unidades de conservação e volunturismo no contexto dos

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unidades de conservação e volunturismo no contexto dos
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E VOLUNTURISMO NO CONTEXTO DOS “MILLENNIUM
DEVELOPMENT GOALS”:
Percepções Brasil e México
PROTECTED AREAS AND VOLUNTARISM IN THE CONTEXT OF "MILLENNIUM
DEVELOPMENT GOALS:
Perceptions in Brazil and Mexico.
Cristina Marques Gomes
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Brasil)
[email protected]
Manuel Ramón González Herrera
Universidad Autónoma de Ciudad Juárez (México)
[email protected]
Reinaldo Miranda de Sá Teles
Universidade de São Paulo (Brasil)
[email protected]
RESUMO
Apresenta a pesquisa “Unidades de conservação e volunturismo no contexto dos 'Millennium Development
Goalds´: Percepções Brasil e México” cujo objetivo geral é: averiguar as percepções dos gestores das Unidades de
Conservação, na Baixada Santista (Brasil) e no Parque Nacional Cascada de Basaseachi, Chihuahua (México),
sobre a implementação de um possível volunturismo como forma de potencializar e alcançar os “Millennium
Development Goals (MDGs)”, para tanto, busca-se, também, compreender as abordagens teóricas que estão
sendo dadas ao “volunturismo” e as “unidades de conservação”, em âmbito internacional, nos últimos 3 anos.
Adotam-se múltiplos procedimentos metodológicos quali-quantitativos. Cogita-se, pois, com este artigo, expor os
alicerces iniciais do projeto e captar a atenção de outros pesquisadores/instituições que possam contribuir, direta
ou indiretamente, com a pesquisa em questão.
PALAVRAS-CHAVE
Unidades de Conservação; Volunturismo; “Millennium Development Goals”; Brasil; México.
ABSTRACT
The results of the study of the protected areas and voluntarism in the context of "Millennium Development
Goals” are presented. The general objective of this research is to explore the perceptions of managers of
protected areas, in Santos (Brazil) and in the National Park of Cascada Basaseachi, Chihuahua (Mexico), on the
implementation of a possible voluntarism in order to achieve the "Millennium Development Goals (MDGs)". It
also seeks to understand the theoretical approaches related to "voluntarism and conservation units" in the
1
international context during the last three years. In order to do this, multiple procedures are adopted base on a
quali-quantitative methodology. The initial research design is then presented in order to capture the attention of
other researchers and institutions that can contribute directly or indirectly to the research in question.
KEYWORDS: Protected areas; Voluntarism, Millennium Development Goals, Brazil, Mexico.
2
1. INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como propósito apresentar a pesquisa “Unidades de conservação e volunturismo
no contexto dos 'Millennium Development Goalds´: Percepções Brasil e México”. Tal pesquisa, que envolve 3
professores doutores (dois brasileiros e um cubano residente no México) e 3 Universidades (duas brasileiras e
uma mexicana), encontra-se numa fase inicial - de articulação e ajustes do projeto e de, consequentemente,
captação de financiamento. Nesse sentido, nosso propósito aqui é, justamente, expor os alicerces iniciais para
que, com a leitura, outros pesquisadores - de outras instituições e quiçá de outros países - possam contribuir,
direta ou indiretamente, com este trabalho. Além dessa breve introdução, incluimos, abaixo, os seguintes itens:
“elementos de conjugação/intersecção”; “problemas de pesquisa, objetivos e colocações adjacentes”;
“metodologia” e “considerações finais”.
2. ELEMENTOS DE CONJUGAÇÃO/INTERSECÇÃO
a. Millennium Development Goals (MDGs)
No ano 2000, na Cúpula do Milênio promovida pela Organização das Nações Unidas em Nova York
com o objetivo de assegurar o cumprimento de metas estabelecidas para a promoção do Desenvolvimento
Humano, 189 nações firmaram o compromisso para combater a extrema pobreza e outros males da sociedade no
mundo. Esta promessa acabou se concretizando nos chamados Millennium Development Goals ou Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio. Em setembro de 2010, o mundo renovou o compromisso para acelerar o
progresso em direção ao cumprimento desses objetivos1.
O processo culminou em oito grandes Objetivos que implicariam, quando adotados, em efeitos indiretos
importantes em um país ou região, no sentido de promover uma perspectiva multidimensional, colocando o
bem-estar e a redução da pobreza no centro dos propósitos do desenvolvimento pleno do homem, em todos os
seus aspectos, paradigma este que é o fundamento do desenvolvimento humano sustentável.
(PNUD/IDHS/PUC Minas, 2007).
 Objetivo 1 - Erradicar a extrema pobreza e a fome.
 Objetivo 2 - Atingir o ensino básico universal.
 Objetivo 3 - Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres.
 Objetivo 4 - Reduzir a Mortalidade Infantil.
 Objetivo 5 - Melhorar a saúde materna.
 Objetivo 6 - Combater o HIV/AIDS, malária e outras doenças.
 Objetivo 7 - Garantir a Sustentabilidade ambiental.
 Objetivo 8 - Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento.
Millennium Ecosystem Assessment. Living beyond our means: natural assets and human well-being. 2005. Disponível em:
<http://www.millenniumassessment.org/en/BoardStatement.aspx>, acessado em 7 nov. 2012.
1
3
Os ODM são metas concretas, mensuráveis e temporalmente delimitadas, que devem ser alcançadas até
2015, quando então, serão incorporados aos Sustainable Development Goals (SDG) ou Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma nova etapa recentemente anunciada pelas Nações Unidas, em fase de
elaboração que atenderá à evolução da aplicabilidade dos ODMs no mundo 2.
