
- Formulário de “Comercialização
de embriões congelados ou inovulados” para cada comprador. (o comprador deverá enviar junto com a sua
documentação a nota fiscal comprovando).
8. Comercialização de Embriões
Inovulados
- O Vendedor deverá possuir estoque
de Embriões registrados na ARCO;
- Deverá ser informado através do
formulário Comercialização de Embriões Congelados ou Inovulados dispo-
11. Procedimentos de Importação
de Animais
- Autorização de importação (Ministério da Agricultura)
- Certificação Zootécnica
- Pedigree dos animais
- NF •
Festival Gastronômico
Divulgação
O I Festival Gastronômico
com Carne Ovina foi realizado
durante a Iª Expofeira de Ovinos, promovido pela Federação
Brasileira de Criadores de Ovinos Carne, Febrocarne. O Evento foi realizado no Parque de
Exposições Assis Brasil, em Esteio, RS, o mesmo onde acontece
a Expointer. Os organizadores
pretendem que o evento se torne permanente no calendário da
ovinocultura. •
5
novembro/08
O Primeiro dos técnicos da ARCO
Quando fundaram a ARCO, há quase 68 anos, não havia um corpo de técnicos contratados para atuarem junto
aos criadores. Este problema precisou
ser resolvido um tanto rápido, pois os
registros e o aprimoramento dos rebanhos teriam que começar logo. Geraldo
Nunes Vieira, um dos idealizadores da
entidade, resolveu fazer o convite e o
bageense Antenor Kluwe Sá, 91 anos,
veterinário da Secretaria de Agricultura, aceitou. “Precisavam de alguém que
conhecesse a lida com ovinos”, lembra.
Tornou-se então um dos primeiros técnicos da ARCO. Seu trabalho foi tão
bem realizado que logo foi contratado
pela Cabanha Batalha, de José Gomes
Filho, criador de Romney Marsh e Corriedale, para ser o técnico da propriedade. “Por isto fiquei somente três anos,
na ARCO”, assinala.
Antenor conta que o trabalho naquela época era de visitar as propriedades
e ir selecionando dentro dos rebanhos
os ventres e reprodutores que demonstravam ter excelentes qualidades. Estes
eram separados e os produtores orientados para utilizá-los como melhoradores. O técnico lembra que para aprimorar ainda mais os rebanhos, a ARCO
adquiria reprodutores e os distribuía
entre criadores para que os utilizassem
no aprimoramento genético. “Isto deu
resultado, tanto que quando eu saí da
ARCO os rebanhos já estavam produzindo cerca de dois quilos de lã a mais,
em média”, ressalta.
Trabalhando em propriedades que
Foto: Divulgação / ARCO Jornal
Em documento oficial, o presidente da Associação Brasileira de
Criadores de Ovinos (ARCO), Paulo
Afonso Schwab, foi comunicado da
escolha de seu nome para integrar
o Comitê Assessor Externo – CAE
da Embrapa Caprinos. Com atuação junto aos Centros de Pesquisas
e Serviços Especiais da Embrapa, o
CAE tem a tarefa de assessorá-los
em seus processos de planejamento,
acompanhamento e avaliação. Os 12
nomes selecionados pela Diretoria
Executiva do CAE foram empossados no último dia 20 de novembro na
cidade de Fortaleza (CE). No dia seguinte à posse, os novos membros do
CAE realizaram vista às instalações
da Embrapa Caprinos, com sede em
Sobral (CE). •
Reunião no MAPA
Sá: ovinocultura dá retorno
iam de Bagé até Uruguaiana, Antenor
lembra que em muitos casos precisou
desenhar bretes específicos para ovinos
porque a maioria das fazendas estava
voltada para a criação de gado. Ele diz
que foi um trabalho muito gratificante
porque, na realidade, estavam organizando toda a cadeia produtiva da lã,
mesmo que dentro da porteira, pelo menos. “O que temos hoje, nos rebanhos,
com lãs de qualidade, com rebanhos
geneticamente muito bem desenvolvidos, é, com certeza, resultado do trabalho que a ARCO fez, lá no seu início,
e isto não pode ser esquecido jamais”,
assinala o técnico, acrescentando que
em sua opinião a ovinocultura é uma
atividade que dá retorno. “È só fazer os
cálculos”, aconselha. •
ARCO promove encontro
de Inspetores Técnicos em BH
Entre os dias 24 e 26 de novembro a
Associação Brasileira de Criadores de
Ovinos (ARCO), deu continuidade ao processo de atualização do corpo técnico. O 2º
Encontro Regional de Inspetores Técnicos,
realizado em Belo Horizonte (MG), que
acolheu profissionais do sudeste e centrooeste do país, debateu diversos temas.
Entre os destaques, as regras para registro de animais, regulamento de feiras e
exposições, além de aprofundar o entendimento quanto ao Programa Cordeiro de
Schwab no Comitê
Externo da Embrapa
Qualidade. Os técnicos também conheceram o soft­ware desenvolvido pelo BPSI
de Pelotas que visa aperfeiçoar o controle
dos rebanhos. “Precisamos descentralizar
o processo de registro de animais através
da padronização nos parâmetros de análise nas inspeções de cada raça”, explica o
superintendente do Registro Genealógico
da ARCO, José Francisco Perelló Medeiros. Ele informou ainda, que no último dia
foi realizada dia de campo em Esmeralda,
MG.•
O Coordenador Substituto do setor
de Produção Integrada da Cadeia da
Pecuária, do Ministério da Agricultura,
Felipe Correa, e o presidente da ARCO,
Paulo Schwab, estiveram reunidos
em Brasília, para conversarem sobre
uma nova determinação que o MAPA
quer adotar. A proposta pretende proibir a participação de animais que não
tenham status sanitários semelhantes.
Quer ainda que as Associações não
aceitem registros de animais que sejam
oriundos de regiões que não sejam livres de aftosa ou consideradas de risco
desconhecido.
O projeto pretendia ter validação de
forma retroativa mas, a pedido do presidente da ARCO, será avaliada uma
nova proposta para que a portaria comece a valer a partir do próximo ano,
em data a ser combinada entre todos os
envolvidos. •
Comunicado do SRGO
COMUNICADO:
Com exceção dos códigos 1, 2, 5 e 10 o criador tem no máximo até 3
meses, a partir da data de emissão da Carta de Aptos, para regularizar a
situação dos produtos NÃO APTOS.
Após o prazo estipulado, NÃO SERÃO aceitas alterações referentes aos
produtos com os códigos: 3 – 4 – 6 – 7 – 8 – 9 – 11 – 12 – 13 – 14 e 15, e os
mesmos não poderão mais serem apresentados para confirmação.
OBSERVAÇÃO
Informamos que a partir de dezembro de 2008 não mais aceitaremos
Relatórios de Transferência de Embriões e Inseminação Artificial sem estarem no nosso padrão, disponíveis no site da ARCO. Informamos também
que disponibilizamos no site exemplos de preenchimento desses Relatórios.
ATENÇÃO: Os novos Relatórios de Transferência de Embriões e de Inseminação Artificial substituem as Notificações de cobertura, quando estiverem devidamente ASSINADOS pelo CRIADOR e TÉCNICO VETERINÁRIO que
realizou o serviço. NÃO SENDO ACEITO FORMULÁRIOS INCOMPLETOS OU SEM
ASSINATURAS.
IMPORTANTE:
Acarretarão em códigos de irregularidades as informações sobre sêmen
e embriões cujos estoques não estejam atualizados no Banco de Dados
da ARCO.
- As notas fiscais de compra de sêmen ou embriões deverão ser sempre
com datas anteriores ao processo de inseminação ou implantação.
- Idade mínima de apresentação para confirmação: oito meses completos.
- Idade máxima de apresentação para certificação: três anos (36 meses
completos).
6
Reportagem
O agronegócio
da pele ovina
Fotos: Márcio Martini/Divulgação
novembro/08
Por Nelson Moreira
Da pele ovina são produzidos vários e
importantes tipos de couro, tais como
marroquins, camurças, pergaminhos,
algumas napas, pelica, etc, utilizados na
produção de calçados, bolsas, vestuários,
entre outras matérias-primas
O
s números não são
muito precisos, mas
alguns levantamentos
realizados entre 2005 e 2006
apontam que o processamento anual de pele ovina chega
a no mínimo 10 milhões de
unidades. A maior dificuldade
em saber com exatidão está no
fato de que o abate clandestino ainda é muito grande. Sem
esta fiscalização não é possível
fazer uma estatística confiável.
