Pico do Corcovado - Jornal Maranduba News

Transcrição

Pico do Corcovado - Jornal Maranduba News
Maranduba, 25 de Janeiro de 2012
-
Disponível na Internet no site www.jornalmaranduba.com.br
-
Ano 3 - Edição 33
Foto: Emilio Campi
Pico do Corcovado
1.160 metros de aventura e mistério
Página 2
25 Janeiro 2012
Jornal MARANDUBA News
Editorial:
No meio do caminho havia um artista...
Um bairro que está geograficamente em dois municípios é
a Tabatinga, cortado pelo rio
de mesmo nome. O local está
na condição do primo pobre e
o primo rico, mas um dia foram
iguais.
De um lado, um dos primos
resolveu se empenhar e levar
a sério o que lhe cabia, do outro o primo continuou sem fazer nada, aliás persegue quem
busca melhorar ou quem fala a
verdade dos fatos sobre o que
(não) anda fazendo.
O primo rico, sério, inovador,
resolveu as coisas aos poucos e
de fato devolveu devagarzinho
a dignidade, o calçamento, o
asfalto de primeira qualidade, o
imposto justo, os investimentos
necessários em infra-estrutura.
Alguns dizem que fez apenas
o que era da sua competência,
nestes dias de vaca cega, surda, muda e perseguidora, fazer a obrigação já é um grande
avanço.
O primo pobre resolveu fazer
seu povo viver das migalhas, a
brigarem pelo resto, de forma
que todos possam estar ocupados quando alguém leva serra
acima os tributos, impostos e
taxas pagas no “lixo”.
Ah! Vocês querem um exemplo
prático, sigam até a Tabatinga
por dentro e vejam, ou melhor lamentem, a diferença entre o lado
de lá e o lado de cá. Lá tem calçamento, cá tem buracos. O lado
O jovem Sérgio Alves de Jesus, 36 anos, quando criança não tinha a menor idéia
do dom que possuía com as
mãos e a imaginação. Como
nunca freqüentou curso nenhum sobre artes, desenho ou
pintura, é considerado pelos
amigos autodidata na matéria. A imaginação é o limite
para suas obras, realizada
ainda com um acabamento e
personalização da imaginação
de seus clientes. No caminho
da cachoeira,no numero 365,
existem dois cocos enormes
desenhados no muro de sua
casa. O desenho é tão realista que algum desavisado de
ressaca poderá tentar beber
a água que jorra pra fora do
coco, o artista avisa que seu
ateliê tem água de coco de
verdade e se alguém tentar
beber a do muro, bem ima-
A água da piscina do vizinho é sempre mais limpa
de lá tem investimento, o de cá
apenas impostos e taxas. O pior
é saber que o lado de cá tem ruínas, praias maravilhosas, trilhas,
quilombos, etc..., que qualquer
outro povo, até mesmo o primo
rico (que já foi pobre), faria dinheiro com tanta história, tanta
beleza e tanta oportunidade.
O primo agora é rico porque
respeitou seu povo. Se o povo
da Tabatinga de cá pudesse falar, sairia de cena e ía para o lado
de lá para ser tratado com dignidade e respeito. Do lado de lá
o povo colabora com os impostos, taxas, investimentos e não
reclama de pagar o que deve,
pois tem retorno. O primo rico
(que já foi pobre) deu o exemplo.
Cabe a nós parar de achar que
a água da piscina do vizinho é
sempre mais limpa e botar a mão
Editado por:
Litoral Virtual Produção e Publicidade Ltda.
Caixa Postal 1524 - CEP 11675-970
Fones: (12) 3832.2067 (12) 9714.5678 / (12) 7813.7563
Nextel ID: 55*96*28016
e-mail: [email protected]
Tiragem: 3.000 exemplares - Periodicidade: mensal
Responsabilidade Editorial:
Emilio Campi
Colaboradores:
Adelina Campi, Ezequiel dos Santos e Fernando A. Trocole
Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores
e não refletem a opinião da direção deste informativo
na massa (ou água?) e fazer uma
faxina na nossa piscina. Trocar
essa água suja, esverdeada com
o limo do descaso, com fungos da
incompetência e com parasitas
do dinheiro público por uma água
nova, corrente, limpa e cristalina.
Cabe a nós transformar nosso
primo em um empreendedor valente, para fazer com que o primo rico tenha como vizinho outro
primo rico, e junto com seu povo
trazer o progresso para a região.
Para quem não entendeu essa
história recomendo que faça um
passeio pela Tabatinga, entrando pelo lado de Ubatuba, seguir
pela estrada das galhetas, passar a ponte e sair pela orla da
Tabatinga (do lado de lá), até a
rodovia. O contraste é intenso! A
vergonha também...
Emilio Campi - Editor
gine em que situação ficará o
indivíduo.
Sérgio é bem conhecido na
região como “Filé” e realiza
várias atividades artísticas
como desenho, pintura e aerografia (spray). Com estas
técnicas realiza trabalhos personalíssimos em tatuagem
de henna, pranchas de surf,
personalização de capacetes,
quadros, camisetas, parede,
muros e cartazes. Filé utiliza
para a moldura de seus quadros material de reuso ou
descartes. Ele é membro do
Motoclube Dose Letal, quem
vem junto com outros MCs
locais realizando várias ações
sociais, educacionais e de
transito. Lembre-se no caminho da cachoeira existe um
artista, existe um grande artista no caminho da cachoeira,
que você tem que conhecer.
25 Janeiro 2012
Página 3
Jornal MARANDUBA News
Nossa Senhora do Mel visita fiéis da região sul
EZEQUIEL DOS SANTOS
Nos últimos dias 7 e oito de
janeiro, visitou a região sul de
Ubatuba a imagem peregrina
de Nossa Senhora de Fátima
vinda de Mirassol, interior de
São Paulo. A imagem ficou a
disposição dos fiéis na Matriz
Cristo Rei, na Lagoinha e no
Sertão da Quina. A ilustre visitante havia sido anunciada
pelo padre Carlos Alexandre
meses antes e sua chegada foi
uma grande festa. Na tradicional missa e procissão do dia
8, no Morro do São Cruzeiro,
milhares de fiéis, moradores
e turistas, tentaram tocar em
sua beleza.
Considerada por muitos um
dos sinais mais “doces” da Virgem Imaculada, famílias inteiras
vieram ao seu encontro. O padre convidado Dimas Eugenio,
de Paraibuna, conduziu a missa
no monte e a descreveu como
“Nossa Senhora do Mel” e que
de fato o mel é um dos quatro
sinais dados pela Imaculada.
Outros sinais são a água, o
sal e o azeite. Muitos curiosos
também foram visitar a imagem “para crer com os próprios olhos”. A imagem visita
todo o Brasil e já foi matéria
da revista Veja e Fantástico da
Rede Globo. Feita de gesso, a
imagem foi trazida de Fátima
(Portugal) em 1991 por encomenda de uma família da
cidade de Mirassol. No dia 13
de maio de 1993 começou a
lacrimejar mel. Muitos atribuíram fraude ao acontecimento,
então a imagem passou por
estudos no gesso e por uma
ultrassonografia computadorizada, no resultado não foi encontrada a causa científica das
manifestações.
Em cada região, seu corpo
apresenta uma manifestação diferente e de seus olhos
vertem mel, sal e azeite. A
quem diga que a imagem que
esteve em Ubatuba verteu
sal e azeite, mas em grande
parte verteu apenas mel. Ela
foi estudada pelo padre e parapsicólogo Juarez Farias, 35
anos, da Diocese de Ilhéus,
na Bahia, que passou três semanas na região de Rio Preto para investigar a Santa do
Mel. O padre segue as orientações da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB).
Em matéria publicada na
internet e na revista Veja a
Igreja atesta que não há fraude, mas continua a investigar
os fenômenos. A imagem que
visita também presídios e escolas é acompanhada por Rosalina Mano Ramos e Cristina
Baff de Oliveira, que dizem
serem mulheres comuns, pessoas normais.
Muitos afirmam que o fato
de a imagem verter ou não alguma substancia não altera a
fé que possuem, ao contrario,
é mais um sinal da graça da
Mãe Imaculada. Na missa, no
Emaús, muitos fiéis se emocionaram e ela, ao final, foi
demasiadamente fotografada.
Foram distribuídas ainda milhares de copinhos com gotas
do mel vertidos pela imagem.
Segundo as guardiãs, ela
mostra manifestações com
mel, que significa a doçura de
Maria, o sal, que simboliza a
sabedoria, a água que simboliza o dom da vida e o azeite,
que é a unção do sacramento.
Como ela já havia aparecido
neste território em 1915, talvez o mel representasse mais
que alguma mensagem a região. Padre Carlos se mostrou
feliz com a visitação de fiéis a
imagem e que, segundo ele, é
mais uma bênção a este solo
sagrado.
Página 4
25 Janeiro 2012
Jornal MARANDUBA News
Polícia descobre desmanche no Sertão da Quina Aberto concurso: “Crie um logo para
enfrentar o tráfico de pessoas”
Durante policiamento pela BR
101, Rodovia Rio/Santos, em
Ubatuba, a Polícia Rodoviária
Federal descobriu um desmanche de veículos. O fato ocorreu
no dia 23 de janeiro de 2012,
por volta das 11h15, quando
os policiais receberam uma
queira de furto de veículo.
Ao patrulhar a região, o
veículo VW Parati de placas
HVJ9025/BA foi encontrado
em frente a uma oficina de
desmanche de carros., o que
motivou uma averiguação
ainda maior, onde foi encontrado o VW Parati de placas
BOX0376/SP, também com
queixa de roubo.
Os policiais da PRF ainda
encontraram quatro motores
com indícios de adulteração,
placas de identificação com lacres rompidos, e mais três veículos com restrições judiciais.
Os fatos foram relatados à
autoridade de plantão no Distrito Policial que, em diligência, acionou a perícia técnica,
para apurar os fatos.
Bom exemplo!
Jovem toma iniciativa de
recolher o lixo na praia da
Maranduba.
No último dia do ano de 2011,
o JMN não poderia de deixar
de citar um bom exemplo de
manutenção, limpeza e cuidado com o nosso patrimônio
natural. Neste dia, os jovens
César Marcolino, Gustavo Alves, Rubens e Fernando por
iniciativa própria recolheram
todo o lixo entre um quiosque e um bar na Praia da
Maranduba. Segundo os jovens “É uma tristeza ver praia
lotada de lixo, quem traz o