A municipalização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio é o principal desafio a ser enfrentado
para que os países cumpram suas metas até 2015. No Brasil, o processo teve início em 2009 (Agenda do Milênio
no Brasil), a cargo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no Brasil (PNUD-Brasil). Alguns
estados e municípios, por meio de seus gestores públicos, vêm instituindo os “Núcleos Estaduais e Municipais de
ODM” e criando Comitês, com a participação de associações de municípios e organizações sociais e
empresarias3.
As principais metas a serem alcançadas no país são: fortalecimento da capacidade nacional para o
cumprimento das metas dos ODM; estímulo ao desenvolvimento de metodologias de desagregação dos
Objetivos para os níveis regional e local; difusão e advocacy dos ODM; e capacitação de diferentes atores sociais
para o seu monitoramento no nível local. (PNUD/IDHS/PUC Minas, 2007).
b. Unidades de Conservação na Baixada Santista (SP - Brasil)
A Baixada Santista (oficialmente denominada Região Metropolitana da Baixada Santista) foi criada no
âmbito das Constituições Federal e Estadual, respectivamente em 1988 e 1989, sendo regulamentada através da
Lei Complementar 815 de 30 de julho de 1996, sendo formada por nove municípios que abrangem 2.422 km².
(SÃO PAULO, 2006a).
No final da década de 1970, de acordo com Queiroga (2005), em plena fase de crescimento da Região
Metropolitana de São Paulo, iniciou-se a forte expansão da atividade industrial e populacional para além da
referida região, com uma desconcentração industrial num raio de aproximadamente 150 km da Capital, atingindo
as principais “regiões” já tradicionalmente mais industrializadas, entre elas, a Baixada Santista, entre 1980 e 2000.
É, segundo o autor, o período da megalopolização.
Os municípios da Baixada Santista abrigam 72% da população do Estado de São Paulo, com 1,7 milhão
de moradores. Esta população chega a dobrar nos períodos de férias, com a chegada de turistas. (SÃO PAULO,
2010).
Sua economia é pautada na indústria de transformação, destacando-se a fabricação e refino de petróleo e
álcool; metalurgia básica; na fabricação de produtos químicos; entre outros de menor destaque. No setor
terciário é composto por serviços diversos onde se destacam as atividades portuárias e de Turismo. Anualmente,
mais de três e meio milhões de turistas e veranistas são atraídos pelas suas 83 praias que se estendem por 161 km
e pela exuberância de seus corredores de turismo ecológico que se misturam com uma pequena inexpressiva
produção de bananas.
2
3
Disponível em <http://blogs.estadao.com.br/rio-20/o-que-ficou-estabelecido-na-rio20/>. Acesos em 10 nov. 2012.
Disponível em <http://www.odmbrasil.gov.br/odmbrasil/noticias/2012/09/03-09-2012-estados-e-municipios-criam-iniciativas-paraalcancar-os-odm>. Acesso em 6 nov. 2012.
4
Um fator positivo a se considerar quanto à situação ambiental e urbana na Baixada Santista, é que esta
abriga mais de 4,5% da cobertura vegetal natural remanescente do Estado de São Paulo, registrando-se também
nessa região a existência de expressivas Unidades de Conservação que favorecem a forte expressão do Turismo
de segunda residência na região e do Turismo de Aventura, destacando-se a presença do circuito ecoturístico
Costa da Mata Atlântica, que evidencia toda a riqueza natural das Unidades de Conservação inseridas no
território da Baixada Santista. (SÃO PAULO, 2003).
Quanto ao estabelecimento das Unidades de Conservação no Estado de São Paulo, tem por base legal,
além da Constituição Federal (Cap. V. art. 225, inciso 1º item III) a Constituição Estadual (Cap. IV, art. 193, item
III) de 1989, sendo administradas pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, pela Fundação
Florestal do Estado de São Paulo e pelo Instituto Florestal, sendo que, a maioria delas possui atividades de uso
público (educação ambiental e Turismo).
Os nove municípios que integram a Baixada Santista, além de abrigarem áreas ambientalmente
protegidas em diversas categorias e sob a administração de diversas instâncias da administração pública (federal,
estadual e municipal), também fazem parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA), esta referendada
pela UNESCO em 1991, a partir do modelo internacional das Reservas da Biosfera para as áreas tropicais do
mundo (Figura “A”e Tabela “A”).
Tabela “A”: Unidades de Conservação Presentes na Baixada Santista em todas as Categorias de Manejo.
Municípios Abrangidos na
Diploma Legal
Área (ha) (¹)
Baixada Santista e Área (ha) (²)
PARQUE ESTADUAL (PE)
PE Marinho de Laje de
Santos
PE da Serra do Mar
PE Xixová-Japuí
PE Restinga de Bertioga
Decreto Estadual
37.537/93
5.000
Santos (5.000).
Decreto Estadual
10.251/7 e Decreto
Estadual 13.313/79
315.390
Bertioga (24.059,21), Santos (12.690,76),
Cubatão (7.389,03), Praia Grande (4.531,61),
Mongaguá (3.772,17), Itanhaém (21.094,46),
São Vicente (8.407,68) e Peruíbe (6.697,00).
Decreto Estadual
37.536/93
901
Praia Grande (554) e São Vicente (347,00).
Decreto Estadual n.
56.500/2010
9.312,32
Bertioga (³).
ESTAÇÃO ECOLÓGICA (EE)
EE Tupiniquins
Decreto Federal
92.964/86
1.780,00
Peruíbe (³).