De qualquer forma o agronegócio da pele ovina movimenta somente no primeiro estágio, ou seja, entre o frigorífico
e o curtume, algo em torno de
R$ 50 milhões – preço médio
da pele R$ 5,00. – e fazendo o
cálculo somente por este volume base. Quem conhece bem
o negócio diz que do curtume
para a fase de beneficiamento
o valor da pele tem um acrés-
A pele ovina também serve para a fabricação de couros de alta qualidade
cimo de 400%. Nesta segunda
fase, do curtume para outros
setores, além das centenas de
empregos, o faturamento chegaria a R$ 250 milhões.
A matéria prima que vai ser
transformada em sapatos, sandálias, casacos com e sem lã,
pantufas, luvas entre outros,
tem basicamente três origens;
Norte, Nordeste e estados que
criam raças deslanadas, região
sul com as lanadas e as que são
importadas de países africanos,
principalmente da Nigéria. As
peles de ovinos deslanados
são valorizadas no mercado
pela maior elasticidade, resistência e textura. No entanto,
apesar do reconhecimento de
sua qualidade, as peles sofrem grandes depreciações na
comercialização, devido aos
altos índices de defeitos que
são decorrentes de condições
em que os animais são criados,
bem como nas fases de abate,
conservação e armazenamento.
Acrescenta-se a isto o fato
de o sistema de produção predominante no Nordeste ser extensivo, sendo os animais expostos às condições adversas
da vegetação, ao arame farpado das cercas de contenção e,
em alguns casos, são marcadas
na pele para facilitar a identificação. Além destes fatores,
algumas doenças provocam
danos às peles, a exemplo da
miíase (bicheira), da sarna demodéfica e da linfadenite gaseosa. “E tem mais, o sistema
de abate de animais predominante no Nordeste é feito de
forma artesanal e com o mínimo de cuidado, prejudicando
a qualidade e aumentando a
proporção de peles considera-
Produção
de tapetes
é um dos
mercados
para a pele
de ovinos
deslanados,
enquanto a
pele de borregos
(ao lado)
tem aplicação
em forros de
casacos e botas
das como refugo”, assinala o
presidente da Associação das
Indústrias de Curtume do Norte e Nordeste, AICNOR, Augusto Sampaio. Segundo ele
os animais são abatidos em locais impróprios e com técnicas
pouco eficientes, deixando as
peles sujas e manchadas. Do
mesmo modo o uso de facas
e canivetes aguçados são também responsáveis por cortes
e perfurações prejudiciais. E
a diversidade de raças exploradas, ocasionam a produção
de peles diferentes em tamanho, espessura e textura, o que
também contribui para a baixa
qualidade da pele.
A comercialização de peles
“in natura”, no Nordeste, é realizada por intermediários que
revendem o produto em postos
de compras pertencentes aos
curtumes ou aos exportadores. Os curtumes adquirem as
peles dos produtores ou dos
intermediários e, após o beneficiamento as negociam com
comerciantes do mercado interno e externo, ou com a indústria manufatureira. O baixo
preço da pele praticado por
intermediários, em determinados períodos do ano, provoca
insatisfação dos produtores
que, por sua vez, sentem-se
desestimulados a adotar as tecnologias capazes de melhorar
a qualidade da pele.
Alexandre Bezerra é comprador de peles para quatro
curtumes do Nordeste. Do
seu escritório em Goiás, ele
compra por mês cerca de 230
mil peles das mais variadas
fontes. De acordo com ele, os
problemas encontrados são os
mesmos há 20 anos. Ele diz
que 40% das peles processadas são consideradas refugo,
representando um baixo índice
de aproveitamento. Isto acarreta a desvalorização da pele
“in natura”, impossibilitando a
indústria de incrementar maior
remuneração ao valor da pele.
“A criação de ovinos deslanados, na maioria das vezes, se
dá em pequenas propriedades,
sem muitos cuidados, o que
leva a esta situação de peles
com baixo aproveitamento”,
salienta. Alexandre afirma que
seria necessário um trabalho
muito grande, entre todos da
cadeia, para tentar conseguir
mudar este problema.
O CV Couros, de Fortaleza,
Ceará, manufatura cerca de 20
mil peles por mês. A diretora,
Márcia Pinheiro afirma que
em conjunto com entidades e
outros curtumes já fizeram um
trabalho junto aos produtores
e frigoríficos para tentar diminuir o índice de problemas que
acontecem nas peles, antes de
chegarem aos curtumes. “Mas
os resultados foram muito incipientes”, afirma a diretora.
Outra questão que ela aponta
é a falta de fiscalização do Ministério da Agricultura, sobre
os abatedouros e abates clandestinos. “E isto traz uma situação anacrônica porque não
podemos exportar peles que
não tenham Certificado Sani-
>>
7
novembro/08
As peles de ovinos, industrializadas no Nordeste,
são exportadas geralmente para a Itália, preferencialmente na forma de wet-blue, que corresponde ao couro curtido
Fotos: Márcio Martini/Divulgação
tário, mas o Mapa não consegue realizar uma fiscalização
rigorosa sobre isto, segundo
nos dizem. Aí fica a pergunta; o que fazemos”, questiona
Márcia.
De acordo com dados da
Associação das Indústrias de
Couro do Norte e Nordeste,
existe uma capacidade instalada para processar anualmente 12 milhões de peles, sendo
atualmente processada em torno de 8 milhões por ano, o que
provoca uma capacidade ociosa de aproximadamente 33%.
Na região Sul, a produção
de peles curtidas em 2000 de
aproximadamente 1,8 milhões
de peles e os curtumes funcionaram com uma capacidade
ociosa em torno de 50%.
As peles de ovinos, industrializadas no Nordeste, são
exportadas geralmente para
a Itália, preferencialmente na
forma de wet-blue, que corresponde ao couro curtido. Embora algumas indústrias realizem
o processo de acabamento,
sendo produzidos vários e importantes tipos de couros, tais
como: marroquins, camurças,
pergaminhos, algumas napas,
pelica etc, utilizados na produ-
Márcio Martini, do Curtume Caxiense
ção de calçados, bolsas, vestuários, entre outros. Em razão
do elevado índice de defeitos
observados nas peles de ovinos, apresenta-se como alternativa para o aproveitamento
destas peles o couro atanado,
que é obtido pelo processo de
curtimento vegetal a base de
tanino. O couro atanado é largamente utilizado em produtos
artesanais (bolsas, calçados
etc), assim como em produtos
de montaria.
Rio Grande do Sul – O
Curtume Caxiense é especializado em peles ovinas lanadas. Fabrica pantufas, tapetes,
puffs, vestuário com lã, rolos
para pintura, boinas para polimento entre outros produtos.
Conforme seu proprietário,
Marcio Martini, a matéria prima vem quase que 100% do
Uruguai, país que, segundo
diz, tem maior cuidado com a
pele, porque entende a importância deste produto. “O Rio
Grande do Sul perde um bom
negócio porque não consegue
manter o padrão de qualidade
necessária para nós, afirma o
diretor do curtume que beneficia cerca de 16 mil peles por
mês.
Para ele, cuidados com o
ponto onde costumam marcar os animais, a forma como
tiram e salgam são essenciais
para o melhor aproveitamento da pele. “A falta destes
cuidados acaba onerando o
processo industrial”, ressalta dizendo que talvez, se não
houvesse este custo, poderia remunerar mais a pele.
Martini diz que parte de sua
produção é exportada e outra fica no mercado interno.
Outra empresa que é especializada em peles com lã é
a Pelegos Índio Guarani, de
Guarani das Missões, no norte do Estado. Conforme seu
proprietário, Erly Inticher, a
produção gira em torno de
40 mil peles ano, fabricando
pelegos para montaria, tapetes, casacos e outros produtos. Erly concorda com seu
colega que a falta de cuidado
na conservação é um grande
problema e acredita que isto
pode ser melhorado. “É um
setor que precisa ser melhor
visto, porque contribuímos
muito para a economia”, finaliza. •
Peles podem virar pelegos para montaria
8
novembro/08
Por Eduardo Fehn Teixeira
T
udo começa pelo encarneiramento. Depois,
para nascer e sobreviver, o peso ideal de um cordeiro no nascimento deve ser de 4
a 4,5 Kg. E se no Rio Grande
do Sul, por exemplo, que é o
estado que mais desenvolveu a
ovinocultura no Brasil, o peso
dos cordeiros no nascimento
fica na média dos 3,4 Kg, o
produtor precisa retroceder,
rever as suas ações mesmo
antes do encarneiramento,
para que assim consiga desenvolver um sistema de manejo
mais eficaz, capaz de elevar os
índices de eficiência reprodutiva, chegando mais próximo ao
desejável”, aponta o médico
veterinário (MVSc, PhD), pesquisador e professor do Departamento de Medicina Animal
da Faculdade de Veterinária da
UFRGS, em Porto Alegre, RS,
Luiz Alberto O. Ribeiro.
