programa - Companhia Nacional de Bailado

Transcrição

programa - Companhia Nacional de Bailado
PRÓXIMOS ESPECTÁCULOS
DIA MUNDIAL DA DANÇA 29 DE ABRIL
UMA COISA EM
FORMA DE ASSIM
Estreia Absoluta
Coreografia e Figurinos Clara Andermatt,
Francisco Camacho, Benvindo Fonseca,
ROMEU
E JULIETA
JOHN CRANKO
Rui Lopes Graça, Rui Horta, Paulo Ribeiro,
Olga Roriz, Madalena Victorino,
Vasco Wellenkamp
Música e Interpretação musical ao vivo
Bernardo Sassetti (piano)
Desenho de Luz Celestino Alves
Assistente de Madalena Victorino
para os Figurinos Ainhoa Vidal
LISBOA, TEATRO CAMÕES
ABRIL 2011 dias 28, 29 e 30 às 21h
TARDE FAMÍLIA dia 30 às 16h
MAIO 2011 dias 06 e 07 às 21h
TARDE FAMÍLIA dia 08 às 16h
ESCOLAS dia 05 de Maio às 15h
LISBOA, 2011
TEATRO CAMÕES
Março dias 17, 18, 19, 25 e 26 às 21h
dias 20 e 27 às 16h (Tardes família)
Abril dias 01 e 02 às 21h
dia o3 às 16h (Tardes família)
Escolas dias 24 e 31 Março às 15h
CNB:
34 ANOS EM
14 ANDAMENTOS
2011
uma coisa em forma de assim é o nome, decalcado de um título de Alexandre O’Neill,
do programa da CNB para o dia mundial da dança, que consiste numa inédita
junção das linguagens de nove coreógrafos nacionais. Clara Andermatt, Francisco Camacho,
Benvindo Fonseca, Rui Lopes Graça, Rui Horta, Paulo Ribeiro, Olga Roriz, Madalena Victorino
e Vasco Wellenkamp desenham uma façanha conjunta, unificada pela composição musical e
interpretação de Bernardo Sassetti e dançada pelo elenco da companhia. Logo depois, em Julho,
e ao cabo de mais uma digressão nacional, os bailarinos assinalam o 34º aniversário da CNB, com
uma performance colectiva, com músicos e videastas convidados, que ocorre no Teatro Camões e
no seu espaço exterior, no Passeio do Neptuno e no Jardim da Água. Estes eventos estão entre os
primeiros espectáculos programados por Luísa Taveira, que retoma o cargo de directora artística
Texto Mónica Guerreiro
da CNB em Outubro de 2010.
2010
« A Companhia
absolutas, como Four Reasons, do coreógrafo romeno
estreou em Julho de 2003 em Lisboa, passou por Coimbra,
Edward Clug, Come Together, de Rui Horta, Requiem, de Rui
Porto, Figueira da Foz, Évora e Faro e foi um embaixador
Nacional de
Lopes Graça e, de Wellenkamp, A chuva cai na poeira como
privilegiado da cultura portuguesa no mundo, tendo sido
no poema. Neste ano, a Fundação EDP renovou o estatuto
representado, nos anos seguintes, nas digressões à Rússia,
Bailado vale por
de mecenas principal da CNB e de mecenas exclusivo da
à Tailândia e ao Brasil. Tinham passado 18 anos desde As
digressão nacional da CNB, relação estabelecida desde 1998.
Troianas, a primeira e única criação de Olga Roriz para a
muitas missas »
Agustina Bessa-Luís
CNB, a convite de Armando Jorge, quando as bailarinas
2007
O último ano de Mehmet Balkan à frente
da companhia dançaram descalças pela primeira vez.
da companhia, que abriu com a estreia
“A coreógrafa que melhor conhece a companhia”, nas
da sua versão de O Lago dos Cisnes, foi marcado pela
palavras de Luísa Taveira, e que aqui remontou Os Sete
reestruturação que voltaria a associar a CNB ao Teatro
Silêncios de Salomé, em 2005, Treze Gestos de um Corpo, em
Nacional de São Carlos, sob gestão do recém-criado
2007 e Isolda, em 2009, estará de regresso em 2011, com
Alinhando com o movimento que, por todo o mundo, homenageou o centenário
Opart, Organismo de Produção Artística, EPE. No ano
uma nova encomenda, Noite de Ronda.
dos Ballets Russes de Serguei Diaghilev, a CNB preparou um triple bill apresentado
em que festeja o seu 30º aniversário, a CNB dançou peças
memoráveis de Hans van Manen, Heinz Spoerli, Nacho
(estreada em Paris em 1923), Fauno, uma revisitação de Vasco Wellemkamp da sua peça O Prelúdio
Duato ou Jiří Kylián e percorreu o país com o Programa
à Sesta de um Fauno (estreada pelo Ballet Gulbenkian em 1990 e refeita pela Companhia Portuguesa
Primavera, que reuniu coreografias de Mauro Bigonzetti,
Garcia segundo Petipa, Coralli e Perrot) assinalou as
de Bailado Contemporâneo, em 2001, já com o título Fauno) e a estreia absoluta de A Sagração da
Gagik Ismailian, Olga Roriz e William Forsythe (a sua peça-
comemorações do 25º aniversário da CNB, sob direcção
Primavera do catalão Cayetano Soto, concebida por encomenda para a CNB. É, assim, com um olhar
tributo a Balanchine, The Vertiginous Thrill of Exactitude).
artística de Mark Jonkers, cumprindo-se também outras
no passado e outro no futuro que se celebra a história da dança e dos seus principais mentores:
Enquanto isso, e como parte das comemorações, o Teatro
acções, como a edição de uma monografia amplamente
antes da versão de Soto, a CNB estreara a obra-prima modernista de Nijinski e Stravinski (segundo
Camões acolhia o Tanztheater Wuppertal de Pina Bausch
ilustrada, da autoria de Susana de Jesus Santos. Os
a reconstituição de Millicent Hodson e Kenneth Archer) por ocasião de Lisboa 1994 Capital Europeia
com Für die Kinder von gestern, heute und morgen. Ainda em
bailarinos Isabel Fernandes, Guilherme Dias, Paola
da Cultura e, dez anos antes, executara a sua primeira Sagração, na versão assinada pelo coreógrafo
2007, terminou a colaboração de Mark Deputter com o
Cantalupo e Peter Lewton-Brain, “Giselles” e “Albrechts”
Carlos Trincheiras.
Teatro Camões, após duas temporadas como programador.
marcantes da história deste bailado na CNB, evocam
A convite da directora Ana Pereira Caldas, Deputter fizera
no programa de sala a primeira produção de Giselle, em
Vasco Wellemkamp acumula a direcção artística da CNB e a programação do
conviver nomes da criação emergente, como Ana Mira ou
1970, pelo Grupo Gulbenkian de Bailado, cuja distribuição
Teatro Camões a partir de 2008, recuperando obras de técnica contemporânea,
Luís Guerra (programa Quatro Canções), com coreógrafos
incluía Isabel Santa Rosa (Giselle), Armando Jorge
formulando convites a jovens criadores e desafiando coreografias mais recuadas a uma nova
consagrados como Alain Platel ou Vera Mantero, presentes
(Albrecht), Ulrica Caldas (Myrtha) e Carlos Trincheiras
remontagem. Com essa perspectiva, gizou, nos seus três anos como director, programas
nos ciclos Como Tu e Eu, Let’s Dance ou Ciclo Meg Stuart.
(Hilarião). No final deste ano, Mehmet Balkan assume
2009
assumidamente transversais, como Quatro Coreógrafos, no qual criações suas e de Olga Roriz
(Isolda, de 1990) convivem com estreias (À Flor da Pele, de Rui Lopes Graça) e com peças internacionais
(Strokes Through The Tail, da irlandesa Marguerite Donlon). A acção programática do director
artístico continua a proporcionar à companhia o enriquecimento do seu reportório com estreias
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2002
em Almada, Braga, Faro e Lisboa, composto pela coreografia original de As Bodas, de Nijinska
Um programa constituído pela reposição
do bailado Giselle ou Les Wilis (de Georges
a direcção artística da companhia, que poucos meses
2003
Um dos maiores êxitos da CNB nesta
depois finaliza a sua transferência para o Teatro Camões,
década é de autoria nacional e de temática
no Parque das Nações, passando a dispor de um espaço
histórica. Pedro e Inês, coreografado por Olga Roriz,
próprio em permanência.
