Microsoft PowerPoint - Racismo, Escravid\343o e Ideologia
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Microsoft PowerPoint - Racismo, Escravid\343o e Ideologia
Lei 10.639/03: Resgatando as contribuições dos povos negros para a nação brasileira Lei 10639/03 A nova legislação sancionada em 09 de janeiro de 2003,pelo Presidente Lula acrescentou dois novos artigos à Lei e Bases da Educação Nacional (Lei9394/96) Propostas Constituição 1988 Art. 85. O poder público reformulará, em todos os níveis, o ensino da história do Brasil, com o objetivo de contemplar com igualdade a contribuição das diferentes etnias para a formação multicultural e pluriétnica do povo brasileiro. Comissão geral da Ordem Social e à Comissão de Sistematização Texto final - Constituição 1988 Art.242. O ensino de história do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro. LDB Artigo 26 - Parágrafo 4ª: O ensino de história do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e européia. Possibilidades da Lei 10639/03 Superando...a ideologia de dominação racial e o ... o mito da democracia racial... Luiz Carlos Paixão da Rocha Mestre em Educação – UFPR Racismo e escravidão É importante perceber que a escravidão não nasceu do racismo; ao contrário, o racismo moderno é conseqüência da escravidão (WILLIAMS, 1961) O racismo é, desta maneira, resultado de justificações e classificações ideológicas, com o objetivo de subjugação e exploração da força de trabalho. Estas foram fundamentais para a solidificação do sistema capitalista no mundo. Racismo e Ideologia O racismo moderno constitui-se, enquanto forma de ideologia de dominação de uma classe sobre outra, dentro das relações de produção da vida material, o que não é o caso da escravidão presente nas antigas sociedades grecoromanas. Estas não desenvolveram teorias de superioridade branca. O racismo é uma forma de ideologia que se desenvolveu no mundo moderno e ajudou na justificação da escravidão no Novo Mundo e as pretensões imperialistas da Europa ocidental em todos os continentes. (PRAXEDES) Raça como categoria sociológica e não biológica “as desigualdades atuais entre os chamados grupos raciais não são conseqüências de sua herança biológica, mas produtos de circunstâncias sociais históricas e contemporâneas e de conjunturas econômicas, educacionais e políticas.” (Declaração sobre Raça da Associação Norte Americana de Antropologia de 1998) O racismo é produto de movimentos ideológicos Um conjunto de idéias foram elaboradas pela elite dominante, a fim de justificar a escravidão e a constituição de novas relações sociais no Brasil, após a abolição. Ideologia Uma ideologia se torna hegemônica na sociedade quando não precisa mostrar-se, quando não necessita de signos visíveis para se impor. É hegemônica quando se de maneira espontânea flui como verdade igualmente aceita por todos (CHAUÌ, 1980) Ideologia É nuclear na ideologia, que ela possa representar o real e a prática social através de uma lógica coerente. A coerência é obtida graças a dois mecanismos: a lacuna e a “eternidade”. Isto é, por um lado, a lógica ideológica é lacunar, ou seja, nela os encadeamentos se realizam não a despeito das lacunas ou dos silêncios, mas graças a eles; por outro lado, sua coerência depende de sua capacidade para ocultar sua própria gênese, ou seja, deve aparecer como verdade já feita e já dada desde todo o sempre, como um “fato natural” ou como algo “eterno”. (CHAUI, 1980, p.25), Ideologia de dominação racial Justificar a escravidão Igreja: os africanos seriam um amaldiçoado – descendentes de Cam Ciência – o negro seria uma raça inferior - Gobineau “Ensaio sobre a Desigualdade das Raças Humanas”, 1885 povo O negro é desconfigurado, torna-se sinônimo de ser primitivo, inferior Teoria do “embranquecimento” Política oficial do embranquecimento da população brasileira O estado brasileiro investiu