lixo deveria levá-lo e não deixar num local belo onde todos
usufruem”.
A iniciativa se deu por dois
fatores: por ver que na Praia
Grande a prefeitura disponibiliza equipe uniformizada para
sua limpeza e pela quantidade
de lixo que os visitantes, turistas e até alguns comerciantes
deixam na praia. Foi apenas
um pequeno trecho, mas se
todos fizessem um pequeno
trecho todos os dias, aplicassem um pouco de educação
e bom senso não haveria lixo
no chão. Ai está um dos bons
exemplos que muitos não dão
valor, mas tem quem veja e
reconhece
O Comitê Regional Interinstitucional de Prevenção e
Enfrentamento ao Tráfico de
Pessoas do Litoral Norte informa que estão abertas as inscrições para a seleção de um
logotipo oficial que identifique
o Comitê Regional, cujo tema
é “crie um logo para enfrentar o tráfico de pessoas”. As
inscrições poderão ser realizadas na Diretoria de Ensino de
Caraguatatuba, Secretaria de
Assistência Social de Ilhabela,
Secretaria da Educação de
São Sebastião e na Secretaria
da Educação de Ubatuba.
Os trabalhos poderão ser
entregues nos locais determinados no edital até o dia 02
de março de 2012. Para que
o candidato possa ter mais informações sobre o tema basta
acessar o site do Conselho Regional de Psicologia e da Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania do estado de
São Paulo. Poderá participar
do Concurso qualquer morador do Litoral Norte, devendo
no ato de inscrição comprovar
seu local de residência por
meio de cópia de conta de luz
ou extrato bancário.
Não poderão participar os
membros da comissão e parentes (filhos, cônjuges, pais,
tios ou primos) e os menores
de 18 anos deverão ter assinada a ficha de inscrição pelos
pais ou responsável. Cada participante poderá inscrever apenas um logotipo, tamanho 10
x 10, gravado em cd com 300
dpi em jpg, tif ou pdf e uma
cópia impressa, em versão preto e branco e/ou em cores. A
apuração terá duas etapas: a
municipal e a regional. Haverá
premiação como maquina fotográfica, bicicleta, celular para
os quatros primeiros ganhadores. Vale a pena participar. O
acesso ao “Edital do Concurso”
poderá ser feito pelo e-mail do
“Comitê Regional Interinstitucional de Prevenção e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas
do Litoral Norte”: [email protected]
Canção Nova realiza
programa de TV na região
MATHEUS RUFINO
Na última quinta feira, 12, cerca de 30 integrantes do grupo
de jovens participaram da gravação do programa “Juntos Somos Mais” da rádio e TV Canção
Nova no bairro do Sertão da Quina. Os produtores do programa
pesquisaram na internet sobre o
grupo da região e sobre a histórica capela de Nossa Senhora
das Graças e para cá vieram em
busca de mais informação.
O grupo se reuniu no antigo
Morro do São Cruzeiro e seus
integrantes foi quem realizaram
o bate-papo e as entrevistas. O
jovem Natan se fez de repórter na ocasião entrevistando os
próprios amigos. Os produtores
tiraram fotos do Emaús e da
capela. O programa ainda não
tem data definida para ir ao ar,
mas o grupo será comunicado
com antecedência quando haverá sua exibição.
ANUNCIE:
(12) 9714.5678 - 7813.7563
25 Janeiro 2012
Página 5
Jornal MARANDUBA News
Petrobras responde a Rogério Frediani sobre inclusão de Ubatuba no Pré-sal
No último dia 4, a Petrobras
através de sua Gerencia de
Meio Ambiente da Unidade
de Operações de Exploração
e Produção da Bacia de Santos encaminhou documentos
em resposta ao Oficio CMU-RF
81/11 do vereador Rogério
Frediani-PSDB na qual responde aos questionamentos
sobre a inclusão de Ubatuba
e demais municípios do Litoral Norte no Pré-Sal. Frediani
solicita a revisão do EIA-RIMA
(Estudo Prévio de Impacto
Ambienta-Relatório de Impacto Ambiental) baseado
em estudos do especialista da
Unicamp, João Paulo Macieira
Barbosa, apresentado no XVII
Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos na qual descreve
sobre a evolução dos eventos
extremos de precipitação no
setor paulista da serra do mar.
Em audiência pública em
Ilhabela, a Petrobras mostrou
a comunidade do litoral norte
um estudo na qual transferiu
ao litoral sul a base de operações por conta das condições
metrológicas serem mais favoráveis de que Ubatuba. Na
realidade falou-se das condições climáticas no uso do aeroporto, que neste caso seria
de Ubatuba, mas a Petrobras
optou pelo de Itanhaém, litoral sul de São Paulo. Itanhaém é responsável pelo transporte dos funcionários da
Petrobras até a Plataforma de
Merluza (184 km de distância
da costa paulista) e a Plataforma de Mexilhão (320 km),
a 50 minutos de helicóptero.
No local, a Petrobras produz
gás natural e condensado de
petróleo. Tendo em vista o
estudo que aponta Ubatuba
com melhores condições pluviométricas a Petrobras, por
ordem do próprio Ministro de
Minas e Energia Edison Lobão,
encaminhou os documentos
de Frediani para análise e estudos.
Em resposta, Marcos Vinicius de Mello, Gerente Setorial de Meio Ambiente, através do oficio UO-BS/SMS/
MA 0397/2011 da Petrobras
informa que não vê óbice na
inclusão de Ubatuba e demais
municípios do litoral norte no
Eia/RIMA. O gerente informa
ainda que aguarda a manifestação do IBAMA para que
tal inclusão seja formalizada,
de modo que tal Estudo, enviado por Frediani, seja revisto nos termos que regem os
processos de licenciamento
ambiental para o atendimento
ao vereador.
Na resposta o gerente afir-
ma que assim que o IBAMA
se manifestar a cerca da inclusão de Ubatuba e demais
municípios do litoral norte, o
vereador e demais secretarias
envolvidas serão comunicadas
para que tomem conhecimento de tal inclusão e que para
os demais esclarecimentos a
unidade está a disposição do
vereador.
No documento de Frediani
fala da importância de sua
economia fundamentada na
quase totalidade no turismo
e no veraneio, principalmente
em possuir o único aeroporto do litoral norte, o Gastão
Madeira. Tamanha importância dos questionamentos do
vereador que os documentos enviados pela Câmara de
Ubatuba passaram por várias
secretarias e departamentos
dentro do ministério para ciência e conhecimento do estudo
enviado por Frediani. “Sabíamos que Ubatuba não estava
incluída no Pré-sal, corremos
atrás para que esta situação
pudesse ser invertida, o que
está acontecendo.
Estando favorável a Ubatuba,
esta situação vai gerar recursos para o município e todo o
litoral norte, agora é aguardar
os detalhes para que a inclusão se efetive em definitivo e
que todos possam ganhar com
isso, quero aproveitar para
agradecer as pessoas que me
ajudaram nesta empreitada,
esta colaboração foi fundamental”, comenta Frediani.
O vereador espera que o
Executivo Municipal tome ciência do que acontece e que,
com isto, possa arrecadar o
máximo possível para o desenvolvimento sustentável de
nossa cidade.
Página 6
25 Janeiro 2012
Jornal MARANDUBA News
Gestores do INEA/RJ buscam experiência sobre
observação de aves de moradores da região sul
EZEQUIEL DOS SANTOS
No último sábado dia 21, gestores do INEA/RJ – Instituto
Estadual de Meio Ambiente do
Rio de Janeiro (o equivalente
a Fundação Florestal de São
Paulo) se reuniram com moradores da região sul que fizeram
o curso de observação de aves.
O encontro aconteceu na área
da cantina da capela Nossa
Senhora das Graças e estava
presente o professor de observação de aves Carlos Rizzo, a
caiçara Patrícia Maciel e a guia
de turismo e intérprete Sylvia
Junghahnel, de Paraty.
Do Rio de Janeiro vieram os
gestores João Emilio Fernandes
Rodrigues, Ricardo Wagner,
Felipe Lima Queiroz e Luana
Almeida Bianchini, que representam os Parques estaduais
cariocas de Cunhambebe, Desengano e Concórdia. Os gestores ouviram atentamente
doze moradores que possuem
qualificação para a atividade
de observadores de aves e algum envolvimento ou decepção direta ou com familiares
em relação à criação do Parque
Estadual da Serra do Mar. Foi
dado destaque a questão cultural e ao reconhecimento e valorização do etnoconhecimento
como ferramenta de transformação da comunidade. O
dado mais aguardado foi sobre
a importância da atividade de
observação enquanto comunidade e na conservação da cultura e da biodiversidade. A eles
foram explicadas as condições
de que a observação transformou suas vidas de “bandidos
Festa e ação social no aniversário
do Motoclube Dose Letal
Fotos: Afonso Rosário
ambientais” a um povo que
tem valor e reconhece o meio
ambiente em que está inserida,
que tem de protegê-lo, reconhecendo os laços culturais e
de fraternidade entre as pessoas. Foi dito ainda que a iniciativa da Lei (única no mundo)
que reconhece a atividade de
observadores de aves partiu da
região.
A conversa foi muito boa e
outros detalhes sobre a transição, qualificação e envolvimento das pessoas em transformar
o que sabem em uma atividade legal, prazerosa e rentável
também foram abordados.
Várias opções e ações foram
descritas sobre o passado, a
grande maioria da população
já havia tentado conversar com
as autoridades, porém não havia voz e nem vez. Esta atitude
transformou moradores considerados referencias em criminosos o que culminou num
problema familiar e localizado
transformando-o em um pro-
blema regional e constrangedor
aos formadores do processo civilizatório nacional. Atualmente
existe uma grande valorização
das atividades que se inserem
no que é chamado Turismo de
Base Comunitária o TBC, que é
da maior relevância econômica, social, cultural e principalmente ambiental. Por conta do
passado negro enfrentados por