1998
Entre os acontecimentos importantes
produção foi Cinderella, de Michael Corder, em Março de
para a afirmação internacional da CNB,
1997 e, em Agosto, estreava Cantoluso, da autoria de três
Ao longo da sua história, a CNB tem
e procurou incentivar a formação de agentes para a
vingado o propósito de ser uma
dança, no país, quer bailarinos quer coreógrafos. Em
evidencia-se de imediato The Lisbon Piece. Trata-se, até à
então bailarinos da companhia, revelados nos estúdios
companhia de âmbito nacional, apesar de estar sedeada
1984 começava a dar frutos o Centro de Formação de
data, da única coreografia que a flamenga Anne Teresa
coreográficos: Armando Maciel, Rui Lopes Graça e David
em Lisboa. Isso o atestam as quase 70 cidades e vilas onde
bailarinos em idade escolar, iniciativa que Armando Jorge
De Keersmaeker concebeu com uma companhia que
Fielding (falecido em 2008). Cantoluso, sobre a musicalidade
já actuou, uma empresa não isenta de dificuldades: antes
fundara (funcionou entre 1981 e 1995) e onde estudaram
não a sua, Rosas. Para a peça lisboeta foram escolhidos
de expressão lusófona – o fado, a morna e o chorinho –
de o país se encontrar apetrechado de equipamentos,
muitos bailarinos de técnica clássica, como Ana Lacerda
cinco bailarinos, David Fielding, Filipa de Castro, Filipe
era coordenado por Nuno Carinhas e teve uma extensa
que seriam construídos ou reabilitados mais tarde,
(hoje primeira bailarina da CNB). No Natal desse ano, os
Portugal, Isabel Galriça e Xavier Carmo, e as percussões
digressão nacional. Rui Lopes Graça continua a coreografar
a companhia actuava em palcos pré-fabricados, em
alunos participaram num espectáculo pela primeira vez.
de Thierry de Mey e Eric Sleichim. Esta obra, momento
intensivamente para a CNB: Dançares (1999) ou Savalliana
ginásios, pavilhões, até no Salão do Glória Futebol Clube
Por seu lado, o lançamento dos estúdios coreográficos,
raro no reportório da CNB, foi na estreia acompanhada
(2000) são outras das suas peças mais bem sucedidas.
em Vila Real S. António. Rui Vieira Nery considera que
em 1985, permitiu olhar de forma consequente para a
“mesmo os sectores de vanguarda da chamada nova
criação emergente. Obras destacadas da história da CNB
Na primeira metade dos anos 1990 dá-se
dança portuguesa, que nesse período despontavam com
foram encomendadas nesta altura, como As Troianas,
uma fase de novas alterações no
uma energia notável e que, muito compreensivelmente,
de Olga Roriz (1985) ou Fado (A Severa), de Fernando
de dois trabalhos, Artifact II e In The Middle Somewhat
Elevated, de outro dos protagonistas da coreografia
contemporânea mundial: o norte-americano William
1995
Forsythe. Em 1998, é publicado o livro de fotografias
funcionamento institucional da CNB. Em 1992, a
se não reviam na orientação estética da companhia,
Lima (1987). A estabilização de propósitos e intervenção,
de Inês Gonçalves Companhia Nacional de Bailado. Sob a
companhia desvincula-se do Teatro Nacional de São Carlos,
vieram a beneficiar do trabalho intenso de sensibilização
mas com continuada carência de meios, reforçou a
direcção de Jorge Salavisa, até 1999, e de Luísa Taveira,
passando a funcionar como um organismo autónomo,
para a dança que a CNB ia desenvolvendo à escala
institucionalização da companhia, que foi em 1985
em 1999-2000, intensifica-se uma acção reformadora
tutelado, entre 1994 e 1998, pelo Instituto Português
nacional com um sucesso assinalável, em paralelo com a
integrada no Teatro Nacional de São Carlos.
da imagem institucional da companhia, com sucessivos
do Bailado e da Dança. A lei orgânica que regula a sua
acção igualmente decisiva do Ballet Gulbenkian”. O Lago dos
convites a fotógrafos de renome: António Júlio Duarte,
actividade seria publicada em 1996. Isabel Santa Rosa,
Cisnes, D. Quixote, La Sylphide, O Quebra-Nozes, La Bayadère,
Augusto Alves da Silva, Daniel Blaufuks, Inês Gonçalves,
que sucedeu a Armando Jorge na direcção artística da
Paquita, Petroushka, Pássaro de Fogo, foram algumas das
Sara Anahory e Paulo Catrica.
companhia, empreendeu entre 1994 e 1996 um sentido
coreografias do reportório clássico estreadas pela companhia
foi também inaugural na vida da CNB: pela primeira vez
1997
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1989
1982
Serenade, a obra que Balanchine concebeu
após a sua chegada aos EUA, em 1934,
modernizador, produzindo As Bodas e A Sagração da
ao longo da sua primeira década e meia. No Natal de
bailarinos portugueses executavam uma coreografia
O Teatro Luís de Camões é desenhado
Primavera nas versões originais. Em 1995, novo marco,
1989, o público foi contemplado com a primeira produção
deste inovador do ballet do século XX. Depois da estreia,
pelo Gabinete Risco, sob direcção do
direccionado para a técnica clássica: a estreia de La Fille
integral de Coppélia.
em 1982, muitas outras se seguiriam – Concerto Barocco
arquitecto Manuel Salgado, e englobado no projecto
Mal Gardeé, na versão coreográfica de Georges Garcia
Expo’98, decorrendo a sua construção entre 1997 e 1998.
(a partir de Mordkin e Nijinska), proporciona contacto
Dirigida por Jorge Salavisa, a CNB atravessa nesta fase
com esta obra referencial, por se tratar do mais antigo
uma quase “segunda fundação”, nas palavras de Rui
bailado (1789) ainda hoje remontado pelas companhias
outros reportórios relevantes do século XX, como o
centenário do nascimento do mestre, em 2004. Ainda
Vieira Nery, à época o Secretário de Estado da Cultura
de reportório. Ao longo desta década, a CNB continua a
legado do expressionismo europeu. A Mesa Verde, icónico
no ano de 1982, a companhia estabelece-se nas suas
responsável pela sua nomeação. Um dos objectivos
dançar em teatros cedidos.
(1984), Apollo (1987), Tema e Variações (1988), Os Quatro
1984
A direcção de Armando Jorge, que se
Temperamentos (1991), Agon (1999) e Who Cares? (2002)
prolongou por 15 anos, não negligenciou
– até à dedicação de um programa especial, Mr. B., no
trabalho de Kurt Jooss, foi apresentado em 1984. Apesar
novas instalações: o antigo Real Gymnásio Clube de
programáticos de Salavisa foi introduzir um novo
do ritmo da montagem de espectáculos, temporada
Lisboa, o actual nº 20 da Rua Vítor Cordon. Nesta década,
reportório, aliado a uma nova imagem, que remetia
após temporada, o director entendeu que a companhia
intensificam-se as digressões internacionais: a Macau e à
para a revelação de novos valores. A sua primeira
se ressentia da escassez de profissionais qualificados,
China, em 1983, e ao Brasil, em 1985.
1979
Coreógrafo, bailarino (foi o primeiro
a companhia, que nasceu oficialmente em Junho de 1977,
“Albrecht” português), mestre de
por despacho do Secretário de Estado da Cultura David
bailado – e, sob o pseudónimo Da Silva Nunes, também
Mourão Ferreira (a mesma deliberação extinguiu o Grupo
cenógrafo e figurinista –, Armando Jorge estreou em
de Bailados Verde Gaio). A companhia foi constituída
1979 a sua primeira coreografia ao serviço da CNB:
através de audições em Portugal e em Londres, e contou
Carmina Burana. Outras autorias marcantes se seguiriam
inicialmente com uma maioria de bailarinos estrangeiros.
(O Quebra-Nozes em 1984, O Lago dos Cisnes em 1986),
Mas desde cedo se destacariam intérpretes nacionais de
algumas das quais ainda hoje permanecem no reportório
grande nível, como Miguel Lyzarro (falecido em 1996),
da CNB. Nos primeiros anos de trabalho, a companhia
Maria José Branco ou Cristina Maciel, que é hoje mestre de
estava instalada no Teatro Nacional de São Carlos e os
bailado coordenadora da CNB.
seus elementos fundadores foram Luna Andermatt, Vera
Varela Cid, Pedro Risques Pereira e Armando Jorge, que
viria a assumir a direcção. Laszlo Tamasik foi o primeiro
maître de ballet da companhia, que logo em 1978 dançou
Les Sylphides de Michel Fokine. Trinta anos depois, em
2008, Armando Jorge foi condecorado pela Presidência da
República com o grau de Grande Oficial da Ordem Militar
de Santiago da Espada, pelo seu papel na construção e
crescimento da CNB e da dança no nosso país.
1977
A Companhia Nacional de Bailado
apresentou o seu primeiro espectáculo no
Teatro Rivoli, no Porto, a 5 de Dezembro de 1977, tendo a
estreia oficial ocorrido no dia 17 do mesmo mês no Teatro
Nacional de São Carlos, em Lisboa. O programa era
constituído, entre outras peças, pelo segundo acto do Lago
dos Cisnes de Petipa na versão de Brydon Page, com música
de Tchaikovski e cenário de Cruzeiro Seixas e Canto de Amor
e Morte de Patrick Hurde, com música de Fernando Lopes
Graça e cenários e figurinos de Júlio Resende. Dançaram
o papel de Odette, em dias alternados, Raya Lee e Luísa
Taveira. Ao longo das décadas, muitos artistas plásticos,
cenógrafos e compositores portugueses colaboraram com
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Natural do Porto, começou a estudar dança aos nove anos, com o professor Pirmin Treku. Em
Entre 1996 e 2000, a convite de Jorge Salavisa, assume as
No âmbito da programação do Centro Cultural de Belém,
1974, juntamente com alguns dos seus colegas, funda o Grupo Experimental de Bailado do Porto,
funções de Directora Artística Adjunta e, posteriormente,
funda em 2010, a Companhia Maior, um projecto de
com o qual desenvolve uma intensa actividade artística, realizando espectáculos no norte do país.
de Directora Artística da Companhia Nacional de Bailado.
intérpretes com mais de 60 anos, provenientes de todas as
Um ano depois, entra na Upper School do Royal Ballet, em Londres, na qualidade de bolseira da
áreas artísticas.