pesadamente em programas de imigração de europeus. Só no estado de São Paulo, para exemplificar, chegaram, entre 1890 e 1914, mais de 1,5 milhões de europeus, sendo que 64% destes, com a passagem paga pelo governo estadual. “A albumina branca depura o mascavo nacional...” (PEIXOTO, 1975 p.15) Citações A raça negra no Brasil, por maiores que tenham sido os seus incontestes serviços à nossa civilização, por mais justificadas que sejam as simpatias de que cercou o resultante abuso da escravidão, por maiores que se revelem os generosos exageros dos seus tarifários, há de constituir sempre um dos fatores da nossa inferioridade como povo. (RODRIGUES, 2004, p.21) Gobineau: “Trata-se de uma população totalmente mulata, viciada no sangue e no espírito e assustadoramente feia”. Louis Agassiz, 1868: “ ... Que qualquer um que duvide dos males da mistura de raças, e inclua por malentendida filantropia, a botar abaixo todas as barreiras que as separam, venha ao Brasil. Não poderá negar a deterioração decorrente da amálgama das raças mais geral aqui do que em qualquer outro país do mundo, e que vai apagando rapidamente as melhores qualidades do branco, do negro e do índio deixando um tipo indefinido, híbrido, deficiente em energia física e mental.” “O Brasil mestiço de hoje tem no branqueamento em um século sua perspectiva, saída e solução”. I Congresso Internacional das Raças, julho de 1911. A Redenção de Cam Lei Provincial - Rio de Janeiro- 02/01/1837 Art.3º: São proibidos de freqüentar as escolas públicas: 1º : todas as pessoas que padecerem de moléstias contagiosas; 2° : os escravos e os pretos africanos, ainda que sejam livres ou libertos. O mito da democracia racial Os mitos existem para esconder a realidade (Florestan Fernandes) O Brasil é um país onde não há discriminação racial. Somos o país do futebol, do carnaval etc. Em 1890, os documentos relacionados à escravidão são queimados – Rui Barbosa Constituiu-se uma história oficial sem as contribuições e resistência dos negros A ausência do quesito cor nos censos populacionais – 1900,1920,1960,1970 Só presente em 1950 e a partir de 1980. As desigualdades raciais são naturalizadas O mito da democracia racial Decreto de 14 de dezembro de 1890, assinado por Rui Barbosa, que na ocasião era Ministro da Fazenda, e na Circular nº. 29, de 13 de maio de 1891, determina a queima dos documentos relacionados à escravidão no país. O mito da democracia racial A crença da convivência cordial e harmoniosa das raças/etnias que compuseram a sociedade brasileira, aliada à construída crença da inferioridade do negro, consolidou um quadro de desigualdade racial estrutural no país. Deste modo, o racismo, aqui, toma formas especiais; ele é negado, velado. Como disse Florestan (FERNANDES, 1972, P.42): “o brasileiro tem preconceito de ter preconceito”. Importância dos conteúdos Lei 10639/03 pode constituir-se como uma ferramenta de luta contra-ideológica, pois “o silêncio, ao ser falado, destrói o discurso que o silenciava” (CHAUI, 2001, p.25). Resistência negra Palmares: - 200km² - 1606 a 1694 - 20 mil habitantes/ 6 mil residências - 1519 a 1867 - 3.850.000 africanos vieram para o Brasil - 1872 – Havia no Brasil 5.756.000 negros Destes 1.500.241 escravizados – 26% Partilha da África A divisão arbitrária da África teve o seu marco com a Conferência de Berlim iniciada em 1884 e finalizada no ano seguinte. Participaram da Conferência 15 países, sendo 13 da Europa, os Estados Unidos e a Turquia. O principal objetivo foi o de regulamentar a expansão das potências coloniais na África a partir dos pontos que ocupavam no litoral. A Grã-Bretanha e a França foram as que obtiveram mais territórios, seguidas de Portugal, Bélgica e Espanha. Territórios mais reduzidos foram ocupados pela Alemanha e pela Itália. A Alemanha perderia o domínio de suas colônias africanas após a Primeira Guerra