comunidades inteiras, muitos
moradores ainda não acreditam
no seu poder transformador de
uso, manejo e “ganha pão”.
Com o conhecimento adquirido
e as belezas preservadas, como
os exemplos das aves, do modo
tradicional exclusivo e genuinamente caiçara hoje existe público que paga para ouvir e ver
este conhecimento.
Na despedida houve o convite
aos gestores para acompanharem as atividades dos observadores da região, além de conhecer melhor as comunidades
envolvidas e conhecer o nosso
delicioso café caiçara.
ANUNCIE:
(12) 9714.5678 - 7813.7563
Nos últimos dias 26 e 25 de
novembro 2011, os integrantes
do Motoclube Dose Letal realizaram no campo de futebol do
Sertão da Quina a sétima edição de seu aniversario. O evento contou com quatro toneladas de som, duas mega tendas,
sorteios de brindes, rifas, troféu alusivo ao evento, além de
muito rock in rol. No gramado
tinha ainda varias barracas:
pastel, salgados, esfiha, yakissoba, churrasco, doces, caldo
de cana, churros, bebidas. Uma
ambulância da capital paulista
estava a disposição do evento,
uma concessionária de veículos
também mostrou seus produtos
nestes dias.
O rock ficou por conta das
bandas Teorema, Blackout,
Original 80, 48 Horas e Banda dose Letal. No primeiro dia
até as 22 horas foram contados cerca de 500 pessoas e
162 motos e 70 veículos. Todo
material descartado foi doado
aos catadores da região e as
latinhas de alumínio ficaram
para a Associação dos Protetores de Animais da Região
Sul.
Embora houvesse um megaevento em Caraguatatuba e
São Luiz do Paraitinga, festas
pra todos os lados a diretoria
comenta que o saldo foi positivo. Para a entrada foi cobra-
do um quilo de alimento não
perecível, com isto foi possível
arrecadar 35 cestas básicas. O
alimento arrecadado está sendo distribuídas entre as igrejas
e famílias carentes da região.
Uma parte dos alimentos foi
entregue na Aldeia do Promirim, Região Norte de Ubatuba
para a ceia de natal.
O evento alavancou o nome
da região mais uma vez. Nesta
edição do aniversario foi dado
a partida para uma nova idéia
de trabalho sócio-educativo,
que é o projeto de relacionado a cidadania e orientação
de transito. A equipe pretende
trabalhar 2012 com o projeto
“Ciclista Mirim Dose Letal”,
que trabalhará adolescentes a
partir de 14 anos sobre, orientação, legislação e a formas
de conduzir ciclomotores e
bicicletas, a importância do
uso consciente, a educação na
sua condução e uso, além de
trabalhos de respeito aos cidadãos.
O trabalho tem previsão de
ser aplicado no período escolar e tem a parceira de comércios locais e a da Base de
Segurança Comunitária da
Maranduba, parte importante
da aplicação das metodologias
escolhidas. Alguns cadastros
já foram realizados, agora é
aguardar.
25 Janeiro 2012
Página 7
Jornal MARANDUBA News
Filho da região apresenta Projeto da Casa Emaús
EZEQUIEL DOS SANTOS
No último dia 13 de dezembro
o caiçara e Aluno de Arquitetura e Urbanismo João Carlos dos
Santos, 40 anos, apresentou seu
trabalho de conclusão de curso nas Faculdades Módulo em
Caraguatatuba. O tema é um velho conhecido da Região Sul de
Ubatuba, do litoral norte a até do
Brasil- A casa de Emaús e o local
de uma das aparições de Nossa
Senhora das Graças no bairro do
Sertão da Quina.
O autor nasceu, cresceu e viveu
sua vida inteira aos pés do Morro
do Emaús (Antigo Morro do São
Cruzeiro), lá participou de vários
eventos religiosos e sociais, tendo, pois, conhecimento suficiente
para falar e recriar o espaço que
fez parte de sua vida, história e
religiosidade. “Quando entrei no
primeiro ano de faculdade já pensei no assunto, mas o trabalho
mais difícil foi o deste último ano
(2011). Sempre pensei no resgate
da cultura e das tradições religiosas daquele território”, comenta o
autor. João também é descendente direto das meninas que presenciaram o aparecimento físico da
Santa naquele morro.
Comenta ainda das lembranças
da época de escola, das atividades de educação física que era realizado no morro em uma quadra
de barro. João, quando adolescente, chegou junto com seu irmão Paulo, a ajudar o pai a limpar
os vãos dos bloquetes em frente a
capela tirando o mato que insistia
em nascer ali. “O meu sonho foi
fazer da Casa de Emaús um projeto novo já pensando na realidade
de hoje, mas sem deixar morrer
a história do passado e principalmente respeitando a vontade de
Nossa Senhora das Graças, que
nas suas aparições disse que ali
seria construída uma casa de conversão, e pensando nisso mergulhei de cabeça no projeto” diz o
arquiteto sobre seu antigo sonho.
Um dos atores consultados foi o
idealizador da Casa de Emaús na
década de 1970 Frei Vitório Fantini, que segundo o autor, foi de
muita importância ao engrandecimento do projeto. Segundo Frei
Vitório “a casa de retiro é um local
onde as pessoas vão buscar a sua
paz interior, vão buscar Cristo, e
nos retiros eles descobrem que
Cristo sempre esteve com eles,
só bastavam eles olharem pra si
mesmo. Disse ainda sobre a simplicidade da casa, principalmente
dos dormitórios que são desprovidos de luxo”.
O autor não mexeu na imagem e
na capela de pedra apenas mudou
o desenho do telhado atendendo
ao projeto antigo idealizado pelo
Frei. O projetista fez um estudo
que em 2025 a Diocese poderá
dobrar o número de paróquias,
que hoje possui 16. Portando o
estudo foi baseado no aumento
de paróquias e fiéis, de forma que
possa atender esta demanda.
O projeto da Casa atende a 200
pessoas e possui requintes de
detalhes, alguns muito específi-
cos que atendem os portadores
de mobilidade reduzida e cadeirantes, conta com dormitórios
acessíveis, tanto masculinos como
femininos. Com palco, solarium,
garagem, salas e para os dias de
missa e procissão como ocorre no
dia 8 de cada mês, foi reservado
um espaço para a realização das
missas campais onde o palco dividi-se com o auditório da casa, utilizando assim o mesmo camarim e
sala de som, podendo até transformar o auditório interno em uma
grande sala de espera para dias
de grandes eventos. Também na
disposição de 6 salas que podem
ser utilizadas durante a semana
(período em que nas maiorias
das vezes não há realizações de
encontros). Essas salas poderiam
ser utilizadas tanto na formação
de curso profissionalizantes quando para a catequese. Também
foi pensado num estacionamento
para 60 veículos e 3 ônibus , e um
espaço para ambulância também
foi reservado. “Tudo que vivi naquele local eu tentei colocar nesse
novo projeto, pensando sempre
nas palavras de Nossa Senhora e
resgatando a história do povo daquele lugar”. Finaliza o arquiteto e
urbanista João Carlos.
Na universidade sua apresentação ficou para o final, os que já
haviam se apresentado permaneceram para ouvir os últimos trabalhos, sorte foi a deles que presenciaram a grandeza e a importância
do projeto apresentado por João
Carlos. No final da apresentação
todos subiram ao palco para parabenizá-lo, geralmente as pessoas
cumprimentam os autores na data
de colação de grau. João faz um
agradecimento especial ao artista José Alberto Fernandes, o “Zé
Carambola”, que também foi um
cursilhista da Casa de Emaús na
década de 80, convidado a pintar um quadro para a capa deste
trabalho, aonde sabendo da grandeza do conjunto da obra, mesmo com a saúde debilitada, não
mediu esforços e assim o fez em
apenas 10 dias. Felizmente seo Zé
terminou a pintura, porém, não
viu o término deste trabalho, pois
faleceu no dia 26 de outubro de
2011. Seu Zé é sogro do arquiteto e quando solicitado não mediu
esforços para fazer parte desta
grande obra a Deus.
Vale lembrar que o autor foi aluno bolsista do PROUNI. Ele fez o
Enem em 2007 e conseguiu bolsa de 50%, mais um incentivo as
pessoas que não tem condições
financeiras de fazer uma faculdade e para que os jovens levem a
sério o Enem. Nos traços, linhas
e levantamentos de seu trabalho,
João faz questão de lembrar-se de
seu passado na região e que muitas das coisas que viveu ajudou a
planejar seu trabalho de futuro,
vindo de família tradicional não
esqueceu suas raízes e voltou para
presentear os gloriosos do passado com uma espetacular obra de
arte, que embora ainda no papel
foi sonho dos antigos, testemunhas oculares de uma acontecimento mágico, religioso e especial
naquele Sertão da Maranduba, pedaço de chão sagrado, que renasceu em 8 de novembro de 1915
após o rosário das 18 horas na
casa do Capelão Luiz Félix.
Página 8
25 Janeiro 2012
Jornal MARANDUBA News
Cachoeira da Água Branca: patrimônio de um povo pluriétnico
Com cerca de 200m de caída de água pura e cristalina
a cachoeira da Água Branca, como é mais conhecida,
mostra-se incrível e imponente, de beleza inigualável. Seu paredão rochoso
de granito verde e suas trilhas escondem ainda muito
mistério e beleza, além de
muitas histórias em torno
de seu nome.
Cuidada pela população
local como ícone do seu processo de existência. Água
Branca nasce das águas
do Rio do Brilhante, já nas
proximidades do Vale do
Paraíba, foi sem duvida ponto de parada e descanso dos
índios que aqui viviam ä séculos, depois pelos desbravadores europeus e negros
indígenas, rota do trafego
negreiro (assim como a Pedra Preta que ainda possui
dois fornos de carvão para
uso das fazendas da Cacandoca e Ruínas da Lagoa).
Com cerca de 9 km, a trilha e realizada aproximadamente 9 horas de caminhada (ida e volta). O local
possui várias trilhas que levavam ao Vale do Paraíba,
com dados mais frescos ainda do período escravocrata,