Fundação Calouste Gulbenkian, e aí finaliza os seus estudos com Maryon Lane, Pamela May, Piers
Em 2001, é convidada para assessora da área da dança da
Beaumont, Leonid Massine e Ninette de Valois, entre outros.
administração da Fundação Centro Cultural de Belém.
É mestre pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da
Mais tarde, passa a adjunta para a programação com
Universidade Nova de Lisboa.
De regresso a Portugal, ingressa na Companhia Nacional de Bailado – da qual é membro fundador
responsabilidades nas áreas da dança, do teatro e da
– sendo escolhida, logo na temporada inaugural da companhia, para o papel de Odete, do Lago
ópera, exercendo também as funções de coordenação da
Desde Outubro de 2010, é Directora Artística da
dos Cisnes. Aqui, tem a oportunidade de dançar os papéis principais do repertório clássico e neo-
programação das orquestras e formações músicais em
Companhia Nacional de Bailado e do Teatro Camões.
-clássico e também de interpretar um sem número de criações coreográficas, muitas das quais
residência, dos ciclos temáticos e de alguns dos festivais.
especialmente concebidas para si.
Assume, entre 2003 e 2007, as funções de professora
Entre 1985 e 1988, é artista convidada de várias companhias europeias com as quais dança em
coordenadora do ramo de espectáculo da Escola Superior
Inglaterra, Bélgica, França, Alemanha, Suíça, Itália e Áustria, destacando-se a sua participação no
de Dança, do Instituto Politécnico de Lisboa.
London City Ballet. Durante a temporada de 1986, junta-se, como bailarina principal, ao elenco da
LUÍSA TAVEIRA
DIRECÇÃO ARTÍSTICA
NAPAC Dance Company, a primeira companhia de dança multirracial da África do Sul, sediada na
Foi por diversas vezes chamada a fazer parte dos júris de
Playhouse de Durban, e com a qual percorre, em digressão, todo o país.
apoio à dança e projectos transdisciplinares do Ministério
da Cultura, bem como para júri dos prémios Almada e
Dos seus “partners” destaca Guilherme Dias (CNB), Michael Corder (Royal Ballet), Anatoli Grigoriev
Ribeiro da Fonte. Em 2005, faz também parte do júri
(Kirov Ballet) e Phillip Betley (London Festival Ballet).
internacional de dança, no âmbito das comemorações do
4º centenário da publicação de D. Quixote, a convite do
Em 1982, recebe o prémio de imprensa para a melhor bailarina.
Instituto Cervantes, em Madrid.
Com um forte desejo de alargar a sua experiência de intérprete a outras facetas da dança para
Em 2005, integra a equipa de programação de Faro Capital
além da clássica, ingressa no Ballet Gulbenkian em 1988, interrompendo no entanto a sua estadia
da Cultura, como responsável artística para as áreas da
um ano depois, para ser mãe. Por esta altura, começa a ensinar no Conservatório Nacional, onde
dança e do novo-circo.
permanece durante 13 anos. Aqui fez também parte da direcção da escola e ajuda a elaborar
o curriculum de ensino integrado da escola, numa experiência inédita do ensino artístico em
Portugal. Foi também, durante a sua estadia no Conservatório Nacional, responsável pela
realização dos espectáculos anuais dos alunos.
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ROMEU
E JULIETA
Coreografia John Cranko
Música Serguei Prokofiev
A VARANDA
DE JULIETA
Uma vez, entrei em verona para não entrar
em veneza. Entre o vê de verona e o vê
de veneza optei por ver verona. Gostei da
Argumento John Cranko
coincidência das consoantes na janela
segundo William Shakespeare
de julieta; e sei que em veneza não ouviria
Cenografia João Mendes Ribeiro
Figurinos, Adereços, Decoração de Carros,
Panejamento e Quarto de Julieta António Lagarto
o vento da vingança, nem provaria o veneno
de uma volúpia que só em verona se
Imagens Daniel Blaufuks
desvanece com a vida. Não há canais em
Desenho de Luz Cristina Piedade
verona, como em veneza; nem há janelas
Ensaios Especiais Ivan Cavallari
em veneza, como em verona; mas julieta
Ensaiadores Cristina Maciel, Rui Alexandre,
Isabel Fernandes, Adeline Charpentier
Estreia Absoluta (versão John Cranko) Itália, Veneza,
espreita a rua, da janela que é sua, e se
ninguém diz a senha que só ela sabe, agita
o lenço molhado pelas lágrimas que as
Ballet do Teatro alla Scala, 25 de Julho 1958
nuvens bebem, levando-as de verona até
Estreia CNB Lisboa,Centro Cultural de Belém,
veneza, onde a chuva as deita nos canais.
21 de Dezembro 2001
Nuno Júdice, Pedro, lembrando Inês,
Publicações Dom Quixote,
Lisboa, 2001.
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Barbora Hruskova, Carlos Pinillos
Ensaio de Estúdio
Artistas CNB
As Bodas
Cena 1 – Mercado
I ACTO
É madrugada em Verona. Romeu (filho de Lord Montéquio)
declara o seu amor a Rosalinda. Com o nascer do dia,
a praça do mercado enche-se de gente e inicia-se uma
rixa entre membros das famílias rivais, Capuletos e
Montéquios. Entra o Duque de Verona e adverte-os para
o facto de que, se o conflito continuar, ele deverá puni-los,
em último caso mesmo com a morte. Romeu e os seus
amigos Benvólio e Mercúcio, relutantes, fazem as pazes
com Tibaldo (da família dos Capuletos).
Cena 2 – Jardim de Julieta
Julieta recebe de sua mãe o primeiro vestido de baile.
Irá conhecer o Duque Páris, de quem ficará noiva no dia
seguinte. Terminará assim a sua infância.
Cena 3 – Entrada da casa dos Capuletos
Os Capuletos organizam um grande baile. Chegam os
convidados, entre os quais Rosalinda. Romeu, Benvólio
e Mercúcio, mascarados, seguem-na.
Cena 4 – Baile
Julieta dança com Páris mas assim que o seu olhar
encontra o de Romeu, o amor nasce à primeira vista.
Tibaldo, suspeitando da verdadeira identidade de
Romeu tenta separá-los, mas o pai de Julieta impede-o,
obedecendo às leis da hospitalidade.
Cena 5 – Varanda do Quarto de Julieta
Na varanda do seu quarto Julieta sonha com Romeu.
Ele aparece no jardim, encoberto pela noite, e juntos
declaram amor eterno.
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Solange Melo, Maxim Clefos
Ensaio de Palco
II ACTO
Cena 1 – Mercado
Cena 1 – Quarto de Julieta
Na praça do mercado assiste-se a uma grande festa de
No quarto de Julieta, os amantes acordam com o nascer
Carnaval. Romeu mostra pouca vontade de se juntar aos
do sol. Romeu deixa Julieta e abandona Verona sob
festejos. A ama de Julieta encontra-o e dá-lhe uma carta,
sentença de exílio. Lord e Lady Capuleto entram com
onde Julieta lhe pede que vá ao seu encontro no jardim de
Páris, mas Julieta rejeita-o.
Frei Lourenço.
Cena 2 – Jardim de Frei Lourenço
Cena 2 – Jardim de Frei Lourenço
No seu desespero Julieta procura Frei Lourenço e este
Em segredo, Frei Lourenço casa Romeu e Julieta.
dá-lhe uma poção que a deixará num estado de morte
aparente. Frei Lourenço diz-lhe que Romeu irá ao seu
Cena 3 – Mercado
encontro no túmulo de família e então poderão fugir
No auge dos festejos Romeu regressa à praça do
juntos.
mercado. Tibaldo desafia-o mas Romeu recusa-se a lutar.
Mercúcio, irado, inicia um duelo com Tibaldo mas ferido
Cena 3 – Quarto de Julieta
por este, morre. Em desespero, Romeu vinga a morte do
Julieta aceita casar com Páris. Assim que se encontra
seu amigo matando Tibaldo.
de novo a sós, toma a poção e é mais tarde encontrada,
supostamente morta, pela sua família e amigos.
III ACTO
Cena 4 – Jazigo da família Capuleto
Romeu, que nunca chegou a receber a mensagem de Frei
Lourenço a explicar o plano, acredita que Julieta está
morta. Dirige-se ao jazigo dos Capuletos, encontra
Páris amargurado, e mata-o. Após um último abraço à
sua amada, Romeu crava o seu punhal no seu próprio
coração. Julieta acorda e vê o seu amado morto. Incapaz
de suportar a vida sem ele, suicida-se.