EE Juréia Itatins
Decreto Estadual N.º
24.646 de 20/1/86
Lei Nº5. 649 de
28/4/87
79.270 ha
Peruíbe (8.067,56).
217.060
Peruíbe (Se sobrepõe à E. Ec. De Juréia
Itatins).
ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA)
APA de CananéiaIguape-Peruibe (APA
Decretos Federais
90.347/84 e
5
CIP)
91.892/95
APA Marinha do Litoral
Centro (Setor Carijó –
Setor Guaibe – Setor
Itaguaçu)
Decreto Estadual
53.526, de 08 de 10
de 2008.
449.259,70
Bertioga, Guarujá, Santos, São Vicente, Praia
Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe (³).
ÁREA DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO (ARIE)
ARIE da Ilha do
Ameixal
Decreto Federal
91.889/85
400
Peruíbe (³).
ARIE das Ilhas
Queimada Pequena e
Queimada Grande
Decreto Federal
91.887/85
33
Itanhaém e Peruíbe (³).
(¹) Área total da Unidade de Conservação dentro e fora da Baixada Santista.
(²) Área da Unidade de Conservação dentro da Baixada Santista.
(³) Sem Informação.
Fonte: São Paulo (2011).
Figura “A”: Região Metropolitana da Baixada Santista:
Unidades de Conservação e Áreas Indígenas. (Org.: Silvia
Maria Bellato Nogueira).
Importante destaque deve ser dado ao Parque Estadual da Serra do Mar, visto que é extensa a sua
presença no território da Baixada Santista (Tabela “B”). Com 315.390 ha ao todo (88.641,92 ha dentro da
6
Baixada santista), seu continuum territorial é fundamental para a sustentabilidade da vida e para o suprimento de
serviços ambientais aos núcleos urbanos localizados em seu entorno, pois, além da constituição de belezas
cênicas e paisagens notáveis que favorecem o Ecoturismo, ameniza o clima; garante o suprimento de água para
toda a região; garante a proteção da biodiversidade; entre outros tantos benefícios.
Tabela “B”: Área dos municípios abrangidos pelo Parque Estadual da Serra
do Mar na Baixada Santista.
Município
Área do Município Abrangida
pelo Parque Estadual da Serra do
Mar (ha)
Bertioga
Cubatão
Itanhaém
Mongaguá
Peruíbe
Praia Grande
Santos
São Vicente
% da Área Total do
Município
24.059,21
7.389,03
21.094,46
3.772,17
6.697,00
4.531,61
12.690,76
8.407,68
49,92%
49,93%
36,31%
27,94%
20,42%
31,25%
46,83%
57,69%
Fonte: SÃO PAULO (2006b).
c. Parque Nacional Cascada de Basaseachi, Chihuahua (México)
No México, a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais (SEMARNAT) é a instituição
responsável pela proteção e implementação da política e da gestão ambiental em seus diferentes âmbitos, se
constituindo como órgão principal na proteção e conservação dos espaços naturais nas suas díspares categorias
de manejo garantido, por conseguinte, a estabilidade ecológica e a produtividade sustentável dos sistemas
ambientais no contexto mexicano.
O “Programa Nacional de Áreas Naturales Protegidas” através da “Comisión Nacional de Áreas
Naturales Protegidas” (2007-2012) tem a missão de “conservar o patrimônio natural do México mediante as
Áreas Protegidas, fomentando uma cultura de conservação e desenvolvimento sustentável das comunidades
localizadas em seu entorno” e, paralelamente, a visão de que “em seis anos a Comisión Nacional de Áreas
Naturales Protegidas (CONANP) terá articulado e consolidado um sistema nacional de Áreas Protegidas e de
diversas modalidades de conservação dos ecossistemas terrestres, aquáticos, marinhos, costeiros e insulares e sua
biodiversidade. O sistema envolverá o governo, a sociedade civil e as comunidades rurais e indígenas e será
representativo, sistêmico, funcional, participativo, solidário, subsidiário e efetivo”4.
Ao mesmo tempo estabelece como objetivos estratégicos:
 Conservar os ecossistemas mais representativos do país e sua biodiversidade com a participação
correspondente de todos os setores;
 Formular, promover, dirigir, gerir e supervisionar programas e projetos nas Áreas Protegidas em
4
Fonte: SEMARNAT. Disponível
acessado em 7 nov. 2012.
em:
<http://www.semarnat.gob.mx/programas/Documents/programa_ANPs_2007-2012.pdf>,
7
matéria de proteção, manejo e recuperação para a conservação;
 Impulsionar a aplicação da “Estrategia de Conservación para el Desarrollo”, com o objetivo de
apoiar o melhoramento da qualidade de vida da população local e minimizar os impactos
negativos sobre os ecossistemas e sua biodiversidade;
 Fomentar o Turismo nas Áreas Protegidas como uma ferramenta de desenvolvimento
sustentável e de sensibilização e cultura para a conservação dos ecossistemas e sua
biodiversidade mediante o “Programa de Turismo en Áreas Protegidas 2007-2012”;
 Consolidar a cooperação e financiamento nacional e manter a liderança internacional na
conservação;
 Atingir a conservação das espécies em risco com base nas prioridades nacionais mediante a
aplicação do “Programa Nacional de Conservación de Especies en Riesgo 2007-2012”.