do ciclo do café, da cana de
açúcar e da troca de mercadorias. Em seu trajeto não
é difícil encontrar vestígios
deste período, basta observar trechos do caminho que
afundou de tanto servir de
passagem.
É de fácil visualização as
orquídeas e bromélias que
enfeitam o acesso e as aves
e animais que habitam a
mata atlântica. Alguns deles
como o Tangará Dançador,
ave símbolo do município de
Ubatuba, sua plumagem é
da cor da bandeira do município (vermelho, preto,
azul e branco) e seu ritual
de acasalamento é um espetáculo a parte. Inúmeras
vezes há uma parada para
um delicioso banho, pois
além de quedas de águas
pelo caminho encontramos
poços de águas cristalinas e
convidativas para um banho
relaxante. Com nível de dificuldade alta e é recomendada a contratação de um
guia local.
Vários outros procedimentos têm de ser seguidos,
principalmente pela segurança dos visitantes e a conservação da mata.
Obedecendo as regras de
segurança você terá sem
duvida uma dos melhores
passeios de sua vida.
Energia Hidroeletrica
No ano de 1957, alguns
moradores foram contratados pelo governo para trabalhar em uma sondagem
nas paredes de granito verde Ubatuba no entorno da
cachoeira da Água Branca
para fins de implantar um
gerador de energia hidroelétrica ligada à represa
de Paraibuna. Foram mais
de um ano e cinco meses
de pesquisas, utilizaram-se
dois motores que gastavam
cerca de 100lts de combustível, um a gasolina e outro a
diesel, ate dinamites foram
Foto: Afonso Rosário
utilizados no local. A comida
saia do Sertão da Quina as
09h30min da manha para
chegar ao local das sondagens às 11h30min, pelo
caminho ainda recolhiam
bananas do bananal do então Manoel Correia (Pai da
Tia Rita, do Ditinho Correia,
Maria Correia, da Iolampia,
Zé Correia Velho, Tio Guido). O alivio foi quando o
projeto da hidroelétrica ficou realmente ao lado da
atual represa, já que a saída
de água poderia ser para o
lado do litoral, o que numa
vasao de água da represa
poderia inundar as casas e
as rocas do Sertão da Quina
e Maranduba. Trabalharam
nas sondagens Sebastião
Pedro de Oliveira, Antonio Pereira, Manoel correia
de Oliveira, Guido Correia,
Emidio Luiz de Deus, Manoel Santana Benedito Luiz de
Deus-Nanzinho, tio Kito.
Vale lembrar de que desde a construção da rodovia
federal muitos tentaram tomar terras dos moradores
locais e não diferente tentaram cercar as terras no entorno da Água Branca, a população não deixou e vários
capangas foram expulsos,
os últimos que tentaram foram ainda no inicio da década de 1980.
Recomendações
Contrate um guia local.
Planeje bem sua caminhada
e informe a alguém sobre
seu passeio.
Não leve lembrança que
seja indesejável a floresta e
a segurança do grupo.
Evite fazer barulho, desfrute
dos sons da natureza.
Tire apenas fotos.
Traga todo o seu lixo de volta, deixe apenas pegadas.
Só leve o que puder trazer.
Proteja-se do sol, mosquitos, pernilongos. São comuns chuvas repentinas.
Cuidado para não causar incêndios na floresta.
Não corte nenhuma vegetação, consulte o guia.
Lembre-se o salvamento em
áreas de floresta e muito
caro e complexo.
Mantenha-se sempre na trilha, se for sair comunique o
guia. Leve seu próprio suprimento de alimentos (alguns
guias já oferecem o lanche
de trilha).
Equipamentos necessários
tênis para trilha (não deve
ser novo), capa de chuva,
lanterna, repelente, protetor
solar, recipiente para armazenar água, toalha, mochila
pequena, troca de roupa e
maquina fotográfica.
Um bom guia fará varias
perguntas sobre a sua saúde e condições emocionais
para avaliação dos procedimentos de segurança e
precaução para realizar o
passeio. Para isto o guia poderá solicitar a revisão dos
objetos a serem levados
pelo turista.
25 Janeiro 2012
Página 9
Jornal MARANDUBA News
Pico do Corcovado: 1.160 metros de aventura e mistério
Paredão de pédra na face sul do Pico do Corcovado
Ezequiel dos Santos
Considerado ponto de relevante interesse cultural e
ambiental. Marco divisório
entre o Vale do Paraíba e o
Litoral Norte. Sonho de consumo de fotógrafos amadores e profissionais, o pico
que leva o nome do bairro
é testemunha da formação
histórica do município, este
elevado de rochas já foi tema
de dramaturgia e romances,
fonte de inspiração de escritores e historiadores e palco
de especulação dos mistérios
e segredos que rondam a localidade.
O Pico do Corcovado possui
um trecho bastante íngreme,
seu cume alcança 1.160 metros do nível do mar, de onde
é possível avistar as maravilhas do litoral e do planalto.
Com um nível de dificuldade
alta, pela aldeia possui um
percurso aproximadamente
de 5 kms, com duração em
média de 10 a 12 horas ida e
volta, é necessário um certo
preparo físico e boas condições psicológicas para alcançar o cume.
Seu paredão imponente
nos convida a desistir da subida, mas ao olhar para os
lados e para trás se vê uma
beleza rara, as montanhas
e as praias como se fossem
pinturas por baixo de um
imenso vidro, principalmente
no nascer e por do sol, é um
espetáculo recompensador.
É possível avistar o pico ainda do trecho final da Rodovia
Oswaldo Cruz, já chegando
ao município de Taubaté.
Espetáculo a parte, vale
lembrar que o mirante do seu
pico foi utilizado para o lançamento de um modelo de
veículo, peças foram içadas
de helicópteros e montados
apenas a carcaça do veículo
para uma tomada espetacular. Já abaixo, onde hoje se
encontra a aldeia, foram erguidas uma réplica de uma
aldeia tupinambá para rodar
o filme sobre o alemão Hans
Staden, participaram atores
consagrados como Stenio
Garcia e muitos outros do
próprio município.
Existem quatro rotas conhecidas para se chegar ao
cume, o mais utilizado e recomendado é por baixo do
pico, pelo território indígena
da Aldeia Renascer, existem
outros que saem do Ipiranguinha, do Sertão da Quina,
do Sertão do Ingá e pelo Núcleo Santa Virgínia no Vale
do Paraíba, que é necessário
agendar para o acompanhamento de um guia do núcleo,
o serviço é gratuito.
O Corcovado que foi importante fazenda de café e
açúcar abrigou muitos contos e mistérios, muitos deles
relatados por historiadores
da região. O local também
Fotos: Claúdia Félix e Silas Fileto
Visual do nascer do sol no Pico do Corcovado: beleza sem igual
Campanha publicitária levou
carcaça de automóvel ao Pico do
Corcovado para foto e filmagem
foi importante fornecedor de
bananas e mandioca, a localidade mantém propriedades
com as “digitais” de todos
os processos de desenvolvimento históricos e culturais,
algumas famílias mantêm,
timidamente, costumes ligados aos períodos coloniais,
que vem diminuindo por conta das restrições ambientais.
A visita requer muita atenção e cuidados, quer seja pela
segurança dos visitantes,
pelo respeito às populações
da localidade, pela manutenção do trecho de reserva da
Mata Atlântica. Em seu entorno existem várias cachoeiras.
Não existe uma legislação
específica para acampamen-
tos no pico, mas serve como
diretriz o bom senso e outros
cuidados com a segurança,
nada de cortes na vegetação,
abandonar lixo no local, sujar
ou pixar as rochas, produzir
fogos e brincadeiras que possam levar alguém a cair de lá
de cima.
Não raros foram os casos
de pessoas perdidas na floresta, que se aventuraram
sem as precauções devidas.
O local já foi passagem dos
Tupinambás, primeiros habitantes deste trecho de litoral,
depois dos negros índios e
dos colonizadores europeus,
por último, após a decadência do café, foi artéria importante para o contato com as
comunidades tradicionais do
litoral ao Vale do Paraíba,
ainda utilizada até hoje.
A visita ao pico do Corcovado é uma experiência indescritível e única, lá realmente
tem-se a sensação de poder
tocar o céu, tirar as estrelas
de lugar e segurar a lua, já na
subida nota-se a mudança do
tipo de mata, além da grata
surpresa em fotografar animais e flores lindíssimas. Lendas e fantasmas a parte, vale
a pena conferir mais um espetáculo desta Terra Tamoia.
Página 10
25 Janeiro 2012
Jornal MARANDUBA News
Depois de 50 anos caiçara fala de seu sequestro e dos filhos com a “Capóra”
EZEQUIEL DOS SANTOS
e WAGNER JOSE
Braz Manoel de Oliveira, 72
anos, natural do Sertão da
Quina, caiçara típico dos sertões, quando jovem matou
onça, enfrentou touro bravo,
morou no mato, pescou de
tudo e aos 18 anos foi trabalhar para a Petrobras abrindo
a picada do caminho que liga
Caraguatatuba a Salesópolis.
Os nativos diziam que o lugar
era assombrado, como desbravadores gostavam do que
faziam. Eles acompanhavam
uma máquina que ia rasgando
a floresta e abrindo um caminho, que existe até hoje.
Era 1958 e os camaradas viviam alertas por conta dos
bichos que viam na floresta.
“O povo de “primero” (antigamente) era até bão (bom),
a gente só tinha receio de bicho, principalmente de onça”,
comenta Braz Manoel. Valente
como um Tupinambá enveredava sem medo por grotões
e espigões da floresta, era o
primeiro a passar o facão em
algo que não conheciam ou
chumbo grosso a quem mostrasse algum perigo. Mas tinha
algo que eles temiam, viam,
atiravam, mas não conseguiam acertar. Diziam na época que para matar um destes
era necessário derreter vela
benta no chumbo.
Segundo ele por varias vezes o
grupo viu algo como humanos
se mexerem na floresta, percebia que estes seres vinham
sempre por volta das seis da
tarde e os observavam. Braz
que além de valente é curioso nato, aproximou-se de três
destes seres, era por volta
do “cerão da noite”, eles não
esboçaram nenhuma reação,
portanto parecia que não