Ana Lacerda
Ensaio de Estúdio
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A Antiguidade Clássica, e Itália em especial, foi pródiga em incontáveis narrativas – reais ou
ROMEU
E JULIETA
imaginárias – que relatavam discórdias entre facções rivais ou entre famílias ilustres; a causa de
todas as dissidências assentava, invariavelmente, na luta pelo poder ou pelo amor, arrastando
consigo ódios políticos, pactos sangrentos ou paixões impossíveis. Comum ao desfecho brutal
de todas estas disputas seria a resolução inevitavelmente dramática a que os intervenientes
principais estariam destinados: ao exílio, ao veneno, ao claustro ou ao punhal.
teatro de ópera lhe dedicasse, pelo menos, quatro óperas
realiza Shakespeare in Love (1998) que se torna num curioso e
dignas de menção: Giulietta e Romeo (Vaccai, 1825), I Capuleti
brilhante exercício de cinema (7 Óscares) enquanto nos vai
delights have
ed i Montecchi (Bellini, 1830), Roméo et Juliette (Gounod, 1867)
contando quão apaixonado estava o próprio dramaturgo
e Romeo und Julia (Sutermeister, 1940). Nenhuma destas
durante a escrita do seu “Romeu e Julieta”.
violent deaths »
obras – apenas o último acto da ópera de Vaccai conheceu
nos seus dias alguma notoriedade graças à cantora Maria
Recuando, propositadamente, uns anos, impõe-se recordar
Malibran – parece ter assegurado uma presença mais ou
a noite de 26 de Setembro de 1957, no Winter Garden
menos regular nos palcos de ópera. Ainda no século XIX,
Theatre de Nova Iorque, quando, em plena Broadway, se
Berlioz e Tchaikovski, dois compositores entre tantíssimos,
estreia o músical West Side Story. Seguindo de muito perto o
massacres entre as facções políticas dos Gibelinos e dos Guelfi; todavia seria mais a norte, em
inspirados pela história, compuseram uma sinfonia
modelo de Romeu e Julieta, o poema de Stephen Sondheim,
Verona, que as rivalidades entre as casas rivais dos Capuletos e dos Montéquios (“Two households,
dramatique e uma fantasia, respectivamente.
a coreografia de Jerome Robbins e a música de Leonard
As ruas da Roma pré-imperial conheceram os tumultos entre os Horácios e os Curiácios, e as
Texto Rui Esteves
« These violent
da Florença medieval as escaramuças nocturnas entre os Monaldis e os Filippeschi ou ainda os
Shakespeare, “Romeu e Julieta”
Frei Lourenço, Acto II, Cena VI
both alike in dignity” – como as descreveria mais tarde Shakespeare) protagonizariam o epítome
Bernstein popularizaram para sempre a história trágica
da rivalidade entre bandos e as consequências trágicas de um amor juvenil entre Romeu, um
No século XX, o tema inspirou dois nomes maiores do jazz:
Montéquio, e Julieta, uma adolescente da casa dos Capuletos.
Duke Ellinton (The star-crossed lovers) e Peggy Lee (sublime em
Shakespeare transita então das ruelas e praças de Verona
Fever) e ainda autores populares tais como The Supremes,
– onde se ajustam contas entre grupos inimigos – para
Bruce Springsteen, Tom Waits, Dire Straits e Lou Reed!
o quarteirão degradado do Upper West Side, em Nova
O jovem William Shakespeare – então nos alvores da sua carreira literária – decerto não adivinhou
quando, algures entre 1591 e 1596, ao escrever a última frase da sua tragédia Romeu e Julieta, ela viria a
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dos dois jovens apaixonados de Verona. O drama de
Iorque. Capuletos e Montéquios são agora os gangues
ser, a par de Hamlet e de Rei Lear, a sua obra mais popular. Porém, antes dele já Ovídio (Metamorfoses)
Com o advento do cinema no início do século XX, Méliès,
rivais dos Jets e dos Sharks, e Romeu e Julieta chamam-
narrara os desamores de Tisbe e Píramo, em 1476 Salernitano dava-nos conta do infortúnio
o “alquimista da luz”, realizou para os estúdios Edison/
se simplesmente Tony e Maria. West Side Story, para além
entre Gianozza e Mariotto e Dante mencionara, na Divina Comédia a rivalidade entre Capuletos e
Vitagraph o primeiro “Romeu” do celulóide, registo
de ter constituído um ponto de viragem na história do
Montéquios. Assim sendo, Shakespeare não foi original ao contar-nos a paixão desafortunada dos
infelizmente desaparecido. Em 1936, Cukor realiza para
músical norte-americano, sequencia toda uma narrativa
dois jovens enamorados veroneses; afinal não fez mais do que dramatizar a tradução de Arthur
a MGM um hollywoodesco “Romeu” (a preto e branco,
músico-teatral com o pulsar inovador de uma linguagem
Brooke da novela de Matteo Bandello (1554) intitulada Giulietta e Romeo, acrescentando, porém,
claro), com dois protagonistas cuja idade totalizava os 75
universal, agora acrescida de ingredientes que apelam
pormenores muito relevantes a personagens e em particular à Ama e a Mercúcio. E, ao completar
anos, donde pouco credíveis nos ímpetos e fulgores juvenis
e se enquadram na perfeição nos problemas de uma
a sua obra, o mais ilustre dramaturgo da era isabelina fixou para a posteridade uma obra que viria a
exigidos para os respectivos papéis. Renato Castellani,
nova geração: emigração, racismo, disputa do território
tornar-se sinónimo do amor impossível, da redenção pela morte voluntária e violenta, em suma, um
em 1954, assina outra versão para o cinema (Grand Prix de
urbano. O amor que Tony/Romeu sente por Maria/
verdadeiro maná de inspiração para a literatura vindoura. Por cá, apenas Camilo rondou de muito
Veneza), na qual brilha essencialmente o Frei Lourenço de
Julieta fá-los desafiar as suas respectivas famílias, os seus
perto o drama de Shakespeare; Amor de Perdição narra o ódio visceral entre Botelhos e Albuquerques,
John Gielgud. Franco Zeffirelli, em 1968, retoma o tema da
amigos e o seu mundo social. Em 1961 a peça é fielmente
de onde emerge, pungente e trágico, o amor de Simão e Teresa.
peça de Shakespeare e filma um “Romeu e Julieta” vibrante,
transportada para o ecrã, e será o próprio Jerome Robbins
colorido, sexuado e juvenil. A “Julieta” de Olivia Hussey
a supervisionar, ao lado de Robert Wise – o realizador –,
Até aos nossos dias, o filão dramático da peça de Shakespeare parece não querer esgotar-se; a sua
ainda hoje comove. Em 1996, Luhmann actualiza o tema
todas as filmagens dos números músicais. Mera curiosidade:
complexa trama alia o erro humano à mais desmesurada luta entre o amor e a impossibilidade
e decide rodar um filme insípido com Di Caprio apenas
todos os exteriores que envolviam cenas com coreografia
que conduz a uma inevitável fatalidade. Ingredientes ideais e mais que suficientes para que o
como chamariz de bilheteira; por fim, Martin Madden
de Robbins tiveram de ser filmados em tempo recorde;
o quarteirão do West Side tinha de ser demolido para ali se
de comover-se com toda a gestualidade de Ulanova (o seu
construir o Lincoln Center que iria albergar, entre outras
modo de correr pelo palco lembra “uma corça acossada”,
instituições, a Metropolitan Opera e o New York City Ballet.
como definiu Rosenthal) ou com a sensualidade latente
de Fonteyn na sublime “cena do balcão”? Como ficarmos
A música de Bernstein e a coreografia de Robbins foram
indiferentes à sinceridade e à devoção com que ambas
dois dos mais importantes e indesmentíveis contributos
dançam?
para o sucesso desta revisitação “popular” do drama de
Shakespeare. Contudo, outras músicas e sobretudo outros
Aos dois coreógrafos já mencionados, juntam-se, entre
coreógrafos vieram trazer a Romeu e Julieta leituras de
muitos, John Cranko e Maurice Béjart. Cranko estreia a
grande elegância e lirismo no domínio do bailado clássico.
sua versão do Romeu e Julieta com o Alla Scala Ballet, em
Teríamos de esperar pelo século XX – e sobretudo por
Veneza (1958), remonta-a mais tarde para o Stuttgart
Serguei Prokofiev – para podermos ouvir a mais genial e
Ballet, em 1962, e a ZDF capta-a exemplarmente em vídeo
bela partitura para bailado clássico alguma vez composta
com Márcia Haydée. Maurice Béjart cria a sua versão
– a da Sagração da Primavera é toda uma outra história.
