Religião Egípcia

Transcrição

Religião Egípcia
Religião Egípcia
As crenças religiosas dos antigos egípcios tiveram
uma influência importante no desenvolvimento da
sua cultura, embora nunca tenha existido entre
eles uma verdadeira religião, no sentido de um
sistema teológico unificado. A fé egípcia baseavase
na
acumulação
antigos,
culto
à
desorganizada
natureza
e
de
mitos
inumeráveis
divindades.
No
mais
influente
e
famoso
destes
mitos
desenvolve-se uma hierarquia divina e se explicava a criação do mundo.
Desse mito da criação surgiu a concepção da eneada, grupo de nove divindades, e
da tríade, formada por um pai, uma mãe e um filho divinos. Cada templo local tinha
sua a própria eneada e a sua própria tríade. A
eneada mais importante foi a de Rá com seus
filhos
e
netos.
As
divindades
importantes
incluíam os deuses Amon, Thot, Ptah, Khnemu e
Hapi e as deusas Hator, Nut, Neit e Seket. A
sua importância variava com o ascendente
político das localidades onde eram veneradas.
Conforme a religião se foi desenvolvendo, muitos seres humanos glorificados após
sua morte acabaram por ser confundidos com deuses. Assim Imhotep, que
originariamente fora o primeiro ministro do governador da III Dinastia Zoser,
chegou a ser conceituado como um semideus.
Durante a V Dinastia, os faraós começaram a atribuir a si mesmos ascendência
divina e desde essa época foram venerados como filhos de Rá. As fontes para o
estudo da antiga religião egípcia são inúmeras, já que praticamente todo o legado
material da civilização do Antigo Egipto é revelador das suas concepções religiosas.
No tocante às fontes literárias, podem ser distinguidos dois grupos:
•
fontes produzidas pelos próprios egípcios – textos funerários, entre os quais
se encontram os Textos das Pirâmides, os Textos dos Sarcófagos e o Livro
dos Mortos. Os textos funerários tinham como principal função ajudar os reis
(Textos das Pirâmides), os altos funcionários e os egípcios em geral, no
percurso que os levaria para o Além, dado que a crença numa vida após a
morte física estava integrada nas concepções egípcias. Outros textos que
não foram produzidos no âmbito do religioso, como os tratados de Medicina,
os textos jurídicos ou as cartas trocadas entre particulares revelam-se
também como preciosas formas de informação.
•
fontes literárias produzidas tardiamente por autores estrangeiros - as fontes
tardias incluem os livros do Génesis, Êxodo e Salmos da Bíblia, mas
sobretudo as descrições dos autores gregos e romanos.. As informações
transmitidas por estes autores devem ser encaradas com uma certa
precaução, já que frequentemente são reveladores de um certo preconceito
cultural.
A arquitectura e arte fornecem também
informações sobre a religião egípcia, embora
estas manifestações estejam ao serviço das
elites (rei, altos funcionários), não sendo por
isso possível extrapolar as informações para
o povo.
Os
templos
mais
importantes
poderiam
possuir um lago sagrado, nilómetros, Casas de Vida, armazéns e locais para a
residência dos sacerdotes.
Teoricamente o rei egípcio tinha o dever de atender às necessidades dos deuses
que habitavam nos templos. Uma vez que era fisicamente impossível para o rei
estar presente em todos os templos que existiam no Egipto, o soberano nomeava
representantes para realizar as cerimónias ao deus, ou melhor, à estátua do deus.
Os reis só visitavam os templos em ocasiões especiais associadas a festivais, o que
não impedia que fossem representados nos templo..
O termo mais comum para designar um sacerdote em egípcio era hemnetjer, o que
significa "servo de deus". A noção de que era necessário realizar um trabalho
"evangelizador" junto da população não existia entre os sacerdotes egípcios.
Tampouco os sacerdotes egípcios viviam à margem da sociedade, em regime de
clausura, ou se dedicavam a cuidar espiritualmente de uma comunidade humana.