eram agressores. Por três dias
eles fizeram o mesmo ritual,
Foto: Wagner José
só que no dia seguinte Braz
resolveu chegar mais perto.
Começa aí uma história de
contos de aventura, um dos
seres o capturou e o levou a
uma caverna.
No escuro, preso pelos fortes
braços do “ser” e viajando em
alta velocidade pela floresta
não conseguia marcar o “carrero” (caminho) do bicho para
voltar, caso tivesse êxito na
fuga. Pela manhã estava aninhado no fundo de uma caverna escura sobre um acolchoado de palha e folhas, a
sua volta utensílios de cozinha
feitos de madeira e conchas,
frutas e bicho do mato para
saciar a fome. “Comi, tava
com fome”, quando saiu viu
a sua frente seu algoz - uma
Capóra, em carne, osso e cabelos. “Era um ser alto, forte
e veloz, tinha cabelos até os
tornozelos, não falava, comunicava-se através de ameaços com os braços e mãos,
pés para traz e era uma fêmea, só dava para ver partes
do rosto, olhos, nariz e boca
quando afastava os cabelos”,
descreve o aventureiro. Braz
como bom caçador, se fez de
caça, ficou pra observar seus
costumes, seu ritual, seu jeito, os horários de saída e
chegada, o local onde estava,
sempre planejando uma rota
de fuga. Por outro lado, os
companheiros de serviço e a
empresa empreitaram busca
ao seu valente funcionário.
Mas foi em vão! Com o tempo todos pensavam que Braz
havia morrido. Ele descobriu
que o ser tinha medo de água
da chuva, do rio e do mar e
que suas unhas serviam como
navalhas e que com o tempo
ganhava liberdade para tomar
banho no rio e colher frutas.
Caçar ela não deixava, buscar
lenha também, com o tempo
ele foi sendo mais bem tratado e que ela era na realidade
uma mulher que não falava de
cabelos longos. “Tinha tudo
que uma mulher tinha e tava
tudo em cima, só que tinha os
pé virado, me botava no colo,
trazia comida, botava eu pra
dormir, trazia lenha, frutas,
caça”, alguns destes detalhes
não puderam ser publicados.
Sem noção do tempo ele foi
ficando e acabou descobrindo
a direção do mar.
Conta que em um dado momento pintou até um romance, um clima e com ela teve
dois filhos. Segundo Braz também havia Capóra macho, que
seqüestravam mulheres. Para
ele os seres buscavam companheiros para procriarem e que,
no caso dele, no momento da
procriação era “igualzinho a
uma mulher que conhecemos”
e que até a amamentação e o
trato das “coisas” (partes intimas) parecia muito com a dos
humanos. “Um dia avoei no
mato, não quis saber, acompanhei o rio e quando cheguei
na préia via ela atrás vindo a
galope, me pinchei na água do
mar e lá fiquei, ela me mostrou a criança, com o braço
me chamava, margulhei bem
fundo e ela foi-se embora”,
descrevendo a fuga. Nadei
pra outra praia, achei a picada
de Ubatuba a Santos e segui
“adiente”, encontrei uma casa
simples, dentro uma senhora
me socorreu barbudo e com
fome. “A sopa d’água estava
uma delicia, fazia tempo que
eu não comia algo tão gostoso”, desabafou pra senhora.
Ele contou o caso à dona da
casa que falou da existência
da Capóra e que seria o único
humano que conhecera com
vida fugido das garras deste
ser da floresta. Braz conta que
uma mulher também cabeluda havia aparecido na Ilha do
Montão de Trigo em São Sebastião, ela havia fugido de
uma Capóra macho e chegou
a ilha com vida.
Aos 21 anos Braz se reapresenta a empresa, recebe todos
os anos atrasados e recomeça
a vida em outra função. A vida
segue e agora em 2012 confessa que a Capóra foi sua primeira mulher e que sente falta
dos filhos que com ela teve.
Já tentou voltar, mas sua mãe
não permitiu. Braz teve mais
cinco mulheres, a última o
acompanha por 41 anos e que
o fez “segurar o facho”. Braz é
conhecido como Braiszinho do
Fidencio, cujo pai, assim como
o filho tem também muita história para contar. Braz deu
dicas de várias outras aventuras, que para deleite de nossos leitores publicaremos em
outras edições.
25 Janeiro 2012
Página 11
Jornal MARANDUBA News
Região perde dois ilustres personagens de sua história
Faleceram no último dia 9,
segunda-feira, dois ilustres
moradores tradicionais e queridos caiçaras da Maranduba
e da Praia do Pulso, a senhora
Maria Elisa do Prado, 87 anos e
o pescador Bernardino Cesário
do Prado, 70 anos, da praia do
Pulso.
Ela, de causas naturais, ele
decorrência do diabetes. Ela
carinhosamente conhecida por
“Dona Santa”, deixa oito filhos,
netos e bisnetos. Ele deixa esposa, dois filhos e netos. Os
dois deixam um legado de persistência, independência, trabalho duro e honesto, amizade
verdadeira e o bem da família
e da comunidade.
Nesta triste data, fecharam-se as páginas da história de
dois grandes personagens de
nossa história de lutas e conquistas, biblioteca ambulante
e uma grande enciclopédia do
patrimônio formador do povo
brasileiro.
Ela, mãe dedicada, mulher
parceira, avó presente e bisavó
carinhosa, seu cheiro, sua voz,
seu abraço fará muita falta aos
que a conheciam. Ele, pai dedicado, esposo presente, pescador nato, batalhador e paciente, espalhou alegria na última
Convite à Comunidade
década de sofrimento físico e
de alento espiritual.
Os dois que são primos em
primeiro grau amaram e dedicaram suas vidas ao local, a fé
original e ao povo que conheceu. Ele, no local que nasceu,
cresceu, dizia que só sairia
morto, o que fato aconteceu.
A comunidade da região sul
de Ubatuba lamenta estas
grandes perdas e se manifesta
verdadeiramente solidária aos
familiares de Dona Santa e Bernardino. Nestes últimos dias as
dores sofridas por familiares e
amigos foram compartilhadas
por toda a comunidade.
A AMASQ convida à todos para reunião com o secretário municipal de Saúde, Clingel Frota, na
sede da associação dia 13 de fevereiro de 2012 às 19:00h. Participe
AMASQ
Associação de Moradores e Amigos do Sertão da Quina
ACESSE
JORNAL MARANDUBA NEWS
NA INTERNET
www.jornalmaranduba.com.br
Página 12
Gente da Nossa História
EZEQUIEL DOS SANTOS
Com certidão de nascimento
preenchida a mão, Maria Balio e
Hilário Antonio do Prado levava ao
cartório para registrar uma menina branca, que em nossa região
deixaria um legado de trabalhos
em prol da formação e a educação de gerações. Era a filha Maria
Apparecida, isto mesmo com duas
letras “p” no sobrenome, mais conhecida por Cida Balio. Ela nasceu
na Ilha Anchieta no dia 9 de dezembro de 1937. Cida tem como
irmãos o Tião, José, Ceci, Antonio,
João, Benedito, Terezinha, Julia e
Otilia. Na década de 1940 seu pai
era proprietário de um alambique,
por onde hoje é o posto de saúde
e o colégio do Sertão da Quina.
Além da “marvada”, lá se produzia de tudo a sobrevivência dos
familiares e dos trabalhadores.
Quando criança viu pela janela,
junto com o irmão José, seu pai
e os amigos João Rosa e Balduíno
queimarem um Judas com as roupas de Adolf Hitler.
Na época o alambiqueiro oficial era o Jerônimo Cabral. Anos
depois ela acompanhou a perda
do pai. Ele havia se envolvido
em um desentendimento com o
compadre Dito Gomes, este, que
estava “sapecado” (bêbado), desferiu um golpe com uma garrafa
de vidro no braço de Hilário, que
ocasionou um corte profundo
aonde perdeu muito sangue. Lá
também ela viu um acidente com
o camarada Eleonel, que num
descuido cortou o braço nas engrenagens do alambique. Com a
morte de seu pai, sua mãe não
viu outra saída senão vender a
propriedade, que era grande e
tinha muitas culturas a cuidar.
Na época o Sr. Idomeu do Prado,
tio de Cida, doou uma área a sua
mãe Maria Balio na Maranduba.
Na época a terra tinha outros valores, o de sobrevivência e não o
de especulação. Ela, que estudou
nas escolas da região, resolveu
ir a Taubaté e iniciar seus estudos. Lá ficou com o irmão José
até se mudar a Pirassununga
onde deu continuidade aos estudos. Em Pirassununga ficou na
casa de sua antiga professora da
Maranduba, a dona Helena. Cida
trabalhava com tudo, na casa, na
venda de doces que eram feitos
por dona Helena Cera, nos trabalhos temporários, era considerada membro da família. Seu irmão
relembra de um episódio em que
empurrou a irmã e chegou a quebrar seu braço. Lembra ele que
Cida era triste, os dois brigavam
muito. “Era na época do banco
de carpintaria, ela brigava mui-
25 Janeiro 2012
Jornal MARANDUBA News
Maria Apparecida do Prado
to comigo, perdi a paciência e a
empurrei do banco, a gente era
muito pequeno e arteiro”, comenta o irmão Zézinho Balio. Quando
voltou prestou concurso e passou
assumindo o cargo de professora
primaria efetiva.
O documento do governo estadual de São Paulo que diz “Certificado de Sanidade e Capacidade
Física”, nº 247.849 de 15 de julho
de 1964, informa que Cida Balio
possui boa saúde e capacidade
física para o cargo pretendido.
Este e outros
documentos
ainda
estão
guardados com
familiares como
relíquias e testemunhas de uma
lutadora. No dia
8 de julho de
1967, na Capela
da Maranduba,
Cida se casa
com José Manoel dos Santos,
Zeca Pedro. O
casamento
foi
realizado
pelo
saudoso
Frei
Pio. Deste matrimonio nasceram
Geraldo, Josué e
Julio César. Sua
carreira começou na 1ª escola
agrupada Sertão
da Quina.
Cida não estava satisfeita, enquanto ensinava
as primeiras letras do alfabeto,
vinha pensando numa forma
de melhorar as
condições
de
ensino daquela população e
sabia que seu fardo seria duro e
pesado, dela dependia a melhoria
da qualidade de vida e a educação formal das gerações futuras.
Ela muito colaborou com os coros, cantos, teatros e promoção
de festas na escola. Quem não se
lembra dos ensaios da quadrilha
na rua entre os dois prédios da