A virada do mercado
O Brasil dos anos 90 – recorda o especialista - possuía
um rebanho ovino que alcançava os 16,5 milhões de animais. Hoje são cerca de 14 mi-
Manejo reprodutivo reduz perdas
No Brasil, quando comparado com outros centros
produtores de ovinos no mundo, as perdas são realmente acentuadas e isto ocorre principalmente
pela falta de um manejo adequado dos rebanhos.
lhões de cabeças. O sistema de
produção de ovinos no Sul do
País tradicionalmente visava a
produção de lã. Só o Rio Grande do Sul detinha mais de 90%
de toda a produção nacional de
lã. “Isto é significativo para a
área de manejo de rebanhos,
pois manejar ovinos para a
produção de lã é totalmente diferente de manejar ovinos para
a produção de cordeiros com
vistas à produção de carne”,
distingue Ribeiro.
Mas foi no final dos anos 90
que ficou marcante a virada do
mercado da lã para a carne. A
lã, com o quilo cotado a 8 dólares na safra 89/90, amargou
uma queda brusca, passando à
cotação de apenas 1 dólar já na
safra seguinte (91/92). “A partir deste quadro de coisas, com
o flagrante desaquecimento do
mercado para a lã, a indústria
do cordeiro surgiu como praticamente única alternativa rentável à atividade, afora a produção de animais de cabanha,
de reprodutores repassadores
de apurada genética”, avalia o
pesquisador.
Diferenças são marcantes
Na área do manejo, as diferenças dos procedimentos
em rebanhos produtores de lã
e de carne (cordeiros) são verdadeiramente marcantes. “Podemos começar dizendo que
na produção de lã, a criação
é extensiva (Austrália é bom
exemplo). Já para a produção
de cordeiros a criação deve ser
intensiva”, separa o técnico.
Ele também lembra que na
lã, são aspectos importantes a
qualidade e a quantidade, ao
passo que na indústria do cordeiro, o importante é a eficiência reprodutiva, o bom desem-
Fotos: Luiz Alberto Ribeiro /Divulgação
Reportagem
Professor Luiz Alberto Ribeiro
penho na área da reprodução.
Comparações necessárias
Para o Dr. Ribeiro, é sempre importante identificar o que
é ideal e trabalhar no sentido de
alcançar essas melhores marcas.
Assim ele revela por exemplo
que a taxa de desmame de cordeiros no Brasil não passa dos
63%. Mas na Inglaterra, que trabalha com um eficiente sistema
de criação e de manejo, essa taxa
sobe bastante e chega aos 132%,
com baixíssimos índices de mortalidade.
O técnico não tem dúvidas de
que as causas do baixo desempenho reprodutivo das ovelhas no
Brasil são a baixa taxa de prenhez, baixa prolificidade (poucas
gestações e poucos partos gemelares) e o elevado índice de mortalidade. “Isto resulta na baixa
taxa de desmame de cordeiros e,
por conseqüência, numa produção de cordeiros que deixa muito
a desejar e que poderia ser bem
superior a partir de um manejo
correto e mais eficiente”, critica
o pesquisador, que também é
criador de ovinos.
Considerando o rebanho ovino
do Rio Grande do Sul em 4 milhões de cabeças, conforme Ribeiro temos 17% de ovelhas vazias,
representando perda de 680 mil
cordeiros e das fêmeas que emprenharam, uma mortalidade de 32%,
significando a perda de mais de um
milhão de cordeiros. Assim, em
números redondos, as perdas ultrapassam 1,6 milhão de cordeiros ao
ano, ou R$ 8 milhões. •
Métodos naturais para incrementar a eficiência reprodutiva
Visando ir diretamente ao
ponto, o professor Ribeiro indica alguns itens que são “chaves de cadeia” para o sucesso
da ovinocultura na produção
de cordeiros. Conforme ele, é
preciso controlar com precisão
os eventos reprodutivos - momento da ovulação e parição
- para suprir com precisão a
necessidade de suplementação
alimentar. “O criador precisa
atuar no sentido de maximizar
o número de cordeiros nascidos, mas também garantir a
sobrevivência do recém nascido”.
Para exercer total controle
sobre o manejo reprodutivo
é necessário identificar com
a máxima precisão todos os
momentos e ter uma atuação
favorável em cada um desses
estágios. “A ovelha ovula em
períodos curtos de luminosidade, que no Sul, começam a
partir do outono”, identifica o
veterinário.
Flushing alimentar
A cada momento, controle os eventos reprodutivos no rebanho
No período anterior ao encarneiramento, o flushing na
alimentação da ovelha é fundamental. “É o aumento de
peso ou de condição corporal
preparatórios à gestação”, define Ribeiro, lembrando que o
aumento da condição corporal
eleva a taxa de ovulação das
ovelhas.
A avaliação da condição
corporal é feita pela palpação
dos processos dorsais e transversos das vértebras lombares,
atribuindo escores de 0 a 5,
onde 0 é atribuído à ovelha ca-
quética e o escore 5 à obesa.
Pelo menos quatro semanas
antes do encarneiramento, o
produtor deve avaliar a condição corporal/nutricional das
fêmeas. O importante é que as
ovelhas não estejam nem muito gordas nem muito magras,
porque com o ganho de peso
aumenta a taxa de ovulação
e com isso a porcentagem de
prenhes gemelar ou múltipla
cresce muito. O escore de condição corporal vai de 1 a 5 e
na hora do encarneiramento, o
ideal é que a ovelha apresente
É preciso
avaliar a
condição
corporal das
fêmeas
um escore de 3 a 3,5.
O flushing nutricional (ganho de peso), além de aumentar a taxa de ovulação, reduz
as perdas embrionárias da
ovelha, cuja taxa normal já é
alta – ao redor de 30% (uma
das maiores entre os animais
domésticos). À medida que
aumenta a condição corporal,
cresce também a taxa de prenhez. •
9
novembro/08
Para que os nascimentos dos
cordeiros ocorram num curto período de tempo, facilitando todas
as tarefas de manejo, o criador
precisa sincronizar o cio das fêmeas. Essa indução ao cio pode
ser obtida com o uso de hormônios, viabilizando a inseminação
artificial a tempo fixo (IATF) ou
por método totalmente natural,
conhecido como “Efeito Macho”.
Esta prática se enquadra entre os manejos “limpos, verdes
e éticos” e também por ser mais
econômica, é recomendada. Entre as vantagens que representa,
a introdução de macho induz
ovulação em fêmeas; pode também acelerar o primeiro estro em
borregas; leva à sincronização
de estros favorecendo a Inseminação Artificial; favorece o nascimento de cordeiros em período
mais curto e elimina o uso de
medicamentos.
A aplicação do método é
relativamente simples, mas o
produtor precisa estar atento ao
seu rebanho. Passo a passo: as
ovelhas não podem ver, ouvir
ou sentir a presença de carneiros de 4 a 6 semanas antes do
encarneiramento; deve ser utilizado um rufião macho ou ovelha
androgenizada para cada grupo
de 40/50 ovelhas - os melhores
Parição em bloco e o Efeito Macho
Peso ao nascer de cordeiros - mães esquiladas e não esquiladas
Grupo de ovelhas
Esquilado
Não esquilado
Peso ao nascer (kg)
5.47
4.76
resultados são obtidos com o uso
de um carneiro para cada 20/25
ovelhas.
Após dois a três dias da introdução do rufião ocorre a ovulação silenciosa das ovelhas.
No décimo quarto dia o rufião
é substituído pelo carneiro. Do
décimo oitavo ao vigésimo primeiro dia as primeiras ovelhas já
estão cobertas e até o vigésimo
oitavo dia as últimas ovelhas são
cobertas pelo carneiro. Algumas
limitações são observadas neste
método. Via de regra, a resposta
depende da nutrição do rebanho.