A propósito dos objetivos anteriores o “Programa Nacional de Áreas Naturales Protegidas” reconhece
que a crescente visitação turístico-recreativa nas Áreas Protegidas Federais é uma realidade nacional e
internacional. A partir dessa tendência, o estudo, discussão e investigação do fenômeno turístico e recreativo
nestas áreas têm sido agregado também nos fóruns e organismos internacionais. Atualmente o turismo em Áreas
Protegidas tem sido reconhecido por convenções e declarações internacionais como uma oportunidade de
desenvolvimento sustentável. No entanto, o turismo desenvolvido sem um planejamento adequado e sem uma
visão de curto, médio e longo prazo pode constituir uma ameaça para a conservação do patrimônio natural e
cultural.
Nesse contexto sobressai, por seus valores para a proteção-conservação e seu alto potencial turístico, o
Parque Nacional Cascada de Basaseachi, no México. Esta Unidade de Conservação, declarada “Parque Nacional
en la Categoría UICN II” em 2 de fevereiro de 1981, está localizada a sul-oeste do Estado de Chihuahua em uma
superfície de 498 km2, o mesmo se caracteriza por seu alto valor natural estético-paisagístico. Está cercado por
um relevo montanhoso fortemente disseminado, com vales profundos e encostas íngremes, no âmbito da “Sierra
Madre Occidental de México”. Apresenta um clima semi-úmido temperado com florestas abundantes ricas em
pinheiros e carvalhos, etc. A principal atração é a cachoeira de mesmo nome, considerada a segunda mais alta do
país com 246 metros de queda livre em direção a “Barranca de Candameña” e outras importantes cascatas. A
fauna é dominada por veados, javalis, esquilos, répteis, aves, etc.
d. O Volunturismo
O “volunturismo” ou “turismo voluntário” une a viagem com a possibilidade de participação em
projetos sociais e/ou ambientais. Wearing (2001) oferece uma acepção valorativa ao definir o volunturismo como
aquele que oferece “uma experiência interativa direta, uma mudança de valor e de consciência no indivíduo que
influenciarão seu estilo de vida. Ao mesmo tempo, provê formas de desenvolvimento comunitário solicitadas
8
pelas comunidades locais”5.
David Clemmons - Na realidade, são duas coisas: voluntariado e turismo reunidos para criar uma
experiência híbrida que, na maioria dos casos, ultrapassa a imaginação, e, por conseguinte, a
expectativa do participante, o “volunturista”.
Por um lado, o Volunturismo é serviço voluntário que possui os quatro elementos que Ann Merrill
e seu colega, RD Safrit, estabeleceram para caracterizar este tipo de atividade: 1) implica em uma
participação ativa, 2) É (relativamente) espontâneo, 3) Não é motivado por ganhos financeiros, e 4)
Incide sobre o bem comum.
Por outro lado, Volunturismo é também turismo definido pela Organização Mundial do Turismo
das Nações Unidas(OMT) como tendo três características básicas: 1) Tem menos de 365 dias de
duração, 2) Envolve o deslocamento da pessoa para fora do seu ambiente habitual, e 3) Viagens
realizadas com qualquer outra finalidade que não seja a obtenção de ganhos financeiros 6.
Alguns exemplos ligados ao meio ambiente são:
 Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá - Projeto Boto: o turista colabora com a
Reserva do Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá, no município de Tefé, Amazonas,
sendo responsável pela limpeza e manutenção de bases de pesquisas. Também prepara refeições
e
ajuda
nas
atividades
de
observação
dos
botos
amazônicos
(Site:
http://www.mamiraua.org.br/);
 Aoka Turismo Sustentável - Projeto Macaco Muriqui: os voluntários participam das atividades e
caminhadas juntos com os pesquisadores do programa. Juntos, procuram dormitórios dos
macacos e observam seus hábitos (Site: http://www.aoka.com.br/);
 Earthwatch - Projeto expedição Águas Espanholas: o voluntarista aprende a lidar com
equipamentos de observação e aquisição de dados da vida marinha, especialmente os golfinhos
(Site: http://www.earthwatck.org/);
 Sarvodaya - Projeto Sri Lanka: o voluntário aprende o modo de vida rural e compartilha
experiências na busca pelo desenvolvimento, paz e espiritualidade em comunidades (Site:
http://www.sarvodaya.org/).
PROBLEMAS DE PESQUISA, OBJETIVOS E COLOCAÇÕES ADJACENTES
Problemas de Pesquisa:
Diante dos conflitos relacionados à integração do Homem com a Natureza, no
contexto das Unidades de Conservação, o volunturismo poderia ser encarado como
um “elemento potencializador” dos “Millennium Development Goals (MDGs)”? Ou,
na mesma perspectiva, qual seria a opinião dos gestores das Unidades de Conservação
(no caso, Brasil e México) sobre essa questão?
5
6
Fonte: Volunturismo é nova tendência do turismo mundial. Disponível em: <http://noticias.limao.com.br/viagens/via150139.shtm>,
acessado em 7 nov. 2012.
Fonte: Portal do Voluntário - O que é “volunturismo”?. Disponível em: <http://portaldovoluntario.v2v.net/posts/1466>, acessado em
7 nov. 2012.
9
E, de maneira complementar, podemos, ainda, refletir:
Quais são as abordagens teóricas que estão sendo dadas ao “volunturismo” e as
“unidades de conservação”, em âmbito internacional, nos últimos 3 anos?
Objetivo geral:
Averiguar as percepções dos gestores das Unidades de Conservação, na Baixada
Santista (Brasil) e no Parque Nacional Cascada de Basaseachi, Chihuahua (México),
sobre a implementação de um possível volunturismo como forma de potencializar e
alcançar os “Millennium Development Goals (MDGs)”, para tanto, busca-se,
também, compreender as abordagens teóricas que estão sendo dadas ao
“volunturismo” e as “unidades de conservação”, em âmbito internacional, nos
últimos 3 anos.