Vida para Além da Morte
Os Egípcios consideravam que os humanos eram constituídos por várias partes,
umas materiais e outras imateriais. O ka era a energia vital do indivíduo, que era
criada na mesma altura em que se criava o corpo físico. Depois da morte, habitava
no corpo mumificado do defunto ou em estátuas que o representavam de forma
idealizada, ecessitando de comida e de bebida para continuar a existir, sendo por
isso necessário que os vivos realizassem oferendas. O akh (plural: akhu) era uma
espécie de força luminosa gerada depois da morte pela união do ka e do ba. Este
elemento gerava-se após o julgamento de Osíris, sendo uma espécie de
transfiguração do ser.
O ba, por vezes traduzido como "alma", era representado como um falcão com
cabeça humana. No momento da morte o ba deixava o corpo, podendo visitar os
locais que o defunto conhecia ou viajar até às estrelas, mas à noite tinha que
regressar ao túmulo. Devido ao facto de poder deslocar-se o ba levava ao ka a
energia que se encontrava nas oferendas.
Nos primeiros tempos da história egípcia a possibilidade de uma vida depois da
morte estava reservada ao faraó, tendo a partir da V dinastia passado a abranger
toda a população.
Contudo, para permitir o acesso e a continuação nessa vida, era necessário que o
corpo estivesse preservado, o que explica o recuso à mumificação.
Mumificação
Nos primeiros tempos os Egípcios praticaram uma mumificação "natural": os
cadáveres era envoltos em peles de animais e enterrados no deserto, onde a secura
os conservava. Progressivamente desenvolveram uma mumificação artificial. Os
trabalhos de embalsamamento eram realizados na margem ocidental do Nilo, longe
das habitações, em tendas e depois em salas conhecidas como "Belas Casas" ou
"Casas da Purificação". Os trabalhos eram vigiados por sacerdotes que usavam
máscaras que reproduziam a cabeça de Anúbis, deus dos mortos.
Depois de chorado o morto, a família encontrava-se com os embalsamadores que
mostravam os vários tipos de mumificação. Uma vez escolhido o modelo, conforme
as possibilidades económicas da família, os profissionais começavam o trabalho.
Conhece-se hoje o processo de embalsamamento
graças ao relato de Heródoto, já que os Egípcios não
deixaram qualquer tipo de descrição sobre esta
técnica. No essencial a ciência moderna confirmou o
relato.
Segundo
o
historiador
grego
a
técnica
começava com a extracção do cérebro pelas narinas,
com a ajuda de um gancho de ferro. Com uma faca
de pedra da Etiópia fazia-se um corte na ilharga, por onde se retiravam os
intestinos. A cavidade abdominal era limpa e lavada com vinho de palma e com
substâncias aromáticas. O ventre era enchido com uma mistura de mirra e canela,
sendo cozido. O cadáver era depois mergulhado num banho de natrão (silicato de
soda e alumínio), onde permanecia durante setenta
dias; a partir do Império Médio sabe-se que os
profissionais recorreram ao pó de natrão, que se
achava num vale desértico. Terminado este período,
o corpo era lavado e envolto em faixas de pano
revestidas com resinas. Começava-se pelos dedos
das mãos e dos pés, seguindo-se o envolvimento das extremidades, do tronco e da
cabeça. Durante todo este processo eram recitadas fórmulas mágicas e colocados
amuletos entre as faixas, como o Olho de Hórus e o "nó de Ísis". O
corpo era então entregue aos familiares, que o colocavam num caixão com a forma
do corpo humano. Os órgãos que tinha sido retirados do corpo (intestino, fígado,
estômago e pulmões) eram mumificados à parte e colocados cada um em vasos
especiais, denominados hoje em dia como canopos.
Os mais pobres limitavam-se a enterrar os seus mortos no deserto embrulhando os
corpos nas peles dos animais.
Uma vez terminado o processo de embalsamamento a família era notificada para o
início do funeral. O cortejo fúnebre começava colocando-se o caixão com a múmia