Retornos ao produtor
Focado na área de alimentação do rebanho, o produtor
terá como retornos a elevação
espermática, a maximização da
taxa de ovulação, a redução da
perda embrionária, influência no
desenvolvimento fetal e a maximização do desenvolvimento
e garantia de sobrevivência dos
cordeiros após o nascimento.
Para o aumento na produção
espermática, deve ser administrada uma suplementação alimentar por oito semanas antes
do encarneiramento. “O aumento da produção espermática está
associado ao aumento dos ácidos
graxos, insulina e leptina. Isto
leva ao aumento da freqüência
dos pulso de GnRH/LH, mas a
superalimentação e falta de exercício são prejudiciais”, observa o
especialista.
Já a maximização da taxa de
ovulação é obtida a partir da
oferta de grãos (Tremoço/Lupin)
por quatro dias no final do ciclo
estral induz um aumento de 2030% na ovulação múltipla. “No
desenvolvimento fetal, é importante ressaltar que no período
entre 6 a 120 dias de gestação
ocorre crescimento da placenta
e feto e o desenvolvimento dos
folículos secundários é reduzido
pela carência nutricional nesse
período”, alerta o veterinário.
“A esquila das ovelhas aos 70
dias de gestação contribui para o
aumento do peso ao nascer dos
cordeiros”, acrescenta Ribeiro,
alegando que as fibras musculares são formadas no período fetal
e qualquer deficiência nutricional comprometerá o crescimento
e a qualidade da carcaça.
A sobrevivência
após nascimento
Nos últimos anos foram desenvolvidas técnicas de manejo
capazes de promover uma forte
relação entre mãe ovelha e cordeiro. Segundo o Dr. Ribeiro, a
primeira medida que o produtor deve atentar é a seleção de
ovelhas com maior habilidade
materna. Feito isso, ele vai administrar uma suplementação
alimentar por períodos curtos
que tem como resultado o aumento da produção de colostro.
O crescimento fetal igualmente
pode ser aumentado pela esquila
pré-parto (a esquila leva a alteração no metabolismo da ovelha).
“Ovelhas esquiladas mostraram
aumento de 700g no peso ao
nascer dos cordeiros gêmeos,
informando que o peso ideal dos
cordeiros ao nascer fica em torno
dos 4 a 4,5 Kg, quando no Rio
Grande do Sul, por exemplo, a
média de peso está em 3,4 Kg”,
diz Ribeiro.
A produção de colostro influencia positivamente na sobrevivência de cordeiros. Bons
exemplos, citados pelo professor Ribeiro ensinam que: a suplementação de ovelhas Merino
com Lupin na última semana
da gestação pode aumentar significativamente a quantidade de
colostro; que ovelhas suplementadas com milho na última semana da gestação podem dobrar o
volume de colostro (nos últimos
nove dias da gestação, administrar 600 gramas de milho ao dia,
recomenda) e que a suplementação promove a baixa de progesterona plasmática e aumenta a
concentração de lactose no colostro, fatores que promovem a
lactogenese.
“A habilidade do cordeiro de
reconhecer a sua mãe é largamente
aumentada pela distensão do estômago após a ingestão do colostro,
aumentando em muito, assim, as
suas chances não só de sobreviver,
como de ter um desenvolvimento
saudável”, aponta o pesquisador. •
10
Ovinocultura do Paraná
volta a crescer
novembro/08
Especial
Por Edison Lemmos
A
carne de cordeiro
que serve a mesa
dos
paranaenses
agora tem nome e sobrenome. Ela pode se chamar
“Cordeiro
Castrolanda”,
quando produzida em Castro, “Cordeiro Capanna”,
quando produzida na região
de Londrina, ou “Cordeiro
Guarapuava”, quando seu
local de origem tiver sido
a cidade-centro do Estado do Paraná. A conquista
desta distinção entretanto, não veio de graça. Só
aconteceu depois de muito
trabalho e da conjugação
de esforços de diversos setores envolvidos no agronegócio. “Começamos em
2004 reunindo várias entidades públicas e privadas,
elaboramos um dignóstico
conjunto da atividade, traçamos seu perfil identificando gargalos e alternativas, e elaboramos projetos
prioritários para execução
conjunta, visando especializar a atividade nos diferentes elos que compõem a
cadeia”, conta César Amin
Pasqualin, médico veterinário, executor do Programa de Estruturação da Cadeia Produtiva dos Ovinos
e Caprinos do Paraná, pela
Emater/PR.
Depois dessa etapa veio
um projeto de capacitação
de técnicos, produtores,
trabalhadores e proprietários de restaurantes nas
atividades inerentes aos
seus negócios, com 3.500
pessoas sendo capacitadas
pelos instrutores do Serviço Nacional de Aprendi-
Fotos: Divulgação
César
Pasqualin:
"fizemos
um raio x
do setor no
Paraná"
zagem Rural (Senar), e do
Laboratório de Produção e
Pesquisa em Ovinos e Caprinos (Lapoc), da Universidade Federal do Paraná.
Outro projeto estratégico
foi a atuação em associativismo, preparando grupos
de criadores a buscarem a
sustentabilidade dos seus
negócios em ovino alicerçados no cooperativismo.
Surgiram daí associações e
cooperativas de produtores,
vendendo e promovendo a
carne ovina nos municípios
e região a que pertencem,
para só depois lançaremse em mercados maiores.
Outra mudança significativa foi vender carne com
nome, identificada na sua
origem, fixando marcas e
estabelecendo um canal de
confiabilidade entre o produtor e o consumidor.
Atualmente, de acordo
com Pasqualin, o programa
roda muito bem, evoluindo principalmente no que
se refere à qualificação da
produção, grau de tecnificação dos produtores, técnicos e demais agentes da
cadeia produtiva, nível de
organização e preparação
para o mercado consumidor. Basicamente, segundo
o veterinário, o Programa
está voltado para ações
estratégicas de melhoria e
eficácia dos diferentes sistemas de produção; promoção do acesso e capacitação
dos diferentes agentes das
cadeias produtivas; o estímulo e a contribuição para
a organização dos produtores e das cadeias produtivas; promoção do acesso
ao mercado; estímulo ao
consumo das carnes; ampliação e participação de
parcerias na execução das
ações do Programa.
mica, geralmente desenvolvida em sistemas extensivos e com baixo nível de
tecnologia, a ovinocultura
constitui boa fonte de renda
para os pequenos e médios
produtores rurais. O Paraná,
segundo Nelson Virmond,
presidente da Ovinopar,
possui um rebanho ovino
estimado entre 550 a 600
mil cabeças (4,12% do rebanho nacional) conduzido
por cerca de 9.700 produtores em aproximadamente
17.200 propriedades. Entre
1996 e 2006, esse rebanho
encolheu cerca de 15,6%,
comparativamente ao rebanho nacional, onde a redução foi de apenas 0,7% no
mesmo período.
O maior interesse do Paraná reside na exploração
de cordeiros para abate,
cujos animais são oriundos
de criações de pequeno e
médio porte, com plantéis
compostos por um núme-
ro reduzido de matrizes.
A atividade normalmente
é secundária à exploração
de outras espécies animais,
especialmente a bovina.
Pelo Censo Agropecuário
de 1995/96, perto de 34,3%
das propriedades que desenvolvem a ovinocultura
possuem até 50 hectares.
Outras 30,5% possuem entre 50 a 500 hectares. Cerca de 94% dos criadores de
ovinos são proprietários.
Dados do Departamento
de Economia Rural (Deral)
da Secretaria de Estado da
Agricultura e Abastecimento indicam que o número
de propriedades dedicadas
à exploração ovina caiu de
24.533 em 1996 para apenas 17.218 em 2006: uma
drástica diminuição de 30%
aproximadamente. A média
estadual é de 28 ovinos por
propriedade, sendo que esta
Perfil do Setor
Exploração pecuária de
relativa expressão econô-
Paraná tem rebanho voltado à produção de carne
>>
11
novembro/08
relação aumentou em comparação ao censo anterior,
que apresentava média de
23 ovinos por propriedade.
Os maiores rebanhos do Paraná estão situados nas microrregiões de Guarapuava,
Curitiba e Ponta Grossa. O
valor bruto da produção
(VBP) paranaense chegou
a R$ 40.781.724,00 no ano
de 2007, com 239.474 animais sendo abatidos, informa a veterinária Ana Paula
Busch, da divisão de Conjuntura Agropecuária do
Deral. Ile de France e Texel
estão entre as raças mais
utilizadas pelos criadores
paranaenses. Existem atualmente 10 plantas de abate de ovinos com inspeção
SIP no Estado.