para os Ballet du XXème Siècle, com música de Berlioz,
Terminada a obra em Setembro de 1935, o Bolchoi rejeita-a
e que Lisboa viu no Coliseu na famosa noite de 6 de
por considerá-la impossível de ser dançada. Em 1940,
Junho de 1968. Em 1981 a CNB dança a versão de George
o Kirov, bem mais avant garde decide estrear o bailado
Skibine que a RTP regista em vídeo com Maria José
não obstante as discussões entre o compositor e Leonid
Branco e Miguel Lyzarro, juvenis e vibrantes. Porém, são
Lavroski, o coreógrafo. Galina Ulanova foi a primeira Julieta;
as coreografias de MacMillan e Cranko que, por méritos
em 1956, a produção é filmada e percorre o mundo dando
distintos, permanecem no reportório regular das grande
a conhecer não só a arte de Ulanova e de Iuri Zhandiv
companhias de dança. MacMillan pela sua visão negra
(Romeo) como a partitura de Prokofiev. Em 1966, também
e marginal do drama, pela plasticidade nos pas-de-deux
para o cinema e dirigida por Paul Czinner, é imortalizada
e nas cenas de conjunto, por uma sensualidade sempre
a coreografia de Kenneth MacMillan com o par de eleição
presente; Cranko - que revisita Shakespeare em 1969 para
do momento: Margot Fonteyn e Rudolf Nureiev. Dois
coreografar A Fera Amansada - sobretudo pelo lirismo
registos há muito disponíveis em DVD e que merecem uma
gestual que dispensa qualquer tipo de pantomima,
brevíssima reflexão: para os espectadores de dança de hoje,
assim como por um entendimento perfeito da partitura
a arte de Ulanova e Fonteyn provoca alguma incredulidade
em função do desenvolvimento do drama. Ana Lacerda
dada uma aparente precariedade técnica de ambas. Melhor
e Fernando Duarte repetem os papéis titulares na
explicando, para as exigências técnicas actuais que
produção estreada em 2001 e, por todas estas as razões,
atingiram, dir-se-ia, padrões quase olímpicos, torna-se
Romeu e Julieta de John Cranko é um feliz regresso à
incómodo aceitar hesitações, imprecisões e arabesques
Companhia Nacional de Bailado. E a todos nós.
que não excedam os noventa graus. Mas quem não deixará
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Ana Lacerda,
Fernando Duarte
Ensaio de Estúdio
John Cranko nasceu em Rustenburg, África do Sul, no dia 15 de Agosto de 1927. Descendendo de uma
Cranko teve também o cuidado de dar uma importância
Contrariamente a muitos outros coreógrafos, John Cranko
família com passado teatral, iniciou a sua formação em dança na Universidade da Cidade do Cabo
especial ao método de ensino utilizado na companhia
não achava essencial que um bailarino tivesse “um corpo
e foi aí que apresentou o seu primeiro trabalho, The Soldier’s Tale, uma coreografia a partir de uma
e para isso convidou Anne Wooliams, uma professora
ideal” ou uma técnica brilhante pois para ele era mais
suite de Stravinski. Apesar de ter nascido na África do Sul, a carreira de Cranko conheceu os seus
britânica com quem viria a fundar a Cranko Ballet School,
importante a personalidade e singularidade de cada um,
melhores anos na Europa, especialmente no Reino Unido e na Alemanha, onde os seus talentos
em 1964, ainda hoje em actividade.
facto que alimentaria a sua imaginação e criatividade
coreográficos foram merecidamente elogiados e reconhecidos.
enquanto coreografava. John Cranko faleceu no auge do
John Cranko criou uma série de obras para o Ballet de
seu poder criativo, aos 45 anos, vitima de ataque cardíaco,
Cranko chegou a Londres ainda adolescente e continuou os seus estudos na escola do Sadler’s Wells
Estugarda ao longo dos 12 anos da sua direcção artística:
durante um voo de regresso de uma digressão aos Estados
Theatre Ballet. Fez também parte do elenco desta companhia, mas a partir de 1949 decidiu dedicar-se
Daphnis et Chlóe (1962, Maurice Ravel), Romeu e Julieta (1962,
Unidos da América.
exclusivamente à coreografia. Para o Sadler’s Wells Theatre Ballet e para o Royal Ballet, companhia
Serguei Prokofiev), Jeu de Cartes (1965, Igor Stravinski),
residente em Covent Garden, John Cranko criou vários bailados, nomeadamente um pas-de-deux
Opus 1 (1965, Anton Webern), Mozart Concerto (1966), The
de A Bela e o Monstro (1949), com música de Maurice Ravel, Harlequin in April (1951), com música de
Interrogation (1967, B.A. Zimmermann), Brouillards (1970,
Richard Arnell, Bonne Bouche (1953) uma comédia para a qual utilizou música de Arthur Oldham
Claude Debussy).
e ainda Pineaple Poll (1951), utilizando música de várias óperas de Arthur Sullivan, seleccionadas
JOHN CRANKO
COREOGRAFIA
e arranjadas por Charles Mackerras e The Lady and the Fool (1954), sendo a música também um
Durante a sua permanência em Londres, Cranko
arranjo de Mackerras mas desta vez a partir de Verdi. Estes dois últimos bailados sobreviveram
envolveu-se também na remontagem de bailados para
e continuaram no repertório da companhia. Em 1957, coreografou a sua primeira grande produção,
companhias estrangeiras, dirigiu a primeira produção
o bailado The Prince of Pagodas, para o qual Benjamin Britten escreveu a partitura.
da ópera de Benjamin Britten, Sonho de uma Noite de
Verão, em Aldeburgh (1960) e coreografou e dirigiu duas
Cranko aceitou também encomendas de outras companhias, criando duas obras para o Ballet
revistas londrinas, Cranks (1955) e New Cranks (1960).
Rambert (agora denominado Rambert Dance Company), La Belle Hélène para a Opera de Paris e
Foi no entanto com os bailados de enredo, de carácter
Romeu e Julieta de Prokofiev para o Ballet do Teatro alla Scala, de Milão. Nesta produção Cranko
narrativo e dramático que John Cranko se consagrou como
escolheu para Julieta a bailarina Carla Fracci, então com 21 anos. Em 1961, John Cranko aceitou a
coreógrafo memorável. Ele possuía a invulgar capacidade
oferta para o cargo de director do Ballet de Estugarda sucedendo-se a Nicolas Beriozoff, pai de
de conseguir lidar com várias formas fossem elas tragédia,
Svetlana Beriosova, (para quem ele tinha criado The Prince of Pagodas) e conseguiu transformar
comédia, drama ou romance. Obras como Onegin, The
aquela companhia alemã numa das mais prestigiadas mundialmente, prestigio esse que permanece.
Taming of the Shrew, Romeu e Julieta, Carmen, Poème de l’Extase
No início deste processo Cranko decidiu convidar alguns solistas de reconhecido talento como
e Traces tornaram-se verdadeiros símbolos do bailado, a nível
Richard Cragun, Birgit Keil, Egson Madsen e Marcia Haydee (que viria a ser a sua musa de
internacional.
inspiração) para dançarem na sua companhia. Foi para estes mesmos bailarinos que Cranko criou
um bailado, Initials RBME, utilizando o Concerto nº 2 para Piano, de Brahms, como tributo pelo seu
excelente trabalho na companhia. Grande parte do sucesso das remodelações feitas por Cranko
após a sua chegada ao Ballet de Estugarda deveu-se à prioridade e importância que ele deu à
formação de equipas eficientes, a quem distribuiu responsabilidades.
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SERGUEI PROKOFIEV
JOÃO MENDES RIBEIRO
MÚSICA
CENOGRAFIA
Serguei Sergueievich Prokofiev nasceu em Sontsovka,
uma segunda encomenda foi feita e o resultado foi o
Henri Matisse, tendo este último chegado mesmo a
que “os vivos conseguem dançar, os mortos não...”
de Tolstoi, o bailado Cinderela, 2 marchas militares e
Arquitecto pela Faculdade de Arquitectura da
na Ucrânia, no dia 23 de Abril de 1891, e desde muito
bailado Chout (também conhecido como The Tale of
desenhar um retrato do compositor.
Alternativamente, Prokofiev recorreu ao Ballet
a Sinfonia nº5, que lhe valeu o 2º Premio Estaline.
Universidade do Porto (1986), onde leccionou entre
cedo revelou-se como um menino prodígio na
the Buffoon), que estreou em Paris em 1921. Chout foi
Prokofiev não regressou à Rússia durante vários
Bolshoi que, no entanto, também considerou a
Morreu com 61 anos a 5 de Março de 1953, perto da
1989 e 1991. Doutorado em Arquitectura, especialidade
execução e composição músicais. A sua mãe, uma
sujeito a inúmeras criticas, nem sempre favoráveis,
anos. Em 1922-23 dedicou-se a sua ópera The Fiery
partitura “indansável”... Só em Dezembro de 1938 a
Praça Vermelha em Moscovo.
Teoria e História, pela Universidade de Coimbra, 2009.
pianista de talento, foi a sua primeira tutora e aos
mas na realidade foi o marco do inicio da maturidade
Angel que só foi encenada após a sua morte, e a
sua obra foi estreada na Ópera de Brno, em Praga,
Professor Auxiliar no Departamento de Arquitectura
11 anos de idade, Prokofiev tinha já composto 2
musical de Prokofiev.