num carro puxado por bois, acompanhado por familiares, amigos, sacerdotes e
carpideiras contratadas para o efeito, que usavam roupas desalinhadas e
arrancavam os cabelos. Os escravos levavam roupas, jóias, cosméticos e móveis
que o defunto utilizaria na sua nova habitação. Levavam também os vasos canopos
e uma caixa que continha chauabtis, umas figurinhas mágicas que serviriam o
morto no Além. A múmia era transportada num barco para a margem ocidental do
Nilo, local onde se encontravam os túmulos (o ocidente estava associado à morte
no pensamento egípcio, devido a ser o lado onde se põe o sol).
Frente ao túmulo a múmia era erguida e os sacerdotes procediam à "cerimónia da
abertura da boca" graças à qual se acreditava poder devolver ao defunto a sua
capacidade de comer, beber e falar. A múmia era depois colocada no caixão e no
sarcófago e na câmara funerária. Os objectos que tinham sido trazidos eram
colocados no túmulo para que o defunto pudesse fazer uso deles quando
entendesse. O túmulo era depois selado.
Os túmulos eram para os Egípcios o ponto de encontro entre o mundo dos vivos e o
dos mortos. Para estes últimos passaria também a ser a sua nova e eterna morada.
Por esta razão, a construção do túmulo começava ainda durante a vida da pessoa.
As mastabas, utilizadas como túmulos por reis e
por nobres, são o primeiro tipo de construção
funerária do Antigo Egipto a salientar. Eram
compostas por uma parte
subterrânea, onde estava a câmara funerária com o
defunto, à qual se acedia por um poço. A parte exterior apresentava uma forma
rectangular, com paredes em adobe ligeiramente inclinadas, onde existia uma
capela.
A primeira pirâmide conhecida é a pirâmide de
degraus do rei Djoser. Foi na época
da IV
Dinastia que se
construíram as três
famosas pirâmides de Guiza (ou Gize). Os reis do
Império Novo abandonaram o hábito de construir
pirâmides, optando por mandar escavar os seus
túmulos
nas
montanhas
do
Vale
dos
Reis
(hipogeus).
Os particulares que tinham posses recorreram também às mastabas e aos
hipogeus.
Na parede da capela funerária dos túmulos encontrava-se a chamada "estela da
falsa porta" que era uma imitação em pedra, madeira ou em pintura de uma porta.
Acreditava-se que esta porta permitia ao ba do defunto aceder aos alimentos e
bebidas que tinham sido colocados na mesa de oferendas que existia na capela e
levá-los ao ka. O ba não levava fisicamente os alimentos, mas sim a essência
destes. Os filhos do defunto tinham o dever de abastecer regularmente esta mesa.
Para garantir que o ba não ficasse sem alimentos, pintavam-se nas paredes as
mesas de oferendas com os alimentos ou escreviam-se em
hieróglifos as oferendas. Bastava nestes casos o defunto ler o nome das oferendas
para poder desfrutar delas.
O julgamento dos mortos
O morto chegaria a uma grande sala de justiça, onde para além do deus Osíris,
estavam quarenta e dois juízes com cabeça de animal e um faca na mão. O morto
fazia então a chamada "confissão
negativa"
através
proclamava
não
da
ter
qual
roubado,
matado, cometido adultério, etc. O
seu coração era colocado sobre
uma
balança
e
pesado
contra
uma
pena, o símbolo de Maet. Se tivesse o mesmo peso era considerado inocente; em
caso contrário seria lançado a Ammut, um monstro que era parte leão, parte
hipopótamo e parte crocodilo, que devorava o coração. A alma justa entrava num
local idílico teriam um vida agradável, desempenhando a mesma função que tinham
na terra.
Referências
http://www.historiadomundo.com.br/egipcia/religiao-egipcia/ 01/09
http://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%A3o_no_Antigo_Egipto 01/09

Documentos relacionados

F- V

F- V O natrão era uma das substâncias utilizadas pelos antigos egípcios nos processos de mumificação; na verdade o natrão era composto por carbonato de sódio, bicarbonato de sódio, sal e sulfato de sódi...

Leia mais