Objetivos específicos/metas:
1. Identificar e analisar a opinião dos gestores das Unidades de Conservação, na
Baixada Santista (Brasil) e no Parque Nacional Cascada de Basaseachi, Chihuahua
(México), sobre a implementação de um possível volunturismo como forma de
potencializar e alcançar os “Millennium Development Goals (MDGs)”.
2. Mapear e examinar a produção científica internacional, dos últimos três anos,
relacionada ao “volunturismo” e as “unidades de conservação”.
METODOLOGIA
Para cada objetivo específico temos uma estratégia metodológica derivada com base em Gomes (2012),
sendo que, o segundo (“mapear e examinar a produção científica internacional, dos últimos três anos, relacionada ao
´volunturismo´ e as ´unidades de conservação´”) é o suporte para o primeiro (“identificar e analisar a opinião dos gestores das
Unidades de Conservação, na Baixada Santista -Brasil- e no XXX -México-, sobre a implementação de um possível volunturismo
como forma de potencializar e alcançar os ´Millennium Development Goals (MDGs)´”), e os dois são assim delineados:
a. Segundo objetivo específico - tipo de pesquisa, estratégias de recolha de dados, análises e tratamentos (GOMES; 2012)
- Objetivo específico: Mapear e examinar a produção científica internacional, dos últimos três anos,
relacionada ao “volunturismo” e as “unidades de conservação”.
- Metodologia: Análise Quali-quantitativa; Pesquisa bibliográfica.
Nomeadamente, analisando diferentes modelos e comportamentos de busca de informação nos
deparamos com algumas diretrizes semelhantes aos resultados encontrados por David Ellis (1989) quando da sua
pesquisa com cientistas sociais da Universidade de Sheffield (Reino Unido). Tal trabalho foi realizado com o
propósito de delinear recomendações para o design de sistemas de recuperação da informação e apresentou, em
síntese, as seguintes etapas/características:
10
Iniciar: são as atividades que definem o começo da busca por informação e que permitem uma
visão geral do enfoque a ser estudado, descobrindo informações que podem servir de base para
uma ampliação posterior da busca. A definição de referências pode ser um ponto de partida para o
início do ciclo de pesquisa, assim como também podem ser consideradas atividades iniciais, as
seguintes: conversar com colegas, consultar literatura de revisão, consultar catálogos online e índices
e abstracts. Alguns pesquisadores já têm as suas referências iniciais quando fazem uso de recursos de
informação, enquanto outros irão ainda buscar por estas referências. Esta situação está ligada à
experiência do pesquisador e o conhecimento prévio que possui sobre o assunto que será
pesquisado.
Encadear: o indivíduo segue uma ligação entre as citações, que podem levar a outros materiais
relevantes e, assim, realizando formas de conexão entre o que foi pesquisado e novas informações.
As conexões têm dois aspectos básicos: o encadeamento para trás no tempo, que busca identificar
material para leitura a partir das listas de referências que constam em de outros materiais; e o
encadeamento para frente no tempo, que identifica material para leitura a partir dos índices de
citação. O encadeamento para trás é uma atividade de busca de informação bastante utilizada por
pesquisadores de todas as áreas, pois possibilita a localização de documentos relevantes de maneira
simples.
Navegar: é uma forma de pesquisa não muito objetiva, ou seja, é uma busca semi-direcionada a uma
área de interesse geral. Os principais tipos de informação que são recuperados quanto este padrão é
empregado são listas de autores, de periódicos, de anais de eventos, de trabalhos citados, entre
outros.
Diferenciar: o indivíduo utiliza a diferença entre as fontes como um filtro para verificar o material
analisado. Ele avalia aspectos como tipo de conteúdo e relevância do material, a fim de obter uma
comparação. Os três principais critérios de diferenciação empregados são os seguintes: tópico
principal, acesso ou perspectiva e nível, qualidade ou tipo de tratamento.
Monitorar: observa-se o desenvolvimento de uma determinada área, através do monitoramento de
fontes de informações específicas. O monitoramento pode ser aplicado a várias fontes ou, por
exemplo, somente a certos tipos de fontes dentro de uma determinada base de dados. O
pesquisador é que define o que será monitorado, conforme seu interesse e suas necessidades.
Extrair: o usuário trabalha de forma sistemática em uma fonte específica para obter material de seu
interesse. Esta é uma característica que muitos pesquisadores se engajam por um tempo razoável
em suas carreiras. Isto acontece tanto consultando diretamente a fonte, quanto através do uso de
índices cumulativos enquanto fontes de pesquisa, ou através de uma combinação das duas
(CRESPO; CAREGNATO, 2003 apud GOMES, 2012).
Em certo sentido, utilizaremos todas as seis características detalhadas acima, ora com maior, ora com
menor predominância, nas 4 fases, inicialmente planejadas, que compõem nossa pesquisa 7 bibliográfica8 que, na
perspectiva cronológica, será dividida em: (1) “características macro do universo”; (2) “delineamento dos
domínios”, (3) “conjunto nuclear de investigações” e, por fim, (4) “matrizes: temáticas e de conceitos”. Tais fases
serão correspondentes a “coleta e organização do material” (da primeira a terceira) e “tratamento dos resultados”
(no caso da quarta) (GOMES; 2012).
Primeira fase (“características macro do universo”):
 Universo da Pesquisa: artigos científicos revisados por pares;
7
8
A expressão “pesquisa”, no âmbito dessa metodologia, é sempre utilizada como sinônimo de “busca ou coleta de dados”.