Aposta dos produtores
Voltando a crescer lentamente no volume de rebanhos, e em novas formas de
Foto: Edison Lemmos/ARCO Jornal
Paulo Dzierwa está em lua-de-mel com o mercado
organização, principalmente em cooperativas, o Estado do Paraná se recupera
aos poucos de uma fase em
que foi grande exportador
de genética, capacitandose a manter o posto de 6°
maior rebanho nacional. As
cooperativas estão tornando
a ovinocultura paranaense
cada vez mais competitiva.
O Projeto Gourmet, desenvolvido em parceria entre
Ovinopar e Coopercarne,
de Guarapuava, foi um das
ações que auxiliaram nesse
sentido, promovendo encontros com ‘chefs’, donos
de restaurantes, assadores e
pessoal de compras, visando difundir o consumo de
carne ovina, informa o presidente da Associação de
Criadores. Depois de observar já, sensíveis melhorias para o setor, em 2009
Nelson Virmond pretende
estreitar ainda mais a par-
Confraria do Cordeiro
Com o objetivo de difundir o consumo da carne ovina, além do tradicional
churrasco de paleta, pernil ou costela na
brasa ou no forno, um grupo de criadores de ovelhas, gourmets apreciadores
de carne de cordeiro e jornalistas reuniu-se, dia 30 de setembro de 1999, na
Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), e fundou a Confraria
do Cordeiro. A sugestão foi de Marília
de Freitas Lima, então esposa do Henrique Dias de Freitas Lima, que era o
presidente da Federação Brasileira dos
Criadores de Ovinos. Promotor de Justiça, criador de ovelhas, poeta, cantor e
um entusiasmado por atividades cultuFoto: Danilo Ucha/Arquivo pessoal
Danilo Ucha apresenta seu prato
rais coletivas – foi um dos fundadores
da Califórnia da Canção, em Uruguaiana -, Freitas Lima pegou a idéia com
entusiasmo, elaborou um regime interno e convocou os amigos que se enquadravam nos objetivos citados.
Nasceu a Confraria do Cordeiro,
fazendo seus jantares, toda a primeira
segunda-feira de cada mês, no restaurante da Farsul. Cada um dos 27 confrades é responsável pelo jantar do dia.
Se gosta de cozinhar, vai para o fogão;
se não sabe, pode levar um amigo ou
um profissional para preparar o prato
por ele. Sempre com carne de cordeiro.
As despesas – comida e bebida – são
divididas entre todos.
Nestes anos, a Confraria do Cordeiro inovou muito. Sem desmerecer as
maneiras tradicionais de apreciar a boa
carne de cordeiro, que são o churrasco
nas brasas e o assado no forno, tem incrementado o uso da carne na panela,
aproveitando receitas nacionais e estrangeiras que andavam esquecidas ou
criando outras, com novos temperos,
como a receita que leva até Coca-Cola.
Uma boa maneira de conhecer tudo
sobre a Confraria do Cordeiro e sobre a
situação da ovinocultura no Brasil é ler
o livro “As melhores receitas da Confraria do Cordeiro”, de Danilo Ucha,
publicado pela Editora Palomas (513228-2900). O lançamento foi feito em
outubro. •
ceria, promovendo cursos
de capacitação para esses
mesmos segmentos.
O casal de agrônomos
Paulo e Suzette Dzierwa,
que cuida de um rebanho
de 1.200 animais (90% PO)
na Fazenda Serrana, em
Palmeira/PR, por exemplo, vive uma espécie de
lua-de-mel com o mercado.
Criadores das raças Dorset,
Suffolk, Dorper e White
Dorper,
recém-chegados
da Expointer, onde faltou
animais para venda, eles
tratam de colher embriões
para acelerar a produção
visando atender a crescente
demanda dos interessados.
“O mercado atual está muito bom para quem produz
genética, como nós”, informa Suzette.
Outro exemplo!
Tradicional criador das
raças Texel e Dorper, em
Castro, onde mantém 2.000
cabeças em 75 hectares na
Cabanha Portão Vermelho,
na localidade de Castrolanda, o criador Taeke Greidanus trabalha em duas linhas
distintas. A raça Dorper,
voltada para a comercialização de genética, encontra bom comércio em São
Paulo, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul e outros estados. Outra linha de trabalho está voltada para a produção de carne, explorando
a raça Texel, cujos animais
vão receber o selo “Cordeiro Castrolanda” de comercialização. Ao comemorar
o bom momento do setor,
Greidanus prevê um futuro com perspectivas ainda
melhores, com a criação de
ovinos mais a campo e menos no cocho, como forma
de reduzir custos e ganhar
competitividade frente às
importações de carne ovina
do Uruguai. •
12
Para saber se tem lucro
é preciso fazer a conta
novembro/08
Gestão
Por Nelson Moreira
É
comum ouvir dos criadores de
ovinos que a atividade não dá
muito retorno. Com certo saudosismo, para quem é do Rio Grande do
Sul, dizem que antigamente sim, quando
a lã tinha valor, pagava as contas da propriedade e sobrava. Crises vieram e foram
e novas perspectivas aparecem para a atividade, mas um comportamento pouco
mudou entre os criadores. Ainda há um
grande percentual que não tem a exata noção do quanto rende para a propriedade, a
ovinocultura. Isto porque não se habituaram a fazer uma coisa muito simples que
é o gerenciamento das contas da propriedade, algo que é essencial para qualquer
atividade empresarial.
Para o zootecnista e professor de administração rural no Cefet – Centro Federal
de Educação Tecnológica, em São Vicente do Sul, no Rio Grande do Sul, Gustavo
Pinto da Silva, fazer o controle de receitas e despesas é uma atitude simples, mas
que traz um resultado importantíssimo
para o produtor. O poder de controle do
que acontece em sua propriedade, em
suas mãos. Para ele o maior entrave até
hoje, é a mudança de comportamento do
criador. “Geralmente as coisas funcionam
Fotos: Divulgação
Gustavo: o processo é muito simples
de forma empírica, sem anotações, o que
dificulta saber realmente se uma atividade
está dando retorno ou não”, assinala Gustavo.
O professor indica que fazer o controle não é uma coisa do outro mundo. É
possível começar de forma bem simples.
“Basta pegar caixas ou envelopes em número suficiente que sirvam para colocar
as notas de receitas e despesas de cada
atividade da fazenda. Em seguida outros
envelopes ou caixas que correspondam às
"É preciso abandonar o achismo", diz Luiz Cláudio
despesas gerais (impostos, contas de luz
e telefone, comida, etc) e da família. Ao
final do mês é só fazer as contas de um e
do outro envelope/caixa. O resultado vai
mostrar claramente como andam as finanças de cada atividade e o que pode ser
feito, caso haja algum problema”, ensina
Gustavo. Ele acrescenta que com este
simples gesto também é possível conhecer o fluxo de caixa, o período de maior
concentração das despesas e das receitas e
qual a melhor forma de gerenciá-los.
Ele acrescenta que cabe ao produtor
decidir o melhor momento de iniciar a
contabilidade do ano. Explica que pode
ser dentro do ano fiscal tradicional ou
como é melhora para a atividade. Para
ele, na ovinocultura o melhor é começar
o levantamento no período do encarneiramento, aponta. “O importante é que
temos que ser mais profissionais na produção rural”, critica.
Por experiência própria – A fórmula do gastei x e sobrou y então estou lucrando há muito já não é utilizada na sua
propriedade. Desde muito cedo o criador
Luiz Claudio Pereira, se acostumou a ter
como regra a controle das finanças de
seus negócios. E ele já teve muitos. Com
propriedades em Bagé e Dom Pedrito, no
Rio Grande do Sul e no Uruguai, onde
cria gado, ovinos (Corriedale e Ideal) e
arrenda parte das suas terras para a lavoura de arroz. Com as três atividades ele
mantém um pensamento. Nenhuma vale
menos que a outra e todas compõem a receita global do negócio. E, da mesma forma, cada uma tem seu controle financeiro
justamente para saber qual está dando ou
não retorno, naquele momento. “E mesmo que uma não esteja boa, não desisto
totalmente porque nesta atividade, as coisas acontecem de forma cíclica”, ressalta.
Em termos de ovinocultura, Luiz
Claudio diz que está na atividade há muito tempo, quando seu pai ainda criava.