escola, ainda sobre o som chiado de um disco de vinil naquela
vitrola portátil de marca Delta
de cor azul clara que virava uma
maleta -“Pula fogueira iaiai...”, do
mimeografo quando chegou, dos
recitais em frente ao mastro da
bandeira, da leitura em sala de
aula, das aulas de caligrafia, que
contava pontos para passar de
ano, do avental-guarda-pó, que
vinha dobrado com o bolso a ser
A eterna professora
costurado, do sino para entrar e
sair da sala, dos sacos de arroz e
de cuecas onde eram levados os
materiais.
Cida Balio e Zeca Pedro cobraram do prefeito Nélio mais uma
sala de aula, a prefeitura deu o
material e a comunidade, em apenas um mês e sete dias, levantou,
pintou e entregou pronta para o
uso. Eles recebiam em casa várias
autoridades, políticos e personalidades. Era dela a letra de uma
música que fala de “Maranduba -
um pedaço do paraíso”. O refrão
ainda é lembrado e dizia: “Você
sabe onde fica esta terra, de mar
azul, areia branca e céu de anil?
Para vocês com orgulho vou dizer, é a Maranduba um pedaço do
Brasil.” Os jovens da época junto com Cida Balio desciam até a
“préia” para tocar e cantar a noite
inteira a Dona Maria Balio, a ela
era cantada desde sertanejo até
serenatas. Numa confraternização do aniversario de Ubatuba,
dentro do Tom Bar, Cida Balio e
a mocidade do Sertão da Quina
cantaram aos participantes e para
surpresa de todos foram aplaudidos de pé. Na época o evento era
aberto pelo famoso Edu da Gaita.
Era gestão de Ciccillo Matarazzo.
Cida sabia que seu povo era so-
fredor, sabia ainda que tinha de
fazer alguma coisa para melhorar
as condições de ensino e vida,
por isso se dedicou a ensiná-los.
Muitos alunos tinham a necessidade de ajuda para fazer o teste
de admissão para entrar no 1º
grau, ela se desdobrou e lecionou
graciosamente a 10 alunos, foram
pelo menos um mês de graça, era
1980. Muitos outros exemplos foram citados por moradores neste sentido. Uma aluna dedicada
havia tido seu material queimado
por um irmão
menor, ela na
tentativa
de
apagar o fogo
queimou
as
mãozinhas, Cida
vendo que se
tratava de uma
aluna dedicada
forneceu
um
novo material
e deu aulas em
separado para
a menina voltar
ao ritmo dos outros alunos.
Quantos alunos, alguns hoje
são avós, levaram um pito de
Cida para voltar
aos
estudos.
Cida nunca fez
discriminação
dos alunos, era
professora dura
e rígida nos
ensinamentos,
muitos
levaram puxão de
orelhas
dela,
também
ninguém era santo,
quando vinha
o exército para
aplicar vacina
os alunos fugiam pelo vão do vitrô, em dia de
provas enchiam a sala com sapos
e aranhas, ou quando não vinham
molhados porque haviam “caído”
no rio e assim por “diente”, jogavam carteiras no pé dos professores. Aos alunos era maravilhoso
aprender com ela a colar as bandeiras de festa, os enfeites de natal, os pipas enfeitados. Ela deu
aulas aos três filhos e na sala de
aula os tratou como todo mundo.
Numa época em que os alunos
tinham de estudar na Ribeira o
1º grau, Cida se desdobrou em
paciência e lutas por vários anos
para trazer o primeiro colégio da
região. Alguns a desestimulavam,
uma porque não conseguiria trazer o colégio, outros, se o colégio
viesse perderia seu cargo e em-
prego. Para ela não interessava o
emprego, ela achava um absurdo
as crianças terem de sair daqui
naquelas condições.
Hoje temos o Colégio Áurea
Moreira Rachou, que graças ao
empenho de Cida Balio, lá atrás,
num passado distante tornou-se
realidade. Quando começou a lecionar abria crédito nas “vendas”
porque muitas vezes o salário vinha a cada três ou quatro meses.
Ela se aposentou e uma das últimas atividades foi à presidência
da Associação de Bairro, nesta
época ela assinou um documento essencial em favor de Dona
Clarice e seu Antonio Fernandes
na Pedra Preta ao parque estadual falando de quem eram e que
importância tinha à comunidade
o casal e os filhos, foi homenageada numa prova natatória na
Maranduba. Ela tinha 25 anos
de aposentadoria como professora. Me revelou que não tinha
muitas saudades do passado, era
um período muito difícil, de muita miséria e de falta de recursos,
falou também que iria escrever
suas memórias, uma pena, o câncer a impediu de escrever belas
histórias sobre nosso povo. No
último ano enfrentou 21 sessões
de quimioterapia, de 06 de abril
até 20 de outubro de 2011. Seu
aniversário foi no hospital e neste
dia estavam os filhos, uma irmã,
um sobrinho, duas amigas e um
filho da amiga. Ela partiu um bolo
de chocolate assoprou as velas
de aniversário pela última vez.
Antes, porém a encontrei caminhando na Maranduba em frente
à capela e ela me revelou que
estava de fato doente e que só
Deus poderia saber seu futuro,
aquilo me entristeceu.
Dez dias depois de completar
74 anos de vida a noticia do falecimento de Tia Cida, minha
eterna e amada professora. Falei
com vários ex-alunos e todos são
unânimes: ela foi uma professora
espetacular! Em respeito todos a
chamavam de Tia Cida. A noticia
triste foi no dia 19 de dezembro
de 2011, que por conta de um
câncer, nosso quadro negro da
história não mais escreveu, foi lecionar ao comando de Deus que a
fez diferente, útil, empreendedora, sábia e humana. Esta eu falo
que Deus me fez privilegiado por
conhecê-la e que a ela agradeço
o empenho que dispensou pra me
ensinar. Literalmente o que sei, o
que gosto, devo a minha eterna
e primeira mestra Tia Cida Balio.
Obrigado por tudo o que fez para
nós Tia Cida! Seus ensinamentos
fazem muita falta.
25 Janeiro 2012
Página 13
Jornal MARANDUBA News
Dicionário de vocábulos e expressões caiçaras - Parte 5
CABO DO FUSO - ( s.m.) - alavanca roliça de madeira, que
atravessa a ponta inferior do
fuso, e acionando em espiral,
enrosca-o, ou parafusa-o na
concha, imprensando o tipiti.
CAÇA - ( s.f. ) - animal selvagem da região, que se constitua em presa comestível e
objetivo de caçada.“ tivemo ai
pelo sertão caçando tatêto “
CAÇá COM A PENEIRA - (
loc.v.) - simpatia feita com
uma peneira, na sexta-feira,para tirar o medo das
crianças.
CACARECANDO - (v.t./i.)- cacarejando.
CACEá - ( v.t.)- modalidade de
pesca de vara, em que a canoa é deixada à deriva,
levada (movida ) pela força da
maré.
CACHAÇO - ( s.m. ) - porco
reprodutor.
CACHORRA - (loc.v.) - estar
com a cachorra; estar de péssimo humor; furioso; danado.
CACHORRA DA CASA - ( s.f. )
- espécie de jirau, à guisa de
armário, construido no vão da
cobertura de sapê das casas
de pau-a-pique; peça de madeira ou pedra que sustenta o
forro ou beiral das casas;
CACHORRO DO MANGUE - (
s.m.) - guaxinim .
“ fica mariscando de lá e prá
cá, correndo anssim, é cachorrinho do mangue, não
serve pra comê “
CACHORRO DO MATO - (
s.m.) - guaxinim;
CAÇIRóVA - ( s.f. ) - pombo
silvestre de cor azulada, que
se alimenta de banana.
CACO - (s.m.) - traste sem valor; pessoa doente ou velha.
CAÇôA - ( s.f. ) - não se trata
da fêmea do cação, mas sim
de uma espécie de cação, cujo
peso atinge até cem quilos. É
de índole mansa, e uma presa apreciada pelos pescadores, apesar de sua carne não
ter quase valor. Há a crença
de que este predador, mais a
tintureira e o aniquim comem
gente.
CACUIA - ( interj.) - expressão
que significa : pois olhe ; não
é bem assim;
CACUNDA - ( s.f.) - dorso;
costas.
CACURUTA - ( s.f.) - mesmo
que cacuruto.
CADêLE - ( loc. ) - onde está
? cadê ?
“ cadele minha familia, cadele
que fim levô “
CADE-LHA - ( loc.) - o que é
dela ?; onde esta ela?
“ a canoa , cadê-lha ? “
CADE-LHO - ( loc.) - o que é
dele ? ; onde esta ele?
“ fulano, cadê-lhe ? “
CAFé AGUADO - ( s.m.) - café
fraco, ralo.
CAFé COM ISCA - ( s.m.) café com mistura.
CAFé COM MISTURA - (s.m.)
- café acompanhado de iguarias; café-conosco; cafémedroso; café-gordo; café-com-isca; café-mastigado.
CAFé CONOSCO - ( s.m.) café com mistura.
CAFé DE GUARAPA - ( s.m. ) café coado com a garapa para
adoça- lo.
“ o sinhor vai istranhá o tar de
café cum guarapa “
CAFé GORDO - ( s.m.) - café
com mistura.
CAFé INTIRUME - ( s.m.) -
café sem mistura.
CAFé MEDROSO - ( s.m.) café acompanhado; café com
mistura.
CAFEADA - ( s.f.) - bule cheio
de café ; muito café.
CAGAÇO - ( s.m. ) - medo;
susto.
CAGUIRA - ( s.f.) - azar no
jogo; estar azarado; medo;
receio.
CAIÇARA - (s.m.) – habitante
da bera da praia; pessoa natural do litoral.
CAíCO - ( s.m. ) - pequeno
bote usado para levar passageiros da praia até o mar onde
espera o barco costeiro.
CAIDINHO - (adj.) - prostrado; abatido.
CAIMENTO - (s.m.) - prostração; languidez; abatimento.
CAITê - ( s.m. ) - espécie de
vegetação.
CAITITé-( s.m. ) – esquilo
brasileiro; mesmo que catingu
elê,caxinguelê,quatipurú.
CAIXãO DA RODA- ( s.m.) - o
mesmo que caixote ou gaiola.
CALAÇARIA - ( s.f.) - malandragem; ociosidade.
CALADA DA NOITE - (s.f.) horas mortas.
CALAFATE - ( s.m. ) - indivíduo cujo oficio é calafetar.
CALãO - ( s.m.) - pedaço de
paus roliços onde estão amarradas as mangas das redes de
pesca, tipo picaré e de arrasto. No picaré, os calões são
empunhados por dois ou três
camaradas que o arrastam
pela praia e, na rede de arrasto, estão amarrados aos cabos
que servem para puxa-lá para
a praia;
CALãO DE DENTRO - ( s.m. ) calão da rede que fica em terra ,na praia, na beira da água.
CALãO DE FORA - ( s.m. ) calão da rede que fecha o lanço e prende o cardume.
CALIÇA - ( s.f.) - pó ou fragmento de cal , que sai das pa-
redes em demolição
CALINGA - ( s.f.) – carlinga;
peça de madeira, onde se
assenta o mastro da vela, na
canoa.
CAMARADA DE REDE - ( s.m.
