BOLETIM DE INFORMAÇÕES CLIMÁTICAS PARA O
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BOLETIM DE INFORMAÇÕES CLIMÁTICAS PARA O
GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hidricos - SEMAR Gerência de Hidrometeorologia BOLETIM DE INFORMAÇÕES CLIMÁTICAS PARA O ESTADO DO PIAUÍ Teresina - PI Março/Abril/Maio (2016) Rua 13 de Maio, 307, 4º, 5º e 6º Andar – Centro – CEP 64.001-150 - www.semar.pi.gov.br – Teresina - PI TELEFONE: (86) 3216-2033 – FONE/FAX: (86) 3216-2032 GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hidricos - SEMAR Gerência de Hidrometeorologia ANÁLISE DAS CONDIÇÕES OCEÂNICAS E ATMOSFÉRICAS Parâmetros Climáticos que influenciam as chuvas na região Norte do Nordeste do Brasil no período de março a maio. A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), é o principal Sistema Meteorológico responsável pela ocorrência de chuvas na região e que é influenciada pelas variáveis climáticas ligadas aos oceanos Pacífico e Atlântico. Variáveis como a temperatura superficial, vento e pressão atmosférica sobre os oceanos tem forte correlação com as chuvas que ocorrem durante os meses de março a maio sobre a região norte do nordeste e o seu monitoramento possibilita a elaboração de prognósticos mais confiáveis em relação a ocorrência de chuvas, tanto na questão da distribuição temporal quanto espacial. COMPORTAMENTO DAS VARIÁVEIS CLIMÁTICAS SOBRE OS OCEANOS PACÍFICO E ATLÂNTICO O principal fator que tem dominado as previsões climáticas nos últimos meses tem sido a presença do forte El Niño estabelecido sobre o oceano Pacífico desde meados de abril de 2015, atingindo maior grau de intensidade durante os meses de novembro e dezembro de 2015, tendo como consequência o aumento das chuvas nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Esse fenômeno, presente durante o período chuvoso no Nordeste, dificulta a ocorrência de chuvas, pois impede o deslocamento da Zona de Convergência Intetropical (ZCIT) para regiões próximas do Nordeste Brasileiro. O comportamento do fenômeno El Niño em janeiro de 2016 (Figura 1), mostra que esse evento está perdendo intensidade, com tendência de que as anomalias positivas fiquem em torno de 1,5°C, entre março e abril de 2016, e em condição neutra a partir de junho de 2016. GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hidricos - SEMAR Gerência de Hidrometeorologia Figura 1 - Anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) em março de 2016. Fonte: CPTEC/INPE. Essa tendência de resfriamento do Oceano Pacífico pode significar que os impactos provocadas pelo fenômeno El Niño tornem-se menores, o que inclui aumento da possibilidade de ocorrência de chuvas na Região Norte do Nordeste, desde que as demais variáveis apresentem um comportamento favorável, no caso a condição do Oceano Atlântico Sul, cujas águas superficiais devem estar mais aquecidas do que as águas superficiais do Oceano Atlântico Norte. A situação atual do oceano Atlântico ainda é indefinida, mesmo tendo apresentado um leve aquecimento no setor sul e um leve resfriamento no setor norte. A análise dos resultados dos modelos de previsão climática utilizados para a elaboração desse documento (CPTEC/INPE, FUNCEME e INMET), mostram de forma unânime uma tendência de chuvas abaixo do normal para o período de março a maio de 2016 no setor norte da Região Nordeste. Assim, diante de um quadro onde persiste o El Niño no Oceano Pacífico e um comportamento indefinido no Oceano Atlântico, os modelos de previsão climática apontam para uma maior probabilidade de chuvas abaixo do normal, nos meses de março a maio de 2016. Ressalte-se que outros fatores poderão atuar durante o período, podendo ocasionar eventos de chuva provocados por sistemas transientes, onde em um único dia, o acumulado de chuva pode superar a média climatológica. GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hidricos - SEMAR Gerência de Hidrometeorologia COMPORTAMENTO DAS CHUVAS NO PIAUÍ EM JANEIRO DE 