Depois andou um pouco afastado e lá por
2001 retornou a partir do arrendamento
de umas terras. Atualmente ele trabalha
com cerca de 2,5 mil cabeças em rebanho
selecionado e desde 2005 montou uma
cabanha de Ideal e Corriedale, a pedido
da mulher que queria entrar na atividade
para manter o histórico que a família tem
na atividade. O criador diz que o objetivo da propriedade é a produção de lã de
qualidade, com o aproveitamento dos
cordeiros para a carne. “Por isto faço uma
rigorosa seleção do rebanho via análise da
micronagem do velo e, também aproveito para retirar do plantel animais que não
atingem certos índices de produtividade
para não ficarem “pesando” nos custos
da fazenda sem darem retorno”, assinala
Luiz Claudio.
Com o pensamento sempre voltado
para a área financeira, o produtor diz
que o faturamento bruto anual por animal tem sido na base de R$ 100,00, sendo 20% com a venda da lã – média de
preço R$ 5,00 – 20% via cordeiros para
abate, 20% ovelhas de descarte, 20% de
animais que ele comercializa na Feovelha, no verão, em Pinheiro Machado,
RS, e 20% com os animais de cabanha.
Na contabilidade das despesas ele sabe
quanto representa a mão de obra para a
ovinocultura, os gastos com a parte sanitária e de esquila, o valor do transporte
dos animais, pastagens, inseminação,
entre outros itens. “Tudo eu faço de forma controlada, para evitar perdas e falta
de rendimento na atividade”, explica,
acrescentando que procedendo desta
forma ele sabe que despesa cortar quando não está tendo o retorno esperado. “E
posso dizer com certeza, na ovinocultura eu sempre ganho. Podem ser menores
em alguns anos, mas sempre dá retorno.
E só afirmo isto, porque faço este controle financeiro, do contrário, seria muito no achismo”, finaliza. •
13
novembro/08
Por Giuliano Mendes
O
momento favorável
para a ovinocultura
em razão dos preços
valorizados está levando os
criadores a aumentarem os investimentos na fazenda com o
intuito de ganhar em produtividade do rebanho. E um dos
caminhos mais procurados é a
aplicação da tecnologia através de softwares de gestão
que controlam desde o fluxo
de caixa até o desempenho de
cada animal no plantel. Algumas empresas perceberam este
mercado em ascensão e estão
desenvolvendo soluções de última geração.
O proprietário do programa
Syspron ovinos da empresa
Syspron, Allan Rômulo, pretende ter 150 clientes com a
comercialização de seu produto até a edição do ano que
vem da Feinco (Feira Internacional de Ovinos e Caprinos),
que acontece no mês de março
no Centro de Exposições Imigrantes, São Paulo, Capital.
Segundo ele, este é um programa online que o produtor acessa de qualquer computador,
sem que prejudique a velocidade nos processos. O acesso
ao programa obedece o mesmo sistema de entrada em um
e-mail particular, onde só há a
necessidade do preenchimento
de login e senha para o uso irrestrito do produto. O programa foi lançado oficialmente no
início de novembro.
De acordo com o proprietário, que também é médico
veterinário e criador de ovinos
há oito anos, este software partiu da necessidade do produtor
ter um controle diário de seu
rebanho, por isso todos os passos de lançamentos de dados e
coleta dos mesmos são de fácil
entendimento e eficazes como
ferramenta de trabalho. “Fo-
Ovinocultores investem em
softwares para qualificar rebanho
ram dois anos de elaboração do projeto e mais
seis meses de programação. Todo este trabalho
é para atender o criador
da melhor maneira possível. Tenho consciência
que inicialmente surgirão dificuldades, mas espero
estar estabilizado dentro de
um ano”, argumenta Rômulo,
que somente no valor da hora
de programação investiu entre
R$ 200,00 e R$ 300,00. Ele
destaca também que, como
produtor, muitos softwares
disponíveis no mercado não
atendiam suas expectativas,
e isso também o incentivou a
criar um programa próprio.
O Syspron Ovinos terá suporte em tempo real e o produtor vai precisar desembolsar R$
70,00 por mês para ter acesso
aos dados. “Somente na área
de rações, há mais de 18 mil
tipos disponíveis cadastrados
no programa, além de mostrar
soluções para os problemas e
necessidades do criador”, enfatiza Rômulo. Conforme o criador, a intenção futuramente é
reduzir o valor da mensalidade
Allan Rômulo, da Syspron
Fotos: Divulgação
Computadores e softwares de gestão: ferramentas de controle e produtividade para o rebanho ovino
e até mesmo torná-lo gratuito,
caso haja uma parceria com o
governo federal ou estadual.
“Nosso grande diferencial é
manter a interatividade com o
criador. Caso algum ovinocultor nos envie uma informação
avisando que um determinado
tipo de ração foi aprovado em
sua propriedade, por exemplo,
lançamos esta informação no
nosso banco de dados”, explica o proprietário. “A intenção
é ter um diálogo aberto com o
criador”, complementa Rômulo. A Seal e a Agrisoft se juntaram para elaborar o ADM
móvel, um pacote que reunirá
software, coletores de dados,
middleware e treinamento.
Com este sistema, informações como peso dos animais
e controle de estoque serão
coletados de forma informatizada e armazenados instantaneamente. O objetivo é disponibilizar os dados em tempo
real aos empresários rurais.
De acordo com o diretor geral
da Agrisoft, Marcelo Tacchi,
o programa vai dispensar o
registro das informações em
papel para que, em seguida,
elas sejam enviadas para uma
segunda pessoa cadastrá-las
no sistema.
A empresa localizada em
São Paulo, Capital, já vem desenvolvendo softwares agropecuários para administração
rural desde 1995, e disponibilizou há oito anos o ADM
Rebanho. Segundo Tacchi,
o crescimento de vendas somente com este programa fica
entre 30% e 40% ao ano, com
exceção entre o período de
2005 e 2007 em conseqüência
da crise nos preços das commodities. “No período de crise fizemos investimentos para
voltarmos a crescer e estamos
conseguindo comercializar ao
redor de 500 softwares por ano
voltados somente para a pecuária. Estamos satisfeitos com
o nível atual de vendas, após
um período de crise que o setor agropecuário enfrentou”,
argumenta Tacchi.
A empresa também ofere-
ce o ADM Agrícola, o ADM
Máquinas e o ADM Cana. O
valor de cada software custa
ao redor de R$ 2.500,00, dependendo da necessidade do
cliente. Hoje a empresa atende
mais de 15 mil propriedades
e presta serviço de instalação
e consultoria para produtores em todo o País. Conforme
Tacchi, ainda há espaço para
crescer mais, visto que apenas
10% dos proprietários rurais
no País utilizam tecnologia
para gerir o negócio.
Outra empresa que comemora o bom momento é a
Procreare, de Belo Horizonte,
Minas Gerais. O diretor-presidente, Alessandro Garcia, afirma que o software voltado para
ovinocultores e caprinocultores, o Procreare Rebanhos,
vem registrando alta anual entre 60% e 70% no volume de
vendas desde 2005. A tecnologia é voltada para controlar o
desempenho do animal através
de uma ficha completa para
que o criador possa descartar
>>
14
novembro/08
Gestão
Após dois anos, uma fazenda sem controle não consegue dimensionar o volume
de perda enquanto que com o software é possível ter resultado após quatro meses
os exemplares que não estão
dando resultado. Para Garcia,
a intenção é oferecer um pro­
grama gerencial completo, que
também inclui o controle de
reprodução, sanidade, estoque
e financeiro.
“Com este sistema instala­
do, o produtor abandona o pa­
pel porque consegue observar
o ganho de peso diário do ani­
mal pelo computador”, asse­
gura Garcia. “Depois de dois
anos, uma fazenda sem contro­
le algum não consegue dimen­
sionar o volume de perda, en­
quanto que com o uso do soft­
ware é possível ter resultado
após quatro meses de instala­
ção do sistema”, complementa
o diretor-presidente. Segundo
ele, os valores dos programas
variam de R$ 392,00, o bási­
co, para até R$ 960,00, o mais
completo. Todos eles possuem
o treinamento incluído no pre­
ço final.
A procura tem sido tão in­
tensa que a empresa vem re­
gistrando mais de 300 usuários
novos a cada ano. “Hoje aten­
demos mais de 3,2 mil fazen­
das em mais de 600 cidades
localizadas no Brasil, Portugal,
Argentina, Panamá, México,
entre outros Países”, enfatiza
Garcia. A intenção da Procre­
are, a partir de agora, é aumen­
tar a visibilidade do produto
através de feiras e exposições
para se aproximar mais do pro­
dutor. O desenvolvimento dos
sistemas é de responsabilidade
da própria empresa, mas o pro­
Fotos: Divulgação
Procreare registra aumento nas vendas de software
jeto foi feito em parceira com
mais de 50 universidades.