Mundial, acontecendo a mesma coisa com a Itália no final da Segunda Guerra. Partilha da África •Observe que 60% desta divisão é constituído de retas ou de arcos de circunferência. •Os estados africanos atuais, na sua maioria, não tem a mesma unidade cultural, lingüística ou cultural.Existem casos em que um mesmo Estado abriga várias nações ou até uma única nação em dois ou mais Estados. Contribuições dos Africanos para a Humanidade Egito – Arquitetura/ Medicina Tecnologias trazidas para o país: ferro,mineração, cana-de-açúcar, café, algodão etc. Teatro Experimental do Negro ÁFRICA BERÇO DA HUMANIDADE E DO CONHECIMENTO nossos primeiros ancestrais os primeiros centros universitários e culturais de que se tem registro (Tumbuctu, Gao e Djene) Cerca de 20000 a.C. O objeto matemático mais antigo é o bastão de Ishango, osso com registros de dois sistemas de numeração. Ele foi encontrado no Congo em 1950 e é 18 mil anos mais antigo do que a matemática grega 2000 a.C. O povo haya (da região da atual Tanzânia) produzia aço a 400 graus Celsius — temperatura superior a dos fornos europeus do século 19. Uma faca datada de 900 a.C., feita no Egito, é o objeto de ferro mais antigo 3000 a.C. O médico negro Imhotep é o verdadeiro pai da medicina: ele viveu 25 séculos antes de Hipócrates e já aplicava no Egito conhecimentos de fisiologia, anatomia e drogas curativas em seus pacientes Navegação No Egito, a tecnologia naval já era suficientemente desenvolvida a ponto de terem realizado a circunavegação da África cerca de 2.000 anos antes do suposto pioneirismo dos Portugueses. Quem acredita que o primeiro navegador a dobrar o cabo das Tormentas, no sul da África, foi o português Bartolomeu Dias, em 1488, precisa rever seus conceitos. (SUPERINTERESSANTE; 2003, p.48-49). Impérios Africanos Império de Gana Entre os séculos 4 e11, era conhecido como o Império do Ouro. Seu povo dominava técnicas de mineração e usava instrumentos como a bateia, importante para o avanço do ciclo do ouro no Brasil. O clima úmido da região favorecia o desenvolvimento da agricultura e da pecuária . Império de Mali Expandiu-se por volta do século 12. As cidades de Tumbuctu, Gao e Djene eram importantes centros universitários e culturais. O povo Dogon, que habitava a região, registrou em monumentos as luas de Júpiter, os anéis de Saturno e a estrutura espiral da Via-Láctea, observações feitas a partir do século 17, na Europa . Fonte: Revista Nova Escola Impérios Africanos Império de Songai Nos séculos 14 e 15, se sobrepôs ao Império de Mali. Técnicas de plantio e de irrigação por canais foram aperfeiçoadas e vieram para o Brasil juntamente com os negros escravizados. Esses saberes favoreceram a expansão da agricultura, principalmente durante os ciclos da cultura de cana-de-açúcar e do café. Civilização Yorubá Desenvolveu-se a partir do século 11. Os povos dominavam técnicas de olaria, tecelagem, serralheria e metalurgia do bronze, utilizando a técnica da cera perdida (molde de argila que serve de receptáculo para o metal incandescente). A capital, Oyo Benin, era dividida em quarteirões especializados (curtume, fundição etc.) Luanda - Angola Dacar – Senegal Homenagem aos escravizados Cidades Africanas Cairo – Egito – 20 milhões de habitantes Durban - África do sul Estádio de futebol Cidades Africanas Brazzaville -Congo Maputo = Moçambique Cidades Africanas Superar no campo do currículo O negro a partir da escravidão Visão da África como continente primitivo Os negros foram escravizados por que eram mais dóceis O fim da escravidão como uma dádiva da Princesa Isabel Recuperar valores positivos da população negra, fugindo do folclorismo Trabalhar com os escritores, artistas negros no país Cuidado com os textos e imagens nos livros didáticos que trazem reflexos da ideologia de dominação racial Luiz Carlos Paixão da Rocha Mestre em Educação – UFPR NEAB/UFPR