2016 No Piauí, em janeiro, de acordo com a média histórica, os maiores acumulados de precipitação acontecem no setor oeste e centro-norte, perfazendo aproximadamente 260,0 mm. No sudeste (semiárido), os totais pluviométricos variam de 100,0 mm a valores superiores a 120,0 mm. No entanto, em janeiro de 2016 as chuvas comportaram-se acima da média histórica, principalmente no sul do estado, conforme é mostrado na Figura 2, condição essa que minimizou o quadro de seca em que se encontrava o estado. (a) (b) (c) Figura 2 – Chuva observada em janeiro de 2016 (a); Média de chuvas para o mês de janeiro (b); Desvios de chuva em janeiro de 2016 (c). O principal fator que contribuiu para o aumento das chuvas, foi a atuação de Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCAN) que, apesar de comuns para a época, aconteceram com mais frequência e maior intensidade. As chuvas ficaram acima da média histórica em todo o estado, inclusive, tendo, vários municípios, superado a média histórica em mais de 100%. Apresentam-se na Tabela 1, o comportamento do nível e da vazão de trechos de rios que compõem a Bacia do Parnaíba, com informações transmitidas por estações hidrológicas automáticas, em 29/01/2016. GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hidricos - SEMAR Gerência de Hidrometeorologia Tabela 1- Volume e vazão dos rios da bacia do Parnaíba em janeiro de 2016 Estação FAZENDA UNIÃO ALTO PARNAÍBA FAZENDA PARACATI II SÍTIO DO VELHO FORMOSA DO URUÇUÍ PRETO FAZENDA BANDEIRA BALSAS SÃO FÉLIX DE BALSAS BENEDITO LEITE UHE BOA ESPERANÇA BARRAMENTO REDENÇÃO DO JUSANTE GURGUÉIA CRISTINO CASTRO II BARRA DO LANCE BARÃO DE GRAJAÚ BARÃO DE GRAJAÚ PONTE DA ITAUEIRA SANTA CRUZ DO PIAUÍ II FAZENDA TALHADA II SÃO JOÃO DO PIAUÍ FRANCISCO AYRES FAZENDA VENEZA FAZENDA VENEZA TERESINA - CHESF FAZENDA BOA ESPERANÇA PRATA DO PIAUÍ FAZENDA CANTINHO II TERESINA - CEA Teresina – CEA (borbulhador) COELHO NETO LUZILÂNDIA FAZENDA ALEGRIA PEDRA BRANCA PEDRINHAS PIRACURUCA TINGUIS . . Cidade Rio ALTO PARNAÍBA PARNAÍBA ALTO PARNAÍBA PARNAÍBA RIBEIRO GONÇALVES PARNAÍBA URUÇUÍ URUCUÍ BAIXA GRANDE DO RIBEIRO URUÇUÍ PRETO URUCUÍ BALSAS BALSAS SÃO FÉLIX DE BALSAS BALSAS BENEDITO LEITE PARNAÍBA GUADALUPE PARNAÍBA REDENÇÃO DO GURGUEIA CRISTINO CASTRO GURGUÉIA JERUMENHA GURGUÉIA BARÃO DE GRAJAÚ PARNAÍBA BARÃO DE GRAJAÚ PARNAÍBA FLORIANO ITAUEIRA SANTA CRUZ DO PIAUÍ ITAIM OEIRAS CANINDÉ SÃO JOÃO DO PIAUÍ PIAUI PRETO BALSAS GURGUÉIA FRANCISCO AYRES CANINDE PALMEIRAIS PARNAIBA PALMEIRAIS PARNAIBA TERESINA PARNAÍBA CASTELO DO PIAUÍ POTI PRATA DO PIAUÍ PARNAÍBA TERESINA LONGÁ TERESINA POTI TERESINA POTI COELHO NETO PARNAÍBA LUZILÂNDIA PARNAÍBA BARRAS PARNAÍBA BARRAS MARATOAN BARRAS MARATOAN PIRACURUCA PIRACURUC SÃO JOSÉ DO DIVINO A LONGÁ Abaixo da cota com permanência de 95% - Alerta Nível normal (entre 5% e 95%) - Normal Fonte: ANA/SEMAR-PI (2016). Data e Hora 15/07/2015 10:00 29/01/2016 07:45 29/01/2016 07:45 05/12/2015 07:45 29/01/2016 07:45 29/01/2016 07:30 29/01/2016 08:00 29/01/2016 07:30 29/01/2016 07:00 29/01/2016 07:30 29/01/2016 07:45 27/01/2016 15:00 29/01/2016 07:45 29/01/2016 07:30 29/01/2016 07:00 29/01/2016 07:45 29/01/2016 07:15 28/01/2016 07:15 27/01/2016 19:45 29/01/2016 08:00 29/01/2016 07:45 29/01/2016 07:45 29/01/2016 07:45 29/01/2016 07:45 29/01/2016 07:45 Nível(mm) 318.7 487 474 334 639 610 30145 412 391 373 284 356 355 343 459 230 368 564 471 428 326 107 155 231 165 Acima da cota com permanência de 5% - Atenção Acima da Cota de Alerta - Emergência Vazão(m³/s) 62.16 758.59 790.39 28.28 432.68 945.16 60.17 609.58 30.89 218.42 1010.56 1414.08 26.19 373.68 883.18 1226.54 1579.54 134.45 0.43 174.62 GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hidricos - SEMAR Gerência de Hidrometeorologia Como as chuvas em janeiro de 2016 comportaram-se muito acima da média em todo o Estado, houve aumento significativo do nível e vazão dos rios que compõem a Bacia do Parnaíba, o que fez com que muitos transbordassem. Os açudes foram