Criadores fazem parceria
com universidades
A parceria com as univer­
sidades tem sido um atalho
até para alguns criadores, que
encomendam softwares sem
o intermédio de empresas. Os
ovinocultores de Bauru e re­
gião, em São Paulo, estão de­
senvolvendo junto às Faculda­
des Integradas de Bauru (FIB)
um programa que terá três
fases. A primeira delas, con­
cluída recentemente, vai ar­
mazenar todas as informações
básicas e será uma espécie de
“RG do animal”, abrangendo
o peso, a altura, a desmama,
entre outros itens. A segunda
etapa, que inicia em janeiro,
vai abordar dados estatísticos
de cada exemplar para poder
compará-los com os de outras
propriedades. E a última fase,
que está prevista para começar
em maio, vai mostrar os custos
gerais para que o usuário possa
visualizar os rendimentos com
a comercialização de ovinos.
De acordo com o zootec­
nista e diretor-presidente do
Núcleo dos Ovinocultores de
Bauru e região (Nobre), Ale­
xandre Toloi, três criadores já
estão testando a primeira etapa
do sistema e o objetivo, quan­
do todas elas estiveram con­
cluídas, é buscar números para
solucionar alguns problemas,
como o preço do animal e me­
lhorar a genética do rebanho.
“Hoje a carne ovina tem mer­
cado, o que está faltando é uma
escala de produção para frigo­
ríficos e oferecer um produto
com mais qualidade”, destaca
Toloi. Ele acrescenta também
que a intenção é mostrar os
benefícios do programa para a
Associação Paulista dos Cria­
dores de Ovinos (Aspaco) com
o objetivo de disponibilizá-lo a
outros núcleos no Estado. “Já
queremos fazer esta proposta
Marcelo Tacchi, da Agrisoft
ao término de implantação da
primeira fase”, enfatiza o diri­
gente.
Os criadores da região oes­
te de São Paulo também estão
buscando fomentar a atividade.
Para isto, o vice-presidente da
Associação Noroeste Paulista
de Ovinocultura de São José
do Rio Preto (Anpovinos),
Alexandre Pinto César, afirma
que estão sendo investidos R$
700 mil para a qualificação do
produto final. Metade dos re­
cursos é oriundo do Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro
e Pequenas Empresas (Sebrae)
e o outro dos próprios criado­
res. César explica que a verba
será aplicada em três fases. A
primeira é para assistência téc­
nica, a outra para administrar o
negócio e capacitar o criador
através da criação de softwares
em parceria com o Sebrae e a
terceira etapa terá a verba dire­
cionada para promover a carne
ovina através de ações de ma­
rketing.
Segundo César, a Anpovi­
nos avaliou diversas empresas
e a que ofereceu o melhor cus­
to-benefício foi a Controlmax,
localizada em Uberlândia, Mi­
nas Gerais. “Esta empresa já
trabalha com bovinos de corte
e de leite, e agora fizeram uma
adaptação para ovinos”, salien­
ta o criador. Ele explica que o
sistema vai auxiliar diretamen­
te na gestão da propriedade, em
que o produtor vai inserir os
dados dos animais no progra­
ma que serão repassados para
uma central para avaliar diver­
sos aspectos de cada exemplar,
como a quantidade de animais
do criador, o rendimento, se es­
tão aptos para o abate, ou seja,
a gestão completa de todo o
processo produtivo. Atualmen­
te dois criadores estão utilizan­
do este serviço de forma piloto
e a intenção é oferecê-lo para
todos os associados em menos
de um ano. •
15
Soinga – solução para o
semi-árido nordestino
novembro/08
Novidade
Por Horst Knak
A
persistência da pesquisa de mais de três décadas aliada ao atual
entusiasmo dos criadores estão
puxando o desenvolvimento do
biotipo Soinga, nas duras condições do semi-árido nordestino.
A persistência, típica do
povo nordestino, foi demonstrada pelo médico veterinário José
Paz de Melo, que desenvolveu
o biotipo ao longo de décadas, a
partir das raças Ingazeira (raça
deslanada formada a partir da
Bergamácia) e Somalis Brasileira. Já o entusiasmo se percebe na verve do atual presidente
da Associação dos Criadores
de Ovinos Soinga do Brasil
(Acosb), Diel Figueiredo: “O
Soinga está dando um show de
adaptação ao semi-árido nordestino e, de quebra, com a produção de uma carne espetacular”,
define Figueiredo.
Em meados de novembro,
a Acosb inicia a marcação dos
animais puros, nos estados do
Pernambuco, Ceará. Paraíba,
Fotos: Divulgação
Veterinário José
Paz de Melo
fez a seleção e
desenvolvimento
do Soinga
Rio Grande do Norte, Sergipe,
Bahia, Pará e Amazonas, onde
o rebanho está estimado em
cerca de 1.000 machos e 3 mil
fêmeas. Este processo representa o início do reconhecimento e
homologação do Soinga como
raça definida. “Vamos mapear,
zonear, identificar os animais,
registrá-los, receber a confirmação da ARCO, para que o Ministério da Agricultura homologue
Características raciais
Ovinos rústicos, pesados, precoces e prolíferos. São de porte considerado grande, comparando-se com as demais raças nordestinas, machos
adultos com 70 a 85 kg e fêmeas com 40 a 60 kg normalmente.
CABEÇA: Tamanho médio, proporcional ao corpo com perfil semiconvexo a retilíneo, mostrando às vezes uma ligeira concavidade, focinho médio, olhos bem separados, narinas com boa proeminência e mucosas pigmentadas, orelhas medianas, carnudas, com inclinação lateral,
bem implantadas e bem firmadas.
PESCOÇO: Tamanho médio, grosso, bem inserido no tronco, com
ou sem brincos, apresentando como sempre barbela para os machos. As
fêmeas têm pescoço mais longo e delicado.
CORPO: Com o tronco bem forte de forma cilíndrica, ossatura bastante vigorosa, com quartos dianteiro e traseiro proporcionais ao corpo.
DORSO: Reto, permitindo-se pequena depressão atrás da cernelha.
GARUPA: Com leve inclinação, quartos bem fortes e bem definidos,
sem acúmulo de gordura.
CAUDA: Tamanho médio, não ultrapassando os jarretes, com inserção triangular.
Permissível: Inserção cilíndrica.
MEMBROS: Ossos finos e fortes, de pronunciado vigor, cascos escuros, de bons aprumos, suportando naturalmente, o seu peso.
PELAGEM: “IDEAL” - Cabeça Preta, com entrada triangular branca na nuca em direção ao chanfro, corpo branco com infiltrações.
Permissíveis: Entrada branca na nuca, em direção ao chanfro e ao focinho; Entrada branca pela barbela, mandíbula e focinho; Pescoço, com
hum terço do preto em direção ao tronco; Orelhas, com mais de 50% de
preto; Manchas, nas laterais da face, com mais de 10 cm de diâmetro, nas
laterais do corpo até 5 cm de diâmetro e nos membros, região inguinal e
linha ventral sem dimensões especificadas.
APTIDÃO: Carne, pele e leite.
ADAPTAÇÃO: É a Raça que mais se adapta as condições adversas
do semi-árido.
DEFEITOS DESCLASSIFICANTES: Mucosas despigmentadas,
porte pequeno, cobertura muscular deficiente em qualquer parte de corpo, orelhas grandes e penduladas, perfil ultra-convexo, peito estreito,
presença de chifre ou de rudimento firme, prognatismo, agnatismo, inhatismo, nuca estreita, lordose, cifose, tronco curto, monoquidismo, criptoquidismo e hipoplasia testicular. •
II Encontro
dos criadores
reuniu mais de
100 animais
em Natal, RN
o Soinga como raça ovina brasileira”, explica Diel Figueiredo.
Os criadores também já criaram a associação, registraram
estatuto e montaram conselho
técnico, sempre por recomendação do Departamento Técnico
da ARCO. “Seguimos todos os
passos recomendados e até o final de 2009 poderemos ter cumprido todas as exigências do
Ministério. Esperamos festejar
esta conquista na Festa do Boi
em 2009”, diz Figueiredo.