) - várias pessoas, ou alguns
familiares, proprietários de
rede de pesca, que formam
uma equipe para a pesca de
arrasto em mutirão.
CAMARãO - (s.m. ) - gatilho
da arma de fogo; alavanca de
detonação das espingardas
tipo pica-pau.
CAMARINHA - ( s.f.) - fruto
silvestre; é também: na casa
do caiçara, as dependências
diferentes de sala, cozinha e
corredor, são sempre camarinhas. Por vezes, corresponde
ao quarto, não tendo porém
porta;
“ Cumpadre não s’incomóde;
nóis durmimo na camarinha,
que tá bom demás “
CAMBá - (v.t.d.) - virar a vela
da embarcação, de um lado
para outro.
CAMBACICA - ( s.f.) - espécie
de pássaro.
CAMBADA - ( s.f.) - porção de
peixe ou de objetos enfiados
em alguma coisa
CAMBAU - ( s.m. ) - peça de
madeira, que se põe no pescoço dos animais, para impedi-los de atravessar cercas ;
os cambau ; coisa nenhuma ;
nada disso; nem pensar.
CAMBETEá - ( v.i) - coxear;
andar meio tonto.
CAMBéVA - ( s.f. ) - peixe martelo; cação de menos de 10 kg,
que tem na extensão da boca,
um prolongamento do corpo,
em forma de martelo.
“o cação que dá mais aqui por
terra agora, é esses machotinho
anssim, é esses cambevinha“
Fonte: PEQUENO DICIONÁRIO DE VOCÁBULOS E EXPRESSÕES CAIÇARAS DE CANANÉIA. Obra registrada sob nº 377.947Liv.701. Fls. 107 na Fundação Biblioteca
Nacional do Ministério da Cultura para Edgar Jaci Teixeira – CANANÉIA –SP .
Página 14
Jornal MARANDUBA News
Cantinho da Poesia
Não é história de pescador
Solidão
Solidão é acordar sem ter ninguém ao lado.
É ficar diuturnamente perdido em pensamentos,
Querendo falar com alguém, mas ficando calado.
É a prisão do amor, dos anseios e sentimentos.
Solidão é a colocação do mundo numa redoma
Que te aprisiona sem querer ser aprisionado,
Encarcerando de todos os teus desejos a soma,
Como um pássaro proibido de dar seu trinado.
Solidão é um passo dado numa noite escura,
Sem ter uma luz que indique teu caminho.
É a procura constante, das sensações a mais pura,
Mas com a consciência de que se vai estar sozinho.
Solidão é se perder sonhando no tempo e no espaço,
É a vontade de gritar, mas permanecendo calado.
É se deixar dormir, enfim, vencido pelo cansaço,
E novamente acordar sem ter ninguém ao lado.
Manoel Del Valle Neto
O pescador familiar Ernane
dos Santos (Tibaco), 34 anos,
pescou na manhã do último dia
29 de dezembro um Chérne de
45 quilos na Baía do Mar Virado. A técnica utilizada foi o espinhel (linha com vários anzóis
em medida pré-determinada
pelo pescador ao longo da linha, cabo ou corda). Por mais
estranho que pareça a foto foi
tirada em um ponto de ônibus,
mais de oito quilômetros de
onde foi pescado, é que o pescador mora no Sertão da Quina
e estava indo para sua casa levando o peixe em sua bicicleta.
A equipe do JMN registrou este
momento para que num futuro
distante, as crianças de amanhã não venha dizer que era
história de pescador, e pior,
que tinha testemunha.
25 Janeiro 2012
25 Janeiro 2012
Coluna da
Página 15
Jornal MARANDUBA News
Requerimento de Frediani colabora na criação
da Resolução que desburocratiza licenciamento
Adelina Campi ambiental a produtores rurais
Por que as pessoas sofrem?
— Vó, por que as pessoas sofrem?
— Como é, minha neta?
— Por que as pessoas grandes vivem bravas, irritadas, sempre
preocupadas com alguma coisa?
— Bem, minha filha, muitas vezes porque elas foram ensinadas
a viver assim.
— Vó...
— Oi...
— Como é que as pessoas podem ser ensinadas a viver mal?
Não consigo entender. Na minha escola a professora só me ensina coisas boas.
— É que elas não percebem que foram convencidas a ser infelizes, e não conseguem mudar o que as torna assim. Você não
está entendendo, não é, meu amor?
— Não, Vovó.
— Você lembra da estorinha do Patinho Feio?
— Lembro.
— Então... o Patinho se considerava feio porque era diferente.
Isso o deixava muito infeliz e perturbado. Tão infeliz, que um
dia resolveu ir embora e viver sozinho. Só que o lago que ele
procurou para nadar havia congelado e estava muito frio. Quando ele olhou para o seu reflexo no lago, percebeu que ele era,
na verdade, um maravilhoso cisne. E, assim, se juntou aos seus
iguais e viveu feliz para sempre.
— O que isso tem a ver com a tristeza das pessoas?
— Bem, quando nascemos, somos separados de nossa Natureza-cisne. Ficamos, como patinhos, tentando aceitar o que os
outros dizem que está certo. Então, passamos muito tempo tentando virar patos.
— É por isso que as pessoas grandes estão sempre irritadas?
— É por isso! Viu como você é esperta?
— Então, é só a gente perceber que é cisne que tudo dará certo?
— Na verdade, minha filha, encontrar o nosso verdadeiro espelho não é tão fácil assim. Você lembra o que o cisnezinho
precisava fazer para poder se enxergar?
— O que?
— Ele primeiro precisou parar de tentar ser um pato. Isso significa parar de tentar ser quem a gente não é. Depois, ele aceitou
ficar um tempo sozinho para se encontrar.
— Por isso ele passou muito frio, não é, vovó?
— Passou frio, fome e ficou sozinho no inverno.
— É por isso que o papai anda tão sozinho e bravo?
— Não entendi, minha filha?
— Meu pai está sempre bravo, sempre quieto com a música e
a televisão dele. Outro dia ele estava chorando no banheiro...
— Vó, o papai é um cisne que pensa que é um pato?
— Todos nós somos, querida. Em parte.
— Ele vai descobrir quem ele é de verdade?
— Vai, minha filha, vai. Mas, quando estamos no inverno, não
podemos desistir, nem esperar que o espelho venha até nós.
Temos que exercer a humildade e procurar ajuda até encontrarmos.
— E aí viramos cisnes?
— Nós já somos cisnes. Apenas temos que deixar que o cisne
venha para fora e tenha espaço para viver e para se manifestar.
— Aonde você vai?
— Vou contar para o papai o cisne bonito que ele é!
A boa vovó apenas sorriu!
Documentos do vereador
Rogério Frediani - PSDB entregues ao longo de 2011
aos secretários estaduais de
meio ambiente e agricultura
colaboraram nos estudos que
promoveram as duas resoluções assinadas no dia 27 de
novembro de 2011 pelo Governador de Estado Geraldo
Alckmin. Um deles é o Requerimento 116/11, de 86 páginas, que trata da discussão
de políticas públicas e de reais
melhorias ao setor no litoral
paulista, principalmente em
Ubatuba. As audiências foram
agendadas pelo deputado federal Luiz Fernando Machado,
que também tinha cópia dos
documentos de Ubatuba e que
acompanhou todo o processo.
Outros documentos foram
enviados ao deputado estadual Fernando Capez que
encaminhou as secretarias os
documentos de Ubatuba. Nas
reuniões no gabinete de Capez, Frediani cobrou várias vezes o andamento destas questões. No início de novembro,
Frediani foi informado que
o governador reuniu-se com
os secretários citados para
elaborar um dispositivo que
atendesse os produtores rurais, indígenas e quilombolas
e que, dentre os documentos
apresentados estavam os de
Rogério Frediani. A cerimônia
de assinatura foi realizada no
Palácio dos Bandeirantes onde
assinaram duas resoluções
para a desburocratização do
licenciamento ambiental, uma
conjunta (SMA/SAA/SJDC Nº
01) e uma da Secretaria do
Meio Ambiente (SMA Nº 74).
Lá estavam o governador Geraldo Alckmin e os secretários estaduais Bruno Covas,
do Meio Ambiente, Mônika
Bergamaschi, de Agricultura
e Abastecimento, e Fabiano
Marques de Paula, secretário
em exercício da Justiça e da
Defesa da Cidadania.
A resolução assinada entre
as três secretarias autorizará
a dispensa do licenciamento
ambiental para empreendimentos agropecuários com
pequeno impacto ambiental.
Para obter a dispensa o produtor deverá entregar na Secretaria da Agricultura e Abastecimento uma Declaração de
Conformidade da Atividade
Agropecuária e ficará então
passível de fiscalização. Segundo o documento, caberá
à Secretaria da Justiça, por
meio da Fundação Instituto de
Terras do Estado de São Paulo
(Itesp), o recebimento da declaração para os beneficiários
dos projetos da reforma agrária e para os remanescentes
das comunidades quilombolas
por ela assistidos. Segundo
Bruno Covas, esse tipo de “licença declaratória representa
a confiança do Governo de
São Paulo no produtor rural”.
Já a resolução de autoria
da SMA dispensa a licença
ambiental sem a necessidade
da declaração. O documento
lista uma série de atividades
que não se enquadram como
Projetos Agrícolas e não impactam o meio ambiente. A
iniciativa foi elogiada pelo
governador Geraldo Alckmin
e que “a medida vai desburocratizar a atividade e facilitar
a vida dos pequenos produto-
res, que normalmente são os
mais prejudicados”, finalizou.
A pedido de Frediani o deputado Luiz Fernando levou
de Ubatuba ao Congresso
Nacional o pedido do reconhecimento do pousio (técnica sustentável de agricultura)
para estudos e discussões na
tentativa de transformá-la em
uma lei federal que reconheça
esta pratica de cultivo e a trate como de relevante interesse social, o que facilitará não
só os produtores de Ubatuba,
mas os de São Paulo e de todo
o território nacional. Frediani
esteve no último dia 24 na
capital conversando com lideranças políticas e autoridades
para tratar de mais benefícios
ao município e desabafa que
“é muito satisfatório quando
o trabalho nosso dá resultados positivos, a sociedade
me paga para trabalhar, portanto é nosso dever buscar
estas melhorias, muita gente
colaborou para que o resultado fosse este e que continua
acreditando, assim como eu,
em nossa cidade, temos áreas
boas para cultivo e o mercado
está em nossa porta”. finaliza
Frediani.