Sinfonia nº3. Já em 1924 e após a morte da sua mãe e o
com coreografia de Ivo Vana Psota, cujo sucesso fez
da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade
óperas, 1 sinfonia de 4 movimentos e 70 pequenas
O ano de 1917 revelou-se muito produtivo para
nascimento do seu primeiro filho, acontecimentos
o Ballet Kirov mudar de ideias e pedir a Prokofiev para
de Coimbra, na cadeira de Projecto. Reconhecido
peças para piano. Entrou para o Conservatório de
Prokofiev. Devido à guerra e todas as suas conse-
obviamente marcantes na vida do compositor,
apresentar este bailado. A estreia em Leninegrado
com diversas distinções e prémios: Prémio Architécti,
São Petersburgo com 13 anos, sendo o aluno mais
quências, o compositor passou 9 meses no Cáucaso,
Prokofiev escreveu a Sinfonia nº2, por encomenda de
deu-se em 1940 com coreografia de Levrovski. Os anos
Lisboa, 1997 e 2000; Highly Commended, AR awards
novo de sempre, e teve como professores os mestres
onde compôs as Sonatas nº3 e nº4 para Piano,
Koussevitski. Foi após a estreia desta sinfonia, em
que se seguiram não foram um mar de felicidade
for emerging architecture, Londres, 2000; Prémio
Glazunov, Rimski-Korsakov e Liadov, com quem
completou o seu Concerto nº1 para Violino e a Sinfonia
1925, que Diaghilev sugeriu a Prokofiev a criação de
nem para a carreira nem para a vida privada de
Diogo de Castilho, Coimbra, 2003 e 2007; Premis
se divertia desafiando-os com as suas irreverentes
Clássica (nº1), e iniciou o trabalho coral Seven, They
um bailado a partir de um tema soviético. Nasceu
Serguei Prokofiev. As consequências da guerra
FAD d’Arquitectura i Interiorisme, Barcelona, 2004;
composições, uma das razões pelas quais foi
Are Seven e o Concerto nº3 para Piano. Em 1918, ano
assim Le Pas d’Acier, coreografado por Leonide
não trouxeram estímulos positivos para a cultura
Gold Medal for Best Stage Design, 11th International
apelidado de enfant terrible, título que ele próprio
do inicio das suas longas viagens e já nos Estados
Massine. Em 1929, Prokofiev compôs O Filho
e os artistas sentiam-se “mutilados” com as novas
Exhibition of Scenography and Theatre Architecture
cultivava. Ainda durante os anos de conservatório
Unidos da América, Prokofiev debateu-se com um
Pródigo, a sua ultima obra para Les Ballets Russes,
exigências feitas pelas autoridades soviéticas.
– Prague Quadrennial 2007, Praga, 2007; Prémio
(1904-1914), Serguei Prokofiev desenvolveu os
problema: os seus trabalhos eram muitas vezes
tendo sido coreografada por George Balanchine.
Qualquer compositor que ultrapassasse os limites
AICA 2007, Associação Internacional de Críticos de
seus talentos como pianista. Ao terminar o
considerados irreverentes e ele próprio foi chamado
Prokofiev ansiava por voltar a pátria e fê-lo assim que
da doutrina do Realismo Soviético era criticado e
Arte/Ministério da Cultura, 2008; IV Prémio Enor,
Conservatório os seus interesses voltaram-se para
de “pianista bolchevista”. Alguns sucessos foram no
obteve consentimento das autoridades soviéticas.
muitas vezes ridicularizado publicamente. Quanto
na categoria Portugal, Vigo, 2009. Nomeado para o
a Europa Ocidental para onde viajou em 1914. Aqui
entanto alcançados: a Ópera de Chicago ofereceu-lhe
Já no seu país as encomendas de obras aconteciam
a sua vida familiar, as ligações com estrangeiros não
European Union Prize for Contemporary Architecture
encontrou os seus conterrâneos Igor Stravinski, que
um contrato pela sua ópera Love for Three Oranges.
cada vez com mais frequência e foi neste período
eram bem aceites pelo regime (Lina era de origem
– Mies Van Der Rohe Award, Barcelona, 2001, 2005
acabava de estrear O Pássaro de Fogo e Petrouchka,
No plano pessoal, conheceu nessa altura Lina
(1935) que Prokofiev escreveu Romeu e Julieta, o
espanhola), e o seu casamento chegou mesmo a
e 2011; finalista da II e IV Bienal Iberoamericana de
e o empresário Serguei Diaghilev com a sua recém
Lubera, uma soprano espanhola que viria a ser sua
Concerto nº2 para Violino e a música para o filme
ser anulado, alguns anos mais tarde. Mesmo assim,
Arquitectura e Engenharia Civil, Cidade do México
formada companhia Les Ballets Russes. Diaghilev
mulher e mãe dos seus dois filhos. O seu trabalho
Lieutenant Kijé que ele mais tarde alteraria para a
Prokofiev não deixou de compor. Em 1939 trabalhou
e Lima, 2000 e 2004; finalista dos Premis FAD
fez a sua primeira encomenda a Prokofiev, o bailado
prosseguiu na Europa com a reestruturação do
hoje conhecida Suite Sinfónica (opus 60). O bailado
simultaneamente nas Sonatas nº6, nº7 e nº8 para
d’Arquitectura i Interiorisme, Barcelona, 1999, 2001,
Ala e Lolli, mas viria a rejeitá-lo pois encontrou-lhe
bailado The Buffoon (Chout, na sua origem), para Les
Romeu e Julieta, foi originalmente encomendado
Piano e em 1940 iniciou a sua ultima ópera O Noivado
2002, 2004 e 2006. Em 2006 foi distinguido pela
muitas parecenças com A Sagração da Primavera de
Ballets Russes, que apesar de não ter sido o maior
pelo Ballet Kirov, em 1934. Prokofiev sugeriu utilizar
no Mosteiro, que só foi cantada após a sua morte.
Presidência da República com a Comenda da Ordem
Stravinski, obra que tinha causado forte polémica na
sucesso da sua carreira conquistou novos públicos
como tema, a história de William Shakespeare, mas
Ainda durante os anos da guerra Prokofiev escreveu
do Infante D. Henrique.
noite da estreia. Pouco tempo depois, no entanto,
e fãs, entre os quais Pablo Picasso, Maurice Ravel e
o Kirov rejeitou imediatamente a ideia, alegando
a sua famosa ópera Guerra e Paz, baseada na novela
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ANTÓNIO LAGARTO
DANIEL BLAUFUKS
CRISTINA PIEDADE
FIGURINOS
IMAGENS
DESENHO DE LUZ
Figurinista, cenógrafo e artista plástico. Formou-se
de António Ferreira, encenação de Ricardo Pais,
ExperimentaDesign 2005 e 1999, no PoNTI 99, no
Daniel Blaufuks tem trabalhado na relação entre
Nasceu em Lisboa, em 1967. Estudou iluminação em
em Londres no Royal College of Art e na St. Martin’s
no T.N.S.João (2003), o arquitecto Alexandre Alves
CCB, na Galeria Luís Serpa (Lisboa), na Alternativa Zero
fotografia e literatura, através de obras como
Portugal, Espanha e Estados Unidos. Leccionou em
School of Art, após ter frequentado a Faculdade de
Costa afirmou: “...paisagens que já são a tragédia
(1977) e galerias em Londres, Nova Iorque, Florença.
My Tangier com o escritor Paul Bowles. Mais
Portugal, Estados Unidos, Inglaterra e Finlândia.
Arquitectura de Lisboa .
em si...”.
É professor, na Escola Superior de Teatro e Cinema,
recentemente, Collected Short Stories apresentou
Trabalhou em inúmeros es­pectáculos e festivais,
Foi director do Teatro Nacional D. Maria II (2004 e
Para a Ópera de Paris (Palais Garnier e Bastille),
da Licenciatura e do Mestrado em Design de Cena.
vários dípticos fotográficos numa espécie de
desde o teatro à dança, passando pela música, os
2005) e subdirector (1989-1993). Foi director do Festival
criou, os cenários de A Viúva Alegre, de Franz Léhar,
Para a CNB criou, a convite de Jorge Salavisa, os
"prosa de instantâneos", um discurso baseado
quais foram apresentados em toda a Europa, Brasil,
Internacional de Teatro – FIT (Lisboa) (1990-1995).
encenação de Jorge Lavelli e transmitida pelo canal
cenários e figurinos de A Bela Adormecida (1998) e a
em fragmentos visuais, que insinuam histórias
Estados Unidos, África e Austrália.
Os seus trabalhos têm abrangido as áreas de
Arte.
convite de Ana Pereira Caldas os figurinos de Romeu
privadas a caminho de se tornarem públicas.
Desde 1988, que colaborou com os mais diversos
instalação, fotografia, filme, design, ilustração e
Criou ainda para encenações de Alain Ollivier, Nuno
e Julieta (2001) e os cenários e figurinos de Giselle
A relação entre o público e o privado tem sido,
coreógrafos e en­cenadores, entre os quais se desta­
arquitectura de interior. Colaborou com o arquitecto
Carinhas, Cornélia Géiser, João Grosso, Carlos
(2002) e O Lago dos Cisnes (2006).
aliás, uma das constantes interrogações no seu
cam, Clara Andermatt, Vera Mantero, António
inglês Nigel Coates, entre 1975 e 1981.