“A pesquisa documental é muito próxima da pesquisa bibliográfica. O elemento diferenciador está na natureza das fontes: a pes quisa
bibliográfica remete para as contribuições de diferentes autores sobre o tema, atentando para as fontes secundárias, enquanto a
pesquisa documental recorre a materiais que ainda não receberam tratamento analítico, ou seja, as fontes primárias. Essa é a
principal diferença entre a pesquisa documental e pesquisa bibliográfica […] (SÁ-SILVA et al, 2009)”.
11
 Nessa fase, utilizaremos, para a coleta do material, as palavra-chaves “volunturismo” e “unidades
de conservação” e todos os seus derivados;
 Os textos em questão devem estar acessíveis nos seguintes idiomas, preferencialmente:
português, inglês, francês ou espanhol;
 A identificação/seleção do material será realizada a partir das seguintes ferramentas:
(1) Web of Science (Disponível em: <http://www.isiknowledge.com/>)9;
(2) Scirus (Disponível em: <http://www.scirus.com/>)10;
(3) E-Lis (Disponível em: <http://eprints.rclis.org/>)11;
(4) Science Direct (Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>)12;
Além das pesquisas nas quatro fontes acima indicadas consultaremos a Networked Digital Library of Theses
and Dissertations (NDLTD)13 e o SCImago14. Na primeira a intenção será localizar o material corrente relacionado
ao tema e, no segundo, nosso interessante será pesquisar os periódicos das áreas de Comunicação, Ciência da
Informação, Meio Ambiente (Geografia) e Turismo, com seus respectivos SJR15 e H index16 (GOMES; 2012).
Tratamento: para cada pesquisa executada serão elaborados “mapas estruturais” a partir do Programa
Cmap Tools17 desenvolvido pelo Institute for Human and Machine Cognition18 da State University System da Florida
(EUA). Em termos quantitativos, também, será apresentado um quadro com a(s) palavra(s)-chave pesquisada(s)
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
“Multidisciplinar, inclui mais de 10.000 periódicos de alto impacto em âmbito internacional, incluindo revistas em Open Access e
110.000 ´proceedings conference´” (tradução livre nossa). Fonte: Web of Science. Disponível em:
<http://thomsonreuters.com/products_services/science/science_products/a-z/web_of_science>, acessado em 23 de março de 2010.
“É a ferramenta de pesquisa científica mais abrangente da web. Com mais de 370 milhões de itens científicos indexados […] permite
que os pesquisadores busquem não apenas o conteúdo diário, mas também as homepages dos cientistas, material didático […],
patentes e repositórios institucionais […] (tradução livre nossa). Fonte: Scirus. Disponível em: <http://www.scirus.com/>, acessado em
23 de março de 2010.
Uma observação: o Scirus dentre várias fontes inclui, também, o Science Direct mas, como nossa intenção era ter a dimensão “e xata”
do universo da pesquisa, tal duplicação ao invés de “negativa”, foi considerada relevante para a validação dos dados.
“E-Lis foi formada em 2003 para o depósito de documento no domínio da Biblioteconomia e da Ciência da Informação” (tradução
livre nossa). Fonte: E-Lis. Disponível em:<http://eprints.rclis.org/information.html>, acessado em 23 de março de 2010.
“ScienceDirect […] banco de dados de textos completos oferecendo artigos de periódicos e capítulos de livros de mais de 2.500
revistas
e
mais
de
11.000
livros”
(tradução
livre
nossa).
Fonte:
Science
Direct.
Disponível
em:
<http://www.info.sciencedirect.com/about/>, acessado em 23 de março de 2010.
Missão: “a Networked Digital Library of Theses and Dissertations (NDLTD) é uma organização internacional dedicada a promover a
adoção, criação, difusão, utilização e preservação dos análogos eletrônicos às tradicionais dissertações e teses em papel” (tradução
livre nossa). Fonte: NDLTD. Disponível em: <http://www.ndltd.org/about/mission-and-goals>, acessado em 23 de março de 2010.
“The SCImago Journal & Country Rank é um portal que inclui as revistas cientificas e os indicadores de países desenvolvidos a partir
da informação contida na base de dados Scopus (Elsevier BV). Esses indicadores podem ser usados para avaliar e analisar diversos
domínios científicos” (tradução livre nossa). Fonte: SCImago. Disponível em: <http://www.scimagojr.com/>, acessado em 23 de
março de 2010.
De forma complementar também consultamos alguns dados do Journal Citation Reports (JCR).
“SJR = SCImago Journal Rank Indicator. É uma medida de influência ou prestígio do impacto da revista. Expressa, pois, o número
médio de citações ponderadas recebidas no ano por documentos publicados no journal nos três anos anteriores” (tradução livre
nossa). Fonte: SCImago. Disponível em: <http://www.scimagojr.com/>, acessado em 23 de março de 2010.
“H index = Número de artigos (h) da revista que tenha recebido pelo menos h citações em todo o período” (tradução livre nossa).
Fonte: SCImago. Disponível em: <http://www.scimagojr.com/>, acessado em 23 de março de 2010.
“O Índice Hirsch, apresentado por Jorge Hirsch, consiste em ideia muito simples: levar em conta cada um dos trabalhos de um autor
e ordená-los em forma descendente a depender das citações recebidas. Assim, cada trabalho mantém certa quantidade de citações
e uma hierarquia no ranking. Constroem-se, então, duas listas: uma ascendente, para os trabalhos; uma descendente, para as
citações. Quando os valores se cruzam, obtém-se o índice H” (AGUADO-LÓPEZ, 2010).