Documentos relacionados

Praia do Simão - Jornal Maranduba News

Praia do Simão - Jornal Maranduba News o meio ambiente. Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. Roupas secas: a secagem era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bamboleantes de 220 volts....

Leia mais

Poço da Capelinha - Jornal Maranduba News

Poço da Capelinha - Jornal Maranduba News atende a expectativa dos pais, alunos, equipe Administrativa – Pedagógica e cumpre com a função social da escola que tem como meta a qualidade de ensino trazendo qualidade de vida pessoal e consequ...

Leia mais

Praia do Bonete: misteriosa e agradável Destaque no caderno de

Praia do Bonete: misteriosa e agradável Destaque no caderno de VERDADEIRA E COM CREDIBILIDADE. Um abraço meu amigo. Lourival via e-mail

Leia mais

Sertãodo Ingá não é aterro sanitário pg 03 Pico do Corcovado

Sertãodo Ingá não é aterro sanitário pg 03 Pico do Corcovado O tal Dr formado há 30 anos o manteve ali, a mercê da falta total de recursos para a sua sobrevivência e o hipócrita ainda batia no peito e dizia: “Não se preocupe está tudo sob controle” - control...

Leia mais

A Voz da Comunidade pg 03 Loteamento Balneário Maranduba pg

A Voz da Comunidade pg 03 Loteamento Balneário Maranduba pg Quem já não ficou intermináveis minutos - os mais insistentes, horas! – escutando as ridículas musicas nos serviços de espera telefônica? Algumas prestadoras implantaram serviço de atendimento auto...

Leia mais

Praia Grande do Bonete: tranquilidade o ano todo pg 08 Cultura

Praia Grande do Bonete: tranquilidade o ano todo pg 08 Cultura responsabilidade do DADE, mas que a Secretaria entrou em contato com a Secretaria de Transportes pedindo um novo projeto de sinalização para a região e só esta dependendo de algumas informações, ci...

Leia mais

Lagoinha antiga: sangue, café e aguardente Base da origem das

Lagoinha antiga: sangue, café e aguardente Base da origem das de Pescadores da Maranduba, esclarece que a razão da negativa na instalação da fábrica de gelo na barra do Rio Maranduba foi por conta de estudos realizados por um engenheiro e técnicos da CETESB a...

Leia mais

Caçandoca: belezas naturais e história num só lugar História de

Caçandoca: belezas naturais e história num só lugar História de nossa crescente e carente população? Claro que não! É muito fácil (longe da nossa realidade) ditar leis e normas para cumprirmos.

Leia mais