Pimenta, Fernando Gomes e Cândida Vieira e para
trabalho. Utiliza principalmente a fotografia e o
Feio, José Laginha, João Fiadeiro, Sílvia Real, Sofia
O seu trabalho de cenografia e figurinos, para
coreografias de Robert Cohan, Vasco Wellenkamp,
video, apresentando o resultado através de livros,
Neuphard, Rui Nunes, Madalena Victorino, Fiona
espectáculos de teatro, dança, ballet e ópera,
Olga Roriz, Paulo Ribeiro, Ted Brandson, John
instalações e filmes. O seu documentário Sob Céus
Wright, Howard Sonenklar, Jessica Levy, Joana
realizados em Portugal e no estrangeiro, ao longo
Cranko, Georges Garcia e Mehmet Balkan.
Estranhos foi recentemente apresentado no Lincoln
Providência, João Fia­deiro, Margarida Bettencourt,
de uma carreira de 33 anos, tem sido apresentado
Recebeu, de entre outros, os Prémios Se7e de Ouro
Center em Nova Iorque. Algumas das suas últimas
Nigel Chernock, Miguel Pereira, Filipa Fran­cisco,
nos Teatros Nacionais portugueses (São Carlos,
1989, Garrett 1989 e 1987 e da Associação Portuguesa
exposições foram no Centro de Arte Moderna,
Paula Castro, Carlota Lagido, Teresa Prima, João
D.Maria II, S. João e Companhia Nacional de Bailado),
de Críticos de Teatro 1987.
Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Palazzo
Galante, Paulo Henrique, Lúcia Sigalho, Rui Lopes
no Ballet Gulbenkian, no CCB, no Sadler’s Wells
Da sua programação 2005, no T.N.D.Maria II, foram
delle Papesse, Siena, LisboaPhoto, Centro Cultural
Graça, Paulo Ribeiro, Aldara Bizarro, Francisco
Theatre, no Traverse Theatre (Edimburgo), no
distinguidos com Globos de Ouro, para Teatro:
de Belém, Lisboa, Elga Wimmer Gallery, New York,
Camacho, Olga Roriz.
Théâtre National de la Colline (Paris), na Ópera de
Melhor Espectáculo - A Mais Velha Profissão, de Paula
Photoespaña, Madrid.
Das criações de luz para dança e teatro destacam-
Turim, no Teatro Maria Guerrero (Madrid) e no SESC
Vogel (encenação de Fernanda Lapa); Melhor Actriz -
se: O Cansaço dos Santos de Clara Andermatt,
– Vila Mariana (São Paulo), entre outros.
Luísa Cruz e Melhor Actor - João Grosso. A Associação
O Sor­riso da Gioconda, Leonardo, Puro Sangue/Mulheres
Destacam-se dos seus últimos trabalhos Don
Portuguesa de Críticos de Teatro atribuiu Menção
e Realidade Real de Lúcia Sigalho, Encaramelado de
Giovanni, de Mozart, encenação de Maria Emília
Especial a Serviço d’ Amores, a partir de textos de Gil
Aldara Bizarro, Um golpe de sorte numa mera crise
Correia (Teatro Nacional de São Carlos) e Máquina
Vicente (encenação de Maria Emília Correia).
não é suficiente, Babilónia de Teresa Prima/João
de Somar, de Joshua Schmidt e Jason Loewith,
Expôs no Museu de Serralves, no Festival de
Galante, Espiões Agentes Duplos e outros carácteres
encenação de Fernanda Lapa (Teatro Trindade).
Almada (2006), na galeria da Triennale (Milão)
suspeitos de João Galante, Carlota Lagido e Filipa
A propósito do espaço cénico criado para Castro,
– Portugal 1990/2004, Arquitectura e Design –, nas
Fran­cisco, Ever Wanting de Paula Castro, Terra Plana
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e Minimally Invasive de Paulo Henrique, Primeiro
nome, Le (baseado no desenho original de Miran
Sustersic), D.São Sebastião, Gust, More, e À Força
de Francisco Camacho, e em co-criação, Apetite,
Pop Corn de António Feio, Conversas da treta
de António Feio e José Pedro Gomes, Ao Vivo e
Comédia Off de Paulo Ribeiro, Jump-up-and-Kissme, Confidencial, O Amor ao canto do bar vestido de
negro, Pedro e Inês e Nortada de Olga Roriz.
Para a CNB fez o desenho de luz para Giselle,
Requiem, Romeu e Julieta, 7 Silêncios de Salomé, Lento
para Quarteto de Cordas, O Quebra-Nozes.
É desde 2004 Directora Técnica da Companhia
Nacional de Bailado
IVAN CAVALLARI
A destacada carreira de Ivan Cavallari abarca quase 30
Noruega, Ballet Nacional da China, Ballet Universal da
melhorando o seu perfil no panorama local, nacional
anos, abrangendo funções como bailarino, professor,
Coreia e West Australian Ballet. Colaborou também na
e internacional. Este facto resultou num aumento
coreógrafo e director artístico.
remontagem de muitas das criações de Uwe Scholz.
de apoio tanto do governo como do sector privado, e
Natural de Bolzano, Itália, Cavallari iniciou os seus
Para além da dança e da remontagem coreográfica,
possibilitou a expansão do seu elenco, de apenas 20
estudos de dança na Escola de Bailado do Teatro alla
Cavallari é um reconhecido professor, habitualmente
bailarinos em 2008 para 32 em 2010.
Scala, em Milão. Em 1981 foi premiado com uma bolsa
convidado pela Stephan Thoss Company, Ballet
Através da sua vasta experiência no reportório clássico,
de estudo para frequentar a Escola do Ballet de Bolshoi
Nacional Checo, Ballet de Estugarda, Liaoning Ballet, e
neoclássico e moderno, do seu abrangente conhecimento
em Moscovo, onde terminou os seus estudos dois
Ballet Nacional da Finlândia, entre outras companhias.
da dança internacional, da sua actividade como professor,
anos mais tarde.
Cavallari é também um reconhecido coreógrafo, tendo
colaborador e líder, Cavallari conquistou um lugar de
De 1984 a 1985 dançou no Ballet do Teatro alla Scala. No
criado para o Ballet de Estugarda, Ballet da Ópera
destaque no mundo da dança.
ano seguinte integrou o Ballet de Estugarda, onde foi
Estatal de Hanover, Ballet da Ópera Estatal de Lodz,
promovido a solista em 1991 e a bailarino principal em
Mannheim Ballet, Ballet da Ópera Estatal de Viena,
1994, sob a direcção artística de Marcia Haydée e Reid
The State Galery de Estugarda, que lhe encomendou
Anderson.
um trabalho para inauguração de uma exposição de
Cavallari inclui no seu reportório os principais papéis de
pintura de Franz Marc. Em 2002 criou o bailado The
criações de Balanchine, Ashton, Fokine, Béjart, Tetley,
Last Emperor and I para o Liaoning Ballet na China,
No âmbito duma estreita colaboração entre as
Kylián, Forsythe, van Manen, Scholtz, MacMilan,
que para além de diversos prémios, foi recentemente
duas instituições, a Companhia Nacional de Bailado
Thoss, Spuck, Lee e Neumeier. Dançou com bailarinos
declarado pelo governo chinês como um agente
congratula-se com a possibilidade de proporcionar,
de renome mundial, como Massimiliano Guerra,
catalizador fundamental de união cultural entre a arte
uma vez mais, a alunos da Escola de Dança do
Alessandra Ferri, Alina Cojocaru, Tamara Rojo, Johan
Oriental e Ocidental.
Conservatório Nacional, a possibilidade de actuação
Kobborg e Adam Cooper, entre muitos outros.
O Quebra-Nozes de Cavallari para o West Australian
nos espectáculos de Romeu e Julieta. Esta será a
Cavallari é um intérprete por excelência do reportório
Ballet, criado em colaboração com o famoso cenógrafo
oportunidade de contracenarem com um elenco
de John Cranko, cujos papéis principais interpretou
Edoardo Sanchi, do alla Scala, foi aclamado pela crítica
profissional e vivenciarem uma experiência inolvidável
na totalidade, tendo remontado inúmeros trabalhos
como uma brilhante e inovadora versão deste clássico.
no seu percurso de formação.
deste coreógrafo para companhias como o Royal
Desde 2008 Cavallari ocupa o cargo de Director
A CNB agradece todas as diligências da Direcção
Ballet de Londres, Teatro alla Scala de Milão, Ballet
Artístico do West Australian Ballet. A sua visão
da Escola, Professores, Alunos e Encarregados de
Nacional Checo, Ballet Nacional da Hungria, Ópera
criativa e determinação conduziram a companhia a
Educação na coordenação do trabalho escolar com o
de Roma, Real Ballet da Suécia, Ballet da Ópera da
um nível superior, expandindo do seu repertório e a
dos ensaios e espectáculos da Companhia.