Disponível em: <http://cmap.ihmc.us/conceptmap.html>.
O Institute for Human & Machine Cognition (IHMC) é um instituto de pesquisa que congrega cientistas e engenheiros com
investigações relacionadas aos seres humanos e as máquinas. Disponível em: <http://www.ihmc.us/about.html>.
12
contendo a quantidade de documentos encontrados por fonte consultada (GOMES; 2012).
Análise dos resultados.
Resultados esperados: ao término desta fase, objetiva-se ter uma dimensão global manifesta do universo
do volunturismo/unidades de conservação e de suas variantes.
Segunda fase (“delineamento dos domínios”):
Coleta de dados mais direcionada.
Selecionaremos, portanto, duas bases complementares: a primeira é o software Harzing's Publish or Perish19
que recupera e analisa citações acadêmicas, utilizando como base o Google Scholar e, a partir dos dados obtidos,
disponibiliza ao usuário uma série de estatísticas20; e a segunda é o Scopus21, que possui “resumos e referências
bibliográficas de literatura científica revisada por pares, com mais de 18.000 títulos de 5.000 editoras
internacionais22”. O Google Scholar (fonte do Harizing's) é mais abrangente e coleta diferentes tipos de documentos
(teses e dissertações, livros, relatórios técnicos, etc), já o Scopus foi escolhido em detrimento de outros por ter
uma cobertura mundial (“mais da metade do conteúdo do Scopus é originária da Europa, América Latina e da
região Ásia-Pacífico23”) (GOMES; 2012).
Tratamento: um arquivo no Excel será montado com tabelas que incluirão, previamente, as seguintes
colunas: “autor(es)”; “título”; “data da publicação”; “número de citações no Harzing´s”; “número de citações no
Scopus”; e “localização da fonte”. Os documentos encontrados serão agrupados em planilhas distintas de acordo
com a predominância e relevância (GOMES; 2012).
Uma tabela com a síntese quantitativa dos resultados do scopus será elaborada envolvendo, pois, as
seguintes colunas: “resultados”, “periódicos”, “autores”, “ano de publicação”, “afiliações” e “sub-áreas”. A
pesquisa no Harzing´s, acompanhando os mesmos parâmetros das colunas, será realizada no campo “Citation
Analysis” seguido do “General Citation Search” e incluindo a(s) expressão(ões)-chave(s) ao lado do termo “The
Phrase” (GOMES; 2012).
Análise dos resultados.
Resultados esperados: com a seleção e organização dos documentos por planilhas chegaremos aos dados
brutos específicos em âmbito internacional.
Terceira fase (“conjunto nuclear de investigações”):
Composta por:
Leitura dos resumos dos artigos. Salientamos, ainda, que, até a presente fase, todas as seleções serão
19
20
21
22
23
Disponível em: <http://www.harzing.com/>.
Além do Harzing´s existem outras ferramentas bibliométricas como, por exemplo, Eugene Garfield’s HistCite (Disponível em:
<http://www.histcite.com/>; Olle Persson’s Bibexcel (Disponível em: <http://www8.umu.se/inforsk/Bibexcel/>).
Número total de documentos; Número total de citações; Número médio de citações por artigo; Número médio de citações por
autor; Número médio de artigos por autor; Número médio de citações por ano; Hirsch's Index e parâmetros relacionados; Eggh e's-g
index; O h-index contemporâneo; A idade da taxa de citação ponderada; Duas variações de individuais de h-indices; e uma análise
do número de autores por artigo. Fonte: Harzing´s. Disponível em: <http://www.harzing.com/pop.htm>, acessado em 19 de março
de 2010.
Disponível em: <http://www.scopus.com>.
Fonte: Scopus. Disponível em: <http://www.americalatina.elsevier.com/sul/pt-br/scopus.php>,acessado em 19 de março de 2010.
Fonte: Scopus. Disponível em: <http://www.americalatina.elsevier.com/sul/pt-br/scopus/pdf/fatos-numeros-15-01-10.pdf>, acessado
em 19 de março de 2010.
13
realizadas somente a partir da análise dos títulos dos artigos 24.
Seleção e possibilidade de exclusão de alguns textos.
Análise dos textos recolhidos via “Análise de Conteúdo não fidedigna”.
Nas “pesquisas bibliográficas” recorre-se, geralmente, a metodologia de Análise de Conteúdo (SÁSILVA et al, 2009) e, nesta pesquisa, essa abordagem será adotada, com algumas ressalvas e diversas adaptações,
com o intuito de alcançarmos os objetivos da análise. Uma crítica básica ao método, que se contrapõe a linha de
investigação deste projeto de pesquisa, é a sua rigidez (GOMES; 2012).
Nesse movimento entre a heterogeneidade do objeto e o rigor metodológico é que se percebe em
que modelo de ciência se funda a Análise de Conteúdo: um modelo duro, rígido, de corte
positivista, herdeiro, como dissemos, de um ideal preconizado pelo Iluminismo. Centra-se,
sobretudo, na crença de que a “neutralidade” do método seria a garantia de obtenção de resultados
mais precisos. Essa busca se caracteriza inicialmente pelo equívoco clássico de associar análise
quantitativa e “objetividade”, algo que pode ser observado no grande número de estudos pautados
por essa orientação. Mais que isso, há sempre um patrulhamento no sentido de não só preservar a
objetividade, mas também afastar qualquer indício de “subjetividade” que possa invalidar a análise.