reabastecidos, tendo alguns, ultrapassado sua capacidade máxima de volume. TENDÊNCIA CLIMÁTICA PARA O PIAUÍ NO TRIMESTRE DE MARÇO A MAIO DE 2016 (MAM/2016) Chuvas no Piauí devem ficar abaixo da média A análise dos campos atmosféricos e oceânicos de grande escala (vento em superfície e em altitude, pressão ao nível do mar, temperatura da superfície do mar, entre outros) e dos resultados de modelos numéricos globais e regionais e de modelos estatísticos de diversas instituições de meteorologia do Brasil (FUNCEME, INMET, CPTEC/INPE) mostram redução de intensidade do El Niño, mas ainda assim, com capacidade para inibir os sistemas produtores de chuva no Piauí. As águas anomalamente mais aquecidas a norte do Equador não favoreceram o deslocamento da Zona de Convergência Intertropoical (ZCIT) para latitudes mais a Sul, condição esta que deveria estar acontecendo. Como os sistemas produtores de chuvas dependem do comportamento da atmosfera e dos oceanos, e estes continuam na condição de aquecimento no setor do Pacífico Tropical, a previsão para o Piauí, no trimestre de março a maio de 2016, indica uma distribuição de probabilidade maior, para chuvas com comportamento abaixo da média histórica no Estado, obedecendo as seguintes categorias, assim distribuídas: 20%, 35% e 45% de ocorrência de total pluviométrico trimestral, respectivamente nas categorias acima, normal e abaixo da faixa climatológica do período para o Estado do Piauí, como apresentado na Figura 3. GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hidricos - SEMAR Gerência de Hidrometeorologia 20% de probabilidade para a categoria acima da normal, 35% para a categoria normal e 45% para a categoria abaixo da normal. Região Sul (período chuvoso do final de outubro a março) - Maior probabilidade à ocorrência de chuvas abaixo da média histórica. Nesta região, mesmo com chuvas reduzidas, a probabilidade de as chuvas ficarem abaixo da média, tende a ser menor do que no Norte do estado. Categoria de chuva Acima da normal Normal Abaixo da normal Probabilidade de ocorrência (%) 20 35 45 Região Central (período chuvoso de dezembro a abril) - Maior probabilidade à ocorrência de chuvas entre normal e abaixo da média histórica. Região Norte (período chuvoso de janeiro a maio) Maior tendência à ocorrência de chuvas variando de normal a abaixo da média histórica. Figura 3 - Previsão para o Estado do Piauí, para o período de março a maio de 2016. A previsão climática é realizada com base em modelos meteorológicos, sem no entanto, desconsiderar a climatologia da região e os fatores regionais e locais que influenciam o seu clima. Na região do semiárido piauiense, onde as chuvas são mais escassas, os efeitos de estiagens prolongadas são mais severos, haja vista a intensificação de deficiência hídrica de uma região que já apresentava muitos dias sem chuvas. A temperatura do ar, no período, deve variar de normal a acima da média climatológica, em todo Piauí. NOTAS SOBRE O PROGNÓSTICO 1. A variabilidade espacial é intrínseca à distribuição de chuvas no Nordeste brasileiro devido a fatores diversos como efeitos topográficos, proximidade em relação ao oceano, cobertura vegetal etc.; 2. Especialmente em localidades com menores valores de precipitação climatológica, a variabilidade temporal das chuvas pode provocar uma maior frequência de veranicos (período de aproximadamente dez dias, dentro do período chuvoso, sem ocorrência de chuvas); 3. Principalmente em áreas com normais climatológicas mais altas, como regiões litorâneas ou serranas, existe a possibilidade de ocorrência de eventos extremos de chuva, com ocorrência de grandes acumulados em poucos dias; 4. Em função da variabilidade, recomenda-se o acompanhamento das previsões diárias de tempo, análises e tendências climáticas semanais emitidas pelo centro de meteorologia. 5. A atualização deste prognóstico será feita no próximo fórum climático a ser realizado em março de 2016. Teresina, 25 de fevereiro de 2016.