28 / 29
ESCOLA DE DANÇA DO
CONSERVATÓRIO NACIONAL
ELENCO ARTÍSTICO
ENSAIOS ESPECIAIS
24
34
35
36
17
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20
21
31
32
33
43
44
45
45 Iva Vitic
23
44 Isabel Frederico
22
43 Henriette Ventura
42 Helena Marques
41 Florencia Siciliano
40 Filipa Pinhão
39 Elsa Madeira
38 Charmaine Du Mont
37 Catarina Grilo
36 Carla Pereira
35 Anabel Segura
34 África Sobrino
CORPO DE BAILE
33 Xavier Carmo
32 Tom Colin
31 Pedro Mascarenhas
30 Freek Damen
29 Armando Maciel
28 Marta Sobreira
27 Maria João Pinto
26 Leonor Távora
25 Irina de Oliveira
24 Catarina Lourenço
23 Annabel Barnes
22 Andreia Pinho
CORIFEUS
21 Rui Lopes Graça
12
20 Luis d'Albergaria
16
19 Brent Williamson
11
15
18 Solange Melo
10
14
17 Paulina Santos
09
13
16 Mariana Paz
08
15 Isabel Galriça
07
14 Fátima Brito
06
13 Alba Tapia
05
SOLISTAS
04
12 Tomislav Petranovic
03
11 Mário Franco **
02
10 Fernando Duarte
09 Carlos Pinillos
08 Alexandre Fernandes
07 Peggy Konik
06 Inês Amaral
05 Filomena Pinto
04 Filipa de Castro
03 Barbora Hruskova
02 Ana Lacerda
01 Adeline Charpentier
PRINCIPAIS
01
69
G
H
* Prestação de Serviços
** Interina
68
Jan Linkens*
Arkady Nikolaev*
Sandor Nemethy*
Vladimir Petrunin*
Pascale Mosselmans*
Gagik Ismailian*
65
PROFESSORES
CONVIDADOS
64
João Paulo Soares *
Jorge Silva*
Sérgio Cruz*
Viviena Tupikova*
63
F
PIANISTAS CONVIDADOS
62
E
I Didier Chazeu
67
INSTRUTOR DE DANÇA
NA PREVENÇÃO E
RECUPERAÇÃO DE
LESÕES
66
H Filipa Rola
61
COORDENADORA
ARTÍSTICA EXECUTIVA
60
G João Costa
59
D
ADJUNTO DA
DIRECÇÃO ARTÍSTICA
58
C
F Junko Hikasa
57
ASSISTENTE DO
DIRECTOR ARTÍSTICO
56
E Ana Paula Ferreira
55
COORDENADORA
MUSICAL
54
A
C Isabel Fernandes
D Rui Alexandre
53
52
ENSAIADORES
50
A Cristina Maciel
(coordenadora)
B Maria Palmeirim
49
MESTRES DE BAILADO
48
* Licença sem vencimento
** Bailarino cedido
temporariamente ao Teatro
Nacional de São João
69 Yuhi Yonekura
47
51
68 Shang-Jen Yuan
67 Sun Gongwei
66 Inês Moura
ESTAGIÁRIOS
65 Samuel Retortillo
64 Ricardo Limão
63 Nuno Fernandes
62 Miguel Ramalho
61 Maxim Clefos
60 José Carlos Oliveira
59 João Carlos Petrucci
58 Frederico Gameiro
57 Filipe Macedo
56 Christian Schwarm
55 Can Arslan *
54 Yurina Miura
53 Victoria Monge
52 Vera Alves
51 Susana Matos
50 Sílvia Santos
49 Mónica Garcia
48 Marina Figueiredo
47 Maria Santos
46 Margarida Pimenta
46
52
B
I
FICHA TÉCNICA CNB
OPART E.P.E. – CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
CONSERVAÇÃO DO GUARDA-ROUPA
DIRECÇÃO DE RECURSOS HUMANOS
PRESIDENTE Jorge Salavisa
Carla Cruz (coordenadora)
DIRECTORA Sofia Dias
VOGAL César Viana
VOGAL Rui Catarino
Manuel Alves, Sofia Teopisto, Vânia Guerreiro,
DIRECÇÃO DE MARKETING
Zulmira Mendes
DIRECTOR Mário Gaspar
DIRECÇÃO DE ESPECTÁCULOS
Cristina de Jesus (coordenadora)
GABINETE DE GESTÃO DO PATRIMÓNIO
DIRECTORA Margarida Mendes
Laura Pinto (assistente)
Nuno Cassiano (coordenador)
Carla Almeida (coordenadora)
António Silva, Daniel Lima, João Alegria,
Bruno Silva (digressão e eventos)
CANAIS INTERNET João Mendonça, José Luis Costa
Natacha Fernandes (assistente)
VÍDEO E ARQUIVO DIGITAL Marco Arantes
Lurdes Almeida (assistente administrativa)
DESIGN João Campos*
GABINETE DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
PATROCÍNIOS/MARKETING DIRECTO
Pedro Penedo (coordenador)
Venâncio Gomes
João Filipe Reis, Luis Miguel Costa
BILHETEIRA
GABINETE JURIDICO
Luísa Lourenço, Rita Martins, Susana Clímaco,
Fernanda Rodrigues (coordenadora)
Mário Oliveira
Juliana Mimoso*, Sandra Correia
DIRECÇÃO FINANCEIRA E ADMINISTRATIVA
SECRETÁRIAS DO CONSELHO DE
ATELIER DE COSTURA Adelaide Marinho (mestra)
Manuel Carvalho
Adelaide Pedro Paulo, Antónia Costa,
Conceição Miranda, Glória Bento, Paula Marinho
DIRECÇÃO TÉCNICA
DIRECTORA Cristina Piedade
João Carlos Andrade (coordenador técnico)
DIRECTORA Sónia Teixeira
ADMINISTRAÇÃO
SECTOR DE MAQUINARIA
Albano Pais (tesoureiro), Ana Maria Peixeiro,
Regina Sutre, Gabriela Metello
Alves Forte (chefe de sector)
António Pinheiro, Edna Narciso, Fátima Ramos,
Miguel Osório, Carlos Reis
João Pereira, Marco Prezado (técnico oficial de
ASSESSOR DO CONSELHO DE
SECTOR DE SOM E AUDIOVISUAIS
contas), Rui Amado
ADMINISTRAÇÃO Egídio Heitor*
Bruno Gonçalves (chefe de sector), Paulo Fernandes
MOTORISTA Artur Raposo
SECTOR DE LUZ Vítor José (chefe de sector)
EXPEDIENTE E ARQUIVO Susana Santos
Pedro Mendes
Carlos Pires, Miguel Vilhena
SECTOR DE PALCO Ricardo Alegria
CONSULTORES EM ORTOPEDIA E
TRAUMATOLOGIA Ricardo Telles de Freitas,
LIMPEZA E ECONOMATO Lurdes Mesquita
Nuno Jorge da Silva Moura
DIRECÇÃO DE CENA
Maria Conceição Pereira, Maria de Lurdes Branco,
OSTEOPATA Vasco Lopes da Silva*
DIRECTOR Henrique Andrade
Maria de Lurdes Moura, Maria do Céu Cardoso,
SERVIÇOS DE FISIOTERAPIA
Vanda França (assistente / contra regra)
Maria Isabel Sousa, Maria Teresa Gonçalves
Helena Carvalho* / Fisiogaspar
* Prestação de Serviços
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Artistas CNB
Ensaio de Estúdio
CONCEPÇÃO E COORDENAÇÃO EDITORIAL
INFORMAÇÕES AO PÚBLICO
Direcção de Marketing
Não é permitida a entrada na plateia enquanto o espectáculo de bailado está a decorrer (dec. lei nº315/95 de 28 de
DESIGN João Campos / xiiistudios.com
Novembro);
É expressamente proibido filmar, fotografar ou gravar
CRÉDITOS FOTOGRÁFICOS
durante os espectáculos;
ENSAIOS Ricardo Brito
É proibido fumar e comer/beber dentro da sala
ELENCO ARTÍSTICO André Brito
de espectáculos;
DIRECTORA ARTÍSTICA Rodrigo de Souza
Não se esqueça de, antes de entrar no auditório,
desligar o seu telemóvel;
CONTACTOS
Os menores de 6 anos não poderão assistir ao espectáculo
Teatro Camões, Passeio do Neptuno,
nos termos do dec. lei nº116/83 de 24 de Fevereiro;
Parque das Nações, 1990 - 185 Lisboa
O programa pode ser alterado por motivos imprevistos.
Tel.: 21 892 34 70
TIRAGEM 900 Ex.
BILHETEIRAS/RESERVAS
PREÇO DE VENDA AO PÚBLICO 5€
TEATRO CAMÕES 21 892 34 77
M/6
TEATRO NACIONAL DE SÃO CARLOS
213 253 045/6 // [email protected]
Apoios à divulgação:
www.cnb.pt
www.youtube.com/cnbportugal
twitter.com/cnbportugal
www.facebook.com/cnbportugal
Agradecimentos:
Patrocínio:

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