Aproximar-se da neutralidade equivale, nesses termos, a sustentar-se como ciência. O analista seria,
portanto, um detetive munido de instrumentos de precisão para atingir a significação profunda dos
textos (ROCHA; DEUSDARÁ, 2005 apud GOMES; 2012).
Em contraponto, contudo:
[…] pode-se afirmar que a Análise de Conteúdo é um método que pode ser aplicado tanto na
pesquisa quantitativa como na investigação qualitativa, mas com aplicações diferentes, sendo que na
primeira, o que serve de informação é a freqüência com que surgem certas características do
conteúdo, enquanto na segunda é a presença ou a ausência de uma dada característica de conteúdo
ou de um conjunto de características num determinado fragmento de mensagem que é levado em
consideração (Bardin, 1994) (SILVA et al, 2005 apud GOMES; 2012).
Quando as autoras incluem “presença ou a ausência de uma dada característica de conteúdo” vamos ao
encontro dos nossos objetivos e, nesse sentido, a Análise de Conteúdo é bem apreciada e vem a propósito.
Tratamento:
Empregando técnicas usuais da Análise de Conteúdo para decifrar, em cada texto, o núcleo
emergente que servisse ao propósito da pesquisa, essa etapa consistiu num processo de codificação,
interpretação e de inferências sobre as informações contidas nas publicações, desvelando seu
conteúdo manifesto e latente (PIMENTEL, 2001 apud GOMES; 2012).
Complementação dos resultados via análise quantitativa - com o auxílio do programa “NVivo 9”25 da
QSR International cujo treinamento, com a própria empresa, foi realizado em janeiro de 2011.
Interpretação dos resultados.
Resultados esperados: um conjunto de artigos relevantes em torno do volunturismo e das unidades de
conservação.
24
25
Depois de realizada a busca, de forma geral e com o auxílio dos descritores, dependendo da base e do tipo da pesquisa.
“Um descritor, também conhecido como ´descritor de assunto´, ´termo´, ou ´unitermo´, é semelhante ao que se denomina como
´palavra-chave´. No entanto estas são palavras de livre escolha pelos utilizadores, ao passo em que os descritores disponíveis
encontram-se criteriosamente catalogados, com descrições, origens, significados e relações com outros descritores”. Fonte: B-On.
Disponível em: <http://www.b-on.pt>, acessado em 1 de agosto de 2009.
Disponível em: <http://www.qsrinternational.com/products_nvivo.aspx>.
14
Quarta fase (“matrizes temáticas e de conceitos”):
Uma (ou várias) matrize(s) temáticas e de conceitos será(ão) criada(s) nos moldes proferidos por
Webster e Watson (2002) em “Analyzing the past to prepare for the future: writing a literature review”.
Tratamento: dessas matrizes vamos extrair, com base em regras de “exaustividade”26 e “pertinência”27,
elementos que possam subsidiar nossos objetivos.
Análise e interpretação.
Resultados
esperados:
maior
conscientização
e
conhecimento
sobre
o
universo
do
volunturismo/unidades de conservação e aporte teórico que poderá sustentar a elaboração de um questionário
para a pesquisa de campo.
b. Primeiro objetivo específico - tipo de pesquisa, estratégias de recolha de dados, análises e tratamentos (GOMES, 2012)
- Objetivo específico: Identificar e analisar a opinião dos gestores das Unidades de Conservação, na Baixada
Santista (Brasil) e no Parque Nacional Cascada de Basaseachi, Chihuahua (México), sobre a implementação de
um possível volunturismo como forma de potencializar e alcançar os “Millennium Development Goals
(MDGs)”.
- Metodologia: Análise Quali-quantitativa; Questionário (como técnica de coleta dos dados); Pesquisa de
campo.
Etapas básicas:
Junção dos dados - analisados e interpretados do objetivo anteriormente executado;
Tratamento e organização do material.
Elaboração metodológica dos dados a serem coletados na visita de campo;
Elaboração do questionário;
Realização do pré-teste;
Viagem - acompanhamento das atividades e diálogo/entrevistas com os gestores das Unidades de
Conservação no Brasil (Baixada Santista) e no México (Parque Nacional Cascada de Basaseachi, Chihuahua);
Aplicação do questionário.
Tratamento dos dados;
Análise e interpretação.
Salientando, que, os detalhes da estrutura metodológica e conteudística dessa etapa serão delineados
consoante os resultados atingidos nos outros dois objetivos específicos desse projeto de pesquisa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Salientamos, por fim, que os principais contributos do projeto são: de um lado a construção de um
panorama contemporâneo da produção científica, em âmbito internacional, dos últimos 3 anos, relacionada ao
26
27
“Deve-se esgotar a totalidade da comunicação, do acervo, da coleção” - Bardin (2009).
“Os documentos precisam adaptar-se ao conteúdo e objetivos previstos” - Bardin (2009).
15
“volunturismo” e as “unidades de conservação” e, do outro, a constatação real (in loco) das percepções dos
gestores das Unidades de Conservação, na Baixada Santista (Brasil) e no Parque Nacional Cascada de Basaseachi,
Chihuahua (México), sobre a implementação de um possível volunturismo como forma de potencializar e
alcançar os “Millennium Development Goals (MDGs)”. Ambos os resultados poderão ser de grande valia para
pesquisas ulteriores em diversas áreas do conhecimento.
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REFERÊNCIAS:
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potencialidades da avaliação científica: crítica epistemológica à cobertura de bases de dados e à construção de
indicadores. In: FERREIRA, S.M.S.P; TARGINO, M.G. Acessibilidade e Visibilidade de Revistas Científicas Eletrônicas.
São Paulo: Editora Senac, 2010.
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