Há várias edições, a raça
Soinga tem comparecido a esta
mostra realizada em Parnamirim, RN. Em 2007, mais de 250
animais inscritos no I Encontro
de Criadores de Ovinos Soinga.
Este ano, diz Diel Figueiredo,
no II Encontro, foram mais de
100 animais inscritos e grande
entusiasmo pela proximidade
do reconhecimento como raça.
“Degustamos carnes e embutidos feitos com carne de Soinga”, destaca ele, gourmet e chef
formado na Itália e Austrália.
Na busca por um animal resistente às duras condições do
semi-árido nordestino, o Soinga é o resultado do trabalho de
aprimoramento genético realizado pelo médico veterinário
José Paz de Melo, na Fazenda
Xique-Xique, no Pernambuco,
realizando o cruzamento do
reprodutor Somalis brasileiro
com 40 matrizes Ingazeira. A
Ingazeira é um ovino deslanado resultante de cruzamentos
alternados de animais das raças
Bergamácia e Morada Nova
Branco.
José Paz de Melo iniciou o
trabalho marcando a ferro candente, com número “zero”, na
orelha direita. As crias resultantes do citado cruzamento tiveram as numerações subseqüentes na mesma orelha até a oitava
geração. Na escolha de reprodutores, buscou-se através de seleção massal o melhor exemplar
por fase ou etapa, para cruzar
com as matrizes da mesma etapa ou fase, visando a próxima
seqüência e assim sucessivamente. Em todas as etapas, os
cruzamentos foram realizados
com reprodutores de seis a doze
meses visando o cumprimento
das metas com agilidade e rapidez. O padrão racial foi fixado
em meados dos anos 80.
O objetivo dos cruzamentos
de José Paz de Melo era de-
Diel Figueiredo, presidente da
Associação dos Criadores
senvolver um animal com boa
capacidade produtiva aliada
a uma eficiente resistência as
condições adversas do semiárido nordestino. Os quase trinta anos de trabalho resultaram
num animal rústico (adaptado
ao semi-árido), precoce, prolífero (alta incidência de partos
duplos), com excelente cobertura muscular sem excesso de
gordura, em que os machos
atingem até 85 kg e as fêmeas
com peso variando entre 40 e
60 kg. O Soinga é uma espécie
de primo do Dorper, já que foi
formado pelas mesmas raças (O
Dorper é de origem africana).
Atualmente, há criadores de
grande porte, como Francisco
Peraz­zo, que cria 3 mil matrizes Soinga no Vale do Pajeú,
afluente do São Francisco, no
Pernambuco, fornecendo 100
cordeiros/mês a churracarias
locais. Diel Figueiredo estima
que existam 5 mil animais Soinga puros neste estado. Lembra
ainda que os povos árabes e
judeu tem verdadeira adoração
por carnes ovinas de qualidade.
“É um mercado que temos que
considerar quando a produção
alcançar escala comercial”, sentencia. Com rendimento de carcaça superior a 50%, o cordeiro Soinga por certo vai chegar
a consumidores exigentes até
2010. “Estamos nos preparando
para organizar o abate, garantindo a compra de cordeiros de
criadores que ingressarem no
projeto”, promete Diel. •
16
novembro/08
Criadores brasileiros conhecem
sistema de produção do Uruguai
A
II Missão BrasilUruguai Ovinos,
realizada
entre 22 e 26 de Outubro
e entre 28 de Outubro
e 1º de Novembro, teve
como objetivo identificar
e aprender com os uruguaios como obter qualidade da carne, volume,
e preço e, especialmente,
a eficiência na organização da Cadeia Produtiva.
Adicionalmente,
um sistema associado de
produção de leite, carne e lã,
explorando a multiplicidade
de produtos da espécie ovina.
O evento foi organizada pelas
associações estaduais Accomig e Aspaco, com apoio da
Fort Dodge e Grupo Marfrig e
apoio institucional da Associação Brasileira dos Criadores
de Ovinos (ARCO), do Grupo
de Extensão da Pesquisa em
Ovinos e Caprinos (Gepoc),
Secretariado Uruguayo de la
Lana (SUL), Cooperativas El
Fogon e Central Lanera e Facultad de Veterinária Universidad Nacional de Uruguay.
A Missão, com 60 participantes, de 12 estados brasileiros e de Canelones/Uruguai,
coordenada por Cynthia Magalhães, foi acompanhada pela
professora Aurora Gouveia
(Ufmg), professor Juan Peres
(Ufla), e pelos engenheiros
agrônomos uruguaios Mariano Carballo, Gabriel Capurro,
Nestor Cabrera, Daniel Andino e Roberto Perrachon.
Observando todos os pontos-de-vista de toda a cadeia
produtiva – desde o manejo
para distintas realidades, até a
Fotos: Divulgação
Participantes degustaram a carne e conheceram processos de produção de leite ovino
organização coordenada pelo
Secretariado da Lã, cooperativas, institutos oficiais de pesquisa, o presidente da Aspaco,
Arnaldo Vieira Filho, ficou
entusiasmado como “este pequeno país em extensão territorial consegue gerar renda
aos produtores e divisas à sua
balança comercial da atividade pecuária da ovinocultura”.
Governança, pesquisa, gestão,
organização e união são segredos do sucesso, completa Arnaldo.
Estudiosa do sistema de
produção uruguaio, a professora Aurora Gouveia explica
que o relevante não é o produto final em si, mas a forma eficiente com que os produtores
uruguaios se organizam, garantindo a oferta de produtos
de qualidade, com preços competitivos internacionalmente,
mas que remuneram bem aos
produtores, com a compra definida no início do ciclo produtivo. Os produtores não se
preocupam em ter uma marca
própria, e sim em fazer o que
sabem - produzir com baixo
custo e qualidade, deixando a
comercialização com a indústria, a cargo das cooperativas
de primeiro, de segundo e de
terceiro graus. Estas cooperativas, por sua vez, possuem
técnicos remunerados, que se
encarregam da produção de
alimentos e da manutenção sanitária preventiva nas propriedades rurais.
A programação teve como
foco o comércio da carne de
cordeiro tipo exportação, e,
paralelamente, o processamento da carne de ovinos adultos
Arnaldo e Aurora no Uruguai
(acima de um ano) e a exportação de animais vivos. Os
participantes conheceram com
detalhe a organização e os objetivos do SUL, que garantem
a assistência técnica sanitária
e alimentar a 900 produtores.
Palestras, aulas práticas, material informativo e um almoço,
com degustação da carne de
Cordeiro Pesado tipo exportação, deram uma idéia exata do
que se faz no Uruguai.
A veterinária instrutora do
Senar-MG e diretora da Caprileite/ Accomig, Heloisa Magalhães, disse que o Uruguai
mostra a importância da união
entre os produtores, que juntos, conseguiram montar uma
estrutura de apoio, não-governamental, com força para obter
tudo que seja necessário para
manter a atividade e fazê-la
crescer. Temos que trazer esse
sentimento para nosso país!”,
completa Heloisa.
A programação incluiu ainda a visita à moderna planta
do Frigorífico Marfrig Group,
com destaque para os equipamentos que buscam o bem-
estar animal. Todos tiveram a oportunidade de ver
de perto as instalações da
planta industrial. A veterinária e criadora matogrossense Silvia Tartari,
observou que “a ovinocultura não é somente a criação, o manejo, a sanidade
e a alimentação. Se o animal está aí para nos servir,
nem por isso devem se explorado. O que funciona
lá são as pessoas, elas sim
fazem a ovinocultura, com
a união, o apoio, a ajuda mútua
e a pesquisa”.
Na visita à estação experimental da Faculdade de Veterinária da Universidad Nacional
de Uruguay, foi apresentado o
modelo para o pequeno é médio
produtor de leite de ovelha e derivados, incluindo a degustação
dos queijos curados. Arnaldo e
Aurora destacaram que é fundamental o fato dos produtores
uruguaios buscarem a melhoria de índices e de destinações
para todas as classificações de
ovinos, como capões, ovelhas
e cordeiros, explorando a espécie de forma racional, buscando sempre, pelo menos, duas
fontes de renda nesses animais,
melhorando o equilíbrio econômico da atividade. A pesquisa
busca suprir as necessidades
dos produtores. “Forte vínculo
junto ao comércio - precificação
da lã e da carne e um ajuste dos
manejos e absorção de tecnologia para melhoria de um produto final que atenda a demanda e
não o contrário, como é feito no
Brasil - produzimos sem saber o
que o mercado demanda”, explica Aurora. •

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